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Uminho | 2014
Janeiro de 2014
Universidade do Minho
Instituto de Ciências Sociais
Avaliação de desempenho:
processo e práticas
Dissertação de Mestrado
Mestrado em Sociologia
Área de especialização em Organizações e Trabalho
Janeiro de 2014
DECLARAÇÃO
Telemóvel: 966408061
Assinatura:___________________________________________________
Agradecimentos
Domingues. Sem ele, este meu trabalho não seria possível. Foi das pessoas mais
reuniões de trabalho.
Agradeço aos entrevistados, pela recolha de dados. Sem eles, não seria possível a
iii
A avaliação de desempenho: processo e práticas
Resumo
iv
Performance evaluation: process and practice
Abstract
v
Indice
Agradecimentos…………………………………………………………………….. iii
Resumo……………………………………………………………………………… iv
Abstract……………………………………………………………………………... v
Indice………………………………………………………………………………... vi
Introdução…………………………………………………………………………... 1
1-Problema e estratégia de pesquisa……………………………………………… 2
1.1- Seleção dos entrevistados como instrumentos de recolha de
3
dados………………………………………………………...………………….
1.2- Tratamento dos dados das entrevistas: A análise de 4
conteúdo………………………………………………………………………...
7- Conclusão…………………………………………………………………….….. 58
8- Bibliografia………………………………………………………………...….… 59
vi
Anexos……………………………………………………………………………… 66
Anexo 1 – Guião de entrevista…………………………………………. 67
Anexo 2 – Transcrição das entrevistas…………………………………. 71
vii
0-Introdução
A avaliação de desempenho, embora importante e que tem vindo cada vez mais a
ocupar um lugar de destaque nas organizações, não é nada de novo, pois desde que um
homem deu emprego a outro homem que o seu trabalho passou a ser avaliado (Chiavenato,
1989:83). A avaliação de desempenho “ é uma sistemática apreciação do indivíduo no
cargo e do seu potencial de desenvolvimento”, corporizando um juízo do valor do avaliado
(Chiavenato, 1989:85), um processo pelo qual o desempenho é medido e dirigido para
objectivos individuais, grupais e organizacionais específicos (Almeida, 1996:19). A
avaliação de desempenho é, assim, um processo que pode ser usado como ferramenta de
gestão estratégica de Recursos Humanos.
1
Avaliação do Desempenho na Administração Pública, mencionando-se os processos e
práticas, aplicando-se ao desempenho dos serviços públicos, dos respectivos dirigentes e
demais trabalhadores. Finalmente, o sétimo capítulo expõe as conclusões, as quais versam
sobre os efeitos da avaliação nos entrevistados.
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investigador tem pouco controle sobre os acontecimentos e, ainda, quando o foco está num
fenómeno, dentro de algum contexto da vida real.
Para elaborar este projecto de estudo foi necessário recolher dados, por isso, foi
necessário um instrumento com esse fim, de modo a recolher informação válida e
pertinente para o estudo. A recolha de dados, segundo Quivy, consiste em “recolher ou
reunir concretamente as informações determinadas junto das pessoas ou das unidades de
observação incluídas da amostra” (Quivy,1992:185). Assim, a recolha de dados junto das
fontes primárias foi realizada por entrevista. Esta é técnica de investigação, segundo Quivy
(1992:193), “na qual se utiliza um processo de comunicação verbal na recolha de
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informações relacionadas com o tema”. Caracteriza-se, ainda, por ser um contacto direto
entre o investigador e os seus interlocutores, criando-se uma troca durante a qual, o
interlocutor é convidado a responder de uma forma exaustiva, pelas sua próprias palavras e
com o seu próprio quadro de referência, a questões formuladas acerca do tema que o
investigador se propõe estudar. De acordo com Ferreira e Serra (2009:99), as entrevistas
são fontes de dados e análises muito importantes para o estudo de caso.
A entrevista divide-se em três partes: a primeira parte diz respeito aos objectivos da
avaliação de desempenho; a segunda parte está consagrada aos factores sociais da avaliação
de desempenho; a terceira parte, aos fatores processuais da avaliação de desempenho.
Foram realizadas dez entrevistas a dez funcionários da função pública. Estes funcionários
estão distribuídos pelas organizações de serviço local e central. Quanto à caracterização dos
entrevistados, estes são, na sua maioria, quadros superiores, com idades compreendidas
entre 34 e 63 anos, sendo metade dos inquiridos do género feminino e a outra metade do
género masculino.
Após a realização das entrevistas, foi efectuada a transcrição integral das mesmas,
com as quais se pudesse obter as respostas para o objecto de estudo. Quanto ao tratamento
das informações recolhidas, a escolha assentou na análise de conteúdo das entrevistas, que
é uma técnica de investigação que visa a descrição objectiva, sistemática e qualitativa do
conteúdo manifesto da comunicação.
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A análise de conteúdo é segundo Bardin (2008: 11), um conjunto de instrumentos
metodológicos subtis, que se aplicam a “discursos” (conteúdos e continentes)
extremamente diversificados. A análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas
de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens (Bardin, 2008:40). A análise de contudo, é um
método muito empírico, dependente do tipo de “fala” a que se dedica, e do tipo de
interpretação que se pretende como objetivo. A análise de conteúdo pretende, de acordo
com Isabel Guerra (2006:69), descrever as situações, mas também, interpretar o sentido do
que foi dito.
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A legitimação permite justificar, explicar e atribuir sentido às coisas e práticas do
dia a dia, organizar as definições dos factos, fornecer orientações normativas e explicar
porque as coisas são o que são. As pessoas recorrem a diferentes recursos de legitimação,
disponibilizados pela sua posição social, conhecimentos, crenças e pela própria situação em
que produzem a legitimação (Domingues,2003:181). Legitimidade de uma ordem significa
para nós, alguma coisa mais que uma simples regularidade, no desenrolar da acção
determinada pelo costume ou por uma situação de interesses (Weber,1983:84). Os
trabalhadores reconhecem legitimidade no chefe avaliador, não só, porque é este, que
impõe regras e métodos de trabalho, mas também, é a pessoa que, avalia o trabalho que o
funcionário desempenha.
A Avaliação de Desempenho convoca a medição. Na medida em que consiste na
sistemática e objectiva apreciação do comportamento do indivíduo na função realizada e
comunicação dos resultados aos avaliados (Rocha, 1997:120). Assim, a avaliação de
desempenho consiste num processo que implica regularidade, emissão de um juízo e
recepção de um juízo sobre o desempenho. A avaliação de desempenho, como defende Lee
(1985:322), tem um papel importante nas organizações, nomeadamente nas decisões de
selecção, no treinamento, na motivação e na compensação.
As avaliações de desempenho são, de acordo com Decotiis et al. (1978:635), usadas
nas organizações como base para decisões administrativas, tais como promoção do
trabalhador, transferências e atribuição de recompensas financeiras. Serve ainda, como
identificação e necessidades de formação, feedback do desempenho dos trabalhadores, e
ainda, segundo Mount (1984:271), na determinação dos aumentos de salários, e também,
fornecer um veículo no feedback entre supervisores e trabalhadores. É através da avaliação
de desempenho, que podemos obter informações importantes, acerca do desempenho do
trabalhador, para se tomar decisões sobre ele.
A Avaliação de Desempenho deve, essencialmente, de acordo com Bilhim (2004:256),
identificar as capacidades do trabalhador para que estes possam potenciar o seu
desempenho. Através da avaliação de desempenho, verifica-se as competências dos
trabalhadores: “O meu chefe ficou a ver quem era mais competente para determinada
função. O chefe reestruturou a atribuição desses funcionários para os lugares para os quais
estavam mais adequados e capazes de exercer as suas funções”; ” a avaliação de
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desempenho permite direccionar e enquadrar os trabalhadores, de acordo com as suas
competências”; “ a avaliação de desempenho, é para ver os funcionários que trabalham
melhor, que dão mais rendimento, e direcioná-los para onde eles se enquadram e aproveitar
o que cada um, tem de melhor”. A avaliação de desempenho permite assim, aferir as
competências de cada trabalhador, e agir em conformidade, direccionando-os para as
funções, adequadas às suas capacidades.
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2.2- Funções da avaliação de desempenho
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competências e comportamentos profissionais merecedores de melhoria. Tem ainda, como
função, a reestruturação e definição de atribuição de tarefas mais adequadas para cada
funcionário; melhoria do posto de trabalho e dos processos a ele associados; alteração de
posicionamento remuneratório na carreira do trabalhador e atribuição de prémios de
desempenho, nos termos da legislação aplicável. A avaliação de desempenho, e de acordo
com Ceitil (1991:68), assume índices de progressão e enriquecimento profissional. A
avaliação de desempenho, segundo alguns dos entrevistados, contribui para a progressão na
carreira, tal como consta numa das funções da avaliação de desempenho, segundo o
SIADAP: ”Sim, a avaliação de desempenho contribui para a progressão na carreira. Porque,
quantos mais “Excelentes” eu tiver, que valem “três pontos”; “Muito Bom”, que valem dois
pontos, e por fim, o “Bom” que vale “ um ponto”, mais rapidamente se atinge os pontos
necessários, que são dez pontos, para se progredir na carreira”. A avaliação de desempenho,
além de contribuir para a progressão na carreira, serve também, para identificar
funcionários com as aptidões indicadas, para exercerem determinada função, no seu posto
de trabalho: “ Sim, a avaliação de desempenho contribui para a progressão na carreira e
serve também, para o chefe ver, quem tem mais competências para desempenhar certas
funções, se são “aplicados” nas tarefas que o chefe atribui”; “a avaliação de desempenho
serve para ver quem é eficiente, e depois, se for o caso, pode progredir na carreira. Subi de
categoria profissional, porque abriu concurso para técnico superior, e eu me ter licenciado,
e por isso fui ganhar mais”. Com a avaliação de desempenho, o funcionário pode ser
promovido, e encaminhado para as funções mais adequadas às suas competências.
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favorecer e discriminar: “Não contribui, porque quem tem as melhores notas, são sempre
aqueles que já são conhecidos e amigos do avaliador. Os funcionários que denunciam os
colegas, os que são “espias”, por exemplo ir ao chefe, que é quem avalia, dizer que o colega
demorou mais tempo no intervalo, para aquele que vai fazer “queixa” ficar bem visto aos
olhos do avaliador”. A avaliação de desempenho é usada para reproduzir relações sociais
baseadas em cumplicidades: “Não contribui porque são sempre as mesmas pessoas, a ter as
mesmas notas o que desmotiva os restantes colegas. Porque quem tem as mesmas notas,
são os amigos do chefe, porque já são conhecidos do chefe avaliador, além de terem
também familiares a trabalhar no mesmo local, o que ajudou ao conhecimento com o chefe,
e depois a desmotivação vê-se no trabalho fazemos ou seja, não se trabalha com
entusiasmo”. Assim, a descriminação na avaliação de desempenho desmotiva os
funcionários, comprometendo o seu desempenho, e a sua progressão na carreira.
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Os objetivos da avaliação de desempenho pretendem melhorar a produtividade,
motivação e desenvolvimento das capacidades pessoais, auxiliar nas decisões de
organização e gestão de pessoal e identificar potenciais candidatos para funções de maior
responsabilidade (Almeida, 1996:19). A avaliação de desempenho proporciona motivação
no desempenho das funções, visto que este desempenho se traduz em recompensa: “Os
objectivos da avaliação de desempenho estimulam o trabalhador. Se o funcionário cumprir
os objectivos, será recompensado. Por exemplo, aqui, se o funcionário cumprir com os
objectivos, está a mostrar o seu desempenho através do seu trabalho, porque se esforça por
fazer bem o seu serviço, e sabe, que se tiver depois, um bom resultado na avaliação, é
recompensado através da ascensão na carreira”. A avaliação de desempenho, segundo
Chiavenato (1991:85,86), é uma análise sistemática do indivíduo, no cargo, e do seu
potencial desenvolvimento, sendo a avaliação, um sistema para estimular ou julgar o valor,
a excelência e as qualidades do indivíduo. O conceito de avaliação de desempenho é
dinâmico, dado que, os trabalhadores são avaliados de uma forma contínua, sendo este um
meio, para localizar problemas de integração do trabalhador à organização, em relação ao
cargo que ocupa, verificar o aproveitamento de funcionários com um potencial mais
elevado: ”A avaliação de desempenho é um meio de se verificar e validar competências.
Contribui para a progressão na carreira, envolvendo um aumento do vencimento, desde
que, o funcionário invista também, na sua própria formação”. Deste modo, a avaliação de
desempenho estimula a melhoria do desempenho e permite a progressão na carreira,
carecendo de investimento dos avaliados na sua formação e desenvolvimento pessoal.
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avaliado beneficia do trabalho em equipa. Contudo, nos serviços públicos, a avaliação foca
o desempenho individual.
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interesses, valores e motivações, e têm um impacto significativo no comportamento. Acima
de tudo, deve-se privilegiar o rigor e profissionalismo do trabalhador: “O funcionário tem é
que ser competente e realizar o seu trabalho com empenho, porque pode ser simpático mas
se não for competente no trabalho que faz, não é a simpatia que vai interessar, a simpatia
interessa é quando se trata do atendimento ao público e se for considerado um critério para
avaliação”. A capacidade de aprender, pode constituir o ponto de partida para a adaptação a
situações novas, e um indivíduo pode aprender, mais ou menos, das situações da vida a que
previamente se adaptou. No entanto, há diferenças individuais na capacidade de aprender,
reter, interpretar organizar e utilizar experiência (Almeida, 1996:7). As aptidões específicas
são outro dos factores do desempenho, como por exemplo, a memória e o raciocínio, em
que a combinação destas aptidões específicas varia de indivíduo para indivíduo e contribui
para o maior ou menor sucesso no desempenho de uma função: “Ao termos objectivos a
cumprir, obriga-nos a trabalhar com regras, o que é uma forma de sermos disciplinados.
Mesmo para aqueles trabalhadores mais “mandriões”, é uma maneira de eles cumprirem
com as suas funções num prazo estipulado pelo chefe avaliador”. Deste modo, os objetivos
da avaliação de desempenho obrigam o funcionário a ser regrado e disciplinado com o seu
trabalho.
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As atitudes são, de acordo com Almeida (1996:9), outro dos factores do
desempenho. Podem ser definidas por situações de organização experiências, vivências e
conhecimentos relacionados com determinado objeto alvo (grupo, pessoa, objecto,
acontecimento ou ideia). Desta forma, uma pessoa que tenha uma atitude favorável em
relação ao trabalho terá tendência para se esforçar mais no desempenho das suas tarefas.
Por outro lado, se, no passado, o trabalho lhe tivesse provocado tristeza, angustia, a atitude
seria negativa e a predisposição comportamental seria a de evitar o trabalho: “Sou a favor
da avaliação de desempenho, porque esta serve para vermos os pontos que temos que
melhorar. Assim, devemos tentar fazer um esforço para que o nosso desempenho seja
sempre cada vez melhor, e nunca desanimar com as críticas do avaliador pois isso é uma
forma de identificarmos a nossas falhas e corrigi-las”. A adopção de atitude positiva,
perante a avaliação de desempenho favorece a melhoria de desempenho.
Não basta ter aptidões adequadas à realização de determinada tarefa para que se
desempenhe bem. É preciso ter prazer no desempenho de uma actividade, pois nem todas as
pessoas gostam de fazer as mesmas coisas e por isso, existem preferências distintas por
atividades diferentes. O interesse representa assim um papel determinante, juntamente com
as aptidões e capacidades, para determinar o nível de performance na execução de qualquer
atividade (Almeida, 1996:9). Em todas as culturas existem determinadas normas de como
estar na vida. Os valores são interiorizados pelas pessoas devido à cultura e sub cultura em
que estão inseridos. Têm um carácter normativo, ou seja, têm subjacente um carácter de
obrigatoriedade ou dever. Esse carácter de dever implica a existência de sanções que se
manifestam por um desconforto ou sentimento de culpa caso se transgrida. É o que se
designa por consciência, que desempenha o papel de controlador do comportamento, no
que aos valores diz respeito. É através dos valores que as pessoas distinguem entre o bem e
o mal: “ Faço sempre por fazer o meu trabalho cada vez melhor. Acho que devemos ser
acima de tudo, conscienciosos com o trabalho que desempenhamos”. Os valores e
princípios devem ser parte intrínseca do ser humano, pois isso repercute-se nas diferentes
áreas da sua vida.
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3- Tipos de avaliação de desempenho
Por outro lado, considera-se também que é o chefe directo que deve orientar o
desempenho do trabalhador reforçando positivamente ou negativamente os
comportamentos a partir dos meios administrativos que estão ao seu alcance (Carroll e
Schneier,1982). Este tipo de avaliação tem como vantagem, ser uma avaliação de baixo
custo. A sua desvantagem é que não há regulação, usando o poder arbitrário para uma
avaliação penalizadora, não resultando quando existem relações sociais entre a chefia e os
chefiados (Domingues, 2008). Acrescenta-se ainda o facto de, neste tipo de avaliação,
segundo Bilhim (2004:263), existirem erros frequentes de cotação e baixos níveis de
validade e fidelidade.
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Assim, esta realidade pode resultar do facto desta fonte de avaliação ser pouco compatível
com os estilos de gestão da maioria das empresas, em que os órgãos de gestão têm receio
que este tipo de avaliação retire poder aos chefes. A vantagem deste tipo de avaliação é que
aumenta a visibilidade da chefia. Com este tipo de avaliação, as relações de trabalho
permitem aos chefiados construir conhecimento suficiente sobre o desempenho dos chefes,
as opiniões dos chefiados possuem valor intrínseco para a gestão do desempenho de quem
ocupa cargos de chefia. Como defende Domingues (2008), a desvantagem é a inadequação
à nossa cultura.
Avaliação de 360º, onde todos os membros se avaliam uns aos outros. Um dos
pressupostos deste tipo de avaliação, segundo Domingues (2008) consiste na sua
contribuição para a melhoria do desempenho de todos os membros, processo mais regulado
para a melhoria do desempenho de todos. Como vantagem, permite usar na avaliação,
dados e informações doutro modo inacessíveis. Acresce, também, que os colegas são as
pessoas que mais interagem com o avaliado, e assim estão em posição privilegiada para
observarem a interacção do avaliado com os outros colegas, com o chefe e subordinados.
Latham e Wexley (1981) defendem que a desvantagem deste tipo de avaliação prende-se
com a influência que as relações pessoais existentes podem ter nas avaliações, isto é, os
colegas que têm relações de amizade tendem a dar avaliações inflacionadas, enquanto os
colegas que têm um mau relacionamento com o avaliado, atribuam uma cotação mais baixa
pelo seu desempenho.
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Auto-avaliação, processo no qual cada trabalhador avalia-se a si próprio. McGregor
(1957) contextualizou que a avaliação de desempenho podia ser realizada pelo próprio
avaliado. Segundo este autor, este tipo de avaliação podia superar as deficiências e o
descontentamento dos avaliados e em simultâneo podia ter uma grande legitimidade na
medida em que os avaliados estão numa posição privilegiada para avaliarem o
conhecimento que têm da função e do seu próprio desempenho. Cunha e Gomes (1993:502)
defendem que a auto-avaliação é uma forma útil de avaliação nomeadamente em
aconselhamento e desenvolvimento pessoal. Ao tomar consciência daquilo que fez e do que
deveria e poderia ter feito, o trabalhador que se auto-avalia sente-se mais motivado e
responde de forma mais espontânea.
O Artigo 63º do SIADAP refere que a auto-avaliação tem como objectivo, envolver
o avaliado no processo de avaliação e identificar oportunidades de desenvolvimento
profissional. O mesmo artigo refere, ainda, que a auto-avaliação é obrigatória e concretiza-
se através de preenchimento de ficha própria, a analisar pelo avaliador, se possível
conjuntamente com o avaliado, com caráter preparatório à atribuição da avaliação, não
constituindo componente vinculativa da avaliação de desempenho. A auto-avaliação é
solicitada pelo avaliador, ou entregue por iniciativa própria. Contudo, esta situação, e
segundo um entrevistado, não se verificam na prática: ” No início do ano, fizemos uma
auto-avaliação do desempenho do ano anterior, e no fim, podíamos escrever o que
pensávamos da avaliação. Disse tudo o que achava, que a avaliação de desempenho deveria
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ser por escrito, e que eu, estava disposta a fazer provas por escrito das minhas
competências. Expus um pouco a minha revolta, acerca deste tipo de avaliação pelas
injustiças que referi, acerca dos conhecimentos, amizades que se tem pois têm a mesma cor
política dos “protegidos”, e que são beneficiados nas notas que têm. Pois em Maio deste
ano, o chefe chamou-me e disse-me que, por incrível que pudesse parecer, a minha auto-
avaliação foi a única que desapareceu. Isso foi estranho. As pessoas que reivindicam os
seus direitos têm que estar caladas, se não, arriscam-se a ir para o desemprego”. Existe
assim, dificuldade na concordância da classificação, devido à posição hierárquica do
avaliador, e também, no caso de existir relações de amizade e partilha da mesma cor
política, entre avaliador e avaliado.
A avaliação deve estar associada à cadeia de valor das organizações. Deve ser
centrada mais na realização que realmente afecta o sucesso da organização, do que em
aspectos irrelevantes da realização tais como a idade, o género ou a raça (Bilhim,
2004:256). De acordo com todos os entrevistados, nenhuma característica pessoal, como o
género, a idade ou raça, têm influência no resultado final da avaliação. É óbvio que, e de
acordo com Leboyer (1991:13), as características individuais, as aptidões, as competências
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adquiridas, os elementos da personalidade e as qualidades sociais representam factores
essenciais de eficácia individual na empresa. A avaliação de desempenho é, segundo Rocha
(2007:189), uma apreciação do comportamento do indivíduo na função que ocupa,
suportada na análise objectiva do comportamento do homem no trabalho e a comunicação
do resultado da avaliação. Deste modo, e de acordo com este mesmo autor, implica a
observação do comportamento a medir, a medição do comportamento e a comunicação do
resultado, de forma a incentivar e motivar o trabalhador.
Os objectivos das chefias podem ser dirigidos às tarefas, onde se procura com a
avaliação de desempenho, manter, ou aumentar, o nível de realização dos trabalhadores.
Dos objetivos interpessoais, onde se procura melhorar a relação, entre a chefia e os
trabalhadores, e entre os trabalhadores e os colegas de trabalho. E, os objectivos
estratégicos, que visam aumentar, a reputação do grupo de trabalho, da organização onde
trabalham, e ainda, aumentar a autoridade da chefia. Os objectivos internos, que se
destinam a reforçarem os valores e as crenças, que a chefia tem, acerca da avaliação de
desempenho. Os trabalhadores procuram ainda ( McGregor, citado por Caetano, 2008:87),
feedback acerca do que estão a fazer e tentam saber se o desempenho é melhor ou pior que
os colegas, querem informação de modo a poderem orientar o seu futuro profissional, e
querem ainda conhecer o padrão ideal de desempenho.
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individuais em articulação com os objectivos da respectiva unidade orgânica, e nas
“competências” que visam avaliar os conhecimentos, capacidades técnicas e
comportamentos adequados ao exercício de uma função. O Artigo 46º refere que o
parâmetro “Resultados” decorre da verificação do grau de cumprimento dos objectivos
previamente definidos, que devem ser redigidos de forma clara e rigorosa, de acordo com
os principais resultados a obter, tendo em conta os objectivos do serviço e da unidade
orgânica, a proporcionalidade entre os resultados visados e os meios disponíveis, e o tempo
em que são prosseguidos. O Artigo 48º refere que o parâmetro relativo a “Competências”
assenta em competências previamente escolhidas para cada trabalhador em número não
inferior a cinco.
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3.2.- Como se mede: Métodos e técnicas de avaliação
O método das Escalas Gráficas avalia o desempenho das pessoas através dos
factores de avaliação previamente definidos e graduados. Proporciona ao avaliador uma
sequência que representa os diversos graus de um factor ou variável, isto é, muito bom,
bom, satisfatório, insuficiente (Chiavenato, 1988:196). Implica a utilização de um
formulário de dupla entrada: as linhas horizontais constituem as variáveis ou elementos a
avaliar, enquanto as colunas verticais representam os graus (quantitativos ou qualitativos)
em que essas variáveis foram avaliadas. Apresenta uma descrição resumida de cada
variável, de forma a permitir o máximo de objectividade.
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pouco trabalho ao avaliador no registo de avaliação (Miner and Crane, 1995:257). Como
desvantagem, segundo Mine and Crane (1995:257), está sujeito a distorções e interferências
pessoais dos avaliadores e ao efeito de halo; simplifica em excesso a avaliação ao distribuir
a mesma importância a qualquer das variáveis para qualquer categoria profissional.
O método Checklist, de acordo com Torrington et al. (1991), consiste numa lista de
frases, pedindo-se ao avaliador para procurar a frase ou frases que correspondam às
características dos trabalhadores que se relacionam com a sua perseverança e resistência.
Entre os traços mais usados, salientam-se a determinação, a segurança e a lealdade. Deste
modo, o avaliador terá de assinalar na escala o nível que melhor transcreve o desempenho
do avaliado face às suas características de personalidade.
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Os Métodos Comparativos inteiram o Método de Ordenação, Comparação e
Distribuição Forçada. O método de Ordenação compara os trabalhadores quanto ao seu
desempenho, ordenando-os do melhor para o pior. Desta forma, são consideradas
determinadas dimensões nomeadamente o desempenho global ou o potencial a ter em conta
para avaliação ( Miner and Crane, 1995:258). A principal vantagem da utilização deste
método, segundo Carrol e Schneier (1982), prende-se com os baixos custos que envolve, na
media em que o avaliador tem apenas que comparar cada trabalhador com outros, em
cargos idênticos de modo a obter uma lista com os nomes hierarquizados do melhor para o
pior. No entanto, visto este método não ter por base o comportamento do trabalhador, não
permite compreender por que é que o avaliador ordenou determinado trabalhador numa
posição e não em outra; ou seja, a avaliação é pouco discriminante o que não permite assim
dar feedback adequado ao avaliado. De acordo com Caetano (1996:369), para se aplicar
este método da ordenação é necessário, também, que existam, pelo menos, três
trabalhadores com funções semelhantes entre si, o que nem sempre acontece.
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Os Métodos Escritos integram o Método de Incidentes Críticos, Ensaio e o Método
de Pesquisa de Campo. O Método de Incidentes Críticos é destinado a pesquisar, observar e
registar os factos positivos ou negativos relevantes do desempenho de cada trabalhador
(Caetano, 2002.367). De acordo com Sousa e Cunha (2008:509), o incidente crítico é algo
que chama a atenção de forma positiva ou negativa. Este método divide-se em três fases
(Bilhim,2004:271): observação de factos significativos onde a chefia analisa com detalhe e
cuidado o comportamento dos seus trabalhadores no desempenho das suas funções; registo
dos factos significativos, onde o superior hierárquico anota todos os factos positivos e
negativos (incidentes críticos); pesquisa de atitudes e de comportamentos onde o superior
hierárquico procura compreender as razões do comportamento e do desempenho.
O Ensaio é um método que consiste em fazer uma descrição pelo avaliador, por
escrito os pontos fortes e fracos do avaliado, assim como as suas potencialidades,
apresentando sugestões para melhoria. No caso de serem correctas, essas descrições
proporcionam um valioso feedback aos avaliados (Caetano, 2002:368). No entanto, este
método tende a impossibilitar as comparações entre departamentos ou entre trabalhadores
do mesmo departamento pois os avaliadores utilizam diferentes critérios para avaliar cada
trabalhador. Esta insuficiência de comparação, segundo (Sousa e Cunha, 2008:512),
inviabiliza muitas decisões sobre a gestão de pessoas, por exemplo salários, promoções,
sendo por isso um método mais adequado para as avaliações orientadas para o
desenvolvimento. O método exige competências cognitivas dos supervisores, além de
empenho e isenção no processo avaliativo dos trabalhadores. É desvantajoso porque exige
muito tempo e é difícil de quantificar a avaliação.
Com o método de Pesquisa de Campo, a avaliação é feita pelo superior mas com a
assessoria de um especialista em avaliação do desempenho. Este método baseia-se
fundamentalmente em entrevistas. O especialista vai a cada secção entrevistar as chefias
sobre o desempenho dos seus subordinados (Miner and Crane, 1995:259). O avaliador
deve, segundo Lee (1985:323), ser treinado para observar o comportamento relevante do
avaliado a fim de obter informações pertinentes para realizar a avaliação do desempenho do
trabalhador. Procura-se também identificar o potencial do trabalhador e planear o seu
desenvolvimento profissional. Identifica-se as causas, as origens e os motivos do
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desempenho. Parte-se, ainda, do pressuposto de que o superior hierárquico como gestor tem
de se obter resultados através do trabalho em equipa e por isso o gestor estará em condições
de aferir as qualidades dos membros da sua equipa de trabalho, mediante a observação
directa do seu desempenho (Bilhim, 2004:270). Tem como vantagem, segundo Chiavenato
(1988:201) proporcionar um relacionamento vantajoso com o especialista em avaliação,
permite também uma avaliação imparcial e objectiva de cada funcionário. As desvantagens
deste método são de custo elevado existindo ainda morosidade no processo de avaliação.
30
d) Avaliar anualmente os trabalhadores directamente subordinados, assegurando a
correta aplicação dos princípios integrantes da avaliação;
No que diz respeito ao processo de avaliação, Rocha (1997:127), defende que são
considerados problemas, a ambiguidade, métodos inadequados para medir o desempenho e
a falta de comunicação aos avaliados. Relativamente à política de organização, esta tem que
ver com o facto de que em muitas organizações existe o processo de avaliação de
desempenho mas por uma questão de ritual ou ainda ser usado “como base para o sistema
de remuneração” (Rocha, 1997:128). Neste primeiro caso, de acordo com o mesmo autor, é
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uma perda de tempo o processo de avaliação de desempenho quer para avaliadores quer
para avaliados. Por outro lado, no segundo caso, a avaliação de desempenho não pode por
si só justificar a alteração do salário.
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de imparcialidade na avaliação (simpatizar com um funcionário, em detrimento de outro,
independente do seu desempenho, pode prejudicar os restantes colegas de trabalho”.
Outro erro comum é o da tendência central. De acordo com Rego et al. (2008:521),
este erro consiste em classificar os trabalhadores nas categorias intermédias das escalas de
desempenho. Não permite a discriminação entre os trabalhadores. Porém, as instruções para
o preenchimento dos métodos de classificação utilizados levam a este erro, ao obrigarem o
avaliador a justificar as notas extremas. O cumprimento dos objectivos, e o desempenho do
funcionário, é que são objeto de avaliação, não havendo espaço para a descriminação entre
trabalhadores: “A avaliação de desempenho, não permite descriminação entre os
trabalhadores, pois o avaliador recorre a anotações acerca do trabalho que o funcionário
presta, e se este cumpre com os objectivos, de modo a perceber o seu rendimento no
trabalho”. Assim, a avaliação de desempenho é determinada, com base no cumprimento dos
objectivos, tendo como suporte registos feitos pelo próprio avaliador.
39
jogar futebol com o chefe avaliador, ao fim de semana, e ter as mesmas afinidades, feitios
parecidos, tudo que seja em comum com o chefe avaliador, só ajuda no resultado da
avaliação”. A mesma cor política tem influência no resultado da sua avaliação: “ Influencia
no caso da cor política ser igual e se as chefias se conhecerem e tiverem um bom
relacionamento com o avaliado, nesse caso pode beneficiar o resultado da avaliação de
desempenho do funcionário. O exemplo é uma classificação de “Muito Bom” a esse
funcionário”. A semelhança política influencia o resultado da avaliação, quando existe um
relacionamento positivo entre o avaliador e o avaliado: “Pode afetar se tiver a mesma cor
política, pois a avaliação é feita conforme a mesma cor política. Por exemplo, houve alguns
chefes de equipa que se reformaram, e quem foi colocado a chefe, foram aqueles que nem
são competentes, mas esses são amigos do presidente da Câmara Municipal, e por isso,
agora são chefes, esses que nem são de se esforçar, mas é o que temos, só injustiças”. Deste
modo, os entrevistados sentem-se injustiçados perante a existência de “desvios do sistema”.
Aqueles que mantêm boas relações com o chefe avaliador são privilegiados na avaliação de
desempenho.
O processo de avaliação não tem que ser sofisticado, contudo ele deve ser uma
forma de dar a conhecer aos seus trabalhadores o seu grau de reconhecimento, uma
demonstração clara que a organização está atenta ao desempenho dos seus trabalhadores.
Deve ser também, um processo de comunicação, onde se deve esclarecer o que a
organização espera do seu trabalhador, e a forma como ele correspondeu. Deve ser ainda,
um momento de definição e redefinição de objetivos, processos de trabalho e
comportamento. Deve também, segundo Marques (1996:43), ser uma análise e avaliação da
formação dada pela organização e, ser um ponto crítico, onde a hierarquia se possa preparar
para assumir a sua parte de responsabilidade por um mau desempenho. A avaliação de
desempenho, de acordo com Almeida (1996:15) pode ser definida como processo pelo qual
uma organização mede a eficiência e eficácia dos seus colaboradores, como uma
ferramenta de auditoria e controlo da contribuição para os objectivos e/ou resultados dos
participantes organizacionais: “ Os objectivos da avaliação de desempenho, servem para
verificar as competências de cada funcionário”. O processo de avaliação é, de acordo com o
Artigo 61.º do SIADAP, composto pelas seguintes fases:
41
g) Homologação;
Contudo, isto não se verifica com as pessoas entrevistadas, e cuja avaliação é feita
de acordo com o SIADAP. Assim, e segundo os entrevistados existe descriminação nas
avaliações, dado que os chefes avaliadores apenas dão as melhores notas àqueles
funcionários, cuja amizade prevalece para além do universo laboral: “ Infelizmente há
muitas injustiças, injustiças na avaliação, por exemplo, o chefe avaliar com boa nota, quem
é amigo dele, fazendo subir quem ele quer. E quem trabalha mesmo e se esforça, não é
reconhecido”. Por outro lado, e de acordo com os entrevistados: “as melhores notas vão
sempre para os mesmos avaliados”, pelo que o Artigo 56.º e 61.º do SIADAP não estão em
conformidade com o que foi dito nas entrevistas, já que os chefes avaliadores não se regem
por estes parâmetros: “Quando o chefe avaliador não tem amizade com o funcionário, e
apenas mantém uma relação profissional, se ouvir boatos acerca dele, como não há
conhecimento que se estende para lá do trabalho, esse funcionário não tem a nota que ele
queria e se calhar, merecia.” Desta forma, simples boatos acerca do avaliado interfere na
avaliação, criando injustiças, o que vai comprovar que a avaliação do SIADAP não é
fidedigna.
43
d) Promover a motivação e o desenvolvimento das competências e
qualificações dos dirigentes e trabalhadores, favorecendo a formação ao longo da vida;
44
atribuição das notas sobre a avaliação de desempenho, dado que esta é feita, consoante os
laços existentes entre avaliador e avaliado. A discriminação positiva gera reforço de
relações sociais, e a discriminação negativa gera menor produtividade, não beneficiando os
funcionários que se empenham.
48
A avaliação de desempenho convoca a autoridade, dado que sendo o avaliador a
delegar ordens, o trabalhador obedece de forma voluntária às tarefas propostas pelo seu
chefe. Assim, tendo em conta a teoria de Weber, em que a autoridade é a obediência
voluntária a ordens, por parte de quem as recebe, no sistema de autoridade, Weber
(1978:221), tendo em conta o seu modo de legitimação, distinguiu os três tipos de
autoridade: Carismático, baseado na capacidade de líder; Tradicional, baseado no costume,
e a Racional-Legal, baseado na racionalidade e na forma. A dominação carismática é um
tipo de apelo que se opõe às bases de legitimidade da ordem estabelecida e
institucionalizada. O líder carismático, é sempre revolucionário, na medida em que se
coloca em oposição, consciente a algum aspecto estabelecido na sociedade em que actua.
Para que se estabeleça uma autoridade desse tipo, é necessário que o apelo do líder seja
considerado como legitimo pelos seus seguidores, os quais estabelecem com ele uma
lealdade de tipo pessoal. No que diz respeito ao tipo de autoridade tradicional, Weber
apresenta uma subdivisão em termos do desenvolvimento e do papel do corpo
administrativo. Ambos são tipos em que nem um individuo, nem um grupo, ocupam
posição de autoridade independentemente do controle de um corpo administrativo, cujo
estatuto e cujas funções são tradicionalmente fixadas. A autoridade tradicional é imposta
através de procedimentos considerados legítimos, uma vez que teriam existido, e aceite em
nome de uma tradição reconhecida como válida.
49
Organizar, é de acordo com Lisboa e Martins (2004:16), a forma de distribuir autoridade, o
trabalho e os recursos pelos elementos da empresa de modo a que estes possam atingir
eficientemente os objetivos propostos.
51
a) Identificação de potencialidades pessoais e profissionais do trabalhador que
devam ser desenvolvidas;
54
gestão de forma a lidar com estas. Deste modo, Weber (1976) enumerou as características
da burocracia, a saber:
a) Existe uma nítida hierarquia de autoridade. Uma burocracia parece-se com uma
pirâmide, com as posições de maior autoridade no topo. Existe uma cadeia de
comando que se estende do topo à base e torna possível a coordenação da tomada de
decisões. Nestas organizações, as tarefas são distribuídas como “deveres oficiais” e
cada funcionário de nível superior controla e supervisiona os que estão abaixo de si
na hierarquia;
e) Nenhum membro da organização é dono dos recursos materiais com que opera. O
desenvolvimento da burocracia, de acordo com Weber, separa os trabalhadores do
controlo dos seus meios de produção. Os funcionários não possuem os escritórios
onde trabalham, as secretárias onde se sentam, ou os computadores que utilizam.
55
b) Responsabilização e desenvolvimento, reforçando o sentido de
responsabilidade de dirigentes e trabalhadores pelos resultados dos serviços, articulando
melhorias dos sistemas organizacionais e processos de trabalho e o desenvolvimento das
competências dos dirigentes e dos trabalhadores;
57
7- Conclusão
Com este estudo, foi minha intenção investigar o processo e as práticas da avaliação
de desempenho. Contudo, o alcance desta investigação, ressente-se um pouco do âmbito
restrito do respetivo universo, dado que foram apenas dez, os entrevistados que fizeram
parte da minha amostra. Uma maior consistência implicaria, pelo menos, abranger um
maior número de entrevistados, para que, deste modo, os resultados ganhassem maior
representatividade. Por outro lado, seria pertinente, também, abarcar neste estudo, a recolha
de dados dos próprios avaliadores, a fim de tentarmos perceber, qual seria a perceção que
estes tinham em relação ao objecto de estudo.
58
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65
ANEXOS
66
ANEXO 1
67
GUIÃO DA ENTREVISTA
Dados do Entrevistado:
Idade: ________
Sexo: _________________________
Escolaridade: _________________________________________
68
8. Acha que alguma característica pessoal, como por exemplo, sexo, religião ou raça,
podem influenciar o resultado final? Pode dar exemplos?
9. Acha que alguma semelhança entre quem avalia e é avaliado (por exemplo, preferência
religiosa, política, desportiva, semelhança de carácter) pode afectar a avaliação de
desempenho? Qual? Porquê? Pode dar exemplos?
10. Acha que a “primeira impressão” causada em quem avalia por quem é avaliado pode
interferir na avaliação de desempenho? Porquê? Pode dar exemplos?
11. Acha que a apreciação de uma característica específica do avaliado que não tem
directamente a ver com o desempenho (por exemplo, ser rápido, ser simpático ou ser
disponível), pode influenciar a avaliação do desempenho? Porquê? Pode dar exemplos?
12. Acha que o avaliador pode prejudicar alguém para beneficiar outra pessoa que se
pretende promover? Porquê? Pode dar exemplos?
13. Acha que o avaliador pode prejudicar o avaliado porque não simpatiza com a sua
maneira de ser ou por outra razão pessoal? Porquê? Pode dar exemplos?
14. Acha que um episódio relacional negativo ou positivo (por exemplo, uma discussão ou
uma ajuda extraordinária) pode afectar a avaliação da pessoa avaliada? Porquê? Pode
dar exemplos?
15. Para formular um juízo sobre quem é avaliado, acha que quem avalia usa informações
subjectivas fornecidas por outras pessoas (por exemplo, na forma de segredos ou de
boatos) ou apenas usa dados objectivos? Porquê? Pode dar exemplos?
16. Acha que os funcionários mais bem avaliados são os melhores no desempenho ou são
os melhores a representar/simular bom desempenho? Porquê? Pode dar exemplos?
17. Acha que os funcionários mais bem avaliados são os que interagem mais com as
chefias que avalias? Porquê? Pode dar exemplos?
18. Acha que a antiguidade no serviço é valorizada por alguns avaliadores na avaliação de
desempenho? Porquê? Pode dar exemplos?
19. Quando é que as chefias falam sobre o desempenho dos avaliados ao longo do ano de
trabalho?
69
20. Acha que os avaliadores têm em conta os dados mais recentes do desempenho ou
consideram os dados de todo o ano? Porquê? Pode dar exemplos?
21. Os mesmos desempenhos realizados por diferentes avaliados obtêm o mesmo resultado
na avaliação de desempenho? Porquê? Pode dar exemplos?
22. Os mesmos desempenhos de um avaliado obtêm o mesmo resultado em anos
diferentes? Porquê? Pode dar exemplos?
23. Acha que existe tendência para avaliar as pessoas sempre do mesmo modo ao longo
dos anos, mesmo que o seu desempenho tenha mudado significativamente? Porquê?
Pode dar exemplos?
24. Acha que há avaliadores muito rigorosos e avaliadores mais complacentes? Porquê?
Pode dar exemplos?
25. Acha que os avaliadores evitam dar notas muito baixas e muito altas? Porquê? Pode
dar exemplos?
26. Acha que o baixo ou elevado número de pessoas a avaliar afecta a avaliação de
desempenho feita pelos avaliadores? Porquê? Pode dar exemplos?
27. Na Avaliação de Desempenho global, acha que todos os aspectos de avaliação são
tidos em conta? Porquê? Dê exemplos.
28. Em sua opinião, é fácil chegar a acordo entre avaliado e avaliador sobre o a
classificação do avaliado e a adopção de objectivos de melhoria a realizar no ano
seguinte? Porquê? Pode dar exemplos?
29. Acha que as avaliações tendem a ser menores nos cargos ou tarefas vistas como menos
importantes e vice-versa?
70
ANEXO 2
71
Transcrição das entrevistas
Entrevista nº 1:
Dados do Entrevistado:
Idade: 39
Sexo: Feminino
1. Sim.
2. Concordo, porque acho que fazem sentido. Ajuda a traçar metas ao funcionário.
3. Sim, são atingidos porque nós temos prazos de resposta e por isso estes têm que ser
cumpridos. Há trabalho que fazemos que às vezes tem que ser feito em três dias, e
porque o chefe pede-nos que temos que entregar X ofícios e entregar em X tempo,
ao cumprirmos esse tempo e ofícios feitos, dentro dos prazos, estamos a cumprir
72
4. Não. Porque são quase sempre as mesmas pessoas a ter as mesmas notas, e por isso
desmotiva os restantes colegas. Porque quem tem as mesmas notas são os amigos do
chefe porque já são conhecidos do chefe avaliador, além de terem também familiares
depois a desmotivação vê-se no trabalho que fazemos ou seja, não se trabalha com
entusiasmo.
5. Sim, contribui. Porque quanto mais “excelentes” tiver, que valem três pontos,
“Muito Bom” que vale dois pontos, e por fim o “Bom” que vale um ponto, mais
rapidamente se atinge os pontos necessários que são dez pontos, e logo subo mais
tem amizade com o chefe avaliador e subiu de categoria profissional, para técnico
superior.
6. Sim, pela resposta que dei na pergunta anterior, ou seja se progrido na carreira logo
também vou ganhar mais. Ou mais cem euros, ou cinquenta euros é sempre um
aumento salarial. Quando subi de categoria profissional, foi antes de vir para esta
instituição.
7. Para já não tive melhoria nenhuma, não subi de posto, não mudei de categoria
profissional nem ganho mais. Porque estou nesta instituição há apenas um ano e
meio, além de que quando vim para cá, já vim trabalhar como técnica superior.
8. Não influência.
73
9. Sim, pode afectar porque se a pessoa tiver amizade e a mesma cor política que o
funcionário que não dê tanto rendimento, que ande mais a passear pela instituição
em vez de trabalhar, mas como partilha por exemplo a cor política, e é amigo do
10. Sim, acho, porque a partir do momento que são quase sempre os mesmos a ter as
mesmas notas, nota-se mesmo que o avaliador vai pela “primeira impressão”. O
chefe foi logo impressionado pela positiva pela simpatia que demonstrou ao chefe
quando foi para a instituição trabalhar, além de que esse mesmo funcionário tem
11. Não, porque a meu ver há outros factores que influenciam, ou seja, as amizades entre
funcionário, porque tem amizade com o avaliador. Por exemplo, um funcionário que
é antipático com os utentes, mas como o chefe gosta muito dele, é visto quase como
exemplar enquanto trabalhador, isto também porque, sempre que o chefe lhe pede
12. Sim, é a mesma questão, se houver amizade entre avaliador /avaliado, o avaliador
vai prejudicar outro funcionário de modo a promover aquele que conhece e tem
amizade para subir mais rápido na carreira. Quando abriu um concurso, foi para um
74
amizades começam porque já existe familiares do funcionário a trabalhar na mesma
instituição.
13. Sim, por exemplo um funcionário que tenha problemas de saúde pode ser afectado
tem uma declaração que comprova isso pois não pode fazer grandes esforços
14. Sim, pode. Mas, esta questão é subjectiva na medida em que, se o avaliado tiver uma
boa relação de amizade com o avaliador, esse episódio não afecta. Um funcionário
foi chamado ao gabinete, porque demorou mais tempo no intervalo, é fumador, e por
causa disso, houve uma pequena discussão. Esse funcionário foi penalizado porque
não teve tão boa nota, mas se esse funcionário fosse amigo do chefe avaliador, essa
15. Sim, o chefe baseia-se nos boatos, sem por vezes apurar a causa dos boatos. E a o
resultado da nota não será depois tão favorável. Quando o chefe avaliador não tem
boatos acerca dele, como não há conhecimento que se estende para lá do trabalho,
esse funcionário não tem a nota que ele queria e se calhar merecia.
16. Sim, são os melhores a representar e simular pois é importante manterem as boas
75
trabalho que competia ao chefe e por isso, além da amizade que os une, isso é
17. Sim, pelas tais relações de amizade e até familiares que têm com o chefe avaliador.
Por exemplo, fazendo por vezes serviço que é da competência do avaliador. Como
18. No meu serviço desconheço. Como disse, apenas trabalho aqui há um ano e meio, e
20. Não se aplica, porque há outros critérios como a amizade e a cor politica que
mantêm com o avaliador e por isso, o avaliador não tem em conta nem os dados
antigos nem os mais recentes. Os exemplos são sempre os mesmo que já referi
21. Não, porque há cotas. Por exemplo, há seis funcionários que fazem o mesmo
trabalho, mas o avaliador só pode dar a dois funcionários o “Muito Bom”, logo
quatro vão ficar de fora e estes não têm o mesmo resultado na avaliação de
desempenho.
22. Não, porque também existe “rotatividade” nas cotas. Por exemplo, num ano o
funcionário A tem “Muito Bom”, no ano a seguir, esse mesmo funcionário já tem o
76
“Bom” para dar o “Muito Bom” a outro funcionário. No entanto, se houver relações
23. Sim, acho, porque por vezes o avaliador não verifica se eu atingi os objectivos de
que eu tenha uma produtividade muito alta, não tenho benefícios com isso por causa
da tal “rotatividade”.
formular um juízo acerca do funcionário. Cada pessoa tem a sua opinião e visão
própria. Posso dar um exemplo de um avaliador que não é rigoroso, porque tem uma
maneira de ser que para ele está sempre tudo bem, e por isso, não exige tanto dos
funcionários, desde que estes cumpram o serviço que lhes destinou, é o que interessa
25. Sim, no meu serviço evitam dar “insuficiente” e prémios de produtividade, que é,
por exemplo um salário extra. Porque por um lado, depois têm que justificar o
motivo das notas baixas aos seus superiores e por outro, também não se querem
chatear com os funcionários para não criar desarmonia nem mau ambiente
profissional.
26. Sim, afecta, pela forma como avaliam os funcionários. Quantos mais avaliadores,
mais subjectivo é o resultado da avaliação porque cada avaliador tem o seu ponto de
77
vista. E assim, com tanta diversidade de opiniões, origina subjectividade na
avaliação.
restringe-se apenas aos aspectos positivos do funcionário, mesmo que ele não
obedeça á pontualidade, não seja simpático com os utentes. Dou sempre o mesmo
exemplo, o funcionário que é antipático com os utentes, e nem por isso se importa
em ser simpático com os utentes porque tem amizade e familiares no seu local de
trabalho. E para quem atende ao público, o critério da simpatia tem que contar para a
avaliação.
28. Não, porque mesmo que eu não concorde com a nota que tive, não adianta reclamar
porque é sempre o mesmo avaliador. Houve um funcionário que teve nota negativa e
foi reclamar, mas não lhe adiantou de nada porque depois é o mesmo avaliador que
29. Sim, as melhores notas vão para a “elite” dos cargos de técnicos superiores, a
Entrevista nº 2:
Dados do Entrevistado:
Idade: 40
78
Sexo: Masculino
1. Sim.
Durante um ano de avaliação se houver antipatia entre avaliador e avaliado, isso vai
penalizar a nota final, mesmo que o funcionário seja muito produtivo. Uma pequena
falha do funcionário, por exemplo, um pequeno atraso que seja de um minuto, vai
boas relações de amizade com o avaliador, têm a tendência a ter as melhores notas.
79
5. Não, porque quem tem as melhores notas são sempre aqueles que já são conhecidos
espiam, por exemplo ir ao chefe dizer que o colega demorou mais tempo no
intervalo.
congelamentos de carreiras.
8. Não.
9. Sim, afecta porque partilhando por exemplo a mesma cor política, o avaliado sai
fim de semana e termos as mesmas afinidades, feitios parecidos, tudo que seja em
10. Sim, porque se tende a ficar “rotulado” por essa mesma “primeira impressão”,
ficando depois um pouco posto de lado. Uma forma de vestir algo gótica por
exemplo, certos tiques que se possam ter como o de roer as unhas, ou piscar muito
os olhos.
11. Sim, desde que haja cumplicidade entre avaliador/avaliado. Ou seja, criando
80
do trabalho. Tudo o que possa harmonizar o bom relacionamento entre
avaliador/avaliado.
12. Sim, pode. Temos a questão das cotas. Por exemplo, o avaliador só pode dar dois
“Muito Bons”, e por isso alguém muito eficiente irá sair prejudicado porque pode
13. Sim, porque não simpatizando, o avaliador começa a implicar com o trabalhador e
até “embirrar” com ele. Começa a sobrevalorizar pequenas falhas, ou seja os atrasos
14. Sim, porque vai buscar esses episódios de discussão, penalizando-o na sua
15. Sim, pode usar esses boatos, porque há a tendência de se deixar influenciar, mas isto
16. Não, porque não há reciprocidade entre um bom desempenho real e a avaliação, que
81
porque levam para o gabinete os trabalhos de estudante, em vez de trabalharem
17. Sim, ir mais vezes ao gabinete, dando prendas. Prendas para os filhos do chefe, uma
acontece por altura do Natal, Pascoa, e são dadas como forma de respeito, e ser
18. Sim, porque isso é considerado quase um posto. Os mais velhos sentem que têm
mais “poder” porque estão no quadro. Acham que já fazem parte daquela
20. A meu ver têm em conta os dados mais recentes no momento da avaliação, ou seja,
detrimento do desempenho ao longo do ano, que pode ter sido até um bom
desempenho.
21. Não, porque tem a ver com as amizades, ou seja, o relacionamento de “amiguismos”
82
comuns, é mais beneficiado na nota, do que outro que o chefe apenas conheceu
quando foi para a organização trabalhar que não se conheciam nem mantinham
amizade.
22. Não, existem apenas pequenas flutuações dentro do resultado, por exemplo, “Bom,
ou seja, num ano é de 3.3, no ano a seguir 3.8.Porque se passar para o 4, para subir
23. Sim, existe essa tendência. Porque desde que exista as relações de amizade e
muito amigo do chefe avaliador e que em vez de estar a fazer ofícios está na internet
a “falar” com os amigos, não dando tanto rendimento, mas mantém amizade “ fora
24. Sim, porque tem a ver com a maneira de ser dos avaliadores. Avaliadores rigorosos
minuto que seja. E por exemplo, um desempenho que seja médio para o avaliador
complacente, para o rigoroso será apenas razoável porque o seu grau de exigência é
maior. Tem uma fasquia mais elevada de avaliar. Por exemplo, o avaliador que é
complacente na sua forma de avaliar já não vai dar tanta importância no caso do
funcionário se atrasar, desde que seja cumpridor com o serviço que o chefe lhe
83
25. Sim, porque depois têm que justificar esses resultados aos seus superiores. Por
causa das estatísticas. Porque os chefes avaliadores têm que cumprir as directrizes
vindas do governo.
26. Sim, afecta porque quantos mais avaliadores houver, mais dispersão de opinião
existe, porque depois pode não haver acordo entre eles quanto à classificação a
atribuir. Embora tenham que se reger pelos objectivos, cada avaliador tem a sua
opinião.
pontualidade que são assinadas e controladas pelo chefe, este pode desculpar o
funcionário pelo atraso. Mas neste serviço, a pontualidade e assiduidade conta, mas
sempre cumpre a pontualidade, mas o chefe avaliador gosta desse funcionário pela
28. Se o avaliado se der bem com o avaliador é fácil, caso contrário, é difícil. Por
um acordo quanto aos objectivos a definir. Em relação ao resultado obtido, isso não
se pode argumentar mesmo que não se esteja de acordo, afinal o avaliador é sempre
o mesmo.
84
29. Sim, nos cargos que exigem menos capacidade intelectual e é menos remunerado, a
avaliação é menor por o cargo não ser tão exigente e ser de “indiferenciado”.
Entrevista nº 3:
Dados do Entrevistado:
Idade: 46
Sexo: Feminino
1. Sim.
2. Sim, porque agora os objectivos são mais visíveis. Por exemplo, tenho que fazer
3. Mais ou menos, porque não depende só de nós porque não estamos sozinhos a
trabalhar. Por exemplo, faço atendimento ao público, mas o meu trabalho não
recibo, em que só o informático o pode fazer e ele estiver de férias e o outro colega
85
sector, acabo por não atingir o meu objectivo porque não pude recepcionar o pedido
margem de espera é menor. Além de que o meu chefe delimitou-me tempo a atender
o utente, ou seja, enquanto atendo o utente, não posso atender o telefone, e se o fizer
será por pouco tempo mesmo, porque uma vez, um utente ligou para cá a pedir uma
chefe podia pensar que eu estaria a “namorar” ao telefone quando eu estava a dar
uma informação, e reconheço que quando se atende o utente, outro colega meu
porque o meu chefe por exemplo, ficou a ver quem era mais competente para
determinada função, ou seja, um colega que estava a fazer requerimentos não tinha
atribuição destes funcionários para os lugares para os quais estavam mais adequados
86
6. Sim, se subirmos de categoria, também ganhamos mais. Subi de categoria
profissional porque abriu concurso para técnico superior, visto eu me ter licenciado,
7. No meu caso, houve evolução porque subi para uma categoria superior,
8. Não.
funcionário pela sua forma de vestir estranha, por exemplo todo de preto, pode
começar a traçar um perfil do funcionário que pode não ser o correcto pois ele pode
11. Não há influência, na minha opinião. Porque o funcionário tem é que ser
profissional e ser competente e realizar o seu trabalho com empenho, porque pode
ser simpático mas se não for competente no trabalho que faz, não é a simpatia que
87
vai interessar, a simpatia interessa é quando se trata do atendimento ao público e se
12. Não. Porque por exemplo, acho o meu chefe justo. Porque ele não prejudica
ninguém, tenta é depois dizer que o funcionário deve melhorar este ponto, naquele,
mas não prejudica no sentido de lha dar uma nota baixa ou e promover um
13. Pode prejudicar, mas depois tem que justificar o motivo. Porque se não simpatiza
com o funcionário pela sua maneira de ser ou pronúncia por exemplo, não vai
não vai lhe dizer que lhe deu uma nota baixa, só porque não gosta dele.
14. Sim, pode afectar tanto a discussão como a ajuda extraordinária. A discussão vai
fazer com que o chefe se lembre disso quando o for avaliar, achando que o
funcionário é “autoritário”, mesmo que seja uma discussão sem importância, porque
o avaliador nunca que dar “o braço a torcer”, quer ter sempre razão, e o avaliado
porque o chefe acha que o funcionário está ali sempre para o ajudar no que o chefe
15. Não devia utilizar, mas eventualmente pode faze-lo. Sim, conheço um avaliador que
por causa de uns boatos, tudo mentira, porque neste meio existe muita gente que nos
quer fazer a vida impossível com mentiras, e um funcionário tem um amigo que o
visitou no local de trabalho, alguém, colegas que gostam de inventar e dizer mais do
que é, viu isso e foi dizer ao chefe que ele em vez de trabalhar esteve a conversa
88
com o amigo, e o chefe não estando lá para ver, fica achar que o que ouviu foi
verdade. E depois, prejudica o funcionário pelo boatos que ouviu, não lhe atribuindo
16. Não necessariamente. Porque pode haver influência no caso de o trabalhador ser
O avaliador pode estar a encobrir o que devia ser avaliado. Pode encobrir se o
funcionário não for muito competente mas for amigo ou familiar do chefe avaliador.
Por exemplo, se vai avaliar a forma como o funcionário faz o atendimento aos
utentes, se é simpático com eles, como atende o utente, mas se não está á beira do
funcionário para verificar isso, não pode saber se por exemplo o funcionário é
antipático e pouco atencioso. Mas, se é amigo dele ou é familiar dele, vai encobrir
essa antipatia mesmo que a simpatia seja um requisito de avaliação. Devia haver um
defeitos, por isso não existe o funcionário perfeito, assim como também não existe
um avaliador perfeito.
17. Sim, porque se sentem mais á vontade, existe mais confiança devido as relações de
amizade ou até relações familiares. E por isso, vão mais vezes falar com a chefia.
20. As vezes, aos dados mais recentes e limitam-se ao que é mau do funcionário e
89
saúde, o funcionário não teve um bom desempenho, e isso pode ser levado em
conta, na avaliação, se for um dado recente. Quando digo que não teve um bom
desempenho refiro-me que não trabalhou bem, isto é, não cumpriu com o que lhe
pediram, e também porque, pode não ter conhecimentos suficientes para realizar
determinado trabalho.
21. Não, uns cumprem objectivos mais altos, por exemplo, eu sou técnica superior e é
obvio que tenho objectivos mais altos a cumprir que um colega que seja apenas
22. Eu, em dois anos tive o mesmo resultado, mas no geral, de ano para ano, o resultado
integrados noutra “equipa” de trabalho, é-lhes atribuída outras funções e por isso o
23. Sim, porque a avaliação é sempre feita da mesma maneira. Porque o avaliador só se
24. Não devia haver nem um nem outro. Mas quanto a mim, tenho tido um avaliador
trabalha, se fez o que foi pedido e querem tudo prefeito, mas depois, como disse,
25. Sim, para que o funcionário não ache que seja muito mau e assim, não se sente
desmotivado, mas também, para não se sentirem os melhores. Porque depois acham
90
que são os heróis do serviço, sobe-lhes a nota à cabeça e fazem dos outros
funcionários “gato-sapato”,
26. Sim, afecta porque quanto mais avaliadores houver pior, porque cada um tem a sua
meu avaliador, isso não acontece, mas existem alguns casos desses, pois muitos
Mas, nem todos os aspectos são tidos em conta. Posso dizer que o meu avaliador
como disse é uma pessoa justa. Mas, no geral, os avaliadores não têm em conta
pontualidade que aqui também conta, a simpatia que também conta porque se
atende os utentes, mas há alguns avaliadores que não têm isso em consideração.
28. É fácil chegar a acordo perante os objectivos, mas perante ao resultado da avaliação
29. Acho que as avaliações tendem a ser menores nos cargos menos importantes
porque não são de tanta responsabilidade, nos cargos superiores, a avaliação tende
91
“agudizar-se” por exigir mais responsabilidade quer ao funcionário quer ao próprio
Entrevista nº 4:
Dados do Entrevistado:
Idade: 34
Sexo: Masculino
1. Sim
gente que trabalha, e assim fazer progredir na carreira os que realmente trabalham.
3. Nalguns casos sim, mas há de tudo por causa das cotas, porque estas limitam a
que mostram os resultados do seu trabalho, cumprem com os objectivos, mas depois
há os malandros que sabem que têm nota assegurada porque são amigos do chefe
a mostrar o seu desempenho através do seu trabalho, porque se esforça por fazer bem
92
o seu serviço, e sabe que se tiver depois um bom resultado na avaliação, é
resultado e por isso progride na carreira. O exemplo é a subida por escalões, três
pontos por cada “Excelente” que tiver, dois pontos por cada “Muito Bom” e um
6. Sim, contribui mas deveriam prever uma retribuição monetária para o chefe
avaliador, em que este avaliador dava aos malandros, assim acabava-se com os
malandros porque o chefe iria ver que não lhe compensava ter esses malandros com
ele a trabalhar.
7. Os efeitos foram mais rigor com o meu trabalho, mais atenção e na mudança de
categoria profissional.
funcionário quer é trabalhar e o chefe avaliador, o que quer é ver resultados do seu
trabalho, isso não interessa para nada e se o funcionário for malandro e não fizer
10. Sim, pode afectar porque o avaliador, por falta de tempo que tenha em avaliar pode
desempenho mas que não tenha causado boa impressão. Por exemplo, há aqui um
funcionário que é muito profissional, ele trabalha mesmo, faz tudo o que lhe pedem,
93
mas é de “poucas falas”, não é de “dar confiança” e o chefe avaliador por falta de
tempo, porque este chefe avaliador acumula funções politicas, e por não acompanhar
tanto o trabalho desse funcionário, deteve-se na impressão que lhe causou, pelo
resultado da nota que lhe atribuiu. Mas no geral, o chefe quer é ver trabalho, mas
11. Sim, vai sempre influenciar, embora eu ache que isso não seja motivo de avaliação.
Mas pelo menos o chefe sabe que pode contar com o trabalhador pois se ele mostrar
ser cumpridor do seu trabalho vai ser sempre vantajoso no resultado do seu
desempenho e não ser tão penalizado se tiver alguma falha. Até porque o chefe pode
ver essas características como positivas ao seu desempenho. Por exemplo, o chefe
de imediato a sua disponibilidade, e por isso o chefe teve isso em atenção, quando
os avaliou pois atribuiu-lhes uma nota também com base nessa disponibilidade.
12. Isso é o maior risco do SIADAP. Se existir chefias corruptas, que não são correctos
conhecidos, que estão bem colocados e avaliar o funcionário só pela amizade que
têm em comum. E depois, isso leva á injustiça, porque há aqueles que trabalham
mesmo e podem não ver o seu desempenho reconhecido. E aqueles que não querem
trabalhar e que se “colam” aos conhecidos. É obvio que não vou citar nomes, mas
conheciam em tempos de faculdade, e quando vieram para aqui, vieram com esse
94
13. Pode, há avaliadores sem formação, sem escrúpulos que cedem a pressões para
não for isento, pode prejudicar o funcionário se não se criou ali uma amizade, Mas é
como disse, se o chefe quer é ver o serviço feito, não liga nada a isso.
14. Não afecta. Por exemplo, se considerarmos um período temporal, sem interferência
do outro período a seguir, não vai haver influência até porque se avalia, é quem
trabalha, e não essas coisas. Por exemplo, sem as excepções que citei acerca das
um funcionário que teve uma pequena discussão com o chefe avaliador, e isso não
15. Não, isso não interessa para nada. Quem avalia tem que ser imune a esses boatos e
imune a isso, ele avalia é o desempenho de quem trabalha, quem é cumpridor com o
seu serviço.
16. As vezes a simulação pode acontecer. Mas se o avaliador for hábil, isso não
acontece. Engana-se num período de avaliação, mas no período a seguir, não. Não é
representam competências que nem têm, e por isso, no período a seguir da avaliação,
isso vai revelar-se e a “justiça” será feita com o avaliador a atribuir-lhes a nota que
95
17. Nem sempre. Mas é como disse, há aqueles que se “colam” às chefias, como
melhores a trabalhar dessa forma, e por isso a avaliação de desempenho permitiu ver
quem é bom a fazer o quê e com quem, e isso foi efeito da avaliação de desempenho.
18. Para os funcionários mais antigos, de facto é considerado um posto, mas é também
19. Primeiro têm uma reunião para definir os objectivos. Depois, voltam a reunir já para
20. Os dados de todo o ano. Porque a avaliação é continua, é como na escola, avalia-se o
21. Podem ser diferentes por causa das cotas. Porque se dois funcionários fizerem o
mesmo serviço, mas só existe um “Muito Bom” a ser atribuído, só um é que vai ter
essa nota. Mas atribuição dessa nota “Muito Bom” é feita em função da amizade que
tempos de faculdade, e depois o chefe pode alegar que esse funcionário fez melhor
22. Não, porque nunca há um ano igual ao outro. O funcionário pode não trabalhar da
mesma maneira e ter existido variações, ou seja, num ano desempenhou bem
96
determinadas tarefas e cumpriu com os objectivos, e no ano a seguir por exemplo
23. Se muda de desempenho, tem que haver uniformidade. Cada período de avaliação é
um período, e se melhorou, merece melhor nota. Além de que não se pode olhar para
os períodos anteriores para não se deixar influenciar pela nota do ano anterior. Se o
funcionário mostra que trabalha tem que ter a nota correspondente ao seu
desempenho e esforço. Não se vai olhar sempre para o funcionário, achando que ele
exigente, por exemplo, os “Bons” do avaliador complacente, para mim são nesse
caso “Médios” porque exijo mais. Não há o mesmo critério de avaliação, tinha que
ser então o mesmo avaliador para não haver subjectividade e ser justo.
25. Evitam é dar notas muito baixas, porque as altas já estão todas preenchidas, e não
chegam, por causa das cotas. As baixas evitam porque depois têm que justificar o
26. Afecta é o maior número de avaliadores. Quanto mais avaliadores, maior o risco de
tem a sua forma de ver, cada avaliador vê á sua maneira, e há avaliadores que são
mais vocacionados para o trabalho prático e logo direccionam-se mais para a parte
funcionário, na simpatia, se é atencioso com os utentes, afável e por isso vai haver
subjectividade de opiniões.
97
27. Não, há muitos aspectos que são deixados de fora. Porque se colocarmos muitos
objectivos, perdia-se muito tempo a avaliar e assim, quase que não haveria tempo
mas não isso de avaliar é apenas um serviço extra. É impossível avaliar toda a
avaliação, reduzindo os itens a avaliar, de modo a não haver erro, por excesso ou
défice na avaliação.
28. Nem sempre é fácil chegar a acordo. Para aqueles que tiram as boas notas, esses
concordam sempre, mas depois há aqueles que têm dificuldade em aceitar que o
colega teve melhor nota do que ele, e isto pode levar a que o ambiente laboral se
detiore. Quanto aos objectivos, eles aceitam sempre porque sabem que é o chefe que
manda.
Pública, e por isso a tendência será avaliar de forma “abandalhada”, ignorar muita
coisa que devia ser avaliado e depois simplificarem a avaliação. E depois, haver
“rotatividade” nas notas, por exemplo, “estes ano sois vós a terem o Muito Bom,
Entrevista nº 5:
Dados do Entrevistado:
Idade: 62
Sexo: Masculino
98
Escolaridade: 11º ano
1. Sim,
2. Sim, mas é preciso que os objectivos estejam bem definidos para não haver
menos.
3. Depende. Se os objectivos forem traçados por secção e não de forma individual. Por
exemplo, a secção tem que fazer 1000 processos, há um funcionário que faz 300, os
restantes fazem 150 processos. O que fez 300 superou os objectivos mas isso não é
visível ao avaliador porque foi por secção e não individual, e a apreciação é feita ao
grupo e não individual. É preciso que os objectivos sejam claros e bem definidos
dos objectivos.
porque em alguns casos não conseguem atingir os objectivos. Por exemplo, aqueles
funcionários que não atingem os objectivos, porque podem ter estado de baixa,
podem ter tido problemas familiares, e depois isso afecta o desempenho. E não
tendo atingido os objectivos, também não levam a nota que queriam para poderem
99
5. Contribui, porque ao fim de pelo menos dez “Bons” já permite ao funcionário subir,
remuneratória.
7. No meu caso, o que posso responder é que sou o mesmo funcionário antes e depois
que tenha. Mesmo que não houvesse avaliação de desempenho, faço sempre por
8. Não
9. Não, acho que não afecta. Porque o chefe avaliador, avalia é o desempenho do
10. Sim, pode interferir manipulando o funcionário dizendo que ele não foi cumpridor
nos objectivos que o avaliador lhe traçou. Mas, volto a dizer que se a definição dos
objectivos for clara, não há hipótese de o funcionário ser manipulado nesse aspecto
porque se souber o que fez há documentos que provam em como fez o serviço e
100
11. Pode influenciar, por exemplo se o avaliador der um serviço para fazer em quinze
dias, mas o funcionário o fizer numa semana, supera o objectivo e por isso o
avaliador pode ter em conta que o funcionário é rápido a fazer o seu trabalho.
12. Pode, dizendo que esse funcionário fez um bom trabalho, atribuindo-lhe um
“excelente”, mesmo que o trabalho que ele fez, não mereça essa nota. E assim um
13. Pode, atribuindo-lhe uma classificação inferior mas à priori, se o funcionário sabe
aquilo que fez, e o avaliador lhe der uma nota que o prejudique ele tem que
14. Sim, pode afectar tanto no sentido positivo como negativo. Se houve conflitos o
avaliador pode ter isso em conta, prejudicando-o quando o for avaliar, como
essas coisas.
16. Depende, pode haver casos que sim, em que o funcionário simule um bom trabalho,
quando a realidade é que pediu ajuda a alguém, para lhe fazer por exemplo
desempenho, mostrando serviço que não foi o próprio funcionário que fez.
17. Normalmente, sim, mas isso também depende do tipo de relacionamento que se
tem, ou seja, se há amizade entre eles, isso por vezes acontece, ou seja, vão mais
101
vezes ao gabinete, pedem mais conselhos e sugestões para fazerem determinado
ofício.
20. Os avaliadores têm em conta os dados do ano inteiro, porque como fazem o tal
21. Depende, foi o que lhe disse inicialmente acerca dos objectivos, se estes não forem
bem definidos, e forem por secção, aí o avaliador não vê quem realmente fez o quê,
porque os resultados foram por secção e a classificação vai ser a mesma, mas se
sempre o mesmo.
102
24. Há de tudo, isto depois varia conforme a maneira de ser e o feitio de cada
avaliador. O que lhe poso dizer, é que aqui existem avaliadores mais benevolentes
e outros que são mais rigorosos na avaliação que fazem e não deixam escapar nada,
desde o funcionário demorar mais tempo no seu intervalo, por exemplo. Outros,
25. Os avaliadores o que têm a fazer é agir em consciência das notas que atribuem.
Porque depois isso tem que depender também do desempenho dos funcionários. Os
funcionários que trabalham, têm a nota de acordo com o seu rendimento, aqueles
que não dão tanta produtividade, também vão ter a nota adequada ao seu
rendimento.
26. Sim, porque se foram muitos a avaliarem, cada um sem a sua visão e por isso não
depois isso gera alguma confusão porque com opiniões diferentes, podem depois
27. Sim, o avaliador vai ver todos os aspectos, se por exemplo, há colaboração entre
funcionários, porque isso também conta aqui neste serviço. Por exemplo, como
disse, há objectivos que são por secção e não traçados de forma individual, e
quando é por secção e não houve interacção entre colegas, isso vai contar como
requisito de avaliação.
28. Nunca é fácil, porque muitas vezes depois da divulgação das notas, vê-se muitas
injustiças. Por exemplo há funcionários que até faltam muito mas podem ter tido
melhor nota que um que é sempre assíduo e que teve uma nota inferior, e isso vai
criar injustiças.
103
29. Acho que depende do avaliador e por isso a avaliação poderá ser menor tanto nos
Entrevista nº 6:
Dados do Entrevistado:
Idade: 54
Sexo: Feminino
1. Sim.
2. Não, porque não são fixados de acordo com os interesses do funcionário nem do
3. Sim, são atingidos, mas quem avalia, nem sempre tem a capacidade de ver se esses
relativamente aos objectivos são muito poucos porque o avaliador nem sempre está
por perto porque também tem o seu trabalho, e por isso não consegue ver se os
4. Sim, contribui desde que o avaliador seja uma pessoa justa e imparcial. Porque se
houver injustiças, o funcionário não vai ter a nota merecida pelo seu real
104
desempenho, havendo subjectividade na avaliação. E isso desmotiva o funcionário,
desempenho, é muito difícil os avaliadores serem objectivos sem terem uma carga
funcionário que trabalha porque o que a pessoa é e o que faz, não está dissociado.
7. No meu caso não notei melhoria nenhuma. Porque já cheguei ao topo da carreira.
8. Não.
10. Sim, interfere no sentido negativo e positivo. Se houve logo empatia, o avaliador vai
ter isso em atenção, beneficiando-o na nota que lhe atribuir. Se pelo contrário, não
11. Influência porque o avaliador sabendo que o funcionário está sempre disponível e é
rápido, sabe que pode contar com ele, se tiver que lhe pedir um trabalho extra para
fazer. O exemplo de funcionários que ficam depois da hora a fazerem serviço extra
105
porque mostraram disponibilidade em o fazer, e isso foi influenciar o avaliador em
12. Não devia, porque a meu ver devia ser imparcial, mas pode faze-lo se gostar mais
deste funcionário e não daquele, e nesse caso, atribuir uma nota para aquele de
quem se gosta mais e ser promovido. Isso já aconteceu no serviço onde trabalho em
que o avaliador por gostar mais dum funcionário e o querer promover, alguém foi
13. Pode, é quase a mesma resposta da pergunta anterior. Se o avaliador não gostar do
funcionário, não existe tanta interacção humana e por isso também não o vai
beneficiar na nota que lhe atribuir. Dou o mesmo exemplo da pergunta anterior.
14. Pode, mas também não devia. O avaliador devia ser criterioso a fazer a avaliação,
mas não o é, porque de facto se houve uma discussão é claro que o chefe avaliador
15. Pode ser influenciado devido à imparcialidade dos avaliadores. O avaliador pode
sempre ir buscar esses segredos e boatos. Acho que é muito difícil o ser humano ser
imparcial. Mas depois existem também as amizades, ou que sejam familiares que
estejam a avaliar e esses dados nem contam, apenas o conhecimento que se tem,
mesmo que o funcionário faça um bom trabalho, se o avaliador entender que quem
tem que ter uma boa nota é o conhecido, ou familiar, nesse caso o funcionário sai
106
é, “fama” de competente e nem o ser e funcionário competente, mas que não tem
essa “fama”.
16. Acho que são os melhores a representar. Quem é bom não precisa de mostrar, de
pela qualidade do seu desempenho pois executa com grande destreza. Por exemplo,
o funcionário que faz o seu serviço sem grande esforço, não precisa de mostrar o
que vale, que é competente, é serio e trabalhador e sabe o que está ali a fazer, não
precisas de artefactos.
18. Conta, mas não é um peso importante. Mas em certa medida pode ser
contraproducente, porque como já está há muito tempo a trabalhar, acha que já não
tem que se esforçar visto já ter o seu lugar assegurado e um percurso profissional.
20. Têm em conta os dados mais recentes, porque aquilo que é mais recente está mais
presente na memória. Por exemplo, um funcionário que é muito bom no seu serviço,
execução dos ofícios, faz com que a sua avaliação desça, e seja esquecido pelo seu
107
mas que tem um pico de excelente no seu desempenho, então esse pico de
21. Não, porque as condições de trabalho podem não ser as mesmas, por exemplo eu
posso estar a trabalhar numa sala com um bom ambiente climatérico e o meu colega
a desempenhar o mesmo serviço que eu, mas numa sala sem ar condicionado por
exemplo e também por causa das cotas. Posso ter o mesmo desempenho que o meu
colega, mas se o meu chefe só puder dar um “Muito Bom” numa secção, isso vai
fazer a diferença. Pode dar esse “Muito Bom” ao funcionário que conhece melhor,
no sentido que tem mais amizade e que pode até ser familiar de alguém.
22. Não, até porque isso depende de outros factores, como por exemplo problemas
que pode advir desses problemas pessoais e não sentir tanto entusiasmo no trabalho
que está a fazer, do contexto do serviço e ainda do avaliador que pode não ser o
23. Sim, há essa tendência. Por vezes o funcionário é avaliado de determinada maneira,
tem esta “fama”, este “estatuto” e mesmo que se esforce, isso não é tido em conta.
Há quase que uma ideia feita acerca do funcionário, e que por vezes não é alterada.
Por exemplo, se ele tem determinado perfil no sentido que não é de “dar graxa”, não
faz por agradar do ponto de vista pessoal, pode não evoluir e ter a mesma nota. Pode
24. Depende de quem avalia, ou seja, da sua visão, do seu carácter o que se vai reflectir
na forma de avaliar. Mas os avaliadores mais competentes, são por vezes mais
complacentes, mais abertos e dão mais valor ao trabalho do funcionário, porque por
108
vezes os avaliadores que são mais rigorosos por vezes não têm competência nem
formação para avaliar. Por exemplo, há avaliadores que chegam a avaliadores sem
terem capacidade para isso, e por isso podem sentir ameaçado o seu lugar, porque
podem estar a avaliar um funcionário que é mais competente do que ele e por isso
25. Sim, as notas baixas porque eles para o fazerem têm que o justificar aos seus
que ter o argumento do motivo da atribuição das notas. E há funcionários que fazem
bem o seu trabalho, mas não são de “dar graxa ao chefe”, mas ele não vai atribuir
26. Sim, principalmente o alto número de avaliadores porque no caso de avaliarem por
27. Não, porque o interesse, o empenho, a dedicação nem sempre são quantificáveis
nem facilmente observáveis em alguns casos, por exemplo aqueles funcionários que
são mais introvertidos porque não “dão nas vistas”, mas que se empenham, são
28. Não é fácil, porque se a nota não é justa e as pessoas são conscientes do seu
viável até por causa das cotas. E depois, mesmo que o funcionário não esteja
109
contente com a sua nota, o avaliador está sempre numa posição de superioridade e
29. Sim, pela ideia de que há trabalhos de categoria diferente. Há a ideia pré-concebida
que existem cargos mais dignos e menos dignos, mais importantes e menos
importantes, consoante a função exercida, e por isso a avaliação é menor nos cargos
que não são da categoria de técnicos superiores, porque a avaliação aos técnicos
Entrevista nº 7:
Dados do Entrevistado:
Idade: 43
Sexo: Feminino
1. Sim.
3. Sim, temos que agir de acordo com a nossa consciência. Temos que cumprir prazos
e por isso, temos que ser conscientes e fazer o nosso trabalho. Ao estarmos a
110
4. Sim, porque há um maior empenho e esforço da nossa parte e então somos
recompensados pelo esforço que fizemos e o empenho que tivemos. Por exemplo, é
ter uma nota melhor, é o sermos reconhecidos pelo chefe que fazemos um bom
5. Sim, contribuiria, mas neste momento está tudo parado nesse aspecto, por causa da
crise.
6. É como disse, as carreiras estão “congeladas” e por isso, neste momento não dá para
7. No meu caso, não tive nenhuns efeitos. Porque como disse, há congelamento de
8. Não.
9. Não, onde trabalho desconheço isso. Limito-me apenas a fazer o meu trabalho e a
lhe pedir trabalho extra para fazer. Por exemplo, o avaliador vê que o trabalhador
12. Depende, porque se o chefe e o avaliado forem amigos até o pode promover. Por
exemplo, uma amizade antiga, entre chefe e trabalhador, que já existia antes de o
trabalhador ir para essa instituição trabalhar, e depois, poderá dar origem realmente
111
á promoção desse trabalhador para um cargo melhor, uma função que o trabalhador
queira desempenhar.
13. Pode, porque há pessoas mais reservadas do que outras por exemplo, e depois, isso
vê-se no resultado da sua avaliação. Porque pode existir chefes que gostem de
pessoas mais comunicativas e acharem que os reservados são snobs, quando são é
introvertidos. E depois, podem não lhe atribuir uma nota de acordo com o seu
funcionário se for consciencioso no trabalho que fizer, pode reclamar a sua nota
14. Pontualmente pode afectar, mas isso depende de quem avalia. Toda a gente que
15. Não, porque o avaliador tem que ser uma pessoa sensata e não ligar a esse tipo de
coisas que não tem interesse nenhum. Por exemplo, ao meu chefe avaliador
16. Os funcionários se têm boa nota é porque fizeram um bom trabalho, mas isso vai
poderá dar um “Muito Bom” por exemplo, e já outro avaliador dar um “Bom” pelo
17. Sim, porque existe uma maior cumplicidade e nesse caso falam mais, por exemplo,
vão pedir sugestões ao chefe avaliador. Conversam mais e trocam ideias acerca dos
112
18. Sim, porque estão há mais tempo e já conhecem o funcionamento do serviço, mas
sendo mais antigos, têm que dar mais provas do seu desempenho porque estão há
20. Consideram os dados de todo o ano, porque as vezes vão tirando notas para não se
contínua, o avaliador vai avaliar os objectivos que estabeleceu para esse ano para o
funcionário cumprir.
21. As vezes têm o mesmo resultado, mas isso depende de quem avalia. Por exemplo,
numa secção, todos têm que fazer ofícios por exemplo, mas uns podem ser mais
rápidos a faze-los, mas se um avaliador não lhe interessar que o funcionário seja
rápido a executar a sua tarefa, desde que faça o ofício bem feito é o que interessa,
pode dar a mesma nota aos funcionários, independentemente de uns serem mais
rápidos. Mas, por exemplo, pode haver avaliadores que lhes interessa também a
rapidez e estabelecerem isso como critério para avaliarem, e aí claro que a nota já
22. Não, pode ser diferente de ano para ano, pois depende do desempenho do
funcionário. Porque também tem a ver por exemplo, com os objectivos que o
desempenho do funcionário pode mudar e depois a nota pode ser diferente porque
113
23. As vezes há essa tendência porque há funcionários que podem por exemplo de ter
funcionário.
24. Sim, porque isso depende da maneira de ser de cada um e por isso consoante o seu
dos avaliadores, isso reflecte a forma como vêem as coisas, e aí as opiniões serem
diferentes, o meu avaliador por exemplo é uma pessoa cordial, e acho que a sua
maneira de ser reflecte-se na avaliação que faz, porque o que ele quer, é que os
25. Não evitam dar notas baixas se o funcionário o merecer. As notas altas têm a ver
com as cotas. Por exemplo, os avaliadores não têm medo de baixar a nota a um
26. Acho que quanto mais avaliadores, pior é a avaliação porque cada um tem a sua
opinião e depois isso vai gerar confusão nos resultados porque os funcionários
também não são máquinas, são pessoas. E quanto mais opiniões houver, mais difícil
se torna chegarem depois a um “acordo” quanto à nota que vão dar pela variedade
vistos como factores de avaliação e esses aspectos também deviam interessar para a
avaliação.
28. Não é fácil chegar a acordo porque o avaliador tem o poder e faz sempre aquilo que
quer e por isso nem adianta reclamar caso não se concorde com a nota. Em relação
114
aos objectivos, se for para beneficiar a instituição e o funcionário mostrar que quer
29. Acho que é igual. Os avaliadores quando estabelecem os objectivos são para serem
cumpridos e por isso, acho que as avaliações são iguais tanto nos cargos mais
Entrevista nº 8:
Dados do Entrevistado:
Idade: 38
Sexo: Feminino
1. Sim.
2. Não concordo porque não há critérios uniformes. Isso só veio favorecer uns e
3. Acho que nunca são atingidos. Acho o SIADAP o pior modelo de avaliação que se
atribuem as melhores notas a quem eles entendem, isto é, aos amigos, familiares a
115
trabalharem na mesma instituição. E os que se esmeram a trabalhar, levam com a
mesma nota.
4. Não contribui, porque cada vez mais se vê desmotivação, e isso cria também
“laxismo” nos funcionários. Quem leva sempre o “Muito Bom” são sempre os
muita guerra interna por causa disso. Os “bajuladores” é que são beneficiados com
as boas notas porque andam sempre de volta do chefe, e sendo amigos, têm sempre
5. Não contribui nada, a não ser para aqueles que levam sempre o “Muito Bom”. Por
levam as melhores notas porque já sabem que as vão ter, estão-se “maribando” para
o trabalho. São uns “laxistas”. Quem mais “bajular” o chefe, é que tem sorte.
6. São sempre os mesmos as ter as mesmas notas, só esse núcleo a quem o chefe
entende é que contribui. Quem tiver três “Excelentes” sobe ao fim de três anos.
Cinco “Muito Bons”, ao fim de cinco anos sobe, e dez “Bons” só ao fim de dez
anos, é que sobe. É um núcleo muito restrito que tem as melhores notas, porque o
sistema de cotas não permite e o chefe é que entende a quem atribuir as melhores
notas. Os “Excelentes” foram para um funcionário que foi promovido, foi para
técnico superior, mas esse funcionário tem família a trabalhar na mesma instituição
116
7. No meu caso, zero, nenhuns efeitos. Porque não ando a bajular o chefe, nem sou
amiga do chefe.
8. Não.
que são “intragáveis” na sua interacção com os colegas, mas como são amiguinhos
do chefe, e têm boas relações de amizade com ele, esses funcionários é que são um
exemplo para o chefe avaliador. Esses funcionários têm sempre as boas notas para
subirem por causa da amizade que têm. É uma injustiça, porque quem trabalha e se
10. Pode interferir. A forma como se expressa, a própria pronúncia pode logo ser uma
levarmos uma nota condicente com o nosso desempenho, levamos com a nota que
ele entende dar porque não andamos a “bajular”, e a andar sempre no gabinete.
11. Depende, porque as melhores notas são sempre para os mesmos. E por isso, essas
interesses do funcionário.
12. Pode. E depois nunca funciona o critério da justiça. Os amiguinhos do chefe é que
são sempre beneficiados. E depois há uma coisa que não concordo: é proibido
divulgar quem recebe os “Muito Bons”, e ao esconderem isso, não estão a dar
oportunidade de se dialogar. Exemplos? Dão as boas notas aos seus amigos para
117
eles serem promovidos e subirem, e o chefe vem-nos dizer que por causa das cotas,
não nos pode dar o “Muito Bom”, porque sei o que faço, esforço-me, sou
cumpridora, e depois soubemos por “vias travessas” que afinal até tinha essas notas
13. Pode, porque se o avaliador estiver incompatibilizado com esse funcionário porque
não criou empatia com ele ou o funcionário não o cativou, nunca irá ter uma boa
nota. Isso cria injustiças, porque muitas vezes, o avaliador não acompanha o
14. Pode. Porque se o chefe avaliador quiser ter um motivo que seja negativo para
desvalorizar e até baixar a nota ao funcionário, vai buscar esse episódio. Se for no
eles. O exemplo é o que referi, eu própria sei aquilo que faço e sinto-me altamente
injustiçada porque não sou reconhecida pelo trabalho que faço. Não recebo um
“Muito Bom”, porque essa nota é só para o núcleo restrito de amizades do chefe. O
chefe avaliador só dá as boas notas aos seus amigos para os promover, fazer com
15. Sim, usa, e por vezes são mentiras que circulam, e se não forem os “protegidos” do
suficiente, em vez de terem por exemplo um “Bom”. Por vezes são funcionários
exemplares, ficando mais tarde no serviço quando existem trabalhos que têm que
ser feitos, publicar por exemplo resultados de concursos, mas o que é certo, é que
118
16. São os que melhor representam e simulam um bom desempenho. Os que têm as
melhores notas são sempre os mesmos, e como não fazem nada porque se
“marimbam” para o trabalho, os outros que tiram notas inferiores é que fazem o
serviço todo, esses que não fazem nenhum têm que simular que fazem alguma
coisa. Por exemplo, andam por lá a passearem-se com capinhas e fotocopias para
traz e para a frente e quando reparamos, chega a hora de picarem, para saírem, é
injusto isto, e é por isso que a Função Pública tem a fama que tem, ou seja, de os
funcionários não fazerem nenhum, mas uns trabalham demais para compensar os
17. Sim, são os que andam sempre de volta deles, a criticar também o trabalho dos
andam sempre a bajular o chefe para assegurarem a boa nota que tiveram.
18. Sim, a “idade é um posto”, porque os mais antigos já fazem parte do “mobiliário da
casa”. Eles, os mais antigos, é que são os donos daquilo. E depois condicionam
quem vai iniciar um trabalho porque escondem o serviço. Embora os mais antigos
20. Acho que consideram os dados de todo o ano, mas essa questão vai de encontro ao
trabalhar porque sabem as notas que vão ter por terem amizades com o chefe
avaliador. E nesse caso, nem precisam de fazer grande esforço. Volto a dizer que é
por isso que a Função Pública está mal vista por causa de certos “mandriões”.
119
21. Não, porque isso depende de quem avalia. Há funcionários a fazer o mesmo serviço
e nem sempre têm a mesma nota. Por exemplo, eu faço exactamente o mesmo
serviço que o meu colega faz, mas se esse meu colega é o amigo e bajula o chefe, a
melhor nota vai para ele, e para mim vai uma nota inferior á dele.
22. Sim, porque se for o mesmo chefe a avaliar, e esse funcionário for conhecido do
avaliador, se tiver que ter sempre um “Muito Bom”, o chefe dá-lhe essa nota. É
sempre a mesma coisa, impera o “reino dos conhecimentos”, das amizades, e assim
23. Sim, e depois há o sistema de cotas. Só pode dar cinco “Muito Bons”, mas o chefe
dá sempre essas notas às mesmas pessoas, mesmo que o seu desempenho tenha
24. Acho que depende da maneira de ser do avaliador. O seu carácter vai reflectir a
forma como vai avaliar. E depois, há avaliadores que não têm formação,
conhecimentos para avaliar. Consoante a maneira de ser de cada avaliador, estes vão
avaliar de acordo com a sua visão, o seu ponto de vista, e todos temos visões e
25. Evitam é dar notas muito baixas, porque isso obrigava-os a ter que justificar aos
seus superiores, e a fazerem um relatório do motivo de terem dado esse nota baixa.
funcionários, mesmo que não mantenham amizade, dão o “Suficiente” para não
prejudicar o funcionário.
120
26. Acho que quantos mais avaliadores, mais subjectiva é a avaliação. Cada avaliador
tem a sua maneira própria de analisar e por vezes as ideias de uns, podem não
cada avaliador leva a uma avaliação subjectiva porque como disse, cada avaliador
tem o seu ponto de vista, e opiniões diferentes, e por isso, não há consenso na
avaliação.
27. Não. Há aspectos que também são importantes e contam como critério de avaliação,
mas são amigos do chefe avaliador, andam a”bajula-lo”, e então, têm um bom
resultado na avaliação.
28. Em relação à classificação, não é fácil chegar a acordo. Quando a nota é atribuída,
não adianta reclamar mesmo que não esteja de acordo. Em relação aos objectivos,
até posso chegar a um acordo, porque posso gerir entre o chefe, uma medida que
29. Sim, nos cargos com menos prestigio profissional como sendo os assistentes
Entrevista nº 9:
Dados do Entrevistado:
121
Idade: 37
Sexo: Masculino
1. Sim.
3. 100% não, porque se formos a ver, por exemplo, o chefe manda-nos fazer ofícios
para entregarmos numa semana, e por vezes esses objectivos não são cumpridos,
porque também fazemos trabalho que não é nosso, isto é, é mais da área de outros
colegas, mas às vezes ou porque vão de férias, ou faltam, nós fazemos esse trabalho
4. Não contribui porque não é seguida à risca. Isto é, por vezes a avaliação é feita de
“fachada”. Por exemplo, quem der mais “graxa” ao chefe recebe melhor nota do que
aquele que trabalha mesmo, mas que não deu “graxa” ao chefe, e por isso não tem a
5. Deveria contribuir, mas na realidade não contribui. Porque aqueles casos em que o
chefe deveria ser justo, ou seja, dar uma nota de acordo com o desempenho do
quem ele achar que deve, ou seja, quem for amigo dele e lhe der “graxa”.
quer, e não quem trabalha mesmo e se esforça não é reconhecido. As notas deviam
ser divulgadas, mas o SIADAP não permite isso, porque assim dava confusão, isto é,
que eu mas levou melhor nota, não posso reclamar porque o chefe iria argumentar
sempre que o colega afinal fez melhor esta tarefa ou aquela porque existem as
amizades e o factor “cunha” e por isso não podemos fazer nada contra isso.
8. Não.
9. É mais a cor política, porque o funcionário tira vantagens com isso sendo por
10. Sim, porque basta por exemplo um funcionário mostrar uma característica que seja,
que sabe, isto é, que se nota que “domina o assunto” e depois o chefe quando o
avalia arranja maneira de o “parar por ali”. Porque o funcionário pode tirar o
11. Sim, influencia. Porque para o chefe serve na mesma para avaliar, mesmo que isso
não seja critério de avaliação. Por exemplo, para o meu chefe funcionários que
mostram ser disponíveis, rapidez na execução de ofícios são vistos como bons
trabalhadores.
12. Sim, pode. O que lhe disse acerca das notas injustas. Por exemplo, o avaliador ao dar
uma nota de “Muito Bom” a quem ele entende, ou porque é amigo ou familiar desse
123
esforçam por fazer um bom trabalho, e a estes a nota é injusta pois não vêem o seu
aquilo que faço, sou cumpridor do meu serviço, sei que merecia um “Muito Bom”,
mas levei o “Bom”, porque o “Muito Bom” foi para os amigos do chefe. E assim os
sei que os cumpri porque isso fica registado nas entradas que damos de documentos,
mas o meu chefe não “viu isso” porque dá a nota de “Muito Bom” a quem ele
13. Pode, porque se não vai na “música dele”, do funcionário, este que não espere muito
do chefe. Por exemplo, a nota que lhe der vai ser reflexo disso, isto é, o chefe até
pode dizer que por causa das cotas não lhe pode dar uma boa nota, e isso ser a
estratégia do chefe para o funcionário não se “aperceber” que o chefe não simpatizou
com ele.
14. Sim, afecta nos dois casos. Por exemplo, houve uma situação cá de discussão entre o
resultado da sua avaliação, e existe outro caso, em que essas ajudas extraordinárias
também contam, pois um funcionário foi beneficiado, tendo mudado de sítio, não
15. Sim, por vezes o chefe usa os boatos, por exemplo dando-lhe uma nota inferior ao
que o funcionário merece. Mas se conhecer o funcionário, houver amizade entre eles,
124
16. São os melhores a representar, porque aqueles que trabalham mesmo, passam o dia
inteiro a trabalhar, os outros fingem, por exemplo, digo-lhe que há funcionários que
entram ao serviço e picam, voltam a sair da instituição, vão dar as suas voltas e
reconhecidos. Os outros, os que fingem, têm o factor “C”, cunha e fazem o que
querem…
17. São, porque são também aqueles que andam lá a dar “graxa”, por vezes a fazer
queixas dos outros funcionários, são também amigos da chefia ou familiares e estão
18. Sim, como diz o ditado, “a velhice é um posto”, e os avaliadores “deixam andar”,
porque acham à partida que esses funcionários que estão há muito tempo lá no
do que aqueles que trabalham há pouco tempo. O deixar andar, é no sentido de que
existe muita politica também pelo meio, a mesma cor política e não ligam tanto se
trabalham mais, ou menos. Mas o que é certo, é que às vezes, vem para aqui
funcionários estagiar e esses é que fazem o serviço todo, e os antigos nem tanto.
19. No inicio do ano, faz-se uma reunião para se falar dos objectivos, e depois faz-se
são traçados por um ano, e o chefe avalia a prestação dos funcionários do ano inteiro.
21. Não, porque o avaliador se for avaliar aqueles que são seus amigos ou familiares vai
125
exemplo das “amizades”, o mesmo desempenho do funcionário amigo e aquele que
não tem amizade com o chefe vai ter um resultado diferente na avaliação.
22. Sim, por tudo o que já referi acerca das amizades. Por exemplo, o chefe por causa
das cotas só pode dar dois “Muito Bons”, por isso, ele vai dar sempre as mesmas
notas aos seus amigos que quer ajudar, aos outros também têm sempre a mesma
nota, levam sempre com o “Bom”, mesmo que se esforcem a nota é sempre essa.
23. Sim, porque existe o tal factor “cunha”, conhecimento. Dou-lhe o exemplo dum
funcionário que atende ao público e tem inclusive reclamações dos utentes e dos
próprios colegas, porque é antipático, pouco atencioso, mas mesmo assim é sempre
trabalharem que lhe dão ainda mais apoio e cobertura por se darem bem com o chefe
que o avalia.
24. Acho é que há avaliadores mais complacentes, porque se fossem rigorosos seguiam á
risca se cumpriam os objectivos e eles não fazem isso pelos exemplos que lhe dei
acerca das injustiças de favorecerem quem eles querem, mesmo que os outros
25. Evitam é dar notas muito baixas porque depois teriam que fazer um relatório aos
seus superiores a justificar o motivo da nota baixa, e isso obrigava por exemplo a
processos disciplinares, porque se o funcionário é mau, vai ter que ir para o regime
de mobilidade especial e o chefe também não quer isso por uma questão de prestígio,
126
26. Acho que o elevado número de pessoas a avaliar gera subjectividade, são muitas
formas de pensar, com muitos pontos de opinião e cada um tem a sua forma própria
de ver as coisas e por isso não há unanimidade na avaliação. Por exemplo, uns dizem
que este funcionário é bom porque é eficiente, cumpridor das tarefas que lhe
mandam fazer, mas se for preciso os outros avaliadores já podem ter uma opinião
27. Não, há critérios que são deixados de fora, por exemplo no atendimento ao público é
funcionário que tem reclamações dos utentes porque não é simpático com os utentes,
mas como tem as “costas quentes” do chefe, não há quem fiscalize, toda agente faz o
que quer e isso gera injustiças para os restantes funcionários que tentam fazer o seu
trabalho de forma empenhada, mas que não são reconhecidos pelo chefe.
28. Em relação à classificação, não é fácil porque mesmo que o funcionário não esteja de
acordo com a nota, não adianta reclamar porque o chefe tem sempre razão, ele é que
manda. Em relação aos objectivos, sim, existe abertura para se poder dizer que se
29. Não acho, porque o SIADAP estabelece por exemplo, três critérios que são comuns
tanto aos cargos mais importantes como os menos. Agora o que podem é ser mais
facilitados ou dificultados, mas isso depois é o chefe que estabelece. Por exemplo,
dar entradas de documentos é fácil, mas isso é destinado para os assistentes, mas por
exemplo participar numa reunião já tem que ser um técnico superior porque também
tem que depois fazer um relatório bem fundamentado da sua participação na reunião.
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Entrevista nº 10:
Dados do Entrevistado:
Idade: 38
Sexo: Feminino
1. Sim.
2. Não, porque os objectivos são traçados para que as chefias sejam avaliadas e não os
funcionários.
3. Não, porque como disse, os objectivos são traçados para as chefias e não para nós
para mim que faço atendimento ao público, deviam ser, o tempo que eu demoro a
pede. Mas, não é assim, o chefe apenas vê quanto tempo eu demoro na casa de
banho, ou seja, não posso demorar mais que cinco minutos. Se demorar mais que
cinco minutos, não cumpro os objectivos. Isto é ridículo. É que para o chefe, o mais
importante é que eu não demore mais que cinco minutos, o resto que é o mais
importante que é atender um utente de forma simpática e não faze-lo esperar, isso o
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4. Não contribui de todo, porque a avaliação não é feita de forma verdadeira. O chefe
só avalia dando as melhores notas a quem seja por exemplo do partido dele. Só meia
dúzia é que têm as melhores notas, e esses nem se esforçam como eu me esforço, e
por isso esses não merecem essas notas. Depois isso gera revolta aos que trabalham
5. Contribui só para alguns. Porque são aqueles que fazem parte da equipa dos
“protegidos” do chefe, e depois por exemplo, esses são avaliados com “Muito Bom”
e podem ter até um vencimento extraordinário como prémio, e não trabalham como
nós o fazemos, não se esforçam, não se empenham, e nós que trabalhamos, isso não
6. Não contribui. Porque dou-lhe o exemplo da minha avaliação. Quem tiver 4 já tem o
“Muito Bom”, mas eu tenho sempre 3,9 porque o chefe diz que eu mereço o 4 mas
que por causa das cotas, não me pode dar o “Muito Bom”. E, então levo sempre o
“Bom”, porque eu não faço parte da lista dos “protegidos” dele. Então, para eu subir
na carreira, só ao fim de dez anos, porque levo sempre o “Bom” que vale apenas um
ponto, estou aqui há uma “porrada” de anos a trabalhar e ainda não subi, é por isso
7. Nenhuns, porque foi o que já lhe disse, tenho sempre a mesma nota.
8. Não.
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9. Pode afectar se tiver a mesma cor política pois a avaliação é feita conforme a
mesma cor política. Por exemplo, houve alguns chefes de equipa que se
reformaram, e quem foi colocado a chefe, foram aqueles que nem são competentes,
mas esses são amigos do presidente da Câmara e por isso, agora são chefes, esses
10. Não, aqui o que interessa é saber o partido político, se for o mesmo partido, estão
não vê o seu esforço ser recompensado com a atribuição de uma boa nota.
11. Não influencia. Vou-lhe dar outra vez o meu exemplo. Atendo por dia, duas ou três
vezes mais utentes que os meus colegas que estão no informativo. Elaboro mais
processos que os meus colegas, sou sempre prestável, e não sou reconhecida, e
assim não chego a lado nenhum. É muito ingrato. São 8h.30m. entro no serviço, a
minha hora de sair seria às 16h.30m. mas por vezes eram 19h. e ainda estava no
serviço. Mas já quis sair do informativo, porque me sinto cansada deste posto, mas
não me autorizam. É porque sou precisa lá, mas não reconhecem o meu trabalho. E
12. Sim, pode, o mesmo que já lhe disse acerca dos ”protegidos” do chefe. Quando ele
quer promove-los, fá-lo mesmo que esses não mereçam a nota, as boas notas, o
“Muito Bom” é atribuído a esse grupo de pessoas, fazendo com que os restantes
funcionários, que também é o meu caso, não tenham uma nota de acordo com o seu
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13. Pode, porque se o avaliador não lhe interessar que esse funcionário seja avaliado
para subir, por exemplo, o chefe dá-lhe sempre uma nota de “Suficiente” e o
14. Pode, mas afecta é a discussão, porque a ajuda extraordinária, o chefe nem isso
reconhece. Tenho a certeza que se tivesse ficado “caladinha”, poderia ter tido outra
nota, porque falo de mais, reivindico os meus direitos, gosto de justiça, digo o que
15. Pode usar como motivo, de não lhe dar uma boa nota, e usar essas informações
apenas como um pretexto de não lhe atribuir a nota que realmente o funcionário
merece. Por exemplo, se o funcionário não for amigo do chefe avaliador, e não tiver
com este uma relação de cumplicidade, qualquer boato serve de pretexto para dar a
boa nota aos conhecidos, em vez de dar àqueles que trabalham de verdade.
16. Acho que são os que simulam um bom desempenho. Existe tanta gente fingida, que
se faz passar por bom funcionário, mas que na realidade, só porque são amiguinhos
do chefe, levam com as boas notas, mas no fundo, nem trabalham assim tão bem,
17. Sim, porque são os tais amiguinhos do chefe, e para ficarem sempre bem vistos aos
olhos do chefe avaliador, andam sempre “de volta deles”, sempre no gabinete deles,
e claro, dão-se bem com eles, para terem sempre a nota boa assegurada.
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18. Não, nem sempre. Depende dos casos. Se os funcionários forem amigos do chefe,
pode ser uma mais-valia, caso contrário, mesmo que sejam antigos aqui no serviço,
políticos. Há aqui um funcionário, antigo no serviço por sinal, mas sempre esteve
“na dele” e nem por isso a sua antiguidade é valorizada quando se trata de avaliar o
seu desempenho.
20. Isso é tudo muito subjectivo, na medida em que se forem amigos, familiares, e do
nem os dados mais recentes, nem os dados de todo o ano. Aqueles a quem o chefe
21. Não, porque além de as condições de trabalho não serem as mesmas, também
depende de quem avalia, depende dos objectivos, depende ainda, se esses avaliados
são amigos do chefe avaliador. Nunca é certo, pois depende destes factores que lhe
falei.
22. Podem obter o mesmo resultado, mas isso também depende muito das cotas por
exemplo. Mas, se por exemplo, os objectivos não forem os mesmos, isso também
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23. Sim, há essa tendência pois o avaliador pode ter-se fixado na eventual eficiência do
funcionário, mesmo que este, tenha alterado o seu desempenho, o chefe avaliador,
pode sempre achar que foi um “descuido” do funcionário. E depois, é como lhe
digo, se houver as “tais” amizades, as boas notas são direitinhas para os seus
24. Sim, até porque nós não somos todos iguais. Conforme a personalidade, a maneira
de ser de cada avaliador, isso vai fazer com que o avaliador seja também, ou mais
25. O que eu acho é que, os avaliadores evitam dar as notas muito baixas, porque as
notas altas, já estão todas destinadas para os seus amiguinhos. Porque se dão as
notas muito baixas, estas terão que ser justificadas e dão-lhes muito trabalho a
justificarem.
26. Sim, afeta porque nenhum avaliador é igual ao outro, podem ser parecidos, mas
nunca iguais. Por isso, quanto mais avaliadores existirem, mais complicado se torna,
contraditórias.
27. Não, nem pensar. Por exemplo, o meu chefe só vê o que lhe interessa. Não avalia a
pontualidade, por exemplo, não vê quando fico mais tempo no serviço, a “dar horas
à casa”, não vê o rigor com que desempenho o meu trabalho, ele só vê o que quer,
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28. Nos objectivos, sim, mas em relação á classificação não é de todo. No inicio do ano,
escrever o que pensávamos da avaliação. Disse tudo o que achava, que a avaliação
de desempenho deveria ser por escrito, que eu estava disposta a fazer provas por
escrito das minhas competências, expus um pouco a minha revolta deste tipo de
avaliação pelas injustiças que lhe referi acerca dos conhecimentos, amizades que se
têm, porque têm a mesma cor política dos “protegidos” que são beneficiados nas
notas que têm. Pois em Maio deste ano, o chefe chamou-me e disse-me que por
incrível que pudesse parecer, a minha auto-avaliação foi a única que desapareceu.
Isso foi estranho. Porque o chefe não tinha interesse que a minha exposição seguisse
para Lisboa com tudo o que eu achava acerca das injustiças. Nem sei, para que
serve então uma auto-avaliação se não foi entregue para o sítio que deveria ser. As
pessoas que reivindicam os seus direitos têm que estar caladas, se não, arriscam-se a
ir para o desemprego.
29. Sim, julgo que existe essa tendência até porque as melhores notas, vão para os
cargos superiores dos amigos do chefe avaliador. Por outro lado, os cargos
superiores, exigem uma maior responsabilidade, e como tal, também deve haver
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