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Elaborado com base no Cléber Masson de 2018, Resumo da Magistratura Federal do TRF1 e
Jurisprudência do Dizer o Direito atualizada.
1. INTRODUÇÃO TEORIA GERAL DO CRIME........................................................................................ 1
1.1. DISTINÇÃO ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO .......................................................................................... 2
1.2. CONCEITO DE CRIME ......................................................................................................................... 2
1.2.1. Conceito analítico ............................................................................................................... 3
1.2.2. Conduta .............................................................................................................................. 5
1.3. SUJEITOS DO CRIME .......................................................................................................................... 7
1.3.1. Sujeito ativo........................................................................................................................ 7
1.3.1.1. Pessoa jurídica como sujeito ativo de crimes ............................................................................... 7
1.3.2. Sujeito passivo .................................................................................................................. 10
1.4. OBJETO DO CRIME .......................................................................................................................... 10
1.4.1. Bem jurídico...................................................................................................................... 11
1.4.2. Espiritualização do bem jurídico....................................................................................... 12
2. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ....................................................................................................... 12
2.1. CRITÉRIO: FIGURA DO SUJEITO ATIVO ................................................................................................. 12
2.2. CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS ......................................................................................................... 13
2.3. CRITÉRIO: NECESSIDADE DO RESULTADO PARA A CONSUMAÇÃO ............................................................... 13
2.4. CRITÉRIO: MOMENTO CONSUMATIVO................................................................................................. 13
2.5. CRITÉRIO: QUANTIDADE DE PESSOAS NECESSÁRIAS PARA A PRÁTICA DO DELITO ........................................... 14
2.6. CRITÉRIO: QUANTIDADE DE SUJEITO PASSIVO ....................................................................................... 15
2.7. CRITÉRIO: CARACTERIZAÇÃO DA CONSUMAÇÃO .................................................................................... 15
2.8. CRITÉRIO: QUANTIDADE DE ATOS PARA A CONSUMAÇÃO ........................................................................ 16
2.9. COMISSIVOS, OMISSIVOS E DE CONDUTA MISTA.................................................................................... 16
1 2.10.
2.11.
CRITÉRIO: EXISTÊNCIA DE VESTÍGIOS [CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO PENAL] ............................................... 17
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES IMPORTANTES ............................................................................................. 17
A infração penal no Brasil é dualista (ou bipartido, binário), pois prevê duas espécies:
crime (delito) e contravenção penal.
A diferença entre crime e contravenção penal é de grau, quantitativa, e também
qualitativa (qualidade da pena) puramente axiológica, não ontológica. Os fatos mais graves são
crimes ou delitos, os menos graves considerados contravenções penais.
O que é mais grave ou menos grave depende de opção política e ainda de percepção
política. Vejamos o exemplo absurdo:
Segundo a LICP, no crime, a pena é de reclusão ou detenção; e na contravenção, a
pena é de prisão simples. Cita a celeuma que surgiu a partir do art. 28 da Lei de Drogas
Como ficaria o crime previsto no art. 28 da Lei de Drogas, considerando o entendimento da lei
de introdução ao Código Penal?
Segundo LFG, estar-se-ia diante de uma infração penal sui generis (entendimento
recentemente acatado pelo STF para não reconhecer de HC impetrado por conta do artigo 28
da lei de drogas, vez que não há pena privativa da liberdade. Não houve descriminalização,
mas despenalização INFO 887), eis que não há previsão de pena para a sua prática. Para o STF,
entretanto, se trata de crime punido com pena não privativa de liberdade, conforme
autorizado pela CF.
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Apostila 03 – Direito Penal
Introdução à Teoria do
Crime
modo que este conceito sirva como fator de legitimação. De acordo com o STF, o conceito
material de crime é fator de legitimação do direito penal, pois, de acordo com a Corte, não
será toda conduta que será penalmente criminalizada, mas somente aquelas condutas mais
relevantes (princípio da adequação social);
Conceito formal ou legal: crime é o que está na lei, fornecido pelo legislador. O artigo
1º da Lei de Introdução ao Código Penal descreve que “considera-se crime a infração penal a
que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; contravenção a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.
Tais conceitos não traduzem com precisão o que seja crime. Para o conceito formal, se
há uma lei penal, e o agente a viola, haverá crime. Já o conceito material sobreleva a
importância do princípio da intervenção mínima. Contudo, se não houver uma lei penal
protegendo-o, por mais relevante que seja, não haverá crime se o agente vier a atacá-lo, em
face do princípio da legalidade.
1.2.1. Conceito analítico
Também chamado de formal ou dogmático, o crime consiste num fato típico, ilícito
(antijurídico) e culpável. O Código Penal adotou a teoria tripartida para os elementos
conceituais de crime, adotada por Nélson Hungria.
Muitas pessoas dizem que o conceito tripartido adota a teoria finalista, de Hans
Welzel, o que não é verdade, pois para ambos há fato típico e ilícito, acrescentando um
conceito de culpabilidade. A distinção entre os perfis clássico e finalista reside, principalmente,
3 na alocação do dolo e da culpa, e não em um sistema bipartido ou tripartido relativamente à
estrutura do delito.
CRIME
exclusão da ilicitude
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Introdução à Teoria do
Crime
7 a) [art. 173, § 5º, CF] – Responsabilidade da pessoa jurídica nos atos praticados
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Trata-se de
norma de eficácia limitada [ “A lei (...)”]
b) [art. 225, § 3º, CF] – responsabilidade da pessoa jurídica quanto às condutas
lesivas ao meio ambiente. Trata-se de norma de eficácia limitada.
-Previsão infraconstitucional:
a) [art. 3º, caput, Lei 9.605/98] – regulamenta o art. 225, § 3º da CF possibilitando a
responsabilidade penal da pessoa jurídica. Aqui há divergência quanto à
possibilidade da pessoa jurídica figurar como sujeito ativo:
Argumentos pro e contra:
a) IMPOSSIBILIDADE:
A pessoa jurídica não tem vontade.
Não é dotada de consciência e vontade, portanto, não pode “dirigir uma ação” de
acordo com sua intenção. Ademais, pela ausência de consciência, a pena não geraria o
caráter intimidativo.
A pessoa jurídica é inimputável, pois não entende o caráter ilícito de um fato e de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
A punição da pessoa jurídica representa verdadeira responsabilidade penal objetiva, o
que compromete o princípio da culpabilidade.
A pena deve ser personalíssima e a punição da pessoa jurídica acabaria gerando a
punição do sócio. Ex.: sócios minoritários contrários à decisão que acarretou a
punição.
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Crime
Pessoa jurídica não pode ir para a prisão. A aplicação de multa pode ocorrer por
qualquer outra área do direito.
b) POSSIBILIDADE:
A pessoa jurídica tem vontade.
Não reconhecer a existência de vontade seria limitar a teoria da pessoa jurídica.
Teoria organicista ou da realidade (Otto Gierke) – [adotada no Brasil] – reconhece que
a pessoa jurídica tem vontade própria e distinta dos seus membros. A sua vontade é
fruto da fusão das vontades dos seus membros.
o Em contraposição à essa teoria existe a teoria da ficção (Savigny), que
reconhece a pessoa jurídica como uma ficção jurídica não dotada de
consciência e vontades próprios, não adotada no ordenamento brasileiro.
É necessário constatar que as pessoas muitas vezes se escondem atrás dessas
instituições.
Mesmo que se admitisse que a pessoa jurídica não fosse dotada de vontade, é
necessário reconhecer que o direito penal, em algumas situações excepcionais, admite
responsabilidade penal objetiva. [ex.: embriaguez]
Em qualquer crime, quando se pune o agente, é possível existir pessoas inocentes
prejudicadas, isso não quer dizer que ocorreria violação do princípio da personalidade.
8 Hoje, a ideologia do direito penal não se limita à aplicação de penas privativas de
liberdade, sendo possível a aplicação de penas alternativas.
Não há como não deixar de reconhecer o aspecto moral que uma pessoa jurídica
condenada se sujeitaria.
-Penas aplicáveis à pessoa jurídica: [art. 22 e seguintes da lei 9.605/98]
O magistrado não poderá aplicar outra pena senão as que estão expressamente
previstas no ordenamento como penas aplicáveis às pessoas jurídicas.
Penas restritivas de direito:
Suspensão parcial ou total de atividades – aplicada quando a pessoa jurídica não
estiver obedecendo as disposições legais ou regulamentares relativas à proteção do
meio ambiente.
Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade - aplicada quando o
estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando:
o Sem a devida autorização.
o Em desacordo com a autorização concedida.
o Com violação de dispositivo legal ou regulamentar.
Proibição de contratar com o poder público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações.
o Não poderá exceder a 10 anos.
Prestação de serviços à comunidade: consiste em:
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(ex: se for tetraplégico) ou, no caso de delito omissivo impróprio, desde que não esteja
incluso na figura do garantidor.
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Introdução à Teoria do
Crime
18 Crimes de elevado potencial ofensivo: apresentam pena mínima superior a um ano, e pena
máxima acima de dois anos.
Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela CF: hediondo,
tortura, tráfico de drogas, terrorismo, racismo, ação de grupos armados, civis ou militares
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Crime remetido: ocorre quando a sua definição se remete a outros crimes, que passam a
integrá-lo. É o caso do art. 304 (fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados a
que se referem os arts. 297 a 302).
Crime doloso: o agente quis ou assumiu o risco de produzir o resultado. É a regra geral.
Crime preterdoloso: é o crime em que o resultado delitivo é mais grave do que o querido pelo
agente. O agente deseja praticar uma ação e produzir um resultado (como dolo, portanto),
mas, por imperícia, imprudência ou negligência, produz um resultado mais grave. Há dolo na
ação e culpa no resultado. Deve haver uma expressa previsão legal do resultado culposo mais
grave (como ocorre para o crime de homicídio, por exemplo). Se não houver, apenas o crime
doloso será punido. Não se admite tentativa em crimes preterdolosos, porque a tentativa é
inconcebível para resultados culposos. Todos os crimes preterdolosos são qualificados pelo
resultado, porém, nem todo crime qualificado pelo resultado é preterdoloso, porque o
resultado qualificador pode ter sido desejado (e crimes preterdolosos exigem resultado
culposo). O crime qualificado pelo resultado é gênero, do qual o crime preterdoloso é
espécie. Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior não se imputa
a agravação ao agente, porque não há nexo causal. O resultado mais grave tem que ser pelo
menos culposo, e a culpa deve ser demonstrada no caso concreto para configuração do crime
preterdoloso. É dizer, o versari in re illicita não vale para os crimes preterdolosos. Esse
brocardo é usado para defender que aquele que quem se envolve em coisa ilícita (crime
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Introdução à Teoria do
Crime
1. TEORIA OBJETIVA PURA: não distingue entre absoluta ou relativa impropriedade do objeto
ou ineficácia do meio. Segundo a teoria objetiva pura, não interessa saber, por exemplo, se a
arma não funcionou porque nunca funcionaria, ou a arma não funcionou naquele caso porque,
por azar do autor, ela emperrou. Tanto um, quanto em outro caso, se estaria diante de um
crime impossível. NÃO É ADOTADA NO BRASIL.
3. TEORIA SINTOMÁTICA OU SUBJETIVA: defende que o agente deve ser punido, mesmo em
caso de crime impossível, porque demonstrou periculosidade, disposição para agredir um bem
jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela intenção, e não por algum fato. NÃO É ADOTADA NO
BRASIL.
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Introdução à Teoria do
Crime
Crime putativo, delito de alucinação: no crime putativo, o agente pratica uma conduta
acreditando estar praticando um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está tipificada.
Por exemplo, ocorre quando o agente trai a esposa com o fito de cometer crime (o adultério
não é mais considerado ilícito penal em nosso ordenamento, logo, não há crime). O crime
putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
1. Crime putativo por erro de proibição: o agente acredita ofender uma lei penal que não existe
realmente. A existência da lei incriminadora só existe na mente do agente, recaindo o erro,
portanto, sobre a ilicitude do fato. Esse é o caso do exemplo do agente que trai a esposa com
o fito de cometer crime (não há norma incriminando o adultério).
2. Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário se verifica quando o autor acredita
ofender uma lei penal incriminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar do tipo. Ou
seja, a lei penal existe, entretanto, o fato não foi típico porque o agente não realizou todas as
elementares. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, e não sobre uma questão
jurídica. Por exemplo, ocorre quando o agente quer cometer um crime tributário declarando
erroneamente dados na DCTF; porém, ao invés de preencher a DCTF, ele preenche um
formulário de cadastro no show do milhão.
3. Crime putativo por obra do agente provocador: denominado também de crime de ensaio,
crimes de laboratório, ou crime de experiência, ocorre quando uma pessoa induz o agente a
cometer uma conduta criminosa e, simultaneamente, adota medidas para impedir a
consumação. Aqui, incide a Súmula 145 do STF, que trata do flagrante preparado ou
provocado: “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a
20
sua consumação”.
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