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Disciplina: Direito Penal Esquematizado

Tema: Crimes contra o patrimônio


(arts. 155 a 183 do Código Penal)

CRIMES
CONTRA O

Prof. Diego Pureza

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Tema: Crimes contra o patrimônio
(arts. 155 a 183 do Código Penal)

SUMÁRIO

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.................................................................................................4


DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .....................................................................................4
CAPÍTULO I ...............................................................................................................................4
Art. 155 – FURTO ..................................................................................................................4
Art. 156 – FURTO DE COISA COMUM ...................................................................................8
CAPÍTULO II ..............................................................................................................................8
Art. 157 – ROUBO .................................................................................................................8
Art. 158 – EXTORSÃO .........................................................................................................10
Art. 159 – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ...................................................................11
Art. 160 – EXTORSÃO INDIRETA .........................................................................................12
CAPÍTULO III ...........................................................................................................................12
Art. 161 – ALTERAÇÃO DE LIMITES .....................................................................................12
Art. 162 – SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS ......................................13
CAPÍTULO IV ...........................................................................................................................14
Art. 163 – DANO .................................................................................................................14
Art. 164 – INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA ............14
Art. 165 – DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, AQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO ...........15
Art. 166 – ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO ........................................15
Art. 167 – AÇÃO PENAL ......................................................................................................15
CAPÍTULO V ............................................................................................................................15
Art. 168 – APROPRIAÇÃO INDÉBITA ...................................................................................15
Art. 168-A – APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA ....................................................16
Art. 169 – APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA
NATUREZA ..........................................................................................................................17
Art. 170 – APROPRIAÇÃO INDÉBITA PRIVILEGIADA ............................................................18
CAPÍTULO VI ...........................................................................................................................18
Art. 171 – ESTELIONATO.....................................................................................................18
Art. 172 – DUPLICATA SIMULADA ......................................................................................20
Art. 173 – ABUSO DE INCAPAZES .......................................................................................21
Art. 174 – INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO ........................................................................21
Art. 175 – FRAUDE NO COMÉRCIO .....................................................................................22
Art. 176 – OUTRAS FRAUDES ..............................................................................................22
Art. 179 – FRAUDE À EXECUÇÃO ........................................................................................23
CAPÍTULO VII ..........................................................................................................................23

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Art. 180 – RECEPTAÇÃO .....................................................................................................23


Art. 180-A – RECEPTAÇÃO DE ANIMAL (NOVA MODALIDADE DE RECEPTAÇÃO): ..............25
CAPÍTULO VIII - DISPOSIÇÕES GERAIS ....................................................................................26
Art. 181 – ESCUSA ABSOLUTÓRIA.......................................................................................26
Art. 182 – ESCUSAS RELATIVAS ..........................................................................................26
Art. 183 – INAPLICABILIDADE DAS ESCUSAS.......................................................................26

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

CAPÍTULO I

Art. 155 – FURTO

“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”

Bem jurídico tutelado: patrimônio (propriedade, posse e detenção).


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer um (crime comum), bem como o
sujeito passivo pode ser qualquer pessoa (crime comum).
Conduta: consiste em apoderar-se o agente, para si ou para outrem, de coisa alheia
móvel, tirando-a de quem a detém (diminuindo-se o patrimônio da vítima) O apoderamento
pode ser direto (apreensão manual) ou indireto (valendo-se de interposta pessoa ou animal).
Voluntariedade: é o dolo, consistente na vontade consciente de apoderar-se
definitivamente de coisa alheia, para si ou para outrem.
Consumação e tentativa: segundo o STF e STJ, a consumação se dá quando a coisa
subtraída para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo,
independentemente de deslocamento ou posse manda e pacífica (ex: empregada doméstica). A
tentativa é possível.

# - há crime no caso do “batedor de carteira” que erra o bolso da vítima, escolhendo o bolso
vazio?

R: no caso de apenas errar o bolso, isto é, escolhendo um bolso sendo que a carteira
se encontra o outro, haverá tentativa de furto, já que o patrimônio da vítima foi colocado em
risco. Entretanto, no caso da vítima não estar portando a carteira, será hipótese de crime
impossível.
Ação Penal: ação penal pública incondicionada, observada as exceções do art. 182 do
CP.

Majorante: repouso noturno (§1º):

“§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso


noturno”.

O critério para definir repouso noturno é variável, não se identificando com a noite,
mas sim com o tempo em que a cidade ou local costumeiramente recolhe-se para o repouso
diário. Assim, repouso noturno pode ser todo o período em que, à noite, pessoas se recolhem
para descansar.

Furto privilegiado (§2º):

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“§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode


substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa”.

A coisa subtraída de pequeno valor, segundo a jurisprudência, é aquela que não


ultrapassa a importância de um salário mínimo (não se leva em consideração o prejuízo
suportado pela vítima, mas apenas o valor do objeto subtraído).

Cláusula de equiparação (§3º):

“§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha


valor econômico”.

Conforme acima, além de se tratar de energia elétrica, deve possuir valor econômico.
Não obstante, a finalidade do agente deve ser a subtração de energia. Nesse sentido, após muita
discussão, o STF entendeu ser atípico (não é crime) a ligação clandestina de sinal de TV a cabo,
vez que o objeto pretendido não seria a energia, tampouco seria esta a finalidade do agente,
mas sim o mero desfrute de canais (vedação de analogia in malam partem).

Qualificadoras (§§ 4º, 5º e 6º):

“§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:


I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa:

Trata-se da degradação, arrombamento, rompimento, fratura, demolição, destruição,


total ou parcial, de quaisquer objetos (ex: fechaduras, cadeados, cofres, etc.) ou construções
(muros, tetos, portas, janelas, etc.), que dificultem a subtração da coisa visada pelo agente.

# - e a violência que recai sobre o próprio objeto do furto?


R: ___________________________________________________________________

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza:

No caso do abuso de confiança, exige-se um especial vínculo de lealdade ou de


fidelidade entre a vítima e o agente, sendo irrelevante, por si só, a simples relação de emprego
ou de hospitalidade; já no furto mediante fraude é empregado pelo agente meio enganoso capaz
de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração (ex: o agente se veste
de funcionário de companhia telefônica para ingressar na residência da vítima e subtrair-lhes
bens); o furto mediante escalada qualifica o crime quando cometido por via anormal para
ingressar no local em que se encontra a coisa visada, não necessariamente a subida, podendo
se dar, por exemplo, a penetração via subterrânea. Para o reconhecimento da qualificadora,
exige-se que a escalada seja fruto de um esforço fora do comum, não bastando a mera
transposição facilmente vencível (saltar muro baixo, por exemplo); e no furto mediante destreza
o agente, por meio de peculiar habilidade física ou manual, pratica crime sem que a vítima
perceba que está sendo despojada de seus bens (ex: batedores de carteira).

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III - com emprego de chave falsa:

Chave falsa é todo o instrumento, com ou sem forma de chave, destinado a abrir
fechaduras (ex: michas, grampos, pregos, arame, etc.).

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas:

Basta que o furto seja praticado por duas ou mais pessoas, coautores ou partícipes.

§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver


emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Trata-se do crime de furto capaz de gerar perigo comum à qualquer pessoa que esteja
nas proximidades, diante do emprego de explosivo. Pela pena, posse ser passada a falsa
impressão de se tratar de nova lei gravosa. Ao contrário, a nova lei beneficia criminosos que
praticaram anteriormente tal comportamento pois, antes da Lei nº 13.654/2018, o agente
responderia pelos crimes de furto qualificado em concurso formal impróprio com o crime de
explosão majorada. Eis a síntese de tal transição legislativa:

Antes da L. 13.654/18 Depois da L. 13.654/18

Tipificação: Art. 155, § 4º-A, do Código Penal:


Art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal: “Art. 155–Subtrair, para si ou para
§ 4º–A pena é de reclusão de dois a oito anos, e outrem, coisa alheia móvel:
multa, se o crime é cometido: (...)
I–com destruição ou rompimento de obstáculo à “§ 4º-A A pena é de reclusão de 4
subtração da coisa”. (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se
Art. 251, § 2º, do Código Penal: houver emprego de explosivo ou de
“Art. 251–Expor a perigo a vida, a integridade física artefato análogo que cause perigo
ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, comum”.
arremesso ou simples colocação de engenho de
dinamite ou de substância de efeitos análogos:
Pena–reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 2º–As penas aumentam-se de um terço, se ocorre
qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo
anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº
II do mesmo parágrafo”.
Concurso Formal Impróprio (Pena mínima: 06 anos Pena mínima: 04 anos de reclusão
de reclusão)

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§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo


automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior:

Aqui, o agente deve conseguir transportar o veículo automotor para outro Estado ou
para o exterior, pois, do contrário, na hipótese de ser interceptado pela polícia antes de
ultrapassar as fronteiras do respectivo Estado, responderá por furto simples (ou qualificado,
dependendo do caso), não sendo hipótese de tentativa da presente qualificadora.

§ 6º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de


semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração”. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)

Semovente é a definição jurídica dada ao animal criado em grupos (bovinos, suínos,


caprinos etc.) que integram o patrimônio de alguém, passíveis, portanto, de serem objetos de
negócios jurídicos. A lei claramente não abrange os animais selvagens, mas somente os
domesticáveis, mesmo que já abatidos ou divididos em partes. Os animais devem ser, ainda, de
produção, isto é, preparados para o abate e comercialização. Não abrange apenas os
quadrupedes, mas também os bípedes e ápodes (animais desprovidos de membros
locomotores, como répteis).

§ 7º - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for


de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente,
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.”
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Diversamente do que ocorre com a qualificadora do §4-A, aqui a finalidade foi punir o
criminoso antes mesmo de utilizar o explosivo para furtar, pois pune-se o próprio furto do
artefato explosivo, objetivando prevenir futura utilização da explosão para a subtração
patrimonial alheia.

Nova qualificadora e majorantes introduzidas pela Lei nº 14.155/2021 (§§ 4º-B e 4º-
C):

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto


mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático,
conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo
de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo.

Trata-se do crime de furto que ocorre de forma eletrônica por meio de invasões (vírus,
acessos não autorizados, programas maliciosos, etc.

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§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado


gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante
a utilização de servidor mantido fora do território nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou
vulnerável.

Art. 156 – FURTO DE COISA COMUM

“Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a


quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a
quota a que tem direito o agente”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio.


Sujeitos do crime: sujeito ativo deve ser o condômino, coerdeiro ou sócio (crime
próprio), bem como o sujeito passivo só pode ser todo aquele que detém legitimamente a coisa,
podendo ser o sócio, condômino ou coerdeiro (crime próprio).
Conduta: a conduta punida continua a mesma do crime anterior (apoderar-se),
recaindo, agora, sobre coisa comum. O bem visado pelo agente deve estar na legítima posse de
outrem, pois, do contrário, se estava sendo legitimamente detida pelo próprio agente, a
disposição arbitrária que este faça da coisa, como dono exclusivo, constitui o crime de
apropriação indébita, e não furto.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: consuma-se no mesmo momento do furto e a tentativa é
possível.
Ação Penal: ação penal pública condicionada à representação da vítima.
Exclusão de ilicitude especial (§2º): se for fungível a coisa, a subtração será impunível,
desde que não exceda o valor da quota do agente, a despeito de revestir-se do caráter de ilícita.

CAPÍTULO II

Art. 157 – ROUBO

“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

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§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega


violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”.

Bem jurídico tutelado: sendo crime complexo, tutela ao mesmo tempo o patrimônio
e a liberdade individual da vítima.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum), bem como
o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa (crime comum).
Conduta: podemos dividir o roubo em duas espécies, sendo roubo próprio (caput) e
roubo impróprio (§1º), no roubo próprio, o agente, visando apoderar-se do patrimônio alheio,
utiliza de (a) violência; (b) grave ameaça; (c) ou qualquer outro meio capaz de impossibilitar a
vítima de resistir ou defender-se. Já no roubo impróprio, o agente usa da violência ou grave
ameaça não para subtrair a coisa, mas para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa já apoderada. Ex1: violência exercida contra o guarda-noturno quando o agente, já
carregando o produto do crime, desperta a atenção do policial. Ex2: o agente, já tendo
escondido a coisa subtraída, volta ao local da subtração para apanhar um documento que deixou
cair e pode servir de identificação, praticando a violência contra aquele que o encontrou.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: em relação ao roubo próprio, consuma-se com o
apoderamento do bem e a tentativa é admissível. No roubo impróprio, consuma-se com o
emprego da violência contra a pessoa ou grave ameaça, sendo que prevalece não ser possível a
tentativa, uma vez que caso não ocorra a violência ou grave ameaça estaremos diante do crime
de furto.
Ação Penal: ação penal pública incondicionada.

Majorantes de pena (§2º):

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:


I – (revogado);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela
Lei nº 13.654, de 2018)
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)

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I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído


pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo
ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
2018)
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
.
Roubo qualificado pelo resultado (§3º):

§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)


I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

# - quando se dá a consumação do latrocínio?


R:____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

Art. 158 – EXTORSÃO

“Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o


intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio e a inviolabilidade pessoal da vítima.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum), bem como
o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa (crime comum).
Conduta: consiste em constranger, isto é, obrigar, coagir alguém a fazer algo, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. A conduta se dá mediante violência física ou grave
ameaça e, ao contrário do crime de roubo, na extorsão, o agente emprega violência ou grave
ameaça para fazer com que a vítima lhe proporcione indevida vantagem econômica futura.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: prevalece que, por se tratar de crime formal, consuma-se no
momento em que o agente emprega meios aptos a constranger a vítima a lhe proporcionar
indevida vantagem econômica (o enriquecimento indevido constitui mero exaurimento, a ser
observado na fixação da pena). A tentativa é possível.
Ação Penal: ação penal pública incondicionada.
Majorante (§1º):

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“Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade”

Qualificadoras (§§2º e 3º):

“§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do


artigo anterior”.

Trata-se dos casos em que, por conta da extorsão, resultar lesão corporal de natureza
grave ou morte à vítima, cabendo as mesmas considerações feitas ao roubo.

“§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa


condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa (hipótese do sequestro
relâmpago); Se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas
no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente”.

Art. 159 – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO

“Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio, inviolabilidade pessoal e integridade física da


vítima.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Já o sujeito
passivo será a pessoa privada da liberdade, bem como aquele que sofre a lesão patrimonial
(crime comum).
Conduta: consiste em impedir, mediante qualquer meio (violência, grave ameaça,
etc.), com a finalidade de obtenção de qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate,
que alguém exercite o seu direito de ir e vir.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: por se tratar de crime formal, consuma-se no momento em
que o agente priva a vítima em seu direito de locomoção, configurando a obtenção da vantagem
indevida em mero exaurimento, a ser observado na fixação da pena). A tentativa é possível. Por
se tratar de crime permanente, admite prisão em flagrante a qualquer tempo da privação da
liberdade.
Ação Penal: ação penal pública incondicionada.
Qualificadoras:

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“§ 1º- Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é


menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por
bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de doze a vinte anos”.
“§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de
dezesseis a vinte e quatro anos”.
“§ 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos”.

Delação premiada: causa especial de redução de pena:

“§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à


autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um
a dois terços”.

Art. 160 – EXTORSÃO INDIRETA

“Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de


alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima
ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio e liberdade individual da vítima.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Já o sujeito
passivo será a pessoa que entrega o documento, ou seja, em regra é o devedor, mas nada
impede que terceiro seja lesado em seu direito de concessão de garantia, sendo também vítima
da infração (crime próprio).
Conduta: na modalidade exigir, a iniciativa da obtenção da garantia parte do agente,
que obriga a vítima a entregar-lhe o documento. Na modalidade receber, o agente aceita como
garantia da dívida documento capaz de ensejar instauração de procedimento criminal contra a
vítima (a iniciativa é da vítima).
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: na modalidade exigir, o crime é formal e, portanto, consuma-
se com a simples exigência, sendo possível a tentativa apenas na forma escrita. Já na modalidade
receber, o crime é material, consumando-se com o efetivo recebimento do documento, sendo,
nesse caso, possível a tentativa na hipótese que o agente não recebe o documento por
circunstâncias alheias à sua vontade.
Ação Penal: ação penal pública incondicionada.

CAPÍTULO III

Art. 161 – ALTERAÇÃO DE LIMITES

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“Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo
de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais
de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio (propriedade e posse).


Sujeitos do crime: sujeito ativo só pode ser o proprietário do prédio vizinho (crime
próprio). E o sujeito passivo será o proprietário ou possuidor legítimo do imóvel cuja área é
alterada em suas divisas (crime próprio).
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: trata-se de crime formal, consumando-se com a mera
supressão ou deslocamento da linha divisória, independentemente do efetivo apoderamento.
A tentativa é possível.
Ação Penal: se a propriedade é particular e não há emprego de violência, será
perseguida mediante ação penal privada. Do contrário, será hipótese de ação penal pública
incondicionada.

Art. 162 – SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS

“Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca


ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa”.

Bem jurídico tutelado: propriedade e posse de semoventes.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Já o sujeito
passivo deverá ser o proprietário do rebanho (crime próprio).
Conduta: pode ser praticado em duas modalidades: suprimir (extinguir, fazer com que
desapareça, ocultar) ou alterar (modificar, transformar) marca ou sinal indicativo de
propriedade em gado ou rebanho alheio.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: consuma-se com a supressão ou alteração da marca ou sinal,
ainda que de um só animal, independentemente da efetiva apropriação do semovente. A
tentativa é possível.
Ação Penal: ação penal pública incondicionada.

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Tema: Crimes contra o patrimônio
(arts. 155 a 183 do Código Penal)

CAPÍTULO IV

Art. 163 – DANO

“Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito
passivo também pode ser qualquer pessoa (crime comum).
Conduta: destruir (demolir), inutilizar (comprometer o uso) e deteriorar (pôr em mal
estado), coisa alheia, podendo ser praticado através de ação ou omissão (ex: agente
encarregado de zelar pela integridade de certo bem móvel, mas que se abstém, dolosamente,
de sua obrigação, permitindo que a coisa seja atingida por destruição, inutilização ou
deterioração).
Voluntariedade: é o dolo específico de destruição.
Consumação e tentativa: tratando-se de crime material, consuma-se com o dano
efetivo, seja total ou parcial. A tentativa é possível.
Qualificadoras:

A pena será de detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena
correspondente à violência, se o crime for cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime
mais grave;
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de
serviços públicos ou sociedade de economia mista;
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.

Art. 164 – INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA

“Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento


de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito
passivo deve ser o proprietário ou possuidor do imóvel (crime próprio).
Conduta: introduzir (inserir) ou deixar (abandonar) animais em propriedade alheia
sem o consentimento de quem de direito.
Voluntariedade: é o dolo específico de introduzir ou deixar animal em propriedade
alheia, pois, caso a vontade seja de danificar patrimônio, o crime será de dano (art. 163, CP).

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(arts. 155 a 183 do Código Penal)

Consumação e tentativa: tratando-se de crime material, consuma-se com o efetivo


prejuízo à vítima. Para muitos, exigindo dano efetivo, a tentativa é inadmissível.

Art. 165 – DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, AQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO

“Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade


competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa”.

Tal dispositivo foi tacitamente revogado pela Lei nº 9.605/98.

Art. 166 – ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO

“Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local


especialmente protegido por lei:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa”.

Tal dispositivo também foi tacitamente revogado pela Lei nº 9.605/98.

Art. 167 – AÇÃO PENAL

“Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164,
somente se procede mediante queixa”.

Anuncia que o crime previsto no art. 164 (introdução ou abandono de animais em


propriedade alheia), bem como o crime de dano simples e o dano qualificado por motivo
egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima, serão perseguidos mediante ação penal
privada. Para os demais crimes deste capítulo, a ação será pública incondicionada.

CAPÍTULO V

Art. 168 – APROPRIAÇÃO INDÉBITA

“Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito
passivo também pode ser qualquer pessoa (crime comum).
Conduta: trata-se de crime de ação única, cujo comportamento nuclear se
consubstancia no verbo apropriar-se (assenhorar-se, tomar para si) coisa alheia móvel, de que
tem a posse ou detenção, passando a agir arbitrariamente como se dono fosse.
Voluntariedade: é o dolo específico.

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Consumação e tentativa: tratando-se de crime material, consuma-se no momento em


que o agente transforma a posse ou detenção que exerce sobre o bem em domínio, isto é,
quando pratica atos inerentes à qualidade de dono, incompatíveis com a possibilidade de
ulterior restituição da coisa. A doutrina diverge sobre a possibilidade da tentativa, porém,
prevalece ser possível, a exemplo do agente que é surpreendido pelo proprietário no momento
em que está vendendo a coisa, sendo impedido de concretizar o negócio.
Ação penal: ação penal pública incondicionada.
Majorantes de pena: o §1º do art. 168 anuncia que a pena é aumentada de um terço
quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário: o Código Civil, através do art. 647, define depósito
necessário como sendo aquele atribuído no desempenho de função legal ou na ocorrência de
calamidades, ou, ainda, de acordo com o art. 649 do Código Civil, no caso de depósito por
equiparação (ex: oficial de justiça após proceder penhora);
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro
ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão: (ex: funcionário que trabalha com o
veículo da empresa).

Art. 168-A – APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

“Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos


contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados,
a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de
serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio de todos aqueles que fazem parte do sistema de
seguridade, mais precisamente o previdenciário.
Sujeitos do crime: sujeito ativo é a pessoa que tem o dever legal de repassar à
Previdência Social a contribuição recolhida dos contribuintes (crime próprio). O sujeito passivo
é a Previdência Social, podendo concorrer com ela os próprios segurados lesados (crime
próprio).
Conduta: deixar de repassar à Previdência Social os valores recolhidos dos
contribuintes no prazo e forma legal (previdência oficial) ou convencional (previdência privada).
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: o STF decidiu que trata-se de crime material, consumando-
se a partir do momento em que a contribuição deixa de ser repassada, verificando-se o
locupletamento do agente e o prejuízo à previdência.

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Ação penal: ação penal pública incondicionada.


Extinção da punibilidade:

“§2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e


efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal”.

Perdão judicial:

“§3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se


o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o
pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais”.

Valor até R$ 10.000,00, conforme art. 20 da Lei nº 10.522/02 e posicionamento do STJ.

Art. 169 – APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA
NATUREZA

“Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota
a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
competente, dentro no prazo de quinze dias”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito
passivo é proprietário ou possuidor do bem (crime próprio).
Voluntariedade: é o dolo.

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(arts. 155 a 183 do Código Penal)

Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o agente, percebido o


engano ou encontrando tesouro ou coisa achada, transforma a posse da coisa em propriedade,
agindo, arbitrariamente, como se fosse o dono. A tentativa é possível, apesar de difícil
configuração.
Ação penal: ação penal pública incondicionada.

Art. 170 – APROPRIAÇÃO INDÉBITA PRIVILEGIADA

“Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º”.
Ou seja, Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa apropriada, o juiz pode substituir
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena
de multa.

CAPÍTULO VI
Art. 171 – ESTELIONATO

“Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de
réis”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio, aviltada pela prática de atos enganosos pelo
agente.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito
passivo pode ser qualquer pessoa, desde que com capacidade para ser iludida (crime comum).
Conduta: pune-se aquele que, por meio de astúcia, mentira, esperteza, procura
despojar a vítima de seu patrimônio fazendo com que esta entregue a coisa visada
espontaneamente, evitando, assim, retirá-lo por meios violentos.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: tratando-se de crime material, consuma-se com a obtenção
da vantagem ilícita. A tentativa é admissível.
Privilegiadora:

“§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar


a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º”.

Leia-se: o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a


dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

Modalidades equiparadas: anuncia o §2º do art. 171 que “nas mesmas penas incorre
quem”:

Disposição de coisa alheia como própria

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I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia


como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;

Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo,
a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa


IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a
alguém;

Ex: agente substitui diamantes por vidro.

Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro


V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo
ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver
indenização ou valor de seguro;

Fraude no pagamento por meio de cheque


VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.

Alterações: qualificadora e majorante introduzidas pela Lei nº 14.155/2021:

Fraude eletrônica
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é
cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.

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(arts. 155 a 183 do Código Penal)

§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado


gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado
mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional.

Majorantes de pena:

“§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de


entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social
ou beneficência”: a razão do aumento é que nesses casos há lesão do patrimônio
de diversas vítimas, afetando o próprio interesse social ou o interesse particular de
numerosas vítimas.
“§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra
idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso.
(Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)

Ação penal:

§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Lei nº


13.964, de 2019)
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

Art. 172 – DUPLICATA SIMULADA

“Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à
mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a
escrituração do Livro de Registro de Duplicatas”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio e a boa-fé nas relações mercantis.


Sujeitos do crime: sujeito ativo é a pessoa que emite o falso título (crime próprio). O
sujeito passivo é o sacado, quando aceita o título emitido de boa-fé (crime próprio).
Conduta: consiste em emitir (produzir, lançar, compor o título) fatura (documento que
comprova contrato de compra e venda mercantil), duplicata (título de crédito causal, emitido

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(arts. 155 a 183 do Código Penal)

com base em obrigação proveniente de compra e venda comercial ou prestação de serviços) ou


nota de venda (instrumento de outorga do crédito pelo fornecedor ao titular) que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: prevalece ser crime formal, dispensando o efetivo dano,
consumando-se com a mera emissão do título. Prevalece que a tentativa é inadmissível.
Ação penal: ação penal pública incondicionada.
Forma equiparada: “Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a
escrituração do Livro de Registro de Duplicatas”: apesar de se tratar de falsidade documental, o
legislador entendeu por classifica-lo como crime patrimonial, sendo que aqui, ao contrário da
forma simples, a vítima é o Estado.

Art. 173 – ABUSO DE INCAPAZES

“Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou


inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo
próprio ou de terceiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio de menor ou de pessoa com debilidade mental.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). Já o sujeito
passivo só pode ser o menor, o alienado ou o débil mental (crime próprio).
Conduta: a ação nuclear típica se resume ao verbo abusar, isto é, tirar vantagem da
necessidade, paixão ou inexperiência de menor ou da alienação ou debilidade mental de
outrem. Há duas situações distintas previstas no presente crime. A primeira diz respeito tão
somente ao menor, que sofre abuso em razão de sua necessidade, paixão ou inexperiência. A
segunda situação envolve alienados ou débeis mentais, não se exigindo nenhuma outra
condição, bastando a constatação da enfermidade (ex: comprar relógio de ouro de alienado
mental por cinco moedas; débil mental que outorga procuração para a venda de seus bens).
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: sendo crime formal, o crime se consuma no instante em que
a vítima pratica o ato a que foi induzida. A tentativa é admissível.
Ação penal: ação penal pública incondicionada.

Art. 174 – INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO

“Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da


simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber
que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio da pessoa ingênua.

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(arts. 155 a 183 do Código Penal)

Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito
passivo pode ser qualquer pessoa em situação de ingenuidade (crime comum).
Conduta: a ação nuclear se consubstancia na conduta de abusar, isto é, tirar vantagem,
prevalecer-se das condições de inexperiência, simplicidade ou inferioridade mental de outrem,
induzindo-o à prática de jogo ou aposta ou à especulação.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: sendo crime formal, o crime se consuma com a prática, pelo
induzido, do jogo, aposta ou especulação, dispensando-se a vantagem visada pelo agente. A
tentativa é possível.
Ação penal: ação penal pública incondicionada.

Art. 175 – FRAUDE NO COMÉRCIO

“Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou


consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio e moralidade nas relações de comércio.


Sujeitos do crime: sujeito ativo só pode ser quem exerce atividade comercial (crime
próprio). O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa consumidora (crime comum).
Conduta: a ação nuclear se consubstancia no verbo enganar, isto é, falsear, ludibriar o
adquirente ou consumidor, no exercício de atividade comercial, seja vendendo como verdadeira
ou perfeita a mercadoria falsificada ou deteriorada (ex: vender relógio de latão assegurando se
tratar de ouro), seja entregando uma mercadoria por outra (ex: colocar pedra dentro de
embalagem como se fosse aparelho celular).
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: consuma-se o crime com o engano da vítima, que só pode
surtir efeito após a efetiva tradição (entrega) da mercadoria. A tentativa é possível.
Ação penal: ação penal pública incondicionada.
Qualificadora:

“§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou


substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra
qualidade: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa”.

Forma Privilegiada: prevê o §2º a possibilidade de aplicação do disposto acerca do


furto privilegiado, que permite a redução da pena ou aplicação somente da multa, nos casos em
que o agente é primário e é de pequeno valor o objeto material.

Art. 176 – OUTRAS FRAUDES

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(arts. 155 a 183 do Código Penal)

“Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio


de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode,
conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio daquele que se dedica à atividades voltadas ao


consumo.
Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito
passivo pode ser pessoa física ou jurídica que presta serviço utilizado e não pago (crime próprio).
Conduta: pune-se aquele que, sabidamente não possui recursos suficientes para o
pagamento, consome refeição em restaurante, se aloja em hotel ou se utiliza de meio de
transporte
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: prevalece que é crime material, consumando-se com o não
pagamento das despesas efetuadas. Admite-se a tentativa.
Ação penal: ação penal pública condicionada à representação do ofendido, e, além
disso, o juiz poderá deixar de aplicar a pena dependendo das circunstâncias (perdão judicial).

Art. 179 – FRAUDE À EXECUÇÃO

“Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando


bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio de credor de título executivo.


Sujeitos do crime: sujeito ativo só pode ser o devedor de título executivo (crime
próprio). O sujeito passivo será o devedor (crime próprio).
Conduta: pune-se a conduta daquele que fraudar a execução alienando, desviando,
destruindo, danificando bens ou simulando dívidas.
Voluntariedade: é o dolo.
Consumação e tentativa: consuma-se o crime no momento em que, empregada a
fraude, o devedor coloca-se em estado de insolvência, impossibilitando a execução. Admite-se
a tentativa.
Ação penal: ação penal privada.

CAPÍTULO VII

Art. 180 – RECEPTAÇÃO

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“Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio


ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-
fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”.

Bem jurídico tutelado: patrimônio.


Sujeitos do crime: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, com exceção do
concorrente (crime comum). O sujeito passivo será o mesmo do delito antecedente (crime
próprio).
Conduta: há duas modalidades, sendo a receptação própria e a imprópria: na
receptação própria, o agente, sabendo ser a coisa produto de crime, a adquire, recebe,
transporta, conduz ou oculta. Já na receptação imprópria, se consubstancia na conduta daquele
que influi para que terceiro, de boa-fé, adquira, receba ou oculte a coisa produto de crime
(intermediário).
Voluntariedade: em regra é o dolo, havendo excepcionalmente a modalidade culposa
no §3º.
Consumação e tentativa: na receptação própria, sendo crime material, consuma-se no
momento em que a coisa é incluída na esfera de disponibilidade do agente. Já na receptação
imprópria, sendo crime formal, basta a influência sobre o terceiro de boa-fé para a consumação.
Admite-se a tentativa.
Ação penal: ação penal pública incondicionada.
Qualificadoras (obs: alguns entendem se tratar de crime autônomo):

“§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,


montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa
que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior,
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em
residência”.

Receptação culposa (§3º):

“§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre
o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
meio criminoso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
penas”.

Independência típica (§4º):

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“§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor


do crime de que proveio a coisa”.

Perdão judicial e minorante (§5º):

“§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em


consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa
aplica-se o disposto no § 2º do art. 155”.

A partir da redação do respectivo parágrafo, temos as seguintes situações:

Receptação culposa Receptação dolosa


Perdão judicial Privilégio
Requisitos: primariedade do agente; as Requisitos: primariedade do agente e
circunstâncias indicarem desnecessárias da pequeno valor da coisa
pena (culpa levíssima).
Obs: conforme a maioria, não importa o -
valor da coisa receptada.
Consequência: condenação e extinção da Consequência: o juiz poderá substituir a
punibilidade. pena de reclusão pela de detenção, diminuí-
la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.

Majorante (§6º):

“§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado,


Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia
mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro”.

Art. 180-A – RECEPTAÇÃO DE ANIMAL (NOVA MODALIDADE DE RECEPTAÇÃO):

“Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou


vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber
ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016).
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa”.

Obs: aqui, valem as mesmas considerações feitas no §6º do art. 155 do CP (furto de
semovente domesticável de produção), sendo que a única diferença reside no núcleo do tipo,
pois aqui trata-se de receptação.

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(arts. 155 a 183 do Código Penal)

CAPÍTULO VIII - DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 181 – ESCUSA ABSOLUTÓRIA

“Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título,
em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil
ou natural”.

Art. 182 – ESCUSAS RELATIVAS

“Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste


título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita”.

Art. 183 – INAPLICABILIDADE DAS ESCUSAS

“Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:


I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos”.

Diego Luiz Victório Pureza


Advogado.
Professor de Criminologia, Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação Penal
Especial em diversos cursos preparatórios para concursos públicos.
Pós-graduado em Ciências Criminai.
Pós-graduado em Docência do Ensino Superior
Pós-graduado em Combate e Controle da Corrupção: Desvios de Recursos Públicos.
Palestrante e autor de diversos artigos jurídicos.

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Disciplina: Direito Penal Esquematizado
Tema: Crimes contra o patrimônio
(arts. 155 a 183 do Código Penal)

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