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2º Ano – Pós-laboral
Universidade Púngué
Os critérios de acusação são realistas e devem ser orientados pelos custos e benefícios
das sanções penais. Não se admite o emprego da lei penal a condutas que efetivamente
não representam dano social. O direito penal não pode ser usado para respeitar as ideias
morais, religiosas ou filosóficas. Em uma sociedade democrática e pluralista, os
criminosos precisam não só corresponder aos conceitos e valores do grupo legislativo,
mas também encontrar apoio no consenso geral.
É importante ressaltar que a teoria do crime visa examinar os elementos que constituem
cada tipo de sintoma, com atenção especial ao tipo de crime, pois as teorias contribuem
para a demonstração de vontade e ação.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
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2.0. A EVOLUÇÃO HISTORICA DA TEORIA DO CRIME
2.1. Conceitos de crime e contravenção
Em primeiro lugar, é fundamental definir o que é crime perante a lei. O crime é o acto
ilícito de maior gravidade, por ser amplamente prejudicial a outros indivíduos e à
sociedade (DA COSTA, 2007).
Este último não se encontra no nosso país (Moçambique), pois essa medida em muito
vigente nos países desenvolvidos com capacidade para arcar com os custos do mesmo.
E vale salientar que no Código Penal moçambicano, há previsão de redução de pena
com o cumprimento de serviços comunitários, tanto para contravenções quanto para
crimes.
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2.2.1. Culpa e Dolo
Segundo Cunha (2016, p.199) crime culposo “consiste numa conduta voluntária que
realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível
ou excepcionalmente previsto e que podia ser evitado se empregasse a cautela
esperada”.
E o artigo 13.º do Código Penal, ilustra ainda que, age com negligência quem, por não
proceder com o cuidado a que, segundo as circunstâncias, está obrigado e de que é
capaz de representar como possível a realização de um facto que preenche um tipo de
crime, mas actuar sem se conformar com essa realização; ou não chegar sequer a
representar a possibilidade de realização de um facto que preenche um tipo de crime.
Dolo, conforme ensina Dos Santos em seu Dicionário Jurídico, é a “má-fé, logro,
fraude, astúcia, maquinação; consciência do autor de estar praticando ato contrário à lei
e aos bons costumes; intencionalidade do agente, que deseja o resultado criminoso ou
assume o risco de produzir” (2001, p. 85). E o artigo 12º do Código Penal fundamenta
ainda que age com dolo quem, representando um facto que preenche um tipo legal de
crime, actuar com intenção de o realizar.
Assim, de maneira simplificada, a culpa ocorre nas situações em que o autor do ilícito
não tinha a intenção de causar o facto compreendido como crime, e o dolo quando a
ação é cometida propositalmente. No entanto, já existe jurisprudência no sentido de
entender como dolo situações em que o autor deu causa ao ilícito por vontade própria,
ainda que indiretamente. Isso pode ocorrer, por exemplo, em crimes de trânsito.
Se um motorista embriagado causa um acidente com morte, embora não fosse sua
intenção matar, pode haver o entendimento de que houve dolo, pois ele assumiu as
consequências de fazer uma ação de alto risco. É o chamado dolo eventual (DOS
SANTOS, 2019).
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Ao contrário de Moçambique, alguns países adotam um terceiro conceito, além de crime
e contravenção, que é o delito. Essa concepção vem do Código Penal francês de 1791,
que tem base na Revolução Francesa e na Declaração de Direitos do Homem do
Cidadão (CAPEZ, 2011).
Nessa acepção, o que consideramos crime é dividido em dois grupos: os crimes que
atentam contra a vida, a dignidade e os direitos naturais do ser humano, e os delitos, que
são as infrações de alta gravidade, mas que se originam de contratos sociais, relações
comerciais entre outros.
Outros países que adotam somente os conceitos de crime e contravenção são Itália,
Alemanha e Portugal.
Após um breve estudo sobre os principais pontos do dolo e da culpa, finalmente passar-
se-á, neste tópico, a discorrer sobre as principais teorias da ação. Tais teorias buscam
definir a conduta penalmente relevante. Pois, segundo Dos Santos (2019) nas diferenças
entre os países, podemos observar três abordagens quanto aos factos do crime: a teoria
causal, a teoria finalista e teoria funcional.
Tendo surgido no início do século XIX, a teoria causalista foi elaborada por Franz von
Liszt, Ernst von Beling e Gustav Radbruch. Conforme ensina o professor Rogério
Cunha, esta teoria “faz parte de um panorama científico marcado pelos ideias
positivistas que, no âmbito científico, representavam a valorização do método
empregado pelas ciências naturais, reinando as leis da causalidade (relação de causa-
efeito) ” (2016, p. 178).
Sobre este momento da história, que foi um período em que o positivismo influenciou
significativamente nas ciências penais, expõe Juan Ferré Olivé, Miguel Nunez Paz,
William Terra de Oliveira e Alexis Couto de Brito:
“O auge do positivismo nas ciências penais foi provocado por uma crise de
acontecimentos que se sucederam na Europa em meados do século XIX. As
transformações políticas, a Revolução Industrial e em geral a efervescência
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social da época, intensificaram mudanças nas diversas ordens da vida.
Fomentaram-se os estudos científicos, porque se confiava na ciência como uma
espécie de tábua de salvação que permitiria ao ser humano evoluir superando
todas as suas penúrias. Mas o ponto de partida foi justamente reapresentar o
conceito de ciência, reservando-o para aquelas parcelas de conhecimento que
servissem ao progresso da humanidade. Deste ponto de vista, prevaleciam as
matemáticas e as ciências naturais, porque eram exatas e podiam ser observadas
pelos sentidos” citado por Cunha (2016, p. 178).
A vontade, para a teoria causalista, é formada por dois aspectos: um externo, que é o
movimento corporal do agente; e um interno, que é a vontade de fazer ou não fazer.
Todavia, deve-se ressaltar que a vontade, aqui, não está ligada à finalidade do agente,
que será analisada somente na culpabilidade. (CUNHA, 2016, p.178).
Para teoria causalista, o dolo e a culpa não se situam na conduta, mas sim na
culpabilidade. Nas palavras de Nucci (2011, p.205) “para essa visão [causalista], não se
inclui a finalidade na sua conceituação, pois é objeto de estudo no contexto da
culpabilidade, em que se situa o elemento subjetivo do crime (dolo e culpa)”.
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Por fim, vale mencionar que esta visão causalista clássica foi alvo de inúmeras críticas,
como bem expõe o professor NUCCI (2011), a concepção clássica recebeu inúmeras
críticas no que diz respeito ao conceito de ação por ela proposto, puramente natural,
uma vez que, embora conseguisse explicar a ação em sentido estrito, não conseguia
solucionar o problema da omissão.
Diante dessas críticas, foi inevitável que a concepção causalista clássica de conduta
evoluísse para uma mais elaborada, que conseguisse tratar também da conduta omissiva.
E assim, vale ressaltar que os sistemas penais que adotam a teoria causal consideram
que o ilícito é absoluto, ou seja, a única coisa a ser levada em conta é o resultado das
ações praticadas.
No caso de um homicídio, por exemplo, os únicos fatores que importam são que um
indivíduo cometeu determinada ação e que um segundo indivíduo foi levado a óbito em
decorrência daquela ação.
Se o resultado de uma ação ocasiona algo considerado ilegal no país, conclui-se que foi
cometido um crime, sem que nenhum outro critério seja avaliado.
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ausência de conduta. Nesse sentido, ensina Capez (2011) que diferenciou-se a finalidade
da causalidade, para, em seguida, concluir-se que não existe conduta típica sem vontade
e finalidade, e que não é possível separar o dolo e a culpa da conduta típica, como se
fossem fenômenos distintos.
Assim, tem-se que, sob a ótica finalista, a conduta típica deve, necessariamente, estar
revestida de uma finalidade, diferentemente do que sustentava a concepção causal, que
analisava, na conduta, a mera relação de causa-efeito.
Quanto a essa finalidade, ela pode ser tanto ilícita quanto lícita. Será ilícita nos casos de
crimes dolosos, v.g., quando o agente praticar a conduta com a intenção de cometer o
crime. Por outro lado, o fato poderá ser típico ainda que a finalidade da conduta seja
lícitas, que são as hipóteses de crimes culposos, isto é, quando agir com negligência,
imprudência ou imperícia (GRECO, 2014, p. 157). Nesse mesmo sentido:
“Se, num crime doloso, a finalidade da conduta não esteja dirigida ao resultado
lesivo, o agente pratica ato típico, por não ter levado em conta, no seu
comportamento, os cuidados necessários para evitar o fato. Para a teoria
finalista, se o agente aperta o gatilho voluntariamente e atinge uma pessoa que
vem a morrer, somente terá praticado um fato típico se tinha, como finalidade,
tal resultado, ou se assumiu, conscientemente, o risco de produzi-lo (homicídio
doloso), ou se não tomou as cautelas necessárias ao manejo da arma (homicídio
culposo)” (ACQUAVIVA, 2011, p. 833).
Diante disso, pode se dizer que, para a teoria finalista, conduta “é a ação ou omissão,
voluntária e consciente, implicando em um comando de movimentação ou inércia do
corpo humano, voltado a uma finalidade” (NUCCI, 2011, p. 204).
Pois, esta teoria é utilizada pela maioria dos países hoje em dia, inclusive o
Moçambique. A teoria finalista leva em conta as motivações, a existência ou não de
dolo, os agravantes e os atenuantes da ação ilícita.
Apesar de a teoria finalista ser mais humanizada, os seus críticos apontam que ela causa
maior lentidão no sistema penal devido à avaliação caso a caso.
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2.4.3. Teoria funcional
Para o professor Fernando Capez, a teoria funcional não é uma teoria da conduta, pois
tem como objecto a finalidade do Direito Penal (2011, p. 156 e 157). Todavia, ela é
analisada pela doutrina juntamente com as demais teorias da ação, tendo em vista que
afeta diretamente o conceito de conduta. Conforme ensina o professor Rogério Sanches
Cunha, para esta teoria, a conduta “deve ser compreendida de acordo com a missão
conferida ao Direito Penal” (2016, p. 186).
Com isso, de acordo com essa primeira corrente, a conduta deve ser entendida como
“comportamento humano voluntário, causador de relevante e intolerável lesão ou perigo
de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal” (CUNHA, 2016, p. 187). Em outras
palavras, não basta a tipicidade formal, devendo haver também a lesão ou perigo de
lesão ao bem jurídico protegido.
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pela conduta do agente, impõe-se a sanção penal, uma vez que a missão do direito penal
é assegurar a vigência do sistema” (CUNHA, 2016, p. 187).
Por exemplo, se um indivíduo comete uma infração de trânsito pela urgência de dirigir-
se a um hospital, e sua infração (excesso de velocidade, por exemplo) não faz nenhuma
vítima, não é razoável puni-lo com a mesma severidade que seria o usual.
Na teoria finalista, existem algumas circunstâncias pelas quais, apesar do ilícito, pode
haver absolvição total do réu. Vejamos a seguir quais são as principais (DOS SANTOS,
2019):
Quando o autor do ilícito usou força proporcional para defender-se, evitando ser vítima
de outro crime. É importante frisar que o conceito de força proporcional é subjectivo,
cabendo ao julgador designado dar o seu entendimento conforme como vem descrito no
artigo 185.º do Código Penal.
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tribunais de menores e, em relação a eles, só podem ser tomadas medidas de assistência,
educação ou correcção previstas na legislação especial.
Porem, vale salientar que, alguns países, podem responder criminalmente menores de
idade que tenham cometido crimes hediondos. Em outros, a idade mínima para todos os
crimes é 16 anos. Há também lugares onde não há maioridade penal.
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3.0. Conclusão
Como vimos no tópico anterior, esta pesquisa buscava compreender cada uma das
principais teorias do comportamento. Mais especificamente, essas são as definições que
as pessoas têm de actividade criminosa. É claro que todas as teorias apresentadas
aplicam a tríade de conceitos de análise criminal. Assim, o crime é conceituado como
uma prática típica ilegal e negligente. Porém, mesmo que a estrutura criminal seja a
mesma, os componentes de cada um desses factores podem ser substituídos. Eles
merecem ser discutidos neste estudo, pois as principais mudanças decorrem
inevitavelmente da intenção e da culpa.
A primeira teoria estudada, a causalidade, afirma que a malícia e a culpa não fazem
parte do comportamento, de forma que mesmo que o sujeito aja sem um fator objectivo,
os eventos podem ser típicos. De acordo com essa teoria, a intenção e a culpa são
analisadas apenas na área de responsabilidade. Ou seja, depois que os eventos se
tornaram típicos e ilegais. Por privilégio causal, a teoria causal não pode explicar a
crítica principal do sofrimento, a inação.
Sendo a teoria adotada pelo Código Penal moçambicano vigente, a teoria finalista
revolucionou o conceito de conduta. Isso se deve, principalmente, ao facto de deslocar
os elementos subjectivos (dolo e culpa) para a conduta, que por sua vez integra o facto
típico. Com isso, sob a ótica finalista, o sujeito que age sem dolo ou culpa não pratica
uma conduta penalmente relevante, sendo, portanto, o fato considerado atípico.
Por fim, analisou-se a teoria funcionalista, que, assim como a anterior, critica o
formalismo da teoria finalista. Porém, para os defensores desta teoria, diferentemente da
teoria da adequação social, para que haja conduta é imprescindível que se considere a
finalidade, a missão, a função, do Direito Penal. Para uma primeira corrente, essa
finalidade seria a tutela de bens jurídicos relevantes, enquanto para outra seria a
assegurar a vigência do sistema penal (corrente teleológica e corrente sistêmica,
respectivamente).
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possível examinar a relevância de cada contribuição para a análise comportamental e o
assunto para a investigação do direito penal.
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4.0. Bibliografia
CAPEZ, F. (2011). Curso de Direito Penal: parte geral. (15 ed., Vol. I). São Paulo:
Saraiva.
NUCCI, G. d. (2011). Manual de Direito Penal: parte geral e parte especial (7 ed.).
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais.
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