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Universidade Púnguè

Ana José Traquino

Teresa José Ferraz

Lencastro Pindo Ponha

Júlio Miguel Alfinete

Curso: Licenciatura em Direito

Universidade Púngué

Chimoio

2023
Universidade Púnguè

Ana José Traquino

Teresa José Ferraz

Lencastro Pindo Ponha

Júlio Miguel Alfinete

Curso: Licenciatura em Direito


4º Ano – Período Pós-laboral

Cadeira:
Direito Económico

3º Grupo

Tema:
Intervenção do Estado na Economia

Docente:
Dr. Massamba Jeque

Universidade Púngué
Chimoio
2023
Índice
1.0. Introdução .............................................................................................................. 4
1.1. Objectivos .......................................................................................................... 4
1.1.1. Objectivo geral ........................................................................................... 4
1.1.2. Objectivos específicos ................................................................................ 4
2.0. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA NACIONAL ........................ 5
2.1. Noções gerais sobre a economia moçambicana ................................................. 5
2.2. Formas de intervenção do Estado na economia nacional .................................. 5
2.3. Factores que influênciam na intervenção do Estado na economia .................... 6
2.3.1. Imperativos da segurança nacional ............................................................. 6
2.3.2. Relevante interesse coletivo ....................................................................... 7
2.4. Intervenção Direta .............................................................................................. 8
2.4.1. Intervenção directa através de uma empresa publica ................................. 8
2.5. Intervenção Indireta ........................................................................................... 9
2.5.1. O Estado como agente regulador .............................................................. 10
2.5.2. Intervenção indirecta por indução ............................................................ 11
2.6. Intervenção via normatização e actuação judicial ........................................... 11
3.0. Conclusão ............................................................................................................ 14
1.0.INTRODUÇÃO

A intervenção do Estado na economia nacional as vezes é necessária, mas desde do


desenvolvimento no que diz respeito ao crescimento da economia mundial, com a
Revolução Industrial, já se acreditava que o crescimento do capitalismo só viria com o
crescimento do livre comércio.

Actualmente, o envolvimento do Estado na economia nacional é visto como sendo uma


ideia comum que os governos as vezes podem tomar para melhorar o funcionamento dos
mercados intervindo na economia nacional. Pois, um aspecto mais relevante da economia
é a sua capacidade de promover ferramentas para as nações e mais especificamente para
os governos avaliar as economias das sociedades e encontrar a eficiência e equidade, onde
estes podem ser vistos como sendo dois conceitos básicos para promover o crescimento
e o desenvolvimento da economia nacional.
1.1.Objectivos
1.1.1. Objectivo geral

Caracterizar e descrever como é que o Estado intervém na economia.


1.1.2. Objectivos específicos
• Identificar a economia nacional;
• Mencionar e explicar as formas que o Estado usa para intervir na economia
nacional;
• Descrever a importância da intervenção do Estado na economia nacional.

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2.0.INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA NACIONAL
2.1.Noções gerais sobre a economia moçambicana

Moçambique, desde o Governo de transição, desencadeou uma série de medidas


reguladoras da actividade económica empresarial, particularmente nos considerados
sectores estratégicos (PNUD, 1998). Assim sendo, a economia moçambicana nas últimas
décadas tem-se caracterizado por um elevado nível de crescimento económico alimentado
pela utilização de recursos externos na forma de investimento direto estrangeiro e grandes
projetos. Mas de acordo com Pale (s.d) essa realidade mencionada anteriormente, é
acompanhada pela manutenção e regeneração do poder de um aparato estatal com altos
níveis de corrupção e fraca capacidade institucional.

Consequentemente a evolução de diversas variáveis macroeconômicas nos últimos anos


continua a aprofundar a estrutura característica das economias subdesenvolvidas com o
surgimento das elites políticas semelhante à abordagem dos marxistas quando se referem
ao aparelho repressivo do Estado. Na última década a política econômica tem sido
administrada com o objectivo de manter e restabelecer o controlo do poder da classe
dominante e utilizá-lo como instrumento de constituição de grupos econômicos
consolidando o poder de opressão do Estado seja de forma coercitiva. Pois, o Estado
moçambicano possui um papel essencial em regular e uniformizar a economia nacional,
corrigir disparidades sociais facilitar inclusão social e promoção do crescimento
econômico rumo a mais igualdade e sustentabilidade

2.2.Formas de intervenção do Estado na economia nacional

De acordo com Ramos (2017) o Estado pode interferir na ordem econômica de forma:

• Direta ou
• Indireta.

Assim, tem-se tanto a exploração directa da actividade econômica pelo Estado e a


exploração indirecta, onde o Estado age como agente normativo e regulador da actividade
econômica (RAMOS, 2017). Com isso, pode se aferir que o Estado pode ser um agente
econômico ou um agente disciplinador da economia.

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Analisando a Constituição da República de Moçambique, ressalta-se que esta reconhece
duas formas de ingerência do Estado na ordem econômica:

• A participação e
• A intervenção.

O artigo 101.º, da CRM, descreve que, ressalvados os casos previstos na Constituição, a


exploração directa de actividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,
conforme definidos em lei.

Já o artigo 97.º da CRM concretamente na alínea g), conjugando com o artigo 99.º no
número 2, afirma que como agente normativo e regulador da actividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento,
sendo este determinante para o sector público e indicativo para o sector privado.

Sendo assim, quando se fala em actuação directa, o próprio Estado actua na economia de
um país, seja em regime de monopólio, seja de participação com as empresas do sector
privado. Pois. de acordo com o pensamento de Farias e Jacome (2019) o Estado actua
diretamente quando o próprio Estado interfere no desenvolvimento da operação na
prestação de serviços públicos e na concorrência com o sector privado em regime de
monopólio ou cooperativo como mencionado anteriormente.

Porém, quando há actuação indirecta, prepondera o princípio da livre-concorrência, e o


Estado visa evitar abusos como por exemplo os decorrentes de cartéis. Pois, de acordo
com os mesmos autores citados anteriormente o Estado actua de forma indirecta, quando
desempenha a função de regular controlar estimular ou padronizar a actividade dos
demais agentes econômicos.

2.3.Factores que influênciam na intervenção do Estado na economia


2.3.1. Imperativos da segurança nacional

O primeiro critério autorizador à intervenção do Estado no domínio econômico são os


imperativos da segurança nacional. São as hipóteses mais fortemente ligadas à soberania
nacional, situações estratégicas em que, nas mãos da iniciativa privada, poderia deixar o
país em vulnerabilidade (NEWIT, 1997).

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De acordo com o pensamento de Newit (1997) no que se refere à ação direta e indirecta
do Estado na economia, chama a atenção para observar que esse fenômeno ocorre de
forma especial a fim de garantir a segurança nacional. Fora, que a decisão de participar
fica sempre nas mãos do próprio Estado o que justificaria a constituição de empresas e
instituições públicas no que se refere à segurança e aos interesses nacionais.

Em relação à Lei nº 19/91, de 16 de Agosto que define os crimes contra a segurança


nacional, a ordem política e social, é possível isolar, apenas, as lesões ou exposição a
perigo contra a segurança nacional, sendo assim, extraindo-se do artigo 1.º estes crimes
tratam-se de crimes contra a ordem política e social. Assim, é possível formar o conceito
de segurança nacional com base em uma proteção à integridade do território e da
soberania nacional, bem como a proteção contra lesão ou exposição a perigo contra a
pessoa dos chefes dos Poderes Executivos.

2.3.2. Relevante interesse coletivo

Como já vem sendo destacado, não tanto quanto a segurança nacional, a semântica
empregada pelo constituinte quanto ao termo, relevante interesse coletivo, é por demais
abrangente. Como se trata de ação subsidiária, fora os casos previstos na própria CRM
em relação à titularidade das actividades que o Estado as exercerá, ou seja, actividades
próprias dos agentes privados, o Estado actuará após o devida apreciação por parte do
Poder Legislativo que definirá, em certa medida, a ocorrência ou não do interesse
coletivo, especialmente, nos casos em que não houver interesse do particular ou mesmo
havendo esse interesse, não seja o suficiente para o atendimento da demanda coletiva.

Sendo assim, a actuação direta do Estado na actividade econômica, concorrendo ou não


com os agentes privados, dá se por espécies de sociedades empresárias, como por meio
de empresa pública, que poderá adotar qualquer das formas societárias, admitidas em
direito ou por sociedade de economia mista, que, necessariamente, se constituirá na forma
de sociedade anônima (CORREIA, 2010).

Pois, Ramos (2017) destaca que em matéria de concorrência o Estado intervém criando
empresas estatais que desempenham um papel já existente em determinados sectores da
economia e que se dividem em empresas públicas e sociedades capitalistas mistas. E
também o mesmo Estado intervém na economia criando instituições reguladoras das

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actividades económicas, com vista a manter a organização e o respeito pelas leis, com o
objectivo de garantir o desenvolvimento económico do país.

2.4.Intervenção Direta

De acordo com o que foi exposto anteriormente nos preceitos do artigo 101.º da CRM,
pode se dizer que o Estado está intervindo, directamente, na economia quando não sendo
o titular natural daquela actividade econômica passa a explorá-la.

Intervir, diretamente, na economia, para o Estado é medida excepcional. A actividade


econômica é própria dos particulares, não por outro motivo pois estes sabem fazê-lo bem
melhor que o Estado, pois são mais ágeis, mais focados, estão mais propícios aos riscos
a fim de obterem mais ganhos ao mesmo tempo que submetidos ao insucesso venham a
arcar com tais ônus (CORREIA, 2010).

No Estado de Direito Democrático, previsto na CRM, consignado, desde logo, no artigo


3.º, fica evidente que o fundamento da República se baseia no valor social do trabalho e
da livre iniciativa. Trata-se de um direcionamento do modelo econômico adotado de um
Estado social democrático, em que, apesar da previsão de livre concorrência, esta
encontra-se, largamente, relativizada pela extrema regulação estatal, ainda que a
intervenção do Estado aplica-se tão somente de forma subsidiária, ou melhor, quando for
imprescindível a atuação do Estado para suprir o desinteresse dos particulares, atendendo-
se assim o interesse coletivo ou ainda quando imperiosa tal atuação por questões de
segurança nacional.

De acordo com Bibbio (2000) a simples análise desses dois substratos fáticos, necessários
à intervenção do Estado no domínio econômico, tanto os imperativos da segurança
nacional quanto o relevante interesse coletivo, têm um grande grau de abstratividade, ou
seja, são conceitos bastante indetermináveis, carecendo ao aplicador da lei, uma detida
análise do caso concreto.

2.4.1. Intervenção directa através de uma empresa publica

A empresa pública é uma das formas que o Estado poderá actuar na actividade econômica,
tanto para executar atividades próprias do Estado, portanto, exclusivas, ou serviços
públicos essenciais, como atuar em atividades de titularidade dos particulares. Essa
opção, normalmente, levará em consideração a disponibilidade de capital para
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investimento por parte do próprio Estado, sem auxílio da iniciativa privada, ou porque a
esta não interesse, ou porque o Estado avalie como estratégico (RAMOS, 2017).

De acordo com o mesmo autor citado anteriormente, nesta área as empresas estatais
gozam de estatuto jurídico preferencial e são criadas por lei para explorar a actividade
económica. As sociedades de capitais também fazem parte da inferência direta do Estado
através delas é permitido explorar a actividade económica em sociedade por ações com
capital de outros investidores podendo ser pessoa singular ou coletiva.

Por exemplo, temos o sector bancário, onde o Estado determina a cessação da actividade
dos bancos privados que operam no país, alguns dos quais, os respectivos valores activos
e passivos são integrados no Banco de Moçambique e relativamente a outros, e com vista
a assegurar o reembolso aos interessados pelo Banco de Moçambique, os respectivos
depósito e a correspondente cobertura são para estes transferidos.

E ainda no âmbito do serviço público de produção transporte e distribuição de energia


elétrica o Estado moçambicano tem a sua empresa pública Eletricidade para o
Desenvolvimento de Moçambique (EDM) que é tratado em regime de exclusividade pelo
próprio Estado. E é integrada nela uma divisão da empresa pública que desenvolve parte
significativa das actividades da empresa estatal.

O mesmo vale para os serviços de água, onde temos o Fundo de Investimento e


Património do Abastecimento de Água (FIPAG) e nos transportes público e aéreo, temos
como por exemplo a Metro Bus e as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) que entre
outros são considerados estratégicos para o desenvolvimento da economia nacional.

Neste processo alguns serviços são assegurados ou parcialmente prestados por entidades
de direito público, outros são prestados por entidades privadas dirigidas por empresas do
Estado.

2.5.Intervenção Indireta

Na área de intervenção indireta no que diz respeito às funções regulatórias o estado define
os padrões que vão determinar como os órgãos públicos e privados devem actuar
(FARIAS & JACOME, 2019). Além da regulamentação o Estado também fiscaliza e
controla a observância da lei pelos agentes econômicos estimula incentivos de acordo
com as condições de mercado para estimular ou suprimir determinados comportamentos
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e traçar planos para alcançar o desenvolvimento econômico. No sector indireto menciona-
se a arrecadação de impostos, subsídios e vantagens (CORREIA, 2010).

Sendo assim, de acordo com Pimenta (2002) a intervenção do Estado no domínio


econômico como agente normativo e regulador pode ser feita sob duas formas:

• Por direção que por meio de comandos imperativos, denotam compulsoriedade,


coações, determinando objetivamente qual caminho deve seguir uma ou outra
atividade econômica; ou
• Por indução, quando cria estímulos positivos ou negativos para o particular,
facultativamente, seguir para um ou outro ponto, segundo suas próprias
necessidades ou estratégias negociais.

2.5.1. O Estado como agente regulador

De acordo com o que foi mencionado anteriormente, na execução das actividades


económicas é necessário que o Estado apareça sobre o órgão dirigente como órgão
dirigente para disciplinar as leis específicas que definem o objetivo a finalidade e o âmbito
da regulamentação. E os órgãos funcionam entre outras coisas para moldar as actividades
econômicas criando regras no âmbito do governo competente certa autonomia
contratando, sancionando eventuais violações realizando audiências públicas onde os
utilizadores podem exprimir a sua opinião sobre o serviço prestado e dar pareceres
conselhos técnicos sobre questões relacionadas com a concorrência (RAMOS, 2017).

Como exemplo, refere-se o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique


(INCM), Inspeção Nacional das Actividades Económicas (INAE), Instituto Nacional dos
Transportes Rodoviários (INATRO) e entre outros.

Pimenta (2002) destaca que regulação é exigência constitucional para minimizar os


efeitos das falhas de mercado, contudo, grupos de interesses passam a assediar agentes
dos órgãos reguladores, cooptando-os aos seus interesses ou ideologias, gerando como
consequência inequívoca, as chamadas falhas de governo. No mundo inteiro é fenômeno
ocorrente, mas, em Moçambique, em função da estrutura política de partição de cargos
públicos, a vulnerabilidade a esses fenômenos tem uma grandeza superlativa.

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2.5.2. Intervenção indirecta por indução

O Estado em sua função interventiva indutora do equilíbrio econômico ou para o


desenvolvimento como finalidade precípua de erradicar a pobreza e eliminar a
marginalização utiliza-se de instrumentos jurídicos e econômicos que geram estímulos
aos agentes econômicos a tomarem posições mais benéficas aos seus negócios. Nesse
caso, estará, também, agindo na regulação da actividade econômica, de maneira diferente
em relação quando o faz por direção, impondo sob pressão, os agentes econômicos,
enquanto agir por indução criará mecanismos alternativos à escolha do particular para tal
(FARIAS & JACOME, 2019).

Ramos (2017) enfatiza que os principais mecanismos de indução são denominados de


incentivos ou benefícios que, em regra, têm natureza fiscal, ou apresentados sob a forma
de benefícios outros, capazes de estimular determinada atividade econômica. São
exemplos comuns desses mecanismos indutores de comportamentos empresariais:
financiamentos com taxas mais favorecidas, seguro agrícola subsidiado, fornecimento
gratuito de determinadas sementes que induzam os pequenos agricultores a cultivarem
com o propósito de manter a segurança alimentar equilibrada e tantas outras formas de
estímulos que, facultativamente, poderão ser usados ou não por aqueles que foram
endereçados.

Assim podemos constatar que o Estado intervém na economia nacional de diferentes


formas sempre se adaptando às demandas e necessidades que surgem em decorrência de
suas ações. A sua intervenção sempre tem como objectivo buscar preservar o equilíbrio e
a justiça do mercado mas sempre utilizando os princípios da livre iniciativa e da
concorrência.

2.6.Intervenção via normatização e actuação judicial

Como já mencionado anteriormente, o Estado pode interferir de diversas maneiras na


Economia, seja actuando directamente no mercado, seja regulando as actividades
produtivas, tributando, oferecendo incentivos fiscais ou política creditícia, coibindo o
monopólio e a cartelização. Uma outra forma de intervenção é a regulação econômica do
mercado. Para Bittar (2006, p. 75) “esse tipo de intervenção consiste na imposição de
restrições de oferta e procura num mercado (controle de preços, restrições à entrada de
novos produtores), na imposição de atendimento aos consumidores de uma determinada

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área, na especialização de características de produtos ou tecnologias a ser empregados na
fabricação e na imposição de padrões ambientais no local de trabalho e fora da empresa”.

Sendo assim, de acordo como previsto no artigo 107.º da CRM os instrumentos de


regulação são genericamente classificados em:

• Comando e controle e
• Incentivos financeiros.

Segundo Ramos (2017) os instrumentos financeiros estão associados a transferências de


recursos por meio de imposto e subsídios. Já os instrumentos de comando e controle, são
aqueles associados a regras particulares implementadas por agências governamentais,
especialmente concebidas para esses fins, fazendo uso de regulamentos e sanções.

Como já referido anteriormente na forma de intervenção indirecta, ainda que não actue
como empresário directamente, o Estado pode achar-se muito presente na vida
econômica, regulando excessivamente as actividades econômicas, descendo a minúcias
que deveriam ser negociadas no mercado. A dinâmica das actividades empresariais exige
uma margem de manobra maior de tal forma que possam adequar-se às demandas e
inovações do mercado. Se as regras são muito rígidas, reduz-se a capacidade de adaptação
e de sobrevivência das empresas. É certo que a actividade econômica já tem o risco como
algo inerente. No entanto, o risco além do razoável afugenta os investimentos de longo
prazo, visto que o ganho somente é proporcional ao risco em actividades financeiras
eminentemente especulativas.

Sendo assim, além de regular o que não deveria, o Estado não tem a devida agilidade em
mudar a regra quando os ventos tocarem em outra direção, e, pior ainda, pode chamar a
si a responsabilidade de exercer a atividade econômica em sentido estrito, inclusive sob
monopólio. Bittar (2006) afirma o facto de as falhas de mercado configurarem conceito
dinâmico pode definir que a ação do Estado no sentido de induzir uma (suposta) estrutura
mais eficiente de monopólio pode não ser adequada. As rápidas mudanças tecnológicas e
do próprio tamanho do mercado estão, permanentemente, alterando as condições de
mercado e, consequentemente, as estruturas organizacionais existentes. Dada a natural
morosidade dos governos para perceber mudanças e o facto de as condições de mercado
configuraram conceito dinâmico, a tentativa de corrigir falhas de mercado poderia ser

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substituída por uma desnecessária falha de Estado em decorrência da velocidade daquelas
transformações.

Olhando para este contexto, Ramos (2017) afirma que o convívio diuturno com um
extenso, complexo e altamente mutável ordenamento jurídico pode ser um factor de
desestimulo aos investimentos. É preciso redobrar as cautelas visto que aos riscos
inerentes ao negócio acrescenta-se o risco jurídico. As empresas podem ser surpreendidas
com alterações na legislação tributária, pondo a perder os projetos de investimentos que
tinham em mente.

Não se pode estimular o investimento sem segurança jurídica e esta não existe sem regras
claras, honestas e estáveis. Uma empresa não pode fazer um plano de investimentos
quando a qualquer momento uma medida provisória poderá trazer mudanças
significativas, pondo por terra todo um planejamento. Sendo assim, Ramos (2017) afirma
que a actividade normativa há que ser exercida com responsabilidade e parcimônia, ainda
maiores quando se passa da mera regulamentação para a produção legislativa.

Nesse sentido é preciso certo pragmatismo de quem elabora as leis e dos operadores do
Direito, de tal forma que não se afaste do mundo dos acontecimentos, nem que opte por
soluções baseadas em critérios de momento, casuísticos, sendo ao máximo objetivo. É
neste momento que é importante fazer uma análise econômica do Direito, para que a
legislação e o Direito não se afaste da realidade dos fatos (BITTAR, 2006).

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3.0.CONCLUSÃO

Assim, intervenção do Estado na economia nacional, pode ser observada direta e


indiretamente. Na primeira forma o Estado actua como actor principal agente económico,
exercendo a actividades económica e na segunda forma, o Estado actua como regulador,
padronizador e estimulador dos demais no mercado econômico.

O Estado como entidade económica activa desempenha um papel de extrema importância


no desenvolvimento económico nacional nos últimos tempos e vai continuar a ter uma
presença na economia a desenvolver actividades económicas. E como já dito
anteriormente, pode se constatar que a equidade e eficiência econômica requerem a
presença do Estado. Daí a importância tanto das instituições públicas (para diminuir a
distância social na luta pela equidade) quanto da presença do Estado na criação de um
mecanismo de promoção da produção, ou seja, a eficiência produtiva.

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4.0. BIBLIOGRAFIA

BITTAR, E. C. (2006). Economia para o Direito. Barueri: Editora Manole.

BOBBIO, N. (2000). Igualdade e liberdade (4ª ed.). Rio de Janeiro: Ediouro.

CORREIA, E. P. (2010). Intervenção do Estado na Economia. Brasilia - DF.

FARIAS, M. d., & JACOME, J. R. (2019). A intervenção estatal na atividade econômica.


Obtido em 26 de Novembro de 2021, de Jus: https://jus.com.br/artigos/75010/a-
intervencao-estatal-na-atividade-economica

Lei nº 1/2018 de 12 Junho. (2018). Constituição da República de Moçambique. Maputo:


Imprensa de Moçambique.

MUNSLOW, B. (1983). Mozambique: the revolution and its origins. Londres: Longman.

NEWIT, M. (1997). História de Moçambique. Lisboa: Publicações Europa-América.

PIMENTA, P. R. (2002). Contribuições de intervenção no domínio econômico. São


Paulo: Dialética.

PNUD. (1998). Moçambique: paz, crescimento económico: oportunidades para o


desenvolvimento humano. Maputo.

RAMOS, G. F. (2017). Formas de Intervenção do Estado na Economia. Obtido em 20


de Março de 2023, de Jusbrasil: https://gabrielfavarelli07.jusbrasil.com.br

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