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República de Angola

Ministério da Educação
Colégio Anuarite

Direito Fiscal
Trabalho de Direito

Integrantes:

Jurelma Lipandinga
Nela Cateca
Wilson Da Conceição
Inês Visila

Classe: 11a
Sala: 13
Turma: Única
Curso: Gestão empresarial

Edmundo Mateus Da Silva

______________________
Resumo

Direito fiscal é uma expressão que pode ser usado como sinônimo de direito tributário. Nesse
sentido, Fisco designa o Tesouro e Fiscal o agente público cuja função é policiar a
arrecadação tributária num país.

O sistema fiscal angolano é constituído por um conjunto de normas jurídicas, quer


consagradas constitucionalmente, quer esparsas em códigos e outra legislação avulsa sobre a
matéria tributária.

Analisando técnicamente a questão Aliomar Baleeiro afirmou que "embora


etimologicamente, o Direito Fiscal dê compreensão mais ampla que a de Direito Tributário,
ambos são considerados sinônimos na linguagem científico-jurídico moderna". Como
referência para essa regra o mesmo autor cita a correspondências entre as expressões
internacionais droit fiscal, fiscal law, Steuerrecht e diritto tributario, adotadas pela
Associação Internacional de Direito Financeiro e Fiscal, com sede em Haia.
Índice

1.Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5

2. Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal.Âmbito do Direito Fiscal . . .


. .6

3. Natureza do Direito Fiscal: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


.6

4. Sistema Fiscal em Angola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7


4.1 No Código Geral Tributário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
4.2 Poder ser informado sobre a sua concreta situação fiscal (Art. 6º).. . . . . . . . . . . . 9
4.3 Constitui infracção todo o acto ilícito e culposo declarado punível pelas leis fiscais
(66º). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

5. Imposto e Contribuições para a Segurança Social e Contribuições


Especiais. . . . . . . .10

6. Classificação dos impostos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12


6.1critério financeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
12
6.2 Critério económico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . .12
6.3 Critério da natureza do facto gerador da obrigação fiscal, . . . . . . . . . . . . .
. . . . . .12
6.4 O Critério do rol nominativo dos contribuintes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . .12
6.5 Critério do tipo da relação jurídica base do imposto . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . .13

7 Impostos Reais e Impostos Pessoais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

8. Impostos Sobre o Rendimento, o Património, o Consumo e o Comércio Externo. . . .


.14
a) Impostos sobre o rendimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .14
b) Imposto sobre o património . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . .14
c) Imposto sobre o consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14
d) Imposto sobre o comércio externo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14

9.Impostos Proporcionais, Progressivos e Regressivos 15


a) Impostos proporcionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
b) Impostos progressivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
c) Impostos regressivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . .15

10. Qual a importância do direito tributário para a vida do cidadão Angolano? . . . . . . . . . . .


15

11. O que é direito tributário e direito financeiro, Diferenças? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


16

12. Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
17

13. Referências bibliográficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
6

Introdução

1. Actividade Financeira – sua caracterização:


necessidades colectivas e meios financeiros do Estado:

As exigências de satisfação das necessidades económicas de carácter público e de obtenção


de meios indispensáveis à respectiva cobertura impõem ao Estado, e às outras entidades
públicas uma actividade económica com características próprias, a actividade financeira.

As particularidades específicas desta actividade resultam fundamentalmente da circunstância


de as necessidades públicas não implicarem uma procura prévia individual e,
consequentemente, ao contrário do que acontece com as necessidades privadas, a cobertura
do seu custo não se situar no plano das livres opções individuais.

Destinada a assegurar a satisfação das necessidades públicas, a actividade financeira abrange


a aquisição de meios económicos, o emprego desses meios e a coordenação dos meios
obtidos e das utilidades a realizar.

Todas as realizações de despesas orientadas para a aquisição de bens ou serviços destinados a


satisfazer necessidades públicas se integram na actividade financeira. E para que as entidades
públicas possam realizar essas despesas têm de obter receitas adequadas, as quais não
correspondem a uma massa homogénea. Algumas assemelham-se a receitas de particulares,
como é o caso das obtidas pela exploração do património do Estado. Muitas outras oferecem
características inseparáveis do sector público. Assim sucede com os impostos e as receitas
dos chamados “monopólios fiscais”.

Não obstante a heterogeneidade dos fenómenos que se integram na actividade financeira,


todos se situam no plano da obtenção e do emprego de meios económicos adequados à
satisfação de necessidades públicas. Todos eles têm, pois, natureza económica. São
fenómenos económicos.
7

2. Direito Financeiro, Direito Tributário e Direito Fiscal.


Âmbito do Direito Fiscal:

Só quando assume uma posição característica, inconfundível com as posições dos


particulares, no exercício da sua actividade financeira, é que o estado se subordina a normas
jurídicas próprias, cujo complexo tem sido designado por Direito Financeiro.

Trata-se da definição jurídica dos poderes das entidades públicas na obtenção e no emprego
dos meios económicos destinados à realização dos seus fins.

Este conceito baseia-se numa ideia central de limitação de poderes das entidades públicas,
como tais. Como disciplina jurídica da utilização de meios económicos pelas entidades
públicas, o Direito Financeiro abrange um amplíssimo sector de receitas públicas (o das
receitas públicas não apenas pelo destino, mas também pela natureza, pela origem), todo o
sector das despesas públicas e a coordenação das despesas e das receitas públicas.

O Direito Financeiro compreende três ramos que, embora, cada um deles, sem autonomia
científica, são nitidamente separáveis – o direito das receitas, o direito das despesas e o
direito da administração financeira. Por sua vez, estes ramos de Direito Financeiro admitem
divisões.

E entre elas ganham particular relevo, no Direito das Receitas, o Direito dos Impostos, o
Direito Tributário ou o Direito Fiscal. O Direito dos Impostos, Tributário ou Fiscal
formou-se através de um longo processo evolutivo, na base de convicções políticas
generalizadas e relativamente estáveis. Daí constituir, na actualidade, o ramo ou sub-ramo do
Direito Financeiro mais característico e melhor trabalhado pela legislação e, sobretudo, pela
Doutrina.

As origens do Direito Fiscal e do Direito Orçamentário (sub-ramo do Direito da


Administração Financeira) são, em larga medida, comuns. O Direito Fiscal parece ser muito
antigo; mas, desenvolveu-se em torno da ideia nuclear da votação do imposto pelos órgãos
representativos das comunidades políticas; e, a partir dos sécs. XVII e XVIII, passou a
entender-se que a votação do imposto não seria inteiramente consciente se aqueles órgãos não
tivessem conhecimento da situação financeira global, das necessidades públicas e dos
créditos previstos. É este sub-ramo do Direito Financeiro, o Direito das Receitas, que
constitui o nosso Direito Fiscal. A doutrina italiana considera que o Direito Tributário
abrange mais do que o simples Direito dos impostos, ou seja, a cobrança de taxas, impostos,...

O Direito Tributário seria o género e o Direito fiscal seria a espécie. Destas confusões
terminológicas resulta que a expressão Direito Tributário melhor corresponde à ideia de
Direito dos Impostos.

3. Natureza do Direito Fiscal:

Quer se adopte o critério dos interesses, quer o da situação relativa dos sujeitos, quer o
critério da qualidade dos sujeitos, os autores são unânimes em considerar que o Direito Fiscal
é um ramo de Direito Público. O sujeito activo (o Estado) aparece na sua veste de ente
público, revestido das garantias e poderes - ius imperium – de que não beneficia o sujeito
passivo.
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4. Sistema Fiscal em Angola

Princípios Gerais

No plano orgânico, a administração fiscal é representada pela Direcção Nacional das


Alfândegas, a Direcção Nacional dos Impostos e o Instituto Nacional de Segurança Social.
Os estudos elaborados pelo Ministério das Finanças mostram que há uma insuficiência
gritante de recursos humanos em quantidade e, sobretudo, em qualidade, o que vai exigir
também nesta área um esforço enorme da administração fiscal.

As pesquisas mostram ainda que a questão ligada às taxas e aos emolumentos também tem
constituído um entrave ao desenvolvimento da economia. Em causa estão taxas exorbitantes
que desincentivam, por exemplo, a criação de empresas. Depois, a organização do sistema de
justiça obsoleto não responde às actuais exigências.

Nos meios técnicos administrativos e contábeis, o uso como sinônimo das expressões direito
fiscal e direito tributário tem gerado alguma confusão. Seria mais viável se fosse reconhecido
tecnicamente, dentro do país, que direito tributário se refere a legislação sobre tributos,
(receita tributária ou receita orçamentária), enquanto direito fiscal se torna mais apropriado
no que concerne a despesa pública (despesa orçamentária) — ambos como ramificações do
direito financeiro interno.

Assim, quando um especialista brasileiro falasse em "ajuste fiscal", ficaria claro que ele
estava se referindo a uma economia nas despesas. E um hipotético acerto amplo na política de
tributos, por outro lado, quase sempre é expresso como "reforma tributária".

O sistema fiscal angolano é constituído por um conjunto de normas jurídicas, quer


consagradas constitucionalmente, quer esparsas em Códigos e outra Legislação avulsa sobre a
matéria tributária, das quais se destacam as seguintes:

Código Geral Tributário, Decreto-Lei nº 10/99, de 29 de Outubro Aprova o Código de


Imposto sobre o Rendimento do Trabalho, Lei nº 8/99, de 10 de Setembro Código do Imposto
Industrial, Código do Imposto Sobre a Aplicação de Capitais, Registo Geral do Contribuintes
(Decreto nº 29/92, de Julho), Lei nº 10/03, de 25 de Abril Unidade de Correcção Fiscal
derroga o artigo 2º da Lei nº 12/96, de 24 de Maio, Regulamento do Imposto de Consumo,
Imposto Sobre Importação (Decreto nº 17/90, de 4 de Agosto), Isenções e Alterações ao
Imposto sobre a Importação (decreto-lei nº 17/94, de 24 de Agosto) Regime Fiscal para a
Indústria Mineira (decreto-lei nº B/96 de 31 de Maio) e Regime Aduaneiro para a Indústria
Mineira (Decreto nº 12-B/96, de 24 de Maio), Lei nº 9/99, de 01 de Outubro aprova a
extensão do Imposto de Consumo aos serviços de Telecomunicações, de Hotelaria, de
Turismo e similares e de funcionamento de Água e Electricidade.

O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades económicas, sociais e administrativas do


Estado e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza, Os impostos só podem ser
criados e extintos por lei, que determina a sua incidência, taxas, benefícios fiscais e garantias
dos contribuintes (Art. 14) Princípio da função económica e social do fisco e Princípio da
legalidade.

Todos os cidadãos são iguais perante a lei e gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos
mesmos deveres, sem distinção da sua cor, raça, etnia, sexo, lugar de nascimento, religião,
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ideologia, grau de instrução, condição económica ou social (Art. 18º) Principio da não
discriminação e da igualdade dos cidadãos perante a lei.A definição do sistema fiscal e a
criação de impostos é da competência da Assembleia Nacional, podendo, igualmente, ser do
Governo desde que autorizado por lei passada por aquela (Arts. 90º e 91º).

Os deputados e os grupos parlamentares não podem apresentar projectos de lei que envolvam,
no ano económico em curso, aumento das despesas ou diminuição das receitas do Estado
fixadas no orçamento (Art. 93º) Princípio da estabilidade do fisco.
10

4.1 No Código Geral Tributário

Serão obrigatoriamente determinadas por lei a incidência, as isenções e as taxas de cada


imposto, bem como as formas processuais de atacar a ilegalidade dos actos tributários (Art.
1º). As leis fiscais só dispõem para o futuro e nos termos regulados na lei geral. (Art. 5º)
Princípios da legalidade e da não retroactividade da lei fiscal.

 Não pagar impostos que não tenham sido estabelecidos de harmonia com a
Constituição Política;
 Não ser a mesma matéria tributada mais de uma vez, em relação ao mesmo imposto;
 Poder recorrer da fixação da matéria colectável feita por comissões quando tenha
havido preterição de formalidades legais;
 Poder reclamar contra a liquidação dos impostos;

4.2 Poder ser informado sobre a sua concreta situação


fiscal (Art. 6º).

Só em caso de superior interesse público poderá a Lei conceder isenções de impostos,


reduções das respectivas taxas ou outros benefícios ficais (Art. 7º).

Estão isentos de tributação em qualquer imposto sobre o rendimento e sobre o património:

 Estado e quaisquer dos serviços, estabelecimentos e organizações, ainda que


personalizados;
 As instituições públicas de previdência e segurança social;

Os partidos políticos, sindicatos, associações de classe e instituições religiosas legalmente


constituídas (Art. 8º).

Não sendo paga qualquer das prestações ou a totalidade do imposto, no mês do vencimento,
correm imediatamente juros de mora (Art. 49º).

Os juros de mora são calculados à taxa de 2,5% ao mês e vencem-se no dia um de cada mês,
contando-se por inteiro o mês em que se efectua a cobrança. Não são exigidos juros de mora
vencidos há mais de cinco anos, nem juros de juros, mesmo vencidos (Art. 50º).

4.3 Constitui infracção todo o acto ilícito e culposo


declarado punível pelas leis fiscais (66º).

As infracções fiscais serão punidas com multa, independentemente das penas acessórias
especialmente previstas na lei. Se, porém, qualquer funcionário público, no exercício das suas
funções, praticar uma infracção fiscal, incorrerá apenas em responsabilidade penal prevista
noutras Leis (Art. 71º).

Extinguem a responsabilidade por infracções fiscais:

 O pagamento, voluntário ou coercivo, das multas;


 A prescrição do procedimento judicial ou da pena;
 A amnistia;
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5. Imposto e Contribuições para a Segurança Social e Contribuições


Especiais

No ordenamento jurídico-constitucional Angolano regista-se uma divisão dicotómica dos


tributos entre:

1. impostos (art.º 101.º e 102.º Constituição da República de Angola adiante CRA) –


caracterizados como sendo prestações unilaterais e baseadas na capacidade
contributiva; e

2. Contribuições Especiais (art.º 103.º CRA) – estas definidas como prestações devidas
pelo benefício de uma prestação de serviços públicos, utilização do domínio público e demais
casos previstos na lei (art.º 103.º CRA n.º 1) e são classificadas em:

a) Contribuições para a segurança social; e


b) Contraprestações devidas por actividades ou serviços prestados por entidades ou
organismos públicos, segundo normas de direito privado – as quais se reconduzem a figura
das taxas, só assim se justifica a definição do regime geral das taxas como sendo da
competência relativa da Assembleia (art.º 165.º n.º 1 al. o) CRA), nacional, bem como outras
contribuições especiais previstas na lei (art.º 103.º CRA, n.º 2).

Vejamos o enquadramento doutrinário:

 As contribuições Para a segurança social

As contribuições para a segurança social têm por objectivo prover o sistema de segurança
social com meios financeiros para acudir às pessoas em situação de carência. São prestações
definidas por lei, a favor de uma pessoa colectiva de direito público para fins públicos.

Uma parte da doutrina as confunde integra na classe de impostos pela sua unilateralidade.
Outros porém defenderam que destas prestações há uma contrapartida específica e mediata
para os trabalhadores. E o empregador tem uma contraprestação imediata que passa pelo
benefício de um bom clima de trabalho, pressuposto para um manifesto aumento da
produtividade.

A doutrina actual defende se tratar de um tertius genus, não se enquadrando nem na figura de
impostos nem a de taxa. Pois a prestação do empreiteiro é uma prestação unilateral sem
qualquer contraprestação sendo um imposto, e a prestação feita pelo trabalhador é uma taxa,
pois, quando acontecer um facto legalmente previsto como apto para tal, impende sobre o
Estado uma obrigação de prestar.
É costume atribuir-lhe a natureza de prémio de seguro obrigatório.

As contribuições Especiais As contribuições são as prestações devidas por pessoas


individuais ou colectivas em função de benefícios especiais da actividade administrativa ou
pelo aumento extraordinário das despesas do Estado.
12

Existem duas modalidades de contribuições especiais:

1. As contribuições especiais de melhoria – a prestação que é devida em virtude de


uma vantagem económica particular resultante de uma actividade administrativa, por parte
daqueles que tal actividade indistintamente beneficia.

2. Contribuições por maiores despesas ou por encargos extraordinários para o Estado


– são as prestações devidas em virtude de as coisas possuídas ou de a actividade exercida
pelos particulares darem origem a uma maior despesa das autoridades públicas.

Estas contribuições especiais não deixam de ser impostos especiais, que têm por base
manifestações da capacidade contributiva de determinados grupos de pessoas resultantes do
exercício de uma actividade pública e não de uma actividade exclusiva do contribuinte com
acontece nos demais impostos.

Em conclusão, a CRA no seu artigo 103.º tratou da figura das contribuições especiais tendo
integrado nesta categoria as taxas, as contribuições para a segurança social bem como as
demais contribuições financeiras.
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6. Classificação dos impostos

Várias são as distinções a que tradicionalmente se submetem os impostos. Dentre elas


estudaremos aqui, as que têm alguma importância prática para o nosso ordenamento jurídico:

6.1 Impostos Directos e Impostos Indirectos

Vários são os critérios económicos e jurídicos apontados para a distinção


clássica dos impostos. Entre os critérios económicos apontamos:

a) Segundo o critério financeiro, critério que atende ao objecto do imposto, são impostos
directos, aqueles que atingindo manifestações imediatas de capacidade contributiva, têm por
pressuposto a própria existência duma pessoa, dum património ou de um rendimento; e os
impostos indirectos são aqueles que atingindo manifestações mediatas da capacidade
contributiva, tributam manifestações indirectas da capacidade contributiva, por exemplo a
despesa e a transferência de bens. É um critério com uma histórica importância nas finanças
públicas e no direito financeiro mas com um escasso valor actual.

b) O Critério económico stritu sensu ou da contabilidade nacional, que


tem em conta a natureza económica (a sua integração ou não nos custos da
empresa) dos impostos, define os impostos directos como sendo os que não
constituem custos de produção das empresas (por isso não são tidos nem
havidos no apuramento do produto e rendimentos nacionais) e impostos
indirectos os que constituem custos de produção das empresas (por isso são
deduzidos ao produto nacional, líquido ou bruto para o apuramento do
rendimento nacional líquido ou bruto, o rendimento nacional é igual ao
produto nacional menos os impostos indirectos ou sobre o consumo).

c) Segundo o critério da repercussão económica, que tem em conta


se os impostos repercutíveis (impostos indirectos) ou não (impostos directos)
no consumidor ou mais rigorosamente, no adquirente final dos bens e serviços.

d) Critério da natureza do facto gerador da obrigação fiscal,


segundo este critério são impostos direitos os que têm como facto gerador um
facto duradouro, e são impostos indirectos os que têm origem num facto
ocasional. Entre os critérios jurídicos temos a citar os seguintes:

e) O critério do lançamento administrativo, criado por O. Mayer no


princípio do século XX, impostos directos ou com lançamento são aqueles em
cujo procedimento fiscal houvesse lugar a um acto administrativo de
lançamento ou acto tributário e impostos indirectos ou sem lançamentos, como
sendo aqueles em que esse acto administrativo não tivesse lugar. Este critério
perde validade na medida em que actualmente todos os impostos para a sua
concretização exigem a intervenção da administração fiscal por meio de um
acto tributário, visando a sua liquidação.

f) O Critério do rol nominativo dos contribuintes ou da


determinação dos contribuintes define os impostos directos como aqueles cujo
lançamento se baseia na existência junto da administração fiscal duma lista ou
rol nominativo de contribuintes e indirectos os impostos cujo lançamento não
14

tivesse por base essa lista ou rol. Porém, com um sistema fiscal complexo
como o actual, em que em regra a matéria colectável dos impostos é levada a
ao conhecimento da administração fiscal ou determinada pelos contribuintes
ou por terceiros, em que é cada vez mais frequente o recurso a técnicas de
autoliquidação, retenção na fonte e pagamentos por conta, o papel da
administração fiscal tende a limitado. O que torna este critério inadequado aos
tempos actuais.

g) O critério do tipo da relação jurídica base do imposto, define o


imposto directo como sendo o que tem por base uma relação contínua ou
periódica e o imposto indirecto é o que tem por base uma relação jurídica
fiscal ocasional ou instantânea[1]. Fazendo aqui uma equiparação desta
distinção com a que se faz entre impostos periódicos ou duradouros e impostos
de obrigação única ou instantâneos.

O artigo 736.º, 1 do Código Civil, adopta o critério do tipo da relação


base do imposto. A arrumação orçamental das receitas, segue o critério da
contabilidade nacional ou financeiro.

6.2 Impostos Reais e Impostos Pessoais


Atendendo ao critério do peso relativo da incidência real ou objectiva e da
incidência subjectiva ou pessoal podemos distinguir entre os impostos reais e
os impostos pessoais.

Os impostos reais são os que tributam o rendimento, o património e o


consumo ou a despesa sem ter em conta a situação económica do seu titular.
V. g.: Imposto predial urbano. É um imposto sobre coisas. Aqui, a matéria
colectável é objectivamente determinada abstraindo-se da concreta situação
económica e social do contribuinte.

Os impostos pessoais têm por base, levam em consideração a situação


económica do seu contribuinte. V. g.: Imposto sobre o Rendimento do
Trabalho. É por se levar em conta o rendimento a situação económica do
contribuinte que se exclui a tributação de rendimento laboral com valor igual
ou inferior a AKZ: 25.000.00 (vinte e cinco mil kwanzas).Aqui tem-se em
conta a situação económica e social do contribuinte para a definição da matéria
colectável.

Os impostos pessoais podem ser mais ou menos pessoais consoante partilhem


mais ou menos das características dos impostos pessoais, que são as seguintes:

a) Atendem ao rendimento global do contribuinte, o que define a pessoalidade


do imposto, pois que de modo diferente desta característica, não é possível
minimamente a situação económica do contribuinte;

b) Excluem da tributação o mínimo para a existência, isto é, aquela quota de


rendimentos necessária para a satisfação das necessidades essências de
salvaguarda da dignidade humana do contribuinte e da sua família;
15

c) Têm em conta os encargos com a família, abatendo-os à matéria colectável,


ou tendo-os em conta através de deduções à colecta;

d) Sujeitam a matéria colectável a uma taxa progressiva.

7. Impostos Sobre o Rendimento, o Património, o Consumo e o Comércio


Externo

Segundo o critério da matéria colectável (é a coisa, facto sobre que recai o


imposto [2]) podemos ter a seguinte classificação de impostos:

a) Impostos sobre o rendimento – é o imposto que recai sobre as utilidades


económicas resultantes da actividade produtiva. Este imposto tem por objecto
o rendimentoproduto ou rendimento em sentido estrito (o acréscimo em bens
obtidos no correspondente período a título de contribuição para a actividade
produtiva, tributa os bens percebidos a título de salários, juros, rendas ou
lucros)[3] ou o rendimento acréscimo ou rendimento em sentido lato (que além
dos bens que integram o rendimento produto, tributam os acréscimos obtidos a
outros títulos que não o da contribuição para a actividade produtiva e sem dano
do património inicial – integra também os incrementos patrimoniais, isto é, as
mais-valias ou os rendimentos acidentais ou fortuitos) – é o rendimento usado
nos estados modernos.

b) Imposto sobre o património – nesta espécie de impostos tributa-se a


titularidade ou a transmissão de valores pecuniários líquidos (valores activos
menos passivos), constituam os mesmos bens capital produtivo, capital
lucrativo ou bens de consumo duradouro. No nosso ordenamento jurídico,
tributa o património imobiliário e tem por base o valor que resultaria do
arrendamento do imóvel.

c) Imposto sobre o consumo – aqui tributa-se o rendimento ou o património,


isto é, o rendimento de ontem, utilizado no consumo. Tributa o consumo. No
nosso ordenamento jurídico é regulado pelo Decreto n.º 41/99 de 10 de
Dezembro.

d) Imposto sobre o comércio externo – tributa a importação e a exportação


de bens e serviços. Tem por base o valor dos bens importados ou exportados.
Normalmente os estados não tributam a exportação.
16

8.Impostos Proporcionais, Progressivos e Regressivos

De acordo com a natureza da taxa do imposto os impostos podem ser:

a) Impostos proporcionais - são impostos cujo montante varia em


função da matéria colectável numa proporção ou taxa fixa. São os que
têm uma taxa única, constante, independentemente do valor da matéria
colectável: Imposto Industrial taxa de 35% do rendimento.

b) Impostos progressivos – são impostos definidos numa taxa variável


em função da matéria colectável, sendo a taxa ou proporção ascendente
elevando-se até certo limite máximo definido. São aqueles cuja taxa
cresce a medida que se eleva o valor da matéria colectável. V.g.: O
Imposto sobre o rendimento do trabalho (adiante IRT).

c) Impostos regressivos – são impostos cuja taxa ou alíquota sofre uma


variação descendente diminuindo até certo limite mínimo da matéria
colectável. São aqueles em que a taxa de impostos diminui a medida
que o valor da matéria colectável aumenta. Tributavam peças valiosas e
já não existem na maioria dos actuais ordenamentos jurídicos.

9. Qual a importância do direito tributário para a vida do cidadão Angolano?

Como podemos ver até o momento, o direito tributário tem como objetivo a análise, estudo e
verificação da constitucionalidade e da devida previsão legal dos impostos, tendo como ótica
os princípios norteadores da matéria.

A importância do direito tributário, então, é a de fiscalizar se a aplicação dos tributos que o


Estado aponta está sendo realizada de forma correta.

Todos nós, enquanto pessoas dentro de uma sociedade, estamos sujeitos a serem tributados.

Isso ocorre diariamente nas atividades profissionais, na relação de compra e venda, no


consumo de bens duráveis e não-duráveis, na manutenção da infraestrutura da onde moramos,
enfim, em todos os aspectos da nossa vida em sociedade.

Tem um ramo do direito que estuda a legalidade e a devida aplicação desses tributos, levando
em consideração os princípios da legalidade, da isonomia e da capacidade contributiva, por
exemplo, é importantíssimo para evitar uma ação autoritária sobre a economia da sociedade.
17

10. O que é direito tributário e direito financeiro, Diferenças?

A dúvida sobre o que diferencia os direitos tributário, fiscal e financeiro é comum. Embora
esses três ramos do direito convivam em sua atuação e escopo de estudo, há diferenças claras
entre as três áreas.

O direito financeiro, em primeiro lugar, tem como objeto de estudo as atividades financeiras
do Estado.

Ele trata das formas de arrecadação, dos custos relacionados às atividades administrativas e
estruturais da Administração Pública e da manutenção do território nacional. Cuida,
especificamente, da gestão dos recursos públicos.

As receitas do Estado, por sua vez, vêm de duas vertentes: das originárias e as derivadas.

As receitas originárias são os rendimentos que o Estado recebe a partir da exploração de seus
recursos patrimoniais e industriais, como os ganhos de estatais, da venda de propriedades, nas
concessões para atividades do setor privado, entre outras.

Já as receitas derivadas incluem os tributos, que nada mais são do que os rendimentos que o
Estado tem sobre o patrimônio da sociedade, a partir de cobranças que o Poder Público aplica
sobre pessoas físicas e jurídicas.

O direito tributário, então, trata exclusivamente da formação e das relações entre pessoas e
o Estado no que tange as receitas derivadas, não tendo como campo de estudo a gestão do
Estado em si, mas a análise de como os tributos são gerados e pagos.
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11. CONCLUSÃO
Angola está actualmente a implementar uma reforma tributária. O principal objectivo da
reforma é aumentar as receitas fiscais não petrolíferas pelo alargamento da base tributária,
racionalizar incentivos. Aumentar o controlo com o pagamento de impostos voluntários e
combater a evasão fiscal. Há também um desejo de utilizar o sistema fiscal como um
mecanismo para fornecer incentivos aos investimentos e diversificação da economia. Este
sumario argumenta que os incentivos fiscais sob a forma de taxas mais baixas, isenções
temporárias e isenções fiscais são susceptíveis de terem efeitos negligenciáveis sobre os
investimentos.

Incentivos fiscais extensivos são susceptíveis de prejudicar a eficiência e a eficácia do


sistema fiscal, e criar espaço para a corrupção e o suborno, aumentando brechas para
sonegação fiscal e distorção da concorrência . aderir a regras fiscais claras e inequívocas com
poucas excepções provavelmente evitaria muitos conflitos desnecessários e actualmente no
futuro.

O sistema fiscal não atende os grandes objectivos e expectativas dos principais agentes sócio-
económicos, sendo caracterizado por possuir taxas de tributação bastante elevadas, quando a
tendência actual aponta para a aplicação de taxas reduzidas e o alargamento da base
tributária. No domínio da fiscalidade internacional, a legislação em vigor é caracterizada pela
ausência de acordos de dupla tributação.
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12. Referências bibliográficas


Código do Imposto s/ o Rendimento das Pessoas Colectivas “Fiscalidade”, 4.ª
edição, de José Alberto Pinheiro Pinto, ed.

Areal Editores (2004) NABAIS,

José Casalta, Direito Fiscal, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2003.

Manual de Direito Fiscal, Lex, Lisboa, 1998.J.L. Saldanha SANCHES.

O trabalho de fecho de contas do exercício de 2005 – APECA – Associação


Portuguesa das Empresas de Contabilidade Auditoria e Administração –
edição 2006. “Fiscal”, 17.ª edição, Colecção Legislação, Porto Editora
(2006)

www.info-angola.ao

economiaemercado.sapo.ao/pesquisa?

...Sistema%20fiscal20angolano

www.infoangola.ao/index2.php?option=com_content&id...

www.almedina.net/catalog/product_info.php?products_id...

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