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Dos crimes contra a propriedade intelectual.

Keony de Oliveira

Resumo: Este artigo científico tem como objetivo realizar uma análise breviloquente dos
artigos 184 e 186 do Código Penal brasileiro, os quais abordam os crimes contra a
propriedade intelectual. Serão discutidas as condutas consideradas criminosas, as respectivas
penalidades aplicáveis e a importância primordial da proteção dos direitos autorais na
sociedade contemporânea. Ao abordar esses tópicos, busca-se contribuir para a compreensão
dos desafios e soluções relacionados à salvaguarda dos direitos autorais e ao enfrentamento
da “pirataria” na sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Propriedade intelectual; Direito autoral; Propriedade imaterial; Crimes;


Código penal.

1 INTRODUÇÃO

A proteção dos direitos de propriedade intelectual tem se tornado cada vez mais
relevante na sociedade contemporânea, dada a crescente facilidade de reprodução e
distribuição de obras intelectuais por meio de avanços tecnológicos. Nesse contexto, é
fundamental compreender e abordar os crimes contra a propriedade intelectual, que
representam uma violação dos direitos autorais e colocam em xeque a autoria e a proteção das
criações intelectuais.
O presente artigo tem como objetivo principal analisar os dispositivos legais
referentes aos crimes contra a propriedade intelectual, estabelecidos nos artigos 194 e 196 do
Código Penal. Buscaremos delimitar o tema, identificar o problema de pesquisa e apresentar
os objetivos específicos que serão abordados ao longo do trabalho.
A delimitação do tema concentra-se nos crimes que atentam contra a propriedade
intelectual com o objetivo de compreender a natureza desses delitos, as condutas que os
caracterizam e as sanções legais correspondentes.

2 PREVISÃO LEGAL
A preservação dos direitos autorais e da propriedade intelectual, são assegurados
pelo art. 5º, XXVII, da Constituição Federal: “aos autores pertence o direito exclusivo de
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo
que a lei fixar”.
O crime de violação de direito autoral é tipificado no artigo 184 do Código Penal,
que estabelece a seguinte conduta: "Violar direitos de autor e os que lhe são conexos". Essa
norma é considerada uma norma penal em branco, pois o conceito de direito autoral é
fornecido pelo Direito Civil.
Conforme o artigo 1º da Lei nº 9.610/98, conhecida como Lei dos Direitos Autorais,
o direito autoral compreende tanto os direitos do autor como os direitos que lhe são conexos.
Os direitos do autor são divididos em duas categorias: 1) direitos morais; e 2) direitos
patrimoniais. Os direitos morais do autor estão definidos nos artigos 24 a 27 da Lei nº
9.610/98, enquanto os direitos patrimoniais estão estabelecidos nos artigos 28 a 45 da mesma
lei. O objeto jurídico do crime de violação de direito autoral é o direito autoral que alguém
exerce sobre obras intelectuais.

2.1 Sujeito do delito

Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo do crime de violação de direito autoral, pois
o tipo penal não exige nenhuma qualidade especial do autor. Já o sujeito passivo do crime é o
autor da obra intelectual ou terceiro que detenha os direitos autorais sobre ela.
Os direitos do autor podem ser cedidos total ou parcialmente a terceiros. Quando
ocorre a transmissão total dos direitos, todos os direitos do autor estão incluídos, exceto
aqueles de natureza moral, conforme estabelecido no artigo 49, inciso I da Lei nº 9.610/98
(Lei dos Direitos Autorais).
Portanto, o sujeito passivo do crime de violação de direito autoral é o titular do
direito que foi violado por meio da conduta criminosa, podendo ser o próprio autor da obra ou
terceiros que possuam os direitos autorais sobre ela.

2.2 Elementos objetivos do tipo

O núcleo do tipo penal é o verbo "violar", que indica a ação de infringir ou


transgredir. O crime ocorre quando há a violação do direito autoral, que engloba tanto os
direitos do autor como os direitos conexos. A menção explícita aos direitos conexos aos
direitos autorais decorre da Lei nº 10.695/2003.
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, tanto na figura típica descrita no caput como
nas definidas nos parágrafos do art. 184. Nos casos em que são aplicadas as qualificadoras
nos parágrafos 1º a 3º, é exigido um elemento subjetivo adicional: "com intuito de lucro
direto ou indireto". Portanto, se a reprodução não autorizada de uma obra intelectual não tem
como objetivo específico obter lucro, seja ele direto ou indireto, o fato não se configura como
um crime. Por exemplo, a reprodução de capítulos de livros por estudantes universitários, por
meio de cópias, para fins de estudo, não é considerada criminosa, pois falta o elemento
subjetivo especial exigido pela lei.

2.2 Pena

A violação de direito autoral, conforme descrita na forma simples do artigo 184 do


Código Penal, é penalizada com detenção de três meses a um ano, ou multa. Trata-se de uma
infração de menor gravidade (conhecida como infração de menor potencial ofensivo)
conforme estabelecido no artigo 61 da Lei nº 9.099/95.
Já nas situações descritas nos parágrafos 1º, 2º e 3º do artigo 184, a pena é
substancialmente mais severa: reclusão de dois a quatro anos, além de multa.

2.3 Ação penal

Nos termos do art. 186 do CP, os crimes contra a propriedade intelectual procedem
mediante:
1) queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184;
2) ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§1º e 2º do art. 184;
3) ação penal pública condicionada à representação, nos crimes
previstos no §3º do art. 184;
4) ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de entidades
de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação
instituída pelo Poder Público.
Portanto, segundo o art. 186 a ação é pública incondicionada quando tratar das formas
qualificadas dos parágrafos 1º e 2º e também, quando tivermos quanto o sujeito passivo a
administração pública direta ou indireta. Ação civil pública condicionada à representação
quando se tratar do parágrafo 3º. E por sua vez, ação penal privada quando a violação do
direito autoral consistir na prática da conduta de acordo com a redação do caput do art. 184.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proteção dos direitos autorais e da propriedade intelectual é um tema de extrema


importância na sociedade contemporânea, que enfrenta desafios significativos devido aos
avanços tecnológicos e à facilidade de reprodução e distribuição de obras intelectuais. O
presente artigo realizou uma análise sucinta dos crimes contra a propriedade intelectual,
especificamente abordando os artigos 184 e 186 do Código Penal brasileiro.
Ao longo da análise, foram discutidas as condutas consideradas criminosas, as
respectivas penalidades aplicáveis e a relevância da proteção dos direitos autorais na
sociedade. Ficou evidente a necessidade de compreender e enfrentar os desafios relacionados
à violação dos direitos autorais, visando preservar a autoria e a proteção das criações
intelectuais.
Diante do exposto, é fundamental compreender a importância dos direitos autorais e
da propriedade intelectual para a sociedade, incentivando a criação e a produção cultural e
científica de forma justa e legal. A proteção desses direitos é essencial para promover a
valorização dos autores, estimular a inovação e garantir o desenvolvimento de uma sociedade
baseada no respeito à criatividade e ao conhecimento.
Portanto, este estudo contribui para a compreensão dos aspectos legais e conceituais
dos crimes contra a propriedade intelectual, oferecendo uma visão panorâmica sobre o tema e
destacando a necessidade de se fortalecer a proteção dos direitos autorais na sociedade
contemporânea.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITENCOURT, CEZAR ROBERTO. Tratado de Direito Penal 3 Liv Dig–Tratado de Direito Penal
3–Parte Especial. Saraiva Educação SA.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal v. 2–Parte Especial–arts. 121 a 212. Saraiva Educação
SA, 2018.

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. SINOPSES JURÍDICAS 9–DOS CRIMES CONTRA O


PATRIMÔNIO AOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL. Saraiva Educação SA, 2020.

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