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2019
1
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2
Agradecimento
3
Índice
Visão geral ............................................................................................................................................... 9
Benvindo à Disciplina/Módulo de Fiscalidade e Regimes Aduaneiros ................................................... 9
Objectivos do Módulo......................................................................................................................... 9
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................................... 9
Como está estruturado este módulo .................................................................................................. 9
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação .............................................................................................. 10
Ícones de actividade ......................................................................................................................... 10
Habilidades de estudo....................................................................................................................... 10
Precisa de apoio? .............................................................................................................................. 12
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................................. 13
Avaliação ........................................................................................................................................... 13
TEMA I: FISCALIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO MOÇAMBICANO ............................................... 14
UNIDADE 1.1. DIREITO FISCAL .......................................................................................................... 14
1.1.1. CONCEITO............................................................................................................................ 14
1.1.2. FONTES E PRINCÍPIOS DO DIREITO FISCAL .............................................................................. 14
1.1.2.1. Constituição Da República ................................................................................................... 15
1.1.2.2. A Constituição Financeira e a Descentralição Fiscal ............................................................ 15
1.1.2.3. A Legislação Ordinária...................................................................................................... 17
1.1.2.4. Decretos-leis, Decretos, diplomas ministeriais e regulamentos das autarquias locais ....... 17
1.1.2.5. As Convenções internacionais ............................................................................................. 18
1.1.2.6. Jurisprudência ...................................................................................................................... 18
1.1.2.7. A Doutrina ............................................................................................................................ 19
1.1.3. Os princípios jurídico-constitucionais do direito fiscal ........................................................... 19
1.1.3.1. Princípio da legalidade fiscal ................................................................................................ 19
1.1.3.2. Princípio Da Segurança Jurídica ........................................................................................... 20
1.1.3.3. Princípio Da Proibição Do Referendo Fiscal ......................................................................... 21
1.1.3.4. Princípio Da Igualdade Fiscal................................................................................................ 21
1.1.3.5. O Princípio Do Respeito pelos Direitos, Liberdades e Garantias Fundamentais ................. 22
1.1.3.6. O princípio do Estado Social. ............................................................................................... 23
UNIDADE 1.2. CONCEITO E ESPÉCIES DE TRIBUTOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO MOÇAMBICANO
.......................................................................................................................................................... 23
4
UNIDADE 1.3. EXERCÍCIOS .................................................................................................................... 27
TEMA II: O SISTEMA TRIBUTÁRIO MOÇAMBICANO .............................................................................. 28
UNIDADE 2.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 28
UNIDADE 2.2. Política Tributária ....................................................................................................... 30
UNIDADE 2.3 Evolução do Sistema Tributário Moçambicano Pós-Independência .......................... 32
UNIDADE 2.4. A INTRODUÇÃO DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO ............................. 38
UNIDADE 2.5. ESTRUTURA DO SISTEMA TRIBUTÁRIO MOÇAMBICANO .......................................... 39
UNIDADE 2.6. OUTROS IMPOSTOS DO SISTEMA TRIBUTÁRIO ......................................................... 42
2.6.1. Imposto do Selo .................................................................................................................. 42
2.6.2. O imposto Sobre Sucessões e Doações............................................................................... 43
2.6.3. A SISA .................................................................................................................................. 44
2.6.4. O Imposto Especial Sobre o Jogo ........................................................................................ 44
2.6.5. O Imposto de Reconstrução Nacional - IRN ........................................................................ 44
2.6.6. Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes - ISPC ................................................ 45
2.6.7. Impostos Autárquicos ......................................................................................................... 46
UNIDADE 2.7. EXERCÍCIOS ................................................................................................................ 47
TEMA III: A TRIBUTAÇÃO DIRECTA ........................................................................................................ 48
UNIDADE 3.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 48
UNIDADE 3.2. O IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DE PESSOAS SINGULARES – IRPS ..................... 49
3.2.2. O Sujeito Passivo do IRPS/incidência subjectiva ................................................................. 50
3.2.3. INCIDÊNCIA REAL/OBJECTIVA ................................................................................................. 51
UNIDADES 3.3. A TRIBUTAÇÃO DAS SOCIEDADES DE PESSOAS E A TRANSPARÊNCIA FISCAL.......... 51
3.3.1. Obrigações Dos Contribuintes Em Sede De IRPS ................................................................ 52
UNIDADE 3.4. O IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS COLECTIVAS – IRPC ................... 52
3.4.2. Incidência Subjectiva........................................................................................................... 53
3.4.3. Incidência Objectiva ............................................................................................................ 54
3.4.4. Lucro Tributável .................................................................................................................. 54
3.4.5. Rendimento global e os rendimentos das diversas categorias do IRS................................ 55
3.4.6. Extensão da obrigação de imposto (artigo 5.º, do CIRPC, tendo em atenção da redacção
dada pela Lei n.º 19/2013, de 23 de Setembro) ........................................................................... 55
UNIDADE 3.5. TRANSPARÊNCIA FISCAL ............................................................................................ 56
UNIDADE 3.6. OS BENEFÍCIOS FISCAIS EM SEDE DO IRPC ................................................................ 56
UNIDADE 3.7. O REGIME DE PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA ............................................................... 56
UNIDADE 3.8. MÉTODOS APLICÁVEIS PARA A DETERMINAÇÃO DOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA 59
5
UNIDADE 3.9. EXERCÍCIOS ................................................................................................................ 60
TEMA IV: A TRIBUTAÇÃO INDIRECTA E TRIBUTAÇÃO ESPECIAL DO CONSUMO................................... 61
UNIDADE 4.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 61
4.1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO IVA .......................................................................................... 61
4.1.2. OS SUJEITOS DO IVA/INCIDÊNCIA SUBJECTIVA....................................................................... 62
4.1.3. Operações Tributáveis/ Incidência objectiva ...................................................................... 62
4.1.4. Facto Gerador e Exigibilidade do Imposto .......................................................................... 63
4.1.5. Isenções............................................................................................................................... 63
UNIDADE 4.2. Regimes de Tributação .............................................................................................. 64
4.2.1. Regime Normal ................................................................................................................... 64
4.2.2. Os Regimes Especiais .......................................................................................................... 66
4.2.2.1. Regime de isenção ........................................................................................................... 66
4.2.2.2. Regime de Tributação Simplificada.................................................................................. 66
UNIDADE 4.3. A QUESTÃO DOS REEMBOLSOS ................................................................................. 67
UNIDADE 4.4. TRIBUTAÇÃO ESPECIAL DO CONSUMO .......................................................................... 67
4.4.1. O IMPOSTO SOBRE O CONSUMO ESPECÍFICO .................................................................... 67
4.4.1.1. Incidência Real ................................................................................................................. 68
4.4.1.2. Facto Gerador .................................................................................................................. 68
4.4.1.3. Exigibilidade ..................................................................................................................... 68
4.4.1.4. Isenções............................................................................................................................ 69
4.4.2. Regime de Tributação do Álcool ......................................................................................... 69
4.4.2.1. Regime De Tributação Da Cerveja Com Álcool, Vinhos E Demais Bebidas Alcoólicas ..... 70
4.4.2.2. Regime de Tributação do Tabaco Manufacturado e Seus Sucedâneos ............................... 70
4.4.2.3. Regime de Tributação do Veículos Automóveis .............................................................. 71
UNIDADE 4.5. EXERCÍCIOS ................................................................................................................ 71
UNIDADE 5.1. Evolução do Sistema Tributário Autárquico Moçambicano ...................................... 72
A Autonomia Tributária ................................................................................................................ 72
Poderes Tributários ....................................................................................................................... 73
UNIDADE 5.2. FONTES DE FINANCIAMENTO DE PRIMEIRA ORDEM ................................................ 77
5.2.1. Produto da Cobrança de Impostos e Taxas Autárquicas .................................................... 78
5.2.2.O produto Percentual de Impostos do Estado, que por Lei lhe Sejam Atribuídos .............. 80
5.2.3. O Produto de Cobrança das Contribuições Especiais que por Lei lhes Sejam Atribuídas ... 80
5.2.4. O IMPOSTO PESSOAL AUTÁRQUICO - IPA ........................................................................... 80
6
5.2.5. O IMPOSTO PREDIAL AUTÁRQUICO - IPRA ......................................................................... 81
Incidência: ..................................................................................................................................... 81
5.2.6. IMPOSTO AUTÁRQUICO DA SISA - IAS ................................................................................ 83
5.2.7. IMPOSTO AUTÁRQUICO SOBRE VEÍCULOS – IAV ................................................................ 84
5.2.8. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA ........................................................................................... 85
UNIDADE 5.3. A TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL EM MOÇAMBIQUE ....................................................... 87
5.3.1. SUJEITOS DOS IMPOSTOS AMBIENTAIS .............................................................................. 89
5.3.2. MODELOS DE TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................ 90
5.3.3. Graduação das Taxas .......................................................................................................... 90
UNIDADE 5.4. TRIBUTAÇÃO DA ACTIVIDADE MINEIRA .................................................................... 90
5.4.1. Imposto Sobre a Produção Mineira .................................................................................... 91
5.4.2. Imposto Sobre a Superfície ........................................................................................... 91
5.4.3. Concessão de Incentivos Fiscais .......................................................................................... 92
UNIDADE 5.5. A TRIBUTAÇÃO DAS OPERAÇÕES PETROLÍFERAS ...................................................... 93
UNIDADE 5.6. Exercício. .................................................................................................................... 93
TEMA VI OS REGIMES ADUANEIROS EM MOÇAMBIQUE ..................................................................... 94
UNIDADE 6.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 94
UNIDADE 6.2. PAUTA ADUANEIRA E AS INSTRUÇÕES PRELIMINARES ............................................. 94
UNIDADE 6.3. IMPOSIÇÕES DEVIDAS NA IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO ........................................ 95
6.3.1. Importação .......................................................................................................................... 95
6.3.1.1. Mercadorias Proibidas ..................................................................................................... 96
6.3.1.2. Franquias .......................................................................................................................... 96
6.3.1.3. Moeda Externa e Obras de Artesanato............................................................................ 97
6.3.1.4. Isenções............................................................................................................................ 97
6.3.1.5. Mercadoria Autorizada mediante Licença requerida às Entidades Competentes .......... 98
6.3.1.6. Mercadoria Com Regime Especial ................................................................................... 98
6.3.2. Exportação .......................................................................................................................... 99
6.3.2.1. Mercadorias Proibidas ..................................................................................................... 99
6.3.2.2. Mercadoria em Regime Especial .................................................................................... 100
6.3.2.3. Taxas .............................................................................................................................. 100
UNIDADE 6.4. RESPONSÁVEIS PELO PAGAMENTO DA DÍVIDA ADUANEIRA................................... 100
6.4.1. Extinção Da Divida Aduaneira ........................................................................................... 101
UNIDADES 6.5. REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS ......................................................................... 101
7
6.5.1 Importação Temporária ..................................................................................................... 101
6.5.2. Exportação Temporária..................................................................................................... 103
6.5.3. Reexportação .................................................................................................................... 104
6.5.4. Reimportação .................................................................................................................... 105
6.5.5. Armazém de Regime Aduaneiro ....................................................................................... 105
6.5.6. Zonas Francas .................................................................................................................... 105
6.5.7. Zona Económica Especiais................................................................................................. 106
6.5.8. Loja Francas....................................................................................................................... 106
6.5.9. Trânsito Aduaneiro ........................................................................................................... 106
6.5.9.1. Trânsito .......................................................................................................................... 107
UNIDADE 6.10 EXERCÍCIOS ............................................................................................................. 108
Exercícios 3.......................................................................................................................................... 109
QUESTÕES DE DIREITO FISCAL E ADUANEIRO ................................................................................ 109
ANEXO A: Bibliografia ......................................................................................................................... 117
ANEXO B: Revistas............................................................................................................................... 119
ANEXO C: Legislação ........................................................................................................................... 119
Lista de Fórmulas ................................................................................................................................ 120
8
Visão geral
Objectivos do Módulo
Ao terminar o estudo deste módulo de Fiscalidade e Regimes Aduaneiros deverá ser capaz
de: comprrender a estrutura do sistema tributário moçambicano, destacando seus
objectivos, sua aplicação, os impostos do sistema tributário incluindo os direitos aduaneiros
e os seus procedimentos.
Páginas introdutórias
Um índice completo.
Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que
precisam conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leiam esta secção com
atenção antes de começarem os estudos, como componente de habilidades de estudos.
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de
unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por
conter uma introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário,
exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
9
Outros recursos
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito
deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de
aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didáticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de
estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para
além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma
digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e
devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir
a outras. Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues
aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará
do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é
uma grande vantagem.
Comentários e sugestões
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza
científica, quer de natureza didáctico-Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar
apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança,
classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado.
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes
ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem
indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de
actividade, etc.
Habilidades de estudo
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-
se.
10
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e
alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é,
os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é
importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as
quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,
procedendo como se segue:
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos
(ESTUDAR).
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um
determinado período de tempo; deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e
passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior.
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber
tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com
profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo.
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma
hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de
descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que durante o intervalo
não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias.
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório pode conduzir ao
efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um
elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência
entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto, mas
11
não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser
estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para
responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar.
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar
produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o
estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens
pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está
a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler;
a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não
depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo
significado não conhece ou não lhe é familiar;
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos
impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de
concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página
trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao
estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva
mesmo uma carta participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo),
é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância
da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se tornam incontornável:
entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade
de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do
ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste período pode
apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a
distância, é muita importância, na medida em que lhe permite situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de
apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos
12
relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de
entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos
trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem
ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de
mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem o citar é considerado plágio. A
honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).
Avaliação
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente
separados e muito distantes do docente/tutor! Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez
seja uma avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do
total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de
contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de avaliação.
1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas,
sem prévia autorização.
13
TEMA I: FISCALIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO MOÇAMBICANO
1.1.1. CONCEITO
Os impostos constituem objecto do direito fiscal, justificando por isso o estudo autónomo
desta disciplina.
O direito fiscal tem como objecto as relações jurídicas entre as entidades a quem a lei
atribui poderes para a prossecução de fins próprios e, primacialmente, os sujeitos privados.
2
Sanches, Saldanha, Manual de Direito Fiscal, Coimbra Editora 5.ª edição 2007, p. 65
14
1.1.2.1. Constituição Da República
A CRM apresenta algumas matérias no domínio do direito fiscal, na medida em que nos
apercebemos que os tributos constituem a principal fonte de financiamento do Estado
moçambicano e principal instrumento para materializar uma sociedade mais justa (justiça
fiscal), garantindo assim uma justa repartição do rendimento e da riqueza, ou através da
tributação do consumo onerar o consumo de bens de luxo.
No entanto, como poderemos observar na apreciação do sistema fiscal, nem sempre é
possível materializar tal desiderato, tal como sucede por exemplo na tributação do
rendimento pessoal, onde se pretendia um imposto único e progressivo, mas na verdade o
IRPS apresenta taxas liberatórias (proporcionais) em algumas categorias ou situações.
Relativamente as pessoas colectivas pretendia-se que se fizesse fundamentalmente em
função do seu “rendimento real”, mas verificamos em várias situações a tributação com
base no rendimento presumido.
“Por isso, devemos relativizar de algum modo a influência da Constituição da República na
evolução do nosso sistema fiscal e o presente ainda mais.”3.
A nossa “constituição fiscal”, ou seja, o conjunto de princípios jurídicos constitucionais
disciplinadores do regime jurídico dos tributos é muito pobre, resumindo-se em cerca de
seis, designadamente a al. c), do artigo 45, 100, 126, 127, al. o), do n.º1, do artigo 179, n. º
2, do artigo 223, todos da CRM.
No plano formal, o princípio da legalidade tributária representa o assunto dominante da
nossa constituição fiscal e não poderia ser de outra maneira. Sendo que, nos termos da al.
o), do n.º 1, do artigo 179, compete a Assembleia da República a criação dos impostos e a
disciplina do sistema fiscal.
O Governo só pode legislar nesta matéria mediante lei de autorização legislativa que defina
o objecto, sentido, extensão e duração da autorização, nos termos n.º 1, do artigo 180, da
CRM.
O n.º 2, do artigo 127, da CRM, determina que a lei deve determinar a incidência e a taxa
dos impostos, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes, prevenindo, portanto, a
deslegalização dos elementos essenciais dos tributos públicos.
Esta consagração legal vem acautelar a preponderância do poder executivo na
regulamentação fiscal.
“No plano material, a igualdade constitui o mais importante tópico de legitimação do
sistema fiscal”4.
O princípio da igualdade tributária não se encontra expressamente previsto na constituição,
mas dele resulta o princípio da capacidade contributiva e do Estado social.
3
Vasquez, Sérgio, Manual de Direito Fiscal, Op. Cit. p. 126
4
Ibiden p.128
15
Por constituição financeira entende-se “o conjunto de princípios básicos marcados por
constitucionalidade formal ou simplesmente material, que presidem à organização,
funcionamento do sistema financeiro e que, por isso, têm preeminência sobre as demais
fontes normativas”.5
Por sua vez o Plano Económico e Social - PES, deve vir reflectido no Orçamento do Estado,
que obedece ao princípio da anualidade, quando os planos e programa de governo, são
plurianuais.
A CRM, determina no n.º 1, do artigo 128, que o PES tem como objectivo orientar o
desenvolvimento económico e social, no sentido de um crescimento sustentável, reduzir os
desequilíbrios regionais e eliminar progressivamente as diferenças económicas e sociais
entre a cidade e o campo.
5
SOUSA FRANCO, op.cit. p. 244
6
Ibidem, 2002. op cit. p. 264
16
Resumindo, “a constituição financeira está sempre estritamente conexa com a constituição
política, por depender da organização do Estado e da articulação dos seus poderes com os
direitos e deveres dos cidadãos. Deve também ser coerente nos meios com a constituição
económica e nos fins com a constituição social e cultural”.7
No que diz respeito a lei (acto normativo da Assembleia da República), nos termos do n.º 2,
do artigo 143, da CRM, pensamos que ficou suficientemente explicado no ponto referente a
“constituição fiscal” e sobre o princípio da legalidade.
7
Idem, p. 245
17
Os Decretos que representam os actos regulamentares do governo, que podem ser
determinados por lei regulamentar, quer no caso de regulamentos autónomos, nos termos
do n.º 4, do artigo 143, da CRM.
Portanto, cabe ao governo regulamentar essas matérias através de Decretos que
constituem uma ferramenta fundamental na regulamentação das leis, garantindo a sua
execução, complementando-a e dinamizando a lei, em matérias que as leis não são por si
exequíveis ou em relação as quais o legislador se absteve de tratar, regulamentando
matérias que o legislador não tratou e facultando a administração normas em matérias
cujas leis não cuidaram com profundidade.
São disso exemplo os regulamentos códigos do IRPS, do IRPC e do IVA, aprovados pelo
Governo de modo a simplificar as formas de cobrança destes impostos.
Os Diplomas Ministeriais são actos normativos dos ministérios. Em matéria fiscal o Ministro
das finanças pode, com autorização do governo, emitir certas directivas, visando esclarecer
e facilitar a aplicação de certos regulamentos.
Os actos normativos das autarquias locais tomam a forma de regulamentos ou posturas
municipais, e de igual modo, no âmbito do exercício da sua autonomia as autarquias locais,
dentro do respeito à lei e a constituição, produzem normas e directivas que visam facilitar o
processo de cobrança dos impostos e taxas autárquicas.
1.1.2.6. Jurisprudência
No sistema jurídico moçambicano a jurisprudência e a doutrina não são fontes formais do
direito.
18
Não compete aos tribunais criar normas jurídicas porque a sua função é dirimir conflitos
mediante a aplicação de normas jurídicas aplicáveis. No entanto, as decisões dos tribunais
permitem uma prognose sobre o modo como o direito fiscal é aplicado.
Entretanto, pode falar-se em termos teóricos da jurisprudência como fonte de Direito fiscal:
(i) Quando o tribunal para decidir determinada questão relativamente a qual não tenha
normas aplicáveis ao caso em concreto, e porque o tribunal não pode abster-se de julgar
invocando ausência ou não clarificação das normas, o legislador impõe ao juiz que ele
próprio crie uma norma jurídica aplicável aquele caso concreto, como se ele fosse um
autentico legislador. Neste caso diz-se que a jurisprudência é fonte de direito fiscal. (ii) No
caso dos assentos as leis orgânicas (dos tribunais administrativos e judiciais) determinam
que compete ao plenário dos tribunais supremos proceder a uniformização de
jurisprudência, sendo que o resultado desta deliberação (assentos) será de cumprimento
obrigatório. Assim, só no caso de uniformização de jurisprudência fiscal podemos estar
perante uma verdadeira norma de direito fiscal.
1.1.2.7. A Doutrina
Finalmente temos a doutrina que pode ser considerada fonte indirecta ou mediata, visto
que as opiniões dos jurisconsultos podem contribuir para a criação do direito fiscal. Estas
opiniões podem ser manifestadas nas mais diversas formas, nomeadamente, como
pareceres, livros, revistas, através da opinião dos jurisconsultos, que o legislador pode
acolher e criar normas, ou os aplicadores da lei podem se servir para fundamentar as suas
decisões.
Para além dos actos tributários e actos administrativos em matéria tributária, são ainda
fontes do direito fiscal os contratos fiscais.
8
Sanches, Saldanha, Manual de Direito Fiscal, Coimbra Editora, 3ª edição, p. 119
19
A CRM, distingue o conjunto de norma que criam impostos, determinam as taxas, criam
isenções ou atribuem garantias, e um outro conjunto, composto pelas outras normas. Isto
assim acontece porque apenas quando se criam, ou modificam impostos ou se aumentam
as taxas estão a ser tomadas decisões estruturantes do sistema fiscal.
Este princípio não é exclusivo do Direito fiscal, mas apresenta neste ramo do direito, um
significado mais rigoroso e exigente. A reserva da lei ganha particular relevo em matéria de
Direito Fiscal, pois, resulta claro do disposto no artigo 100 da CRM que “os impostos só
podem ser criados ou alterados por lei, que os fixa segundo critérios de justiça social e
decorre do imperativo constitucional”
O n.º 2 do artigo 127, da CRM dispõe que “os impostos são criados ou alterados por lei que
determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes”.
Portanto, nestes termos a lei deve regular os elementos essenciais do imposto.
Esta consagração tem na sua base a expressão “no taxation without representation”, que
atribui ao parlamento enquanto representante dos contribuintes a competência exclusiva
para a aprovação das leis fiscais.
Trata-se aqui da reserva da lei em matéria fiscal, mas uma reserva relativa, uma vez que o
governo pode legislar em matéria fiscal, mediante autorização legislativa.
Associado ao princípio da legalidade fiscal temos o princípio da tipicidade, nos termos do
qual apenas são considerados impostos aqueles que se encontram especialmente previstos
na lei. Assim, o n.º 1 do artigo 3 da Lei n° 15/2002 de 26 de Junho dispõe que “Não há lugar
a cobrança de impostos que não tenham sido estabelecidos por lei”.
20
1.1.3.3. Princípio Da Proibição Do Referendo Fiscal
A matéria fiscal não é susceptível de referendo. Esta proibição visa, prevenir contra
eventuais manipulações políticas susceptíveis de comprometer uma matéria essencial para
os Estados que são os tributos. Alias esta proibição ínsita na al. b) do nº 3, do artigo 136 da
Constituição, que estabelece a proibição do referendo quando se trate de matérias previstas
no n.° 2, do artigo 179, da CRM, ou seja, proíbe o referendo quando se trate de matérias
relativas a definição das bases da política e do sistema fiscal moçambicano.
Apesar de grande parte do Estados não consagrar tal princípio constitucional, esta questão é
admitida nalguns ordenamentos jurídicos, como por exemplo alguns Estados dos EUA, ou na
Finlândia.
Portanto, tal princípio apesar de enraizado no nosso ordenamento jurídico não deixa de
merecer algumas críticas, pois, se a soberania reside no povo, nos termos do n.º 1, do artigo
2, da CRM, e se estamos de acordo que a matéria fiscal é essencial para a sobrevivência do
Estado, porque excluir do referendo? Não seria legítimo consultar o povo sobre os aspectos
mais relevantes d organização do Estado?
9
Nabais, Casalta, Op. Cit.p.149
21
liberdade individual. Objecção que, ultrapassando o terreno duma discussão jurídica, tem
por alvo o próprio Estado fiscal social.
A segunda argumenta a indeterminabilidade e equivocidade do conceito contido no termo
capacidade contributiva, a qual, para além de esquecer os múltiplos conceitos
indeterminados com escudo nas actuais constituições, partilha no final a ideia de carácter
meramente programático dum tal princípio.
A terceira, que esgrime com a sua falta previsão constitucional expressa, a qual, valendo
apenas para ordenamentos jurídicos, em que essa mesma falta se verifica, mais não é do
que uma expressão do tradicional positivismo que tem assolado o direito dos impostos.
A capacidade contributiva constitui um pressuposto e critério da tributação. Visto como
pressuposto da tributação exige não só que todos tributos, em que se incluem os impostos
extrafiscais, mas também os próprios benefícios fiscais tenham por objecto “bens fiscais”
excluindo da tributação, por conseguinte, tanto o mínimo não tributável como o chamado
máximo confiscatório.
Como critério da tributação, a capacidade contributiva nega que o conjunto dos impostos e
cada um dos impostos de per si tenham por base qualquer critério, seja ao nível das
respectivas normas, seja ao nível dos correspondentes resultados atento ao âmbito, um tal
critério vale, em termos objectivos apenas relativamente aos impostos fiscais e no
concernente à respectiva obrigação de imposto e diz respeito, em termos subjectivos
somente aos contribuintes, sejam cidadãos ou estrangeiros, pessoas singulares ou
colectivas.
Relativamente ao quantum ou intensidade da tributação, a capacidade contributiva não
constitui qualquer suporte da progressividade do sistema fiscal ou dos impostos, indiciando-
nos antes a opção por impostos proporcionais.
A importância deste princípio, capacidade contributiva, considerada no nosso sistema fiscal
como critério de interpretação, tal como resulta da al. d) do n.º 3, do artigo 10.º da LGT, ao
referir que “o fim da norma é determinado de acordo com os seguintes elementos auxiliares
(…) a capacidade contributiva, enquanto critério de interpretação dos conceitos utilizados
pelas regras da incidência tributária”.
A Lei Geral Tributária, aprovada pela Lei n.º 2/2006, de 22 de Marco, adopta esta divisão.
Ver o n.º 1, do artigo 3.º. Nos números seguintes apresenta os conceitos, a saber:
“Os impostos são as prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma
entidade pública, para a prossecução de fins públicos, sem contraprestação individualizada
e cujo facto tributário assenta em manifestações de capacidade contributiva, devendo estar
previstos por lei”.
23
“As taxas são prestações avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma entidade pública como
contrapartida individualizada pela utilização de um bem do domínio público, ou de um
serviço público, ou pela remoção de um limite jurídico à actividade dos particulares, desde
que previstos na lei”.
Finalmente temos as contribuições para a segurança social que participam da natureza dos
impostos, nos termos do n.º 5, do artigo 3.º, da LGT.
Uma das questões mais relavantes na determinação dos tributos conduz da distinção entre
o imposto e as taxas, pois é comum classificarem-se os tributos em unilaterais (impostos) e
bilaterais (taxas). Outros autores subdividem os tributos e em três categorias,
designadamente impostos taxas e contribuições especiais.
Parece que o nosso legislador adoptou esta classificação, pese embora lhe tenha
acrescentado uma categoria (as demais contribuições financeiras estabelecidas por lei a
favor de entidades públicas, desde que a gestão das mesmas seja da competência da
administração tributária).
Esta quarta categoria presente no n.º 4, do artigo 3.º, da LGT, é estranha em muitos
ordenamentos jurídicos.
Temos então, a divisão entre os “tributos unilaterais que integram a figura dos impostos e
tributos bilaterais que se reconduzem à figura das taxas”.10
Do ponto de vista finalístico, as taxas distinguem-se dos impostos por serem exigidas em
contrapartida de prestações de que o sujeito passivo é o causador ou beneficiário.
10
Nabais, José Casaltas, Direito Fiscal, Almedina, 6 edição, p. 20
11
Ibidem p. 21
24
Isto significa que as taxas não correspondem a prestações difusas que dizem respeito a toda
comunidade, mas sim, a prestações concretas que se ligam ao sujeito passivo no sentido de
que este é quem efetivamente as provoca ou aproveita. (ver neste sentido o n.º 3, do artigo
3.º, da LGT).
Quando se diz que as taxas assentam em prestações efectivas não significa que estas
constituam sempre prestações presentes, podendo em certos casos mostrar-se prestações
futuras.
Exemplo: as propinas universitárias que se exigem aos alunos no início de cada ano lectivo,
antes da prestação do serviço de ensino, ou as taxas de portagem que se cobram a entrada
de uma ponte.
Na visão de Sérgio Vasques, na verdade a prestação não deixa de ser certa porque futura,
sendo que, paga a taxa, o particular fica efectivamente investido no direito de usufruir da
prestação administrativa, venha ou não a exercê-lo.
Assim, conclui o autor que, sempre a prestação administrativa que se visa compensar seja
certa, ainda que futura a sua realização, esta-se perante verdadeira taxa, pois que no
momento em que é pago um tributo público não revela à sua qualificação.
Normalmente existe nas taxas uma concordância entre o pressuposto tributário, formado
pela prestação efectiva de bens ou serviços, e respectiva finalidade, que está na
compensação do custo ou valor dessas mesmas prestações.
Primeira situacão: encontramos tributos que assentam em presunções fortes como sucede
com as tarifas de saneamento cobradas por alguns municipios com o propósito de
remunerar os serviços prestados pelas autarquias na recolha de resíduos sólidos e na
drenagem das águas resuduais, que são exigidas aos consumidores pelas empresas
distribuidoras de água, no caso de Moçambique pela empresa distribuidora de energia.
O pressuposto destas tarifas de saneamento não é constituido pelas prestações que se visa
compensar, mas pelo facto que se julga representar um indicador seguro do seu
aproveitamento.
12
Vasques. Op. cit p. 214
25
Estas taxas assentam em prestações presumidas em função das dificuladades, técnicas,
administrativas e financeiras.
Portanto, devemos considerar que estamos perante uma taxa sempre que um tributo
assente em presunções tão fortes que se possa dizer efectiva a prestação administrativa e
confiar que ela aproveita a generalidade dos sujeitos passivos.
Segunda situacão: encontramos tributos que assentam em presunções com força relativa.
Exemplo a contribuição, taxa de radiodifusão, que tem como propósito remunerar o servíço
público de rádio e televisão, do qual representa o correpectivo, constituindo receita própria
da RM e TVM.
Esta contribuição não incide porém, sobre o aproveitamento efectivo do serviço de rádio
difusão que seria impossível de controlar, mas simplismente sobre o consumo de energia
elétrica, sendo liquidada conjuntamente com o fornecimento da electricidade. O legislador
presume, portanto, que quem consome electricidade possui aparelho de rádio e de
televisão e que, possuindo-os, aproveitarão em certa medida do serviço público que a
contribuição audio visual pretende custear.
Essas taxas são lançadas pela generalidade de municípios sobre mensagens publicitárias em
suportes de propriedade privada, onerando anúncios em imóveis particulares, as
mensagens em automóveis, ou mesmo a publicidade sonora e as campanhas publicitárias
de rua.
Nestes casos a presunção é muito frágil, pois as regras da experiência não nos permitem
dizer com segurança que os particuralares que afixem mensagens publicitárias nos seus
imóveis,ou automóveis, sejam beneficiários, sequer presumíveis da intervencão dos
municípios nos concretos espaços públicos a partir dos quais aquelas são avistadas.
Nestes casos em que a presunção em que o tributo assenta é de tal modo frágil que apenas
se pode dizer possível ou eventual, o aproveitamento da prestacão administrativa pelo
sujeito passivo, devemos considerar estar perante verdadeiros e próprios impostos.
Portanto, a transicão entre taxas, contribuições e impostos, faz-se através de uma longa
escala graduada. Até certo ponto, a presunção em que um tributo assenta é tão forte que
podemos ainda dizer efectiva prestação administrativa estando-se perante verdadeira e
própria taxa: a partir de certo ponto, a presunção em jogo mostra força apenas relativa , e a
prestação administrativa parece tão só provável, estando-se perante uma contribuição, e
26
chegando a certo ponto, que a presuncão mostra-se de tal modo frágil, que a prestação se
torna apenas possível ou eventual, estando-se assim perante um imposto.13
13
Vasques, Op. Cit p. 216
27
TEMA II: O SISTEMA TRIBUTÁRIO MOÇAMBICANO
Por isso é comum se dizer que o “sistema fiscal está condicionado pelos sistemas
económicos e pelas estruturas económicas”14.
A opção na sequência das condicionantes históricas, recaiu sobre o socialismo, que aliado ao
próprio processo de descolonização, desencadeou um processo de alteração da estrutura de
produção, causadas por um lado, pelo abandono pelo Estado colonizador das unidades de
produção susceptíveis de gerar rendimento e consequentemente impostos e por outro lado,
pela nacionalização destas unidades de produção, que passaram a integrar as chamadas
empresas estatais.
“As teorias económicas advogam que numa sociedade de economia descentralizada, onde é
admitida a apropriação privada dos meios de produção, a qual pode ser transmitida por
herança e onde é o mercado que determina o preço dos factores e dos bens, o imposto tem
um papel fundamental”.15
Pelo contrário, nos sistemas de economia centralizada, como era o caso de Moçambique,
nos primeiros anos após a independência, sendo o Estado o único, ou quase único detentor
dos meios de produção, a arrecadação de tributos tem uma importância muito reduzida.
14
IBRAIMO, 2002, Op. Cit, P.66
15
IBRAIMO, 2002, Op. Cit, p. 68
28
Portanto, sendo Moçambique um Estado que sofreu várias transformações políticas,
nomeadamente, conquista da independência, guerra de interna, mudança do sistema
político (do socialismo para a democracia/capitalismo), dentre outras menos significativas
até a descentralização administrativa, o estudo da evolução do sistema tributário, é
determinante para apurarmos em que medida e qual o impacto destas transformações na
evolução do Estado.
A complementar este regime, a CRM estabelece no artigo 126.º, que o sistema financeiro é
organizado, de forma a garantir a formação, captação e segurança das poupanças bem
como a aplicação dos meios financeiros necessários ao desenvolvimento económico e social
do país.
No que diz respeito ao sistema fiscal a CRM, estabelece no artigo 127.º, que o sistema fiscal
é estruturado com vista a satisfazer as necessidades financeiras do Estado e das demais
entidades públicas, realizar os objectivos da política económica do Estado e garantir a justa
repartição dos rendimentos e da riqueza.
Portanto, a actividade económica do Estado, depende dentre outros factores de uma, boa
política fiscal, na medida em que não só atrai investimentos, mas também, desempenha um
papel determinante na melhoria das condições sociais.
A equidade vertical defende que, os sujeitos com maiores rendimentos suportem uma carga
tributária maior, enquanto que a equidade horizontal, defende que os sujeitos com mesma
16
CATARINO, João Ricardo, Op cit. P.181
29
capacidade contributiva devem suportar a mesma carga fiscal, evitando sempre que
possível, taxas de impostos elevadas, pois, isto poderia favorecer a evasão e fraude fiscal.
Um sistema tributário simples deve ter por base uma legislação transparente, estável e de
fácil assimilação deixando, contudo margem para a sua evolução natural em função do
desenvolvimento sócio económico do país.
Finalmente, um sistema tributário eficiente deve ter por base normas que não interfiram na
decisão dos sujeitos passivos, sobre as poupanças, os investimentos, o consumo, o comércio
e sobre o trabalho.
• A competência concorrente;
• A competência compartilhada;
• A competência exclusiva”.17
Ainda segundo João Catarimo (2012, p.182), a competência concorrente, verifica-se quando
os poderes tributários podem ser exercidos por um ou mais órgãos em simultâneo, a
competência compartilhada, refere-se aos modelos tributários cujos níveis de Governo
dividem o produto da arrecadação obtida sobre determinada base de incidência, tomando
por referência critérios previamente definidos por lei. (exemplo é o que se verifica em
Moçambique quando falamos das transferências governamentais, reguladas na LFAs, como
supra referimos) e a competência exclusiva ocorre quando cada nível de Governo possui
aptidão exclusiva para exercer a tarefa impositiva relativamente a um dado imposto.
O Estado para a realização dos seus fins, redistribuição, segurança, justiça, defesa, etc…,
carece de recursos. Estes recursos económicos dependendo da forma de organização do
Estado, centralizado ou descentralizado, provém da sua actividade financeira (empresas
estatais, públicas etc…) ou das receitas fiscais, respectivamente, sem pretender com isto
dizer que nos Estados centralizados não existem, de todo, receitas fiscais e no Estado
descentralizado não existam receitas do sector empresarial do Estado.
17
Ibidem, p. 181
30
“O objectivo central da política tributária é o estabelecimento de um mecanismo efectivo
gerador de receitas, que seja, justo, simples e economicamente eficiente.” 18
Os Estados buscam modelos de organização da sua política fiscal, criando mecanismos que
permitam a arrecadação de receitas tributárias para financiar as suas despesas.
Moçambique vem estruturando a sua política tributária, de modo a fazer face aos grandes
objectivos económicos em cada momento histórico. Portanto, a política fiscal de
Moçambique evolui em função das alterações sociopolíticas que em cada momento se
impõem sobre o Estado.
É possível ver em todos os textos legais que marcam a evolução do sistema fiscal
moçambicano, que se busca torná-lo óptimo, ou seja, eficaz, eficiente e justo. (Exemplos, a
Lei n.º 15/2002, de 26 de Julho, Lei n.º 2/2006 de 22 de Março), dentre outras.
Na Lei de Base do Sistema Tributário, Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, podemos encontrar
uma disposição que ilustra este desígnio, nomeadamente o artigo 2.º quando define os fins
da tributação, materializando a disposição constitucional, supra citada:
Nos objectivos da política fiscal destacam-se os aspectos ligados à justiça tributária, que são
normalmente referidos na legislação tributária nacional, como justiça social. O artigo 100.º,
da CRM, refere que “os impostos são criados e alterados por lei, que os fixa segundo
critérios de justiça social”.
Podemos dizer, no que diz respeito a justiça tributária, que a evolução da política tributária
nacional tem vindo a se desviar deste objectivo, pelo menos, em nosso entender, se
tivermos por base alguns pressupostos teóricos, dos quais se destaca a ideia da equidade,
que em fiscalidade pode ser vista numa dupla perspectiva, a saber:
✓ Equidade vertical;
✓ Equidade horizontal;
A equidade pressupõe uma eliminação ou restrição dos benefícios fiscais, tese muito
discutida actualmente. Mas, partindo do princípio de que os benefícios fiscais, entendidos
como “medidas fiscais que impliquem uma redução do montante a pagar dos impostos em
vigor, com o fim de favorecer actividades de reconhecido interesse público, social, ou
cultural, bem como incentivar o desenvolvimento económico do país,”19 concluímos que os
benefícios fiscais implicam uma diminuição da carga fiscal que pesa sobre determinada
18
IBRAIMO, Op. Cit p. 71
19
Cfr. Art. 2.º, do Código dos Benefícios Fiscais, aprovado pelo Decreto n.º 16/2002, de 27 de Junho
31
categoria de contribuintes em relação aos outros, em função da importância dos seus
investimentos ou das suas actividades para o Estado.
Portanto, é precisamente esta redução da carga fiscal, que em termos efectivos, contraria
os princípios da igualdade tributária e da capacidade contributiva e “podem abalar os
alicerces da justiça fiscal que é imposta pelo artigo 100 da CRM.”20
Contudo, é importante com isto não violar os princípios tributários vigentes, criando assim,
descontentamento social em função do tratamento desigual dos investimentos que são
feitos pelos cidadãos, em função do valor deste investimento, ou outras razões, susceptíveis
de criar suspeições.
Actualmente a questão dos “mega projectos”, tem sido bastante discutida na sociedade
moçambicana, o que torna ainda mais importante a definição clara do impacto destes no
desenvolvimento económico, quando comparados aos restantes projectos de investimento
que não gozam dos referidos benefícios fiscais.
Mas, apesar deste sistema ter - se tornado inadequado ao Estado moçambicano, devemos
referir que durante o período colonial, este era relativamente eficiente, tendo em conta que
“as receitas cobriam cerca de 85 % das despesas públicas da época.”22
20
WATY, 2007. p. 208
21
Ibidem. p. 215
22
IBRAIMO, Op. Cit. P. 85
32
O artigo 13 de Constituição da República Popular de Moçambique, estabelecia o seguinte:
“o rendimento e a propriedade estão sujeitos a impostos progressivos”.
Segundo (Ibraimo Ibraimo – 2002: p.90), o sistema fiscal sofreu três grandes reformas,
sendo a primeira em 1978, a segunda em 1987 e a terceira em 2002, onde cada uma das
delas foi determinada pela evolução da conjuntura sociopolítica da época.
No entanto, cremos que a teoria deste professor teria sido diferente se tivesse escrito a sua
obra quatro anos depois, pois, Moçambique assistiu a mais uma reforma, que ocorreu em
2006, com a aprovação da Lei n.º 2/2006, de 26 de Março – Lei Geral Tributária (LGT).
“A legislação fiscal, tal como acontece com qualquer outra norma jurídica, sofre a influência
do tempo, que obriga à alteração de determinados preceitos orientadores do ordenamento
jurídico tributário, criando problemas de congruência dentro do sistema fiscal concebido
como um todo.”24
“Os princípios constitucionais da tributação devem funcionar como o limite possível, para as
mudanças operadas em função da conjuntura e sob a pressão do imediato.” 25
23
RÊGO, 2010, p.2, Disponível em http://pt.scribd.com/doc.
24
SANCHEZ, 2007. p. 177
25
Ibidem. p. 178
26
SOUSA FRANCO, 1992. p. 348
33
impostos, criando assim uma certa instabilidade da legislação fiscal, pondo em causa a
certeza e segurança jurídicas.
O governo até 2002, detinha uma ampla margem de manobra sobre o sistema fiscal,
podendo alterar profundamente a legislação fiscal, facto que só veio a ser alterado, com o
estabelecimento do princípio da legalidade no artigo 3.º, da LBST, pois, até então os
impostos eram aprovados por simples decretos.
Resumidamente podemos referir que a reforma de 1978, visava ajustar o sistema tributário
ao princípio da legalidade e a observância das normas constantes da Constituição, vigente
(CRPM de 1975). Que determinavam “que o rendimento e a propriedade privada estavam
sujeitos a impostos progressivos, fixados segundo os critérios de justiça social.”27
Esta reforma teve por base a resolução n.º 5/77, de 01 de Setembro, da Assembleia Popular
(AP), que, fixava os impostos adoptados na política orçamental do país, assentes na política
económica, virada à resolução de problemas sociais de todo o povo, na defesa da soberania
e numa economia centralmente planificada em que o sector público tinha papel
preponderante na arrecadação de receitas para o Orçamento Geral do Estado.
Estes instrumentos legais, vigoraram por cerca de 10 anos, momento em que a conjuntura
sociopolítica mudou, como consequência da guerra civil, em que o país estava mergulhado,
desvirtuando os princípios e objectivos traçados na primeira reforma, forçando assim o
governo a reajustes, como forma de superar as dificuldades resultantes da sua ineficácia
para a realização dos fins do Estado.
27
RÊGO, op. cit. p. 5
28
RÊGO. p. 6
34
No entanto, a reforma manteve inalterados os Impostos: “sobre o Rendimento de Trabalho,
sobre Lucro de Empresas, sobre as Transacções, sobre o Consumo e Importações, alterando
apenas alguns elementos destes impostos”29.
Para responder as exigências da época, foram introduzidos novos impostos, alicerçados nos
princípios introduzidos pela Lei n.º 3/87, já distribuídos em duas grandes categorias,
impostos directos, que incidem sobre as receitas ou rendimentos e os impostos indirectos
que incidem sobre a despesa.
A tributação indirecta por sua vez era constituída pelos seguintes impostos:
• Direitos Aduaneiros;
• Outros impostos cuja situação concreta o justificasse como a sisa, imposto do selo, o
imposto sucessório;
A terceira grande reforma ocorreu no ano 2002, no entanto antes de 2002 já haviam sinais
de transformação do modelo de tributação proposto na segunda reforma, com a introdução
do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em 1998, por força de Decreto n.º 51/98, de
21 de Setembro, em substituição do imposto de circulação e a introdução do imposto de
consumo específicos (ICE) em 1998, pelo decreto n.º 52/98, de 29 de Setembro, em
substituição do imposto complementar.
29
Ibidem. p.8
35
no aumento das receitas fiscais. Por isso alguns autores, consideram a introdução do IVA,
por si uma grande reforma, o que não deixa de ser. No entanto, não é substancialmente
genérica, para integrar o conceito de grande reforma tal como idealizamos neste trabalho.
A terceira grande reforma, foi assinalada pela aprovação da Lei 15/2002, de 26 de Junho, a
Lei de Bases do Sistema Tributário - LBST, que introduziu técnicas e princípios modernos de
tributação, nomeadamente os princípios de generalidade, da justiça material, da eficiência e
simplicidade do sistema.
O artigo 74.º, da LBST, marca claramente a passagem da segunda para a terceira reforma,
ao revogar expressamente as Leis 3/87 de 19 de Janeiro e a Lei 8/88 de 21 de Dezembro.
O sistema tributário nacional passou por força do artigo 56.º, da LBST a integrar para além
dos impostos nacionais ou Estaduais, os impostos autárquicos, subdivididos tal como na
reforma anterior em impostos directos e indirectos (voltaremos a analisar este aspecto mais
adiante).
A partir de 2002, os novos códigos passaram a incorporar, questões ligadas as garantias dos
contribuintes, o que foi acompanhado com a previsão dos tribunais fiscais de primeira
instância em Moçambique.
A quarta reforma, ocorreu em 2006, com a aprovação da Lei Geral Tributária - LGT, pela Lei
n.º 2/2006 de 22 de Março, que surgiu da necessidade de se conformar o sistema fiscal as
disposições constitucionais introduzidas pela CRM de 2004, estabelecendo de forma mais
clara e sistematizada os princípios que regem a fiscalidade e definindo com mais rigor as
garantias dos sujeitos passivos e os poderes da administração tributária.
Se a LBST, veio modernizar o sistema tributário moçambicano, a LGT, veio ajustar aos novos
desafios do desenvolvimento e da globalização, dotando o sistema moçambicano de
instrumentos adequados ao desenvolvimento de uma relação jurídico tributário, fundada na
legalidade.
36
As tendências das reformas fiscais em Moçambique, demonstram um facto incontornável,
ou seja, como todas as reformas fiscais no mundo, “esta se baseia mais em exemplos de
sucesso de outros países do que nas grandes teorias económicas”.30.
Reforçando essa ideia a LGT, vem a referir no seu preâmbulo que “a reforma do Sistema
Tributário Moçambicano em curso necessita de ser complementada por uma lei geral que
estabeleça de forma clara e sistematizada os princípios que regem a fiscalidade…”32
Já nos anos 80 e 90, a tendência das reformas tributárias moçambicanas apresentava como
principais objectivos, a inclusão dos princípios da simplicidade, da transparência, da
eficiência económica, da melhoria na equidade horizontal e fins sociais.
“O conjunto de medidas fiscais introduzidas por ocasião da reforma fiscal de 1987, permitiu
corrigir a situação da evasão fiscal, que se verificavam e fez subir o índice da pressão fiscal
de 9% em 86 para 23% em 89.”33
Por outro lado, a reforma do sistema fiscal, mostrava – se necessária, como forma de forçar
a administração a se adequar as técnicas modernas de funcionamento sob pena de
continuar a constituir um estrangulamento do processo de desenvolvimento.” 34
A tributação directa é constituída pelo Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
– IRPS e pelo Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas – IRPC. Importa no que
diz respeito ao regime do IRPC, destacar o limite de 35%, imposto no artigo 58.º, da LBST.
A tributação indirecta nos termos do artigo 66.º da LBST, é constituída pelo Imposto sobre o
Valor Acrescentado, Imposto sobre o Consumo Específicos e os Direitos Aduaneiros.
30
PINA et all op. cit. p.228
31
Preâmbulo da Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho - LBST
32
Preâmbulo da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março - LGT
33
PINA et all. Op Cit. p. 117
34
Ibidem. p. 119
37
Para além dos impostos acima referidos o sistema tributário contempla os impostos de Selo,
Imposto sobre Sucessões e Doações, a Sisa, Imposto Especial sobre o Jogo, Imposto de
Reconstrução Nacional, Imposto Sobre veículos.
Assim, nos termos do artigo 51.º da Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro, que aprova a lei das
Finanças Autárquicas, alguns impostos, tais como o Imposto sobre veículos e a Sisa,
passaram a ser considerados impostos autárquicos.
O IVA, é visto como um imposto neutro, quer a nível interno, quer a nível internacional e
como um imposto simples de se administrar, devido ao mecanismo de liquidação –
dedução, por isso tem sido recomendado pelo Fundo Monetário Internacional - FMI aos
países em via de desenvolvimento, onde a capacidade de controlo por parte da
administração fiscal se revela ineficiente.
No entanto, importa referir que a tributação indirecta em Moçambique não começou com o
IVA, pois desde 1897, a tributação indirecta já fazia parte do sistema tributário
moçambicano, “com a introdução do imposto de circulação (um imposto liquidado em todas
as fases do circuito económico) e o imposto sobre o consumo, que incidia sobre o fabrico e
importação de mercadoria, vigente desde 1961”36,
35
VASQUEZ, 1998. P. 112
36
Cf. Ibraimo, Ibraimo. Tributação Fiscal em Moçambique: Sistema, Instituições, Necessidades de mudanças. In
Sérgio Vasques, ed. (1998) As Reformas Fiscais Africanas.
38
Apesar das “vantagens” do IVA, este imposto só foi introduzido em Moçambique em 1999,
com a aprovação do Código do IVA, pelo Decreto n.º 51/98, de 29 de Setembro, que entrou
em vigor a 1 de Junho de 1999
Actualmente o IVA é regulado pela Lei n.º 32/2007, de 31 de Dezembro, que vem sofrendo
várias alterações.
Para além destas medidas, este instrumento definiu como acção prioritária para a melhoria
do sistema tributário moçambicano, como instrumento de captação de receitas e do
desenvolvimento económico e social, criação de zonas francas, mas condicionou a sua
criação, a realização de uma avaliação prévia da contribuição líquida para a economia
nacional e para as receitas fiscais.
39
No domínio dos recursos naturais, ou seja, tributação ambiental, o PARPA recomenda o
fortalecimento do quadro legal e fiscal, como uma forma de aumentar o investimento, as
receitas fiscais e as exportações pelo sector de mineração.
Podemos arriscar e dizer que o ano de 2006, foi um ano memorável para o sistema
tributário moçambicano, na medida em que grandes realizações no domínio da
implementação do PARPA-II, tiveram lugar, designadamente, a criação da Autoridade
Tributaria de Moçambique (AT), pela Lei n.º 1/2006, de 22 de Março, que constitui o órgão
responsável, pela execução da política tributária e aduaneira, dirigindo e controlando o
funcionamento dos seus serviços, planificando e controlando as suas actividades e dos
sistemas de informação, formação e qualificação dos recursos humanos e elaboração
estudos e apoio na concepção de políticas tributárias.
Com a entrada em funcionamento deste órgão, foi possível materializar alguns daqueles
objectivos principais da política tributária, retro mencionados, como por exemplo
modernização da administração tributária, de modo a torná-la eficiente, reprimindo a
fraude e a evasão fiscal, aprovação de vária legislação, simplificação da relação entre a
administração tributária e os contribuintes, implementação dos tribunais fiscais em 2009, e
a melhoria da Legislação sobre as finanças dos Órgãos do Poder Local do Estado em 2008,
bem como a efectivação da colecta e controlo dos impostos autárquicos, a partir de 2010.
Em 2006, foi igualmente aprovada a Lei n.º 2/2006, de 22 de Março - a Lei Geral Tributária,
donde podemos extrair do seu preâmbulo, que ela estabelece de forma clara e
sistematizada, os princípios que regem a fiscalidade, bem como define com maior rigor as
garantias dos contribuintes e os poderes da administração tributária.
37
A Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, estabelece que a tributação directa dos rendimentos em Moçambique
faz-se do seguinte sistema de impostos, IRPS e IRPC e a tributação indirecta que compreende os impostos
sobre a despesa integra, o IVA o ICE e os Direitos Aduaneiros.
38
Importa referir que a aprovação dos códigos dos impostos era da competência do Conselho de Ministros,
nos termos do n.º 1, do artigo 72.º, da Lei n.º 15/2002, facto que mudou com a aprovação da CRM de 2004 e
da LGT em 2006, no entanto, nem todos códigos foram revistos existindo ainda alguns códigos que foram
aprovados por decretos e até, a aprovação do código tributário autárquico em 2008, por decreto.
40
De referir que estes impostos, IRPS – Imposto Sobre o Rendimento de pessoas Singulares,
IRPC – Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas, o IVA – Imposto Sobre o Valor
Acrescentado, ICE – Imposto sobre Consumos Específicos e os Direitos Aduaneiros,
constituem nos termos do artigo 56.º, 57.º e 66.º da Lei n.º 15/2002, os principias impostos
do sistema tributário moçambicano.
• No que diz respeito ao IRPC, aprovado pela Lei n.º 34/2007 de 31 de Dezembro e
respectivo regulamento aprovado pelo Decreto n.º 9/2008 de 16 de Abril “o novo
código resumiu consideravelmente, uma vez que algumas disposições foram
passadas para o regulamento e outras foram abrangidas pela LGT. Além disso, o
novo código do IRPC actualizou os limites referentes à cobertura pelo regime
simplificado”40;
39
USAID, R e v i s ã o d o Parpa II - Sistema Tributário em Moçambique, p 10.
40
Ibidem. p.12
41
Janeiro, onde foram introduzidas reformas no pacote de benefícios fiscais existentes
para os investimentos aprovados ao abrigo da Lei do Investimento.
A Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho estabelece no artigo 70.º, os outros impostos que
completam o sistema tributário nacional, designadamente: (i) o imposto de selo, (ii) o
imposto sobre sucessões de doações (iii) a sisa, (iv) o imposto especial do jogo, (v) o imposto
de reconstrução nacional, (vi) o imposto sobre veículos, (vii) outros impostos e taxas
específicas, estabelecidas por lei (viii) e finalmente os impostos autárquicos.
O imposto de selo é regulado pelo Decreto n.º 6/2004, de 1 de Abril, que aprova o Código
de Imposto de Selo, com as alterações introduzidas pelo Decreto n.º 38/2005, de 29 de
Agosto.
O imposto do selo incide sobre todos documentos, livros papéis e actos designados em
tabela própria, aprovada pelo Conselho de Ministros e tem como sujeito passivo “as pessoas
que se consideram interessadas nos actos tributários”41.
Importa referir que este imposto não sofreu grandes transformações desde 2005. “Muitos
peritos nesta área consideram este como sendo um “imposto incómodo” arcaico, com
fracas receitas em relação ao custo da sua administração e aplicação”42.
Este imposto foi criado com o objectivo de tributar as realidades mais diversas, abrangendo
tudo aquilo que actualmente se encontra tributado em quase todos ordenamentos jurídicos
e que “não se pode tributar de outra forma”.43
41
MARTINEZ, 1993. p. 599
42
Revisão do Parpa II. op. Cit. p.29
43
MARTINEZ, Op cit, p.597
42
2.6.2. O imposto Sobre Sucessões e Doações
Este imposto aprovado regulado pela Lei n.º 28/2007, de 04 de Dezembro, e pelo respectivo
regulamento, aprovado pelo Decreto n.º 21/2008, de 27 de Junho, incide nos termos do
artigo 1.º, do Código do Imposto Sobre as Sucessões e Doações, sobre as transmissões a
título gratuito de bens mobiliários e imobiliários, tendo como sujeito passivo o adquirente
de bens, móveis e imóveis, a título gratuito “inter vivos ou mortis causa” nos termos do
artigo 6.º do Código.
A par da Sisa “este imposto se traduz na tributação do património e não do rendimento, por
isso a matéria colectável é, pois, o património transmitido”44.
A determinação da matéria tributável neste imposto é feita com base no valor líquido dos
bens transmitidos a cada adquirente, ou seja, o valor real dos bens, deduzidos os encargos
que impendem sobre os mesmos.45
44
Iden, p. 593
45
Por valor real dos bens entende-se o preço de normal do mercado. Vide n.º 2, do art. 8.º da Lei n.º 28/2007,
de 04 de Dezembro. No entanto a par desta determinação geral, a valor real dos bens é apurado segundo
critérios que variam de acordo com a natureza dos bens a transmitir. Esses critérios encontram-se previstos
entre os artigos 9.º e 15.º, da Lei n.º 28/2007.
43
2.6.3. A SISA
Importa referir que a taxa deste imposto é de 2%, e excepcionalmente de 10%, nos termos
do artigo 10.º do Código de SISA. Mas as taxas, antes da reforma do código de SISA, eram
bem mais gravosas o que tinha como consequência a fraude fiscal.
A partir de 2008, com a aprovação da Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro, que define as
finanças autárquicas e o sistema tributário autárquico, este imposto passou a ser
considerado um imposto autárquico, nos termos da al. a) do n.º 1, do artigo 51.º, desta lei.
Tal como sucede no imposto sucessório “o sujeito passivo é o adquirente dos bens ou
transmissário aquele que recebe os bens e a matéria tributável neste imposto é a
transmissão do património”46.
Este imposto incide sobre as receitas brutas resultantes de exploração de jogos regulados
pela Lei n.º 8/94, de 14 de Setembro, após o pagamento aos jogadores. As taxas deste
imposto variam em função do no período de duração da concessão, variando de 20% a 35%.
Este imposto representa a contribuição de cada cidadão, para os gastos públicos e incide
sobre todas pessoas residentes no território nacional. A taxa do imposto é fixada
anualmente pelo Ministério das finanças.
Este imposto foi substituído nas áreas das autarquias locais pelo Imposto Pessoal
Autárquico.
Na verdade, este imposto apresenta muitas características das taxas. A definição da taxa
deste imposto é feita pelo Ministro das Finanças, nos termos do artigo 6.º, do Decreto n.º
4/87, de 30 de Janeiro, contrariando o disposto na CRM e na LGT, que consideram a taxa um
elemento essencial dos impostos, devendo portanto, ser fixados por lei, por se encontrarem
no âmbito da reserva da lei.
Pelo que, julgamos que a concepção deste imposto que se previa temporário, encontra-se
hoje de certa forma desajustado à realidade, podendo mesmo ser considerado
inconstitucional, se considerarmos o disposto no n.º 2, do artigo 127, da CRM. Pois, “a
46
MARTINEZ. Soares, Op. Cit , p.589
44
legalidade tributária no sentido da reserva da lei formal não abrange todas as matérias
tributárias, mas apenas as referidas no artigo 127, da CRM, nomeadamente, a incidência, a
taxa, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes.”47.
Ora, se o artigo 6.º do Código do Imposto sobre a Reconstrução Nacional, prevê que a taxa é
anualmente fixada pelo Ministro das Finanças, estamos numa clara contradição com o
disposto na constituição, pelo que, julgamos ser de se rever o mais breve possível este
instrumento porque ilegal.
Trata-se de um imposto anual e directo que integra o sistema nacional tributário, que incide
sobre todas as pessoas individuais e colectivas, que exerçam, no território nacional
actividade, industrial, comercial ou agrícola, de pequena dimensão, entendidas como tal
aquelas actividades cujo volume de negócios não excede anualmente a 2.500.000,00Mt
(dois milhões e quinhentos mil meticais).
O objectivo principal da criação deste imposto, tal como vem referido no preâmbulo da Lei
n.º 5/2009, é o alargamento da base tributária mediante a atração dos negócios do sector
informal, para o sector formal da economia, através da simplificação dos procedimentos e
redução dos custos inerentes ao cumprimento das obrigações tributárias.
• No que diz respeito aos rendimentos abrangidos pelo ISPC, os contribuintes estão
excluídos do pagamento do IVA, IRPC e IRPS, nos termos do artigo 5, do Código do
ISPC;
• As empresas com um volume de negócios até 36 vezes o salário mínimo mais alto
em vigor no fim do ano anterior, estão isentas do pagamento de imposto. Esta
disposição do ISPC é compatível com o limite estabelecido para o pagamento do
IRPS, exceptuando o facto de que o primeiro está relacionado com o volume de
negócios, enquanto este último diz respeito aos rendimentos. Daí que o ISPC irá
tributar os indivíduos que operam micro e pequenas empresas que se situariam
abaixo do limite ao abrigo do imposto sobre os rendimentos de pessoas singulares;
47
Iden. p. 107
45
• A taxa aplicável é de 75.000,00Mt MT por ano, ou 3% do volume de negócios, ao
critério do contribuinte, nos termos do artigo 8, do Código do ISPC;
Na essência, o ISPC é concebido como substituto dos regimes simplificados ao abrigo dos
códigos do IVA e dos impostos sobre os rendimentos. Note-se que o IVA simplificado impôs
uma taxa igual a 5 por cento do volume de negócios. Além disso, os rendimentos acima do
limite de isenção estão sujeitos a uma taxa mínima de 10 por cento ao abrigo do IRPS
normal.
Pelo que, podemos concluir que o ISPC representa não apenas uma consolidação de dois
regimes fiscais simplificados distintos, mas também uma redução efectiva na taxa de
aproximadamente 7 por cento, sobre o volume de negócios para apenas 3 por cento.
A partir dessa previsão foi aprovado o Código Tributário Autárquico pelo Decreto n.º
63/2008, de 30 de Dezembro, resultando para o Sistema Tributário Autárquico, nos termos
do artigo 51, da LFAs, os seguintes impostos e taxas:
• Contribuição de Melhorias;
48
Deloitte e ACIS, Visão Geral do Sistema Tributário em Moçambique, Edição 1, Outubro de
2008, p.31
46
Assim podemos ter um regime tributário onde, como já foi acima referido, parte dos
impostos nacionais passaram para as autarquias locais, no âmbito da descentralização fiscal
em curso em Moçambique, num processo que teve o seu início em 1996.
O artigo 56.º, da LBST, estabelece que os impostos autárquicos são definidos em legislação
específica a qual já acima nos referimos, ficando, portanto, o seu regime jurídico ai
estabelecido.
47
TEMA III: A TRIBUTAÇÃO DIRECTA
Relativamente aos impostos directos, é importante referir que se traduzem, por norma, na
tributação única e progressiva dos rendimentos dos agentes económicos a eles sujeitos.
Este princípio (unicidade e progressividade) encontra-se previsto no artigo 60.º da LBST.
Os principais impostos directos em vigor em Moçambique são nos termos do artigo 57.º, da
LBST: O IRPS - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, que incide
genericamente sobre as pessoas singulares eventualmente agregadas em famílias (ver parte
48
final do artigo 60.º da LBST); o IRPC - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas,
que incide genericamente sobre as pessoas colectivas, designadamente as empresas.
Como ficou sumariamente descrito acima, este imposto é um dos mais importantes do
nosso sistema tributário, em tem a base do seu regime previsto entre os artigos 60 e 65, da
LBST. Mas o seu regime jurídico consta da Lei n.º 33/2007, de 31 de Dezembro e no Decreto
n.º 8/2008, de 16 de Abril, o Código do IRPS e o Regulamento do Código do IRPS,
respectivamente.
Nos termos do n.º 1, do artigo 60.º, da LBST “o imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares – IRPS obedece aos princípios da unidade e da progressividade e o seu regime
tem em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar”.
Esta norma, apesar de não ser constitucional impõe ao legislador ordinário na concretização
do sistema fiscal, ou seja, na aprovação dos códigos dos impostos e aos utentes das normas
na interpretação.
O fim do IRPS é na visão dos princípios informadores deste imposto a diminuição das
desigualdades, numa formulação social e igualitária.
São, dentre outros, princípios do IRPS:
A unicidade
“A unicidade do imposto, prevista pela Constituição, constitui a transformação de uma mera
regra de boa administração num princípio constitucional. Na verdade, a multiplicação dos
impostos conduz a uma ineficiência na sua gestão e deve, por isso, ser evitada. Por outro
lado, a unicidade revela também uma preocupação de tributação coerente e justa assente
na capacidade contributiva – exigindo que se abandone um modelo de vários impostos com
filosofias e mecânicas próprias, porque um único imposto permite uma consideração
patrimonial global de cada sujeito passivo ou agregado familiar”49.
A progressividade
“A progressividade do imposto visa adequá-lo ao rendimento efectivo de cada agregado,
uma vez que determina que a parte de imposto pago aumenta à medida que o rendimento
aumenta: neste sentido a progressividade opõe-se a proporcionalidade.”50
49
Sanches, Saldanha, Manual de direito Fiscal, Coimbra Editora, 3.ª Edicao , p.288
50
Ibiden. P. 288
49
um conjunto de despesas que podem ser abatidas ao rendimento colectável ou à colecta (a
divida do imposto), por serem despesas que afectam as necessidades do sujeito passivo ou
do agregado familiar”.51
O agregado familiar é constituido, nos termos do n.º 3, do artigo 18, da Lei acima citada, por
cada um dos cônjuges e os seus descendentes a seu cargo, pelo pai ou mãe não casados e os
seus descendentes a seu cargo, pelo adoptante não casado e os dependentes a seu cargo.
Quem são os dependentes? Nos termos do n.º 4, do artigo 18º, do CIRPS, atentos a
redacção da Lei n.º 20/2013, de 23 de Setembro, considera-se dependentes todos aqueles
que por alguma incapacidade não auferem rendimentos, designadamente:
• Filhos, adoptados e enteados, menos e não emancipados;
• Filhos, adoptados e enteados, maiores, que, não tendo mais de 25 anos e nem
auferindo rendimentos superiores a 12 salários mínimos nacionais mais elevados,
tenham frequentado no período de tributação a 12a classe, estabelecimento de
ensino médio ou superior ou cumprindo o serviço militar efectivo normal;
• Filhos, adoptados e enteados, maiores, inaptos para o trabalho e para angariar
meios de subsistência, quando não aufiram rendimentos superiores ao previsto no
artigo 56. °, no ano a que respeita o imposto;
• Menores sob tutela desde que não aufiram qualquer rendimento;
• Os ascendentes a cargo do sujeito passivo, incapazes para o trabalho e para angariar
meios de subsistência, quando não aufiram rendimentos superiores ao mínimo
previsto no artigo 56º, no ano a que respeita o imposto.
51
Saldanha, Sanches. Op. 289
50
São considerados residentes em território moçambicano nos termos da alínea a) do nº 1 do
artigo 21 do CIRPS, os sujeitos passivos que tenham permanecido em Moçambique por mais
de 180 dias no ano, ou que tendo permanecido por menos tempo, disponham de habitação
em condições que façam supor a intenção de ocupar como residência permanente e ainda
os que desempenham no estrangeiro funções ou comissões de carácter público, ao serviço
da República de Moçambique, os tripulantes de navios ou aeronaves, desde que estejam ao
serviço de entidades com residência, sede ou direcção efectiva no território moçambicano.
São também consideradas residentes em Moçambique, a pessoas que constituem o
agregado familiar e que neles incumbe a direcção do mesmo.
São considerados Rendimentos obtidos em território moçambicano os que constam do
artigo 22º, do CIRPS, atentos a redacção da Lei nº 20/2013, de 23 de Setembro.
Para além das sociedades de capitais, existem também sociedades de pessoas, no sentido
de uma associação entre pessoas que forma uma sociedade para porem em conjunto as
suas aptidões profissionais.
52
Sanches, Saldanha, Op. Cit p. 292
51
Portanto, “se estamos perante uma mera sociedade de pessoas, faz mais sentido
personalizar o imposto, tributando apenas rendimentos obtidos pelos sócios através da
utilização da forma societária”53.
O Código do IRPC - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, foi aprovado pela
Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro, na sequência da reforma fiscal de 2002, sobre a
tributação global do rendimento, onde procurou-se através deste imposto criar um sistema
de tributação unitária do rendimento das pessoas colectivas.
O conceito de rendimento global que aqui se pretende tributar assenta na teoria do
rendimento acréscimo ou incremento patrimonial que consiste na diferença entre o valor
do património no início e no fim do período de tributação, incluindo as mais-valias e outros
ganhos fortuitos (por exemplo, os subsídios não destinados á exploração ou as
indemnizações). Trata-se de uma noção extensiva do rendimento que procura tributar o
rendimento real e efectivo das empresas (artigo 71º da LGT).
Se atendermos às características específicas deste imposto, poderemos afirmar que se trata
de um imposto:
✓ Sobre o rendimento - por contrapartida aos impostos existentes sobre a despesa
(exemplo: IVA) e sobre o património (exemplo: IPRA):
✓ Directo - se atendermos ao critério económico poderemos dizer que o IRPC é um
imposto directo na medida que incide sobre a manifestação directa ou imediata da
capacidade contributiva, isto é, incide directamente sobre os rendimentos obtidos;
53
52
✓ Real - porque visa a tributação dos rendimentos das pessoas colectivas sem atender
à sua situação pessoal (princípio da tributação dos rendimentos reais);
✓ Periódico - porque se renova nos sucessivos períodos de tributação, que
normalmente são anuais, dando origem, consequentemente, a sucessivas obrigações
tributárias anuais independentes umas das outras, ou seja, tributa situações ou
actividades que duram no tempo, dando origem a liquidações periódicas;
✓ Estadual - porque é o Estado o sujeito activo da relação jurídico-tributária;
✓ Proporcional - já que a taxa se mantém constante, independentemente da matéria
colectável apurada pelo contribuinte (taxa única, em que a colecta de imposto é
proporcional à matéria colectável);
✓ Global - porque incide sobre um conjunto de rendimentos provenientes de diversas
fontes;
✓ Principal - porque goza de autonomia quer ao nível normativo quer ao nível das
relações tributárias concretas.
Podemos retirar uma conclusão preliminar, ou seja, também em relação à tributação das
empresas, “se verifica uma densificação dos deveres de cooperação, com a generalização da
obrigação de possuir contabilidade e com a definição de uma complexa teia de
regulamentações acerca do modo como ela deve ser organizada.”54.
O artigo 1, do CIRPC consagra os pressupostos da incidência em IRPC, dos quais a lei faz
depender o surgimento da relação jurídica do imposto. Tais pressupostos são de natureza
objectiva (a obtenção de rendimentos), subjectiva (por um sujeito passivo) e temporal (no
período de tributação).
O âmbito da aplicação pessoal, sujeitos passivos do IRPC, vem estabelecido no artigo 2.º, do
CIRPC, o objecto do imposto (lucro obtido pelo sujeito passivo) vem consagrado no artigo 4,
CIRPC, e o período de tributação (elemento temporal do facto tributário) vem definido no
artigo 7º, CIRPC.
54
Sanches, Saldanha, Op. Cit. p. 345
53
relação às quais seja declarada a invalidade e as sociedades comerciais ou civis sob
forma comercial anteriormente ao registo definitivo;
c) s entidades com ou sem personalidade jurídica que não tenha sede nem direcção
efectiva em território moçambicano (consideradas não residentes) e cujos
rendimentos nele obtidos não estejam sujeitos a imposto sobre o rendimento das
pessoas singulares (IRPS).
54
3.4.5. Rendimento global e os rendimentos das diversas categorias do IRS
Além do lucro, o artigo 4, nº 1, do CIRPC, fixa como base do imposto:
✓ O rendimento global (entidades residentes que não exerçam a título principal uma
actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola);
✓ O rendimento das diversas categorias consideradas para efeitos de IRPS (não
residentes sem estabelecimento estável em território moçambicano ou, possuindo-
o os rendimentos não lhe sejam imputáveis)
Esta distinção não é apenas terminológica. Na verdade, enquanto que no primeiro caso, e
embora o rendimento global se refira igualmente aos rendimentos das diversas categorias
do IRPS, ele corresponde à sua soma algébrica com referência a todo o período de
tributação, enquanto que no segundo caso, o IRPC incidirá sobre os rendimentos
individualizados daquelas categorias no momento e à medida em que eles forem sendo
auferidos.
Concluindo, enquanto no artigo 2, do CIRPC, se distinguem os vários tipos de sujeitos
passivos, no artigo 4, do CIRPC, determina-se que a base de incidência do imposto que não é
a mesma para todos eles. Procede-se, desta forma, a uma discriminação qualitativa dos
diversos sujeitos passivos em função da sua natureza específica, fazendo incidir o imposto
sobre realidades distintas (o lucro, o rendimento global e os rendimentos das diversas
categorias), consoante a especificidade do respectivo sujeito passivo. Esta diferenciação dos
sujeitos passivos e da base do imposto assume especial relevância em toda a restante
estrutura do Código do IRPC.
55
UNIDADE 3.5. TRANSPARÊNCIA FISCAL
Para efeitos do IRPC, as sociedades de pessoas têm tratamento idêntico às sociedades de
capitais sendo-lhes, todavia, aplicado um regime especial de tributação designado de
transparência fiscal.
Trata-se de um regime que surgiu com a finalidade de atingir três objectivos:
1. A neutralidade fiscal, alcançada pela tributação dos sócios ou membros da sociedade,
quer sejam pessoas singulares ou colectivas, tal como se exercessem directamente a
actividade;
2. O combate à evasão fiscal, de forma a evitar a possibilidade dos sujeitos passivos
constituírem sociedades intermediárias com a finalidade de fuga ao imposto;
3. A eliminação da dupla tributação económica dos lucros distribuídos na medida em que
estas sociedades não são tributadas em IRPC, mas sim na pessoa dos seus sócios ou
membros, em sede de IRPC ou de IRPS, consoante se trate de pessoas colectivas ou
singulares.
Este regime, previsto no artigo 6.º, do CIRPC, aplica-se às seguintes sociedades residentes a
que chamaremos sociedades transparentes:
A). Sociedades civis não constituídas sob forma comercial;
B) Sociedades de profissionais;
C) Sociedades de simples administração de bens, cuja maioria do capital social pertença,
directa ou indirectamente, durante mais de 180 dias do exercício social, a um grupo familiar
ou cujo capital social pertença, em qualquer dia do exercício, a um número de sócios não
superior a cinco e nenhum deles seja pessoa colectiva de direito público
A questão das isenções, estão previstas entre os artigos 9ª a 14, do CIRPC, mais importa
falar dos benefícios fiscais, por corresponderem a uma matéria mais controversa.
56
Tratando-se de preços que não foram estabelecidos num mercado concorrencial, podem-se
desviar daqueles que teriam sido acordados entre entidades não relacionadas em
transacções similares.
A legislação fiscal existente, designadamente o artigo 49.º, do CIRPC, bem como o Decreto
n.º 70/2017, de 6 de Dezembro, visam corrigir os efeitos de uma eventual manipulação de
preço em resultado das relações especiais entre os sujeitos passivos.
O Regime dos Preços de Transferência, aprovado pelo Decreto n.º 70/2017, de 6 de
Dezembro, aplica-se aos sujeitos passivos do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Colectivas e do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, residentes ou
domiciliados no território moçambicano, que realizem operações com partes relacionadas
residentes ou não residentes.
Com estas medidas, o Estado tenta garantir que as operações entre sujeitos passivos com
relações especiais, realizem-se em condições idênticas às que seriam praticadas entre
entidades independentes ou sem qualquer relação, isto é, nas condições normais de
mercado.
A base do regime de preços de transferências consta do artigo 49.º, do CIRPC, que
estabelece:
1. “A Administração Tributária pode efectuar as correcções que sejam necessárias para
a determinação do lucro tributável sempre que, em virtude das relações especiais
entre o contribuinte e outra pessoa, sujeita ou não a IRPC, tenham sido
estabelecidas condições diferentes das que seriam normalmente acordadas entre
pessoas independentes, conduzindo a que o lucro apurado com base na
contabilidade seja diverso do que se apuraria na ausência dessas relações.
2. O disposto no número anterior observa-se igualmente sempre que o lucro apurado
em face da contabilidade relativamente a entidades que não tenham sede ou
direcção efectiva em território moçambicano se afaste do que se apuraria se se
tratasse de uma empresa distinta e separada que exercesse actividades idênticas ou
análogas, em condições idênticas ou análogas e agindo com total independência.
3. Também se aplica o disposto no n.º 1, quanto às pessoas que exerçam
simultaneamente actividades sujeitas e não sujeitas ao regime geral do IRPC, quando
relativamente a tais actividades se verifiquem idênticos desvios.
4. Quando o disposto no n.º 1 se aplique relativamente a um sujeito passivo do IRPC
por virtude de relações especiais com outro sujeito passivo do mesmo imposto ou do
IRPS, na determinação do lucro tributável deste último são efectuados os
ajustamentos adequados que sejam reflexo das correcções feitas na determinação
do lucro tributável do primeiro”.
Os elementos das operações a ter em conta na comparação referida neste regime: são (i)as
características dos produtos ou serviços prestados, (ii) as funções desempenhadas pelas
entidades, (iii) os riscos assumidos por estas, (iv) as condições e os termos contratuais, entre
outros.
Na verdade o artigo 49.º do Código do IRPC, estabelece algumas regras relativas a preços de
transferência, nomeadamente a faculdade conferida à Administração Tributária de efectuar
as correcções que se mostrem indispensáveis para a determinação do lucro tributável
57
sempre que em virtude de relações especiais entre o contribuinte e outra pessoa, sujeita ou
não a IRPC, tivessem sido estabelecidas condições diferentes daquelas seriam normalmente
estabelecidas entre entidades independentes.
No entanto, a lei não apresenta qualquer definição do conceito de relações especiais, o que
tornava bastante subjectiva a aplicação por parte das Autoridades Tributárias das regras de
preços de transferência.
O Decreto n.º 70/2017, de 06 de Dezembro veio regulamentar o regime de preços de
transferência, apresentando, ainda que a título exemplificativo, as situações que configuram
relações especiais, isto é, quando é que uma entidade exerce uma influência relevante nas
decisões de gestão da outra.
Assim, entende-se existirem relações especiais, nomeadamente, nas seguintes
circunstâncias:
I. Quando uma entidade e os titulares do respectivo capital, ou os cônjuges,
ascendentes ou descendentes destes, detenham directa ou indirectamente uma
participação não inferior a 10% do capital ou dos direitos de voto de outra;
II. Uma entidade e os membros dos seus órgãos sociais, ou de quaisquer órgãos de
administração, direcção, gerência ou fiscalização, e respectivos cônjuges,
ascendentes e descendentes;
III. Entidades em que a maioria dos membros dos órgãos sociais, ou dos membros de
quaisquer órgãos de administração, direcção, gerência ou fiscalização, sejam as
mesmas pessoas ou, sendo pessoas diferentes, estejam ligadas entre si por
casamento, união de facto ou parentesco em linha recta;
IV. Entidades ligadas por contrato de subordinação, de grupo paritário ou de efeito
equivalente;
V. Empresas que se encontrem em relação de domínio;
VI. Entidades entre as quais, por força das relações comerciais, financeiras,
profissionais ou jurídicas entre elas, directa ou indirectamente estabelecidas ou
praticadas, se verifiquem situações de dependência no exercício da respectiva
actividade;
VII. Quando directa, ou indirectamente através de um ou mais intermediários, a parte:
controlar, for controlada por ou estiver sob o controlo comum da entidade; tiver um
interesse na entidade que lhe confira influência significativa sobre a mesma ou tiver
um controlo conjunto sobre a entidade;
VIII. A parte for uma associada ou um empreendimento conjunto em que a entidade seja
um empreendedor;
IX. A parte for membro do pessoal-chave da gestão da entidade ou da sua empresa-
mãe;
X. A parte gere um plano de benefícios pós-emprego para benefício dos empregados da
entidade, ou de qualquer entidade que seja uma parte relacionada dessa entidade.
O sujeito passivo deve adoptar, para determinação dos termos e condições que seriam
normalmente acordados, aceite ou praticados entre entidades independentes, o método
mais apropriado a cada operação ou série de operações, de acordo com o princípio de plena
58
concorrência, devendo mantê-lo durante o exercício económico, por bem, direito ou
serviço.
Finalmente temos a referir que o Decreto 70/2017, refere ainda sobre o conceito de
intervalo interquartil, ou seja, no caso de registo de duas ou mais transacções comparáveis,
deve-se determinar a mediana e o intervalo interquartil de preços ou de margem de lucro.
Se o preço acordado se situar fora do intervalo interquartil, considera-se que o preço ou
margem de lucro utilizado pelas partes independentes corresponde a mediana de 5% (para
o caso em que o preço praticado ou a margem de lucro for menor do que o valor obtido no
primeiro quartil, ou, para o caso em que o preço ou a margem de lucro for maior do que o
valor obtido para o terceiro quartil).
Poderá ainda ser solicitada a celebração de acordos prévios sobre preços de transferência
com a autoridade tributária, com o objetivo de definir os termos e condições a praticar em
operações comerciais e financeiras realizadas com entidades relacionadas, sem implicar
ajustamentos fiscais.
59
UNIDADE 3.9. EXERCÍCIOS
60
TEMA IV: A TRIBUTAÇÃO INDIRECTA E TRIBUTAÇÃO ESPECIAL DO CONSUMO
O Imposto Sobre o Valor Acrescentado – IVA, é sem sombra de dúvidas o mais importante
dos impostos sobre a despesa ou indirectos em Moçambique. Este imposto foi introduzido
em Moçambique no ano de 1998, pelo Decreto n.º 51/2008, de 21 de Setembro.
Segundo Samuelson e Nordhaus: “O valor acrescentado é a diferença entre as vendas duma
empresa e as suas compras de matérias-primas e de serviços de outras empresas.”
É um imposto que teve, a sua origem na Franca, mas teve êxito em quase todos países onde
foi adoptado, criando assim grande expectativa de sucesso nos Estados, levando-os assim a
adoptarem este imposto.
O êxito deste imposto, segundo a professora Clotilde Celorico Palma, deve-se
fundamentalmente às suas características, em especial à generalidade e à neutralidade,
obtidas através do chamado método das facturas, do crédito de imposto ou método
subtractivo indirecto.
Na verdade, em quase todas actividades que desenvolvemos diariamente estamos sujeitos
ao IVA, na televisão que assistimos, na roupa que lavamos, no combustível que gastamos,
etc. Mas, regra geral, e contrariamente ao que sucede nos tributos directos, não nos
apercebemos do peso deste imposto.
Por outro lado, uma das grandes vantagens do IVA relativamente aos demais impostos
sobre as transacções assenta na sua neutralidade, quer no plano interno, quer a nível
internacional. Eis, pois, a explicação para o sucesso do IVA.
61
•Um imposto reditício – Em Moçambique, à semelhança do que se verifica em muitos
Estados, é a principal receita tributária
O princípio geral de um modelo baseado no imposto sobre o valor acrescentado consiste em
aplicar aos bens e serviços um imposto geral sobre o consumo proporcional ao preço dos
bens e serviços, independentemente do número de transacções ocorridas no processo de
produção e de distribuição anterior à fase de tributação. Nas operações entre sujeitos
passivos de IVA, em cada uma das transacções, o imposto sobre o valor acrescentado,
calculado sobre o preço do bem ou do serviço à taxa aplicável ao referido bem ou serviço, é
exigível, com prévia dedução do montante do imposto sobre o valor acrescentado que
tenha incidido directamente sobre o custo dos diversos elementos constitutivos do preço.
Num modelo de base alargada, o imposto sobre o valor acrescentado é aplicável até ao
estádio do comércio a retalho, inclusive.
55
Sanches, Saldanha. Op. Cit p. 415
56
Sanches, Saldanha. Op. Cit. p. 416
62
5.º) explicam estes conceitos. Que normalmente possuem em direito fiscal um sentido
diferente dos civis, e com uma amplitude muito grande, o que justifica uma análise mais
atenta das isenções.
4.1.5. Isenções
As isenções do IVA encontram-se previstas entre os artigos 9 e 14 do CIVA. No Iva a
distinção entre grande parte das isenções no sentido próprio do termo e as isenções
propriamente ditas é mais intensa. A isenção conduz, em princípio, a uma menor tributação
do sujeito passivo, a um aumento do seu lucro ou do seu rendimento tributável, mas nem
sempre sucede assim com as isenções do IVA.
Isenções correspondem a situações em que um sector, uma empresa ou um produto é
dispensado da obrigação de liquidação do IVA. Em Moçambique existem dois tipos de
isenções, as verdadeiras (completas) e falsas (incompletas):
• Isenções falsas ou incompletas: neste tipo de isenções o sujeito passivo não líquido o
imposto nas vendas e não deduz o imposto que suportou nas aquisições. A empresa paga
IVA na aquisição (não deduz) e não pode cobrá-lo na venda devido a isenção. O IVA torna-se
assim um custo que a empresa repassa através do preço.57
Existem também as isenções parciais, nos casos em que o sujeito passivo apenas pode
deduzir o IVA, na proporção das actividades sujeitas, não podendo o fazer relativamente as
actividades isentas. Levando aqui ao cálculo pro-rata, prevista no artigo 22.º do CIVA.
• Isenções Verdadeiras ou Completas: mas estas são excepcionais, significa que não se
liquida o imposto nas vendas que realiza ou nos serviços que presta, mas deduz o
imposto suportado nas aquisições, dando lugar ao reembolso do IVA. Ou seja, o sujeito
passivo paga o IVA na aquisição (deduz) e não cobra na venda devido a isenção
57
Introdução ao IVA (Imposto sobre Valor Acrescentado)
63
completa. Entretanto, este tem o direito de reembolso do IVA que pagou na compra e
que não recuperou na venda.
➢ Regime normal e;
➢ Os regimes especiais. (Enquadram-se nestes o Regime de isenção e o Regime de
tributação simplificada).
O valor sobre que incide a taxa do imposto é o valor da contraprestação obtida ou a obter
do adquirente dos bens e serviços, incluindo os impostos (excepto o IVA), direitos, taxas, as
despesas acessórias debitadas quando respeitam a comissões, embalagens, transportes e
seguros por conta do cliente.
Segundo o artigo 28.º do CIVA, o imposto liquidado pelo sujeito passivo deve ser adicionado
ao valor da factura ou documento equivalente, para efeitos da sua exigência aos
adquirentes das mercadorias ou aos utilizadores dos serviços, ou incluído no preço no caso
em que não é exigível a factura ou o documento equivalente.
O imposto devido nas importações é pago nos serviços aduaneiros competentes no acto do
desembarco aduaneiro, conforme dispõe o nº 2 do artigo 24.º do CIVA.
64
Não haverá lugar a liquidação se a operação e causa estiver abrangida por uma isenção
prevista no artigo 9.º a 14.º do CIVA, salvo se o beneficiário, podendo optar pela renúncia a
isenção nos termos do artigo 11.º do CIVA.
Segundo nº 2 do artigo 28.º do CIVA, somente pode ser deduzido o IVA suportado pelo
sujeito passivo, cuja factura, documento equivalente ou bilhete despachado de importação
se encontre na sua posse e tenha ido passado em forma legal. O imposto tenha incidido
sobre bens ou serviços adquiridos ou utilizados pelo sujeito passivo para as operações
descritas no artigo 19.º. No entanto, excluiu do direito à dedução o IVA suportado em
operações que não tem ligação com a actividade profissional do sujeito passivo, como
sublinha Clotilde Celorico Palma, excluindo expressamente as despesas sumptuária, de
divertimento e de luxo.58
Assim por força do desposto no artigo 20.º do CIVA, exclui-se do direito a dedução:
58
- PENE, Cláudio, apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano, escolar editora, Maputo
65
ou do crédito existente e dos elementos que serviram de base para o seu cálculo. O
pagamento do imposto é efectuado simultaneamente com a entrega dessa declaração.
Estes sujeitos passivos estão excluídos do direito de dedução do imposto, prevista no artigo
18.º do CIVA, por força do artigo 36.º, do mesmo diploma legal.
Nada obsta que estes sujeitos passivos, que preenchem os requisitos para serem
enquadrados no regime de isenção, optem pelo regime normal, nos termos do artigo 37.º
do CIVA. O mesmo sucede com os sujeitos passivos que antes se encontravam escritos no
regime normal, ou no regime simplificado podem optar pelo regime de isenção desde que
passem a preencher os riquitos do artigo 35.º do CIVA.
Segundo o nº 2 do artigo 42.º, do CIVA estes sujeitos passivos apuram o imposto devido ao
Estado através da aplicação da taxa de 5% ao valor das vendas ou serviços realizados.
66
UNIDADE 4.3. A QUESTÃO DOS REEMBOLSOS
Reembolsos ocorrem quando o valor apurado resulta num crédito para uma empresa.
Segue alguns exemplos que geram situações de reembolso:
4.4.1.3. Exigibilidade
Este imposto torna-se exigível no momento em que se verifica a introdução no consumo dos
bens. Sendo que, nos termos do n. º 2, do artigo 3, do CICE, a introdução no consumo
ocorre quando:
• O produto fabricado sai da unidade de produção em condições normais de
comercialização, Segundo a prática usual para este ou para produtos idênticos;
• Se realiza a importação, segundo as normas aduaneira;
• O produto acabado sai do armazém sob regime aduaneiro.
Algumas questões se levantam quanto a exigibilidade do ICE, designadamente a
exigibilidade do ICE pela detenção para fins comerciais de álcool, cervejas, vinhos, demais
bebidas alcoólicas e tabaco, sem prova de pagamento do imposto. A finalidade comercial
deve ser motivada por critérios devidamente fundamentados, nomeadamente:
• O estatuto comercial e os motivos da detenção;
• O local onde se encontram os produtos ou a forma utilizada para o seu transporte;
• Qualquer documento relativo aos produtos;
• A natureza dos produtos;
• A quantidade dos produtos;
No que diz respeito a quantidade dos produtos, considera-se que a detenção tem fins
comercias, quando os produtos ultrapassem as seguintes quantidades:
• Tabaco: 600 unidades de cigarros, 300 unidades de cigarrilhas, 150 charutos, 1kg de
tabaco par fumar;
• Bebidas alcoólicas: 10 litros bebidas alcoólicas com teor alcoólico superior a
8,5%vol, 20 litros de licores e outras bebidas espirituosas com teor alcoólico inferior
a 8,5% vol., 60 litros de vinhos espumantes, 30litros de outros vinhos, cinquenta
litros de cervejas.
68
Os artigos sujeitos ao ICE podem ser importados por pessoas singulares para uso pessoal,
sem sujeição ao imposto, desde que não ultrapasse as seguintes quantidades estabelecidas
no artigo 4, do CICE:
• Até 1,5 litros de bebidas espirituosas e 2,25l de vinhos;
• Até 200 cigarros, 100 cigarrilhas, 50 charutos, ou 250 gramas de tabaco para fumar;
• Ate 50ml quando se trate de perfumes ou 250ml de água-de-colónia.
4.4.1.4. Isenções
Ficam isentos do ICE as matérias-primas e os produtos acabados e intermédios, importados
ou de produção local, destinados à laboração de indústrias nacionais ou para incorporação
em produtos por elas produzidos.
As taxas constam do artigo 5, e o valor tributável varia consoante o facto tributável, (i)
tratando-se de bens introduzidos no consumo interno ou detidos para fins comerciais é o
preço de venda ao público, ou não sendo este conhecido ou determinável, o valor normal
daqueles bens, (ii) o preço de venda à saída da unidade de produção, segundo as condições
normais de comercialização ou, não sendo este conhecido ou determinável, o valor normal
daqueles bens, (iii) na importação, ou na saída de regime aduaneiro especial, o valor
aduaneiro, adicionado do total dos direitos aduaneiros efectivamente pagos.
Entende-se por valor normal do bem o preço acrescido dos impostos, direitos, taxas e
outras imposições, com excepção do próprio ICE, outras despesas acessórias não incluídas
no preço constante da factura ou documento equivalente, quando nele não estejam já
incluídos, que um adquirente ou destinatário, no estágio da comercialização em que é
efectuada a operação e em condições normais de concorrência, teria de pagar a um
fornecedor independente, no tempo e lugar em que é efectuada a operação ou no tempo e
lugar mais próximo para a sua obtenção.
Pode haver correcção do preço, nos termos do n.º’4, do artigo 6, do CICE, sempre que exista
uma relação especial entre o produtor e o adquirente, conduzindo a um valor tributável
diferente, a correcção passa pelo recurso ao preço de venda praticado pelo revendedor
imediato na cadeia de redistribuição.
São sujeitos passivos (i) as pessoas singulares, colectivas ou outras entidades detentoras a
qualquer título de locais de producão ou armazenamento dos bens constantes da tabela
anexo ao código, (ii) os importadores dos mesmos bens, (iii) quaisuqer entidades que
procedam à embalagem final de álcool destinadoa venda aopúblico ou efectuem a pre
marcacão definitiva do produto através da desnaturacão apropriada, (iv) as entidades que
comercializam ou transportem álcool em violacão das normas legais.
Ficam isentos do ICE, o álcool utiizado para fins industriais, o distinado ao consumo próprio
dos hospitais e demais estabelecimentos públicos e privados, destinadosa testes
laboratoriais e investigacao cientifica, a exportacao ou destinos equiparados a exportacão,
69
álcool desnaturado a que se adicionou agurrás ou petróleo e verde-malaquite ou azul –de
metileno,nas proporções de, respectimanete, 2litros e 2 gramas por 100 litros de álcool e
com teor alcoólico mínimo de 80%vol.
4.4.2.1. Regime De Tributação Da Cerveja Com Álcool, Vinhos E Demais Bebidas Alcoólicas
O ICE incide sobre as bebidas alcoólicas na forma descrita na tabela anexa ao CICE, bem
como as bebidas alcoólicas produzidas pela simples diluicao do alcool em água potável até
obter-se o teor alcoólico pretendidoe adicão de aromas, essências extractos de uvas,
concentrados, corantes e conservantes.
São sujeitos passivos, nos termos do artigo 17, do CICE, os produtores autorizados ou não,
os depositários, os operadores, os importadores e os arrematadores em hasta pública. No
caso de producao, detencao ou importacao irregular, consideram-se sujeitos passivos os
detentores, importadores ou produtores das bebidas alcoólicas.
Ficam isentos deste imposto, nos termos do artigo18, do CICE, as bebidas alcoólicas que seja
usadas, no fabrico de produtos não destinado a consumo humano, desde que desnaturados,
no fabricode vinagres destinadosao cosumo humano, no fabrico de aromas destinados a
preparacao de géneros alimentícios e de bebidas não alcoólicas com título alcoólimetro
adquirido não superior a 1,2%vol, em processos de fabrico desde que oprodutofinal não
contenha álcool, na producão de xaropes para a industria farmacêutica, como amostras
para análises e prova por entidades oficiais, a realizacão de ensaios ou fins científicos, a
inutilizadas em processo de fiscalizacão aduaneira e os que sejam objecto de exportacão.
São sujeitos passivos do ICE, nos termos do artigo 22, do CICE, nesta categoria de bens, as
pessoas singulares ou colectivas que procedem à introducão no consumo dos produtos
referidos no artigo anterir, o detentor em caso de detencão com fins comerciais, o
arrematante, no caso da venda judicial ou em processo administrativo.
Ficam isentos do ICE neste sector,nos termos do artigo 24, do CICE, o tabaco manufacturado
objecto de exportacão, devidamente comprovado, destinado a ser fornecido como
provisões de bordo, destinado a lojas francas, desnaturado utilizado para fins industriais ou
hortículas, o destribuido por decisão e controlo das entidades competentes, o destinado a
testes científicos ou de qualidade dos produtos e reciclados pelo produtor , sob fiscalização
das entidades competentes.
70
4.4.2.3. Regime de Tributação do Veículos Automóveis
O ICE incide, nos termos do artigo 28, do CICE, sobre os veículos automóveis ligeiros de
passageiros, incluindo os de uso misto, de corridas e outros principalmente concebidos para
o transporte de pessoas, com exclusão das autocaravanas, admitidos ou importados,
incluindo os montados ou fabricados em Moçambique e que se destinem a ser
matriculados.
Ficam ainda abrangidos pelo ICE, os veículos a todo o terreno, os ligeiros de mercadorias
derivados de ligeiros de passageiros, os furgões ligeiros de mercadorias derivados de ligeiros
de passageiros, motociclos com ou sem carro, de cilindrada superior a 250 cm³.
Finalmente, ficam sujeitos ao ICE, nos termos do n.º 3, de artigo 28, os automóveis ligeiros
que pretendam matricular após cancelamento das matrículas, os automóveis que foram
objecto de alteracão de cilindrada do motor, mudança de elementos estruturais ou de
transformação de veículos de mercadorias para veículos de passageiros ou vice versa, após
importação ou admissão e os que deixaram de beneficiar de qualquer regime especial de
isenção e sejam por este facto introduzidas no território nacional.
Ficam isentos do ICE, neste sector, nos termos do artigo 32, do CICE, os veículos para o
serviço de incêndio adquiridos pelas associações e corporações de bombeiros, mediante
apresentacão de declaracão emitida pelos serviços competentes para licenciar os bombeiros
donde constem as caractarísticas técnicas e o reconhecimento da natureza do adquirente,
as ambulancias, os veículos adquiridos pelas forças militares, militarizadas ou de segurança
pública, quando destinados exclusivimente ao exercício de poderes de autoridade.
71
TEMA V: DESCENTRALIZAÇÃO FISCAL EM MOÇAMBIQUE
A Autonomia Tributária
Todo o esforço de descentralização, não alcança o sucesso desejado se não for
acompanhado de medidas de descentralização financeira, que implica quase que
necessariamente a descentralização tributária.
59
CHICHAVA e FARIA, “1999. p.8. [disponível em http://www.ecdpm.org.mz., consultado em 18 de Dezembro
de 2013
60
In. Enciclopedia Polis. p.130
61
CHICHAVA e FARIA.1999, Op. Cit. p.11
62
FONSECA, Maria Juliana de Almeida, “Conflito de Competência Tributária”, 1ª ed. São Paulo, Editora Del Rey,
2005
72
Deste conceito podemos então entender que a par da autonomia financeira, as autarquias
locais podem ter o poder, se assim for definido na constituição, de criar e cobrar impostos.
Iremos desenvolver mais este aspecto quando estivermos a falar dos poderes tributários.
É possível notar que os estudos ligados a teoria da public choice, revelam que o reforço da
autonomia financeira, mediante a atribuição de autonomia fiscal aos entes públicos
descentralizados, como as Autarquias Locais, constitui uma medida de reforço das garantias
dos direitos dos eleitores e contribui para uma maior eficácia no processo de gestão
financeira pública.
A este propósito Charles Tiebout, teorizou um modelo de concorrência fiscal, quase utópico,
ao defender que “a concorrência entre sistemas fiscais num espaço de liberdade de
movimentação dos factores de produção conduz a resultados eficientes, na medida em que
aos diferentes níveis de fiscalidade correspondem necessariamente níveis diversos de
fornecimento de bens e serviços públicos financiados por aqueles”.63
Este modelo ficou conhecido como “votação com os pés” numa tradução literal do conceito
(voting with the feet), pois, a escolha da residência dos eleitores seria influenciada pelo
conjunto de bens públicos disponibilizados numa determinada autarquia, em comparação
com o volume de impostos cobrados.
Poderes Tributários
Os poderes tributários advêm do princípio da autonomia local, consagrado no artigo 8, da
Constituição da República. A autonomia financeira, corolário da autonomia local possibilita
as autarquias disporem de finanças e património próprio.
“É certo, ainda assim, que em tese se pode garantir autonomia financeira às autarquias
através da mera consagração de um direito à receita tributária – afectando-lhes este ou
63
NABAIS, José Casalta, “Estado Fiscal, Cidadania Fiscal e alguns dos seus Problemas” Boletim de Ciências
Económicas, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Volume XLV –A, 2002, p. 592 e 593
73
aquele imposto, esta ou aquela percentagem das receitas - sem lhes reconhecer embora um
verdadeiro poder tributário, isto é, o poder de criar ou conformar os tributos públicos”64
O artigo 56.º da Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, consagra no seu n.º 1, que o Sistema
Tributário da República de Moçambique integra impostos nacionais e autárquicos.
Mas é o n.º 2, do artigo acima citado que vem em nosso entender fixar alguns poderes
tributários, ao prescrever que na determinação do valor das tarifas e taxas a cobrar, os
órgãos autárquicos competentes devem actuar com equidade, sendo interdita a fixação de
valores que, pela sua dimensão, ultrapassem uma relação equilibrada entre a contrapartida
dos serviços prestados e o montante recebido.
64
VASQUES, Sérgio, “o Sistema de Tributação Local e a Derrama”, Revista de Direito e Gestão Fiscal, n.º 38,
Coimbra Editora, Coimbra 2009, p. 115
65
A Derrama, os Recursos Naturais e o Problema da Distribuição da Receita Tributária, in Revista de Direito e
Gestão Fiscal, n.º 38, Coimbra Editora, 2009, p. 135
74
“É da responsabilidade das autarquias locais a liquidação e cobrança dos impostos e demais
tributos autárquicos, nos termos do artigo 76 da LFAs. Ficando, portanto, sob
responsabilidade das autarquias a organização dos serviços necessários a sua cobrança”66.
Esta disposição é reforçada pelo Decreto n.º 63/2008, de 30 de Dezembro que aprova o
Código Tributário Autárquico, o qual determina no artigo 11, que compete às autoridades
administrativas das autarquias, proceder ao lançamento do imposto, que é feito por anos
civis[...].
A Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro, estatui que compete a Assembleia Municipal, dentre
outros actos, estabelecer, nos termos da lei derramas e outras receitas próprias e fixar os
respectivos quantitativos. Portanto, no que diz respeito a derrama podemos ver que a lei
atribui poderes tributários quase plenos as Assembleias Municipais para lançar, fixar a sua
taxa e cobrar.
A aprovação da Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro, (Lei das Finanças Autárquicas) marca a
passagem do sistema tributário autárquico, regulado pela Lei 11/97, para um novo sistema
que se baseia nos princípios introduzidos quer pela CRM de 2004 e pela LBST, ajustando
assim a tributação autárquica para aquilo que são as necessidades de receitas das
autarquias locais, e reduzindo o peso das transferências do governo para os municípios (não
significa que o governo central não continue a efectuar transferências aos municípios).
Dessa reforma resultaram para o Sistema Tributário Autárquico, nos termos do artigo 51, da
Lei n.º 1/2008, os seguintes impostos e taxas:
66
Ver nesse sentido os artigos 11, 12, 13,14 25, do Decreto n.º 63/2008, de 30 de Dezembro, Iª Série, Br. n.º
35.
75
efectivamente veio a ocorrer, no mesmo ano com a aprovação do Código Tributário
Autárquico, pelo Decreto n.º 63/2008, de 30 de Dezembro.
O mais curioso no processo de descentralização fiscal é que apesar de todo o quadro legal
criado e da existência efectiva das autarquias locais, muitos destes impostos, até hoje ainda
são cobrados a nível do Governo Central, sob a alegação de que as autarquias locais ainda
não dispõem de condições para a sua cobrança.
O artigo 7, da Lei n.º 2/97, refere que as autarquias dispõem de autonomia patrimonial e
financeira, devendo, portanto, dispor de receitas próprias, das quais os impostos
autárquicos são parte, nos termos da al. a), n.º 2, do artigo 21, desta Lei.
Portanto, a Lei n.º 15/2002, apenas remete os impostos autárquicos para a legislação
específica, neste caso a lei das finanças autárquicas, já existente na altura, pois, encontrava-
se em vigor a Lei n.º 11/97, aprovada no âmbito do pacote autárquico, dos anos 90.
O sistema tributário autárquico criado ao abrigo da Lei n.º 11/97, previa também a
possibilidade do lançamento de derramas para fazer face a algumas despesas, sempre com
carácter extraordinário, com o seu regime previsto no artigo 49, da referida lei.
Para além, destes impostos o sistema tributário autárquico previa nos artigos 69 e 70,
outras receitas tributárias, (taxas e tarifas) a saber: (i) Realização de infra-estruturas e
equipamentos simples, (ii) Concessão de licença de loteamento, de execução de obras
locais, de ocupação da via pública por motivo de obras e de utilização de edifício, (ii) Uso e
aproveitamento do solo da autarquia, (iv) Ocupação e aproveitamento do domínio público
sob a administração da autarquia e aproveitamento dos bens de utilização pública, (v)
Prestação de serviços ao público, (vi) Ocupação e utilização de locais reservados nos
mercados e feiras, (vii) Autorização da venda ambulante nas vias e recintos públicos, (viii)
Aferição e confeição de pesos, medidas e aparelhos de medicação, (ix) Estacionamento de
veículos em pequenos e outros locais a esse fim destinado, (x) Autorização para o emprego
de meios de publicidade destinados a propaganda comercial, (xi) Utilização de quaisquer
instalações destinadas ao conforto, comodidade ou recreio público, (xii) Realizar de
enterros, concessão de terrenos e uso de jazigos, ossários e de outras instalações em
cemitérios mantidos pela autarquia, (xiii) Licenciamento sanitário de instalações, (xiv)
Qualquer outra licença da competência das autarquias, cuja tramitação não esteja isenta
por lei, (xv) Registos determinados por lei.
76
Outro aspecto relevante na Lei n.º 11/97, foi o estabelecimento de um regime sancionatório
e a fixação das garantias dos sujeitos passivos, em caso de violação das normas do sistema
tributário vigente, sendo que as receitas provenientes das multas e coimas previstas,
integravam as receitas tributárias das autarquias, nos termos do art.71, da Lei n.º 11/97.
Finalmente importa reter, que no sistema tributário autárquico criado ao abrigo da Lei n.º
11/97, o regime das transferências governamentais, ou seja, a repartição dos impostos
nacionais entre o Governo Central e as autarquias locais era feito ao abrigo do disposto no
artigo 68, que estabelecia o seguinte:
“As autarquias locais beneficiam de uma percentagem dos impostos nacionais”, fixando as
percentagens em função da natureza de cada imposto”.
Segundo este dispositivo legal, ao qual já nos referimos no cápitulo I, quando abordamos a
questão das fontes de financiamento, são receitas próprias das autarquias locais as
seguintes:
Não existe em Moçambique um regime geral das taxas, à semelhança daquele que existe
em portugal, por exemplo.
“Nos termos do Código Tributário Autárquico, a taxa por actividade económica reveste a
natureza de “licença de porta aberta”, sendo devida pelo exercício de qualquer actividade
de natureza comercial ou industrial, incluindo a prestação de serviços, no território da
respectiva autarquia, desde que exercida num estabelecimento”67.
A Taxa por Actividade Económica é devida pelos estabelecimentos comerciais, nos termos
do artigo 139, do CTA, sendo o valor desta fixado em função dos seguintes indicadores:
• Natureza da actividade exercida;
• Localização do estabelecimento;
• Área ocupada.
“A especial natureza deste tributo, que não reúne um dos elementos essenciais de
tipificação de uma “taxa”, designadamente ao não ter por correspondência uma
contraprestação directa por parte da administração autárquica, justifica a sua configuração
autónoma no actual Código Tributário Autárquico”68.
As taxas por licenças concedidas e por actividade económica, são devidas nas seguintes
situações:
67
REVISTA da ACIS, “O Quadro Legal para Impostos em Moçambique”, numero 1, Edição de Dezembro de
2011, Maputo p. 35
68
Revista da ACIS, Op. Cit. p. 37
78
• Utilização de quaisquer instalações destinadas ao conforto ou recreio público;
• Qualquer outra licença da competência das autarquias cuja tramitação não esteja
isenta por lei;
Compete a assembleia autárquica, nos termos do número 3, do artigo 73, da LFAs, fixar
mediante proposta do Presidente do Conselho Municipal ou de Povoação, os valores das
taxas autárquicas a vigorar em cada ano, graduadas em função do critério acima enunciado,
não podendo exceder, relativamente a cada estabelecimento, um quantitativo máximo
equivalente a 20 vezes o valor mensal do salário mínimo nacional para os trabalhadores da
Indústria.
Nas situações em que as autarquias têm sob sua administração directa determinado serviço
público, estas podem cobrar taxas, fixadas igualmente pelas assembleias municipais, com
objectivo de recuperar os custos operacionais, nos termos do artigo 74, da LFAs, conjugado
com o artigo 140, do Decreto n.º 68/2003, de 30 de Dezembro, nomeadamente nos
seguintes serviços:
• Utilização de matadouros;
• Manutenção de vias.
79
5.2.2.O produto Percentual de Impostos do Estado, que por Lei lhe Sejam Atribuídos
Neste ponto temos as receitas provenientes do Fundo de Compensação Autarquica a que ja
nos referimos supra, constituido por 1,5% das receitas fiscais previstas nos respectivo ano
económico, nos termos do n.º 2, do artigo 43, da LFAs.
Fazem parte das receitas próprias das autarquias locais, porque a lei assim o define e pelo
facto de, diferentemente do que ocorre com outras receitas provenientes das transferências
governamentais, são de afectação livre pelas autarquias, com as excepções a que ja fizemos
referência.
5.2.3. O Produto de Cobrança das Contribuições Especiais que por Lei lhes Sejam
Atribuídas
69
Ibidem, p.31
80
este efeito (não pode exceder o máximo de dois décimos do salário mínimo nacional mensal
para os trabalhadores da indústria).
As taxas deste imposto são fixadas. Segundo o artigo 54 da LFAs, em função do salário
mínimo nacional mais elevado em vigor em 30 de Junho do ano anterior, através da
aplicação das taxas de 4%, 3%, 2% e 1%, consoante a classificação das diferentes autarquias
(níveis A, B, C e D, respectivamente), parecendo também afastado o princípio da cobrança
em espécie.
Incidência:
Este imposto integra o sistema tributário autárquico desde a reforma de 97, com os seus
princípios a se manterem inalterados. Actualmente o mesmo é regulado pela LFAs,
conjugada com o Código Tributário Autárquico.
O IPRA é um imposto anual que incide sobre o valor patrimonial dos prédios urbanos,
situados no território da respectiva autarquia, incorporados ou assentes com carácter de
permanência. E a sua fonte de quantificação é o valor patrimonial e não o rendimento,
(art.35, da Lei nº 1/2008) “o que permite a tributação de todos os prédios, mesmo aqueles
que não se encontrem arrendados.”70
Este facto, justifica a tributação similar de pessoas singulares e pessoas colectivas, pois, o
legislador não tributa segundo a capacidade contributiva de cada sujeito. Aplicando-se no
IPRA um regime semelhante ao das taxas, visto que, “é quase impossível estabelecer uma
rigorosa equivalência económica entre a prestação pública e a medida da contribuição.” 72
O artigo 35, n.º 3, da lei n.º 1/2008, fixa o conceito de prédio urbano definindo como
qualquer edifício incorporado no solo com os terrenos que lhe sirvam de logradouro.
70
SANCHEZ, Saldanha. Op. Cit. p. 54
71
Idem, p.54
72
Idem, p. 55
81
definidos no n.º 5, do artigo 35, da Lei n.º 1/2008, ou no n.º 4, do Decreto n.º 63/2008. Na
verdade, trata-se do mesmo critério em instrumentos legais diferentes.
Nos casos em que se verifica um afastamento do preço normal de mercado, nos termos do
n.º1, do artigo 63, da Lei n.º 1/2008, a correcção do valor patrimonial é feita com base nos
critérios definidos no Decreto n.º 61/2010, de 27 de Novembro, que aprova os mecanismos
de determinação e correcção do valor patrimonial dos prédios urbanos situados no
território das autarquias, sujeitos ao IPRA.
Este decreto vem determinar que a fixação do valor patrimonial dos prédios urbanos deve
ser feita segundo as normas fixadas por este instrumento legal, ou seja, a declaração do
valor por parte do proprietário do prédio deve ser confrontada com o valor resultante da
avaliação oficial, feita segundo as regras no artigo 4, deste decreto.
Vp = ( Ae * P * Fa + 0,05* Al * P)* Fi
Onde:
Vipra = Vp * taxa
Onde:
82
A obrigação do pagamento do IPRA recai sobre os proprietários dos prédios, ou em casos de
copropriedade à qualquer dos possuidores, no caso da herança indivisa a obrigação recai
sobre os herdeiros e em caso de falência sobre os imóveis da propriedade do falido.
Nota-se que aqui o legislador pretende tributar de forma mais gravosa os prédios
destinados a outros fins que não a habitação, fazendo valer o princípio da capacidade
contributiva dos sujeitos. Ficam isentos do IPRA, nos termos do artigo 57, do CTA, o Estado,
as associações humanitárias ou outras entidades sem fins lucrativos, Estados estrangeiros
relativamente a sede da missão e a residência do chefe da missão diplomática ou consular e
as autarquias.
O IAS, substitui nas autarquias o SISA, que era o imposto nacional e tributava a transmissão
onerosa do direito de propriedade ou figuras parcelares desse direito, sobre prédios
urbanos situados em território moçambicano.
Este imposto a semelhança do SISA, incide sobre as transmissões, a título oneroso do direito
de propriedade ou de figuras parcelares desse direito, sobre bens imóveis situados no
território da autarquia sendo devido pelo adquirente.
O SISA, era regulado é regulado pelo Decreto n.º 46/2004, de 27 de Outubro, com as
alteração introduzidas pelo Decreto n.º 38/2005, de 29 de Agosto, este imposto mantém -
se em vigor em todos áreas do território nacional não cobertas pelas autarquias, nos termos
do n.º 1, artigo 94, do CTA.
O regime jurídico deste imposto, encontra-se estabelecido na LFAs, que introduz o imposto
no sistema tributário autárquico e o CTA, que o regulamenta.
O legislador tentou alargar o âmbito da incidência para abranger não apenas o contrato de
compra e venda, “mas todos os contratos que tenham efeitos equivalentes ao da compra e
73
SANCHEZ, op. cit. p. 437
83
venda, ou seja, qualquer contrato que confira posse segura e pacífica de um imóvel ou a
tradição da coisa.”74
Com esta previsão o legislador quis acautelar as possíveis transmissões onerosas que com o
objectivo de “fugir” da tributação, assumissem formas contratuais diferentes, mas com os
mesmos efeitos, ou seja, transmissão do direito e usufruto do prédio.
Assim, ficam abrangidas pelo IAS, nos termos do n.º 3, do artigo 59, da LFAs, a dação em
cumprimento, a renda perpétua, a renda vitalícia, a arrematação, a adjudicação por decisão
ou acordo judicial, a constituição de usufruto, uso e habitação, a enfiteuse, a servidão ou
qualquer outro acto pelo qual se transmita a título oneroso o direito de propriedade sobre
prédios urbanos.
O legislador vai mais longe ao alargar o conceito de transmissão a figuras parcelares tais
como; arrendamentos a longo prazo, realização do capital social de sociedades com a
transmissão de imóveis, cisão e fusão de sociedades, procurações irrevogáveis, cessação da
posição contratual e várias outras situações enumeradas no n.º 4, do artigo 59 da LFAs.
Sobre o valor tributável é aplicada uma taxa de 2%, nos termos do artigo 64, do CTA.
No que diz respeito as isenções, o IAS não é aplicável às transacções efectuadas pelas
entidades referidas no artigo 62, da LFAs, nomeadamente o Estado, as autarquias loca,
museus, bibliotecas, associações humanitárias, Estados estrangeiros, pela aquisição de
imóveis destinados a uso exclusivo das missões diplomáticas ou consulares, dentre outras.
Nalguns ordenamentos jurídicos, como Portugal por exemplo, o imposto sobre transmissão
a título oneroso de imóveis - IMT, incide não apenas sobre prédios urbanos, mas também
sobre prédios rústicos, pois, a terra é propriedade privada, o que não se verifica no nosso
ordenamento jurídico, onde a terra é propriedade do Estado.
O IAS, tem efeito no preço final das transmissões onerosas de imóveis, possibilitando o
surgimento do fenómeno lock in effect, na medida em que este é suportado pelo
comprador, podendo levar a não celebração do contrato como forma de evitar o
pagamento do imposto.
Este imposto introduzido pela LFAs, vem substituir nas autarquias o imposto sobre veículos
(imposto nacional), tal como refere o n.º 5, do artigo 64, da LFAs. Ficam sujeitos a este
imposto os proprietários de veículos, passíveis de impostos, quer sejam pessoas singulares
ou colectivas, de direito público ou privado, residentes na respectiva autarquia,
74
SANCHEZ. p. 439
84
presumindo-se como tal, até prova em contrário, as pessoas em nome dos quais os mesmos
se encontrem matriculados ou registados.
A determinação do imposto, varia de acordo com vários critérios estabelecidos no artigo 67,
da LFAs. Para automóveis ligeiros a determinação do valor varia em função do ano de
fabrico, combustível utilizado, a cilindrada do motor, a potência e a voltagem; para
automóveis pesados, a determinação varia em função da capacidade de carga ou lotação de
passageiros e a antiguidade; para os motociclos a determinação tem por base a cilindrada e
a antiguidade, para aeronaves, a base para cálculo é o peso máximo autorizado para
descolagem e quanto aos barcos, a base é a capacidade de propulsão.
A contribuição de melhoria, foi introduzida no sistema tributário moçambicano pela Lei n.º
1/2008, constituindo uma inovação do sistema tributário autárquico. Trata-se de uma
“contribuição especial devida pela execução de obras públicas de que resulte valorização
imobiliária, tendo como limite as despesas realizadas e como limite individual o acréscimo
de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado”75
75
Revista da Acis. Quadro Legal Para Imposto em Moçambique. Maputo: 2008. p. 34
85
Ficam sujeitos a este tributo os proprietários ou possuidores a qualquer título do prédio
beneficiado pela obra. “As contribuições de melhoria constituem uma forma específica de
tributação, em que o Estado o legitima e encontra uma medida para a tributação de um
determinado benefício, ocasionado por uma despesa pública com vantagens directas para
determinado conjunto de particulares.”76
Em todo caso, por determinação da lei (n.º 3, do artigo 69, da LFAs), não estão sujeitos a
contribuição de melhoria as obras de pavimentação de vias e logradouros públicos
executados pela autarquia e que directamente valorizem os imóveis em causa ou
adjacentes, bem como a simples reparação de pavimento, de alteração de traçado
geométrico de vias e logradouros públicos e colocação de guias e sarjetas.
Julgamos que o legislador excluiu estas obras do âmbito da contribuição de melhoria, pelo
facto de constituírem obras da actividade normal do município, já de certa forma
comparticipadas pelos particulares por via de outros impostos tais como o IPA e o IPRA.
O artigo 72, da LFAs, fixa os requisitos para a criação da contribuição de melhoria, que pode
ser da iniciativa da autarquia, ou de pelo menos dois terços dos proprietários ou
possuidores a qualquer título dos prédios situados na zona sob influência da obra a realizar.
Mas, ainda que seja da iniciativa da autarquia deve ter sempre o acordo de pelo menos dois
terços dos proprietários ou possuidores a qualquer título do prédio, a ser beneficiados pela
obra.
A contribuição de cada beneficiário é calculada tendo em conta o valor das obras, dividido
pelo número dos beneficiários, podendo ser considerada a possibilidade do pagamento em
prestações, num máximo de doze, com início no momento do início da utilização da obra
pública para os fins a que se destina.
Não concordando com algum dos aspectos relacionados com o processo de lançamento da
contribuição constante no edital, publicado pela autarquia dando conta do lançamento da
contribuição, podem os interessados, impugnar o processo, com fundamento n.º 5, do
artigo 138, do Decreto n.º 63/2008, devendo num entanto apresentar as provas das suas
alegações.
Ficam isentos deste tributo, O Estado, a própria autarquia, as associações humanitárias dos
Estados estrangeiros, relativamente aos prédios adquiridos para fins as instalações
diplomáticas ou consulares.
76
SANCHEZ, JL. Saldanha. op cit. p. 107
86
UNIDADE 5.3. A TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL EM MOÇAMBIQUE
Os impostos ambientais têm como último objectivo a defesa e prevenção do meio
ambiente. Embora a receita tributária exista e seja necessária, esta não constitui o objectivo
principal que está subjacente na tributação ambiental.
A CRM, estabelece na al. f), do artigo 45 que o “todo o cidadão tem o dever de defender e
conservar o ambiente”. No artigo 90, refere no número 1, que “todo o cidadão tem o direito
de viver num ambiente equilibrado e o dever de o defender”. E no número 2, refere que “o
Estado e as autarquias locais, com a colaboração das associações de defesa do ambiente,
adoptam políticas de defesa do ambiente e velam pela utilização racional de todos os
recursos naturais”.
No artigo 117, refere que “o Estado promove iniciativas para garantir o equilíbrio ecológico
e a conservação e preservação do ambiente visando a melhoria da qualidade de vida dos
cidadãos”.
No número 2, refere que com o fim de garantir o direito ao ambiente no quadro de um
desenvolvimento sustentável, o Estado adopta políticas visando:
a) Prevenir e controlar a poluição e a erosão;
b) Integrar os objectivos ambientais nas políticas sectoriais;
c) Promover a integração dos valores do ambiente nas políticas e programas educacionais;
d) Garantir o aproveitamento racional dos recursos naturais com salvaguarda da sua
capacidade de renovação, da estabilidade ecológica e dos direitos das gerações vindouras;
e) Promover o ordenamento do território com vista a uma correcta localização das
actividades e a um desenvolvimento sócio- económico equilibrado.
A protecção do ambiente foi complementada pela Lei do ambiente, aprovada pela Lei n.º
20/97, de 01 de Outubro. Sendo que, nos termos da referida lei, “o ambiente é o meio em
que o Homem e outros seres vivos vivem e interagem entre si e com o próprio meio
ambiente e inclui: (i) o ar a luz a terra e a água; (ii) os ecossistemas e a biodiversidade; (iii)
Toda a matéria orgânica e inorgânica; (iv) todas as condições socioculturais e económicas
que afectam a vida das comunidades”.
Partindo das noções de tributo e imposto acima apresentadas, podemos construir uma
noção de tributação ambiental, definindo-a como uma prestação patrimonial, unilateral,
coactiva, definida a favor do Estado, cujo objecto é a proteção do meio ambiente
Segundo Casalta Nabais (1998. P.266) “… podemos apontar os modernos tributos
ambientais que, por via de regra, têm, quando não exclusivamente ao menos
primordialmente, por finalidade evitar comportamentos anti ecológicos e fomentar os
comportamentos ecológicos”. (Nabais,1998: 266).
Regina Elena Costa77, refere-se à tributação ambiental, dizendo que esta pode ser
conceituada como o emprego de instrumentos tributários para gerar os recursos
necessários a prestação de serviços públicos de natureza ambiental (aspecto fiscal ou
arrecadatório), bem como para orientar o comportamento dos agentes económicos e dos
contribuintes a protecção do meio ambiente.
Uma das formas de os contribuintes participarem directa e indirectamente no objectivo que
fundamenta os impostos ambientais, é pela via da tributação. Ocorre directamente quando
a receita conseguida é aplicada para fins ambientais e indirectamente quando pela via fiscal
77
COSTA, Regina Elena, Apontamento sobre a Tributação Ambiental no Brasil, Pag 332.
87
se incentivam ou condicionam determinados comportamentos ambientais. Podem incidir
sobre o rendimento, o gasto, o meio ou o património.
A tributação ambiental ocorre quando o ambiente é intervencionado em resultado de uma
acção directa ou indirecta.
A tributação pode ainda ocorrer com o sentido de minimizar determinados
comportamentos. Exemplo: a tributação da actividade mineira e petrolífera.
Este caso da tributação com o sentido de proteger o ambiente minimizando
comportamentos, é conhecida por “eco - impostos”.
A tributação ganha forma de contribuição imposta, por exemplo, nos impostos sobre a
eliminação de resíduos. Nestes casos, acontece quando pela realização de um dano ou por
uma acção, se “apresenta uma ligação estreita com o dano ambiental [e] com a
internalização de externalidades” (Soares, 2002: 22).
A base tributável para a incidência do imposto, é a dimensão do dano que se pretende
reparar, o gasto que se pretende cobrir por acção de determinado comportamento ou o
gasto a ter em função da prevenção que é necessária para minimizar determinados
resultados. “A base tributável serve, assim, para medir o esforço ecológico que deve realizar
o agente económico para refrear a degradação ambiental.” (Soares, 2002: 23). Nessa
mensuração não é tida em conta a capacidade contributiva dos sujeitos intervenientes.
O objecto da tributação aquando das emissões de poluentes, corporiza e ganha forma na
função punitiva, ou na reparação ambiental. Contudo deve ser alargada à função
incentivadora. Mesmo assim não deixa de haver lugar a arrecadação de receita.
Relativamente ao direito ambiental, o Prof. Carlos Serra Jr. E Fernando Cunha78, apresentam
alguns princípios que se aplicam a tributação ambiental, designadamente:
• O Princípio da precaução: este pretende evitar a existência de certos riscos que
mesmo não existindo uma certeza científica da sua ocorrência ou da sua aptidão
para causar danos ao meio ambiente, não eram tomados em conta, mas os seus
efeitos eram devastadores para o ambiente.
• Princípio da prevenção: procura antecipar-se ao processo de degradação ambiental,
mediante adopção de políticas de gerenciamento e de protecção dos recursos
naturais. Este princípio actua quando já existem elementos seguros que comprovam
que a actividade em causa é efectivamente perigosa, procurando-se evitar o risco de
uma actividade danosa e os danos que poderão causar ao meio ambiente.
• Princípio da igualdade: neste princípio se do enfoque a igualdade no acesso ao
exercício do direito do ambiente e na tomada de decisões nos processos de
investimento e no acesso a justiça ambiental, defendendo-se a acessibilidade do
ambiente equilibrado para todos os cidadãos.,
• Princípio da responsabilização: trata-se de uma responsabilidade objectiva ou pelo
risco, imputando-se os agentes causadores de danos ao ambiente podendo ser uma
responsabilidade penal, administrativa ou civil conforme o caso. A esse respeito,
impõe o n.°1, do artigo 26, da Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, que constituem-se na
obrigação de pagar uma indemnização aos lesados, todos aqueles que,
independentemente de culpa e da observância dos preceitos legais, causem danos
significativos ao ambiente ou provoquem a paralisação temporária ou definitiva de
78
JR. SERRA, Carlos e CUNHA, Fernando, In Manual de Direito do Ambiente, Centro de Formação Jurídica e
Judiciária, Pag. 65 e SS.
88
actividades económicas, como resultado da prática de actividades especialmente
perigosas.
• Princípio da correcção na fonte: está relacionado a investigação científica sobre as
causas dos diversos danos ao meio ambiente, de modo a prevenir a ocorrência de
catástrofes ou efeitos devastadores.
• Princípio do poluidor-pagador.
Este princípio pode ser considerado como aquele que com maior eficácia ecológica, com
maior economia e equidade social consegue realizar o objectivo de protecção do ambiente.
Para Regina Elena Costa79, trata-se de um princípio de direito internacional ambiental de
conteúdo económico que pode ser efectivado, também, mediante a utilização de tributos.
Trata-se de um desdobramento do princípio geral da responsabilidade civil80, segundo o
qual, aquele que causar danos a terceiro deve responder por sua reparação.
Ainda segundo os autores Carlos Serra e Fernando Cunha81, em Moçambique, o princípio do
Poluidor-Pagador, foi objectivamente contemplado na Política Nacional do Ambiente, onde
se defende que o poluidor deverá em princípio suportar o custo da poluição, devendo este
repor a qualidade do ambiente danificado ou pagar os custos para a prevenção e eliminação
da poluição por si causada.
Do ponto de vista legal, é a alínea g), do artigo 4, da Lei do Ambiente acolhe este princípio,
ao dispor que “da responsabilização, com base na qual quem polui ou de qualquer outra
forma degrada o ambiente, tem sempre a obrigação de reparar ou compensar os danos dai
decorrentes”.
O princípio do poluidor- pagador decorre da consideração de que os sujeitos económicos,
que são beneficiários de uma determinada actividade poluente, devem igualmente ser
responsáveis, pela via fiscal, no que respeita a compensação dos prejuízos que resultam
para toda a comunidade do exercício dessa actividade.
Neste princípio evita-se a tributação tendo como enfoque o índice de riqueza ou capacidade
contributiva pois podia-se contrariar o princípio de igualdade onde se tributaria da mesma
maneira, sujeitos que degradam o meio ambiente com uma intensidade diferente.
79
COSTA, Regina Elena, In Apontamento sobre a Tributação Ambiental no Brasil, pag. 333
80
Art. 483 e SS Código Civil
81
JR. SERRA, Carlos e CUNHA, Fernando, In Manual de Direito do Ambiente, Centro de Formação Jurídica e
Judiciária, Pag. 80
89
O sujeito passivo é entendido como aquele que suporta o imposto, agente poluente na
óptica do princípio poluidor –pagador, ou o agente sobre o qual recai o imposto numa
óptica preventiva, restauradora ou promocional. Em suma, será aquele que perturbou o
equilíbrio ecológico (Soares, 2002: 36).
O imposto ambiental suportado nos vários normativos, pode ainda ser admitido como
“também uma função sancionatória, conquanto que seja secundária ou acessória face à
função fiscal” (Casalta Nabais 1998, apud Soares, 2003:304).
Na Ordem Jurídica Moçambicana, a Constituição da República determina que ``todo o
cidadão tem o direito de viver num ambiente equilibrado e o dever de o defender´´, nos
termos do n.º 1 do artigo 90 da CRM.
82
PAIVA, Paulo A. da Silva In Tributação Ambiental como Instrumento de Promoção do Meio Ambiente, pag.
81
83
Aprovado pelo Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro
84
Lei que aprova o Regime Específico de Tributação e Regime Específico de Tributação e de Benefícios Fiscais
da Actividade Mineira
90
supracitada os sujeitos passivos deste imposto, que podem ser pessoas singulares ou
colectivas ficam sujeitas aos seguintes impostos:
• Imposto Sobre a Produção Mineira – IPM;
• Imposto sobre a Superfície – ISS;
• Imposto Sobre a Renda do Recurso – IRRM;
• Regras específicas dos Impostos Sobre o Rendimento.
No que diz respeito as taxas, os tributos da indústria mineira segue o mesmo critério e
apresenta uma taxa diferenciada mediante a exploração de cada produto extraído,
subentendendo-se assim que quanto maior for a intensidade da exploração de um certo
produto, maior é o risco e a degradação do ambiente assim, fazendo com que o legislador
aplique uma percentagem tributária mais elevada, como ilustram as taxas dos n.º 1, dos
artigos 12 e 20 da Lei n.º 15/2017 de 28 de Dezembro85:
Taxas
As taxas de imposto sobre a superfície (ISS), nos termos do artigo 20, são as constantes na
tabela seguinte:
85
Lei que aprova o Regime Específico de Tributação e Regime Especifico de Tributação e de Benefícios Fiscais
da Actividade Mineira
91
• do 1.º ao 5.º Ano 30,00Mt/há, do 6º. ano em diante 50,00MT/ha
Base de Cálculo
Segundo o autor, no que tange a base de cálculo, pode-se autorizar a dedução de
valores investidos em prol do meio ambiente, seja na produção, seja na aquisição de
bens, ou, ainda, na recuperação e prevenção ambiental.
86
PAIVA, Paulo A. da Silva In Tributação Ambiental como Instrumento de Promoção do Meio Ambiente, pag.
81
92
Neste mesmo modelo ocorre o incentivo ao desenvolvimento das comunidades conforme o
nº 2 do artigo 12 da Lei nº 28/2014 de 23 de Setembro em que se preconiza que ”Todos os
produtos minerais usados em território moçambicano para o desenvolvimento da indústria
local, beneficiam de redução em 50% da taxa de Imposto sobre a Produção Mineira”.
As regras especificas dos Impostos Sobre o Rendimento, IRPS e IRPC, constam dos artigos 15
a 30, da Lei n.°14/2017, de 28 de Dezembro.
O mecanismo de partilha de produção encontra-se previsto nos artigos 31 e 32, do
RETBFOP.
Os benefícios fiscais aplicáveis as operações petrolíferas constam dos artigos 33 a 38, do
RETBFOP.
No entanto, a CRM de 2004, veio a derrogar parte desta disposição legal, ao determinar no
artigo 127º, que os elementos essenciais dos impostos, designadamente a taxa, devem ser
fixados por lei. Entenda-se aqui (lei - acto normativo da Assembleia da República).
• Redução das taxas de direitos aduaneiros, de 20% para 7.5%, de alguns bens
utilizados pela indústria Gráfica constantes das posições pautais 39.19, 48.09, 48.16,
96.12;
Nos termos do artigo 9, das RGDA a dívida aduaneira decorre das imposições devidas na
importação e exportação de mercadorias e torna-se colectável através da contagem e
liquidação efectuada pela autoridade aduaneira.
As imposições que incidem sobre a importação e exportação de bens são as seguintes:
a) Direitos Aduaneiros;
b) Direitos Anti-Dumping;
c) Imposto sobre Consumos Específicos (ICE);
d) Sobretaxas;
e) Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA);
f) Taxa de Serviços Aduaneiros (TSA);
g) Taxa de Radiodifusão;
h) Taxa de Sobrevalorização;
i) Outras aprovadas por lei.
Nos despachos de importação e exportação deve entender-se por:
a) Taxa Zero: a aplicável à mercadoria, constante da Pauta Aduaneira, como 0%;
b) Mercadorias isentas: as que beneficiam do não pagamento de direitos aduaneiros e
demais imposições, nos termos da lei;
c) Mercadoria livre de tributação: aquela sobre a qual não incide uma determinada
imposição por estar fora do seu campo de incidência;
d) Mercadorias com redução de direitos: as que beneficiem de redução do valor das
imposições devidas, na forma legalmente estabelecida.
As imposições referidas neste artigo, quando devidas, são contadas nos termos descritos
nas Instruções Preliminares da Pauta.
6.3.1. Importação
Importação – é a entrada de mercadorias no território aduaneiro. Importa no regime da
importação referir os seguintes institutos:
95
• Mercadorias Proibidas;
• Franquias;
• Moeda externa de obras de artesanato;
• Isenções;
• Mercadorias com Regime Especial.
6.3.1.2. Franquias
Declaração do Viajante
Franquias concedidas
São, mensalmente, concedidas franquias fiscais individuais aos bens importados pelos
viajantes destinados ao uso pessoal ou familiar do viajante.
96
Produtos de tabaco *200 Cigarros ou 100 cigarrilhas ou 50 charutos ou 250 gramas de tabaco
para fumar
Bebidas alcoólicas *1 Litro de bebidas espirituosas e 2,25 litros de vinho
Perfumes 50ml de perfume ou 250ml de água de toucador
Especialidades Quantidades consideradas razoáveis para o consumo próprio
farmacêuticas
Outros artigos Até ao valor de 5000 meticais
* Os viajantes menores de 18 anos não beneficiam da franquia relativamente as
mercadorias assinaladas.
6.3.1.4. Isenções
Condição para beneficiar de isenção na importação de um veículo.
Ser cidadão moçambicano maior de 18 anos e ter permanecido no estrangeiro por tempo
superior a um ano.
Para requerer Isenção, o veículo deve ser propriedade do cidadão a mais de 180 dias no país
de procedência: concede-se a redução de 80% dos direitos e demais imposições se tiver
menos de 180 dias.
Excepcionalmente tem o tratamento de separado da bagagem pela aquisição no mercado
interno ou importação de um veículo em estado novo ou usado, sendo concedido a redução
de 50% das imposições devidas.
Se o cidadão moçambicano regressar ao país com mais de um veículo, apenas um beneficia
de isenção de direitos e demais imposições.
O moçambicano que tenha residido mais do que um ano no estrangeiro, ao regressar
definitivamente ao país beneficia de isenção para todos os bens de uso pessoal incluindo
móveis, roupas e objectos de uso doméstico, desde que tenha sinais de uso.
Os benefícios fiscais devem ser requeridos no prazo de 60 dias após a chegada, ou 30 dias
após a concessão da autorização de residência para estrangeiros, podendo ser prorrogada
até 30 dias.
97
6.3.1.5. Mercadoria Autorizada mediante Licença requerida às Entidades Competentes
Mercadoria Entidade
Armas, explosivos e artifícios pirotécnicos Ministério do Interior
Ouro, prata e platina em moeda, em barra ou em lingote Banco de Moçambique
Animais, despojos e produtos Ministério da Agricultura
Plantas, raízes e tubérculos Ministério da Agricultura
Medicamentos Ministério da Saúde
98
Ouro, Prata e Platina, em moeda, em barra ou em lingote, que só podem ser importados pelo Banco
12. de Moçambique, nos termos da legislação em vigor;
Notas e moedas estrangeiras quando importadas por instituições bancárias devidamente
13. autorizadas;
Notas e moedas nacionais com curso legal no País que só podem ser importadas pelo Banco de
14. Moçambique;
Mercadorias que venham receber no País qualquer beneficiação, aperfeiçoamento ou conserto,
15. destinando-se à reexportação;
Pneumáticos usados, carcaças para recauchutagem e outros pneumáticos recauchutados ou usados
16. das posições pautais 40 12 10, 40 12 11 00, 40 12 12 00, 40 12 20, 40 12 13 00, 40 12 19 00, 40 12 20
10, 40 12 20 90, 40 12 90 10 e 40 12 90 90, sujeitos à autorização pelo Ministério dos Transportes e
Comunicações.
6.3.2. Exportação
É a saída da mercadoria do território aduaneiro.
Para executar exportação como actividade, o Operador de Comércio deve se registar como
exportador.
99
previsto no artigo 47 do presente Decreto;
6. Outras mercadorias cuja exportação seja proibida por legislação especial.
6.3.2.3. Taxas
As taxas de direitos aduaneiros e demais imposições aplicáveis no caso de importação, são
as constantes da Pauta Aduaneira, à data da aceitação da declaração aduaneira pelas
Alfândegas.
101
devidamente inutilizadas nos termos da legislação aduaneira, que entrem no País para fins de
demonstração – 30 dias;
4. Veículos automóveis, acompanhados ou não de reboques, tractores e outros veículos, caravanas,
barcos de recreio, autocaravanas, motocicletas e motorizadas, nos prazos fixados para importação
temporária de veículos;
5. Aviões e avionetas, em turismo ou em viagem de negócios – 30 dias;
6. Mercadorias importadas temporariamente para receber qualquer beneficiação, aperfeiçoamento
ou conserto, sendo posteriormente reexportadas – 90 dias;
7. Discos e outros suportes de som ou imagem, destinados a emissões radiofónicas ou televisivas, dos
órgãos de informação autorizados – 90 dias;
8. Taras acondicionando ou não mercadorias – 90 dias;
9. Instrumentos, filmes e materiais, para fins científicos ou de estudo – 180 dias;
10. Aparelhos, utensílios, ferramentas e máquinas para utilização temporária em actividades agrícolas,
industriais e de construção – 360 dias;
11. Aparelhagem e material necessário à produção e realização de filmes ou documentários
fotográficos – 90 dias;
12. Material portátil para transmissão de reportagens, propriedade de órgãos de informação
estrangeiros – 90 dias;
13. Aparelhos, máquinas, instrumentos, utensílios, veículos, material de acampamento e quaisquer
outros artefactos destinados à execução de obras pertencentes ao Estado, mediante depósito de
uma cópia do referido contrato na Alfândega – 360 dias, ou o referido no Quadro dos prazos para
importação temporária de veículos;
14. Fitas cinematográficas para exibição em recintos públicos – 180 dias;
15. Armas de caça com autorização do Ministério do Interior – 30 dias; e
16. Outras mercadorias previstas em legislação especial – 360 dias.
1. Aeronaves de turismo;
2. Animais reprodutores;
3. Aparelhagem necessária à produção ou realização de documentários fotográficos ou
cinematográficos, ainda que montada sobre veículos;
4. Material de acampamento destinado a excursões de carácter científico ou cinegético;
5. Automóveis e outros veículos, pertencentes a pessoas que saiam do País temporariamente, nos
termos regulamentares;
6. Discos e outros suportes de som ou imagem destinados a emissões radiofónicas que sejam
propriedade dos órgãos de informação;
7. Filmes cinematográficos revelados, sonorizados ou não;
8. Equipamento e materiais que acompanhem entidades que se desloquem em missão oficial,
devidamente credenciadas;
103
9. Material cénico e de trabalho artístico pertencente a artistas, companhias ou empresários de
espectáculos públicos;
10. Mercadorias que façam parte de mostruários;
11. Mercadorias e animais que vão a concursos, exposições, feiras ou espectáculos públicos;
12. Mercadorias que vão receber aperfeiçoamento, beneficiação, concerto ou complemento do seu
fabrico;
13. Encerados e outras coberturas para resguardo de carga transportada em veículos de qualquer tipo;
14. Géneros em pequenas quantidades que se destinem a feiras ou mercados públicos fronteiriços;
15. Colecções e obras de arte que constituam património artístico ou cultural nacional, mediante
parecer favorável do Ministério que superintende a área da Cultura;
16. Taras acondicionando mercadorias;
17. Outras mercadorias cuja exportação temporária seja permitida por legislação especial.
6.5.3. Reexportação
É o regime aduaneiro sob o qual uma mercadoria importada temporariamente é retirada
gozando de isenção de direitos aduaneiros e demais imposições, excepto se tiver sido
incorporado beneficiações, peças e componentes passíveis de tributação na exportação.
Após a validação da Declaração, o declarante pode, então, efectuar o pagamento de
quaisquer encargos liquidados e devem sempre anexar toda a documentação utilizada na
importação temporária à sua declaração de exportação.
Em alguns casos pode acontecer que haja necessidade de reexportar mercadorias
importadas e consideradas de especificação errada ou com padrão de qualidade abaixo do
normal; Máquinas e equipamentos usados em Moçambique sendo reexportados para serem
usados ou devolvidos à proveniência.
Nos casos onde não há lugar a reclamação de qualquer restituição, submete-se a declaração
com o CPA 34X03 CPA. São aplicáveis os procedimentos de exportação.
Em casos em que se verificar especificação errada ou baixa qualidade da mercadoria das
mercadorias, o importador pode submeter um pedido de reembolso de direitos ou solicitar
a substituição dos mesmos.
Para o efeito, o Declarante deve solicitar ao Chefe da Estância aduaneira a intenção
reexportar a mercadoria, anexando os documentos comprovativos.
Se a substituição dos bens for aprovada, o declarante deverá apresentar uma declaração de
reexportação, com CPA 34X04. O procedimento segue o processo de exportação padrão.
104
6.5.4. Reimportação
É o regime aduaneiro especial que permite a entrada de mercadorias que tenham sido
exportadas temporariamente, nos termos do artigo 30, do RGDA.
105
Todas as declarações aduaneiras submetidas às Alfândegas relativas às entradas na Zona
Franca, Loja Franca e armazéns francos são automaticamente seleccionadas e
encaminhadas para o sector de Conformidade.
Após a validação, a declaração é encaminhada para o Gestor de conformidade do Regime
dos Armazéns ou para o gestor local, se aplicável. O Gestor do armazém deve presenciar o
carregamento e selagem da consignação à transferir para Zona Franca.
A transferência da remessa do Armazém para a Zona Franca deve ser realizada seguindo o
processo normal de gestão de garantia e de acompanhamento fiscal, se aplicável.
São permitidas entradas para aquisição de bens apenas os passageiros que se destinam ao
exterior do país e os que fazem trânsito. A venda dos bens nestes locais é mediante a
apresentação do passaporte e bilhete de embarque e os bens vendidos destina-se à
exportação.
As declarações aduaneiras para entrada de mercadorias nos armazéns das Lojas Francas são
processadas normalmente como a de qualquer um regime aduaneiro, mediante
apresentação do manifesto, devendo no entanto, o operador da Loja Franca, juntar o
Documento Único e a relação das mercadorias e apresentar as alfândegas trimestralmente.
Deve ainda o operador ser capaz de distinguir no seu armazém as mercadorias adquiridas
no mercado interno das importadas.
106
6.5.9.1. Trânsito
É o regime aduaneiro especial que, nos termos do artigo 32, do EGDA permite a entrada e
saída de mercadorias e meios de transporte, destinada a um terceiro pais, através de um
ponto, rota e tempos definidos.
As mercadorias em trânsito estão sujeitas a declaração aduaneira e isentas de pagamento
de direitos e outras imposições, mediante a prestação de uma garantia e caso não seja
comprovada que tenham saído do país estão sujeitas ao pagamento de direitos e demais
imposições através da garantia prestada.
Os transitários devem fazer o registo da Garantia na Secretaria de Despacho das
Alfândegas. A caução deve ser igual a receita em risco. O declarante pode, então,
submeter a declaração no MCMS.
As declarações de trânsito são submetidas às mercadorias que não são consignadas a um
importador local e que devem ser transferidas sob controlo aduaneiro de uma estância
aduaneira de entrada para outra de saída.
Todas as declarações de trânsito aduaneiro submetidas são automaticamente
seleccionadas e encaminhadas para o sector de verificação de conformidade.
Havendo necessidade de realizar o exame físico ou aplicação de cautelas fiscais e a
declaração será encaminhada a partir do sector de conformidade para o sector
examinação do terminal respectivo.
Não havendo lugar a exame físico ou aplicação de cautelas fiscais o sistema enviará
automaticamente uma mensagem electrónica, para os operadores relevantes do terminal
e para o declarante, confirmando a aprovação e desembaraço.
As mercadorias em trânsito podem ser transportadas por qualquer meio de transportes
aprovados pelas Regras Gerais de Desembaraço Aduaneiro.
As declarações de trânsito submetidas devem ser mantidas abertas, enquanto se aguarda
a confirmação de que a remessa foi enviada para fora do país. Somente a partir da
confirmação de saída ponto deve ser considerada a declaração como fechada e
desobrigadas a garantia.
É importante sempre assegurar o fecho da declaração, a fim de evitar qualquer atraso no
desembaraço das remessas subsequentes a serem processadas.
No caso em que, por qualquer motivo, a remessa não tenha saído do país dentro do tempo
permitido de trânsito, é importante entrar em contacto com o gestor de verificação de
conformidade para tomar as medidas necessárias.
6.5.9.2. Transferência
É permitido a transferência, de mercadorias e meios de transporte entre Estâncias
Aduaneiras, sem pagar direitos e outras imposições, mediante a prestação de uma
garantia ou de cautelas fiscais, nos termos do artigo 33, do RGDA.
6.5.9.3. Transbordo
Transbordo é um sistema pelo qual as mercadorias são manifestadas para a entrada
(importação) num determinado porto aprovado, destinadas á uma eventual exportação a
partir desse porto, quer por via marítima ou aérea, para um destino final noutro país.
Contudo, as mercadorias permanecem, em todo o momento, nos limites do referido porto.
É essencial que a consignação seja claramente expressa, no manifesto, como sendo para
107
Transbordo.
Existem duas formas de Transbordo:
▪ Transbordo directo
▪ Transbordo ordinário ou comum
Transbordo directo - refere-se às mercadorias que não são descarregadas, em vez disso
são transferidas directamente do meio de transporte de entrada (importação) para o meio
de transporte de saída (exportação).
Transbordo comum - refere-se às mercadorias que são declaradas e descarregadas para o
transbordo através de um meio de transporte e são subsequentemente exportadas, por
outro meio de transporte.
Cabotagem
Mercadorias nacionais são transferidas de um porto local para outro porto local, por via
marítima – CPA 80X03;
Mercadorias importadas com direitos e demais imposições pagos, nacionalizadas,
descarregadas num porto local e transferidas param outro porto local – CPA 80X05;
Mercadorias importadas e cativas de direitos e demais imposições descarregadas num
porto local e transferidas para outro porto local para o cumprimento das formalidades
aduaneiras – CPA 80X04;
Em todos estes casos, o declarante deve submeter a declaração aduaneira com o CPA
apropriado. Para o caso de mercadorias cativas de direito, devem ser observados os
procedimentos relativos à prestação de garantia.
Para o caso de mercadorias importadas e ainda não nacionalizadas onde o importador
decide transportá-las até estância de desembaraço ou porto de descarga, por via
rodoviária, são aplicáveis os procedimentos de trânsito.
108
Exercícios 3
32. Podemos afirmar com segurança que os conceitos de tributo e imposto são
equivalentes. Comente
33. Os impostos são caracterizados por serem prestações coativas. Comente
34. No âmbito da classificação dos impostos diga qual a diferença que entre impostos
directos e impostos indirectos?
35. Comente, de modo sucinto, as seguintes afirmações:
a) “A relação tributária material é sempre acompanhada de uma relação tributária
formal.”
B) – O Governo não pode, sem autorização legislativa, modificar a actual disciplina legal
da solidariedade, substituição, sucessão e responsabilidade tributárias.
47. Elabore, em não mais de página e meia, um comentário a uma das seguintes
afirmações:
A) – A vertente do sistema fiscal moçambicano relativo à tributação do património
apresenta-se como a mais antiga e a que mais carece de reforma.
111
b) Todas as normas tributárias aplicam-se somente aos factos posteriores a sua
entrada em vigor;
c) Os elementos da relação jurídica fiscal são: sujeitos, obejcto, o facto e as
garantias;
d) Os conceitos de sujeito passivo e de contribuinte são equivalentes, apesar das
especificidades de cada um.
49. Ana trabalhou durante quarenta anos como secretária na Direcção Nacional de
Energia, onde auferia mensalmente 10.000,00Mt. Reformou-se em 31 de Março de
2017, não tendo o seu rendimento sofrido qualquer redução a partir dessa data.
Bento é engenheiro e trabalha na TDM, onde recebe por mês 25.000,00Mt a que
acresce um prémio no final de cada ano, em função da sua produtividade. Basílio
faleceu, vítima de doença prolongada, em 10 de Outubro de 2017.
O casal teve dois filhos gémeos, actualmente com 23 anos. Carlos é finalista do Curso de
Direito na Universidade Católica e Duarte, que nunca gostou de estudar, trabalha na
Pizza Hut: o seu vencimento, que em regra é de 5.000,00Mt, foi aumentado para
7.500,00Mt, em virtude de ter sido considerado empregado do mês por 3 vezes
consecutivas.
Analise a hipótese, tendo sobretudo em atenção todos os aspectos pertinentes em vista das
normas de incidência pessoal e real de IRPS.
50. Ana é uma engenheira informática que tem um contrato de trabalho com a
sociedade X, residente em Moçambique. Durante o ano de 2017, entre Janeiro e
Setembro, Ana esteve na Africa do Sul, ao serviço da sociedade Y. Durante esse
período, Ana vendeu à sociedade Y dois programas informáticos que anteriormente
tinha criado.
1. Refira-se à situação de Ana, do ponto de vista da incidência do IRPS.
51. Suponha que no dia 30 de Novembro de 2017 o Governo aprovou um diploma, para
entrar imediatamente em vigor, no qual se estabelecia o aditamento ao Código do
Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (CIRPS) de um novo artigo 51º,
pelo qual passa
A permitir o abatimento de despesas do sujeito passivo e do seu agregado familiar
com cursos de formação no domínio da informática.
O dia 3 de Janeiro de 2017 a Direcção Geral dos Impostos emite uma circular na qual
se estabelece que: “apenas podem ser consideradas para efeitos do novo artigo 51º
do CIRPS das despesas com cursos de formação no domínio da informática
ministrados por entidades idóneas”.
QUID IURIS?
112
52. Para fazer frente à quebra de receitas fiscais relativas ao imposto sobre os produtos
petrolíferos, o Governo aprovou, em Maio de 2017, um decreto-lei em que se
eliminava do CIRPS o regime do mínimo não tributável e se criava um novo quociente
conjugal de 1,3, aplicável aos sujeitos passivos casados com rendimentos “ muito
elevados”, nos termos a fixar por despacho do Ministro das Finanças.
Além disso, emanou um decreto regulamentar em que criava uma “taxa progressiva” de
5%, 10% e 15% a pagar pelos utilizadores da Internet, sobre o montante dos serviços
pagos às empresas que providenciam o acesso à rede.
Quid iuris?
53. A sociedade por quotas Alfa, com sede em Moçambique, auferiu, no ano de 2017,
10.000.000,00Mt, resultantes da venda de mercadoria contrabandeada, a qual lhe
havia custado 2.000.000,00Mt.
A referida sociedade distribuiu lucros, no valor de 3.000.000,00Mt, aos sócios, entre os
quais se encontra Alberto, residente em Maputo, que recebeu, a esse título,
500.000,00Mt.
Alberto recebeu ainda, no referido ano, rendas de um prédio situado na Beira, de que é
usufrutuário, no valor de 600 contos.
54. Suponha que ao abrigo de uma autorização legislativa contida na Lei de Orçamento
de Estado para 2017, o Governo aprovou, no passado dia 15 de Maio, um Decreto-Lei
contendo as seguintes disposições
a) Alteração da Lei Geral Tributária, aumentando para 6 anos o prazo de caducidade do
direito à liquidação e para 10 anos o prazo de prescrição da obrigação tributária;
b) Alteração da Lei das Finanças Locais, autorizando os municípios a criar uma nova
“taxa de qualidade de vida”, a cobrar aos munícipes residentes em zonas abrangidas
por projectos de requalificação urbana;
c) Alteração do Código do IRPS, criando um adicional de 2% sobre o imposto pago
pelos sujeitos passivos com rendimentos acima de 2.000.000,00Mt.
Pronuncie-se sobre a validade de cada uma das disposições referidas, justificando
devidamente a sua resposta.
55. Suponha que no dia 1 de Agosto de 2017 o Governo, por Decreto-Lei, aprovou as
seguintes disposições, para entrarem imediatamente em vigor:
A) As pessoas singulares que fixem residência ma Ilha de Moçambique ficam isentas
durante um período de 3 anos a contar da data da fixação de residência.
B) As pessoas colectivas que estabeleçam a sua sede ou direcção efectiva naquela
região podem beneficiar de uma isenção de imposto sobre o rendimento com
duração de 5 a 10 anos desde que contribuam de forma relevante para o
desenvolvimento da região.
113
C) Cabe ao Presidente da Autoridade Tributaria de Moçambique, com possibilidade de
delegação, a competência para apreciar da relevância da actividade para o
desenvolvimento da região e a fixação do período da isenção dentro dos limites
legais.
Pronuncie-se sobre a constitucionalidade de cada uma das disposições referidas,
justificando devidamente a sua resposta.
56. Ana, casada com Bento trabalhou durante quarenta anos como secretária na Direcção
Nacional de Energia, onde auferia mensalmente 10.000,00Mt. Reformou-se em 31 de
Março de 2017, não tendo o seu rendimento sofrido qualquer redução a partir dessa
data.
Bento é engenheiro e trabalha na TDM, onde recebe por mês 25.000,00Mt a que
acresce um prémio no final de cada ano, em função da sua produtividade. Basílio
faleceu, vítima de doença prolongada, em 10 de Outubro de 2017.
O casal teve dois filhos gémeos, actualmente com 23 anos. Carlos é finalista do Curso de
Direito na Universidade Católica e Duarte, que nunca gostou de estudar, trabalha na
Pizza Hut: o seu vencimento, que em regra é de 5.000,00Mt, foi aumentado para
7.500,00Mt, em virtude de ter sido considerado empregado do mês por 3 vezes
consecutivas
Analise a hipótese, tendo sobretudo em atenção todos os aspectos pertinentes em vista
das normas de incidência pessoal e real de IRPS.
114
Parte B (IRPC)
7. A LAC, não possui sede nem direcção efectiva em Moçambique e durante o exercício da
sua actividade comercial obteve um resultado de 180.000.000,00mt. Calcule a retenção na
fonte.
8. No ano 2016 a empresa Detergentes Lda, declarou um lucro de 1.250.000,00 e suportou
os seguintes custos:
• Remunerações dos trabalhadores: 100.000,00mt
• Indeminizações pagas de risco não segurável- 80.000,00mt
• Juros de capitais alheios aplicados na exploração- 70.000,00mt
• Despesas com a compra de droga para o socio- 50.000,00mt
• Indeminizações pela verificação de eventos cujo risco seja segurável- 40.000,00mt
• Despesas confidenciais- 90.000,00mt
a) Diga quais são os custos aceites?
b) Diga quais são os custos não aceites?
c) Faça as devidas correcções
d) Calcule o IRPC e diga quanto irá entregar ao Estado.
e) Comente os resultados com base na lei
Parte C
9. A empresa Meiengelud Transport, Sa, dedica-se a prestação de serviços de transporte.
Ela, esta inscrita no regime de contabilidade organizada e normal do IVA. Durante o Mês de
Fevereiro realizou as seguintes operações:
Prestação de serviços de transporte com IVA incluído no valor de 15.000.000,00um
Compra de material de manutenção e reparação para seus autocarros de transporte de
carga com IVA incluso no valor de 600.000, 00u.m
Manutenção e reparação dos seus autocarros mais IVA no valor de 200.000.00u.m
Compra de Gasóleo 320.000 Litros com IVA incluso no valor de 14.400.000, 00u.m, que
também inclui o valor do imposto sobre combustível;
Compra de Gasóleo valor líquido de 600.000,00 (que inclui o ISC) ao preço de 45.00um.
Compra de Material de escritório com IVA incluído no valor de 20.000, 00u.m
115
Compra de um anel de diamante para a noiva do sócio da empresa com IVA incluso no valor
de 300.000,00 u.m
Compra de uma passagem aérea mais IVA no valor de ………………….8.000,00u.m
Pretende-se:
a) A liquidação do IVA para o Mês de Fevereiro;
b) A presente os cálculos da liquidação;
c) Qual é o valor a ser cobrado para os cofres do estado;
d) Comente os resultados encontrados com base na lei.
116
ANEXO A: Bibliografia
9. DOURADO, Ana Paula. O principio da Legalidade Fiscal. [ed.] ana Paula Dourado.
Coimbra: Almedina, 2007.
18. LOURIVAL, José de Oliveira and Sharon, Cristine Ferreira de Sousa. [Online]
[Referência de : Abril 2012, 20.] http://www.conpedo.org.br.
19. MARTINEZ, Pedro Mário Soares. Direito Fiscal, 7.ª Edição, Coimbra: Edição
Almedina, 1993.
117
20. MENDES, M. J.; ROCHA, F. F. (2003).~, Transferências intergovernamentais e
captura de recursos públicos nos municípios brasileiros. Prêmio Tesouro Nacional
de Monografias, Secretaria do Tesouro Nacional, Brasília.
21. Modalidades de Descentralização Administrativa [Online] [Referência: 10 de
Dezembro de 2011.] Disponível em: http://www.portais.ws.
22. Musgrave, Richard A. Public Finance in a Democratic Society - Fiscal Doctrine,
Growth and Instituitions. Vol. II. 1ª Edição. s.l.: Harvester Press, 1986.
23. MUSGRAVE, Richard A., The Theory of Public Finance – A Study in Public Economy,
Mc. Graw Hill Book Company, 1959.
24. Pardal, Sidónio. [Online] 2009. [Referência: 30 de Janeiro de 2011.]
http:www.Sidoniopardal.com..
25. PEREIRA, Paulo Trigo et al, Economia e Finanças Públicas, Escolar Editora, 2005.
26. PEREIRA, Paulo Trigo, Economia e Finanças Públicas – Da Teoria à Prática, Edição
Almedina: Coimbra, 2008.
27. PINA, Carlos Costa et all. As Reformas Fiscais Africanas. [ed.] Carlos Costa Pina.
Lisbao: Fins do Século, 1998.
118
39. WEIMER, Bernhard, Moçambique: Descentralizar O Centralismo? Economia Política,
Recursos e Resultados, Maputo: Compres, 2012
ANEXO B: Revistas:
1. Delloitte e Acis. Visão Geral do Sitema Tibutário em Moçambique. [ed.] Delloit e Acis.
1a Edição, Outubro 2008;
ANEXO C: Legislação
1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Aprovada pela Assembleia da
República em 16 de Novembro de 2004,
2. LEIS
✓ Lei n.º 6/2007 de 09 de Fevereiro – Br. n.º 06, I.ª Série, 2.º Suplemento, - Altera o
Regime da Tutela sobre as autarquias locais, estabelecido pela lei n.º 7/97, de 31 de
Maio.
✓ Lei n.º 7/97 de 31 de Maio; Br. n.º 22, I.ª Série, 2.º Suplemento
✓ Lei n.º 9/96, de 22 de Novembro, Br. n.º 35, Iª Série, Suplemento – Aprova a
Introdução do Poder Local Do Estado na CRM de 1990;
✓ Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro, Br. n.º 07, Iª Série, Suplemento - Aprova a Lei
Quadro Para a implantação das Autarquias Locais em Moçambique;
✓ Lei n.º 9/2002, Br, n.º 15, Iª Série, 2.ºSuplemento, que Aprova a o Sistema de
Administração Financeira do Estado – SISTAFE;
✓ Lei n.º 8/2003, de 19 de Maio, Br. n.º 20, Iª Série, 2.º Suplemento, Aprova a Lei dos
Órgãos Locais do Estado – LOLE;
✓ Lei n.º 2/2006, de 22 de Março, Br. n.º 30 , I Série, - Aprova a Lei Geral Tributária;
✓ Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro, Br. n.º 3, I Série – Define o Regime Financeiro,
Orçamental e Patrimonial das Autarquias Locais e o Sistema Tributário Autárquico;
✓ Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, Br. n.º 26, I Série – Aprova a Lei de Bases do Sistema
Tributário;
3. DECRETOS
✓ Decreto n. 38/2005, de 29 de Agosto, Br. nº. 34, I Série – Altera o código de imposto
de selo;
✓ Decreto – n.º 33/2006 de 30 de Agosto, Br. n.º 35, I Série – Estabelece os
procedimentos para transferência de funções dos Órgãos Centrais do Estado para
as Autarquias locais;
119
✓ Decreto n.º 1/82, de 06 de Janeiro. Br. n.º 1, I Série. – Introduz alteração ao Código
de Impostos Sobre o Rendimento;
✓ Decreto n.º 61/2010, de 27 de Dezembro, Br.º n.º 51, I Série. – Aprova os
mecanismos de determinação e correcção do valor patrimonial dos prédios urbanos
situados na autarquia e sujeitos ao IPRA;
✓ Decreto n.º 63/2008, de 30 de Dezembro, Br n.º 52, I Série. – Aprova o Código
Tributário Autárquico;
4. Resolução n.º 5/77 de 01 de Setembro, Br. n.º 101, I Série. – Aprova os princípios
gerais da nova política fiscal;
Lista de Fórmulas
Fórm. 2. Fórmula para Determinação do Valor Patrimonial ..................................................X
120