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Jennie Latileja Sitole Mabuleza Beira, Agosto/2017

ISCED

Manual de Curso de Licenciatura em Direito

4º Ano

Disciplina: Direito dos Contratos

Código: ISCED41 – CJURCFE031

TOTAL HORAS/Io SEMSTRE: 115

CRÉDITOS (SNATCA): 5

Número de Temas: 11

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED).

JL Mabuleza/17
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total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
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Agradecimentos

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância  Coordenação do Programa das


licenciaturas e o autor que elaborou o presente manual, Dr. Jorge Jeremias Chamussola
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste
manual:

JL Mabuleza/17
Pelo design e revisão final Prof. Dr. Horácio Emanuel N’Vunga e
Prof.Dr. Zacarias Medeiro
Financiamento e Logística SCA – Consultores; com especial destaque à
pessoa do Dr. Robert Filimon Cambine.

Elaborado Por:
Dr. Jennie Latileja Sitole Mabuleza, Mestre em Direito pela Unizambeze.

JL Mabuleza/17
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos i

Contents

Visão geral 1
Benvindo ao Módulo de Direito dos Contratos ................................................................ 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6
Avaliação ........................................................................................................................... 6

TEMA – I: INTRODUÇÃO AOS ESTUDO DOS CONTRATOS 9


UNIDADE Temática 1.1. Generalidades sobre o Contrato................................................ 9
Introdução......................................................................................................................... 9
1. Generalidades sobre o contrato ............................................................................. 10
2. Formação do Contrato ........................................................................................... 11
3. Condições de Validade .......................................................................................... 13
4. Princípios Fundamentais do Direito dos Contratos .............................................. 15
5. A interpretação do contrato ................................................................................... 18
Sumário ........................................................................................................................... 19
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 20
Exercícios ........................................................................................................................ 21
UNIDADE Temática 1.2. Classificação dos Contratos ..................................................... 22
Introdução....................................................................................................................... 22
1. Classificação dos contratos quanto ao modo de formação .................................... 22
2. Classificação dos contratos quanto aos efeitos...................................................... 22
3. Classificação dos contratos entre sinalagmáticos e não sinalagmáticos ............... 23
4. Classificação dos contratos entre onerosos e gratuitos ......................................... 23
5. Classificação dos contratos entre comutativos e aleatórios................................... 24
6. Contratos nominados e inominados. Contratos típicos e atípicos ......................... 24
7. Contratos mistos .................................................................................................... 25
8. A união de contratos .............................................................................................. 25
9. Contratos preliminares .......................................................................................... 25
Sumário ........................................................................................................................... 26
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 26
Exercícios ........................................................................................................................ 27
UNIDADE Temática 1.3.Exercícios do Tema I ................................................................. 28
Bibliografia do Tema ....................................................................................................... 30

TEMA – II: CONTRATO A FAVOR DE TERCEIRO E CONTRATO PARA PESSOA A NOMEAR 31


UNIDADE Temática 2.1. Contrato a favor de Terceiro e Contrato para Pessoa a Nomear31
Introdução....................................................................................................................... 31

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I - Contrato a favor de Terceiro ...................................................................................... 31


2. Modalidades de contrato a favor de terceiro ......................................................... 33
3. O regime normal do contrato a favor de terceiro .................................................. 33
4. Regimes especiais.................................................................................................. 34
II - O contrato para a pessoa a nomear ........................................................................... 36
1. Noção e regime ...................................................................................................... 36
2. Natureza jurídica ................................................................................................... 37
Sumário ........................................................................................................................... 37
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 38
Exercícios ........................................................................................................................ 39
UNIDADE Temática 1.2.Exercícios do Tema II ................................................................ 40
Bibliografia do Tema ....................................................................................................... 41

TEMA – III: EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 42


UNIDADE Temática 2.1. Extinção dos Contratos ............................................................ 42
Introdução....................................................................................................................... 42
1. O Cumprimento ..................................................................................................... 43
2. Revogação ............................................................................................................. 43
3. Resolução .............................................................................................................. 43
4. Denúncia ................................................................................................................ 44
5. Caducidade ............................................................................................................ 44
6. A oposição à renovação ......................................................................................... 44
Sumário ........................................................................................................................... 45
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 45
Exercícios ........................................................................................................................ 47
UNIDADE Temática 2.2. Exercícios do Tema III .............................................................. 47
Bibliografia do Tema ....................................................................................................... 49

TEMA – IV: DOS CONTRATOS RELACIONADOS COM A PROPRIEDADE 50


UNIDADE Temática 4.1. Contrato de Compra e Venda .................................................. 50
Introdução....................................................................................................................... 50
1. Compra e Venda .................................................................................................... 50
1.1. Noção e Forma ............................................................................................. 51
1.2. Características da compra e venda ............................................................... 51
1.3. Elementos da compra e venda...................................................................... 51
1.4. Venda de coisa ou direito litigioso............................................................... 53
1.5. Venda a filhos ou netos ................................................................................ 53
1.6. Despesas do contrato.................................................................................... 54
1.7. Efeitos da compra e venda ........................................................................... 54
1.8. Venda de Bens futuros, frutos pendentes e partes componentes ou
integrantes 54
1.9. Bens de existência ou titularidade incerta .................................................... 54
1.10. Vendas de bens alheios ................................................................................ 54
1.11. Venda a prestações ....................................................................................... 55
Sumário ........................................................................................................................... 56
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 56
Exercícios ........................................................................................................................ 57

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UNIDADE Temática 3.2. Contrato de Locação ................................................................ 58


Introdução....................................................................................................................... 58
1. Noção..................................................................................................................... 58
2. Obrigações do locador ........................................................................................... 59
3. Vício da coisa locada ............................................................................................. 59
4. Obrigações do locatário ......................................................................................... 60
5. Pagamento da renda ou aluguer ............................................................................. 60
Sumário ........................................................................................................................... 61
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 61
Exercícios ........................................................................................................................ 62
UNIDADE Temática 3.3. Exercícios do Tema IV .............................................................. 63
Bibliografia do Tema ....................................................................................................... 65

TEMA – V: CONTRATO DE EMPRÉSTIMO 66


UNIDADE Temática 5.1. Comodato e Mútuo.................................................................. 66
Introdução....................................................................................................................... 66
I - Comodato ................................................................................................................... 67
1. Noção .......................................................................................................................... 67
2. Fim do contrato ..................................................................................................... 67
3. Actos que impedem ou diminuem o uso da coisa ................................................. 67
4. Obrigações do comodatário ................................................................................... 67
5. Perda ou deterioração da coisa .............................................................................. 67
6. Restituição ............................................................................................................. 68
II - Mútuo ........................................................................................................................ 68
1. Noção..................................................................................................................... 68
2. Usura ..................................................................................................................... 69
3. Prazo do mútuo oneroso ........................................................................................ 69
4. Impossibilidade de restituição ............................................................................... 69
5. Resolução do contrato ........................................................................................... 70
Sumário ........................................................................................................................... 70
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 70
Exercícios ........................................................................................................................ 71
UNIDADE Temática 5.2. Exercícios do Tema V ............................................................... 72
Bibliografia do Tema ....................................................................................................... 73

TEMA – VI: CONTRATOS SOBRE SERVIÇOS 74


UNIDADE Temática 6.1. Mandato e depósito ................................................................ 74
Introdução....................................................................................................................... 74
I - Prestação de serviço ................................................................................................... 74
1. Noção..................................................................................................................... 74
2. Modalidade do contrato ......................................................................................... 74
II - Mandato .................................................................................................................... 75
1. Noção..................................................................................................................... 75
2. Obrigações do mandatário ..................................................................................... 76
3. Inexecução do mandato ou a inobservância das instruções .................................. 76
4. Juros devidos pelo mandatário .............................................................................. 76
5. Substituto e auxiliares do mandatário ................................................................... 76

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6. Pluralidade de mandatários ................................................................................... 76


7. Obrigações do mandante ....................................................................................... 77
8. Revogação e caducidade do mandato .................................................................... 77
9. Mandato com representação .................................................................................. 78
10. Mandato sem representação (Mandatário que age em nome próprio ) ................ 78
11. Direitos adquiridos em execução do mandato ....................................................... 78
12. Responsabilidade do mandatário ........................................................................... 78
III - Depósito ................................................................................................................... 78
1. Noção..................................................................................................................... 78
2. Direitos e obrigações do depositário ..................................................................... 79
3. Turvação da detenção ou esbulho da coisa ........................................................... 79
4. Guarda da coisa ..................................................................................................... 79
5. Depósito cerrado.................................................................................................... 80
6. Restituição da coisa ............................................................................................... 80
7. Terceiro interessado no depósito ........................................................................... 80
8. Obrigações do depositante..................................................................................... 81
9. Remuneração do depositário ................................................................................. 81
10. Depósito de coisa controvertida ............................................................................ 81
11. Depósito irregular .................................................................................................. 81
Sumário ........................................................................................................................... 81
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 82
Exercícios ........................................................................................................................ 83
UNIDADE Temática 6.2. Empreitada............................................................................... 84
Introdução....................................................................................................................... 84
III - Empreitada ............................................................................................................... 84
1. Noção..................................................................................................................... 85
2. Determinação e pagamento do preço .................................................................... 85
3. Propriedade da obra ............................................................................................... 85
4. Subempreitada ....................................................................................................... 85
5. Alterações e obras novas ....................................................................................... 86
6. Defeitos da obra..................................................................................................... 87
7. Responsabilidade dos subempreiteiros .................................................................. 88
8. Impossibilidade de cumprimento e risco pela perda ou deterioração da obra ....... 88
9. Extinção do contrato .............................................................................................. 89
Sumário ........................................................................................................................... 89
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 89
Exercícios ........................................................................................................................ 90
UNIDADE Temática 6.3. Exercícios do Tema VI .............................................................. 91
Bibliografia do Tema ....................................................................................................... 93

TEMA – VII: CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DA RENDA 94


UNIDADE Temática 7.1. Renda Perpétua e Renda Vitalícia............................................ 94
Introdução....................................................................................................................... 94
I - Renda perpétua ........................................................................................................... 94
1. Noção e Forma ...................................................................................................... 95
2. Resolução do contrato ........................................................................................... 95
3. Remição ................................................................................................................. 95
II - Renda vitalícia .......................................................................................................... 95

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1. Noção e Forma ...................................................................................................... 95


2. Duração da renda ................................................................................................... 96
3. Resolução do contrato ........................................................................................... 96
4. Remição e Prestações antecipadas ........................................................................ 96
Sumário ........................................................................................................................... 96
Exercícios de Auto-Avaliação .......................................................................................... 97
Exercícios ........................................................................................................................ 98
UNIDADE Temática 7.2. Exercícios do Tema VII ............................................................. 98
Bibliografia do Tema ..................................................................................................... 100

TEMA – VIII: CONTRATO DE TRANSPORTE 101


UNIDADE Temática 8.1. Contrato de Transporte ......................................................... 101
Introdução..................................................................................................................... 101
I - Disposições gerais .................................................................................................... 101
1. Noção e Modalidades .......................................................................................... 101
2. Preço .................................................................................................................... 102
II - Transporte de pessoas ............................................................................................. 103
1. Duração e Excução do contrato de transporte ..................................................... 103
2. Bilhete de passagem ............................................................................................ 103
3. Obrigações do passageiro .................................................................................... 104
4. Responsabilidade do transportador ..................................................................... 104
5. Rescisão do contrato pelo passageiro .................................................................. 105
III - Transporte de coisas .............................................................................................. 105
1. Duração ............................................................................................................... 105
2. Indicações e entrega de documentos ................................................................... 106
3. Guia de transporte ............................................................................................... 106
4. Responsabilidade do transportador perante o expedidor .......................................... 106
5. Responsabilidade pela perda ou deterioração dos bens ....................................... 106
Sumário ......................................................................................................................... 107
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 107
Exercícios ...................................................................................................................... 108
UNIDADE Temática 8.2. Exercícios do Tema VIII .......................................................... 109
Bibliografia do Tema ..................................................................................................... 111

TEMA – IX: CONTRATO DE SEGURO 112


UNIDADE Temática 9.1. Contrato de Seguro ................................................................ 112
Introdução..................................................................................................................... 112
1. Noção................................................................................................................... 112
2. Tipos de seguro ................................................................................................... 113
3. Sujeitos do contrato de seguro............................................................................. 114
4. Celebração do contrato ........................................................................................ 115
5. Forma e conteúdo do contrato de seguro ............................................................. 115
6. Apólice de seguro ................................................................................................ 115
7. Duração ............................................................................................................... 115
8. Prémio de seguro ................................................................................................. 116
9. Sinistro................................................................................................................. 116
10. Cessação do contrato de seguro........................................................................... 117

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Sumário ......................................................................................................................... 117


Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 118
Exercícios ...................................................................................................................... 119
UNIDADE Temática 9.2. Exercícios do Tema III ............................................................ 120
Bibliografia do Tema ..................................................................................................... 122

TEMA – X: FIANÇA 123


UNIDADE Temática 10.1. Fiança ................................................................................... 123
Introdução..................................................................................................................... 123
1. Noção................................................................................................................... 123
2. Forma de fiança ................................................................................................... 124
3. Principais características da fiança ...................................................................... 124
4. Extinção da fiança ............................................................................................... 125
Sumário ......................................................................................................................... 126
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 126
Exercícios ...................................................................................................................... 127
UNIDADE Temática 10.2. Exercícios do Tema X ........................................................... 128
Bibliografia do Tema ..................................................................................................... 129

TEMA – XI: TRANSAÇÃO E COMPROMISSO 130


UNIDADE Temática 11.1. Transacção e Compromisso ................................................. 130
Introdução..................................................................................................................... 130
1. Noção e Forma .................................................................................................... 130
2. Objecto da transacção .......................................................................................... 131
II - Compromisso/arbitragem........................................................................................ 131
1. Conceito............................................................................................................... 131
2. Cláusula compromissóriae compromisso arbitral ............................................... 132
3. Espécies de compromisso arbitral ....................................................................... 132
Sumário ......................................................................................................................... 132
Exercícios de Auto-Avaliação ........................................................................................ 133
Exercícios ...................................................................................................................... 134
UNIDADE Temática 11.2. Exercícios do Tema XI .......................................................... 135
Bibliografia do Tema ..................................................................................................... 136

Exercícios Finais do Módulo 137


Soluções dos Exercícios Finais do Módulo .................................................................... 142

BIBLIOGRAFIA 145

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos vii

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ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 1

Visão geral

Benvindo ao Módulo de Direito dos Contratos

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Direito dos Contratos


deverás ser capaz de: ter domínio dos aspectos gerais sobre os
contratos tais como a definição, formação, condições de validade,
princípios gerais, classificação e formas de extinção. Deverá
também ter domínio dos contratos em especial, isto é conhecer o
regime jurídico dos contratos nominados e típicos do nosso
ordenamento jurídico

 Conhecer o conceito e o objecto do Direito dos Contratos;


 Conhecer o modo de formação e condições de validade dos
contratos;
 Conhecer as principais classificações dos contratos
 Conhecer os principais princípios de contratos
Objectivos  Conhecer o regime jurídico dos contratos ligados com a
Específicos propriedade;
 Conhecer o regime jurídico dos contratos de empréstimo;
 Conhecer o regime jurídico dos contratos de prestação de
serviços;
 Conhecer o regime jurídico dos contratos de transporte e de
seguro;
 Conhecer o regime jurídico dos contratos de fiança;
 Conhecer o regime jurídico dos contratos transacção e
compromisso.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de


licenciatura em Direito. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores
que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa
disciplina, esses serão bem vindos, não sendo necessário para tal
se inscrever. Mas poderá adquirir o manual.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 1
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 2

Como está estruturado este módulo

Este módulo de Direito dos Contratos, para estudantes do 2º ano


do curso Direito, à semelhança dos restantes do ISCED, está
estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como
componente de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por
um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade
temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de
auto-avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os
exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades
práticas algumas incluído estudo de casos.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED pensando em si,


num cantinho, mesmo o recôndito deste nosso vasto Moçambique
e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu
módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos
relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-
ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital
moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus
estudos.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 2
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 3

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc. deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que
graças as suas observações, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa,
uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos
estudos, procedendo como se segue:

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 3
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 4

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou


as de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo
melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da
semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num
sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em
cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; Deve
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler


e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos
conteúdos de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos
das actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo,
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 4
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 5

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas
trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR),
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 5
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 6

O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%


do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os Direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do Direito intelectual do(s) autor(es). Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos Direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja
uma avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária,
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 6
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 7

avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de


avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos Direitos do autor, entre outros. Os
objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 7
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 9

TEMA – I: INTRODUÇÃO AOS ESTUDO DOS CONTRATOS


UNIDADE Temática 1.1. Generalidades sobre o Contrato
UNIDADE Temática 1.2. Classificação dos Contratos
UNIDADE Temática 1.3. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 1.1. Generalidades sobre o Contrato

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos gerais sobre os contratos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber definir e enquadrar o contrato no âmbito das


obrigações
Objectivos  Dominar as técnicas interpretativas dos contratos;
 Conhecer as condições de validade dos contratos;
 Conhecer os princípios do Direito dos Contratos;
 Conhecer os regimes jurídicos da proposta e da aceitação.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 9
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 10

Fonte: http://www.a7technology.com.br/nossos-servicos/solucoes-em-
ti/contrato-de-suporte-tecnico-em-informatica/, disponível em 15 de
Agosto de 2017.

1. Generalidades sobre o contrato


Os negócios jurídicos costumam ser distinguidos em unilaterais, que
são os que possuem apenas uma parte, e contratos, que são os que
possuem duas ou mais partes. Normalmente, o contrato possui
apenas duas partes, e por isso, é designado de negócio jurídico
bilateral. Pode, porém, o contrato ter cariz multilateral quando tem
mais que duas partes, sucede no contrato de sociedade (art. 980º).

Na definição tradicional, entende-se por parte, não uma pessoa, mas


antes o titular de um interesse, o que poderia implicar que duas ou
mais pessoas constituíssem uma única parte, quando tivessem
interesses comuns. Dai a exigência de uma contraposição de
interesses, na autoria das declarações negociais, contraposição essa
que seria resolvida através precisamente da estipulação contratual.
Falar-se-ia, por isso, em que o contrato constituiria num “acordo
vinculado, assente sobre duas ou mais declarações de vontade (oferta
ou proposta, de um lado; aceitação do outro) contrapostas, mas
perfeitamente harmonizáveis entre si, que visam estabelecer uma
regulamentação unitária de interesses” ou que nele existe “a
manifestação de duas ou mais vontades, com conteúdos diversos,
prosseguindo distintos interesses e fins, até opostos, mas que se
ajustam reciprocamente para a produção de um resultado unitário.
Mas a referencia a interesses tem sido criticado, não apenas por fazer
apelo a uma realidade extra jurídica, mas também porque os vários
intervenientes num negócio unilateral podem ter interesses diversos,

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 10
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 11

sem prejuízo da sua posição comum.

Contrato é fonte de obrigação. Fonte é o facto que dá origem a


esta, de acordo com as regras de direito. Os factos humanos que
o Código Civil moçambicano considera geradores de obrigação são: a)
contratos, b)negócios unilaterais, c) Gestão de negócios,
d)enriquecimento sem causa e e)responsabilidade civil.

2. Formação do Contrato

2.1. A proposta

O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a


aceitação. A primeira, também
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 11
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 12

chamada oferta, dá início à formação do contrato e não depende, em


regra, de forma especial. É antecedida de uma fase, às vezes
prolongada, de negociações preliminares (conversações, estudos),
também denominada fase da pontuação. Nesta, como as partes ainda
não manifestaram a sua vontade, não há nenhuma vinculação ao
negócio. Qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando
desinteresse, sem responder por perdas e danos. Tal
responsabilidade só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada
intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causar dano ao
outro contraente (perda de outro negócio, ou realização de despesas,
p. ex.). O fundamento para o pedido de perdas e danos da parte
lesada não é, nesse caso, o incumprimento contratual, mas a prática
de um ilícito civil. A proposta, desde que séria e consciente, vincula o
proponente. Pode ser provada por testemunhas, qualquer que seja o
seu valor. A sua retirada sujeita o proponente ao pagamento das
perdas e danos. A lei abre, entretanto, várias excepções a
essa regra. Dentre elas não se encontram, contudo, a morte ou a
interdição do proponente. Nesses dois casos, respondem,
respectivamente, os herdeiros ou curadores do incapaz pelas
consequências jurídicas do ato (art. 226).

2.1.1. Duração de proposta contratual

A proposta de contrato obriga o proponente nos termos seguintes:


a) Se for fixado pelo proponente ou convencionado pelas
partes um prazo para a aceitação, a proposta mante-se até
o prazo findar;
b) Se não fixado prazo, mas o proponente pedir resposta
imediata, a proposta mantem-se até que, em condições
normais, esta e a aceitação cheguem ao seu destino;
c) Se não for fixado o prazo e a proposta for feita a pessoa
ausente ou, por escrito, a pessoa presente, manter-se-á até
cinco dia depois do prazo que resulta do preceituado na
alínea precedente.

2.2. A aceitação

Aceitação é a concordância com os termos da proposta. É


manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído
o contrato. Para tanto, deve ser pura e simples.

A aceitação com adiantamentos, limitações ou outras modificações


importa a rejeição da proposta, mas, se a modificação for
suficientemente precisa, equivale a nova proposta, contanto que
outro sentido não resulte de declaração.

A aceitação pode ser expressa ou tácita. A primeira decorre de

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 12
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 13

declaração do aceitante, manifestando a sua anuência; a segunda, de


sua conduta, reveladora do consentimento. Dispensa de declaração de
aceitação quando a proposta, a própria natureza ou circunstâncias do
negócio, ou os usos tornem dispensável a declaração de aceitação,
tem-se o contrato por concluído logo que a conduta da outra parte
mostrar a intenção de aceitar a proposta.

2.2.1 Revogação da aceitação ou da rejeição

Se o destinatário rejeitar a proposta, mas depois a aceitar, prevalece a


aceitação, desde que esta chegue ao poder do proponente, ou seja
dele conhecida, ao mesmo tempo que a rejeição, ou antes dela.

A aceitação pode ser revogada mediante declaração que ao mesmo


tempo, ou antes dela, chegue ao poder do proponente ou seja dele
conhecida.

2.3. Âmbito do acordo de vontades

O contrato não fica concluído enquanto as partes não houverem


acordado em todas as cláusulas sobre as quais qualquer delas tenha
julgado necessário o acordo (art. 232)

3. Condições de Validade
Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas
espécies:

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 13
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 14

a)De ordem geral ,comuns a todos os actos e negócios


jurídicos, como a capacidade do agente, o objecto lícito,
possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou
não defesa em lei;

b)De ordem especial , específico dos contratos: o


consentimento recíproco ou acordo de vontades.

A capacidade dos contratantes é, pois, o primeiro requisito (condição


subjectiva) de ordem geral para a validade dos contratos. Estes serão
nulos (art. 286) ou anuláveis (art. 287), se a incapacidade, absoluta ou
relativa, não for suprida pela representação ou pela assistência. O
objecto do contrato há-de ser lícito, isto é, não atentar contra alei, a
moral ou os bons costumes (condição objectiva).

Além de lícito, o objecto do contrato deve ser, também,


possível, determinado ou determinável. Com efeito, o art. 280, do
Código Civil declara nulo o negócio jurídico quando for ilícito,
impossível ou indeterminável o seu objecto. A impossibilidade da
prestação pode ser física ou jurídica. A primeira é a que emana de
leis físicas ou naturais. Deve ser absoluta, isto é, atingir a todos,
indistintamente (p. ex., a de colocar a água dos oceanos em um copo
d’água). A relativa, que atinge o devedor mas não outras pessoas, não
constitui obstáculo ao negócio jurídico. Impossibilidade jurídica do
objecto ocorre quando o ordenamento proíbe negócios a respeito de
determinado bem, como a herança de pessoa viva, as coisas fora do
comércio etc. A ilicitude do objecto é mais ampla, pois abrange actos
contrários à moral e aos bons costumes. O objecto do contrato, por
fim, deve ter algum valor económico. Um grão de areia, por exemplo,
não interessa ao mundo jurídico, por não susceptível de apreciação
económica terceiro requisito de validade do negócio jurídico é a
forma ( forma dat esse rei , ou seja, a forma dá existência às coisas).
Deve ser a prescrita ou não defesa em lei. Em regra, a forma é livre. As
partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou
verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior
segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou
particular. Em alguns casos a lei reclama também a publicidade,
mediante o sistema de Registros Públicos.

O requisito de ordem especial, próprio dos contratos, é o


consentimento recíproco ou acordo de vontades. Deve ser livre e
espontâneo, sob pena de ter a sua validade afectada pelos vícios ou
defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coacção, estado
de perigo, lesão e fraude. A manifestação da vontade, nos contratos,
pode ser tácita, quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art.
218).

O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade


quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for
necessária a declaração de vontade
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 14
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 15

expressa (CC, art. 218), e, também, quando a lei o autorizar, ou, ainda,
quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato. Nesses
casos o silêncio é considerado circunstanciado ou qualificado.

Como o contrato, por definição, é um acordo de vontades, não se


admite a existência de auto contrato ou contrato consigo mesmo. O
que há, na realidade, são situações que se assemelham a contrato
dessa natureza, como ocorre no cumprimento de mandato em causa
própria, previsto no art. 261 do Código Civil, em que o mandatário
recebe poderes para alienar determinado bem, por determinado
preço, a terceiros ou a si próprio. Na última hipótese, aparece apenas
uma pessoa ao acto da lavratura da escritura, mas
só aparentemente, porque o mandatário está ali também
representando o mandante. Este, quando da outorga da procuração,
já fez uma declaração de vontade.

4. Princípios Fundamentais do Direito dos Contratos


Os mais importantes princípios do Direito dos contratos, segundo
CARLOS GONÇALVES , são:

a)Princípio da autonomia da vontade

Significa ampla liberdade de contratar. Têm as partes a faculdade


de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado.
Podem celebrar contratos nominados ou fazer combinações, dando
origem a contratos inominados. Tal princípio teve o seu apogeu após a
Revolução Francesa, com a predominância do individualismo e a
pregação de liberdade em todos os campos, inclusive no contratual.
Como a vontade manifestada deve ser respeitada, a avença faz lei
entre as partes, assegurando a qualquer delas o direito de exigir o seu
cumprimento.

b)Princípio da supremacia da ordem pública

— Limita o da autonomia da vontade, dando prevalência ao interesse


público. Resultou da constatação, feita no início do século passado e
em face da crescente industrialização, de que a ampla liberdade
de contratar provocava desequilíbrios e a exploração do
economicamente mais fraco. Em alguns sectores fazia-se mister a
intervenção do Estado, para restabelecer e assegurar a igualdade dos
contratantes.

c)Princípio do consensualismo

— Decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do


consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da
coisa. A compra e venda, por exemplo, quando pura, torna-se
perfeita e obrigatória, desde que as partes acordem no objecto e no
preço. O contrato já estará perfeito e

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 15
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 16

acabado desde o momento em que o vendedor aceitar o preço


oferecido pela coisa, independentemente da entrega desta. O
pagamento e a entrega do objecto constituem outra fase, a do
cumprimento das obrigações assumidas pelos contraentes. Os
contratos são, em regra, consensuais. Alguns poucos, no entanto, são
reais (do latim res: coisa), porque somente se aperfeiçoam com a
entrega do objecto, subsequente ao acordo de vontades.
Este, por si, não basta. O contrato de depósito, por exemplo, só se
aperfeiçoa depois do consenso e da entrega do bem ao depositário.
Enquadram-se nessa classificação, também, dentre outros, os
contratos de comodato e mútuo.

d)Princípio da relatividade dos contratos

— Funda-se na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em


relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, não
afectando terceiros. Desse modo, a obrigação, não sendo
personalíssima, opera somente entre as partes e seus sucessores, a
título universal ou singular. Só a obrigação personalíssima não vincula
os sucessores. O aludido princípio comporta, entretanto, algumas
excepções expressamente consignadas na lei, permitindo estipulações
em favor de terceiros (art. 443)

e)Princípio da obrigatoriedade dos contratos

— Representa a força vinculante das acordos. Pelo princípio


da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar. Os que o
fizerem, porém, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo.
Tem por fundamentos:

a) A necessidade de segurança nos negócios (função social dos


contratos), que deixaria de existir se os contratantes pudessem
não cumprir a palavra empenhada, gerando a balbúrdia e o
caos;

b)A intangibilidade ou imutabilidade do contrato, decorrente


da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as
partes ( pacta sunt ser-vanda), não podendo ser alterado nem
pelo juiz. Qualquer modificação ou revogação terá de ser,
também, bilateral. O seu incumprimento confere à parte
lesada o direito de fazer uso dos instrumentos judiciários para
obrigar a outra a cumpri-lo, ou a indemnizar pelas perdas e
danos, sob pena de execução patrimonial (CC, art.389). A
única limitação a esse princípio, dentro da
concepção clássica, é a escusa por caso fortuito ou força
maior, consignada no art.393 e parágrafo único do Código Civil.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 16
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 17

f)Princípio da revisão dos contratos (ou da onerosidade


excessiva)

Opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permite aos contratantes


recorrerem ao Judiciário para obter alteração da convenção e
condições mais humanas, em determinadas situações. Originou-se na
Idade Média, mediante a constatação, atribuída a Neratius, de que
factores externos podem gerar, quando da execução da avença, uma
situação muito diversa da que existia no momento
da celebração, onerando excessivamente o devedor. A teoria recebeu
o nome de rebussic stantibus, e consiste basicamente
em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de
execução diferida, a existência implícita (não expressa) de uma
cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a
inalterabilidade da situação de facto. Se esta, no entanto, modificar-se
em razão de acontecimentos extraordinários (uma guerra, p. ex.), que
tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento,
poderá este requererão juiz que o isente da obrigação, parcial ou
totalmente. Depois de permanecer longo tempo no esquecimento, a
referida teoria foi lembrada no período da I Guerra Mundial de 1914 a
1918,que provocou um desequilíbrio nos contratos de
longo prazo. Alguns países regulamentaram a revisão dos contratos
em leis próprias. Na França, editou-se a Lei Faillot , de 21 de Janeiro de
1918. Na Inglaterra, recebeu a denominação de Frustration of
Adventure. Em Moçambique está previsto no artigo 437 do CC.

g) Princípio da boa-fé

— Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante


os preliminares, como também durante a formação e o cumprimento
do contrato (art 227).

O princípio da boa-fé biparte-se em boa-fé subjectiva, também


chamada concepção psicológica da boa-fé, e boa-fé objectiva,
também denominada concepção ética da boa-fé. A primeira diz
respeito ao conhecimento ou à ignorância da pessoa relativamente a
certos factos. Serve à protecção daquele que tem a consciência de
estar agindo conforme o direito, apesar de ser outra a realidade. A
boa-fé objectiva classifica-se como norma de comportamento,
fundada em um princípio geral do direito segundo o qual todos devem
agir de boa-fé nas suas relações recíprocas. Nessa acepção, está
fundada na honestidade, na rectidão, na lealdade e
na consideração para com os interesses do outro contraente, em
especial no sentido de não lhe sonegar informações relevantes a
respeito do objecto e conteúdo do negócio.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 17
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 18

5. A interpretação do contrato

5.1. As declarações das partes

O contrato supõe mútuo consenso. Torna-se muito difícil admitir que


alguém fique vinculado sobre um conteúdo de que não se apercebeu.

Está em causa particularmente a posição do declaratório. Se alguém


aceita uma proposta porque lhe deu um entendimento que não seria
normal, há um dissenso. As partes consentiram em realidades
diferentes.

Havendo dissenso, não há contrato. Mas se ao declaratório (ou


declarante, em posição recíproca) for imputável esse dissenso, há
responsabilidade pré-contratual, com as consequências próprias
desta.

5.2. Interpretação do contrato em si

Uma coisa é interpretar a proposta (e eventualmente a aceitação) –


portanto, interpretar actos unilaterais, outra interpretar o contrato
global.

O contrato é negócio jurídico complexo. Encontram-se e fundem-se as


declarações das partes. A interpretação do contrato tem de fazer-se
atendendo simultaneamente à declarações de todas as partes, porque
todas são simultaneamente declarante e declaratório.

A situação é particularmente nítida em todos aqueles casos em que há


uma declaração conjunta, que é obra das partes intervenientes. A
sequência proposta/aceitação não é fatal, pelo contrário, são mais
frequentes os casos em que não se delimitam estes aspectos. Nesses
casos, o objecto da interpretação sai necessariamente do círculo
proponente/aceitante.

Mas mesmo quando há proposta e aceitação a sua fusão no contrato


obriga a processos especiais de interpretação. Qualquer interveniente
é simultaneamente declarante e declaratório. Portanto, em relação a
todos será necessário ensaiar a posição em que se encontram perante
a declaração alheia, e colocar um declaratório ideal na posição do
declaratório real.

Por exemplo: se os sentidos atribuídos pelas partes a uma cláusula


contratual variam, não basta pesquisar quem apresentou a proposta
que veio depois definitivamente a ser aceite. Pode ser que esse
aspecto tenha sido justamente apresentado pelo ora aceitante, e
integrado pela outra parte na contraproposta que apresentou. Todas
as apreciações a fazer, nomeadamente sobre a possibilidade de o
declaratório poder ou não razoavelmente contar com o sentido do

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 18
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 19

declarante, tem de se referir a cada parte interveniente.

Daqui resulta que a interpretação do contrato é sempre uma


interpretação complexa, em que os sentidos apurados em relação a
cada parte se tem de conjugar numa interpretação global final.

O resultado poderá ser a revelação do dissenso, que liquida o


contrato. Normalmente, porém, será a revelação dum sentido que
valha para ambas.

Esta busca do sentido comumente decisivo é antes de mais a busca do


próprio sentido comum. O que as partes comummente quiseram
guiará a interpretação, ainda que os termos utilizados não sejam os
mais adequados para o exprimir.

O entendimento comum encontra frequentemente uma


demonstração muito elucidativa na própria maneira como as partes
executaram o contrato. Se este, sem dissídio, foi executado em certo
sentido, há que presumir que se exprime o entendimento comum. Só
a demonstração de um facto que justifique de maneira diferente
aquele comportamento desarma a presunção a favor do
entendimento comum.

Suponhamos porém que não se apura um entendimento comum. A


interpretação fixar-se-á no sentido razoável. A interpretação é
teleológica. Será a própria justificação objectiva do contrato, mais que
a sacralidade das fórmulas, que dirá qual o sentido com que o contrato
deve definitivamente valer.

Podemos por isso concluir que a interpretação do contrato representa


uma espécie de super-interpretação, sem relação à interpretação do
negócio jurídico ex-art. 236. Todos os elementos neste consagrados,
quer objectivos quer subjectivos, devem valer para as partes no
negócio. Na sua observância, será construído um sentido que, mesmo
quando não subjectivamente comum, é o sentido comum objectivo do
contrato.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Os negócios jurídicos costumam ser distinguidos em


unilaterais, que são os que possuem apenas uma parte, e
contratos, que são os que possuem duas ou mais partes.
Normalmente, o contrato possui apenas duas partes, e por
isso, é designado de negócio jurídico bilateral;

 O contrato supõe mútuo consenso. Torna-se muito difícil


admitir que alguém fique vinculado sobre um conteúdo de que

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 19
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 20

não se apercebeu;

 O contrato não fica concluído enquanto as partes não


houverem acordado em todas as cláusulas sobre as quais
qualquer delas tenha julgado necessário o acordo.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O Normalmente, o contrato possui apenas duas partes, e por
isso, é designado de negócio jurídico bilateral
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

2. Pode o contrato ter cariz multilateral.


 Certo
 Errado
Resposta: Certo

3. Os negócios jurídicos só são unilaterais


 Certo
 Errado
Resposta: Errado

4. Se alguém aceita uma proposta porque lhe deu um


entendimento que não seria normal, há um:
a) Concenso
b) Senso
c) Dissenso
d) Amizade
Resposta: c) Dissenso

5. O contrato é um negócio jurídico:


a) Simples
b) Complexo
c) Vazio
d) Vácuo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 20
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 21

Resposta: b) Complexo

Exercícios
1. Na definição tradicional, entende-se por parte, não uma pessoa,
mas antes o titular de um interesse.
 Certo
 Errado

2. O contrato constituiria num “acordo vinculado, assente sobre duas


ou mais declarações de vontade (oferta ou proposta, de um lado;
aceitação do outro) contrapostas, mas perfeitamente harmonizáveis
entre si.
 Certo
 Errado

3. Suponha que num contrato não se apura um entendimento


comum. A interpretação fixar-se-á:
a) A favor da pessoa mais velha
b) A favor da pessoa que tem menos dinheiro
c) A favor do comprador
d) No sentido razoável

4. Quando o objecto for ilícito, impossível ou indeterminável o


negócio jurídico é:
a) Nulo
b) Anulável
c) Eficaz
d) Ineficaz

5. O contro de deve ter algum valor económico


 Certo
 Errado

Soluções de Exercícios
1. Certo; 2. Certo; 3. d) No sentido razoável; 4. a) Nulo; 5. Certo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 21
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 22

UNIDADE Temática 1.2. Classificação dos Contratos

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre as diversas modalidades dos contratos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber distinguir os contratos quanto ao modo de formação e


efeitos;
Objectivos  Saber distinguir contratos sinalagmáticos dos não
sinalagmáticos; unilaterais dos bilaterais; onerosos dos
gratuitos;
 Saber distinguir contratos comutativos dos aleatórios;
 Saber distinguir contratos nominados dos inonimados:
Contratos típicos dos atípicos;
 Saber distinguir contratos mistos da união dos contratos.

Modalidades de contratos

1. Classificação dos contratos quanto ao modo de formação


Deve distinguir-se, quanto ao seu modo de formação, entre contratos
reais quoad constitutionem e contratos consensuais. Os contratos
reais quoad constitutionem são aqueles para cuja celebração se exige
a tradição ou entrega da coisa de que são objecto. Os contratos
consensuais são aqueles em que essa entrega é dispensada.

2. Classificação dos contratos quanto aos efeitos

Contratos obrigacionais e reais

A classificação em contratos reais ou obrigacionais, consoante a


situação jurídica em questão se reconduza a um direito real sobre uma
coisa corpórea ou apenas de origem a direitos de crédito.

Os contratos obrigacionais reconduzem-se à criação de direitos de


crédito e obrigações, sendo a sua eficácia sobre a esfera jurídica das
partes imediata. Os contratos reais colocam um problema particular,
uma vez que pode suceder que a sua eficácia não seja imediata, o que

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 22
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 23

sucede sempre que não estejam preenchidos, no momento da


celebração do contrato, os requisitos necessários para que o contrato
de origem a uma situação jurídica de natureza real.

3. Classificação dos contratos entre sinalagmáticos e não


sinalagmáticos
Os contratos são denominados sinalagmáticos ou não sinalagmáticos,
consoante origem obrigações recíprocas para ambas as partes, ficando
assim ambas simultaneamente na posição de credores e devedores,
ou não originem essas obrigações. Muitas vezes esta classificação é
referida sob as expressões “bilateral” e “unilateral”, mas trata-se de
expressões que devem ser evitadas para não potenciar confusões com
a classificação dos negócios jurídicos em bilaterais e unilaterais.

Os contratos sinalagmáticos opõem-se assim aos não sinalagmáticos.


Estes podem ser contratos unilaterais, em que apenas uma das partes
assume uma obrigação (como na doação obrigacional, ou na fiança) ou
contratos bilaterais imperfeitos, em que uma das partes assume uma
obrigação, mas a outra apenas realiza uma prestação em
circunstâncias eventuais (como no mandato ou no deposito gratuito).

A classificação dos contratos entre sinalagmáticos e não


sinalagmáticos reconduz-se assim à existência de obrigações
recíprocas para ambas as partes do contrato ou apenas para uma
delas. Um exemplo do contrato sinalagmático é a compra e venda
onde, face ao art. 879º b) e c), se pode vislumbrar a existência de
obrigações para ambas as partes: a obrigação de entrega da coisa para
o vendedor e a obrigação de pagamento do preço para o comprador.

A existência de obrigações recíprocas para ambas as partes implica


que o surgimento de cada prestação apareça ligado ao surgimento da
outra, que apresenta assim como sua contraprestação. O surgimento
deste nexo entre duas prestações no momento da celebração do
contrato (do ut des) denomina-se de sinalagma genético.

4. Classificação dos contratos entre onerosos e gratuitos


Uma outra importante classificação é aquela que distingue os
contratos entre contratos onerosos e contratos gratuitos. O contrato
diz-se oneroso quando implica atribuições patrimoniais para ambas as
partes e gratuito quando implica atribuições patrimoniais para apenas
uma delas. Assim, a compra e venda (art. 874º) é um contrato
oneroso, porque ambas as partes realizam atribuições patrimoniais,
abdicando o comprador do preço e o vendedor da coisa. Pelo
contrário, a doação (art. 940º) e o comodato (art. 1129º) são contratos
gratuitos, porque só uma das partes realiza atribuições patrimoniais.
Certos contratos como o mútuo, o mandato e o depósito podem ser

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 23
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 24

tanto onerosos como gratuitos (cfr. arts. 1145º, 1158º e 1186º).

A classificação entre contratos onerosos e gratuitos não se confunde


com a classificação anterior entre contratos sinalagmáticos e não
sinalagmáticos. Um contrato pode ser oneroso e não ser sinalagmático
como sucede com o mútuo oneroso, que apesar de implicar
atribuições patrimoniais para ambas as partes (cedência do capital e
os juros). Efectivamente, os contratos reais quoad constitutionem
podem ser onerosos, mas nunca são sinalagmáticos, já que a
atribuição patrimonial de uma das partes não resulta na assunção de
uma obrigação, mas antes coincide com a celebração do contrato. Mas
já os contratos sinalagmáticos são sempre onerosos, uma vez que, ao
gerarem obrigações recíprocas para ambas as partes, implicam sempre
atribuições patrimoniais para ambas.

5. Classificação dos contratos entre comutativos e aleatórios


Uma outra classificação dos contratos coloca-se entre os contratos
comutativos e aleatórios. Esta classificação é restrita aos contratos
onerosos, uma vez que toma sempre por base a possibilidade de
existência de duas atribuições patrimoniais. O contrato diz-se
comutativo, quando ambas as atribuições patrimoniais se apresentem
como certas e diz-se aleatório, quando, pelo menos, uma das
atribuições patrimoniais se apresente como incerta, quer quando à
sua existência (an), quer quanto ao seu conteúdo (quantum).

Exemplos de contratos aleatórios são os contratos de jogo e aposta


(cfr. art. 1245º), de renda vitalícia (art. 1238º) e de seguro.

6. Contratos nominados e inominados. Contratos típicos e


atípicos
Uma outra classificação de contratos é aquela que distingue entre
contratos nominados e inominados e típicos ou atípicos. O contrato
diz-se nominado, quando a lei o reconhece como categoria jurídica
através de um nomen iuris. Pelo contrário, o contrato diz-se
inominado, quando a lei não o designa através de um nome iuris, não
o reconhecendo assim nas suas categorias contratuais. A integração
do contrato entre as categorias legais opera-se através da sua
qualificação e depende da circunstância de os elementos principais do
contrato corresponderem aos elementos principais do tipo legal,
independentemente de a vontade das partes ir ou não ao encontro
dessa qualificação.

Esta classificação não se confunde com outra classificação, entre


contratos típicos e atípicos. O contrato diz-se típico, quando o seu
regime se encontra previsto na lei, sendo atípico, quando tal não
sucede.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 24
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 25

Os contratos nominados podem ser típicos e atípicos. O contrato


inominado é sempre atípico. Assim, a compra e venda (arts. 874 e ss)
ou a doação (arts. 940º e ss.) são contratos nominados e típicos, uma
vez que, além de possuírem um nome, tem estabelecido um regime
jurídico na lei. Outros contratos, como a hospedagem, são contratos
nominados e atípicos, pois apesar de a lei os reconhecer como
categorias jurídicas (cfr. para a hospedagem, art. 755º, b)) não
estabelece qual o seu regime. Se as partes celebrarem um contrato
que a lei desconheça por completo, tratar-se-á de um contrato
inominado e atípico.

7. Contratos mistos
Uma categoria importante no âmbito dos contratos diz respeito aos
contratos mistos. Denomina-se de contrato misto aquele que reúne
em si regras de dois contratos total ou parcialmente típicos,
assumindo-se dessa forma como um contrato atípico, por não
corresponder integralmente a nenhum tipo contratual regulado por
lei.

8. A união de contratos
Dos contratos mistos deve ser distinguida a figura da união de
contratos. No contrato misto, ainda que se recolham elementos de
vários tipos contratuais, existe um único contrato, já que esses
elementos se dissolvem para formar um contrato único. Na união de
contratos, pelo contrário, essa dissolução não ocorre, verificando-se
antes a celebração conjunta de diversos contratos, unidos entre si.
Assim, a união de contratos permite que cada contrato mantenha a
sua autonomia, possibilitando a sua individualização em face do
conjunto. Como, porem, existe alguma ligação entre os diversos
contratos, esse nexo justifica que se fale, não em vários contratos, mas
em união de contratos.

9. Contratos preliminares
Generalidades. Distinção entre contratos preliminares e contratação
mitigada

Denominam-se de contratos preliminares aqueles contratos cuja


execução pressupõe a celebração de outros contratos. Neste âmbito,
adquirem relevância especial o contrato-promessa (arts. 410º e ss.) e o
pacto de preferência (arts. 414º) onde se verifica, respectivamente a
assunção da obrigação de celebração de um futuro contrato, ou da
obrigação de dar preferência a outrem na celebração de um contrato
futuro.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 25
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 26

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Os contratos sinalagmáticos opõem-se assim aos não


sinalagmáticos;

 O contrato diz-se oneroso quando implica atribuições


patrimoniais para ambas as partes e gratuito quando implica
atribuições patrimoniais para apenas uma delas;

 O contrato diz-se comutativo, quando ambas as atribuições


patrimoniais se apresentem como certas e diz-se aleatório,
quando, pelo menos, uma das atribuições patrimoniais se
apresente como incerta, quer quando à sua existência quer
quanto ao seu conteúdo;

 O contrato diz-se nominado, quando a lei o reconhece como


categoria jurídica através de um nomen iuris. Pelo contrário, o
contrato diz-se inominado, quando a lei não o designa através
de um nome iuris, não o reconhecendo assim nas suas
categorias contratuais;

 O contrato diz-se típico, quando o seu regime se encontra


previsto na lei, sendo atípico, quando tal não sucede;

 Denomina-se de contrato misto aquele que reúne em si regras


de dois contratos total ou parcialmente típicos, assumindo-se
dessa forma como um contrato atípico, por não corresponder
integralmente a nenhum tipo contratual regulado por lei:

Exercícios de Auto-Avaliação
1. Os contratos reais quoad constitutionem são aqueles para cuja
celebração se exige a tradição ou entrega da coisa de que são
objecto.
 Certo
 Errado

Resposta: Certo
2. Os contratos para cuja celebração não se exige a tradição ou

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 26
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 27

entrega da coisa de que são objecto, designam-se por:


a) Consensuais
b) Reais
c) Verdadeiros
d) Multíplos
Resposta: a) Consensuais

3. Quando ambas as atribuições patrimoniais se apresentem


como certas o contrato designa-se por:
a) Comutativo
b) Aleatório
c) Unilateral
d) Simples
Resposta: a) Comutativo

4. Quando a lei o reconhece como categoria jurídica através de


um nomen iuris o contrato diz-se:
a) Nominado
b) Inominado
c) Igual
d) Indiferente
Resposta: Nominado

5. O contrato inominado é sempre atípico.


 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. Os contratos obrigacionais reconduzem-se à criação de direitos
de crédito e obrigações, sendo a sua eficácia sobre a esfera
jurídica das partes:
a) Antecipada
b) Imediata
c) A posterior
d) Depende dos casos

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 27
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 28

2. Quando uma das atribuições patrimoniais se apresentem como


incertas o contrato designa-se por:
a) Comutativo
b) Aleatório
c) Unilateral
d) Simples

3. Os contratos mistos não se diferem da união de contratos.


 Certo
 Errado

4. Aquele que reúne em si regras de dois contratos total ou


parcialmente típicos, assumindo-se dessa forma como um
contrato atípico denomina-se por contrato:
a) Misto
b) União de contratos
c) Mistoso
d) Amistoso

5. A doação (arts 940 e ss) é um contrato

a) Nominado

b) Típico

c) Inominado

d) Nominado e típico

Solução: 1. b) Imediata; 2. b) Aleatório; 3. Errado, 4. Misto; 5. d)


nominado e típico.

UNIDADE Temática 1.3.Exercícios do Tema I


1. O contrato supõe mútuo consenso.
 Certo
 Errado

2. A concordância com os termos da proposta designa-se por:


a) Proposta
b) Aceitação
c) Rejeição
d) Revogação

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 28
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 29

3. O contrato pode ficar concluído enquanto as partes não


houverem acordado em todas as cláusulas sobre as quais
qualquer delas tenha julgado necessário o acordo
 Certo
 Errado

4. Os contratos para cuja celebração se exige a tradição ou


entrega da coisa de que são objecto, designa-se por:
a) Consensuais
b) Reais
c) Verdadeiros
d) Multíplos

5. O contrato diz-se oneroso quando implica atribuições


patrimoniais para ambas as partes e gratuito quando
implica atribuições patrimoniais para apenas uma delas.
 Certo
 Errado

6. A compra e venda é um contrato:


a) Gratuito
b) Oneroso
c) Unilateral
d) Todos estão errados

7. A compra e venda é um contrato:


a) Gratuito
b) Oneroso
c) Unilateral
d) Todos estão errados

8. Quando a lei não o designa através de um nome iuris, não o


reconhecendo nas suas categorias contratuais o contrato
designa-se por:
a) Nominado
b) Inominado
c) Igual
d) Indiferente

9. O contrato diz-se atípico, quando o seu regime se encontra


previsto na lei, sendo típico, quando tal não sucede.
 Certo
 Errado

10. A união de contratos permite que cada contrato mantenha


a sua autonomia,
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 29
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 30

possibilitando a sua individualização em face do conjunto.


 Certo
 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. b) aceitação; 3. Errado; 4. b) Reais; 5.


Errado; 6. b) Oneroso; 7. a) Gratuito, 8. b) Inominado; 9.
Errado; 10. Certo

Bibliografia do Tema

Ascensão, J. O. (2003). Direito Civil Teoria Geral, Volume II – Acções e


factos jurídicos. (2ª ed). Coimbra: Coimbra editora;

De Almeida, C. F. (2012). Contratos II. (3ª ed). Lisboa: Almedina;

Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos


unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume I – Introdução


da Constituição das Obrigações. (9ª ed.) Coimbra: Almedina;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf, disponível em 24 de Agosto
de 2017;

https://morumbidireito.files.wordpress.com/2016/03/flc3a1vio-
tartuce-direito-civil-vol-03-contratos-2014.pdf, disponível em 24 de
agosto de 2017.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 30
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 31

TEMA – II: CONTRATO A FAVOR DE TERCEIRO E CONTRATO


PARA PESSOA A NOMEAR
UNIDADE Temática 2.1. Contrato a favor de Terceiro e Contrato para
Pessoa a Nomear

UNIDADE Temática 2.2. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 2.1. Contrato a favor de Terceiro e Contrato


para Pessoa a Nomear

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre os regimes jurídicos dos contratos a
favor de terceiro e para pessoa a nomear.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a definição e a estrutura dos contratos afavor de


terceiro;
Objectivos  Conhecer as modalidades de contratos a favor de terceiro
(regimes normal e especiais);
 Conhecer a natureza e o regime jurídico do contrato para
pessoa a nomear;

I - Contrato a favor de Terceiro

1. Definição e estrutura do contrato a favor de terceiro

Uma situação específica em termos de conteúdo dos contratos


consiste no contrato a favor de terceiro, previsto nos arts. 443º e ss.
do Código Civil. O contrato a favor de terceiro pode ser definido como
o contrato em que uma das partes (o promitente) se compromete
perante outra (o promissário) a efectuar uma atribuição patrimonial
em benefício de outrem, estranho ao negócio (o terceiro). Essa
atribuição patrimonial consiste normalmente na obrigação de efectuar
uma prestação (art. 443º, nº1), mas pode igualmente consistir na

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 31
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 32

liberação de uma obrigação, ou na cessão de um crédito, bem como


na constituição, modificação, transmissão ou extinção de um direito
real (art. 443º, nº2).

Essa atribuição patrimonial a realizar pelo promitente é, no entanto,


determinada pelo promissário, que tem alias que ter em relação a ela
um interesse digno de protecção legal (art. 443º, nº1). No âmbito do
contrato a favor de terceiro verifica-se, por isso, por desejo do
promissário, uma atribuição patrimonial indirecta deste ao terceiro,
que é executada pelo promitente. O terceiro, no entanto, não é
interveniente no contrato, embora adquira um direito contra o
promitente, em virtude do compromisso deste para com o
promissário.

Por esse motivo o contrato a favor de terceiro institui uma situação


jurídica complexa, de natureza triangular, que pode ser analiticamente
decomposta em três relações:

a) Uma relação de cobertura (ou relação de provisão);


b) Uma relação de atribuição (ou relação de valuta);
c) Uma relação de execução.

A relação de cobertura consiste numa relação contratual entre


promitente e promissário, no âmbito da qual se estabelecem direitos e
obrigações entre as partes, podendo inclusivamente a estipulação a
favor de terceiro ser, em relação a elas, uma mera cláusula acessória.
Essa relação é fundamental para definição da posição jurídica do
promitente, uma vez que é em face dela que se definem os direitos e
deveres do promitente em face do promissário, sendo os meios de
defesa dela resultantes oponíveis ao terceiro (art. 449º).

A relação de atribuição é a que existe ou se estabelece entre o


promissário e o terceiro e justifica a outorga desse direito ao terceiro,
tendo por base um interesse do promissário nessa concessão (cfr. art.
443º, nº1). Essa relação pode identificar-se com uma relação jurídica
pré-existente ou pode consistir, como na hipótese de liberdade, numa
relação constituída por intermédio do próprio contrato a favor de
terceiro. Em qualquer caso, essa relação determina que a prestação do
promitente ao terceiro seja vista como uma atribuição patrimonial
indirecta do promissário em relação ao terceiro.

Já a relação da execução consiste na relação entre o promitente e


terceiro, no âmbito da qual ele vem a executar a determinação do
promissário.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 32
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 33

Fonte:https://www.google.co.mz/search?q=imagem+de+contrato+afavor+d
e+terceiro&tbm=isch&imgil=lj4MOwFN8vposM%253A%253BfC-

2. Modalidades de contrato a favor de terceiro


Os contratos a favor de terceiro constituem uma categoria que
abrange várias modalidades, de acordo com as seguintes
classificações:

a) Contratos a favor de terceiro verdadeiros e contrato a favor de


terceiros falsos;
b) Contratos a favor de pessoa determinada e contratos a favor
de pessoas indeterminadas;
c) Contratos a cumprir em vida do promissário, e contratos a
cumprir depois da morte do promissário.

3. O regime normal do contrato a favor de terceiro


O contrato a favor de terceiro faz nascer automaticamente um direito
para o terceiro, o qual se constitui independentemente de aceitação
desta (art. 444º, nº 1), sendo nessa medida uma excepção ao regime
de ineficácia dos contratos em relação a terceiros (art. 406º, nº 2). A
lei seguiu aqui a dominante teoria do incremento
(Anwaschsungstheorie), nos termos da qual a aquisição do terceiro se
verifica imediatamente em virtude do contrato celebrado entre
promitente e promissário, dispensando-se qualquer outra declaração
negocial para esse efeito. Foram assim rejeitadas outras posições
como a teoria da aceitação, que entendia que a aquisição do terceiro
só se processava quando ele manifestava a sua concordância ao
promissário e a teoria da cessão, que considerava a aquisição do

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 33
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 34

terceiro como uma aquisição derivada a partir do promissário, que


apareceria como adquirente primário do direito.

A celebração do contrato atribui assim directamente ao terceiro. No


entanto, em homenagem ao princípio invito benefiocium non datur,
admite-se que o terceiro possa rejeitar a promessa, mediante
declaração ao promitente, que a deve comunicar ao promissário (art.
447º, nº 1), caso em que se extinguirá o direito por si adquirido.

A lei prevê ainda a possibilidade de o terceiro aderir à promessa (art.


447º, nº 1). Neste caso, a adesão não se destina a permitir ao terceiro
a aquisição do direito, uma vez que, conforme se referiu, este é
adquirido logo com a celebração do contrato. A sua função é antes
impedir a revogação da promessa, a qual pode ser efectuada
enquanto a adesão não for manifestada (art. 448º, nº 1). Em princípio
essa revogação compete ao promissário, mas necessita do acordo do
promitente, quando a promessa tenha sido efectuada no interesse de
ambos (art. 448º, nº 2). Mesmo quando o terceiro manifesta a sua
adesão a promessa poderá ainda ser revogada no caso de só dever ser
cumprida após a morte do promissário (art. 448º, nº 1 in fine), ou, em
se tratando de liberdade, se se verificarem os pressupostos da
revogação por ingratidão do donatário (art. 450º, nº 2 e 90º).

4. Regimes especiais

a) A promessa de liberdade de dívida como falso contrato a favor de


terceiro

A doutrina costuma realizar uma distinção entre os verdadeiros


contratos a favor de terceiro (art. 443º e 444º, nº 1 e 2) e os falsos
contratos a favor de terceiro ou contratos a favor de terceiro
impróprios, de que seria exemplo a promessa de liberação.

A promessa de liberação aparece referida no art. 444º, nº3, que nos


dispõe que:
“Quando se trate da promessa de exonerar o promissório de uma
dívida para com terceiro, só aquele é lícito exigir o cumprimento da
promessa”.

Estamos, neste caso, perante uma situação em que promitente e


promissário acordam numa obrigação de resultado: a de que o
promitente obterá a extinção de uma dívida que o promissário tem
com terceiro. Assim, o promitente não se obriga a realizar uma
prestação a terceiro, mas apenas a conseguir obter a liberação da
dívida do promissário.

Mas, embora o promitente não assuma uma obrigação perante o


terceiro, para obter o resultado da liberação do promissário

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 34
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 35

naturalmente que terá que efectuar uma prestação a esse terceiro


(cumprir a obrigação ou conseguir o seu acordo para satisfação do
crédito por outra via). Só que essa prestação é meramente
instrumental em relação à obrigação do promitente, que é antes a de
obter a liberação do promissário. Nestes termos, considera-se que só
o promissário (e não o terceiro) tem interesse na promessa. Daí que a
lei considere que as partes não visaram atribuir ao terceiro qualquer
direito de crédito, mas apenas proceder à exoneração do promissário,
pelo que só o promissário (e já não o terceiro) poderá exigir do
promitente o cumprimento da promessa.

Neste caso, e uma vez que não há qualquer direito atribuído a


terceiro, é manifesto que não estaremos perante um verdadeiro
contrato a favor de terceiro.

b) As promessas em benefício de pessoas indeterminadas ou no


interesse público

Uma outra situação que representa especialmente em relação ao


regime normal do contrato a favor de terceiro consiste na situação de
a designação do beneficiário da prestação não se referir a uma pessoa
determina, mas antes a um conjunto indeterminado de pessoas ou
corresponder mesmo a um interesse público. A especialidade consiste
no facto de se estabelecer uma legitimidade difusa para a exigência da
prestação, a qual pode ser efectuada não apenas pelo promissário ou
seus herdeiros, mas também pelas entidades competentes para
defender os interesses em causa (art. 445º). Essas entidades não
podem, porém, dispor do direito à prestação ou autorizar qualquer
modificação do seu objecto (art. 446º, nº 1). Não possuem, por isso,
como sucede com o terceiro um direito de crédito à prestação do
promitente, mas apenas, à semelhança do que sucede em geral com o
promissário (art. 444º, nº2), um mero direito de reclamar a prestação
do promitente para o fim estabelecido.

c) A promessa a cumprir depois da morte do promissário

A promessa a cumprir depois da morte do promissário faz excepção ao


regime ao art. 444º, nº 1, uma vez que o terceiro não pode exigir o
cumprimento da promessa antes da verificação da morte do
promissário. É duvidoso se neste caso as partes pretendem atribuir ao
terceiro logo um direito de crédito sobre o promitente, o qual apenas
se vencerá no momento da morte do promissário, ou se, pelo
contrário, pretendem que o direito de crédito apenas se constitua
após a morte do promissário, beneficiando até lá o terceiro apenas de
uma expectativa jurídica. Teoricamente a diferença entre as duas
soluções é a de que, na primeira, em caso de o terceiro morrer antes
do promissário, os seus herdeiros sucedem no seu direito sobre o
promitente. No segundo caso, essa
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 35
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 36

sucessão já não se verifica uma vez que o terceiro quando morreu


ainda era titular de qualquer direito, que pudesse transferir aos seus
herdeiros, pelo que estes só poderiam adquirir a prestação com base
no próprio contrato a favor de terceiro, ou seja, se também tivessem
sido designados beneficiários a título subsidiário.

II - O contrato para a pessoa a nomear

1. Noção e regime
O contrato para pessoa a nomear verifica-se quando um dos
intervenientes no contrato se reserva a faculdade de designar outrem
para adquirir os direitos ou assumir as obrigações resultantes desse
contrato (art. 452º, nº 1). Trata-se assim de um caso que se admite
uma dissociação subjectiva entre a pessoa que celebra o contrato e
aquela onde vão repercutir-se, os respectivos efeitos jurídicos. Na
verdade, efectuada a designação, os efeitos do contrato vão
repercutir-se directamente na esfera do nomeado. Não ocorre, por
isso, qualquer transmissão entre o nomeante e o nomeado. Dá-se
antes um fenómeno de substituição de contraentes, uma vez que,
após a nomeação, o contraente nomeado adquire os direitos e assume
as obrigações provenientes do contrato a partir do momento da
celebração dele (art. 455º, nº1). A nomeação tem assim eficácia
retroactiva, tudo se passando como se o nomeado fosse parte no
contrato desde o seu início.

Na sua modalidade mais comum, a reserva de nomeação do terceiro é


colocada em alternativa com a subsistência do contraente originário
no contrato. Daí que a lei preveja que, se não for efectuada a
nomeação nos termos legais, o contrato irá produzir os seus efeitos
em relação ao contraente originário (art. 455º, nº 2). Admite-se,
porém, estipulação em contrário, pelo que as partes podem acordar
que, em caso algum, o contrato virá a produzir efeitos em relação ao
contraente originário. Nessa hipótese, a não verificação da nomeação
acarretará a ineficácia do contrato.

Para poder produzir os seus efeitos, a nomeação deve observar


determinados requisitos legais. Assim, deve ser feita por escrito a
outro contratante no prazo convencionado ou na falta de convenção,
dentro de cinco dias, a contar da celebração do contrato (art. 453º, nº
1) e deve acompanhada, para ser eficaz de instrumento de ratificação
do contrato ou de procuração anterior à celebração deste (art. 453º,
nº 2). A nomeação tem assim como requisito necessário uma
atribuição de poderes representativos por parte do nomeado, por
forma a garantir a sua vinculação ao contrato, exigindo a lei para o
efeito procuração ou ratificação, consoante essa atribuição de poderes
representativos ocorra antes ou após a celebração do contrato para
nomear. Sendo exigida a ratificação, esta deve ser outorgada por

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 36
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 37

escrito (art. 454º, nº 1), ou revestir a forma do contrato celebrado,


quando este tenha sido celebrado por documento com maior força
probatória (art. 454º, nº 2).

O facto de o contrato estar sujeito a registo não é obstáculo à


introdução de uma cláusula para pessoa a nomear, podendo nesse
caso o registo ser realizado provisoriamente, em nome do contraente
originário, com indicação da cláusula para pessoa a nomear,
registando-se por averbamento a posterior nomeação do terceiro ou
ausência dela (art. 456º e art. 94º, b)).

2. Natureza jurídica
A natureza do contrato para pessoa a nomear, segundo MENESES
LEITÃO, é controvertida. Para alguma doutrina, no contrato para
pessoa a nomear existiria um fenómeno de representação anónima.
Para outros, tratar-se-ia de um contrato a favor de terceiro. A maioria
da doutrina considera-o como um contrato celebrado
simultaneamente em nome próprio e em nome alheio, sendo a sua
celebração em nome próprio sujeita a uma condição resolutiva, e a
sua celebração em nome alheio a uma condição suspensiva (a eficaz
nomeação do terceiro).

É esta última posição a preferível. Efectivamente, a qualificação como


representação anónima é duplamente incorrecta, em primeiro lugar
porque é essencial à representação a existência da contemplatio
domini (art. 258º) e em segundo lugar porque os efeitos do negócio
podem acabar por se repercutir exclusivamente no contraente
originário, o que nunca acontece com o representante, mesmo que
este actue sem poderes (art. 268º, nº1). Também a doutrina do
contrato a favor de terceiro peca porque o objecto do contrato não é a
atribuição de um benefício ao nomeado, pelo que a sua aquisição não
opera automaticamente, como no contrato a favor de terceiro (art.
444º, nº1), mas antes depende da sua vinculação voluntaria ao
contrato, por procuração ou ratificação (art. 453º, nº2). Daí que,
enquanto no contrato a favor de terceiro, o terceiro não é parte no
contrato, no contrato para pessoa a nomear vem a sê-lo se a
nomeação for efectuada eficazmente (art. 455º).

Já a tese de que existe no contrato para pessoa a nomear uma dupla


condição relativa à celebração do contrato em nome próprio ou em
nome alheio fornece uma adequada explicação dogmática desta
figura.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 37
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 38

 O contrato a favor de terceiro pode ser definido como o


contrato em que uma das partes (o promitente) se
compromete perante outra (o promissário) a efectuar uma
atribuição patrimonial em benefício de outrem, estranho ao
negócio (o terceiro).

 O contrato a favor de terceiro institui uma situação jurídica


complexa, de natureza triangular, que pode ser analiticamente
decomposta em três relações.

 O contrato para pessoa a nomear verifica-se quando um dos


intervenientes no contrato se reserva a faculdade de designar
outrem para adquirir os direitos ou assumir as obrigações
resultantes desse contrato.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. No Contrato a favor de terceiro o terceiro é estranho ao
negócio.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

2. O contrato a favor de terceiro institui uma situação jurídica


complexa, de natureza:
a) Quadrada
b) Triangular,
c) Rectangular
d) Perpendicular
Resposta: b) Triangular

3. O contrato a favor de terceiro faz nascer automaticamente um


direito para o terceiro.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

4. O direito para o terceiro, só se constitui após de aceitação


deste.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 38
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 39

 Certo
 Errado
Resposta: Errado

5. A promessa de liberação é um falso contrato a favor de


terceiro.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. O terceiro, não é interveniente no contrato a favor de terceiro,
embora adquira um direito contra o promitente.
 Certo
 Errado

2. O contrato a favor de terceiro constitui uma excepção ao


regime de ineficácia dos contratos em relação a terceiros.
 Certo
 Errado

3. No contrato a favor de terceiro não se admite que o terceiro


possa rejeitar a promessa.
 Certo
 Errado

4. No contrato para pessoa a nomear há uma dissociação


subjectiva entre a pessoa que celebra o contrato e aquela onde
vão repercutir-se, os respectivos efeitos jurídicos.
 Certo
 Errado

5. A nomeação tem eficácia retroactiva


 Certo
 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. Certo; 3.Errado; 4. Certo; 5. Certo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 39
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 40

UNIDADE Temática 1.2.Exercícios do Tema


II
1. O contrato em que uma das partes (o promitente) se compromete
perante outra (o promissário) a efectuar uma atribuição
patrimonial em benefício de outrem, estranho ao negócio,
designa-se por:
a) Contrato a favor de terceiro;
b) Contrato para pessoa a nomear
c) Contrato misto
d) Contrato universal

2. O contrato a favor de terceiro institui uma relação de:


a) Uma relação de cobertura
b) Uma relação de atribuição
c) Uma relação de execução
d) Todas acima

3. Quando um dos intervenientes no contrato se reserva a faculdade


de designar outrem para adquirir os direitos ou assumir as
obrigações resultantes desse contrato, diz-se:
a) Contrato a favor de terceiro;
b) Contrato para pessoa a nomear
c) Contrato misto
d) Contrato universal

4. Na contrato para pessoa a nomear tudo se passa como se o


nomeado fosse parte no contrato:
a) Desde o seu início
b) A partir da nomeação
c) No fim de contrato
d) Depende dos casos

5. O contrato para pessoa a nomear impróprio também pode se


designar contrato para pessoa a nomear falso.
 Certo
 Errado

6. A nomeação deve ser feita por escrito.


 Certo
 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 40
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 41

7. Na falta de convenção do prazo da nomeação, esta deve ser feita:


a) Dentro de cinco dias, a contar da celebração do contrato
b) Dentro de dez dias, a contar da celebração do contrato
c) Dentro de quinze dias, a contar da celebração do contrato
d) Dentro de trinta dias, a contar da celebração do contrato

8. O facto de o contrato estar sujeito a registo não é obstáculo à


introdução de uma cláusula para pessoa a nomear.
 Certo
 Errado

9. A natureza do contrato para pessoa a nomear, segundo MENESES


LEITÃO, não é controvertida.
 Certo
 Errado

10. No contrato a favor de terceiro, o terceiro é o promissário.


 Certo
 Errado

Soluções: 1. a) Contrato a favor de terceiro; 2. d) Todas acima; 3. b)


contrata para pessoa a nomear; 4 a) Desde o início; 5. Certo; 6. Certo,
a) Dentro de cinco dias a contar da celebração do contrato; 8. Certo;
9. Errado; 10. Errado

Bibliografia do Tema
De Almeida, C. F. (2012). Contratos II. (3ª ed). Lisboa: Almedina;

Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos


unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume I – Introdução


da Constituição das Obrigações. (9ª ed.) Coimbra: Almedina;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf, disponível em 24 de Agosto
de 2017.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 41
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 42

TEMA – III: EXTINÇÃO DOS CONTRATOS


UNIDADE Temática 3.1. Extinção dos Contratos
UNIDADE Temática 3.2. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 2.1. Extinção dos Contratos

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre as diversas formas de extinção do
contrato.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a importância do cumprimento como a situação


normal de extinção das obrigações;
Objectivos  Saber distinguir a revogação da resolução;
 Saber distinguir a caducidade da oposição a renovação;

Fonte: http://advocaciamaciel.adv.br/cartilha-verbas-rescisorias/

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 42
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 43

1. O Cumprimento
O cumprimento pode ser definido como a realização da prestação
devida. Conforme refere o art. 762º, nº1, o devedor cumpre a
obrigação quando realiza a prestação a que está vinculado. Através da
realização da prestação, verifica-se assim a transposição para o plano
ontológico dos factos (ser) do conteúdo deontológico da vinculação
(dever ser), o que importa a extinção da obrigação através da
satisfação do interesse do credor, com a consequente libertação do
devedor. Daqui resulta a importância fundamental do cumprimento
no âmbito das causas de extinção das obrigações, já que ele
corresponde à situação normal de extinção da obrigação, através da
concretização da conduta a que o credor, tinha direito.

O regime do cumprimento das obrigações obedece aos seguintes


princípios gerais:

a) Princípio da pontualidade;
b) Princípio da integridade;
c) Princípio da boa fé;
d) Princípio da concretização.

2. Revogação
A revogação consiste na extinção do negócio jurídico por virtude de
uma manifestação da autonomia privada em sentido oposto aquela
que o constitui. Consequentemente, se estiver em causa um contrato,
a revogação – que nesse caso é também denominada de distrate – é
necessariamente bilateral, assentam no mútuo consenso dos
contraentes em relação à extinção do contrato que tinham celebrado
(cfr. art. 406º, nº1). Se, no entanto, estiver em causa um negócio
jurídico unilateral, a revogação é igualmente unilateral, baseando-se
unicamente numa segunda declaração negocial do seu autor, contrária
à primeira. Como exemplo, temos a revogação da promessa pública
(art. 461º) ou de testamento (arts. 2311º e ss.).

3. Resolução
A resolução do contrato vem prevista nos arts. 432º e ss., e consiste na
extinção da relação contratual por declaração unilateral de um dos
contraentes, baseada num fundamento ocorrido posteriormente à
celebração do contrato.

Efectivamente, ao contrário da revogação, a resolução processa-se


sempre através de um negócio jurídico unilateral. Consequentemente,
nesta situação a extinção do contrato ocorre por decisão unilateral de
uma das partes, não sujeita ao acordo da outra.

A resolução caracteriza-se ainda por ser normalmente de exercício


vinculado (e não discricionário), no
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 43
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 44

sentido de que só pode ocorrer se se verificar um fundamento legal ou


convencional que autorize o seu exercício (art. 432º, nº1). Assim, se
ocorrer esse fundamento, o contrato pode ser resolvido. Se não
ocorrer, a sua resolução não é permitida (crf. art. 406º, nº1). O
fundamento legal mais comum para a resolução do contrato é o
incumprimento da outra parte (crf. art. 801º, nº2), admitindo-se, no
entanto, por vezes, fundamentos mais latos de resolução como sucede
no âmbito da resolução do comodato, baseada na justa causa (art.
1140º), que pode inclusivamente consistir numa mera razão de
conveniência justificada do comodante. Quanto aos fundamentos
contratuais é livre a sua estipulação, através das denominadas
clausulas resolutivas expressas, pelas quais se indicam circunstâncias
cuja verificação eventual permite o recurso à resolução do contrato.

A lei, no entanto, exclui o direito de resolução nos casos em que não


haja possibilidade de restituir o que se houver recebido (art. 432º,
nº2), uma vez que se assim não fosse, ocorreria um enriquecimento da
parte que exerce a resolução. Efectivamente, dado que a
impossibilidade extingue a sua obrigação de restituir, a parte que
exercesse a resolução obteria a restituição da prestação realizada à
outra parte sem ser onerada com qualquer contrapartida.

4. Denúncia
A denúncia do contrato, à semelhança da resolução, resulta
igualmente de um negócio unilateral, bastando-se, por isso, com a
decisão de apenas uma das partes.

No entanto, ao contrário da resolução não se baseia em fundamento


algum, sendo, por isso, de exercício livre. O seu campo de aplicação é
limitado aos contratos de execução continuada ou duradoura
(fornecimento, sociedade ou mandato), em que as partes não
estipulam num prazo fixo de vigência. Como a vigência do contrato
ilimitada no tempo seria contrária à liberdade económica das pessoas,
que não se compadece com a criação de vínculos perpétuos ou de
duração indefinida, admite-se neste caso a sua denúncia a todo o
tempo.

5. Caducidade
A caducidade do contrato consiste na sua extinção em virtude da
ocorrência de um facto jurídico stricto sensu (e não de um negócio
jurídico ou, sequer de um acto jurídico). E exemplo mais comum é o
decurso do tempo. Assim, se um contrato for estipulado com um
prazo de vigência de seis meses, caducará decorrido esse prazo.
Constituirão ainda exemplos de caducidade do contrato a verificação
da condição resolutiva e a morte de uma das partes nos contratos
intuitu personae.

6. A oposição à renovação

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 44
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 45

A oposição à renovação pode ser considerada como uma figura mista,


conjugando as figuras da caducidade e da denúncia. Segundo
MENEZES LEITÃO, um exemplo será a oposição à renovação do
contrato de locação, que a lei impropriamente qualifica como
denuncia (arts. 1054 e 1055º CC). Neste caso, as partes convencionam
que o contrato vigora por períodos limitados de tempo, mas
simultaneamente prevêem a sua renovação tácita, se não houver
declaração em contrário. A oposição à renovação consiste
precisamente nessa declaração, e caracteriza-se por ser de exercício
livre (não vinculado), ser não retroactiva, mas só poder ser exercida
num certo lapso de tempo antes de ocorrer a renovação do contrato.
Neste aspecto distingue-se da denúncia que pode ser exercida a todo
o tempo.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Importância fundamental do cumprimento no âmbito das


causas de extinção das obrigações, já que ele corresponde
à situação normal de extinção da obrigação, através da
concretização da conduta a que o credor, tinha direito

 A revogação consiste na extinção do negócio jurídico por


virtude de uma manifestação da autonomia privada em
sentido oposto aquela que o constitui.

 A resolução do contrato consiste na extinção da relação


contratual por declaração unilateral de um dos
contraentes, baseada num fundamento ocorrido
posteriormente à celebração do contrato

 A denúncia do contrato, à semelhança da resolução, resulta


igualmente de um negócio unilateral, bastando-se, por isso,
com a decisão de apenas uma das partes

Exercícios de Auto-Avaliação
1. A extinção do negócio jurídico por virtude de uma
manifestação da autonomia privada em sentido oposto aquela
que o constitui, designa-se por
a) Revogação
b) Resolução
c) Denúncia
d) Consignação

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 45
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 46

Resposta: a) Revogação

2. Se estiver em causa um contrato a revogação designa-se por:


a) Distrate
b) Descaso
c) Dobrada
d) Dourada
Resposta: a) Distrate

3. A extinção da relação contratual por declaração unilateral de


um dos contraentes, baseada num fundamento ocorrido
posteriormente à celebração do contrato.
a) Revogação
b) Resolução
c) Denúncia
d) Consignação
Resposta: b) Resolução

4. A resolução carece do acordo de outra parte


 Certo
 Errado
Resposta: Errado

5. A denúncia do contrato resulta de um negócio:


a) Unilateral
b) Bilateral
c) Multilateral
d) Todas
Resposta: a) unilateral

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 46
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 47

Exercícios
1. O distrate não assentam no mútuo consenso dos contraentes em
relação à extinção do contrato que tinham celebrado.
 Certo
 Errado

2. O distrate é bilateral
 Certo
 Errado

3. A resolução processa-se sempre através de um negócio jurídico


bilateral
 Certo
 Errado

4. A resolução só pode ocorrer se se verificar um fundamento:


a) Legal
b) Convencional
c) Legal ou convencional
d) Nenhum

5. A denúncia do contrato deve basear-se em algum fundamento


 Certo
 Errado

Soluções: 1. Errado; 2. Certo; 3. Errado; 4. c) legal ou convencional,


5. Errado

UNIDADE Temática 2.2. Exercícios do Tema III

1. A resolução tem por fundamento:

a) Facto ocorrido antes da celebração do contrato

b) Facto ocorrido posteriormente à celebração do


co facto ocorrido posteriormente à celebração
do contrato

c) Facto ocorrido durante à celebração do contrato

d) Todas

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 47
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 48

2. Se não ocorrer um fundamento a resolução não tem


lugar

 Certo

 Errado

3. Ao contrário da revogação, a resolução processa-se


sempre através de um negócio jurídico unilateral

 Certo

 Errado

4. A denúncia do contrato, à semelhança da resolução,


resulta igualmente de um negócio unilateral, bastando-
se, por isso, com a decisão de apenas uma das partes

 Certo

 Errado

5. O exemplo mais comum da caducidade é o decurso do


tempo.

 Certo

 Errado

6. Se um contrato for estipulado com um prazo de


vigência de seis meses, caducará:

a) No início deste prazo

b) No de curso do prazo

c) No meio do prazo

d) Decorrido esse prazo

7. Constituem exemplos de caducidade do contrato a


verificação da condição resolutiva e a morte de uma das
partes nos contratos intuitu personae.

 Certo

 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 48
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 49

8. A situação normal de extinção dos contratos é;

a) Cumprimento

b) Revogação

c) Oposição a renovação

d) Resolução

9. A pontualidade é um dos princípios gerais do


cumprimento

 Certo

 Errado

10. A boa fé é dos princípios gerais do cumprimento.

 Certo

 Errado

Soluções: 1. b) Facto ocorrido posteriormente à celebração do


contrato; 2. Certo; 3. Certo; 4. Certo; 5. Certo; 6. d) Decorrido esse
prazo; 7. Certo; 8. a) Cumprimento; 9. Certo; 10. Certo

Bibliografia do Tema
De Almeida, C. F. (2012). Contratos II. (3ª ed). Lisboa: Almedina;

Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos


unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume II – Transmissão


e extinção das obrigações, não cumprimento e garantias do crédito. (7ª
ed.) Coimbra: Almedina;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf, disponível em 24 de Agosto
de 2017.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 49
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 50

TEMA – IV: DOS CONTRATOS RELACIONADOS COM A


PROPRIEDADE
UNIDADE Temática 4.1. Contrato de Compra e Venda
UNIDADE Temática 4.2. Contrato de Locação
UNIDADE Temática 4.3. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 4.1. Contrato de Compra e Venda

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre o regime jurídico do contrato de compra
e venda.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a noção e forma de contrato de compra e venda;


 Conhecer e saber explicar os elementos da compra e venda
Objectivos  Conhecer as características da compra e venda;
 Conhecer as restrições da compra e venda, as suas
consequências e excepções.

1. Compra e Venda

Fonte: http://www.modelosparadocumentos.com.br/wp-
content/uploads/2014/12/modelo-de-contrato-de-compra-e-venda-de-
automovel-a-vista.jpg, disponível em 03 de Agosto 2017

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 50
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 51

1.1. Noção e Forma


Compra e venda é o contrato pelo qual se transmite a propriedade de
uma coisa, ou outro direito, mediante um preço. O contrato de
compra e venda de bens imóveis só é válido se for celebrado por
escritura pública.

1.2. Características da compra e venda


A compra e venda é contrato:

a) Bilateral ou sinalagmático, uma vez que gera obrigações


recíprocas: para o comprador, a de pagar o preço em dinheiro;
para o vendedor, a de transferir o domínio de certa coisa;

b) Consensual , visto que se aperfeiçoa com o acordo de vontades,


independentemente da entrega da coisa;

c) Oneroso, pois ambos os contratantes obtêm proveito, ao qual


corresponde um sacrifício (para um, pagamento do preço e
recebimento da coisa; para outro, entrega do bem e recebimento do
pagamento);

d) Em regra, comutativo, porque as prestações são certas e as


partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se
equivalem, em casos pode ser aleatório quando tem por objecto
coisas futuras ou coisas existentes mas sujeitas a risco;

e) Em regra, não solene , isto é, de forma livre; em


certos casos, contudo, como na alienação de imóveis, é solene, sendo
exigida a escritura pública.

1.3. Elementos da compra e venda


Os elementos essenciais da compra e venda são: coisa, preço e
consentimento. A forma só aparece como quarto elemento
obrigatório em determinados contratos, como a compra e venda de
imóveis.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 51
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 52

a) Consentimento

O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de


anulabilidade do negócio jurídico, e recair sobre os outros dois
elementos: a coisa e o preço. Será anulável a venda, também, se
houver erro sobre o objecto principal da declaração ou sobre as suas
qualidades essenciais. Requer também a capacidade das partes.

b) Preço

O preço é o segundo elemento essencial da compra e venda. Se o


preço não estiver fixado por entidade pública, e as partes o não
determinarem nem convencionarem o modo de ele ser determinado,
vale como preço contratual o que o vendedor normalmente praticar à
data da conclusão do contrato ou, na falta dele, o do mercado ou
bolsa no momento do contrato e no lugar em que o comprador deve
cumprir; na insuficiência destas regras, o preço é determinado pelo
tribunal, segundo juízos de equidade.

O preço deve ser pago no momento e no lugar da entrega da coisa


vendida. Mas, se por estipulação das partes ou por força dos usos o
preço não tiver de ser pago no momento da entrega, o pagamento
será efectuado no lugar do domicílio que o credor tiver ao tempo do
cumprimento.

Transmitida a propriedade da coisa, ou o direito sobre ela, e feita a sua


entrega, o vendedor não pode, salvo convenção em contrário, resolver

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 52
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 53

o contrato por falta de pagamento do preço (artigo 886).

c) Coisa

A coisa, como objecto da compra e venda, deve atender a


determinados requisitos:

 Existência - É nula a venda de coisa inexistente. A lei se


contenta com a existência potencial da coisa, como a
safra futura, por exemplo. São susceptíveis de venda as coisas
actuais e as futuras, corpóreas e incorpóreas.

 Individuação - O objecto da compra e venda há de ser


determinado, ou susceptível de determinação no momento da
execução. Admite--se, assim, a venda de coisa incerta, indicada
ao menos pelo género e quantidade, que será determinada
pela escolha, bem como a venda alternativa, cuja
indeterminação cessa com a concentração.

 Disponibilidade . A coisa deve encontrar-se disponível, isto é,


não estar fora do comércio.

A coisa deve ser entregue no estado em que se encontrava ao


tempo da venda. A obrigação de entrega abrange, salvo
estipulação em contrário, as partes integrantes, os frutos
pendentes e os documentos relativos à coisa ou direito. Se os
documentos contiverem outras matérias de interesse do
vendedor, é este obrigado a entregar público-forma da parte
respeitante à coisa ou direito que foi objecto da venda, ou
fotocópia de igual valor.

1.4. Venda de coisa ou direito litigioso


Não podem ser compradores de coisa ou direito litigioso, quer
directamente, quer por interposta pessoa, aqueles a quem a lei não
permite que seja feita a cessão de créditos litigiosos, conforme se
dispõe no capítulo respectivo. A venda assim feita além de nula,
sujeita o comprador, nos termos gerais, à obrigação de reparar os
danos causados. A nulidade não pode ser invocada pelo comprador.

1.5. Venda a filhos ou netos


Os pais e avós não podem vender a filhos ou netos, se os outros filhos
ou netos não consentirem na venda; o consentimento dos
descendentes, quando não possa ser prestado ou seja recusado, é
susceptível de suprimento. A venda assim feita é anulável; a anulação
pode ser pedida pelos filhos ou netos que não deram o seu
consentimento, dentro do prazo de um ano a contar do conhecimento
da celebração do contrato, ou do

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 53
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 54

termo da incapacidade, se forem incapazes.

1.6. Despesas do contrato


Na falta de convenção em contrário, as despesas do contrato e outras
acessórias ficam a cargo do comprador.

1.7. Efeitos da compra e venda


A compra e venda têm como efeitos essenciais:

a) A transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do


direito;
b) A obrigação de entregar a coisa;
c) A obrigação de pagar o preço.

1.8. Venda de Bens futuros, frutos pendentes e partes


componentes ou integrantes
Na venda de bens futuros, de frutos pendentes ou de partes
componentes ou integrantes de uma coisa, o vendedor fica obrigado a
exercer as diligências necessárias para que o comprador adquira os
bens vendidos, segundo o que for estipulado ou resultar das
circunstâncias do contrato. Se as partes atribuírem ao contrato carecer
aleatório, é devido o preço, ainda que a transmissão dos bens não
chegue a verificar-se.

1.9. Bens de existência ou titularidade incerta


Quando se vendam bens de existência ou titularidade incerta e no
contrato se faça menção dessa incerteza, é devido o preço, ainda que
os bens não existam ou não pertençam ao vendedor, excepto se as
partes recusarem ao contrato natureza aleatória.

1.10. Vendas de bens alheios


É nula a venda de bens alheios sempre que o vendedor careça de
legitimidade para a realizar; mas o vendedor não pode opor a nulidade
ao comprador de boa fé, como não pode opô-la ao vendedor de boa fé
o comprador doloso.

Sendo nula a venda de bens alheios, o comprador que tiver procedido


de boa fé tem o direito de exigir a restituição integral do preço, ainda
que os bens se hajam perdido, estejam deteriorados ou tenham
diminuído de valor por qualquer outra causa. Mas, se o comprador
houver tirado proveito da perda ou diminuição de valor dos bens, será
proveito abatido no montante do preço e da indemnização que o
vendedor tenha de pagar-lhe (artigo 894/1/2).

Logo que o vendedor adquira por algum modo a propriedade da coisa


ou o direito vendido, o contrato torna-se válido e a dita propriedade

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 54
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 55

ou direito transfere-se para o comprador, designando-se tal de


convalidação de contrato. O contrato não adquire, porém, validade, se
entretanto ocorrer algum dos seguintes factos:

a) Pedido judicial de declaração de nulidade do contrato,


formulado por um dos contraentes contra o outro;
b) Restituição do preço ou pagamento da indemnização, no
todo ou em parte, com aceitação do credor;
c) Transacção entre os contraentes, na qual se reconheça a
nulidade do contrato;
d) Declaração escrita, feita por um dos estipulantes ao outro,
de que não quer que o contrato deixe de ser declarado
nulo.

1.10.1. Indemnização

Se um dos contraentes houver procedido de boa fé e o outro


dolosamente, o primeiro tem direito a ser indemnizado, nos termos
gerais, de todos os prejuízos que não teria sofrido se o contrato fosse
válido desde o começo, ou não houvesse sido celebrado, conforme
venha ou não a ser sanada a nulidade.

O vendedor é obrigado a indemnizar o comprador de boa fé, ainda


que tenha agido sem dolo nem culpa; mas, neste caso, a indemnização
compreende apenas os danos emergentes que não resultem de
despesas voluntários.

1.11. Venda a prestações


Vendida a coisa a prestações, com reserva de propriedade, e feita a
sua entrega ao comprador, a falta de pagamento de uma só prestação
que não exceda a oitava parte do preço não dá lugar à resolução do
contrato, nem sequer, haja ou não a reserva de propriedade, importa
a perda do benefício do prazo relativamente às prestações seguintes,
sem embargo de convenção em contrário (artigo 934).

A indemnização estabelecida em cláusula penas, por o comprador não


cumprir, não pode ultrapassar metade do preço, salva a faculdade de
as partes estipularem, nos termos gerais, a ressarcibilidade de todo o
prejuízo sofrido.

A indemnização fixada pelas partes será reduzida a metade do preço,


quando tenha sido estipulado em montante superior, ou quando as
prestações pagas superem este valor e se tenha convencionado a não
restituição delas; havendo, porém, prejuízo excedente e não se tendo
estipulado a sua ressarcibilidade, será ressarcido até ao limite da

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 55
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 56

indemnização convencionada pelas partes.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Compra e venda é o contrato pelo qual se transmite a


propriedade de uma coisa, ou outro direito, mediante um
preço. O contrato de compra e venda de bens imóveis só é
válido se for celebrado por escritura pública.

 Na falta de convenção em contrário, as despesas do contrato e


outras acessórias ficam a cargo do comprador

 Os elementos essenciais da compra e venda são: coisa, preço e


consentimento. A forma só aparece como quarto elemento
obrigatório em determinados contratos, como a compra e
venda de imóveis.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. Um exemplo do contrato não sinalagmático é a compra e venda.
 Certo
 Errado;
Resposta: Errado

2. O contrato pelo qual se transmite a propriedade de uma coisa, ou


outro direito, mediante um preço, designa-se por:
a) Compra e venda
b) Doação
c) Locação
d) Mútuo
Resposta: a) Compra e venda

3. Os pais e avós não podem vender a filhos ou netos, se os outros


filhos ou netos não consentirem na venda.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 56
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 57

4. Na falta de convenção em contrário, as despesas do contrato e


outras acessórias ficam a cargo do comprador.
Resposta: Certo

5. A compra e venda tem como efeito a transmissão da propriedade


da coisa ou da titularidade do direito.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. O contrato de compra e venda de bens imóveis só é válido se
for celebrado por escritura pública.´
 Certo
 Errado

2. Se os pais e avós venderem a filhos ou netos, sem os outros


filhos ou netos consentirem na venda, a mesma será:
a) Nula
b) Anulável
c) Ineficaz
d) Eficaz

3. A compra e venda tem como efeito a obrigação de pagar o


preço.
 Certo
 Errado

4. A coisa deve ser entregue no estado em que se encontrava ao


tempo da venda.
 Certo
 Errado

5. O preço, em regra, deve ser pago no momento e no lugar da


entrega da coisa vendida
 Certo
 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. b) Anulável; 3. Certo; 4. Certo; 5. Certo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 57
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 58

UNIDADE Temática 3.2. Contrato de Locação

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos o contrato de locação.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a noção do contrato de locação;


 Saber distinguir arrendamento do aluguer;
Objectivos  Conhecer as obrigações do locador;
 Conhecer as obrigações do locatário;

Fonte: http://www.istockphoto.com/br/foto/contrato-de-aluguel-
gm470721655-34779388, disponível em 03 de Agosto de 2017

1. Noção
Locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a
proporcionar à outra o gozo temporário de uma coisa, mediante
retribuição.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 58
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 59

A locação diz-se arrendamento quando versa sobre coisa imóvel,


aluguer quando incide sobre coisa móvel (artigo 1023).

A locação constitui, para o locador, um acto de administração


ordinária, excepto quando for celebrado por prazo superior a seis
anos. Porém, o arrendamento de prédio indiviso feito pelo consorte
ou consortes administradores só se considera válido quando os
restantes comproprietários manifestem antes ou depois do contrato, o
seu assentimento; se a lei exigir escritura pública para a celebração do
arrendamento, deve o assentimento ser prestado por igual forma.

A locação não pode celebrar-se por mais de trinta anos; quando


estipulada por tempo superior, ou como contrato perpétuo,
considera-se reduzida aquele limite.

Se do contrato e respectivas circunstâncias não resultar o fim a que a


coisa locada se destina, é permitido ao locatário aplica-la a quaisquer
fins lícitos, dentro da função normal das coisas de igual natureza.

2. Obrigações do locador
São obrigações do locador:

a) Entregar ao locatário a coisa locada;


b) Assegurar-lhe o gozo desta para os fins a que a coisa se
destina.

3. Vício da coisa locada


Quando a coisa locada apresentar vício que lhe não permita realizar
cabalmente o fim a que é destinada, ou carecer de qualidades
necessárias a esse fim ou asseguradas pelo locador, considera-se o

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 59
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 60

contrato não cumprido:

a) Se o defeito datar, pelo menos, do momento da entrega e o


locador não provar que o desconhecia sem culpa;
b) Se o defeito surgir posteriormente à entrega, por culpa do
locador.

3.1. Casos de irresponsabilidade do locador

a) Se o locatário conhecia o defeito quando celebrou o contrato


ou recebeu a coisa;
b) Se o defeito já existia ao tempo da celebração do contrato e
era facilmente reconhecível, a não ser que o locador tenha
assegurado a sua inexistência ou usado de dolo para o ocultar;
c) Se o defeito for da responsabilidade do locatário;
d) Se este não avisou o defeito o locador, como lhe cumpria.

4. Obrigações do locatário
São obrigações do locatário:

a) Pagar a renda ou aluguer;


b) Facultar ao locador o exame da coisa locada;
c) Não aplicar a coisa a fim diverso daqueles a que ela se destina;
d) Não fazer dela uma utilização imprudente;
e) Tolerar as reparações urgentes, bem como quaisquer obras
ordenadas pela autoridade pública;
f) Não proporcionar a outrem o gozo total ou parcial da coisa por
meio de cessão onerosa ou gratuita da sua posição jurídica,
sublocação ou comodato, excepto se a lei o permitir ou o
locado o autorizar;
g) Comunicar ao locador, dentro de quinze dias, a cedência do
gozo da coisa por algum dos referidos títulos, quando
permitida ou autorizada;
h) Avisar imediatamente o locador, sempre que tenha
conhecimento de vícios na coisa, ou saiba que a ameaça algum
perigo ou que terceiros se arrogam direitos em relação a ela,
desde que o facto seja ignorado pelo locador;
i) Restituir a coisa locada findo o contrato.

5. Pagamento da renda ou aluguer


O pagamento da renda ou aluguer deve ser efectuado no último dia de
vigência do contrato ou do período a que respeita, e no domicílio do
locatário à data do vencimento, se as partes ou os usos não fixarem
outro regime (artigo 1039). Se a renda ou aluguer houver de ser pago
no domicílio, geral ou particular, do locatário ou de procurador seu, e
o pagamento não tiver sido efectuado, presume-se que o locador não
veio nem mandou receber a prestação no dia do vencimento.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 60
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 61

Se, por motivo não atinente à sua pessoa ou à dos seus familiares, o
locatário sofrer privação ou diminuição do gozo da coisa locada,
haverá lugar a uma redução da renda ou aluguer proporcional ao
tempo da privação ou diminuição e à extensão desta. Mas, se a
privação ou diminuição não for imputável ao locador nem aos seus
familiares, a redução só terá lugar no caso de uma ou outra exceder
um sexto da duração do contrato.

Consideram-se familiares os parentes, afins ou serviçais que vivam


habitualmente em comunhão de mesa e habitação com o locatário ou
o locador.

5.1. Mora do locatário

Constituindo-se o locatário em mora, o locador tem o direito de exigir,


além das rendas ou alugueres em atraso, uma indemnização igual ao
dobro do que for devido, salvo se o contrato for resolvido com base na
falta de pagamento. Cessa o direito à indemnização ou à resolução do
contrato, se o locatário fazer cessar a mora no prazo de oito dias a
contar do seu começo.

Enquanto não forem cumpridas as obrigações referidas acima, o


locador tem o direito de recusar o recebimento das rendas ou
alugueres seguintes, os quais são considerados em dívida para todos
os efeitos.

A recepção de novas rendas ou alugueres não priva o locador do


direito à resolução do contrato ou à indemnização referida, com base
nas prestações em mora.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a


proporcionar à outra o gozo temporário de uma coisa,
mediante retribuição;

 A locação diz-se arrendamento quando versa sobre coisa


imóvel, aluguer quando incide sobre coisa móvel

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à
outra o gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição,
designa-se por:

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 61
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 62

a) Compra e venda
b) Doação
c) Locação
d) Mútuo
Resposta: a) Locação

2. A locação quando versa sobre coisa imóvel, diz-se


a) Arrendamento
b) Aluguer
c) Qualquer dos dois
d) Nenhum dos dois
Resposta: a) Arrendamento

3. A locação não pode celebrar-se por mais de trinta anos


 Certo
 Errado
Resposta: Certo

4. Uma das obrigações do locador é entregar ao locatário a coisa.


 Certo
 Errado
Resposta: Certo

5. Quando a coisa locada apresentar vício que lhe não permita


realizar cabalmente o fim a que é destinada, considera-se o
contrato não cumprido.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. Na locação proporciona-se um gozo:
a) Temporário
b) Vitalício
c) Perpétuo
d) Definitivo
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 62
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 63

2. A retribuição não é um elemento essencial no contrato de


locação
 Certo
 Errado

3. A locação quando versa sobre coisa móvel, diz-se


a) Arrendamento
b) Aluguer
c) Qualquer dos dois
d) Nenhum dos dois
Resposta: b) Aluguer

4. A locação quando estipulada, como contrato perpétuo equivale


ao limite de 30 anos.
 Certo
 Errado

5. Constitui obrigação do locador pagar a renda ou aluguer


 Certo
 Errado

Soluções: 1. a) Temporário; 2. Errado; 3. Aluguer; 4. Certo; 5. Errado

UNIDADE Temática 3.3. Exercícios do Tema IV

1. A compra e venda tem como efeito:


a) A transmissão da propriedade da coisa ou da
titularidade do direito;
b) A obrigação de entregar a coisa;
c) A obrigação de pagar o preço;
d) Todos acima

2. A venda de bens alheios sempre que o vendedor careça de


legitimidade para a realizar é:
a) Nula
b) Anulável
c) Ineficaz
d) Eficaz

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 63
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 64

3. Constitui obrigação do locatário facultar ao locador o exame da


coisa locada.
 Certo
 Errado

4. Constitui obrigação do locador restituir a coisa locada findo o


contrato.
 Certo
 Errado

5. A compra e venda é um contrato:


a) Solene
b) Não solene
c) Dependendo da situação pode ser solene ou não solene
d) Nenhum dos casos

6. Em regra o pagamento da renda ou aluguer deve ser efectuado


no:
a) Último dia de vigência do contrato ou do período a que
respeita
b) No primeiro dia de vigência do contrato ou do período a
que respeita
c) No meio de vigência do contrato ou do período a que
respeita
d) Antes da de vigência do contrato ou do período a que
respeita

7. Em regra o pagamento da renda ou aluguer deve ser efectuado


no:
a) Domicílio do locatário
b) Domicílio do locador
c) No banco
d) Na fazenda pública

8. Se, por motivo não atinente à sua pessoa ou à dos seus


familiares, o locatário sofrer privação ou diminuição do gozo da
coisa locada, haverá lugar a uma redução da renda.
 Certo
 Errado

9. Constituindo-se o locatário em mora, o locador tem o direito


de exigir, além das rendas ou alugueres em atraso, uma
indemnização
 Certo
 Errado

10. O preço de compra e venda sempre é estipulado por uma


entidade pública

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 64
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 65

 Certo
 Errado

Soluções: 1. d) Todos acima; 2. a) Nula; 3. Certo; 4. Errado; 5. c)


dependendo da situação pode ser solene ou não solene; 6. a) último
dia de vigência do contrato ou do período a que respeita; 7. a)
domicílio do locatário; 8. Certo; 9. Certo; 10. Errado

Bibliografia do Tema
Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos
unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva.

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume I – Introdução


da Constituição das Obrigações. (9ª ed.) Coimbra: Almedina;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf;

https://morumbidireito.files.wordpress.com/2016/03/flc3a1vio-
tartuce-direito-civil-vol-03-contratos-2014.pdf.

Código Civil moçambicano.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 65
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 66

TEMA – V: CONTRATO DE EMPRÉSTIMO


UNIDADE Temática 5.1. Comodato e Mútuo
UNIDADE Temática 5.2. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 5.1. Comodato e Mútuo

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre o regime jurídico dos contratos de
comodato e mútuo.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as espécies dos contratos de empréstimo;


 Saber diferenciar o mútuo do comodato
Objectivos  Conhecer as obrigações do comodatário;
 Conhecer os casos de usura no contrato de mútuo.

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/10818789/, disponível em 03 de


Agosto de 2017

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 66
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 67

I - Comodato

1. Noção
Comodato é o contrato gratuito pelo qual uma das partes entrega à
outra certa coisa, móvel ou imóvel, para que se sirva dela, com a
obrigação de a restituir.

Se o comodante emprestar a coisa com base num direito de duração


limitada, não pode o contrato ser celebrado por tempo superior; e,
quando o seja, reduzir-se-á ao limite de duração desse direito.

2. Fim do contrato
Se do contrato e respectivas circunstâncias não resultar o fim a que a
coisa emprestada se destina, é permitido ao comandatário aplica-la a
quaisquer fins lícitos, dentro da função normal das coisas de igual
natureza.

3. Actos que impedem ou diminuem o uso da coisa


O comodante deve abster-se de actos que impeçam ou restrinjam o
uso da coisa pelo comodatário, mas não é obrigado a assegurar-lhe
esse uso.

Se este for privado dos seus direitos ou perturbado no exercício deles,


pode usar, mesmo contra o comodante, dos meios facultados ao
possuidor nos artigos 1276º e seguintes.

4. Obrigações do comodatário
São obrigações do comodatário:

a) Guardar e conservar a coisa emprestada;


b) Facultar ao comodante o exame dela;
c) Não a aplicar a fim diverso daquele a que a coisa se destina;
d) Não fazer dela uma utilização imprudente;
e) Tolerar quaisquer benefícios que o comodante queria realizar
na coisa;
f) Não proporcionar a terceiro o uso da coisa, excepto se o
comodante o autorizar;
g) Avisar imediatamente o comodante, sempre que tenha
conhecimento de vícios na coisa ou saiba que a ameaça algum
perigo ou que terceiro se arroga direitos em relação a ela,
desde que o facto seja ignorado do comodante;
h) Restituir a coisa findo o contrato.

5. Perda ou deterioração da coisa


Quando a coisa emprestada perecer ou se deteriorar casualmente, o
comodatário é responsável, se estava no seu poder tê-lo evitado,
ainda que mediante o sacrifício de
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 67
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 68

coisa própria de valor não superior. Quando, porém, o comodatário a


tiver aplicado a fim diverso daquele a que a coisa se destina, ou tiver
consentido que terceiro a use sem para isso estar autorizado, será
responsável pela perda ou deterioração, salvo provando que ela teria
igualmente ocorrido sem a sua conduta ilegal. Sendo avaliada a coisa
ao tempo do contrato, presume-se que a responsabilidade ficou o
cargo do comodatário, embora este pudesse evitar o prejuízo pelo
sacrifício de coisa própria.

6. Restituição
Se os contraentes não convencionarem prazo certo para a restituição
da coisa, mas esta foi emprestada para uso determinado, o
comodatário deve restituí-la ao comodante logo que o uso finde,
independentemente de interpelação.

Se não foi convencionado prazo para a restituição nem determinado o


uso da coisa, o comodatário é obrigado a restitui-la logo que lhe seja
exigida.

II - Mútuo

1. Noção
Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta à outra
dinheiro ou outra coisa fungível a segunda obrigada a restituir tanto
do mesmo género e qualidade (art.1142)

As coisas mutuadas tornam-se propriedades do mutuário pelo facto da


entrega.

Fonte: http://saldopositivo.cgd.pt/emprestimos-entre-particulares-como-
funcionam/, disponível em 03 de Agosto de 2017

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 68
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 69

As partes podem convencionar o pagamento de juros como


retribuição do mútuo; este presume-se oneroso em caso de dúvida.
Ainda que o mútuo não verse sobre dinheiro, observar-se-à,
relativamente a juros, o disposto no artigo 559º e, havendo mora do
mutuário, o disposto no artigo 806º.

2. Usura
É havido como usuário o contrato de mútuo em que sejam estipulados
juros anuais superiores a oito ou dez por cento, conforme exista ou
não garantia real.
É havida também como usuária a cláusula penal que fixar como
indemnização devida pela falta de restituição do empréstimo
relativamente ao tempo de mora, mais do que o correspondente a
doze ou catorze por cento ao ano, conforme exista ou não garantia
real.
Se a taxa de juros estipulada ou o montante da indemnização exceder
o máximo fixado nos números precedentes, considera-se reduzido a
esses máximos, ainda que seja outra a vontade dos contraentes.

3. Prazo do mútuo oneroso


No mútuo oneroso o prazo presume-se estipulado a favor de ambas as
partes, mas o mutuário pode antecipar o pagamento, desde que
satisfaça os juros por inteiro.

Na falta de estipulação de prazo, a obrigação do mutuário, tratando-se


de mútuo gratuito, só se vence trinta dias após a exigência do seu
cumprimento.

Se o mútuo for oneroso e não se tiver fixado prazo, qualquer das


partes pode pôr termo ao contrato, desde que o denuncie com uma
antecipação mínima de trinta dias.

Tratando-se, porém, de empréstimo, gratuito ou oneroso, de cereais


ou outros produtos rurais a favor de lavrador, presume-se feito até à
colheita seguinte dos produtos semelhantes.
A doutrina do número anterior é aplicável aos mutuários que, não
sendo lavradores, recolhem pelo arrendamento de terras próprios
frutos semelhantes aos que receberam de empréstimo.

4. Impossibilidade de restituição
Se o mutuário recair em coisa que não seja dinheiro e a restituição se
tornar impossível ou extremamente difícil por causa não imputável ao
mutuário, pagará este o valor que a coisa tiver no momento e lugar do
vencimento da obrigação.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 69
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 70

5. Resolução do contrato
O mutuante pode resolver o contrato, se o mutuário não pagar os
juros no seu vencimento.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Comodato é o contrato gratuito pelo qual uma das partes


entrega à outra certa coisa, móvel ou imóvel, para que se sirva
dela, com a obrigação de a restituir.

 Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta à outra


dinheiro ou outra coisa fungível a segunda obrigada a restituir
tanto do mesmo género e qualidade.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O comodato é o empréstimo de um bem infungível.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

2. O comodato também pode se designar empréstimo de:


a) Uso
b) Consumo
c) Propriedade
d) Todos
Resposta: a) Uso

3. Comodato é o contrato:
a) Gratuito
b) Oneroso
c) Unilateral
d) Todos
Resposta: a) Gratuito

4. No contrato de comodato não há obrigação de restituir a coisa.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 70
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 71

 Certo
 Errado
Resposta: Errado

5. Constitui obrigação do comodatário conservar a coisa


emprestada.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. No comodato o bem a ser devolvido é exactamente o bem
emprestado.
 Certo
 Errado

2. O contrato de mútuo é o empréstimo de um bem fungível.


 Certo
 Errado

3. O mútuo também pode se designar empréstimo de:


a) Uso
b) Consumo
c) Propriedade
d) Todos
Resposta: b) Consumo

4. Constitui obrigação do comodante restituir a coisa findo o


contrato.
 Certo
 Errado

5. Se não foi convencionado prazo para a restituição nem


determinado o uso da coisa, o comodatário é obrigado a
restitui-la logo que:
a) O uso finde, independentemente de interpelação
b) O uso finde sendo interpelado
c) Lhe seja aconselhado
d) Lhe seja exigida

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 71
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 72

Soluções: 1. Certo; 2. Certo; 3. b)Consumo; 4. Errado; 5. d) Lhe seja


exigida.

UNIDADE Temática 5.2. Exercícios do Tema V

1. A diferença entre comodato e mútuo depende de:


a) Do preço
b) Do lugar da compra
c) Do que será emprestado
d) Do que será vendido

2. No contrato de mútuo o bem a ser devolvido deve ser


exactamente o mesmo.
 Certo
 Errado

3. O contrato gratuito pelo qual uma das partes entrega à outra


certa coisa, móvel ou imóvel, para que se sirva dela, com a
obrigação de a restituir, designa-se por:
a) Comodato
b) Mútuo
c) Compra e venda
d) Doação

4. Quando a coisa emprestada perecer ou se deteriorar


casualmente, o comodatário é responsável, se estava no seu
poder tê-lo evitado.
 Certo
 Errado

5. Se os contraentes não convencionarem prazo certo para a


restituição da coisa, mas esta foi emprestada para uso
determinado, o comodatário deve restituí-la ao comodante
logo que:
a) O uso finde, independentemente de interpelação
b) O uso finde sendo interpelado
c) Seja interpelado
d) Seja exigido

6. Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta à outra


dinheiro ou outra coisa fungível a segunda obrigada a restituir
tanto do mesmo género e qualidade.
 Certo
 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 72
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 73

7. As partes podem convencionar o pagamento de juros como


retribuição do mútuo.
 Certo
 Errado

8. O mútuo presume-se gratuito em caso de dúvida


 Certo
 Errado

9. O mutuante pode resolver o contrato, se o mutuário não pagar


os juros no seu vencimento
 Certo
 Errado

10. Se o mútuo for oneroso e não se tiver fixado prazo, qualquer


das partes pode pôr termo ao contrato, desde que o denuncie
com uma antecipação mínima de:
a) 3 dias
b) 15 dias
c) 25 dias
d) 30 dias

Soluções: 1. c) que será emprestado; 2.Errado; 3. Comodato; 4.


Certo; 5. a) o uso finde, independentemente da interpelação; 6.
Certo; 7. Certo; 8. Errado; 9. Certo; 10. d) Trinta dias

Bibliografia do Tema
Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos
unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume I – Introdução


da Constituição das Obrigações. (9ª ed.) Coimbra: Almedina;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf.

https://morumbidireito.files.wordpress.com/2016/03/flc3a1vio-
tartuce-direito-civil-vol-03-contratos-2014.pdf.

Código Civil moçambiano

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 73
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 74

TEMA – VI: CONTRATOS SOBRE SERVIÇOS


UNIDADE Temática 6.1. Mandato e depósito
UNIDADE Temática 6.2. Empreitada
UNIDADE Temática 6.3. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 6.1. Mandato e depósito

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre o contrato de prestação de serviços nas
suas modalidades de mandato e depósito.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as modalidades do contrato de prestação de serviço;


 Conhecer as obrigações do mandatário e do mandante;
Objectivos  Conhecer as obrigações do depositante e do depositário;
 Saber distinguir o depósito do depósito irregular;
 Conhecer o regime jurídico da coisa irregular.

I - Prestação de serviço

1. Noção
Contrato de prestação de serviço é aquele em que uma das partes se
obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho
intelectual ou manual, com ou sem retribuição.

2. Modalidade do contrato
O mandato, o depósito e a empreitada são modalidades do contrato
de prestação de serviço.

As disposições sobre o mandato são extensivas, com as necessárias


adaptações, às modalidades do contrato de prestação de serviço que a
lei não regule especialmente.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 74
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 75

II - Mandato

1. Noção
Mandato é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar
um ou mais actos jurídicos por conta da outra.

O mandato presume-se gratuito, excepto se tiver por objecto actos


que o mandatário pratique por profissão; neste caso, presume-se
oneroso.
Se o mandato for oneroso, a medida da retribuição, não havendo
ajuste entre as partes, é determinada pelas tarifas profissionais; na
falta destas, pelos usos; e, na falta de uma e outros, por juízos de
equidade.

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/7400555/, disponível em 03 de


Agosto de 2017

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 75
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 76

2. Obrigações do mandatário
O mandatário é obrigado:

a) A praticar os actos compreendidos no mandato, segundo as


instruções do mandante;
b) A prestar as informações que este lhe peça, relativas ao estado
da gestão;
c) A comunicar ao mandante, com prontidão, a execução do
mandato ou, se o não tiver executado, a razão por que assim
procedeu;
d) A prestar contas, findo o mandato ou quando o mandante as
exigir;
e) A entregar ao mandante o que recebeu em execução do
mandato ou no exercício deste, se o não despendeu
normalmente no cumprimento do contrato.

3. Inexecução do mandato ou a inobservância das instruções


O mandatário pode deixar de executar o mandato ou afastar-se das
instruções recebidas, quando seja razoável supor que o mandante
aprovaria a sua conduta, se conhecesse certas circunstâncias que não
foi possível comunicar-lhe em tempo útil.

Comunicada a execução ou inexecução do mandato, o silêncio do


mandante por tempo superior aquele em que teria de pronunciar-se,
segundo os usos ou, na falta destes, de acordo com a natureza do
assunto, vale como aprovação da conduta do mandatário, ainda eu
este haja excedido os limites do mandato ou desrespeitado as
instruções do mandante, salvo em contrário.

4. Juros devidos pelo mandatário


O mandatário deve pagar ao mandante os juros legais
correspondentes às quantias que recebeu dele ou por conta dele, a
partir do momento em que devia entregar-lhas, ou remeter-lhas, ou
aplica-las segundo as suas instruções.

5. Substituto e auxiliares do mandatário


O mandatário pode, na execução do mandato, fazer-se substituir por
outrem ou servir-se de auxiliares, nos mesmos termos em que o
procurador o pode fazer.

6. Pluralidade de mandatários
Havendo dois ou mais mandatários com o dever de agirem
conjuntamente, responderá cada um deles pelos seus actos, se outro
regime não tiver sido convencionado.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 76
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 77

7. Obrigações do mandante
O mandante é obrigado a:

a) A fornecer ao mandatário os meios necessários à execução do


mandato, se outra coisa não foi convencionada;
b) A pagar-lhe a retribuição que ao caso competir, e fazer-lhe
provisão por conta dela segundo os usos;
c) A reembolsar o mandatário das despesas feitas que este
fundadamente tenha considerado indispensáveis, com juros
legais desde que foram efectuadas;
d) A indemniza-lo do prejuízo sofrido em consequência do
mandato, ainda que o mandante tenha procedido sem culpa.

8. Revogação e caducidade do mandato

4.1. Revogabilidade do mandato

O mandato é livremente revogável por qualquer das partes, não


obstante convenção em contrário ou renuncia ao direito de
revogação. Se, porém, o mandato tiver sido conferido também no
interesse do mandatário ou de terceiro, não pode ser revogado pelo
mandante sem acordo do interessado, salvo ocorrendo justa causa.
A designação de outra pessoa, por parte do mandante, para a prática
dos mesmos actos implica revogação do mandato, mas só produz este
efeito depois de ser conhecida pelo mandatário.

A parte que revoga o contrato deve indemnizar a outra do prejuízo


que esta sofrer:

a) Se assim tiver sido convencionado;


b) Se tiver sido estipulada a irrevogabilidade ou tiver havido
renuncia ao direito de revogação;
c) Se a revogação proceder do mandante e versar sobre mandato
oneroso, sempre que o mandato tenha sido conferido por
certo tempo ou para determinado assunto, ou que o mandante
o revogue sem a antecedência conveniente;
d) Se a revogação proceder do mandatário e não tiver sido
realizada com a antecedência conveniente.

4.2. Caducidade

O mandato caduca:

a) Por morte ou interdição do mandante ou do mandatário;


b) Por inabilitação do mandante, se o mandato tiver por objecto
actos que não possam ser praticados sem intervenção do
curador.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 77
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 78

9. Mandato com representação


Se o mandatário for representante, por ter recebido poderes para agir
em nome do mandante, é aplicável ao mandato o disposto nos artigos
258º e seguintes.

O mandatário a quem hajam sido conferidos poderes de


representação tem o dever de agir não só por conta, mas em nome do
mandante, a não ser que outra coisa tenha sido estipulada.

A revogação e a renúncia da procuração implicam revogação do


mandato.

10. Mandato sem representação (Mandatário que age em nome


próprio )
O mandatário, se agir em nome próprio, adquire os direitos e assume
as obrigações decorrentes dos actos que celebra, embora o mandato
seja conhecido dos terceiros que participem nos actos ou sejam
destinatários destes.

11. Direitos adquiridos em execução do mandato


O mandatário é obrigado a transferir para o mandante os direitos
adquiridos em execução do mandato. Relativamente aos créditos, o
mandante pode substituir-se ao mandatário no exercício dos
respectivos direitos.

12. Responsabilidade do mandatário


Salvo estipulação em contrário, o mandatário não é responsável pela
falta de cumprimento das obrigações assumidas pelas pessoas com
quem haja contratado, a não ser que no momento da celebração do
contrato conhecesse ou devesse conhecer a insolvência delas.

III - Depósito

1. Noção
Depósito é o contrato pelo qual uma das partes entrega a outra uma
coisa, móvel ou imóvel, para que a guarda, e a restitua quando for
exigida.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 78
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 79

Fonte: http://derecho.laguia2000.com/parte-general/deposito-voluntario,
disponível em 03 de Agosto de 2017

2. Direitos e obrigações do depositário


O depositário é obrigado:

a) A guardar a coisa depositada;


b) A avisar imediatamente o depositante, quando saiba que
algum perigo ameaça a coisa ou que terceiro se arroga direitos
em relação a ela, desde que o facto seja desconhecido do
depositante;
c) A restituir a coisa com os seus frutos.

3. Turvação da detenção ou esbulho da coisa


Se o depositário for privado da detenção da coisa por causa que lhe
não seja imputável, fica exonerado das obrigações de guarda e
restituição, mas deve dar conhecimento imediato da privação ao
depositante. Independentemente da obrigação imposta acima, o
depositário que for privado da detenção da coisa ou perturbado no
exercício dos seus direitos pode usar, mesmo contra o depositante,
dos meios facultados ao possuidor nos artigos 1276º e seguintes.

O depositário não tem o direito de usar a coisa depositada nem de a


dar em depósito a outrem, se o depositário o não tiver autorizado.

4. Guarda da coisa
O depositário pode guardar a coisa de modo diverso do
convencionamento, quando haja razões para supor que o depositante
aprovaria a alteração, se conhecesse as circunstancias que a
fundamentam; mas deve participar-lhe a mudança logo que a
comunicação seja possível.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 79
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 80

5. Depósito cerrado
Se o depósito recair sobre coisa encerrada nalgum invólucro ou
recipiente, deve o depositário guarda-la e restitui-la no mesmo estado,
sem a devassar. No caso de o invólucro ou recipiente ser violado,
presume-se que na violação houve culpa do depositário; e, se este não
ilidir a presunção, presumir-se-á verdadeira a descrição feita pelo
depositante.

6. Restituição da coisa
O depositário não pode recusar a restituição ao depositante com o
fundamento de que este não é proprietário da coisa nem tem sobre
ela outro direito.

Se, porém, for proposta por terceiro acção de reivindicação contra o


depositário, este, enquanto não for julgada definitivamente a acção,
só pode liberar-se da obrigação de restituir consignando em depósito
a coisa.

Se chegar ao conhecimento do depositário que a coisa provém de


crime, deve participar imediatamente do depositário que a coisa
provém de crime, sabendo quem é, ao Ministério Público; e só poderá
restituir a coisa ao depositante se dentro de quinze dias, contados da
participação, ela não lhe for reclamada por quem de direito.

O prazo de restituição da coisa tem-se por estabelecido a favor do


depositante; mas, sendo o depósito oneroso, o depositante satisfará
por inteiro a retribuição do depositário, mesmo quando exija a
restituição da coisa antes de findar o prazo estipulado, salvo se para
isso tiver justa causa.

No silêncio das partes, o depositário deve restituir a coisa móvel no


lugar onde, segundo o contrato, tiver de a guardar. As despesas da
restituição ficam a cargo do depositante.

7. Terceiro interessado no depósito


Se a coisa foi depositada também no interesse de terceiro e este
comunicou ao depositário a sua adesão, o depositário não pode
exonerar-se restituindo a coisa ao depositante sem consentimento do
terceiro.

Se o depositário, devidamente autorizado, confiar por sua vez a coisa


em depósito a terceiro, é responsável por culpa sua na escolha dessa
pessoa.

O depositário pode socorrer-se de auxiliares no cumprimento das suas


obrigações, sempre que o contrário não resulte do conteúdo ou
finalidade do depósito.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 80
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 81

8. Obrigações do depositante
O depositante é obrigado:

a) A pagar ao depositário a retribuição devida;


b) A reembolsa-lo das despesas que ele fundamente tenha
considerado indispensáveis para a conservação da coisa, com
juros legais desde que foram efectuadas;
c) A indemniza-lo do prejuízo sofrido em consequência do
depósito, salvo se o depositante houver procedido sem culpa.

9. Remuneração do depositário
A remuneração do depositário, quando outra coisa se não tenha
convencionado, deve ser paga no termo do depósito; mas, se for
fixada por períodos de tempo, pagar-se-á no fim de cada um deles.
Findando o depósito antes do prazo convencionado, pode o
depositário exigir uma parte proporcional ao tempo decorrido, sem
prejuízo do preceituado no artigo 1194º.

10. Depósito de coisa controvertida


Se duas ou mais pessoas disputam a propriedade de uma coisa ou
outro direito sobre ela, podem por meio de deposito entrega-la a
terceiro, para que este a guarde e, resolvida a controvérsia, a restitua
à pessoa a quem se apurar que pertence. O depósito de coisa
controvertida presume-se oneroso.

Salvo convenção em contrário, cabe ao depositário a obrigação de


administrar a coisa.

11. Depósito irregular


Diz-se irregular o depósito que tem por objecto coisas fungíveis.
Consideram-se aplicáveis ao depósito irregular, na medida do possível,
as normas relativas ao contrato de mútuo.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Contrato de prestação de serviço é aquele em que uma das


partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu
trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuição

 O mandato, o depósito e a empreitada são modalidades do


contrato de prestação de serviço.

 As disposições sobre o mandato são extensivas, com as


necessárias adaptações, às
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 81
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 82

modalidades do contrato de prestação de serviço que a lei não


regule especialmente.

 Mandato é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a


praticar um ou mais actos jurídicos por conta da outra

 Depósito é o contrato pelo qual uma das partes entrega a outra


uma coisa, móvel ou imóvel, para que a guarda, e a restitua
quando for exigida

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O Contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à
outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual,
com ou sem retribuição designa-se;
a) Prestação de serviço
b) Mútuo
c) Comodato
d) Compra e venda
Resposta: a) Prestação de serviço

2. A retribuição não é um elemento essencial do contrato de


prestação de serviços
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

3. O contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou


mais actos jurídicos por conta da outra, designa-se por:
a) Mandato
b) Compra e venda
c) Depósito
d) Comodato
Resposta: a) Mandato

4. O mandato pode decorrer de ofício de profissão (despachante,


Advogado, etc) ou não.
 Certo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 82
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 83

 Errado
Resposta: Certo

5. O mandatário é obrigado a praticar os actos compreendidos no


mandato, segundo as instruções do mandante.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. O mandante é obrigado a prestar contas findo o mandato.
 Certo
 Errado

2. O mandatário não pode, na execução do mandato, fazer-se


substituir por outrem.
 Certo
 Errado

3. A designação de outra pessoa, por parte do mandante, para a


prática dos mesmos actos implica revogação do mandato, mas só
produz este efeito:
a) Depois da designação;
b) Depois de conhecida pelo novo mandatário
c) Depois de ser conhecida pelo mandatário anterior
d) Nenhum

4. O contrato pelo qual uma das partes entrega a outra uma coisa,
móvel ou imóvel, para que a guarda, e a restitua quando for
exigida, designa-se por:
a) Mandato
b) Comodato
c) Depósito
d) Compra e venda

5. Guardar a coisa depositada é obrigação do:


a) Depositário
b) Depositante
c) Intermediário
d) Todos

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 83
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 84

Soluções: 1. Errado; 2. Errado; 3. c) Depois de ser conhecida


pelo anterior mandatário; 4. Depósito; 5. a) Depositário.

UNIDADE Temática 6.2. Empreitada

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre o regime jurídico do contrato de
prestação de serviço na sua modalidade de empreitada.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as noções da empreitada e subempreitada;


 Conhecer as responsabilidades dos empreiteiros e
Objectivos subempreteiros;
 Conhecer o regime jurídico da alteração da obra;
 Conhecer o regime jurídico da aceitação da obra;
 Conhecer o regime jurídico de defeito da obra.

III - Empreitada

Fonte: http://www.newsaiep.com/moz_news/obra-semi-acabada/,
disponível em 11 de Agosto de 2017

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 84
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 85

1. Noção
Empreitada é o contrato pelo qual uma das partes se obriga em
relação à outra a realizar certa obra, mediante um preço (art. 1207).

O empreiteiro deve executar a obra em conformidade com o que foi


convencionado, e sem vícios que excluam ou reduzam o valor dela, ou
a sua aptidão para o uso ordinário ou previsto no contrato.

O dono da obra pode fiscalizar, à sua custa, a execução dela, desde


que não perturbe o andamento ordinário da empreitada.

A fiscalização feita pelo dono da obra, ou por comissário, não impede


aquele, findo o contrato, de fazer valer os seus direitos contra o
empreiteiro, embora sejam aparentes os vícios da coisa ou notória a
má execução do contrato, excepto se tiver havido da sua parte
concordância expressa com a obra executada.

Os materiais e utensílios necessários à execução da obra devem ser


fornecidos pelo empreiteiro, salvo convenção ou uso em contrário. No
silêncio do contrato, os materiais devem corresponder às
características da obra e não podem ser de qualidade inferior à média.

2. Determinação e pagamento do preço


É aplicável à determinação do preço, com as necessárias adaptações, o
disposto no artigo 883º. O preço deve ser pago, não havendo cláusula
ou uso em contrário, no acto de aceitação da obra.

3. Propriedade da obra
No caso de empreitada de construção de coisa móvel com materiais
fornecidos, no todo ou na sua maior parte, pelo empreiteiro, a
aceitação da coisa importa a transferência da propriedade para o dono
da obra; se os materiais foram fornecidos por este, continuam a ser
propriedade dele, assim como é propriedade sua a coisa logo que seja
concluída.

No caso de empreitada de construção de imóveis, sendo o solo ou a


superfície pertença do dono da obra, a coisa é propriedade deste,
ainda que seja o empreiteiro quem fornece os materiais; estes
consideram-se adquiridos pelo dono da obra à medida que vão
incorporados no solo.

4. Subempreitada
Subempreitada é o contrato pelo qual um terceiro se obriga para com
o empreiteiro a realizar a obra a que este se encontrava vinculado, ou
uma parte dela.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 85
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 86

É aplicável à subempreitada, assim como ao concurso de auxiliares na


execução da empreitada, o disposto no artigo 264º, com as
necessárias adaptações.

5. Alterações e obras novas


5.1. Alterações da iniciativa do empreiteiro

O empreiteiro não pode, sem autorização do dono da obra, fazer


alterações ao plano convencionado. A obra alterada sem autorização é
havida como defeituosa; mas, se o dono quiser aceita-la tal como foi
executada, não fica obrigado a qualquer suplemento de preço nem a
indemnização por enriquecimento sem causa. Se tiver sido fixado para
a obra um preço global e a autorização não tiver sido dada por escrito
com fixação do aumento de preço, o empreiteiro só pode exigir do
dono da obra uma indemnização correspondente ao enriquecimento
deste.

5.2. Alterações necessárias

Se, para a execução da obra, for necessário, em consequência de


direitos de terceiro ou de regras técnicas, introduzir alterações ao
plano convencionado, e as partes não vierem a acordo, compete ao
tribunal determinar essas alterações e fixar as correspondentes
modificações quanto ao preço e prazo de execução. Se, em
consequência das alterações o preço for elevado em mais de vinte por
cento, o empreiteiro pode denunciar o contrato e exigir uma
indemnização equitativa.

5.3. Alterações exigidas pelo dono da obra

O dono da obra pode exigir que sejam feitas alterações ao plano de


convencionado, desde que o seu valor não exceda a quinta parte do
preço estipulado e não haja modificação da natureza da obra.

O empreiteiro tem o direito a um aumento do preço estipulado,


correspondente ao acréscimo de despesa e trabalho, e a um
prolongamento do prazo para a execução da obra.

Se das alterações introduzidas resultar uma diminuição de custo ou de


trabalho, o empreiteiro tem direito ao preço estipulado, com dedução
do que, em consequência das alterações, poupar em despesas ou
adquirir por outras aplicações da sua actividade.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 86
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 87

6. Defeitos da obra

Fonte: http://www.zappro.com.br/wp-content/uploads/2015/10/de-quem-
responsabilidade-dos-defeitos-daestrutura-do-imovel-zappro.jpg, disponível
em 11 de Agosto de 2017

6.1. Verificação da obra

O dono da obra deve verificar, antes de a aceitar, se ela se encontra


nas condições convencionadas e sem vícios. A verificação deve ser
feita dentro do prazo usual ou, na falta de uso, dentro do período que
se julgue razoável depois de o empreiteiro colocar o dono da obra em
condições de a poder fazer.

Qualquer das partes tem o direito de exigir que a verificação seja feita,
à sua custa, por peritos. Os resultados da verificação devem ser
comunicados ao empreiteiro. A falta de verificação ou da comunicação
importa aceitação da obra.

6.2. Casos de irresponsabilidade do empreiteiro

O empreiteiro não responde pelos defeitos da obra, se o dono a


aceitou sem reserva, com conhecimento deles. Presumem-se
conhecidos os defeitos aparentes, tenha ou não havido verificação da
obra.

6.3. Denuncia dos defeitos

O dono da obra deve, sob pena de caducidade dos direitos, denunciar


ao empreiteiro os defeitos da obra dentro dos trinta dias seguintes ao
seu descobrimento. Equivale à denúncia o reconhecimento, por parte
do empreiteiro, da existência do defeito.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 87
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 88

6.4. Eliminação dos defeitos

Se os defeitos puderem ser suprimidos, o dono da obra tem o direito


de exigir do empreiteiro a sua eliminação; se não puderem ser
eliminados, o dono pode exigir nova construção. Cessam os direitos
conferidos, se as despesas forem desproporcionadas em relação ao
proveito.

6.5. Redução do preço e resolução do contrato

Não sendo eliminados os defeitos ou construída de novo a obra, o


dono pode exigir a redução do preço ou a resolução do contrato, se os
defeitos tornarem a obra inadequada ao fim a que se destina.

6.6. Caducidade

Os direitos de eliminação dos defeitos, redução do preço, resolução do


contrato e indemnização caducam, se não forem exercidos dentro de
um ano a contar da recusa da aceitação da obra ou da aceitação com
reserva, sem prejuízo da caducidade prevista no artigo 1220º. Se os
defeitos eram desconhecidos do dono da obra e este a aceitou, o
prazo de caducidade conta-se a partir da denúncia; sem nenhum caso,
porém, aqueles direitos podem ser exercidos depois de decorrerem
dois anos sobre a entrega da obra.

6.7. Imóveis destinados a longa duração

Sem prejuízo do disposto nos artigos 1219º e seguintes, se a


empreitada tiver por objecto a construção, modificação ou reparação
de edifícios ou outros imóveis destinados por sua natureza a longa
duração e, no decurso de cinco anos a contar da entrega, ou no
decurso do prazo de garantia convencionado, a obra, por vício do solo
ou da construção, modificação ou reparação, ruir total ou
parcialmente, ou apresentar defeitos graves ou perigo de ruína, o
empreiteiro é responsável pelo prejuízo para com o dono da obra. A
denúncia, neste caso, deve ser feita dentro do prazo de um ano e a
indemnização deve ser pedida no ano seguinte à denúncia.

7. Responsabilidade dos subempreiteiros


O direito de regresso do empreiteiro contra os subempreiteiros
quanto aos direitos conferidos caduca, se não lhes for comunicada a
denuncia dentro dos trinta dias seguintes à sua recepção.

8. Impossibilidade de cumprimento e risco pela perda ou


deterioração da obra

Se a execução da obra se tornar impossível por causa não imputável a


qualquer das partes, é aplicável o
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 88
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 89

disposto no artigo 790º; tendo, porém, havido começo de execução, o


dono da obra é obrigado a indemnizar o empreiteiro do trabalho
executado e das despesas realizadas.

Se, por causa não imputável a qualquer das partes, a coisa perecer ou
se deteriorar, o risco corre por conta do proprietário. Se, porém, o
dono da obra estiver em mora quanto à verificação ou aceitação da
coisa, o risco corre por conta dele.

9. Extinção do contrato
9.1. Desistência do dono da obra

O dono da obra pode desistir da empreitada a todo o tempo, ainda


que tenha sido iniciada a sua execução, contanto que indemnize o
empreiteiro dos seus gastos e trabalho e do proveito que poderia tirar
da obra.

9.2. Morte ou incapacidade das partes

O contrato de empreitada não se extingue por morte do dono da obra,


nem por morte ou incapacidade do empreiteiro, a não ser que, neste
último caso, tenham sido tomadas em conta, no acto da celebração, as
qualidades pessoais deste. Extinto o contrato por morte ou
incapacidade do empreiteiro, considera-se a execução da obra como
impossível por causa não imputável a qualquer das partes.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Empreitada é o contrato pelo qual uma das partes se obriga em


relação à outra a realizar certa obra, mediante um preço.

 Subempreitada é o contrato pelo qual um terceiro se obriga


para com o empreiteiro a realizar a obra a que este se
encontrava vinculado, ou uma parte dela.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O preço não é um elemento essencial no contrato de
empreitada.
 Certo
 Errado
Resposta: Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 89
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 90

2. O contrato pelo qual um terceiro se obriga para com o


empreiteiro a realizar a obra a que este se encontrava
vinculado, ou uma parte dela, designa-se por:
a) Empreitada
b) Subempreitada
c) Comodato
d) Mandato
Resposta: Subempreitada

3. O empreiteiro não pode, sem autorização do dono da obra,


fazer alterações ao plano convencionado.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

4. A obra alterada sem autorização é havida como:


a) Perfeita
b) Normal
c) Aceite
d) Defeituosa;
Resposta: d) Defeituosa

5. Tanto o empreiteiro como o dono tem o direito de exigir que a


verificação da obra seja feita, à sua custa, por peritos.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. O dono da obra pode fiscalizar, à sua custa, a execução
dela, desde que não perturbe o andamento ordinário da
empreitada.
 Certo
 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 90
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 91

2. O preço deve ser pago, não havendo cláusula ou uso em


contrário, no:
a) Início da obra
b) Decurso da obra
c) Fim da obra
d) Acto de aceitação da obra

3. O dono da obra deve verificar, antes de a aceitar


 Certo
 Errado

4. A falta de verificação ou da comunicação importa aceitação


da obra.
 Certo
 Errado

5. O empreiteiro não responde pelos defeitos da obra, se o


dono a aceitou sem reserva.
 Certo
 Errado

Soluções: 1.Certo; 2. d) Acto de aceitação da obra; 3. Certo;


4. Certo; 5. Certo

UNIDADE Temática 6.3. Exercícios do Tema VI

1. O mandato presume-se gratuito, excepto se tiver por objecto


actos que o mandatário pratique por profissão; neste caso,
presume-se oneroso.
 Certo
 Errado

2. Havendo dois ou mais mandatários com o dever de agirem


conjuntamente, responderá cada um deles pelos seus actos e
de outros mandatários.
 Certo
 Errado

3. O mandato pode caducar por morte ou interdição do


mandante ou do mandatário.
 Certo
 Errado

4. O mandatário é obrigado a transferir para o mandante os


direitos adquiridos em execução do mandato.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 91
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 92

 Certo
 Errado

5. É obrigação do depositante restituir a coisa depositada com os


seus frutos
 Certo
 Errado

6. O depositário não tem o direito de usar a coisa depositada nem


de a dar em depósito a outrem, se o depositário o não tiver
autorizado.
 Certo
 Errado

7. Se o depósito recair sobre coisa encerrada nalgum invólucro ou


recipiente, deve o depositário guarda-la e restitui-la no mesmo
estado, sem a devassar.
 Certo
 Errado

8. No caso de o invólucro ou recipiente ser violado, presume-se


que na violação houve culpa do depositário; e, se este não ilidir
a presunção, presumir-se-á verdadeira a descrição feita pelo
depositante.
 Certo
 Errado

9. O depósito que tem por objecto coisas fungíveis diz-se


a) Depósito
b) Depósito irregular
c) Mandato
d) Comodato

10. No contrato de empreitada salvo convenção ou uso em


contrário os materiais e utensílios necessários à execução da
obra devem ser fornecidos pelo:
a) Empreiteiro,
b) Dono da obra
c) Mestre de obra
d) Fiscais da obra

Solução: 1. Certo; 2. Errado; 3. Certo; 4. Certo; 5. Errado; 6. Certo; 7.


Certo; 8. Certo; 9. b) Depósito irregular; 10. a) Empreiteiro.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 92
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 93

Bibliografia do Tema

Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos


unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume I – Introdução


da Constituição das Obrigações. (9ª ed.) Coimbra: Almedina;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf;

https://morumbidireito.files.wordpress.com/2016/03/flc3a1vio-
tartuce-direito-civil-vol-03-contratos-2014.pdf.

Código Civil moçambicano.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 93
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 94

TEMA – VII: CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DA RENDA


UNIDADE Temática 7.1. Renda Perpétua e Renda Vitalícia
UNIDADE Temática 7.2. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 7.1. Renda Perpétua e Renda Vitalícia

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre os regimes jurídico das rendas perpétua
e vitalícia.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber diferenciar a renda perpétua da renda vitalícia;


 Conhecer os casos da remissão da renda perpétua;
Objectivos  Conhecer os casos de resolução dos contratos de renda

I - Renda perpétua

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/7476371/, disponível em 11 de Agosto


de 2017

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 94
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 95

1. Noção e Forma
Contrato de renda perpetua é aquele em que uma pessoa aliena em
favor de outra certa soma de dinheiro, ou qualquer outra coisa móvel
ou imóvel, ou um direito, e a segunda se obriga, sem limite de tempo,
a pagar, como renda, determinada quantia em dinheiro ou outra coisa
fungível. A renda perpétua fica sujeita às disposições legais sobre
juros, no que for compatível com a sua natureza.

A renda perpétua só é válida se for constituída por escritura da


obrigação. Não há na renda perpétua direito de acrescer entre os
beneficiários (art. 1234).

2. Resolução do contrato
Ao beneficiário da renda é permitido resolver o contrato, quando o
devedor se constitua em mora quanto às prestações correspondentes
a dois anos, ou se verifique algum dos casos previstos no artigo 780º.

3. Remição
O devedor pode a todo o tempo remir a renda, mediante o pagamento
da importância em dinheiro que represente a capitalização da mesma,
à taxa legal de juros.

O direito de remição é irrenunciável, mas é lícito estipular-se que não


possa ser exercido em vida do primeiro beneficiário ou dentro de
certo prazo não superior a vinte anos.

II - Renda vitalícia

Fonte: http://www.ocmcontabilidade.com.br/?p=740, disponível em 11 de


Agosto de 2017

1. Noção e Forma
Contrato de renda vitalícia é aquele em que uma pessoa aliena em
favor de outra certa soma de dinheiro,
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 95
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 96

ou qualquer outra coisa móvel ou imóvel, ou um direito, e a segunda


se obriga a pagar certa quantia em dinheiro ou outra coisa fungível
durante a vida do alienante ou de terceiro.

Sem prejuízo da aplicação das regras especiais de forma quanto à


alienação da coisa ou do direito, a renda vitalícia deve ser constituída
por documento escrito, sendo necessária escritura pública.

No silêncio do contrato, sendo dois ou mais os beneficiários da renda e


falecendo algum deles, a sua parte acresce à dos outros (art.1241).

2. Duração da renda
A renda pode ser convencionada por uma ou duas vidas.

3. Resolução do contrato
Ao beneficiário da renda vitalícia é lícito resolver o contrato nos
mesmos termos em que é permitida a resolução da renda perpétua ao
respectivo beneficiário.

4. Remição e Prestações antecipadas


O devedor só pode remir a renda, com reembolso do que tiver
recebido e perda das prestações já efectuadas, se assim se tiver
convencionado.

Se as prestações se vencem antecipadamente, a última é devida por


inteiro, ainda que o beneficiário faleça antes de completado o período
respectivo.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Contrato de renda perpétua é aquele em que uma pessoa


aliena em favor de outra certa soma de dinheiro, ou qualquer
outra coisa móvel ou imóvel, ou um direito, e a segunda se
obriga, sem limite de tempo, a pagar, como renda,
determinada quantia em dinheiro ou outra coisa fungível;

 A renda perpétua só é válida se for constituída por escritura da


obrigação.

 Contrato de renda vitalícia é aquele em que uma pessoa aliena


em favor de outra certa soma de dinheiro, ou qualquer outra
coisa móvel ou imóvel, ou um direito, e a segunda se obriga a
pagar certa quantia em dinheiro ou outra coisa fungível
durante a vida do alienante ou de terceiro.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 96
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 97

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O Contrato de renda vitalícia é um contrato:
a) Comutativo
b) Aleatório
c) Ineficaz
d) Eficaz
Resposta: b) aleatório;

2. Numa renda perpétua recebe-se uma prestação para sempre.


 Certo
 Errado
Resposta: Certo

3. No contrato de renda perpétua uma pessoa não pode alienar em


favor de outra certa soma de dinheiro.
 Certo
 Errado
Resposta: Errado

4. Ao beneficiário da renda não é permitido resolver o contrato.


 Certo
 Errado
Resposta: Errado

5. O contrato de renda vitalícia pode ser convencionado por uma ou


duas vidas.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 97
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 98

Exercícios
1. No contrato de renda perpétua uma pessoa pode alienar
em favor de outra:
a) Certa soma de dinheiro
b) Coisa móvel ou imóvel
c) Um direito
d) Todos acima

2. No contrato de renda perpétua não há limite de tempo.


 Certo
 Errado.

3. No contrato de renda perpétua a renda é paga em dinheiro


ou outra coisa infungível
 Certo
 Errado

4. O direito de remição é irrenunciável


 Certo
 Errado

5. Renda vitalícia é até a morte.


 Certo
 Errado

Soluções: 1. d) Todos acima; 2. Certo; 3. Errado; 4. Certo; 5. Certo.

UNIDADE Temática 7.2. Exercícios do Tema VII

1. Numa renda perpétua recebe-se uma prestação para:


a) 1 dia
b) 1 mês
c) 1 ano
d) Sempre

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 98
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 99

2. A renda perpétua fica sujeita às disposições legais sobre juros, no


que for compatível com a sua natureza
 Certo
 Errado

3. A renda perpétua só é válida se for constituída por escritura da


obrigação.
 Certo
 Errado

4. Ao beneficiário da renda é permitido resolver o contrato, quando o


devedor se constitua em mora quanto às prestações
correspondentes a:
a) 1 mês
b) 1 ano
c) 2 anos
d) 5 anos

5. O devedor pode a todo o tempo remir a renda, mediante o


pagamento da importância em dinheiro que represente a
capitalização da mesma, à taxa legal de juros
 Certo
 Errado

6. O direito de remição é irrenunciável, mas é lícito estipular-se que


não possa ser exercido dentro de certo prazo não superior:
a) 1 mês
b) 1 ano
c) 5 anos
d) 20 anos

7. A renda perpétua não se difere da renda vitalícia.


 Certo
 Errado

8. O contrato em que uma pessoa aliena em favor de outra certa


soma de dinheiro, ou qualquer outra coisa móvel ou imóvel, ou um
direito, e a segunda se obriga a pagar certa quantia em dinheiro ou
outra coisa fungível durante a vida do alienante ou de terceiro,
designa-se por:
a) comodato
b) Mandato
c) Renda vitalícia
d) Renda perpétua.

9. No silêncio do contrato, sendo dois ou mais os beneficiários da


renda vitalícia e falecendo algum deles, a sua parte acresce à dos
outros.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 99
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 100

 Certo
 Errado

10. Sem prejuízo da aplicação das regras especiais de forma quanto à


alienação da coisa ou do direito, a renda vitalícia deve ser
constituída por documento escrito, sendo necessária escritura
pública em alguns casos.
 Certo
 Errado

Solução: 1. d) Sempre; 2. Certo; 3. certo; 4. 2 anos; 5. Certo; 6.


20 anos; 7. Certo; 8. Renda vitalícia; 9. Certo; 10. Certo

Bibliografia do Tema

Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos


unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume I – Introdução


da Constituição das Obrigações. (9ª ed.) Coimbra: Almedina.

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf, disponível em 24 de agosto
de 2017;

https://morumbidireito.files.wordpress.com/2016/03/flc3a1vio-
tartuce-direito-civil-vol-03-contratos-2014.pdf, disponível em 24 de
agosto de 2017;

http://queconceito.com.br/renda-vitalicia, disponível em 11 de Agosto


de 2017

Código Civil moçambicano.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 100


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 101

TEMA – VIII: CONTRATO DE TRANSPORTE


UNIDADE Temática 8.1. Contarto de Transporte
UNIDADE Temática 8.2. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 8.1. Contrato de Transporte

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre o regime jurídico do contrato de
transporte.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as modalidades de transporte;


 Saber distinguir a passagem do frete;
Objectivos  Conhecer as responsabilidades do transportado de pessoas;
 Conhecer as obrigações do passageiro;
 Conhecer as responsabilidades do transportador pela perda e
deterioração da carga.

Contrato de transporte

I - Disposições gerais

1. Noção e Modalidades
Contrato de transporte é aquele pelo qual uma pessoa se obriga a
conduzir pessoas ou bens de um lugar para o outro, mediante
retribuição.

O transporte pode efectuar-se por via terrestre, marítima, fluvial,


lacustre, ferroviária e aérea.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 101


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 102

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/10314922/, disponível em 11 de


agosto de 2017

2. Preço
O preço do transporte de pessoas denomina-se passagem e o de
coisas denomina-se frete.

Nos contratos de transporte de pessoas, se não houver indicação da


modalidade e da forma de pagamento da passagem, presume-se que
esta tenha sido paga à vista, em dinheiro, antes do início da viagem.

Nos contratos de transporte de coisas, o frete presume-se ter sido


pago à vista, em dinheiro, por ocasião do recebimento, pelo
transportador, da coisa a ser transportada.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 102


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 103

II - Transporte de pessoas

Fonte: http://gruposd.pt/ApontamentosSD/?tag=transporte-coletivo-de-
criancas, disponível em 11 de agosto de 2017

1. Duração e Excução do contrato de transporte


O transporte abrange todo o período de permanência do passageiro
no meio de transporte utilizado e as operações de entrada e de saída
do mesmo no lugar de origem, de escala ou destino. O transporte da
bagagem do passageiro abrange o tempo decorrido desde o momento
em que foi confiada ao transportador, até ao momento em que for
entregue por este no lugar convencionado.

A execução do contrato de transporte de pessoas compreende as


operações de embarque e desembarque, além das efectuadas a bordo
do meio de transporte.

2. Bilhete de passagem
O bilhete de passagem representa o contrato de transporte e deve
indicar:

a) O nome do transportador;

b) O nome do passageiro, salvo disposição legal, regulamentar


ou contratual em contrário;

c) Horário e o local de embarque e destino;

d) data de emissão;

e) As condições acordadas, inclusive, quanto aos limites de


peso e volume da bagagem do passageiro.

O bilhete de passagem não é indispensável para provar a celebração

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 103


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 104

do contrato, devendo ser considerados os usos e costumes da praça,


bem como o meio de transporte contratado.

O transportador é obrigado a entregar o bilhete de passagem. De


acordo com o código comercial moçambicano o bilhete de passagem
tem validade de um ano, a contar da data de emissão, salvo
estipulação contratual em contrário.

O passageiro tem direito ao reembolso do valor já pago do bilhete de


passagem, se o transportador vier a cancelar a viagem.

3. Obrigações do passageiro
Constituem obrigações do passageiro:

a) Pagar o preço do bilhete de passagem;

b) Comparecer ao local designado para o início do transporte


no horário previamente fixado, se o transporte for contratado por
hora certa;

c) Sujeitar-se às normas legais e regulamentares;

d) Sujeitar-se às regras fixadas pelo transportador e constantes


do bilhete de passagem;

e) Abster-se de quaisquer actos que causem incómodo ou


prejuízo aos demais passageiros, danifiquem o meio de transporte,
dificultem ou impeçam a execução normal do contrato;

f) Outras que tenham sido acordadas pelas partes.

4. Responsabilidade do transportador
O transportador é responsável pela condução do passageiro, são e
salvo, nas condições de comodidade acordadas, para o lugar de
destino.

O transportador é responsável pelos acidentes que atinjam a pessoa


do passageiro e pela perda ou danos nas bagagens que lhe forem
confiadas pelo passageiro, salvo se resultarem de causa que não lhe
seja imputável.

O transportador não responde pela perda ou danos em dinheiro,


títulos de crédito, documentos, metais preciosos, jóias, obras de arte
ou outros bens de valor, salvo se esses bens lhe tiverem sido
declarados e os tiver aceitado.

O transportador não responde pela perda ou danos na bagagem de


mão ou quaisquer bens que ficarem ao cuidado do passageiro, salvo se

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 104


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 105

resultarem de causa que lhe seja imputável.

É nula qualquer cláusula que tenha por finalidade excluir a


responsabilidade do transportador.

É facultado ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem


a fim de fixar o limite da indemnização.

5. Rescisão do contrato pelo passageiro


É facultado ao passageiro rescindir o contrato de transporte em que
tenha sido emitido bilhete, antes de iniciada a viagem, com a devida
restituição do valor da passagem, desde que seja o transportador
comunicado em tempo de renegociar o bilhete.

Não tem direito ao reembolso do valor da passagem o passageiro que


deixar de embarcar, salvo se provado que outra pessoa foi
transportada em seu lugar, caso em que deve ser restituído o valor do
bilhete não utilizado.

III - Transporte de coisas

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/5829554/, disponível em 11 de agosto


de 2017

1. Duração
O transporte de coisas abrange o período decorrido desde o momento
em que foram confiadas ao transportador, até ao momento em que
forem por este entregues no lugar convencionado.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 105


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 106

2. Indicações e entrega de documentos


O expedidor deve indicar com exactidão ao transportador o nome do
destinatário, o lugar de destino, natureza, eventual perigosidade,
qualidade e quantidade de bens e prestar-lhe todas as demais
informações necessárias à boa execução do contrato de transporte.
Deve também entregar ao transportador as facturas e outros
documentos que assegurem o livre-trânsito dos bens,
designadamente, os necessários ao cumprimento de quaisquer
obrigações fiscais, aduaneiras, sanitárias ou policiais.

O expedidor responde perante o transportador pelos danos


resultantes das omissões ou incorrecções das indicações prestadas e
da falta, insuficiência ou irregularidade dos documentos.

3. Guia de transporte
O expedidor deve entregar ao transportador, que assim o exigir, uma
guia de transporte por ele assinada, contendo as indicações exigidas
na lei e as demais condições acordadas.

O transportador deve entregar ao expedidor, que assim o exigir, um


duplicado da guia de transporte por ele assinado ou, se não lhe for
entregue uma guia de transporte, um recibo de carga, com as mesmas
indicações.

4. Responsabilidade do transportador perante o expedidor


O transportador que efectuar a entrega dos bens transportados sem
exigir ao destinatário o reembolso das despesas e o pagamento dos
créditos a que se refere o no . 2 do artigo 582, ou o depósito da
quantia a que se refere o no . 3 do mesmo artigo, responde perante o
expedidor pelo pagamento dos créditos que este o tenha encarregado
de cobrar e não pode exigir-lhe o reembolso das despesas resultantes
do transporte. Tal não prejudica os direitos do transportador contra o
destinatário.

5. Responsabilidade pela perda ou deterioração dos bens


O transportador responde pela perda ou deterioração dos bens que
ocorra entre a sua recepção e a sua entrega no lugar convencionado,
salvo se provar que a perda ou deterioração resultou:

a) De facto imputável ao expedidor ou ao destinatário;

b) Da natureza ou vício dos bens ou da respectiva embalagem;

c) De caso fortuito ou de força maior.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 106


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 107

Se o transportador aceitar sem reservas os bens a transportar,


presume-se não terem vícios aparentes.

Fonte: https://pt.slideshare.net/WilliandosSantosAbre/logistica-de-
transportes-slides, disponível em 11 de Agosto de 2017

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Contrato de transporte é aquele pelo qual uma pessoa se


obriga a conduzir pessoas ou bens de um lugar para o outro,
mediante retribuição.

 O preço do transporte de pessoas denomina-se passagem e o


de coisas denomina-se frete.

 A execução do contrato de transporte de pessoas compreende


as operações de embarque e desembarque, além das
efectuadas a bordo do meio de transporte.

 O transporte de coisas abrange o período decorrido desde o


momento em que foram confiadas ao transportador, até ao
momento em que forem por este entregues no lugar
convencionado.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. A retribuição não é um elemento essencial no contrato de
transporte.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 107


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 108

 Certo
 Errado
Resposta: Errado

2. O preço do transporte de pessoas denomina-se passagem.


 Certo
 Errado
Resposta: Certo

3. A execução do contrato de transporte de pessoas compreende


as operações de:
a) Embarque
b) Desembarque,
c) As efectuadas a bordo do meio de transporte
d) Todas
Resposta: Todas

4. O bilhete de passagem não é indispensável para provar a


celebração do contrato.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

5. O passageiro tem direito ao reembolso do valor já pago do


bilhete de passagem, se o transportador vier a cancelar a
viagem
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

Exercícios
1. O transporte pode efectuar-se por via terrestre, marítima, fluvial,
lacustre, ferroviária e aérea.
 Certo
 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 108


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 109

2. O preço do transporte de coisas denomina-se frete.


 Certo
 Errado

3. O transportador é responsável pela condução do passageiro, são e


salvo, nas condições de comodidade acordadas, para o lugar de
destino.
 Certo
 Errado

4. O transportador não é responsável pelos acidentes que atinjam a


pessoa do passageiro.

5. O transportador não responde pela perda ou danos em dinheiro,


salvo se esses bens lhe tiverem sido declarados e os tiver aceitado.
 Certo
 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. Certo; 3. Certo; 4. Errado; 5. Certo

UNIDADE Temática 8.2. Exercícios do Tema VIII

1. Contrato pelo qual uma pessoa se obriga a conduzir pessoas ou


bens de um lugar para o outro, mediante retribuição, designa-
se por:
a) Comodato
b) Mandato
c) Transporte
d) Seguro

2. Nos contratos de transporte de pessoas, se não houver


indicação da modalidade e da forma de pagamento da
passagem, presume-se que esta tenha sido paga à vista, em
dinheiro, antes do início da viagem.
 Certo
 Errado

3. O passageiro é obrigado a abster-se de quaisquer actos que


causem incómodo ou prejuízo aos demais passageiros,
danifiquem o meio de transporte, dificultem ou impeçam a
execução normal do contrato.
 Certo
 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 109


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 110

4. O transportador é não responsável pela perda ou danos nas


bagagens que lhe forem confiadas pelo passageiro.
 Certo
 Errado

5. O transportador não responde pela perda ou danos em títulos


de crédito, documentos, metais preciosos, jóias, obras de arte
ou outros bens de valor, salvo se esses bens lhe tiverem sido
declarados e os tiver aceitado.
 Certo
 Errado

6. Qualquer cláusula que tenha por finalidade excluir a


responsabilidade do transportador é:
a) nula
b) Anulável
c) Imprópria
d) Própria

7. O transporte de coisas abrange o período decorrido desde o


momento em que foram confiadas ao transportador, até ao
momento em que forem por este entregues no lugar
convencionado.
 Certo
 Errado

8. Se o transportador aceitar sem reservas os bens a transportar,


presume-se não terem vícios aparentes.
 Certo
 Errado

9. O transportador responde pela perda ou deterioração dos bens


que ocorra entre a sua recepção e a sua entrega no lugar
convencionado, salvo se provar que a perda ou deterioração
resultou:

a) De facto imputável ao expedidor ou ao destinatário;

b) Da natureza ou vício dos bens ou da respectiva


embalagem;

c) De caso fortuito ou de força maior.

d) Qualquer um deles

10. O transporte que envolve apenas uma modalidade designa-se


por:
a) Modal
b) intermodal
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 110
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 111

c) Intermodais
d) Segmentado

Soluções: 1. c) Transporte; 2. Certo; 3. Certo; 4. Errado; 5. Certo; 6.


Nula; 7. Certo; 8. Certo; 9. d) Qualquer um dele; 10. Modal

Bibliografia do Tema
Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos
unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf, disponível em 24 de agosto
de 2017;

https://morumbidireito.files.wordpress.com/2016/03/flc3a1vio-
tartuce-direito-civil-vol-03-contratos-2014.pdf, disponível em 24 de
agosto de 2017;

Código Comercial de moçambicano.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 111


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 112

TEMA – IX: CONTRATO DE SEGURO


UNIDADE Temática 9.1. Contrato de Seguro
UNIDADE Temática 9.2. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 9.1. Contrato de Seguro

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre o regime jurídico do contrato de seguro.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer os tipos de seguros;


 Conhecer os sujeitos do contrato de seguros;
Objectivos  Conhecer a forma e o conteúdo do contrato de seguro;
 Conhecer a forma de cessação do contrato de seguro.

Contrato de seguro

Fonte: https://www.sanchezbermejo.com/duracion-del-contrato-de-seguro-
oposicion-prorroga/, disponível em 11 de agosto de 2017

1. Noção
Contrato de seguro – acordo pelo qual a seguradora ou micro-
seguradora se obriga, em

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 112


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 113

contrapartida do pagamento de um prémio e para o caso de se


produzir o evento cuja verificação é objecto de cobertura, a
indemnizar, nos termos e dentro dos limites convencionados, o dono
produzido ao segurado ou a satisfazer um capital, uma renda ou
outras prestações nele previstas.

Risco – acontecimento prejudicial, futuro, incerto e não dependente


da vontade do segurado, contra cuja ocorrência se pretender cobrir. O
risco é o elemento determinante do objecto do contrato de seguro e
deve ser aleatório, real e lícito.

Seguro – proveito ou benefício resultante de um acordo por virtude do


qual uma parte (segurador) se obriga a providenciar à outra
(segurado) um pagamento ou remuneração ou qualquer outra
prestação, no caso de destruição ou prejuízo, ou dano a uma pessoa
especificada ou coisa na qual o outro possui um interesse.

2. Tipos de seguro
Existe várias classificações de seguros tais como as baseadas no risco,
ramos de seguro e na duração normal dos contratos. Vamos nos
centrar na tipologia baseada no risco.

O seguro, atendendo à natureza do risco coberto, é classificado num


dos seguintes tipos:
a) Seguro de danos – aquele em que o sinistro decorre da
verificação de um dano patrimonial, sendo indemnizado
nos termos e nos limites acordados no contrato de seguro;

b) Seguro de pessoas – aquele em que o risco é associado à


vida humana, sendo o sinistro derivado de acidentes
pessoais, de doença ou de morte da pessoa segura,
pagando a seguradora as prestações convencionadas ou
indemnizatórias contratualmente estipuladas.

Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/8087220/, disponível em 11 de Agosto


de 2017

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 113


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 114

3. Sujeitos do contrato de seguro


As partes contratantes são a seguradora e o tomador do seguro. São
também partes interessadas o segurado e o beneficiário, aos quais
cabe exercer os direitos e cumprir as obrigações que deveriam e são
explicitados no respectivo contrato de seguro.

3.1. Seguradora

Entidade constituída sob a forma de sociedade anónima ou sociedade


mútua ou uma sucursal de sociedade estrangeira, que, autorizada a
explorar a actividade seguradora na República de Moçambique,
assume o risco transferido de um tomador de seguro; inclui o exercício
da actividade de resseguro.

3.2. Tomador do seguro


A pessoa singular ou colectiva que, por sua conta ou por conta de uma
ou varias pessoas, celebra o contrato de seguro com a seguradora,
sendo responsável pelo pagamento do prémio.

O tomador do seguro deve ter capacidade para o acto, podendo, se


necessário, ser devidamente representado. O seguro pode ser
contratado por conta própria ou por conta de outrem.

As posições de tomador do seguro e de segurado podem coincidir na


mesma pessoa. No silêncio das partes, o tomador do seguro é o
próprio segurado. Se o contrário não resultar do contrato, o seguro
considera-se contratado por conta própria. O tomador do seguro deve
agir com lealdade, prestando as informações legais ou
contratualmente exigidas e não agravando dolosamente o risco
assumido pela seguradora.

Beneficiário – pessoa singular ou colectiva a favor de quem reverte a


prestação da seguradora, decorrente de um contrato de seguro.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 114


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 115

Segurado – pessoa, singular ou colectiva, no interesse da qual o


contrato é celebrado ou a pessoa (pessoa segura) cuja vida, saúde ou
integridade física se segura.

4. Celebração do contrato
4.1. Proposta do tomador do seguro

A proposta formulada pelo tomador do seguro deve conter todos os


elementos necessários para uma correcta apreciação do risco a
segurar e que possam influir as condições contratuais ou na própria
existência do contrato, nos termos referidos nos nºs 1 e 2 do artigo
95º, sob pena de aplicação do disposto nos artigos 96º e 97º do
Decreto-Lei nº1.2010, de 31 de Dezembro, que estabelece o regime
jurídico dos seguros.

O impresso com questionário fornecido pela seguradora, quando


exista e for preenchido, faz parte integrante da proposta de seguro.

5. Forma e conteúdo do contrato de seguro


O contrato de seguro deve ser reduzido a escrito e constar de
instrumento próprio, designado apólice de seguro.

6. Apólice de seguro
Apólice de seguro – documento que titula o contrato celebrado entre
o tomador do seguro e a seguradora, donde constam as respectivas
condições gerais, especiais (se as houver) e particulares acordadas;
dependendo das condições a observar na sua transferência, as
apólices de seguro podem ser:

 Nominativas, se a pessoa do credor da prestação da


seguradora é indicada no título e não são emitidas à
ordem;
 À ordem, quando a pessoa do credor é indicada no titulo e
contem a clausula à ordem; e
 Ao portador, quando a prestação é devida ao portador do
titulo.

7. Duração
Na falta de estipulação das partes, o contrato de seguro vigora pelo
período de um ano.

Salvo convenção em contrário, o contrato de seguro celebrado por


período inicial de um ano renova-se sucessivamente, no final do
período estipulado, por novos períodos de um ano. Salvo convenção
em contrário, sendo o contrato de seguro celebrado por um período
inicial diferente de um ano, caduca no
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 115
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 116

final do respectivo período estipulado. Considera-se como único


contrato aquele que seja objecto de renovação.

8. Prémio de seguro
Prémio de seguro ou simplesmente prémio – prestação pecuniária,
salvo cláusula em contrário, efectuado pelo tomador de seguro à
seguradora para as coberturas ou benefícios ou reparações garantidos
numa apólice, como contrapartida do risco assumido pela mesma
seguradora.

As regras sobre o cálculo e a determinação do prémio de seguro


devem respeitar os princípios da técnica seguradora. Salvo disposição
legal em sentido diverso, o montante do prémio e as regras sobre o
seu calculo e determinação são estipulados no contrato de seguro, ao
abrigo da liberdade contratual, respeitando o todavia aos princípios da
técnica seguradora.

O prémio de seguro deve ser pago pela forma e no local estabelecidas


no contrato de seguro ou, no seu silêncio, no estabelecimento da
seguradora onde o contrato se tenha por celebrado.

9. Sinistro
Sinistro – a realização, total ou parcial, do risco previsto no contrato
de seguro, isto é, qualquer evento susceptível de fazer funcionar as
coberturas de uma apólice.

Fonte: http://www.cupelloseguros.com.br/sinistro/, disponível em 12 de


agosto de 2017

Para efeitos de participação à seguradora, considera-se equiparada ao


sinistro o conhecimento da probabilidade razoável da sua ocorrência.
O sinistro deve ser comunicado à seguradora no prazo fixado no
contrato ou, no silêncio deste, nos oito dias subsequentes à data da
sua ocorrência ou de que tenha conhecimento.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 116


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 117

A comunicação deve ser feita pelo tomador do seguro ou pelo


segurado, quando este tenha conhecimento do contrato e do sinistro.
Devendo esta explicitar, de forma clara, as circunstâncias da
verificação do sinistro e as suas consequências.

A seguradora deve, no prazo de quinze dias após ter recebido a


participação, informar o tomador do seguro e o segurado da sua
posição sobre a aceitação do sinistro, independentemente do que se
verificar em momento ulterior, designadamente o disposto no nº 2 do
artigo 142º Decreto-Lei nº1.2010, de 31 de Dezembro, que estabelece
o regime jurídico dos seguros.

Confirmado o sinistro e definidas e aceites as suas causas,


circunstâncias e consequências, deve a seguradora satisfazer a
prestação contratualmente estabelecida a quem for devida, no prazo e
condições previstas no artigo 146º Decreto-Lei nº1.2010, de 31 de
Dezembro, que estabelece o regime jurídico dos seguros.

No silêncio do contrato, a indemnização é devida em dinheiro.

10. Cessação do contrato de seguro


O contrato de seguro cessa nos termos gerais, designadamente por
caducidade, revogação, resolução e denúncia.

A cessação do contrato de seguro não prejudica os direitos adquiridos


por terceiros, nem prejudica a obrigação da seguradora de efectuar a
prestação decorrente da cobertura do risco, desde que o sinistro
tenha ocorrido era data anterior à da cessação do vínculo contratual.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Contrato de seguro é acordo pelo qual a seguradora ou micro-


seguradora se obriga, em contrapartida do pagamento de um
prémio e para o caso de se produzir o evento cuja verificação é
objecto de cobertura, a indemnizar, nos termos e dentro dos
limites convencionados, o dono produzido ao segurado ou a
satisfazer um capital, uma renda ou outras prestações nele
previstas.

 O risco é o elemento determinante do objecto do contrato de


seguro e deve ser aleatório, real e lícito.

 As partes contratantes são a seguradora e o tomador do


seguro. São também partes interessadas o segurado e o

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 117


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 118

beneficiário, aos quais cabe exercer os direitos e cumprir as


obrigações que deveriam e são explicitados no respectivo
contrato de seguro.

 Sinistro é a realização, total ou parcial, do risco previsto no


contrato de seguro, isto é, qualquer evento susceptível de fazer
funcionar as coberturas de uma apólice.

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O Contrato de seguro é um contrato:
a) Comutativo
b) Aleatório
c) Ineficaz
d) Eficaz
Resposta: b) aleatório;

2. Acontecimento prejudicial, futuro, incerto e não dependente


da vontade do segurado, contra cuja ocorrência se pretender
cobrir, designa-se por:

a) Risco

b) Seguro

c) Indeminzação

d) Todos

Resposta: a) Risco

3. As posições de tomador do seguro e de segurado podem


coincidir na mesma pessoa.

 Certo

 Errado

Resposta: Certo

4. No silêncio das partes, o tomador do seguro é a própria


seguradora.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 118


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 119

 Certo

 Errado

Resposta: Errado

5. O contrato de seguro deve ser reduzido a escrito e constar de


instrumento próprio, designado por:

a) Prémio

b) Seguro

c) Apólice

d) Sinistro

Resposta: Apólice

Exercícios
1. O risco é o elemento determinante do objecto do contrato de
seguro.
 Certo
 Errado

2. O risco no contrato de seguro deve ser:


a) Aleatório,
b) Real
c) Lícito
d) Aleatório, real e lícito

3. Se o contrário não resultar do contrato, o seguro considera-se


contratado por conta própria.
 Certo
 Errado

4. Se a pessoa do credor da prestação da seguradora é indicada


no título e não é emitida à ordem a apólice diz-se:
a) Nominativa
b) À ordem
c) Ao portador
d) Nenhuma

5. As regras sobre o cálculo e a determinação do prémio de


seguro devem respeitar os princípios da técnica seguradora.
 Certo
 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 119


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 120

Soluções: 1. Certo; 2. d) Aleatório, real e lícito; 3. Certo; 4. a)


Nominativa; 5. Certo

UNIDADE Temática 9.2. Exercícios do Tema III

1. Proveito ou benefício resultante de um acordo por virtude do


qual uma parte (segurador) se obriga a providenciar à outra
(segurado) um pagamento ou remuneração ou qualquer outra
prestação, no caso de destruição ou prejuízo, ou dano a uma
pessoa especificada ou coisa na qual o outro possui um
interesse, designa-se por:
a) Risco
b) Seguro
c) Indeminização
d) Todos

2. O seguro, atendendo à natureza do risco coberto, é classificado


em seguro de danos e seguro de pessoas.
 Certo
 Errado

3. A pessoa singular ou colectiva que, por sua conta ou por conta


de uma ou várias pessoas, celebra o contrato de seguro com a
seguradora, sendo responsável pelo pagamento do prémio
designa-se por tomador de seguro.

4. Pessoa singular ou colectiva a favor de quem reverte a


prestação da seguradora, decorrente de um contrato de seguro
designa-se por beneficiário
 Certo
 Errado

5. Quando a prestação é devida ao portador do título a apólice


diz-se:
a) Nominativa
b) À ordem
c) Ao portador
d) Nenhuma

6. Na falta de estipulação das partes, o contrato de seguro vigora


pelo período de um ano.

 Certo

 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 120


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 121

7. Sinistro é a realização, total ou parcial, do risco previsto no


contrato de seguro, isto é, qualquer evento susceptível de fazer
funcionar as coberturas de uma apólice.

 Certo

 Errado

8. O sinistro deve ser comunicado à seguradora no prazo fixado


no contrato ou, no silêncio deste, em

a) 7 dias subsequentes à data da sua ocorrência ou de que


tenha conhecimento

b) 8 dias subsequentes à data da sua ocorrência ou de que


tenha conhecimento

c) 30 dias subsequentes à data da sua ocorrência ou de


que tenha conhecimento

d) Nenhum

9. A seguradora deve, após ter recebido a participação, informar


o tomador do seguro e o segurado da sua posição sobre a
aceitação do sinistro no prazo de:

a) 3 dias

b) 15 dias

c) 25 dias

d) 30 dias

10. No silêncio do contrato, a indemnização é devida em dinheiro.

 Certo

 Errado

Solução: 1. Seguro; 2. Certo; 3.Certo; 4. Certo; 5. c) Ao portador; 6.


Errado; 7. Certo; 8. b) oito dias subsequentes à data da sua ocorrência
ou de que tenha conhecimento; 9. 15 dias; 10. Certo.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 121


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 122

Bibliografia do Tema
Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos
unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf;

Decreto-Lei nº1.2010, de 31 de Dezembro, que estabelece o regime


jurídico dos seguros.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 122


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 123

TEMA – X: FIANÇA
UNIDADE Temática 10.1. Dívida de Jogo e Aposta
UNIDADE Temática 10.2. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 10.1. Fiança

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos sobre o regime jurídico da fiança.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer a noção a forma da fiança;


 Conhecer as características da fiança;
Objectivos  Conhecer as formas de extinção da fiança.

1. Noção
Dá-se o contrato de fiança quando uma pessoa garante satisfazer ao
credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a
cumpra. Um terceiro, denominado fiador, obriga-se perante o
credor, garantindo com o seu património a satisfação do crédito deste,
caso não o solva o devedor.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 123


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 124

Apesar da fiança ser originada num contrato entre duas partes, ela é
sempre elemento de uma relação trilateral entre o fiador, o credor e o
devedor. Dai que a lei sinta necessidade de regular especificamente o
regime das relações entre o fiador e o credor, o fiador e o devedor.

2. Forma de fiança
O art. 628, nº 1, vem estabelecer que a forma da declaração de
prestação de fiança é a da forma exigida para a obrigação principal,
ainda que exija declaração expressa do fiador. Esta forma vem a ser
estabelecida apenas para a declaração do fiador, já que não fazendo a
lei exigência semelhante relativamente à declaração da outra parte no
contrato de fiança, seja ela o devedor ou o credor, estas estarão
naturalmente sujeitas ao regime da consensualidade (art. 219).

Ao fazer depender a forma da fiança apenas da forma exigida para a


obrigação principal, parece claro que a lei não exige genericamente
que a fiança seja prestada por escrito, podendo esta revestir forma
consensual sempre que a obrigação principal não esteja sujeita a
qualquer forma.

3. Principais características da fiança


A fiança tem como características principais a acessoriedade e a
subsidiariedade.

A acessorieade aparece referida no art. 627, nº 2, que nos diz que “a


obrigação do fiador é acessória da que recai sobre o principal
devedor”. Esta característica significa que a obrigação do fiador se
apresenta na dependência estrutural e funcional da obrigação do
devedor, sendo determinada por essa obrigação em termos genéricos,
funcionais e extintivos.

A dependência da obrigação do fiador em relação à obrigação do


devedor começa na forma da declaração da prestação de fiança, que é
a da forma exigida para a obrigação principal, ainda que seja exigida
declaração expressa do fiador (art. 628, nº 1). Entende-se também ao
âmbito da fiança, já que no art. 631, nº 1, se refere que a fiança não
pode exceder a dívida principal nem ser contraída em condições mais
onerosas, ficando sujeita à redução caso tal venha a suceder (art. 631,
nº 2).

Uma outra manifestação da acessória é a de que a invalidade da


obrigação principal, seja ela nulidade ou mera anulabilidade, acarreta
também a invalidade da fiança, por força do art. 632, nº 1. No caso,
porém de mera anulabilidade, o facto constitutivo da obrigação
principal tem que ser efectivamente anulada, para que a obrigação do
fiador deixe de subsistir. No entanto, a fiança mantém-se como válida
se, anulada a obrigação principal, por incapacidade ou por falta ou

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 124


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 125

vício da vontade do devedor, o fiador conhecia a causa da


anulabilidade ao tempo em que a obrigação foi prestada. A razão para
essa solução reside na circunstância de uma declaração de fiança com
conhecimento de anulabilidade da obrigação principal por esse
motivos dever valer também como garantia, prestada pelo fiador, de
que a obrigação principal será anulada, respondendo este por
incumprimento da garantia, caso tal venha a suceder.

É também manifestada da acessoriedade da fiança a possibilidade que


o fiador tem de opor ao credor os meios de defesa próprios do
devedor, salvo se forem incompatíveis com a obrigação do fiador (art.
637).

Finalmente, é manifestação da acessoriedade da fiança, a


circunstância de a extinção da obrigação principal acarretar também a
extinção da fiança (art. 651).

A subsidiariedade reconduz-se na possibilidade de o fiador invocar o


benefício da excussão, conforme resulta do art. 638º, impedindo o
credor de executar o património do fiador enquanto não tiver tentado
sem sucesso a execução através do património do devedor (cfr. art.
828º, CPC). Para além disso, o art. 639º refere que a subsidiariedade
da fiança opera mesmo existindo garantias reais constituídas por
terceiro antes da fiança, já que o fiador tem igualmente o direito de
exigir a execução prévia das coisas sobre que recai a garantia real.

4. Extinção da fiança
A lei admite a possibilidade de se extinguir a obrigação do fiador por
certas causas referentes ao credor. Assim, se a obrigação principal for
a prazo e o fiador gozar do beneficio da excussão pode exigir, vencida
a obrigação, que o credor proceda contra o devedor no prazo de dois
meses, a contar do vencimento, sob pena de a fiança caducar, não
terminando, no entanto, esse prazo sem que tenha decorrido um mês
sobre a notificação (art. 652, nº 1). Se a obrigação principal for pura, o
fiador que goza do benefício da excussão tem a possibilidade, sob a
mesma cominação, de exigir a interpelação do devedor, a partir do
momento em que haja decorrido mais de um ano sobre a assunção de
fiança (art. 652º, nº 2). Com a atribuição dessa faculdade, a lei
pretende evitar que, tendo o fiador a possibilidade de obter a
excussão do património do devedor, possa ver no futuro prejudicada
essa possibilidade pela inacção do credor em proceder
atempadamente contra o devedor.

Para além disso, a lei prevê ainda que o fiador fique exonerado pelo
facto de, em virtude da conduta do credor contra o devedor,
ocorrendo essa exoneração mesmo que se verifique a solidariedade
entre fiadores (art. 653º). Efectivamente, também neste caso, a
conduta do credor (activa ou omissiva) vem a traduzir-se num prejuízo
para o exercício dos direitos do fiador,
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 125
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 126

situação que a lei considera incompatível com a manutenção a


obrigação de fiança. Se, no entanto, a impossibilidade se sub-rogação
for apelas parcial a fiança não se extingue, ocorrendo apenas a
redução da obrigação do fiador.

Por último, a fiança pode ainda extinguir-se se surgir em relação a ela


qualquer causa geral de extinção das obrigações, independentemente
da subsistência ou não da obrigação principal. Uma causa geral de
extinção muito comum no âmbito da fiança é a caducidade por
decurso do prazo. Efectivamente, se o fiador se obrigar apenas
durante certo prazo, a fiança caduca quando o prazo chega ao termo.

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

 Dá-se o contrato de fiança quando uma pessoa garante


satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo
devedor, caso este não a cumpra.

 A forma da declaração de prestação de fiança é a da forma


exigida para a obrigação principal

 A fiança tem como características principais a acessoriedade e


a subsidiariedade.

Exercícios de Auto-Avaliação

1. O contrato pelo qual uma pessoa garante satisfazer ao credor


uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a
cumpra, designa-se por:
a) Mandato
b) Comodato
c) Compra e venda
d) Fiança
Resposta: d) Fiança

2. A forma da declaração de prestação de fiança é a da forma


exigida para a obrigação principal.
 Certo
 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 126


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 127

Resposta: Certo

3. A lei não exige genericamente que a fiança seja prestada por


escrito
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

4. A fiança tem como características principais a acessoriedade e


a subsidiariedade.
 Certo
 Errado
Resposta: Certo

5. A extinção da obrigação principal acarretar também a extinção


da fiança.
Resposta: Certo

Exercícios
1. No contrato de fiança o terceiro obriga-se perante:
a) O Estado
b) O credor
c) Finanças
d) Todos

2. No contro de fiança o terceiro, não garante com o seu património


a satisfação do crédito, caso não o solva o devedor.

 Certo
 Errado

3. A obrigação do fiador é acessória da que recai sobre o principal


devedor. Esta característica designa.se por:
a) Sociedade
b) Acessoriedade
c) Subsidiariedade
d) Nenhum

4. A obrigação do fiador não se apresenta na dependência estrutural

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 127


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 128

e funcional da obrigação do devedor.

5. A fiança não pode exceder a dívida principal.


 Certo
 Errado

Soluções: 1. b) Credor; 2. Errado; 3. b) Acessoriedade; 4. Errado; 5.


Certo.

UNIDADE Temática 10.2. Exercícios do Tema X

1. A fiança é um elemento de uma relação:


a) Unilateral
b) Bilateral
c) Trilateral
d) Todos

2. A fiança pode revestir forma consensual sempre que a


obrigação principal não esteja sujeita a qualquer forma.
 Certo
 Errado

3. A subsidiariedade reconduz-se na possibilidade de o fiador


invocar o benefício de:
a) Excussão
b) Execução
c) Expulsão
d) Nenhum

4. A lei admite a possibilidade de se extinguir a obrigação do


fiador por certas causas referentes ao credor.
 Certo
 Errado

5. A fiança pode ainda extinguir-se se surgir em relação a ela


qualquer causa geral de extinção das obrigações.
 Certo
 Errado

6. A fiança pode se extinguir independentemente da subsistência


ou não da obrigação principal.

7. A caducidade por decurso do prazo, não é uma causa extintiva


da fiança.
 Certo
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 128
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 129

 Errado

8. Se o fiador se obrigar apenas durante certo prazo, a fiança


caduca quando o prazo chega ao termo.
 Certo
 Errado

9. A invalidade da obrigação principal, seja ela nulidade ou mera


anulabilidade, não acarreta também a invalidade da fiança.
 Certo
 Errado

10. O contrato de fiança é uma relação entre o fiador, o credor e o


devedor.
 Certo
 Errado

Solução: 1. c) Trilateral; 2. Certo; 3. a) Excussão; 4. Certo; 5. Certo; 6.


Certo; 7. Errado; 8. Certo; 9. Errado; 10. Certo.

Bibliografia do Tema
Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos
unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf;

Código Civil moçambicano.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 129


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 130

TEMA – XI: TRANSAÇÃO E COMPROMISSO


UNIDADE Temática 11.1. Transação e Compromisso
UNIDADE Temática 11.2. Exercícios do Tema

UNIDADE Temática 11.1. Transacção e Compromisso

Introdução
Pretende-se nesta unidade temática que o estudante adquira
conhecimentos básicos a transacção e o compromisso.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Saber distinguir a transacção do compromisso;


 Conhecer a forma e o objecto da transacção;
Objectivos  Conhecer a forma e as espécies do compromisso.

I - Transacção

Fonte: https://pt.slideshare.net/guerreiromlguerreiro/pagamento,
disponível em 12 de agosto de 2017

1. Noção e Forma
Transacção é o contrato pelo qual as partes previnem ou terminam um
litígio mediante recíprocas
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 130
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 131

concessões. As concessões podem envolver a constituição,


modificação ou extinção de direitos diversos do direito controvertido.

Resulta de um acordo de vontades, para evitar os riscos de futura


demanda ou para extinguir litígios judiciais já instaurados, em que
cada parte abre mão de uma parcela de seus direitos, em troca de
tranquilidade.

Os elementos constitutivos da transacção são:

a) A existência de relações jurídicas controvertidas;


b) A intenção de extinguir as dúvidas, para prevenir ou terminar o
litígio;
c) O acordo de vontades para o qual exige-se capacidade das
partes e legitimação para alienar, bem como a outorga de
poderes especiais, quando realizada por mandatário.
d) Concessões recíprocas, pois se apenas uma das partes cede
não há, juridicamente falando, transacção, mas renúncia,
desistência ou doação. A existência de uma dúvida é essencial.

A transacção preventiva ou extrajudicial constará de escritura pública


quando dela possa derivar algum efeito para o qual a escritura seja
exigida, e constará de documento escrito nos casos restantes.

2. Objecto da transacção
Nem todos os direitos são susceptíveis de transacção. As partes não
podem transigir sobre direitos de que lhes não é permitido dispor,
nem sobre questões respeitantes a negócios jurídicos ilícitos (art.
1249)

II - Compromisso/arbitragem

1. Conceito
Arbitragem é o acordo de vontades por meio do qual as partes,
preferindo não se submeter à decisão judicial, confiam a árbitros a
solução de seus conflitos de interesses.

É uma espécie de complemento da transacção. Nesta, porém, os


próprios interessados, mediante concessões mútuas, dirimem suas
controvérsias. Na arbitragem, de comum acordo transferem a
terceiros a solução, por não se sentirem habilitados a resolvê-las
pessoalmente.

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 131


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 132

A arbitragem é meio rápido e racional de solução de conflitos de


interesses, especialmente de natureza contratual, muito utilizado em
países da Europa, como a Inglaterra e a França.

2. Cláusula compromissóriae compromisso arbitral


Ao celebrar qualquer contrato que tenha por objecto direitos
patrimoniais disponíveis, podem as partes estipular,
preventivamente ,que eventual dúvida ou conflito de interesses que
venha a surgir durante a sua execução seja submetida à decisão do
juízo arbitral. Tal deliberação denomina-se Cláusula Compromissória, e
é simultânea à formação da obrigação. Nasce junto com o contrato
principal, do qual é parte acessória. Pode estar nele inserto ou em
documento apartado que a ela se refira.

O Compromisso Arbitral constitui “convenção através da qual as


partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas,
podendo ser judicial ou extrajudicial” (art. 9º). Só será firmado se,
durante a execução do contrato, surgir algum conflito de interesses
entre os contratantes.

3. Espécies de compromisso arbitral


O compromisso pode ser judicial ou extrajudicial. A primeira
hipótese pressupõe demanda em andamento. Nesse caso, celebrar-se-
á o compromisso no próprio processo, por termo nos autos . Se ainda
não foi ajuizada nenhuma demanda, o compromisso extrajudicial
poderá ser celebrado por escritura pública ou escrito particular ,
assinado pelas partes e por duas testemunhas. Celebrado o
compromisso na pendência da lide , cessam as funções do juiz
togado, que passam a ser exercidas pelos árbitros, inclusive a de
proferir decisão. Aperfeiçoado o compromisso extrajudicial , a acção
não poderá ser mais ajuizada, salvo nos casos expressos em lei. A
arbitragem poderá ser

de direito ou de equidade , a critério das partes, que devem ser


capazes de contratar. Podem escolher, livremente, as regras de
direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja
violação aos bons costumes e à ordem pública. Poderão, também, as
partes convencionar que a arbitragem realize-se com base nos
princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras
internacionais de comércio (LA, arts. 1º e 2º).

Sumário
Nesta Unidade temática aprendemos que:

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 132


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 133

 Transacção é o contrato pelo qual as partes previnem ou


terminam um litígio mediante recíprocas concessões. As
concessões podem envolver a constituição, modificação ou
extinção de direitos diversos do direito controvertido.

 Arbitragem é o acordo de vontades por meio do qual as partes,


preferindo não se submeter à decisão judicial, confiam a
árbitros a solução de seus conflitos de interesses.

 Ao celebrar qualquer contrato que tenha por objecto direitos


patrimoniais disponíveis, podem as partes estipular,
preventivamente ,que eventual dúvida ou conflito de
interesses que venha a surgir durante a sua execução seja
submetida à decisão do juízo arbitral. Tal deliberação
denomina-se Cláusula Compromissória

Exercícios de Auto-Avaliação
1. O contrato pelo qual as partes previnem ou terminam um
litígio mediante recíprocas concessões; designa-se por:
a) Transacção
b) Renúncia
c) Compromisso
d) Nenhum
Resposta: Transacção

2. A transacção resulta de um acordo de vontades, para evitar os


riscos de:

a) Futura demanda

b) litígios judiciais já instaurados,

c) Ambos

d) Nenhum

Resposta: c) Ambos

3. Na transacção cada parte abre mão de uma parcela de


seus direitos, em troca de tranquilidade.

 Certo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 133


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 134

 Errado

Resposta: Certo

4. Na arbitragem as partes submetem o litígio a decisão judicial.

 Certo

 Errado

Resposta: Errado

5. A arbitragem é meio rápido e racional de solução de conflitos


de interesses.

 Certo

 Errado

Resposta: Certo

Exercícios
1. A transacção é negócio jurídico bilateral.
 Certo
 Errado

2. No compromisso as partes se comprometem a acatar á


decisão:
a) Autoridades tradicionais
b) juízes judiciais
c) Árbitros
d) Nenhum

3. Na transacção há concessões recíprocas.


 Certo
 Errado

4. A transacção é sinonima da renúncia.


 Certo
 Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 134


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 135

5. A arbitragem é muito utilizado em países da Europa, como a


Inglaterra e a França.

 Certo

 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. c) Árbitros; 3. Certo; 4. Errado; 5. Certo

UNIDADE Temática 11.2. Exercícios do Tema XI


1. A existência de uma dúvida é essencial para a transacção
 Certo
 Errado

2. A transacção é sinónima de desistência.


 Certo
 Errado

3. Nem todos os direitos são susceptíveis de transacção.


 Certo
 Errado

4. As partes não podem transigir sobre direitos:


a) Disponíveis
b) Indisponíveis
c) Todos
d) Nenhuns

5. O acordo de vontades por meio do qual as partes, preferindo


não se submeter à decisão judicial, confiam a árbitros a solução
de seus conflitos de interesses, designa-se por:

a) Transacção

b) Arbitragem

c) Mandato

d) Depósito

6. Na arbitragem, de comum acordo as partes transferem a


terceiros a solução, por não se sentirem habilitados a resolvê-
las pessoalmente
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 135
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 136

 Certo
 Errado

7. Ao celebrar qualquer contrato que tenha por objecto direitos


patrimoniais disponíveis, podem as partes estipular,
preventivamente ,que eventual dúvida ou conflito de
interesses que venha a surgir durante a sua execução seja
submetida à decisão do juízo arbitral. Tal deliberação
denomina-se por:
a) Cláusula compromissória
b) Casa segura
c) Cada acesso
d) Nenhuma

8. Nascendo junto com o contrato principal, a cláusula


compromissória é parte:
a) Principal
b) Acessória
c) Fundamental
d) Nenhum

9. A cláusula acessória pode estar inserta no contrato principal ou


em documento apartado que a ela se refira.
 Certo
 Errado
10. O compromisso pode ser judicial ou extrajudicial.
 Certo
 Errado

Soluções: 1. Certo; 2. Errado; 3. Certo; 4. b) Indisponíveis; 5. b)


Arbitragem; 6. Certo; 7. a) Cláusula compromissória; 8. Acessória;
9. Certo; 10. Certo

Bibliografia do Tema
Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos
unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva.

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf

Lei n.º 11/99, de 8 de Julho , referente à Arbitragem, Conciliação e


Mediação

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 136


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 137

Exercícios Finais do Módulo


1. Sobre o contrato preencha os espaços em branco no diagrama
abaixo:

2. Sobre as fontes das obrigações preencha os espaços vazios do


diagrama abaixo:

3. As partes podem celebrar contratos nominados ou fazer


combinações, dando origem a contratos inominados.

 Certo

 Errado

4. Certos contratos como o mútuo, o mandato e o depósito


podem ser tanto onerosos como gratuitos

 Certo

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 137


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 138

 Errado

5. Os contratos sinalagmáticos são sempre:

a) Gratuitos

b) Onerosos

c) Unilaterais

d) Centrais

6. A classificação dos contratos em contratos comutativos e


aleatórios é restrita aos contratos gratuitos.

 Certo

 Errado

7. Se as partes celebrarem um contrato que a lei desconheça por


completo, tratar-se-á de um contrato:

a) Nominado

b) Inominado

c) Atípico

d) Inominado e atípico

8. A compra e venda é um contrato

a) Nominado

b) Típico

c) Inominado

d) Nominado e típico

9. No contrato a favor de terceiro a lei prevê a possibilidade de o


terceiro aderir à promessa. Tal adesão visa:
a) Adquirir o direito
b) Aceitar o direito
c) Impedir a revogação

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 138


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 139

d) Destratar

10. Sobre os elementos da compra e venda preencha os espaços em


branco do diagrama abaixo

11. Na falta de convenção em contrário, as despesas do contrato e


outras acessórias ficam a cargo do:

a) Comprador

b) Vendedor

c) Terceiro

d) Intermediário

12. Sobre os tipos da locação preencha os espaços em branco do


diagrama abaixo:

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 139


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 140

13. O Comodato e o mútuo são contratos de:

a) Empréstimo

b) Serviço

c) Propriedade

d) Jogo e aposta

14. Sobre as modalidades do contrato de serviços preencha o diagrama


abaixo:

15. A revogação e a renúncia da procuração implicam revogação


do mandato,

 Certo

 Errado

16. O contrato pelo qual uma das partes se obriga em relação à


outra a realizar certa obra, mediante um preço.

a) Compra e venda

b) Empreitada

c) Depósito

d) Mandato

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 140


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 141

17. Sobre o preço de transporte preencha o diagrama abaixo:

18. Sobre os sujeitos do contrato de seguro preencha os espaços


vazios do diagrama abaixo:

19. O contrato de seguro cessa nos termos gerais, designadamente


por caducidade, revogação, resolução e denúncia.

 Certo

 Errado

20. No contrato de fiança as partes são:

a) Devedor, credor
b) Devedor; credor e afiador
c) Devedor; credor e fiador
d) Devedor; credor e afinal

21. A transacção não se distingue do compromisso


 Certo
 Errado
JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 141
ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 142

Soluções dos Exercícios Finais do Módulo

1.

2.

3. Certo
4. Certo

5. b) Onerosos

6. Errado

7. d) Inominado e atípico

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 142


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 143

8. d) Nominado e típico

9. Impedir a revogação

10. .

11. a) Comprador

12. .

13. a) Empréstimo

14. .

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 143


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 144

15. Errado

16. Empreitada

17. .

18.

19. Certo

20. c) Devedor; credor e fiador

21. Errado

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 144


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 145

BIBLIOGRAFIA

Manuais

Ascensão, J. O. (2003). Direito Civil Teoria Geral, Volume II – Acções e


factos jurídicos. (2ª ed). Coimbra: Coimbra editora;

De Almeida, C. F. (2012). Contratos II. (3ª ed). Lisboa: Almedina;

Gonçalves, C. R. (2012). Direito Civil brasileiro: contratos e atos


unilaterais. Vol. III. (9. ed.). São Paulo: Saraiva;

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume I – Introdução


da Constituição das Obrigações. (9ª ed.) Coimbra: Almedina;

Leitão, L. M. T. M. (2010). Direito das Obrigações volume II – Transmissão


e extinção das obrigações, não cumprimento e garantias do crédito. (7ª
ed.) Coimbra: Almedina;

Pinto, C. A. da M. (1996). Teoria Geral do Direito Civil. (3ª ed). 11ª


Reimpressão. Coimbra: Coimbra editora;

Legislação

Código civil moçambicano;

Código comercial moçambicano;

Decreto-Lei nº1.2010, de 31 de Dezembro, que estabelece o regime


jurídico dos seguros;

Lei n.º 11/99, de 8 de Julho , referente à Arbitragem, Conciliação e


Mediação;

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 145


ISCED CURSO: Direito; Disciplina: Direito dos Contratos 146

Internet

http://www.academia.edu/30311246/Direito_Civil_-_Contratos_-
_Carlos_Roberto_Gon%C3%A7alves.pdf; disponível em 25 de Agosto

https://morumbidireito.files.wordpress.com/2016/03/flc3a1vio-
tartuce-direito-civil-vol-03-contratos-2014.pdf; disponível em 24 de
Agosto

http://queconceito.com.br/renda-vitalicia, disponível em 11 de Agosto


de 2017

JL Mabuleza Beira/Agosto/2017 146

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