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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

DOM CARLOS I E A DIVULGAÇÃO DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA


OCEANOGRÁFICA PORTUGUESA

Gisele Banin Marques

MESTRADO EM CULTURA CIENTÍFICA E DIVULGAÇÃO DAS CIÊNCIAS

Trabalho de Projeto orientado


Prof.ª Doutora Cristina Luís e Prof. Doutor Henrique Leitão

2022
1
AGRADECIMENTO
Por muito solitário e pessoal que seja o processo de elaboração de um projeto de mestrado, é inegável
que para ele ser finalizado contribuem um conjunto de pessoas, cujo reconhecimento público é devido.

Devo ao Prof. enrique Leitão por ter aceitado a supervisão deste trabalho, foi também responsável
por me apresentar pessoalmente aos representantes da Marinha Portuguesa, sem os quais não teria tido
acesso ao riquíssimo espólio do Rei D. Carlos.

Devo um especial reconhecimento, a Prof.ª Cristina Luís, que não somente aceitou a co-orientação do
projeto, como também pelos seus conselhos, sugestões, correções e indicações de caminhos a tomar nesse
trabalho, e principalmente, pela amizade que construímos nesses três anos. Sem o seu profissionalismo
e comprometimento este trabalho não teria sido possível. A ambos agradeço por terem confiado e
acreditado em mim e me terem proporcionado um forte estímulo intelectual e tomarem para si a difícil
supervisão pedagógica durante os três intensos anos deste projeto.

Aos professores do Mestrado em Cultura Científica e Divulgação de Ciência, do Instituto de Educação,


Faculdade de Letras, Instituto de Ciências Sociais e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
deixo também uma palavra de especial apreço. Gostaria de referir especialmente, por uma maior
proximidade académica aos Professores: Cecília Galvão, Bruno Pinto, Luís Junqueira, Nelson Pinheiro
Gomes e Maria João Mogarro pelo constante incentivo a um pensamento crítico e ao desenvolvimento
de novas ideias.

Um especial agradecimento à Comissão Cultural da Marinha Portuguesa e, em particular: ao Diretor


da Comissão Cultura da Marinha, Contra Almirante João Leonardo Valente dos Santos, pela
oportunidade de estagiar neste órgão que em muito contribui para o desenvolvimento científico e cultural
nacional no âmbito do mar e das ciências náuticas; ao Diretor do Museu da Marinha, Comodoro José
António Croca Favinha, que gentilmente nos acompanhou em uma visita guiada e nos deu permissão
para investigar o espólio disponível no museu; ao Diretor da Biblioteca Central da Marinha, Capitão-
de-Mar-e-Guerra Ribeiro Cartaxo, que permitiu acesso aos documentos da monarquia, bem como cedeu
o espaço da biblioteca para o período de investigação; ao Diretor do Aquário Vasco da Gama, Capitão
de Fragata Nuno Galhardo Leitão, que tão gentilmente me acolheu para o desenvolvimento de grande
parte da pesquisa deste trabalho, tendo proporcionado momentos únicos, quer do ponto de vista
académico, quer pessoal no Aquário Vasco da Gama; ao Diretor do CDIACM – Centro de
Documentação, Informação e Arquivo Central da Marinha, Capitão-de-Mar-e-Guerra José Manuel
Antunes Pereira, que junto com a sua equipa, proporcionou o acesso ao mais alto nível de documentação,
enriquecendo ainda mais esse trabalho. Também no Arquivo Histórico Central da Marinha, à Dra. Isabel
Beato, no Aquário Vasco da Gama, às Dras. Maria Pitta e Paula Machaz, do Museu do Mar D. Carlos às
Dras. Maria Fernanda Costa e Eugenia Alves, no Museu Oceanográfico da Arrábida à Dra. Pilar Miguel,
pois com todas elas, na primeira fase do projeto, tive a troca de ideias sobre variados assuntos
académicos. Dividimos a nossa paixão pela oceanografia portuguesa e pelas descobertas do Rei D. Carlos
pelo que agradeço os conselhos sábios e por serem facilitadoras ao longo de todo o processo que obtive
nas instituições em que trabalham, tendo sido as principais fontes da minha pesquisa. Também, não
poderia deixar de agradecer ao Superintendente do Pessoal, Vice-Almirante Neves Coelho e ao Gestor
de Pessoal da Comissão Cultural da Marinha, Dr. Nelson Albano. Estar com todos foi um grande
aprendizado de como trabalhar em equipe, sou eternamente grata e tenham todos o meu muito obrigada!

Ao José Pedro Melo, da empresa Managing Partner da Leadership Business Consulting, Ricardo
Utsumi, Diretor de Arte, da empresa Live Marketing e meu irmão Gilson Banin, Engenheiro de I I
Tecnologia e Soluções focado em reabilitação de site e armazenamento em nuvem da Microsoft por me
elucidar sobre a comunicação digital e a arquitetura bem definida das plataformas virtuais.

2
A todos os meus colegas do mestrado, muito obrigado pela camaradagem e disponibilidade para troca
de impressões. Devo um particular agradecimento aos amigos: Felipe Menegotto, Hannah Lua Hertz
Cunha, Anil Vila e Aline Cardoso Cerqueira. Pela amizade e simpatia como sempre me receberam e
recebem, um muito obrigado!

Um abraço em particular para todos os meus colegas e amigos portugueses, em especial a minha
querida amiga Ana Mira Cordeiro, Pedro Gonçalves Paes e António Sequeira Mendes que durante os
últimos três anos aturaram as minhas conversas sobre museus, bichos empalhados e monarquia. Foram
singelos, amáveis e os tenho no coração, pois ter uma brasileira falando sobre sua história não é nada
fácil, tenham com vocês minha eterna amizade e um grande abraço. Obrigada pela força e apoio que me
deram durante esta importante fase da minha vida académica em Portugal.

A Mariana Alves, do projeto Cartas com Ciências, que tive o prazer de conhecer e trabalhar na
divulgação da ciência, onde pude compartilhar com a Professora Teresa Cunha, e o aluno Hendrico do
Timor Leste, a história de D. Carlos, da oceanografia portuguesa, bem como as espécies marinhas, afim
de dar subsídios e despertar a curiosidade desse aluno a estudos futuros sobre o mar português, esse
trabalho permitiu de uma forma mais concreta que um aluno de língua PALOP compreenda o trabalho
de investigação que se realiza na Faculdade de Ciências e assim possa elaborar, futuramente formas de
também faze-lo.

Às minhas filhas, Laura Banin Marques e Bruna Banin Marques que foram minhas companhias e se
lembram de todas as nossas visitas aos museus científicos, o fascínio que juntas tivemos em desbravar
mais esse campo das ciências.

À minha família, irmãos e mãe pelo amor incondicional. E ao meu esposo, Francisco Sampaio
Marques, por ser ele o principal apoio em todos os momentos de dificuldade deste projeto, por me
incentivar a nunca desistir e a seguir com os meus sonhos, não somente hoje, mas sempre. Assim, não
só lhe agradeço, como lhe dedico todo esse trabalho e meu amor.

3
RESUMO

Este trabalho de projeto baseia-se numa análise exploratória para a compreensão, aplicação e
desenvolvimento dos conceitos inerentes ao desenvolvimento de um website com o intuito de divulgar
o trabalho oceanográfico desenvolvido pelo Rei D. Carlos I.

Nesse relatório de projeto, poderá acompanhar o processo de planificação de um website e todo o


percurso investigativo para localizar o material das primeiras investigações oceanográficas portuguesas
levadas a cabo pelo referido monarca. Destaca-se ainda uma das componentes mais importantes para o
desenvolvimento deste trabalho, que foi a oportunidade de fazer um estágio na Comissão Cultural da
Marinha Portuguesa, onde se pode encontrar a grande maioria do espólio das investigações
oceanográficas de D. Carlos.

Numa etapa inicial foi necessário pensar, de forma objetiva, numa estrutura básica para o website.

Assim, a proposta foi organizar o website nas seguintes secções: Vida e Trajetória, secção que tem
como objetivo principal apresentar D. Carlos I e mostrar como despertou um interesse pela ciência desde
muito jovem; Trabalhos Científicos, pretende mostrar a produção científica do Monarca; Divulgação
Científica, esta secção visa trazer ao conhecimento público o trabalho de divulgação científica
desenvolvido pelo Rei D. Carlos I em particular nas várias exposições que desenvolveu; D. Carlos I Hoje:
locais e materiais, mostrar um conjunto de locais onde pode ser visitado o espólio do Rei D. Carlos
relacionado com o seu trabalho na área da oceanografia.

Para obter informação e documentação para poder preencher cada uma das secções propostas foi, em
primeiro lugar, realizado um estágio na Comissão Cultural da Marinha que compreendeu a consulta de
documentação nos seguintes locais: Biblioteca da Marinha, Arquivo Histórico Central da Marinha, Centro
de Documentação da Marinha, Arquivo de Imagem da Marinha, Museu da Marinha, Aquário Vasco da
Gama

Ainda no âmbito de complementar a recolha de informação foram visitados os seguintes locais: a


Biblioteca da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o Museu do Mar do Rei D. Carlos, a
Rota D. Carlos, o Museu Nacional de História Natural e da Ciência e o Museu Oceanográfico do Portinho
da Arrábida.

Depois das secções definidas e do material coletado, com o intuito de tentar perceber que conteúdos
poderiam gerar maior interesse por parte do público, foi realizada uma análise exploratória de público
potencial para o website recorrendo a duas ferramentas: Instagram e um questionário online.

Por fim, foi realizado um aconselhamento junto de profissionais de informática, para compreender
como deve ser trabalhado e gerido um website de modo a tentar chegar ao público desejado, com as
métricas corretas e através de algoritmos.

Após todas estas etapas apresenta-se uma proposta de website com a informação que poderá vir a
conter, respondendo a uma perspetiva de presença, comunicação e divulgação do espólio oceanográfico de
D. Carlos I na Internet de modo a poder chegar a um público mais alargado.

Palavras-chave: Website; Oceanografia; Divulgação de ciência; Rei D. Carlos I.

4
SUMMARY

This project work is based on an exploratory analysis for the understanding, application and development
of the concepts inherent to the development of a website with the aim of disseminating the oceanographic
work developed by King D. Carlos I.

In this project report, you can follow the process of planning a website and the entire investigative path
to locate the material from the first Portuguese oceanographic investigations carried out by the
aforementioned monarch. One of the most important components for the development of this work also
stands out, which was the opportunity to do an internship at the Cultural Commission of the Portuguese
Navy, where the vast majority of the information and materials of D. Carlos' oceanographic investigations
can be found.

In an initial stage, it was necessary to objectively think about a basic structure for the website.

Thus, the proposal was to organize the website into the following sections: Life and Trajectory, a section
whose main objective is to present King Carlos I and show how he gained interest in science from a very
young age; Scientific Works, intends to show the Monarch's scientific production; Scientific Dissemination,
this section aims to bring to public knowledge the scientific dissemination work carried out by King D.
Carlos I, in particular in the various exhibitions he developed; D. Carlos I Today: places and materials,
showing a set of places where the information and materials of King D. Carlos, related to his work in the
field of oceanography, can be visited.

In order to obtain information and documentation to be able to fill in each of the proposed sections,
firstly, an internship was carried out at the Cultural Commission of the Navy, which included consulting
documentation in the following places: Navy Library, Central Historical Archive of the Navy,
Documentation Center of the Navy, Image Archive of the Navy, Museum of the Navy, Vasco da Gama
Aquarium

Still in the context of complementing the collection of information, the following places were visited:
the Library of the Faculty of Sciences of the University of Lisbon, the King D. Carlos Sea Museum, the D.
Carlos Route, the National Museum of Natural History and Science and the Oceanographic Museum of
Portinho da Arrábida.

After the defined sections and the collected material, in order to try to understand which contents could
generate greater interest on the part of the public, an exploratory analysis of the potential public for the
website was carried out using two tools: Instagram and an online questionnaire.

Finally, counseling was carried out with IT professionals, to understand how a website should be worked
and managed in order to try to reach the desired audience, with the correct metrics and through algorithms.

After all these steps, a proposal for a website is presented with the information it may contain,
responding to a perspective of presence, communication and dissemination of the oceanographic estate of
King Carlos I on the Internet in order to reach a wider audience.

Keyboards: Website; Oceanography; Science dissemination; King D. Carlos I.


5
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................9
1.1 Importância dos meios digitais na comunicação cientifica.............................................9
1.2 Enquadramento da temática........................................................................................... 11
1.2.1 Apontamentos sobre a história da oceanografia........................................................11
1.2.2 Dom Carlos I e o início das expedições oceanográficas portuguesas........................12
1.2.3 Dom Carlos I e a importância das suas descobertas..................................................13
1.2.4 Reconhecimento acadêmico e social..........................................................................14
1.3 Ideia Central do projeto de website..................................................................................16

2. METODOLOGIA …...........................................................................................................16
2.1. Etapa 1 - Planificação da Estrutura do Website…........................................................18

2.2 Etapa 2 - Recolha de material: Espólio D. Carlos.....................................................19


2.2.1 Estágio Comissão Cultural da Marinha...................................................................19
2.2.2 Demais locais………………………………………………………..........................20
2.3. Etapa 3 - Análise exploratória de públicos e conteúdo……..........................................21
2.3.1 Análise exploratória Instagram...............................................................................21
2.3.2 Questionário Google Forms.......................................................................................24
2.3.2 Aconselhamento junto de profissionais de tecnologia...............................................25

3. RESULTADO ......................................................................................................................25
3.1 Resultado 1 - Espólio D. Carlos........................................................................................25
3.1.1 Comissão Cultural da Marinha: Conhecimento do espólio oceanográfico...............25
3.1.2 Demais locais: Preservação da memória oceanografia de D. Carlos........................29
3.2. Resultado 2 - Proposta de website com os materiais coletados ....................................33
3.3. Resultado 3 - Análise exploratória de dados..................................................................42
3.2.1 Estudo experimental temporário: Instagram.............................................................42
3.2.2 Questionário de análise exploratória: Google Forms................................................47
3.4 Resultado - Alcance do website…………….....................................................................50
3.4.1 Pesquisa e análise Ubersuggest……………………………………...…………………51

4. DISCUSSÃO FINAL...........................................................................................................55

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................60

6
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.0 - Esquematização da Metodologia Aplicada..................................................................17


Figura 2.0 - Estrutura inicial de planificação do website ............................................................... 18
Figura 3.0 - Fotografia tirada na S.S.A.A do principe Real D. Carlos.......................................... 27
Figura 4.0 - D. Carlos remando sua baleeira em Cascais ................................................................27
Figura 5.0 - D. Carlos recolhendo exemplares nas zonas pantanosas do sado ...............................27
Figura 6.0 - Representação visual do mapa da rota de D. Carlos ...................................................30
Figura 7.0 - Primeiro organograma conceitual ................................................................................33
Figura 8.0 - Proposta de página de entrada do website....................................................................34
Figura 9.0 - Cronologia da secção Vida e Trajetória........................................................................34
Figura 10 - Entrada do Museu ..........................................................................................................36
Figura 11 - Gabinete de trabalho de D. Carlos (1904) ....................................................................36
Figura 12 - Primeira sala do museu oceanográfico do Palácio das Necessidades .........................36
Figura 13 - Segunda sala do museu oceanográfico do Palácio das Necessidades ..........................36
Figura 14 - Novo ângulo da 2º sala do museu oceanográfico do Palácio das Necessidades……...36
Figura 15 - Espécime de tubarão da segunda sala do museu oceanográfico………………..…….36
Figura 16 - Fotos dos marinheiros a trabalhar no Amélia I (1904) ..................................................37
Figura 17 - Mapeamento das áreas onde as investigações foram realizadas………………....……37
Figura 18 - Amélia I...……………………….………………………………………………….......37
Figura 19 - A borda do iate Amélia I………………………………...…………….…………...…. 37
Figura 20 - A borda do canhoeira Mandovi………………..…………………………………….…37
Figura 21 e 22 - Exposição oceanográfica na Escola Politécnica………….…..…………….........38
Figura 23 - Convite inauguração Aquário Vasco da Gama…………………………..…..………...38
Figura 24 - Aquário Vasco da Gama.……….…………………………………………………..38
Figura 25, 26, 27, 28 - Exposição Internacional do Porto………………………………...….…....39
Figura 29 - Professor Albert Girard na sua banca.………………………………………..…….....39
Figura 30 - Espólio em exposição…….….…..…..…..………………………………………......…39
Figura 31 - Exposição Agrícola do Porto…………………………….……………………....……...39
Figura 32 - Exposição Internacional de Milão………………………………………………....… .40
Figura 33 - Pavilhão de Portugal……………………………………………………………….…..40
Figura 34 e 35 - Cartas das sondagens (1897 - 1907)........................................................................40
Figura 36, 37 e 38 - Exposição oceanográfica da Liga Naval….………………………..………....40
Figura 39 - Amélia II………………………………………………………………………………41

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Figura 40 - D. Carlos no escafer no 2º Amélia em Cascais…………………………………….…..41
Figura 41 - Interior do Amélia II………………………………………………………………....…41
Figura 42, 43, 44, 45 e 46 - Sequência do copejar do Atum assistido por D. Carlos………….…...42
Figura 47 - Capa do perfil piloto do Instagram………………………………………………….....43
Figura 48 - Resultados globais do perfil no Instagram……………………….…………...…….… 47
Figura 49 - Análise palavra-chave …………………………………………………………...… …51
Figura 50 - Volume de buscas……………………………………………………………………... 52
Figura 51 - Ideias de palavra-chave……………………………………………………………..… 53
Figura 52 - Ideias de conteúdo…………………………………………………………………..….54

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Importância dos meios digitais na comunicação de ciência

No passado, ter acesso a bibliotecas e a arquivos, era o que bastava para que o conhecimento chegasse
a determinados grupos de interessados. Atualmente, no entanto, à velocidade a que a informação é
gerada, os resultados da investigação e os espólios histórico-científicos precisam de estar cada vez mais
acessíveis, ou seja, necessitam de “falar” com o maior número de pessoas.

A introdução de novas tecnologias de comunicação anunciou uma nova era, marcada por um aumento
na escolha dos meios de comunicação e na utilização global da tecnologia por parte dos cidadãos. Se
inicialmente eram os cientistas que mais utilizavam a internet para colaborações académicas, atualmente
a internet é um dos meios mais utilizados pelo público para obter informações sobre a ciência.

A internet, enquanto plataforma aberta e global de comunicação, apresenta-se como um meio com
grande potencial ao nível da divulgação da ciência, nomeadamente, servindo como fator catalisador da
transferência de conhecimento das comunidades científicas para as comunidades envolventes (Silva,
2004).

O papel que é parcialmente assumido, contemporaneamente, pelas redes e serviços online foi desde
cedo desempenhado pelo livro, elemento com um papel crucial como meio dinamizador da partilha do
conhecimento (Lévy, 1994). Atualmente, pode-se comparar o poder dos serviços da internet ao do livro
como agente de partilha e difusão de conhecimento.

As tecnologias de informação são também, de alguma forma, o equivalente histórico ao que foi a
eletricidade na era industrial. Assim, podemos comparar a internet com a rede elétrica e o motor elétrico,
dada a sua capacidade para distribuir o poder da informação por todos os âmbitos da atividade humana
(Manuel Castells, 2004).

Examinar diferentes géneros de comunicação permite entender como diferentes formas de


comunicação científica atingem objetivos díspares socialmente. Ao olhar para as formas de comunicação
online, verifica-se que surgiram várias novas tipologias, permitindo que cientistas e comunicadores de
ciência alcancem uma gama mais ampla de objetivos de comunicação. Elas podem incorporar
características de um artigo de pesquisa combinadas com linguagem ou recursos visuais acessíveis para
atingir um público mais amplo.

Os websites são exemplos disso. Alguns comunicam mais informações técnicas, outros discutem
eventos e há ainda plataformas que permitem a formação de cientistas. Os entusiastas da ciência podem
consultar os espaços online para aprender mais sobre assuntos científicos, o processo da ciência, verificar
alegações científicas, aprender sobre os próprios cientistas, além de permitir mais diálogo entre cientistas
e interessados em seu trabalho, e até participar das investigações científicas.

Paralelamente, Twitter, Instagram, YouTube, Facebook e outras plataformas de mídia social, são cada
vez mais utilizadas pela comunidade científica para, não só divulgar a sua investigação como também
para discutir métodos de estudos ou até desenvolver trabalho de investigação. As ferramentas online
fornecem um espaço para construir redes profissionais, permitindo que os cientistas desenvolvam novas
colaborações.

Atualmente, canais de divulgação científica no Youtube (Menegotto, 2021), juntamente com outras
redes sociais e com o desenvolvimento de websites e plataformas digitais de comunicação articulam
diversas áreas do conhecimento em torno de temas específicos relacionados com a sociedade, criam uma
nova forma de sociabilidade e constituem pontos de contacto entre indivíduos e organizações,
9
contribuindo para incrementar as conexões, conversação e inteligência coletiva.

Outro aspecto importante a considerar quando falamos em comunicação de ciência, são as adaptações
realizadas em muitos museus de ciência e história natural que procuram cada vez mais responder a uma
crescente busca de conhecimento histórico-científico através da internet adaptando os seus websites para
mostrar algumas das suas coleções a um número crescente de interessados nestas temáticas e que não se
podem deslocar fisicamente aos museus. Um desses exemplos é o website The Life of the Blue Whale
(https://www.nhm.ac.uk/bluewhale/), realizado pelo Museu de História Natural de Londres que traz uma
narrativa científica a partir de um esqueleto da baleia azul existente no Museu de História Natural,
possibilitando levar um conhecimento mais abrangente sobre o exemplar em exibição no museu. Outro
exemplo é o do website HMS Challenger Collections (https://www.hmschallenger.net/), projeto liderado
pelo Royal Albert Memorial Museum and Art Gallery (RAMM) e apoiado pelo Museu de História Natural
de Londres, que tem como objetivo apresentar a viagem do navio HMS Challenger e os espécimes que
estiveram no início dos estudos oceanográficos.

A criação de websites deste tipo aponta para uma crescente busca do conhecimento histórico-
científico, principalmente através da internet, redes sociais e produtos de comunicação voltados para a
divulgação da ciência, da tecnologia e inovação que amplificam as possibilidades de acesso à informação
científica por parte da população em geral e possibilitam a interação entre sociedade e produção científica
(Mendes, 2020).

A comunicação de ciência apresenta inúmeros desafios, entre eles, tentar encontrar a melhor forma
de chegar a públicos mais alargados, e na sociedade digital uma das formas mais utilizadas é,
naturalmente, a internet, e descartar a comunicação científica online como trivial ao trabalho intelectual
dos cientistas seria uma posição equivocada.

Assim, o presente trabalho de projeto visou o desenvolvimento de uma estratégia de divulgação de


ciência, recorrendo à internet, através da proposta de criação de um website para dar a conhecer, à
sociedade em geral, alguns aspectos do património histórico-científico das campanhas do Rei D. Carlos
I, e a sua importância para a oceanografia portuguesa.

O formato website foi selecionado por se tratar de um meio que serve como uma fonte credível para
o acesso público à investigação e conhecimento, permite apresentar informação aprofundada, pode
incorporar adicionalmente plataformas de redes sociais e pode ser dirigido a uma audiência que procura
obter mais conhecimento e informação sobre ciência. Este projeto foi pensado para a divulgação através
de um website, porque dentro de sua própria definição a palavra “Website” pode ser traduzida para
português como “lugar na internet”. E é exatamente disso que se trata a essência desta plataforma: um
lugar para apresentar conteúdo e informação disponível online. O website pretende funcionar como uma
porta de entrada para o espólio científico do rei D. Carlos I no ambiente virtual, através do qual pessoas
do mundo inteiro poderão encontrar informações sobre o espólio de uma forma rápida e prática.

Segundo Lévy Pierre (2000):

“A World Wide Web constitui uma realidade que temos que saber enfrentar e usufruir, porque o
“dilúvio” da informação”, como Roy Ascott a refere, “não diminuirá nunca mais (…) É preciso
aceitá-lo como uma nova condição. Ensinemos os nossos filhos a nadar, a flutuar e a navegar”

Diferente das redes sociais, um website apresenta algumas características que são relevantes quando
analisamos plataformas para disponibilizar conteúdos académicos, científicos ou históricos. Lévy Pierre
(2000) aponta que, a “Web, pela diversidade de formatos que integra, é hoje uma realidade muito
próxima do conceito de uni mídia”, e segundo Carvalho, Simões & Silva (2005), “difere de outros tipos
10
de registros de informação por poder ser atualizada em qualquer momento pelo seu webmaster”, desta
forma, todos os websites estão em permanente construção.

Ainda, quando abordamos temas que envolvem a preservação e acesso ao património histórico-
científico, representado pelos arquivos, bibliotecas e museus, pensamos em questões como a guarda,
preservação, organização e divulgação dos acervos documentais, com a finalidade de garantir o acesso à
informação neles contida. Com as tecnologias atuais e com o fortalecimento do uso de tecnologias na
produção digital, tornou-se possível mudar o enfoque do documento para a informação nele contida,
disseminando-a de forma extensiva num website (Gonçalez, 2013).

Com as possibilidades de acesso proporcionadas pelas TIC, as instituições custodiadas de


documentos deveriam poder disponibilizar os seus conteúdos documentais a todos os que
necessitem da informação (Gonçalez, 2013).

Diante desse cenário, o presente trabalho de projeto teve como objetivo pesquisar e analisar
documentos existentes em arquivos permanentes, espólios museológicos e bibliotecas, a fim de agrupar
informações sobre o papel do Rei D. Carlos I na oceanografia portuguesa e criar conteúdos para serem
disponibilizados num website.

1.2. Enquadramento da temática

1.2.1 Apontamentos sobre a História da Oceanografia

O interesse e relação dos humanos com o mar é muito antiga, mas a definição da Oceanografia só
surgiu quando se começou a observar o mar com um olhar mais científico.

Durante o século XIX, uma série de expedições foram realizadas por europeus e americanos com o
objetivo de documentar a formação rochosa e sedimentar do fundo oceânico, as correntes marítimas, as
mudanças de profundidade e a vida marinha.

Entre os anos de 1872 e 1876, a expedição realizada a bordo do navio da Marinha Real, HMS
Challenger, foi a primeira organizada e financiada com um propósito científico específico: examinar o
fundo do mar e responder a perguntas abrangentes sobre o ambiente oceânico. Promovida pela
Universidade de Edimburgo e pela Merchiston Castle School (Royal Society de Londres) esta expedição
foi orientada pelo cientista Charles Wyville-Thomson que compilou os dados resultantes nos 50 volumes
do Challenger Reports, abrindo a era da oceanografia descritiva e sendo ainda hoje considerada o marco
inicial da oceanografia moderna.

O HMS Challenger viajou quase 70.000 milhas náuticas pesquisando e explorando entre muitos
outros locais, as costas de Espanha, Portugal, Madeira, Cabo Verde e Açores.

O resultado da expedição foi a descoberta e o registo de mais de 4.000 espécies anteriormente


desconhecidas. As investigações realizadas pelos ingleses abriram caminho para as grandes expedições
oceanográficas (Jardim, Peres, Ré & Costa, 2013).

Mas, as expedições não fomentaram somente a ciência. Toda uma sociedade foi moldada com as
características das novas investigações e houve uma grande transformação principalmente na cultura
visual e de circulação das imagens científicas. Jacques Wild, o artista a bordo do Challenger, realizou
todas as ilustrações dos relatórios náuticos em aquarela, e essa opção seria devida à necessidade de
registar a cor das espécies recolhidas. Os desenhos aquarelados teriam que ser feitos a bordo do navio
em consequência da rápida mudança de cor pelo facto das espécies biológicas serem habitualmente
conservadas em álcool. Esse detalhe foi estudado e reproduzido noutras campanhas oceanográficas,
11
inclusivamente nas portuguesas.

Outro segmento que evoluiu foi o das coleções fotográficas que antes eram constituídas
fundamentalmente por fotografias étnicas, retratos de grupo, familiares e paisagens, mas nas campanhas
oceanográficas passaram a ter um papel relevante e muitas vezes documental, como citado abaixo.

Apesar da importância destas expedições muitas vezes pouco se sabe sobre a informação que
recolheram e o impacto que tiveram no desenvolvimento científico. Assim, dada a importância dos
oceanos, ainda mais atualmente num contexto de sustentabilidade e de preocupação com a sua
conservação, torna-se necessário e essencial ter presente a informação histórica sobre as personalidades
que estudaram os oceanos bem como aceder à informação e conhecimento que produziram, tornando-os
acessíveis a todos os interessados.

1.2.2 Dom Carlos I e o início das expedições oceanográficas portuguesas

Carlos de Bragança, filho mais velho do rei dom Luís I e da rainha Maria Pia, nasceu em Lisboa a 28
de setembro de 1863. Educado para ser rei, revelou desde muito cedo uma forte aptidão para as artes,
para o desporto e para a observação da natureza. Herda do seu pai a paixão pelo mar o que se irá refletir
na sua obra artística e científica (CCM, 2018). Foi o penúltimo rei de Portugal e:

Influenciado pelo crescente interesse pelo estudo do mar e inspirado pelo Príncipe Alberto do
Mónaco, o monarca cientista europeu que conhece ainda jovem e de quem se torna amigo e
correspondente, Dom Carlos decidiu explorar cientificamente o mar da costa portuguesa (CCM,
2018).

Entre 1889 e 1908 o jovem Rei empenhou-se também na divulgação científica como poucos na sua
época. D. Carlos fez chegar ao grande público os resultados das campanhas oceanográficas através de
publicações em português e francês e de exposições com exemplares zoológicos e instrumentos de uso
corrente em oceanografia, expostos muitas vezes pela primeira vez, nunca perdendo de vista o propósito
que definiu para si como homem de ciência: “Conhecer e dar a conhecer”.

Nos primeiros anos, D. Carlos procurou explorar as águas próximas de Cascais, Lisboa, Sesimbra e
Setúbal, que ofereciam uma vasta região a descobrir, marcada pela experiência de estuários e plataformas
e, ainda, profundos desfiladeiros submarinos muito perto da costa. Mais tarde, com a troca sucessiva de
iates, cada vez maiores e mais equipados (embora sempre mantendo o nome da rainha – Amélia)
expandiu as suas observações ao Algarve, sobretudo para estudar a pesca do atum.

Segundo Markham (1908), os seus planos eram:

Fazer um estudo metódico que ampliasse e sistematizasse os conhecimentos já obtidos em alguns


trabalhos oceanográficos realizados ao longo da costa de Portugal por Mac Andrew em 1847, pelo
Sr. Percival Wright, que dragou à procura de esponjas em 1867, pelo Porco-espinho em 1870, pelo
Challenger em 1873, pelo Príncipe do Mónaco em 1894 e pelos Comissários das Pescas de Lisboa
a bordo do Lidador em 1895.

Podemos ler ainda, o relato na primeira pessoa, sobre as expectativas e objetivos do Rei D. Carlos I
aquando das campanhas e pesquisas oceanográficas, nomeadamente na ‘Campanha Oceanográfica –
1897 – Yacht Amélia – Diário de Bordo’:

Ao começar as minhas campanhas oceanográficas, dediquei-me desde logo quase


exclusivamente ao estudo dos peixes que obtive, e fui levado principalmente a esta
especialização de estudo, por ver a grande importância das pescarias na nossa costa, e
12
acreditar que, talvez, por um estudo metódico da distribuição e das épocas de passagem das
diferentes espécies nas nossas águas, melhores resultados pudessem ser obtidos. Hoje,
depois de oito anos de observações e de estudos, estou cada vez mais convencido, que se
prestaria um grande serviço, à nossa indústria piscatória, publicando um catálogo crítico
em que, não só se encontrassem as espécies de peixes que habitam ou frequentam os nossos
mares, como também se indicassem com precisão o seu habitat, as épocas de reprodução,
as de passagem e os processos de pesca que a experiência aconselhasse preferíveis.

Mas, também entendia que ainda havia muito a ser feito, principalmente no campo dos assuntos
relacionados à importância da pesca, atividade essa que ocupava a economia do país, e nesta demanda
os seus resultados derivaram de um estudo metódico da distribuição de diferentes tipos de peixes na costa
portuguesa, os períodos de chegada e os seus hábitos.

Segundo Faria, Pereira & Chagas (2010):

O Rei D. Carlos dedicou-se ao estudo do mar, tendo-se preocupado em acumular dados de


uma forma sistemática. Durante os 12 anos de campanhas oceanográficas realizadas ao
longo da costa Portuguesa, o Rei coligiu um rico inventário da fauna costeira Portuguesa.
D. Carlos fez também numerosas observações pessoais, acerca da distribuição geográfica,
do comportamento, e do valor económico das espécies capturadas, assim como dos
métodos utilizados na sua captura. Além disso, realizou também inúmeros desenhos e
aquarelas que ilustram os espécimes biológicos e os fenómenos naturais.

1.2.3 Dom Carlos I e a importância das suas descobertas

Segundo Rui Ramos (2007), D. Carlos publicou ou patrocinou diversas publicações de estudos de
ciências naturais em Portugal. Foi o caso, entre 1897 e 1904, de uma série de opúsculos e brochuras, em
português e francês, contendo os resultados das suas investigações como naturalista sobretudo sobre os
animais marinhos nas costas portuguesas.

Ainda, segundo Luiz Saldanha (2006):

O Rei deixou numerosas notas manuscritas sobre outros grupos de peixes que certamente
tencionava publicar no mesmo formato. Para ele, a produção de catálogos dos vários grupos
de peixes era um objetivo a atingir, não apenas pelos seus méritos científicos, mas também
pelo interesse que tinha para as pescas.

Dois volumes em destaque são sobre os estudos da pesca do atum no Algarve e esqualos (tubarões)
obtidos nas costas de Portugal. O primeiro deles, de 1899, Pesca Marítimas, Lisboa: Imprensa Nacional.
Ichthyologia. I – A pesca do atum no Algarve em 1898, aborda o resultado de várias expedições à costa
do Algarve, nos meses de maio e junho, a bordo do iate Amélia, para observar as almadravas. Inclui
mapas, estatísticas e citações de zoólogos (Ramos, 2007).

O segundo volume, de 1904, Pesca Marítimas. Lisboa: Imprensa Nacional. Ichthyologia. II -


Esqualos obtidos nas costas de Portugal durante as campanhas de 1896 a 1903, tratava de ictiologia,
descrevendo os esqualos (tubarões) recolhidos nas costas de Portugal durante as campanhas de 1896 a
1903. Foram publicados 600 exemplares e foi impresso e distribuído por ordem do rei aos participantes
no Congresso Marítimo Internacional, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, em maio de 1904.

Nos vários trabalhos de investigação que desenvolveu, interessa destacar que o rei teve a ajuda de
Alberto Girard, e segundo Rui Ramos (2007), “foi ele quem entregou pessoalmente, por ordem de D.
Carlos, um exemplar dos Resultados das Investigações Científicas, de 1899, a Brito Aranha, que deu
13
notícias das publicações de D. Carlos no volume XVII do Dicionário Bibliográfico Português, de 1906”.
Brito Aranha sublinhou que D. Carlos fez as suas explorações “não só com o intuito científico, mas com
o propósito de auxiliar as indústrias de pesca, indo na profundidade do Oceano descobrir novas espécies
e por conseguintes novos e importantes elementos para o progresso dessas indústrias”.

As atividades oceanográficas do Rei D. Carlos permitiram também grandes oportunidades de


divulgação das campanhas oceanográficas portuguesas através da participação em exposições nacionais
e internacionais, fomentando não só o interesse pelo mar, mas também pela economia piscatória e a
ciência nacional.

Tiveram enorme relevância as numerosas exposições que foram realizadas no país nas cidades de
Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e Lisboa. D. Carlos expôs as suas coleções de fauna marinha na Escola
Politécnica de Lisboa em 1897, no Aquário Vasco da Gama de Lisboa em 1898, nas Exposições
Agrícolas do Palácio de Cristal do Porto em 1902 e em 1903, e durante o 3.º Congresso da Associação
Internacional de Marinha na Sala Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa em 1904 (Markham,
1908).

No entanto, e como mencionado, não somente em Portugal as suas coleções seriam exibidas. A nível
internacional D. Carlos participaria com vários exemplares de história natural e oceanografia nas
seguintes exposições: Exposição Universal de Paris de 1900 e Exposição Internacional de Milão em
1906, onde recebeu prémios em quatro secções.

Além da participação em exposições, D. Carlos I, teve outros destaques a nível internacional tendo
sido eleito sócio honorário de várias sociedades naturalistas europeias, como a Zoological Society of
London, em 19 de novembro de 1903, e sócio correspondente do Musée d’Histoire Naturelle de Paris,
a 30 de novembro de 1905.

1.2.4 Reconhecimento académico e social

Embora todos as campanhas oceanográficas realizadas e os estudos registados em Portugal pelo


monarca sejam marcantes, foram as metodologias aplicadas na análise dos resultados que se tornaram
decisivas para a consolidação da excelência dos seus trabalhos e o reconhecimento e prestígio que a
oceanografia Portuguesa possuiu no cenário nacional e internacional.

D. Carlos nunca considerou os seus trabalhos oceanográficos como mero passatempo privado, no
entanto não possuía, no campo académico, formação superior e formação na área científica. Como tal, a
princípio não possuía formação para dar legitimidade às suas pesquisas, e por conta disso viu muito do
seu trabalho ser criticado na esfera científica que considerava que as investigações não passavam de
atividades recreativas da monarquia.

A esse respeito, D. Carlos nunca negou as facilidades que a sua posição proporcionava, e que
beneficiou da rigorosa educação que a monarquia lhe proporcionou ao longo de anos, além da
oportunidade que teve de se aproximar, ainda jovem, de célebres naturalistas como José Vicente Barbosa
du Bocage, que aliás seria também seu ministro entre 1890 e 1891.

No entanto, o monarca, nas suas investigações, procurou ser mais do que um patrono ou simples
curioso das artes e ciências. Através dos seus trabalhos, passou a ser aceite como um profissional,
colocando em discussão a tradição da formação profissional científica, tendo-se mantido criterioso na
metodologia científica aplicada: ter uma ideia, procurar leituras que possibilitavam obter mais
informação sobre o tema, levantamento de hipóteses e problemas, troca de informações com pescadores
(experiência) e pares (e.g., naturalistas Albert Girard e Príncipe Alberto do Mónaco) e apresentação dos

14
resultados como fez nos boletins oceanográficos, nas publicações científicas e nas divulgações públicas.

Além da relevância prática dos seus trabalhos, como ocorreu ao estudar a pesca do atum no Algarve,
as suas publicações incluíam ainda a sistemática das diferentes espécies, habitats de alimentação,
maturação sexual, ovos de plâncton, migrações, abundâncias e conclusões sobre a influência de
parâmetros oceanográficos na biologia do atum (Bragança, 1899), o que ajudou na conservação das
espécies e principalmente em manter uma atividade piscatória no local, informação essa que é utilizada
até hoje.

D. Carlos I estava principalmente interessado nas pescas, não só pelo seu interesse científico, mas
também porque o estudo da biologia podia levar a uma exploração mais racional dos recursos. Ele
encontrava-se numa posição favorável para o fazer uma vez que tinha Albert Girard como perito da
Comissão das Pescas, e voltava-se à população, carente de conhecimento especializado, através da
divulgação científica em exposições, e no círculo acadêmico especializado publicava seus estudos.

Ainda no campo da ciência, D. Carlos acreditava, fundamentalmente, que fazer ciência era um
empreendimento coletivo. Isso verificou-se através do trabalho em equipe com o oceanógrafo Príncipe
Alberto I do Mónaco, com quem teve uma grande parceria e de quem sofreu influência, por diversas
vezes, sobre as decisões que tomaria na exploração oceanográfica da costa portuguesa. Os dois monarcas
trocaram entre si importante correspondência científica (Carpine-Lancre, Saldanha, 1992), tendo essa
colaboração permitido confrontar os seus resultados e esclarecer muitas questões relacionadas com as
técnicas, sobretudo de recolha de espécimes biológicos (Jardim, Peres, Ré & Costa, 2013)

E o reconhecimento não tardou em chegar. Logo a seguir às suas primeiras exposições internacionais,
D. Carlos foi reconhecido e homenageado, por toda a sua obra, como podemos ver nos títulos e prémios
que lhe foram atribuídos:

● 1900: Espanha - Diploma de Sócio protetor, pela Sociedade Espanhola de História;

● 1901: França - Presidente de Honra da Sociedade de Oceanografia do Golfo da Gasconha;

● 1903: Inglaterra - Sócio honorário de várias sociedades naturalistas europeias, como a


Zoological Society of London;

● 1903: Portugal - Prémio de Honra, para o conjunto de coleção exposta na Exposição do Porto
1903/1904;

● 1905: França - Sócio correspondente e Homem da Ciência no Muséum d'Histoire Naturelle de


Paris;

● 1905: França - Sócio Honorário pela Sociedade Zoológica da França.

● 1905: Homenagem - em seu nome, uma sala foi batizada de Charles I, na Sociedade de
Oceanografia do Golfo;

● 1905: Inglaterra - Sócio honorário da Sociedade Zoológica de Londres;

● 1905: Áustria - Sócio honorário da Sociedade Imperial e Real de Geografia de Viena da


Áustria;

● 1909: França - Presidente Honorário, Sociedade de Oceanografia do Golfo da Gasconha;

● 1996: Itália - Recebeu o quarto Grands-Prix na Exposição Internacional de Milão (máximo


15
possível). Medalha de Ouro na História da Ciência, só mais três Países foram distinguidos;

● Homenagem - o seu nome foi atribuído a uma sala no Museu Oceanográfico do Mónaco, pelo
Príncipe Alberto I do Mónaco.

Os trabalhos científicos de D. Carlos, ainda num sentido patriótico, apresentaram a pesca a Portugal
como parte da ocupação nacional, além do sentido de preservação do meio ambiente, pondo o rei a
contribuir, como cidadão benemérito, para o conhecimento do mar e aproveitamento dos seus recursos
naturais.

1.3 Ideia central do trabalho de projeto

Quando foi iniciado este projeto de construção de um website dedicado ao percurso científico do Rei
D. Carlos I, constatou-se que a história deste monarca continha uma natureza plural e multidisciplinar
dentro da oceanografia e essa multiplicidade criou a necessidade de desenhar uma linha temporal, cujo
cronograma acrescenta narrativas que explicam de que forma o monarca se tornou no primeiro
oceanógrafo português.

O presente trabalho de projeto do Mestrado em Cultura Científica e Divulgação das Ciências,


pretende assim responder às necessidades de presença, comunicação e divulgação do espólio histórico-
científico do Rei D. Carlos I associado ao trabalho que desenvolveu na área da oceanografia, procurando
propor e configurar uma proposta de como mostrar este espólio na internet, através da construção de um
website.

2. METODOLOGIA

O conteúdo de um website sobre D. Carlos, pode vir a abranger uma ampla gama de possibilidades,
por esse motivo, numa etapa inicial foi necessário pensar, de forma objetiva, numa estrutura básica para
o website, para posteriormente ser possível conseguir definir, com mais exatidão, quais os espaços a
serem visitados, a fim de coletar informações para organizar cada secção da estrutura.

Assim, e com base numa revisão literária inicial, através da análise de bibliografia e artigos
produzidos sobre as Campanhas Oceanográficas de D. Carlos, que trouxeram uma ótica muito
interessante do que pode ser feito em termos de divulgação do papel do Rei D. Carlos na oceanografia
em Portugal, foram pensadas as possíveis secções para o website:

● Antes das expedições oceanográficas:

1. Vida e trajetória

2. Educação Real

i. Grandes encontros

ii. Viagem de instrução

iii. Museu Real

● Depois das expedições oceanográficas

3. Trabalho Científico

i. Origem da Oceanografia Mundial

ii. Origem da Oceanografia Portuguesa

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4. Divulgação de Ciência

i. Publicações

ii. Exposições Universais

iii. Honras e Diplomas

iv. Participação da Sociedade

5. D. Carlos I Hoje: locais e materiais

A intenção destes tópicos foram a de definir uma orientação na procura de informação, documentos
e imagens para enriquecer cada uma das seções propostas para o website. Numa segunda fase a
reconstituição do espólio científico do Rei D. Carlos através da pesquisa bibliográfica e documental, foi
feita através da visita a vários espaços da Comissão Cultural da Marinha, museus, arquivos e espólios
existentes.

Numa terceira etapa, e como preparação para a estruturação do website, procurou-se analisar, de
forma exploratória, qual o alcance que poderia vir a ter a divulgação da vida e trajetória científica do Rei
D. Carlos, recorrendo a uma rede social que aposta essencialmente em conteúdos visuais: o Instagram.
Foi ainda elaborado um questionário exploratório no Google forms para analisar o interesse pelo tema e
se as secções propostas para o website seriam as mais adequadas.

Procedeu-se ainda a uma consulta junto de profissionais na área de desenvolvimento de websites


com o intuito de propor um modelo que melhor possa servir o fim que se pretende na divulgação do
espólio histórico-científico do Rei D. Carlos I.

Desta forma, a metodologia foi pensada em três etapas que se encontram esquematizadas na figura
1:

Figura 1. Esquematização da metodologia aplicada.

2.1 ETAPA 1 - Planificação da Estrutura do Website

A estrutura do website é a forma como o conteúdo (páginas e posts) serão agrupados. Às vezes, ela é
chamada de arquitetura do website e refere-se à forma como o conteúdo se conecta e é apresentado aos
utilizadores e também aos mecanismos de pesquisa. É o esqueleto do website.

Uma boa estrutura de website torna mais fácil que os utilizadores naveguem entre as páginas e que
os mecanismos de pesquisa rastreiem o conteúdo e entendam rapidamente sobre o assunto que o website
está a tratar.

17
Para a planificação da estrutura do website de D. Carlos foi necessário pensar como as páginas do
website se iriam relacionar entre si, quais as ramificações existentes a partir da página inicial e como
seriam agrupados os seus textos e as informações mais relevantes.

Planear uma estrutura de website inclui considerar principalmente os menus de navegação e


categorização de uma forma organizada. Uma vez que o objetivo principal do website sobre o Rei D.
Carlos é o de colocar as informações ao alcance de um público alargado, isso significa que os utilizadores
devem estar no centro do que podemos planificar quando analisamos a estrutura do website. Neste
aspecto foi pensado dividir o website em cinco áreas principais, aqui denominadas como secções.

Figura 2. Estrutura inicial de planificação do website

A intenção destes tópicos é a de orientar o público relativamente à trajetória de vida de D. Carlos de


Bragança, procurando mostrar os fatores que o levaram, no meio dos seus afazeres de Chefe de Estado, a
procurar, num terreno aparentemente tão afastado das suas preocupações fundamentais, a investir nas
ciências e especialmente na Oceanografia.

Desta forma, no primeiro tópico Vida e Trajetória procurou-se informação que permitisse indicar os
fatores que conduziram o Rei D. Carlos I a interessar-se pelas Ciências Naturais. Segundo Mário Ruivo
(1957), existem três elementos base, para suportar, potencialmente, a personalidade deste naturalista:
formação educacional primorosa da família Bragança, a proximidade física com ao mar em Cascais e seus
encontros com grandes personalidades naturalistas da época: J.V. Barbosa du Bocage, Francisco Manuel
de Mello Breyner, Albert Girard e o Príncipe Alberto de Mónaco.

Para completar a secção Trabalhos Científicos procurou-se compilar informações sobre os vários
trabalhos científicos elaborados pelo Rei D. Carlos.

Empenhado na divulgação científica como poucos na sua época, D. Carlos fez chegar ao grande público
os resultados das campanhas oceanográficas através de publicações em português e exposições com
exemplares zoológicos e instrumentos de uso corrente em oceanografia, expostos, muitas vezes, pela
primeira vez. Assim, na secção Divulgação em Ciências, pretende-se encontrar informações que permitam
ilustrar esta componente à qual D. Carlos I deu tanta importância.

Na secção D. Carlos I Hoje: locais e materiais a ideia foi identificar e mostrar alguns dos locais em
Portugal onde se pode atualmente encontrar espólio sobre a ligação do Rei D. Carlos à oceanografia.

2.2 ETAPA 2 - Recolha de material e informação sobre o espólio do Rei D. Carlos I

2.2.1 Estágio na Comissão Cultural da Marinha

Uma das componentes mais importantes para o desenvolvimento deste projeto, foi a oportunidade de
fazer um estágio na Comissão Cultural da Marinha Portuguesa, uma, vez que seria de esperar encontrar
muito espólio nos vários arquivos, bibliotecas e museus da Marinha Portuguesa, pois a Família Real da
Casa de Bragança sempre esteve relacionada com a atividade marítima
18
Na realidade, D. Luís, pai de D. Carlos desde jovem seguiu a carreira naval, tendo sido nomeado
praça da Companhia dos Guardas Marinhas tendo sido reconhecido em cerimónia no Arsenal da Marinha
em 28 de outubro de 1846, contando apenas com 8 anos de idade (Saldanha, 1980).

D. Carlos, à semelhança do pai, foi um protetor da Marinha e da memória a ela associada. A fundação
de associações como o Clube Militar Naval ou a Liga Naval Portuguesa, tiveram o seu patrocínio. Mas,
mais ainda do que seu pai, com resultados muito marcantes, D. Carlos impulsionou fortemente a
investigação marinha, participando pessoalmente, e ativamente, nas prospecções do litoral português.

Segundo Luiz Saldanha (1980, 1996) e Carpine-Lancre e Saldanha (1992), D. Carlos usou,
sucessivamente, quatro iates, todos eles com o nome Amélia, entre 1896 e 1907. Os quatro Amélia eram
iates de recreio adaptados à investigação oceanográfica, suficientemente grandes para navegarem ao
longo da costa portuguesa e todos contaram com o apoio da Marinha Portuguesa na adaptação das
atividades oceanográficas.

Atualmente, no Museu da Marinha, na secção das camarinhas reais, ainda é possível realizar uma
visita a estas estruturas utilizadas pelo rei D. Carlos e pela rainha D. Amélia, preservadas após o
desmantelamento do último iate Amélia em 1938. É possível, igualmente, ver o primeiro bote que D.
Carlos utilizou em criança quando iniciou o seu interesse pelo mar.

Outra situação na qual a Marinha Portuguesa e D. Carlos se encontram, é que após a morte do Rei D.
Carlos I, o seu filho D. Manuel coordenou a transferência de todo o seu espólio para a Liga Naval
Portuguesa, tendo este ficado exposto, a partir de então, numa secção do Museu da Marinha.

Em 1929, ocorre a extinção da Liga Naval e todo o acervo do Rei D. Carlos passou para o Museu
Condes de Castro Guimarães em Cascais, tendo posteriormente sido doado, em 1935, por escritura
pública notarial, ao Aquário Vasco da Gama, membro da Comissão Cultural da Marinha, incluindo
também, em 1943, a doação da Biblioteca Científica de D. Carlos, uma verdadeira preciosidade
bibliográfica, hoje considerado o seu espólio de maior valor.

Desta forma, todo o seu espólio e contributo valiosíssimo para a ciência e pioneirismo oceanográfico,
continuam patentes do Aquário Vasco da Gama. O Museu do Aquário Vasco da Gama foi enriquecido
com o legado do Rei, ou seja, com toda a sua colecção oceanográfica, bibliografia, documentação diversa
incluindo trabalhos escritos sobre cartografia, hidrografia e ornitologia, apontamentos, notas pessoais,
inventariação das espécies marinhas portuguesas, preparações microscópicas e instrumentação utilizada.

Assim, com o intuito de estudar esse material de perto, foi efetuado junto da Comissão Cultural de
Marinha um estágio de 2 meses, de 14 de setembro a 19 de novembro de 2020, a fim de conhecer
presencialmente o espólio do Rei D. Carlos e selecionar materiais importantes para o tema do trabalho e
assim poder fazer uma análise e crítica detalhada do que seria relevante para a divulgação pública através
de um website.

O estágio de investigação na Comissão Cultural da Marinha, decorreu em 6 espaços distintos:


Biblioteca da Marinha, Arquivo Histórico Central da Marinha, Centro de Documentação da Marinha,
Arquivo de Imagem da Marinha, Museu da Marinha e Aquário Vasco da Gama. O material de análise
selecionado encontra-se listado nos capítulos seguintes.

2.2.2 Demais locais

No âmbito da investigação, identificação e recolha de material para o website, foram ainda visitados
outros cinco locais onde potencialmente se poderia encontrar informação sobre o papel do Rei D. Carlos
na oceanografia portuguesa, o que poderia vir a contribuir para a divulgação científica através do website
19
a desenhar. Foram assim visitados locais de potencial interesse em Cascais, Setúbal e Lisboa.

a. Museu do Mar Rei D. Carlos

O Museu do Mar Rei D. Carlos, que alberga várias exposições e desenvolve inúmeras
atividades, desempenha um papel de preservação da memória da história de D. Carlos e da sua
atividade ligada à Oceanografia em Cascais. É constituído por variadas coleções que têm como
denominador comum o mar, como é o caso da coleção de História Natural, da coleção de
Etnografia Marítima, e da coleção de Arqueologia Subaquática e da coleção de Marinharia e
Navegação (DGPC, 2016).

O principal objetivo do Museu é a preservação da memória da história de Cascais e da vida da


sua comunidade, todos relacionados com a temática do mar. Neste contexto, o Museu possui
uma exposição permanente, inaugurada em Julho de 2009, dedicada exclusivamente ao tema
D. Carlos e a Ciência Oceanográfica. D. Carlos fez parte deste cenário tanto na vida social e
política, como nas suas investigações oceanográficas, havendo, assim, uma secção no Museu
dedicada às suas Campanhas Oceanográficas. A exposição contou com a colaboração de várias
instituições nacionais e estrangeiras, como o Aquário Vasco da Gama, o Museu da Marinha, o
Natural History Museum of London, o Musée Océanographique de Monaco, o Musée National
de la Marine em França, entre outras, através do depósito de longa duração de espécimes
pertencentes à antiga coleção do rei, ou através de cedência de imagens de arquivo que
permitindo reconstruir os principais momentos da ação do monarca e da sua equipa a bordo
dos iates "Amélia".

b. Rota de D. Carlos

Com o intuito de procurar mais elementos para retratar a memória do Rei D. Carlos, também
foi investigada a Rota de D. Carlos: Um Rei em Cascais, uma iniciativa desenvolvida pela
Câmara Municipal de Cascais que tem como objetivo explorar locais emblemáticos que
fizeram parte da história do monarca que marcou o final do século XIX e o início do século
XX português.

c. Museu Oceanográfico do Portinho da Arrábida

O Museu está instalado no forte de Santa Maria, no Parque Natural da Arrábida, em Setúbal.
Em Setúbal, D. Carlos estabeleceu um contato muito próximo com os pescadores e o mar para
o desenvolvimento dos seus estudos marinhos.

No museu foi realizada uma visita à exposição “Arrábida: um laboratório natural para o estudo
do oceano”, que propõe uma viagem pela história da oceanografia em Portugal. Nela destacam-
se feitos e personalidades, que, combinados com uma seleção de 121 objetos e espécies com
história, memória e identidade, marcam épocas e testemunham a evolução das ciências do mar.

d. Museu Nacional de História Natural e da Ciência

No Museu Nacional de História Natural e da Ciência foi visitada a exposição Illustrare que
exibe um vasto acervo de ilustrações científicas de história natural portuguesa dos últimos seis
séculos bem como diversos espécimes naturalizados e modelos do próprio Museu, do Aquário
Vasco da Gama, do Museu Nacional de Arqueologia e da Fundação da Casa de Bragança.

Nesta exposição, duas secções em particular estão dedicadas aos trabalhos ilustrativos em
20
aquarelas de D. Carlos I (aves e oceanografia), e trazem a importância das ilustrações como
registo na construção do conhecimento científico.

Especificamente esta exposição revela como dentro do espólio oceanográfico de D. Carlos


podem ser abordados diversos temas de relevância científica, neste caso a ilustração e a
fotografia.

e. Biblioteca da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Na Biblioteca da Faculdade de Ciências, foi consultada a bibliografia dos Professores Luiz


Saldanha e Mário Ruivo que inclui 133 trabalhos publicados entre 1959 e 2001. Alguns desses
trabalhos tiveram como base os estudos oceanográficos de D. Carlos I.

Após a visita aos vários espaços museológicos, arquivos e bibliotecas foi possível compreender que
existem informações suficientes para permitir preencher todas as secções estruturadas, servindo como
ponto de partida para a exploração da divulgação da oceanografia portuguesa através de um website. O
website começou assim a ser pensado como forma de divulgar o passado, mas manter sistematicamente
informações sobre as atividades que são realizadas atualmente e que podem vir a ser desenvolvidas no
futuro.

2.3 ETAPA 3 - Análise exploratória de públicos e de possíveis temas a serem incluídos no website

2.3.1 Análise exploratória de público e conteúdos potenciais através da rede social Instagram

Com o intuito de tentar perceber que conteúdos poderiam gerar maior interesse por parte do público
e quem poderia ser o público potencialmente interessado em consultar um website dedicado ao Rei D.
Carlos e ao seu espólio e história na área da oceanografia, procedeu-se à criação de um perfil piloto,
experimental e temporário, na rede social Instagram, que consiste num aplicativo gratuito, online, de
compartilhamento de fotos e vídeos entre utilizadores. O perfil criado intitulou-se “Rei D. Carlos I: O
primeiro cientista oceanográfico de Portugal”.

Diferente de um website e dentro das limitações de interação com um utilizador virtual, que nesta
plataforma é denominado “seguidor”, o perfil de Instagram foi criado de modo a permitir averiguar se
os conteúdos a criar seriam aceites, quais seriam mais explorados, comentados ou preferidos.

Porém, convém realçar que o perfil de Instagram foi criado somente para auxiliar o desenvolvimento
do website numa perspetiva mais qualitativa, pois disponibiliza análise de dados e comentários em
publicações e informações em tempo real. Com este aplicativo na versão comercial, podem-se promover
publicações e direcioná-las a públicos específicos, analisá-los publicação a publicação, região a região,
tema por tema, permitindo alcançar utilizadores online e perceber a melhor forma de comunicar as ações
pretendidas.

O Instagram comercial ou Instagram para Empresas e Projetos também conta com métricas
diferenciadas, chamadas de Insights. Elas permitem acompanhar o desempenho do perfil de um projeto,
e com isso estamos falando de:

● Impressões: monitoriza o total de visualizações das publicações;

● Alcance: monitoriza o número de utilizadores (contas únicas) que visualizaram as publicações;

● Visualizações de perfil: monitoriza o total de visualizações do projeto;

● Cliques no site: monitoriza a quantidade de utilizadores que foram redirecionados ao perfil


21
depois de uma publicação;

● Seguidores: monitoriza diversos aspectos do perfil dos seguidores, inclusive o horário em que
são mais ativos, o género e as faixas etárias;

● Principais publicações: monitoriza as publicações para determinar quais tiveram mais


visualizações apresentando assim um maior interesse do público;

● Anúncios: onde podemos escolher um post com melhor performance, inclui um CTA (Call to
Action) e, assim, obtém o máximo de conversões, isto é direcionar seu público para o um futuro
Website. Neste quesito, podemos definir pessoalmente quem visualizará o anúncio ou, se
preferir, o próprio Instagram fará isso e podemos definir o período para que esse conteúdo seja
promovido.

O Instagram para Empresas e Projetos é gratuito. Porém, só pode usar esta função quem já possua
uma página corporativa no Facebook ou utilizadores que possuam mais de 1000 seguidores ativos no
aplicativo. Além disso, o novo perfil no Instagram precisa ter, de início, no mínimo, 100 seguidores para
todas as funções serem habilitadas.

Com essas informações e com uma conta pessoal de 2.000 seguidores que a autora mantinha na
ocasião, o Instagram disponibilizava acesso ao perfil empresarial. Assim, foi pensado criar um perfil
Oceanográfico de D. Carlos para testar que secções do projeto de website eram viáveis e aceites num
contexto virtual.

Nesta altura, com os objetivos já traçados surgiu uma outra dúvida: Quantos seguidores se deveriam
obter para fazer a análise exploratória?

Pelo perfil pessoal da autora, poderiam ser angariados pelo menos 100 seguidores para a conta piloto
de D. Carlos I, podendo-se assim realizar uma análise qualitativa para ajudar a definir um possível perfil
de utilizador. Desta forma, foi necessário saber mais sobre as amostragens em pesquisas, como elas se
compõem, e de que forma se poderia gerar um número base para o Instagram para aplicar as análises de
dados. Com isso chegou-se às amostragens não probabilísticas, isto é, as amostras (neste caso os
seguidores) foram selecionadas sem a obrigação de qualquer equilíbrio com o universo total pesquisado,
trabalhando com os sujeitos disponíveis (neste caso a rede social).

A partir daí, foi calculado o número de seguidores que se deveria ter para obter uma boa informação
e ao mesmo tempo, um período para o fim do projeto piloto, já que este era temporário, uma vez que a
intenção não era manter o perfil Oceanográfico de D. Carlos ativo, mas sim obter dados para análise
qualitativa de utilizador online. Pelo indicado do website SOLVIS (Solvis, 2021), uma empresa de
pesquisa que disponibiliza a métrica Net Promoter Score para identificar e mensurar o grau de fidelidade
dos consumidores à empresa, traz que a amostragem não probabilística pode ser feita de uma forma
automática, sendo necessário inserir o número de interessados no assunto, a precisão com que se deseja
trabalhar e a margem de erro existente nesse modelo de pesquisas. Para este cálculo foram sugeridas
duas formas: procurar o número de visitantes de museus, jardins zoológicos, jardins botânicos e aquários
em Portugal, porque são pessoas com potencial interesse no tema a ser tratado. Pode-se ainda ampliar
esse número a todos os respondentes que possuem acesso à internet em banda larga fixa. Partindo desse
princípio, os números de visitantes a museus e de pessoas que possuem banda larga fixa, esses dados
foram recolhidos através do website do INE (Instituto Nacional de Estatística - www.ine.pt). Assim
obtivemos:

● Número de visitantes de museus, jardins zoológicos, jardins botânicos e aquários em Portugal

22
que totalizam: 13 495 x 90% de precisão x Margem de erro 5%. Total de 13 seguidores

● Número de acesso à internet em banda larga local fixo que totalizam 3 966 757 x 90% de
precisão x Margem de erro 5%. Total de 273 seguidores.

Com esses dados em mãos, o perfil deveria manter 286 seguidores para aplicar as promoções de
alcance, pesquisa e análise de dados, porém, considerando que 100 seguidores vieram da conta pessoal
da autora, não inferindo ao legítimo usuário, foi calculado que deveriam ser 286 + 100, totalizando: 387
seguidores que foi aproximado para 400.

Outra questão que foi colocada, foi o desenho do perfil de uma forma que se pudessem realizar ações
que medissem a trajetória futura do website, pois era necessário também perceber quais os temas mais
relevantes para serem abordados e que gerariam interesse dinâmico e quais não tocariam o utilizador.

Assim, as publicações foram pensadas de acordo com as cinco secções propostas, ou seja:

1. Vida e trajetória: contar curiosidades de D. Carlos I e mostrar como ele despertou o interesse
pela ciência desde muito jovem, envolvendo história, monarquia, paixão pelo mar e vida
familiar;

2. Educação Real: levar a conhecimento público que a educação real nas três últimas gerações,
foram baseadas nas melhores instruções europeias e os príncipes tinham muito interesse pelas
ciências naturais e artes, o que os levou inclusive a ter os seus próprios espólios zoológicos;

3. Trabalho Científico: apresentar de uma forma lúdica os métodos de investigação científica


utilizados pelo Rei D. Carlos e apresentar as descobertas na fauna marinha realizadas na costa
portuguesa, bem como os métodos utilizados;

4. Divulgação de Ciência: trazer a conhecimento público livros e publicações de D. Carlos I, que


demostravam o seu trabalho e o reconhecimento internacional;

5. Locais e materiais: apresentar o espólio científico existente em vários locais visitados;

6. Foi ainda criada uma outra secção intitulada “Curiosidade e engajamento do usuário” com a
ideia de envolver os utilizadores e expandir o conhecimento.

Todos os itens relacionados com as secções Vida e Trajetória, Educação Real, Trabalho Científico,
Divulgação de Ciências e Locais e materiais foram creditados com fonte de origem, fossem eles espaços
museológicos ou arquivísticos. No entanto, o item Curiosidade e o Engajamento do usuário, eram um
post, uma conversa mais informal, levantando curiosidades, solicitando participação e averiguando a real
compreensão do público sobre o assunto. Estes posts, como não tinham créditos de fontes, geravam assim
mais liberdade de expressão, participação e crítica ao perfil, o que também era uma forma mais engajada
de perceber a participação ativa dos seguidores. Neste tópico, transcrevem-se mais à frente alguns dos
comentários que surgiram.

Com tudo isso, dia 05/12/2020, foi criado o perfil piloto no Instagram denominado Rei D. Carlos, e
anunciado no perfil pessoal da autora, obtendo-se a conversão de 60 seguidores, isto é, quando o
utilizador se conecta com algum conteúdo ou mensagem que se está a passar. Ou seja, é uma forma
efetiva de criar relacionamento, o que facilita transformar seguidores em utilizadores verdadeiramente
interessados no conteúdo, os demais resultados estão apresentados no item resultados.

2.3.2 Análise exploratória de público potencial para o website através de questionário online

23
Ainda no campo de uma análise exploratória e buscando perceber qual seria o potencial utilizador do
website e a aplicabilidade das informações, uma segunda ferramenta foi utilizada para averiguar qual
seria a tipologia de utilizadores dispostos a interagir com um website desta natureza.

Para esta segunda análise exploratória foi desenvolvido um questionário online recorrendo ao Google
Forms, que potencializou a recolha de dados deste estudo.

Para captar participantes para responderem ao questionário foram feitos contatos através do
WhatsApp e foi difundido o questionário através do Facebook. O questionário esteve ativo durante uma
semana e durante esse período foram recolhidas 207 respostas.

Pretendeu-se elaborar um questionário curto e claro, de modo a obter taxas de respostas mais altas.

Assim, foi elaborado, um questionário que pudesse trazer dados mais concretos em cinco campos:

● Definição demográfica do utilizador;

● Compreensão do uso da internet;

● Compreensão da busca de informações na internet;

● Compreensão da busca de informações sobre história e ciências;

● Interesse no tema D. Carlos I.

Os dados sócio-demográficos permitiram obter informações gerais sobre o grupo de pessoas que
responderam ao questionário. Esses dados incluíram atributos como idade, género, nacionalidade, local
de residência e nível de escolaridade.

Outro ponto relevante, é que há mais de 20 anos que a internet passou a ser comercializada no mundo,
e mesmo assim, depois de tantos anos apenas 65% da população possui acesso a ela. A internet possui
um conjunto de utilizadores muito grande, pois proporciona a oportunidade de fazer inúmeras tarefas e
encontrar qualquer conteúdo. Mas de que forma é que os utilizadores acedem à internet? Através de
computador ou de telemóvel? E que tipo de conteúdos procuram? Entretenimento, informação, notícias?
Saber de que forma o público interage com a internet ajuda a melhor desenhar um website que pretende
divulgar conteúdo histórico-científico. Assim, foram desenvolvidas 6 perguntas, para obter informações
e conhecer quais os hábitos mais comuns dos utilizadores na internet.

O questionário foi divulgado em grupos diversos, entre eles alunos de Mestrado da Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa, jovens do Colégio S. Tomás, jovens do Colégio Moderno, grupos
da comunidade Comunhão e Libertação, voluntários do projeto Cartas com Ciência, além de
profissionais do Instituto Italiano em Lisboa.

2.3.3 Aconselhamento junto de profissionais de informática

Um projeto científico criado e gerido por uma determinada instituição, que deseje deter o controle do
seu website de modo a tentar chegar ao público desejado, necessita de ter acesso às métricas corretas
através de algoritmos.

Assim, na construção de um website para oferecer um conteúdo de divulgação e informação de


ciência seguro, com o objetivo de alcançar o público desejado, é preciso trabalhar no controle do material
que será exposto e uma das formas de o fazer é através do tráfego orgânico em PageRank no Google,
24
que possibilita um conjunto de técnicas que visam posicionar uma página nos primeiros resultados de
mecanismos de busca online, através das principais ações que fazem parte de uma estratégia de SEO
(Search Engine Optimization).

Desta forma, procurou-se o âmbito deste projeto compreender junto de profissionais na área da
informática e tecnologia, o que poderiam sugerir para a reorganização do material recolhido
relativamente às investigações oceanográficas do Rei D. Carlos, de forma se pode ocupar um website
com informações robustas e quais as implicações e soluções para desenvolver esse trabalho.

A primeira etapa para poder ter um website publicado, foi entrevistar profissionais em soluções de
informação digital e através dessa entrevista, poder começar a estrutura ea definição de alguns conceitos,
documentos e serviços como: nome do website, registro do domínio e a hospedagem/alojamento do
website, além de investigação sobre o controle dos algoritmos na internet e divulgação no ambiente
virtual.

As entrevistas decorreram entre fevereiro e outubro de 2021, com os profissionais:

● José Pedro Melo, Managing Partner da Leadership Business Consulting da LBC-GLOBAL;

● Ricardo Utsumi, Diretor de Arte | Live Marketing e Coordenação de Criação da Trendix+TDX


Digital;

● Gilson Banin, Engenheiro de Tecnologia e Soluções de armazenamento em nuvem, da Microsoft.

3. RESULTADO

3.1 Espólio do Rei D. Carlos I

3.1.1 Comissão Cultural da Marinha

O trabalho de recolha de material desenvolvido dentro de várias instituições que pertencem à


Comissão Cultural da Marinha, responsável pela salvaguarda e divulgação da memória histórico-
científica de D. Carlos, permitiu obter informações e conhecer melhor o espólio deste monarca.

A Comissão Cultural de Marinha tem um papel de primeira instância no sentido da conservação,


valorização e divulgação do património oceanográfico e das investigações realizadas pelo Rei, além de
ter vindo a desenvolver, com êxito, uma série de novas iniciativas e projetos para a sua divulgação.

Abaixo, encontram-se as instituições visitadas no âmbito deste projeto e dentro do imenso espólio
disponível para a investigação, encontra-se listado somente o material que pareceu pertinente para ser
utilizado no website de divulgação da atividade científica do Rei D. Carlos I, listagem essa que teve em
consideração a importância histórica, científica, marítima ou simplesmente a meras curiosidades no
contexto da oceanografia histórico-científica portuguesa.

a. Biblioteca da Marinha

● Diário Náutico do Yacht Amélia - Campanha Oceanográfica realizada em 1887 – escrito por D.
Carlos;

● COMPLETO - Bulletin des Champagnes Scientifics accomplices sur le Yacht Amélia 1896 -
1900. Volume I – escrito por D. Carlos;

● Resultados das investigações científicas feitas a bordo do Iate Amélia em 1898 e 1899;

25
● O mapa original da Biblioteca Particular de Sua Majestade, realizado por Albert Girard.

● Diversas publicações sobre o extenso trabalho de D. Carlos I pelos autores Mário Ruivo,
Luís Saldanha, Maria Cândido Macedo e Paulo Talhadas dos Santos.

b. Arquivo Histórico Central da Marinha

● Diário Náutico do Yacht Amélia 1895/1910 - Original;

● Documentos do iate Nautilus, primeiro iate de D. Carlos;

● Documentos dos iates Amélia I, II, III e IV, contento ordem de compra, origem, data e um breve
histórico das embarcações, incluindo os desenhos originais das embarcações, realizados pelo
próprio Monarca;

● Documentação referente à visita do Príncipe do Mónaco em 1920;

● Solicitação de carta de pesca, com o objetivo a definir/traduzir a batimetria do mar português e


a litologia marinha;

● S.M. El Rei D. Carlos I e a sua obra Artística e Científica – Carlos de Bragança 1908;

● Publicação D. Carlos, história de um reinado: Rocha Martins, 1926.

Este último é um precioso documento, com informações de grande interesse relativas à época do
reinado de D. Carlos (de 1889 a 1908), escrito por um ilustre escritor da primeira metade do século XX,
que foi jornalista e viveu durante o reinado. Assim, esta biografia e os fatos relatados não são apenas
assentes em fontes históricas, tem também uma parte testemunhada pelo autor, enquanto coevo deste
reinado. A publicação tem símbolos a ouro e inclui ilustrações e fotografias, quer a preto e branco, quer
a cores, com colagem de origem.

c. Centro de Documentação da Marinha

● D. Carlos de Bragança 1863 – 1908: Instante da vida de um rei em Cascais;

● D. Carlos de Bragança Naturalista e Oceanógrafo: Mário Ruivo - Doc. Conferência integrada


nas Comemorações de 50º aniversário da Fundação da Sociedade Portuguesa de Ciências
Naturais, realizada no Paço Ducal de Vila Viçosa, 1957;

● Rei D. Carlos Campanhas Oceanográficas estudo das Coleções Malacologias. Edições


Culturais da Marinha, no Centenário das Campanhas Oceanográficas do Rei D. Carlos.

d. Arquivo de Imagem da Marinha

● Imagens que retratam a família real;

● Imagens das embarcações reais em diversas épocas;

● Vastos registos das expedições oceanográficas, entre eles amostragem de equipamentos, formas
de arrasto, bem como o trabalho dos marinheiros;

● Exposição na Liga Naval Portuguesa de 1910 - Expedições de D. Carlos;

● Exposição Oceanográfica de D. Carlos na Sociedade de Geografia 1904;

26
● Exposição Internacional do Porto (Palácio de Cristal);

● Exposição Internacional de Milão 1906;

● Exposição de D. Carlos da Escola Politécnica de Lisboa 1897;

● Rei D. Carlos, Conde de Mafra e Albert Girard a bordo do Amélia;

● Rei D. Carlos, colhendo material nas zonas pantanosas do Sado;

● Sala de Oceanografia do Aquário Vasco da Gama;

● Vapores a serviço da oceanografia de D. Carlos;

● Cherne pescado à linha no mar de Sesimbra.

Há ainda registo dos levantamentos de armação de atum - 10/06/1898, a coleção de exposições nacionais
e internacionais que D. Carlos realizou em Portugal e no exterior.

Aprofundando a pesquisa, e através de fotos encontradas no arquivo fotográfico do Museu da Marinha


há as coleções de fotos do Museu Oceanográfico da família real, além de um gabinete de trabalho e uma
biblioteca.

Abaixo, exemplificam-se algumas das fotografias de D. Carlos encontradas no Arquivo de Imagem da


Marinha.

Figura 3. Fotografia tirada a S.S.A.A do Príncipe Real D. Carlos (à proa), e seu irmão o Infante D. Afonso (à popa), na
baleeira, em 1886, quando tinham respectivamente cinco e três anos de idade; Figura 4. D. Carlos I, em 1897, remando sua
baleeira em Cascais; Figura 5. D. Carlos I, recolhendo exemplares nas zonas pantanosas do Sado.
Fonte: Arquivo Fotográfico da Marinha

e. Museu da Marinha

No Museu da Marinha, podemos apreciar:

● As camarinhas utilizadas pelo Rei Dom Carlos e pela Rainha Dona Amélia, preservadas após o
desmantelamento do iate Amélia em 1938;

● Porcelanas cristais e faqueiros que fizeram parte da paramenta daquele iate real;

● O primeiro bote recreativo que o príncipe recebeu de presente de seu pai. Esta baleeira possui
registro fotográfico e encontra-se retratada acima.

f. Aquário Vasco da Gama

A visita ao Aquário Vasco da Gama permitiu explorar cerca de 600 documentos para estudo, que
fazem parte da Coleção Oceanográfica D. Carlos I. Dentro da vasta documentação explorada
considerou-se que os materiais mais importantes a colocar numa primeira versão do website seriam:
27
● Campanha Oceanográfica. 1897. Bach Amélia. Diário de Bordo;

● Diploma de correspondente passado a favor do Rei de Portugal, D. Carlos I pelo Muséum


d'Histoire Naturelle, Paris;

● Diploma de Membro Honorário, passado a favor de D. Carlos I, Rei de Portugal, pela Sociedade
Zoológica de França;

● Diploma de Membro Honorário, passado a favor de D. Carlos I, Rei de Portugal, pela Zoological
Society de Londres;

● Diploma de Sócio Protetor, ao El Rei D. Carlos de Portugal pela Sociedade Espanhola de História
Natural;

● Diploma de “Haut Protecteur-Président d’Honneur” passado a favor de S.M. D. Carlos I Rei


de Portugal e dos Algarves pela Société d'Océanographie du Golfe de Gascogne;

● Diploma “Prémio d’Honra” passado a favor de D. Carlos de Bragança, Rei de Portugal, pelo
Palácio de Cristal Portuense - Exposição Agrícola e de Produtos Minerais, 1903—1904;

● Coleção de 91 fotografias colocadas em álbum, relacionadas com a atividade piscatória e


oceanográfica do rei;

● Coleção de 92 Fotografias diversas de vários tamanhos;

● Coleção de 22 fotografias relacionadas com atividade piscatória;

● Coleção de 12 fotografias relacionadas com exemplares da Colecção Oceanográfica de D.


Carlos;

● 10 Fotografias relacionadas com a Colecção Oceanográfica de D. Carlos;

● Carta de Carlos Alberto Alfaro Cardoso, datada de Sesimbra, 2 de setembro de 1899, dirigida a
Albert Girard sobre assuntos de ictiologia;

● Carta de F. Santos para A. Girard, datada de Olhão, 29 de maio de 1895 sobre assuntos de
ictiologia;

● Fotografia de cetáceo, enviada de Ponta Delgada por Francisco Afonso Chaves para A. Girard
em 26 de dezembro de 1904;

● Fotografia de cetáceo, enviada de Ponta Delgada por Francisco Afonso Chaves para A. Girard
em 26.12.1904;

● Livro de notas sobre a missão a bordo do Lidador em abril e maio de 1899 que pertenceu a
Alberto Girard e que inclui duas notas soltas.

Em 2016, foi montada na Sala do Átrio do Aquário Vasco da Gama a exposição com o título “O
Príncipe que Sonhava com o Fundo do Mar”. Nesta exposição encontram-se muitos dos espécimes
estudados pelo Rei D. Carlos, incluindo alguns tubarões naturalizados, bem como aparelhos de pesca e
instrumentos científicos. Na exposição podem-se ver, documentos escritos pelo próprio rei sobre as suas
explorações e a ilustração de um rei-dos-arenques (Trachipterus sp.), também da autoria de D. Carlos.

Outro item de destaque na exposição, é o peixe-farol do mar profundo: “Capturado na costa da Nazaré
28
por D. Carlos, em 1896, este peixe representa o fascínio do rei pelo mar profundo. Está conservado em
formol há 120 anos”. Encontra-se também a fotografia de uma larva de um crustáceo decápode datada
de 1896 e que é da autoria de D. Carlos I. Segundo o registo que acompanha a foto, “o rei realizou as
primeiras fotografias em Portugal de preparações microscópicas com plâncton, cujo estudo considerava
ser importante para explicar a abundância e distribuição de outras espécies marinhas”.

3.1.2 Demais locais

A visita do outro conjunto de outros locais nos quais seria esperado poder encontrar mais informação
relevante sobre o Rei D. Carlos mostrou a existência de material que poderá vir a ser incluído num futuro
website.

a. Museu do Mar Rei D. Carlos

Esta instituição coopera no depósito de longa duração de espécimes pertencentes à antiga


colecção oceanográfica do rei. Além disso, conta ainda com diversos materiais relacionados com
a EXPO'98 - Exposição Internacional de Lisboa de 1998, cujo tema foi “Os oceanos: um
património para o futuro”, e que foram publicados no livro de Margarida Magalhães Ramalho,
D. Carlos de Bragança – A paixão do Mar - EXPO 98. São eles:

● Registo de uma armação de atum;

● Reprodução da época de uma pintura de D. Carlos que o rei ofereceu ao imperador


Guilherme II da Alemanha. AVG;

● Metodologias e técnicas utilizadas: sondagens, recolhas e outros trabalhos a bordo dos iates
Amélia.

b. A Rota de D. Carlos

A Rota de D. Carlos (https://360.cascais.pt/pt/rota/rota-d-carlos-um-rei-em-cascais) é um


recurso interessante, produzido pelo município de Cascais, e que poderá também vir a ser
referenciado no website. Encontra-se em português e está disponível em versão online e em pdf.
Inicia-se a partir de 1870, quando a Família Real começa a instalar-se em Cascais, período esse,
destacado em muitas publicações e cartas da família, revelando as férias de veraneio consagradas
à prática dos banhos de mar.

As informações que se apresentam são as que estão focadas em pontos da rota que estabelecem
conexões com o tema em estudo, as campanhas e investigações oceanográficas de D. Carlos, e
que podem contribuir para enriquecer o website. Desta forma destacam-se:

● Marégrafo de Cascais: tendo por função a medição do nível médio das águas do mar,
estava ligado ao laboratório oceanográfico de D. Carlos e foi instalado em 1882. O
sistema de medição, composto por uma bóia num poço, ligada a um relógio de alta
precisão e a um cilindro horizontal que permite o registo gráfico das oscilações da bóia,
ainda funciona e é visitável por marcação;

● Palácio da Cidadela: onde D. Carlos: instalou o primeiro laboratório português de


biologia marinha, em 1896, mandando acrescentar, para o efeito, em 1902, um terceiro
piso sobre o antigo Pavilhão de Santa Catarina;

● Casa de S. Bernardo Pinheiro de Melo, secretário e amigo de D. Carlos, que o

29
distinguiria, em 1895, com o título de 1.º Conde de Arnoso, foi local privilegiado de
convívio de D. Carlos. Uma curiosidade é que foi na varanda deste espaço que vários
trabalhos em aquarela e desenhos marítimos representando Cascais, assinados pelo
monarca, foram pintados.

Figura 6. Representação visual do mapa da Rota D. Carlos.

c. Museu Oceanográfico do Portinho da Arrábida

Neste espaço encontra-se a exposição intitulada “O Despertar das Ciências do Mar”,


desenvolvida no âmbito do projeto Inforbiomares, com a coordenação do CCMAR. Esta
exposição faz uma viagem no tempo, desde o tempo do rei D. Carlos a bordo do Iate Amélia,
aos inúmeros estudos que se têm feito nos últimos anos. A exposição evoca a importância deste
espaço para o estudo da biologia marítima, para a conservação da natureza e para história da
oceanografia em Portugal e traz a importância de criar uma narrativa entre o passado e o presente
na divulgação da oceanografia portuguesa, principalmente porque expõe as investigações de D.
Carlos na região, bem como estudos posteriores na mesma região.

Nesta exposição destaca-se:

● O início da oceanografia pelo rei D. Carlos;

● A sabedoria dos pescadores da região que já capturavam espécies no mar profundo;

● Apresentação da pesca tradicional em grandes profundidades por pequenas embarcações


de madeira;

● Lista de tubarões capturados em grandes profundidades entre 1905 e 1978;

30
● Preservação em formol dos espécimes capturados;

● Trajetória das sondagens de profundidade que D. Carlos realizou ao largo de Sesimbra,


e que resultaram na primeira caracterização do Canhão de Setúbal;

● Réplica da carta batimétrica do Canhão de Setúbal;

● Estudos de D. Carlos, a partir de 1905 das cartas batimétricas, ao largo de Sesimbra;

● Conjunto de ilustrações científicas de lesmas do mar, de autoria de D. Carlos.

d. Biblioteca da Faculdade de Ciências

● Da bibliografia disponibilizada pela Biblioteca da Faculdade de Ciências, constam muitos


materiais produzidos pelos Professores Luís Saldanha e Mário Ruivo entre 1959 a 2001. Destes
foram selecionados 10 para este projeto, que destacam as funções histórica e oceanográfica
relacionadas com o Rei D. Carlos.

● Livro: Souverains océanographes. Fundação Calouste Gulbenkian, 178 pp. Documento que
reúne cartas entre D. Carlos e o Príncipe Alberto do Mónaco- com estes documentos, podemos
acompanhar algumas descobertas e partilhas entre os 2 reis cientistas;

● Artigo: King Carlos de Bragança, the Father of Portuguese Oceanography. In: One hundred
years of Portuguese Oceanography. In the footsteps of King Carlos de Bragança. Publicações
Avulsas do Museu Bocage;

● Artigo: King Carlos of Portugal, a pioneer in European Oceanography. In: Oceanography. The
Past (eds.: Mary Sears & D. Merriman). Luiz Saldanha;

● Artigo: O rei D. Carlos pioneiro da Oceanografia europeia. Revista de Marinha, 110: 3-8. Deep-
sea food chains. In: Actual problems of oceanography in Portugal, pp. 41-44. Luiz Saldanha;

● Artigo: Como nasceu a secção de estudos submarinos da Sociedade Portuguesa de Ciências


Naturais, Luiz Saldanha;

● Artigo: Como colher, preparar e conservar animais marinhos. Boletim do Centro Português de
Atividades Subaquáticas. Luiz Saldanha;

● Artigo: Liste commentée d’Amphibiens et de Reptiles récoltés au Portugal. Bulletin du Muséum


National d’Histoire Naturelle, Paris, 3ème Série, 28 (Zoologie 22): 143-156. Thirearu, M & L.
Saldanha;

● Artigo: Prince Albert of Monaco and King Carlos of Portugal. Their contribution to the
knowledge of the Atlantic deep-sea fauna. Abstracts of the V International Congress on the
History of Oceanography. Luiz Saldanha;

● Artigo: Os Mares de Sesimbra e as Primeiras Exposições. Luiz Saldanha;

● Artigo: One hundred years of Portuguese Oceanography. In the footsteps of King Carlos de
Bragança. Publicações Avulsas do Museu Bocage. Luiz Saldanha e Pedro Ré.

e. Museu de História Natural e da Ciências

Desenhando os recursos marinhos, na segunda metade do século XIX, percebe-se que as


31
profundidades abissais do oceano, ao invés de estarem desprovidas de vida, são um imenso
habitat para criaturas mais ou menos bizarras. Várias descobertas ocorreram a escassas milhas
da costa portuguesa, nos abismos oceânicos insulares e continentais ao largo dos Açores,
Madeira e Sesimbra. E é dentro desse registro que a exposição “Illustrare: Viagens da Ilustração
Científica em Portugal” traz ilustrações riquíssimas a respeito das espécies portuguesas, algumas
coletadas por D. Carlos a bordo do iate Amélia.

● Gata-preta (Etmopterus pusillus), autor D. Carlos, Resultado das Investigações


Científicas feitas a bordo do Iate Amélia 1896 -1903;

● Espécimes de peixes das águas litorâneas portuguesas, Rocaz, Peixe-Rei (Coris julis),
Canário-do-mar (Anthias anthias), Cação-liso (Mustelus mustelus), da Coleção
Oceanográfica de D. Carlos – AVG;

● Nos estudos de recolha de espécimes para a exposição, encontram-se autênticas


raridades com observações únicas, como o peixe- balão, capturados por D. Carlos na
costa de Nazaré, em outubro de 1899. Neste caso é fundamental para observação,
comparação com espécimes atuais e similares. Esse desenho classifica-o como: peixe-
balão-espinhoso (Chilomycterus spinosus spinosus) que vive no Atlântico sul ocidental,
ao largo da costa do Brasil e Guianas, a mais de 6.000 km de Nazaré. D. Carlos
identificou e classificou corretamente, mas ficou sem perceber como chegou às águas
portuguesas;

● Espécimes de crustáceos e tubarões, como o Perna-de-moça ou cação-bico-de-cristal


(Galeorhinus galeus), Tubarão-anequim (Isurus oxyrhinchus), Lavagante (Homarus
gammarus), Sapateira (Cancer paguros) da Coleção Oceanográfica D. Carlos, do
Aquário Vasco da Gama, representantes das águas profundas dos litorais portugueses,
serviram e servem de apoio aos estudos e desenhos para projetos diversos ainda nos dias
de hoje;

● Desenho do tubarão-demónio (Aquário Vasco da Gama) com a referência à monografia


sobre tubarões que D. Carlos escreveu, encontrado dentro de um livro do Albert Girard;

● Livro nº 258 (Aquário Vasco da Gama): Mémoire sur un Poisson des Grandes
Profondeurs de 'L 'Atlantique, le Saccopharynx ampullaceus et observations sur l’
Halargyreus johnstoni, o outro desenho é de um peixe que é descrito neste livro e que
aparece já publicado na fotografia.

3.2 Proposta de website com os materiais coletados

Assim, dando início à compilação de dados e resultados coletados para o projeto, principalmente
quanto aos temas que envolvem o património histórico-científico de D. Carlos I foi criado um diagrama
conceptual, de forma a perceber a distribuição do conteúdo por secções e a relação entre secções. Este
diagrama foi a base da organização do projeto de planificação de website, definindo as áreas temáticas
pelas quais foram distribuídos os conteúdos.

Para fazer coincidir os dois modelos: os fundamentos do modelo conceptual e a concepção na prática
do website foi preciso seguir algumas premissas: a primeira é desenhar a estrutura do website do Espólio
Oceanográfico de D. Carlos I, e deixar bem marcado o que deverá ser imediatamente perceptível para os
visitantes; a segunda foi desenhar uma representação gráfica do que seria ao website com as mesmas
secções.

32
Figura 7. Primeiro organograma conceptual e proposta de website dedicado à vertente oceanográfica de D. Carlos I, após a
recolha de material.

Figura 8. Proposta de página de entrada do website dedicado ao Rei D. Carlos.

Nesta proposta de website encontram-se 5 secções principais para as quais se apresentará, de seguida,
a informação pensada para cada uma delas.

33
VIDA E TRAJETÓRIA

Figura 9. Cronologia da informação a colocar na secção Vida e Trajetória.

Essa secção do website tem como objetivo principal apresentar a vida e trajetória de D. Carlos I e
mostrar como ele despertou o interesse pela ciência desde muito jovem, incluindo informação sobre
história, monarquia, educação real, paixão pelo mar e vida familiar, mas principalmente demonstrando
como o contexto mundial Europeu influenciou a sua jornada científica.

A contextualização permeia desde o nascimento de Carlos, o menino, que nasceu como príncipe
herdeiro da coroa recebendo os títulos oficiais de Príncipe Real de Portugal e Duque de Bragança.
Descendia, por parte da mãe, da família real italiana e pelo avô, D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha,
estava ligado às famílias reais inglesas, belga e búlgara. Além da sua hereditariedade estava aparentado
com o imperador do Brasil, dos Habsburgo, imperadores da Áustria e reis da Hungria e ainda por meio
da sua trisavó, a rainha Carlota Joaquina, entroncava nos Bourbons, reis da Espanha. O seu nascimento
e ascendência, segundo os genealogistas, representava uma repartição bem equilibrada de diferentes
famílias reais (Ramos, 2007), e permitia-lhe ter um amplo repertório cultural.

Como português, sentiu naturalmente o apelo do mar desde muito pequeno, que se transformou numa
verdadeira paixão. O seu interesse pela oceanografia herdou de seu pai, o Rei D. Luís I que foi marinheiro
e importante patrocinador de diversos projetos científicos nesta área. Porém, ao longo da sua vida e nas
suas investigações oceanográficas, o que lhe permitiu ter acesso a uma rica biblioteca de diferentes
nacionalidades e proporcionou muitos contatos e estudos foram suas viagens instrucionais.

Do fundo do mar trouxe espécies e espécimes nunca antes vistos em investigações, colecionou seres
extraordinários para mostrar aos portugueses no aquário do Dafundo. Ao longo de mais de dez anos D.
Carlos estudou, analisou e descreveu o que recolhia e capturava nas expedições. Mas esta paixão
oceanográfica do rei naturalista, começara muitos anos antes, quando aos 7 anos se mudou para Cascais
e passou longas temporadas de verão coletando conchas, acompanhando os pescadores na praia da
Rainha e nadando na Boca do Inferno.

São informações desta natureza que o tópico deve abordar, a fim de agregar que o homem que é
reconhecidamente como a agulha que norteou todos quantos posteriormente se dedicam ao estudo e
34
investigação na área das ciências do mar, está diretamente relacionado com as experiências da Família
Bragança.

Nesta secção vale a pena destacar as suas coleções malacológicas, pois demonstram como obteve a
experiência de catalogação de coleções zoológicas, aprendida de geração em geração no palácio, e como
isso o ajudou a estimular o estudo e a criar o espólio que conhecemos hoje. Segundo Ceríaco (2014):

Embora a documentação existente seja pouco elucidativa sobre este aspecto(...), é legítimo
considerar que aquando da transferência do grosso das coleções de D. Pedro V tenham
ficado no Palácio das Necessidades alguns dos objetos adquiridos ou oferecidos a D. Luís.
Este pequeno núcleo do Museu Real manter-se-ia como um embrião daquilo que viria a
tornar-se uma nova coleção. É também bem provável que tenha sido a pensar no príncipe
D. Carlos, nascido a 28 de setembro de 1863, que D. Luís tenha tomado a opção de não se
desfazer de todas as coleções, mantendo-as para que pudessem ser usadas na sua instrução
e recreio.

Figura 10. Entrada do Museu (parte externa) (1904). Figura 11. Gabinete de trabalho de D. Carlos (1904). Figura 12. 1ª sala do
Museu Oceanográfico no Palácio das Necessidades (1904). Figura 13. 2ª sala do Museu Oceanográfico no Palácio das
Necessidades (1904). Figura 14. Novo ângulo da 2ª sala do Museu Oceanográfico no Palácio das Necessidades (1904). Figura
153. Espécime de tubarão na 2ª sala do Museu Oceanográfico no Palácio das Necessidades (1904).
Fonte: Arquivo Fotográfico do Museu da marinha

TRABALHO CIENTÍFICO

Nesta secção devemos apresentar de uma forma elucidativa a investigação científica desenvolvida
pelo Rei D. Carlos I.

Em 1896 Dom Carlos de Bragança, como sempre se intitulou nas suas publicações, resolveu iniciar
os seus estudos científicos dos mares portugueses, acompanhado pelo naturalista, Albert Girard, e por
vários oficiais da Marinha, dentro de três iates nomeados Amélia. A partir desta pequena introdução, dá-
se o conhecimento técnico das investigações, sondagens de profundidade, das embarcações disponíveis,
materiais utilizados, mapeamento das regiões estudadas, os arrastos e todo o apoio que precisou nos 12
anos de suas investigações, além de todos os instrumentos para a rápida preparação e conservação de
exemplares de vários espécimes.

35
Figura 16. Fotos dos marinheiros a trabalhar no Amélia I (1904).
Fonte: Aquário Vasco da Gama

Figura 17. Mapeamento das áreas onde as investigações foram realizadas.


Fonte: Museu do Mar Rei D. Carlos I

Figura 18. Amélia I. Figura 19. A bordo do iate Amélia – levanta a draga (1896); Figura 20. A bordo do canhoneira Mandovi–
costa da Ilha de Berlenga, preparando os flutuadores (31/11/1896).
Fonte: Arquivo Fotográfico do Museu da marinha e Arquivo Nacional da Marinha

Muitas destas informações podem ser apresentadas através de fotografias, documentos e diários,
como é o caso do registo náutico, que foi documentado no diário de Yacht Real Amélia, nas páginas 3 a
13, que hoje se encontra no Arquivo Histórico da Marinha. Este documento específico, relata a
preparação da expedição: “estava equipada com quatro pequenas embarcações, uma das quais a vapor
para além de vários instrumentos adequados à recolha, preparação e conservação de peixes e outras
espécies marinhas”. Ao todo há registos de 72 sondagens entre os 30 e os 2400m, como também a
elucidação do embandeirando em arco e da salva de 21 tiros com as peças de 47mm que ocorreu na
ocasião.

D. Carlos publicou e patrocinou diversas publicações de estudos de ciências naturais em Portugal. Foi
o caso, entre 1897 e 1904, contendo os resultados das suas investigações como naturalista sobretudo sobre
os animais marinhos nas costas portuguesas.

● Campanhas Oceanográficas de 1896. Lisboa: Imprensa Nacional; Pesca Marítimas. Lisboa:


Imprensa Nacional. Ichthyologia. I – A pesca do atum no Algarve em 1898;

● Boletim das Campanhas científicas acompanhada do seu iate Amélia. Lisboa: Imprensa Nacional
e Pesca Marítimas. Lisboa: Imprensa Nacional. Ichthyologia. II - Esqualos obtidos nas costas de
36
Portugal durante as campanhas de 1896 a 1903.

Dentre os vários trabalhos de investigação que desenvolveu, interessa destacar que o rei teve a ajuda de
Alberto Girard, foi ele quem entregou pessoalmente, por ordem de D. Carlos, um exemplar dos Resultados
das Investigações Científicas, de 1899, a Brito Aranha, que deu notícias das publicações de D. Carlos no
volume XVII do Dicionário Bibliográfico Português, de 1906”.

DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA

Esta secção, visa trazer ao conhecimento público o trabalho de divulgação científica desenvolvido pelo
Rei D. Carlos I.

Quanto à divulgação do seu trabalho nos “Os pavilhões de Portugal e a Exposições Universais”, vale
a pena mencionar Carvalhos (2006), que retrata o valor das exposições para o séc. XIX.

As exposições eram motivo de delírio porque encontraram a sua razão de ser num dos pontos
fundamentais de identificação do século consigo próprio: o nascimento do fenómeno das
massas. As exposições universais da segunda metade do século XIX consagram a presença das
massas, supõem a existência de um novo sujeito social que determina uma nova concepção e
configuração da cidade como lugar da multidão.

Assim, entrou D. Carlos no campo das exposições, colocando a divulgação científica de Portugal em
foco nacional e internacional, fomentando não só o interesse pelo mar, mas pela economia piscatória e
ciência. Desta forma, após a primeira expedição oceanográfica, o rei organizaria a sua primeira
exposição, em abril de 1897, no edifício da Escola Politécnica de Lisboa, lado a lado com as coleções
do Museu de Lisboa.

Vale a pena destacar no website proposto as suas principais participações em exposições:

● 1897 - Exposição Oceanográfica na Escola Politécnica. Apresentação das suas coleções de fauna
marinha;

Figuras 21 e 22. Exposição Oceanográfica na Escola Politécnica (1897).


Fonte: Arquivo Fotográfico da Marinha e Aquário Vasco da Gama.

● 1898 - Inauguração do Aquário Vasca da Gama com a Exposição das Coleções Zoológicas das
Campanhas de 1896 a 1897;

37
Figura 23. Convite Inauguração Aquário Vasco da Gama (1898); Figura 24. Aquário Vasco da Gama.
Fonte: Aquário Vasco da Gama; Arquivo fotográfico da Marinha.

● 1900 -Exposition Universelle de Paris no Grand-Palais, Setor Marinho – Pesca do Atum no


Algarve. Ganhou uma medalha, oferecida mais tarde pelo imperador Guilherme II;

● 1902 – Exposição Internacional do Porto – Palácio de Cristal. Exposição de coleções reunidas


durantes anos;

Figuras 25, 26, 27 e 28: Exposição Internacional do Porto (1902); Figura 29: Professor Albert Girard na sua banca, com
o Major Dias, almoxarife do Paço das Carrancas do Porto. Figura 30. Espólio em exposição.
Fonte: Arquivo fotográfico da Marinha e Aquário Vasco da Gama.

● 1903 – Exposição Agrícola do Porto;

● 1904 – 3. ° Congresso da Associação Internacional de Marinha na Sala Portugal da Sociedade


de Geografia de Lisboa em 1904;

38
Figura 31 - Exposição Agrícola do Porto.
Fonte: Arquivo Fotográfico do Museu da Marinha.

● 1906 – Exposizione di Milano (Mostra di Pesca e Acquicoltura de Milano) – Mostra na


Exposição Internacional de Milão em 1906, onde recebeu os primeiros prémios em quatro
secções;

Figura 32. Mostra de 1906 – Exposição Internacional de Milão. Fonte: Arquivo Fotogrione di Milano.
Fonte: Arquivo Fotográfico do Museu da Marinha.

● 1908 (póstuma) – Exposição Nacional do Rio de Janeiro. Foram apresentadas, no Pavilhão de


Portugal, cartas das sondagens (1897-1907) de Albert Girard. Exposição ordenada por D.
Manuel;

Figura 33. Pavilhão de Portugal, projetado por Francisco Isidro Monteiro, inspirado na face sul do Mosteiro
de Jerónimos; Figuras 34 e 35. Cartas das sondagens (1897-1907) de Albert A. Girard. Fonte: Rei D. Carlos / Maria
Candido Consolado Macedo,1996.
Fonte: Arquivo Fotográfico do Museu da Marinha e Aquário Vasco da Gama.

● 1910 (fev./ póstuma) – Exposição Oceanográfica na Liga Naval.

39
Figuras 36, 37 e 38. Exposição Oceanográfica na Liga Naval.
Fonte: Arquivo Fotográfico do Museu da Marinha e Aquário Vasco da Gama.

Além das exposições, deve-se salientar na secção Divulgação de Ciência que o reconhecimento não
tardou a chegar. Logo a seguir às suas primeiras exposições internacionais, D. Carlos foi reconhecido e
homenageado, por toda a sua obra. No período entre 1900 e 1906, recebeu 12 títulos e honras, sendo que
em 1906, na Itália, recebeu o quatro Grands-Prix na Exposição Internacional de Milão (máximo
possível). Recebeu também a medalha de Ouro na História da Ciência, só mais três países foram
distinguidos com este título, além de ter em sua homenagem uma sala no Museu Oceanográfico do
Mónaco, pelo Príncipe Alberto I, o fundador da Oceanografia Moderna: Sala de D. Carlos I. º Re de
Portogallo.

Ainda, nessa secção do website, interessa realçar a relação que o Rei D. Carlos estabeleceu com a
comunidade de pescadores que muito contribuiu para a recolha de vários dos espécimes que viriam a
constituir algumas das descobertas científicas feitas por D. Carlos, bem como todo o trabalho que
desenvolveu para fomentar a pesca em Portugal.

Em 1898, D. Carlos dedicou-se, em especial, à investigação sobre a pesca marítima, tendo publicado
o seu estudo sobre “A Pesca do Atum no Algarve”, editado pela Imprensa Nacional, Lisboa, em 1899.

Figura 39. Amélia II; Figura 40. D. Carlos no escafer do 2º Amélia em Cascais; Figura 41. Interior do escritório do
Amélia II.
Fonte: Arquivo Fotográfico do Museu da Marinha.

Neste documento destaca-se a forma da pesca, que é realizada da mesma forma que no litoral da
Sicília, pelos que em Portugal se chamam madrugues e a denominação de três tipos destes peixes da
costa algarvia, o Orcynus thynnus, ou atum próprio, o alalonga ou albacore e Euthynnus thunnina ou
bonito.

Impressionado com a utilização que as suas pesquisas teriam para um importante ramo da indústria
portuguesa, a pesca, o Rei decidiu pagar uma taxa anual de visita à costa algarvia. Além disso, uma série
de perguntas foram enviadas aos barqueiros e pescadores, e as suas respostas foram sendo comparadas
com as observações de especialistas, e os resultados foram cuidadosamente apresentados através de
tabelas comparativas.

Assim, verificou-se que havia três tipos diferentes de atum, e as investigações do rei tinham referência
das datas exatas de ida e vinda dos três tipos diferentes de atum da região, as posições ocupadas ao longo
da costa nos seus percursos de ida e volta, e as causas que influenciavam as oscilações e variações dessas
posições. As conclusões a que se chega é que estes estudos foram de enorme importância para este ramo
da pesca industrial portuguesa com repercussões ainda nos dias de hoje.

Quando analisamos as ideias de conteúdo listadas pela Ubersuggest, referentes aos temas
apresentados, nota-se que na busca Oceanografia, na língua portuguesa, o primeiro website citado e mais
visitado é um vídeo do Youtube da Universidade de São Paulo, apesar da busca de palavras ter sido
realizada em Portugal. Já na palavra Rei de Portugal, o conteúdo de maior relevância é também um vídeo

40
do Youtube, mas da RTP, emissora portuguesa de televisão. Quanto à palavra iate Amélia, nada foi
sugerido.

Assim, para que um website possa chegar a um maior número de utilizadores é importante efetuar
este tipo de análise de mercado, do conteúdo do website que está a ser produzido, de modo a compreender
como as pessoas interagem com ele, qual é o potencial de conversão dessa nova dinâmica e a linguagem
que estão a usar.

Num segundo momento, devemos apresentar uma história e linha editorial, o público-alvo, o design
e outros elementos do planeamento gráfico do website que atua como uma ferramenta não só de produção
de conteúdo relevante para o público em geral, mas também como uma ferramenta de divulgação onde
se pode conhecer o legado de D. Carlos.

Figuras 42, 43, 44, 45 e 46. Sequência do Copejar do Atum assistido por D. Carlos (1898).
Fonte: Aquário Vasco da Gama

D. CARLOS I HOJE: LOCAIS DE VISITAÇÃO

Esta é uma secção que pretende incentivar a visitação dos espaços onde se encontra o espólio de D.
Carlos, de forma a compreender sua importância histórica na ciência.

3.3 Análise exploratória de público potencial

3.3.1 Resultados da análise exploratória de público e conteúdos potenciais através da rede


social Instagram

Como mencionado anteriormente, no dia 05/12/2020, deu-se início ao perfil piloto no Instagram. A
divulgação inicial foi realizada através do perfil pessoal, da autora deste trabalho, obtendo a conversão
de 60 seguidores, que começaram a relacionar-se com o perfil de D. Carlos.

Nessa mesma data, o perfil atingiu um público com mais de 100 seguidores, pelo que se procurou
impulsionar a primeira promoção (no valor de 15 euros) com o intuito de direcionar o perfil para o
público português, tendo sido escolhido o tema Educação Real, porque permitia objetivamente o
envolvimento de 3 categorias de público: o que gosta de história; o que se interessa por educação; o que
41
possui curiosidade sobre a monarquia. Isso permitia introduzir a narrativa da importância histórica da
família Bragança. Com o tema específico sobre a Educação Real, obtiveram-se os resultados abaixo.

● 100 seguidores;

● 288 visualizações;

● 171 gostos na publicação: 57% homens e 43% mulheres;

● 16 salvaram para ler depois

● Idades: 13 a + 65 anos, maior percentagem entre 13-17 (22%) anos;

● Local: maioria São Paulo.

Observação: Estes resultados para os 100 primeiros seguidores explicam-se pelo facto de serem
maioritariamente do perfil pessoal da autora que vivia no Brasil.

Figura 47. Capa do perfil piloto no Instagram e publicação.

A 08/12/2020, 8 dias depois de criado, o perfil já atingia mais de 288 seguidores, e na ocasião, como
estratégia, procurou-se impulsionar a segunda promoção (5 dias, no valor de 20 euros), com o tema
específico da pesquisa oceanográfica portuguesa, explorando a imagem que ainda hoje está exposta no
Aquário Vasco da Gama, de um peixe-de-farol (Himantolophus groenlandicus), porque permitia
objetivamente o envolvimento de 4 categorias de público: os que gostam de museus e aquários; os que
se interessam por educação; os que estudam mar; e os que procuram informações acerca de ciência. Para
este tema os resultados encontram-se abaixo:

● 306 seguidores;

● 499 visualizações;

● 169 gostos na publicação: 83% homens e 17% mulheres;

● 19 salvaram para ler depois;

● Idades: maior percentagem entre 18 e 24 (28%) e 25 e 34 (34%) anos;

● Local: maioria Lisboa (41%), a seguir: Porto, Braga, Coimbra e Setúbal.

Observação: Estes resultados já começam a ser representativos no âmbito nacional.

Entre 12/12/2020 e 16/01/2021 não houve movimentações no perfil por se tratar do período natalício.

Seguindo a mesma fórmula, a 16/01/2021, 43 dias depois de criado, o perfil já atingia mais de 509

42
seguidores, ultrapassando a média estipulada para obter uma boa representatividade do utilizador online.

Nesta ocasião, procurou-se impulsionar a terceira promoção (5 dias, 20 euros), para averiguar e
confirmar se o público estaria interessado numa narrativa entre história e ciência, tendo sido escolhido o
tema específico Vida e Trajetória (Museus), explorando uma imagem obtida numa visita ao Palácio da
Ajuda. Esse tema permitia o envolvimento de 4 categorias de público: os que gostam de museus; os que
se interessam por educação; os que têm curiosidade sobre a família Bragança; e os que se interessam
pela história de Portugal. Esta publicação permitia introduzir a narrativa específica sobre o tema família
e interligar com outras nacionalidades: Itália, Espanha e Alemanha. Os resultados obtidos encontram-se
abaixo.

● 509 seguidores;

● 850 visualizações;

● 340 gostos na publicação: 70% homens e 30% mulheres;

● 13 salvaram para ler depois;

● Idades: maior percentagem entre 25 e 34 (31%) anos;

● Local: maioritariamente Lisboa (43%), a seguir: Porto, Braga, Coimbra e Setúbal.

Observação: De destacar que se manteve a representatividade de público de âmbito nacional.

Em 18/01/2021, 45 dias depois de criado o perfil, este já atingia mais de 609 seguidores. Tendo-se
já obtido um número adequado de seguidores, a conta foi bloqueada. No dia 24/01/2021 foi feita a leitura
final do perfil, foram retirados os últimos dados sobre o público-alvo, que se mostra de seguida, e a conta
foi encerrada definitivamente.

Obtiveram-se os resultados que podemos averiguar abaixo.

● 609 seguidores;

● 999 visualizações;

● 1 deixou de seguir;

● 340 gostos no último post: 64% homens e 36% mulheres;

● 13 salvaram para ler depois;

● Idades: maior percentagem entre: 18 a 44;

● Local: maioritariamente Lisboa (27%).

Observação: Manteve-se a representatividade no âmbito nacional (53%), mas surgiram várias visitas
internacionais, de países como o Brasil (39%), Espanha, Itália e Alemanha.

De destacar ainda que:

● As visitas foram na sua maioria durante a semana;

● Sábado foi o dia de maior movimentação no período entre a tarde e à noite;

● O número de visitantes manteve-se constante com 400 visitantes dia;

● Dos visitantes ao perfil 90% converteram-se em seguidores.

43
44
Figura 48. Resultados globais do perfil no Instagram dedicado ao Rei D. Carlos.

Neste processo de análise, notou-se ainda que nas publicações onde os seguidores eram estimulados
a participar através de perguntas diretas, alguns utilizadores participaram deixando comentários como,
por exemplo: onde viram informações de D. Carlos, onde viram uma estátua do monarca, onde ouviram
falar dos seus estudos e ainda muitos perguntaram onde poderiam encontrar mais informação sobre o
tema em questão.

Face a estes resultados parece haver, assim, grande interesse em procurar informação sobre o Rei D.
Carlos I.

45
3.3.2 Resultados da análise exploratória de público potencial para o website
através de questionário online

A função dessa pesquisa exploratória de dados foi somente a de obter algumas informações gerais
que permitissem formular algumas hipóteses sobre o perfil do utilizador de modo a perceber alguns dos
problemas que se podem encontrar aquando do estabelecimento de um website.

Os respondentes ao questionário tinham diferentes idades e nacionalidades, no entanto, na sua maioria


pertenciam a grupos dos quais a autora do questionário fazia parte, por esse motivo nota-se um maior
número de respondentes na faixa etária entre 41 e 50 anos, idade a que pertence a autora do trabalho e
brasileiros ou pessoas que tenham relações diretas com ciências. Apesar da baixa aleatoriedade da
amostra os dados serão tratados, no entanto com precaução relativamente aos resultados obtidos e
inferências que se possam fazer.

Dados Demográficos
1. Idade

207 respondentes e 201 respostas válidas.

O maior número de respondentes encontrava-se na faixa etária entre 41 e 60 anos.

2. Género

207 respondentes e 206 respostas válidas.

A maioria dos respondentes identificava-se com o género feminino (137), 60%. Logo a seguir
com o género masculino e 1 não respondeu.

3. Nacionalidade

207 respondentes e 204 respostas válidas.

73 respondentes são portugueses, 116 brasileiros, entre residentes em Portugal e no Brasil, os


restantes são cidadãos dos continentes africanos, europeus e americanos que falam português e
tiveram acesso, via internet, ao questionário.

4. Cidade onde reside

207 respondentes e 206 respostas válidas.

101 respondentes residiam em Portugal, maioritariamente nas cidades de Lisboa, Cascais e


Almada. 83 respondentes viviam no Brasil, 11 dos respondentes no Huambo, Angola, e os
demais vivendo em cidades noutros países.

5. Nível de instrução

207 respondentes e 204 respostas válidas.

84 respondentes com ensino superior (graduação), 48 com pós-graduação e 37 com mestrado.


Os restantes respondentes possuíam doutoramento e ensino secundário.

Acessibilidade à Internet

46
6. Tem acesso à internet regularmente?

207 respondentes e 205 respostas válidas.

205 respondentes tinham acesso regular à internet e 1 não possuía acesso regular.

Apesar dos respondentes na sua maioria terem acesso à internet, não foi especificado se o acesso
era em ambiente particular ou público, isto é, os respondentes têm acesso à informação, mas
pode ser em casa, no trabalho ou na universidade.

7. Costuma fazer pesquisas na internet?

207 respondentes e 203 respostas válidas.

99% realizava pesquisas na internet e 1% não realizava.

Com esta pergunta a ideia foi perceber se os utilizadores faziam buscas direcionadas sobre
determinado assunto.

8. Onde costuma fazer as suas pesquisas?

207 respondentes e 203 respostas válidas.

166 dos respondentes utilizam os websites para pesquisas. Os livros foram apontados somente
como última opção tendo sido um meio indicado por somente 1 respondente.

9. Qual o tipo de informação que mais pesquisa?

207 respondentes e 203 respostas válidas.

69 dos respondentes utilizam os websites para pesquisas relacionadas com trabalho,58


respondentes para fins de estudos, 57 para entretenimento. No entanto, 19 respondentes
sinalizaram que realizam as buscas em website para temas variados: assuntos da vida familiar,
pesquisa de médicos/consultas, meteorologia, lojas online, e compras, notícias, Wikipédia, além
de pesquisa académica.

Presença e interação nas redes sociais


10. Está registado em alguma rede social?

207 respondentes e 203 respostas válidas.

194 dos respondentes disseram que sim, estão registados numa rede social e 9 responderam
não. 4 não responderam.

O objetivo principal desta questão foi perceber se todos os utilizadores estariam conectados a
alguma rede social, tentando assim perceber se o website precisaria estar relacionado também a
alguma rede social.

11. Quais redes sociais que mais utiliza?

207 respondentes e 201 respostas válidas

A rede social indicada como mais utilizada por 150 respondentes, foi o Instagram; em segundo

47
lugar 126 utilizavam o Facebook e o Twitter e LinkedIn somavam 43 respondentes.

Utilização da internet
12. Já pesquisou informações sobre história e ou ciências na internet?

207 respondentes e 206 respostas válidas.

194 respondentes disseram que, sim, já tinham pesquisado informações sobre história e ou ciências
na internet e 12 respondentes disseram não.

13. Qual a plataforma que utiliza para fazer pesquisas de ciências?

207 respondentes e 202 respostas válidas.

145 respondentes fazem pesquisas em websites de buscas, 47 respondentes pesquisam em


websites especializados sobre o assunto, 7 não responderam, 4 procuram informações e
indicações em redes sociais, 3 utilizam a Wikipédia, e 1 um Podcast de história.

O objetivo desta pergunta foi perceber se os respondentes conhecem outras fontes de procura de
informações, além das mais usuais ao público. Nota-se que na sua maioria os websites de buscas,
tais como o Google são os meios mais utilizados.

14. Qual o equipamento que usa preferencialmente para fazer pesquisas na internet?

207 respondentes e 206 respostas válidas.

128 respondentes utilizam o computador, 75 respondentes utilizam o telemóvel/ e 3 o Ipad.

Esta pergunta é importante pois o equipamento utilizado interfere diretamente na configuração e


desenho do website. A diferença está na preparação do layout para cada plataforma, pois o texto
e as imagens têm que se adaptar ao formato de computador, tablet ou smartphone. Quando o
visitante visualiza o website no computador, o formato expande-se e aproveita toda a tela. Mas,
no telemóvel as informações mudam de posição, e ambas precisam preservar a coerência das
informações.

15. Acharia interessante a criação de um site sobre história de um monarca que se dedicou a
ciências?

207 respondentes e 206 respostas válidas.

179 respondentes responderam que sim, já 27 disseram não.

Aqui a ideia seria saber se as pessoas teriam interesse em saber informações sobre ciência e
monarquia, sem identificar o personagem central.

16. Se respondeu não... Por que não acharia interessante a criação de um website sobre a
história de um monarca que se dedicou à ciência?

207 respondentes e 26 respostas válidas.

Para o grupo que não possuía interesse na temática pesquisada, houve 26 respondentes. Dentre
eles, 16 respondentes não têm interesse pelo assunto, 6 não se interessam sobre ciência e as
restantes 5 pessoas, apontam outras questões.

48
17. Se respondeu sim ... Por que acharia interessante a criação de um site sobre a história de
um monarca que se dedicou à ciência?

207 respondentes e 179 respostas válidas.

66 respondentes afirmaram gostarem de assuntos relacionados com história, 37 responderam que


gostam de assuntos sobre ciências, 29 não responderam e os demais mostraram interesse em
diversos pontos.

18. Que tipo de informação gostaria de ver num site deste tipo?

207 respondentes e 195 respostas válidas.

Nas respostas referentes aos tipo de informação que gostariam de ver num website deste tipo,
117 respondentes querem descobrir que contribuição o monarca deu à ciência, 39 os
respondentes querem saber quais as razões que o levaram a interessar-se pela ciências, 16
desejam obter informações sobre a vida do monarca, 13 apontaram que gostariam de saber onde
podem encontrar locais com essa informação, 10 assinalaram todas as hipóteses e 12 não
responderam.

Observações finais

Esse questionário amplia a discussão acerca da possibilidade e o interesse genuíno de criar um website
com o tema da oceanografia portuguesa. O resultado revela que há interesse neste tipo de informação
tanto por parte de homens como mulheres, com maior concentração entre 31 e 50 anos. O tema é de
importância abrangente do ponto de vista territorial (entre portugueses e brasileiros residentes em
Portugal), mas também desperta interesse internacionalmente.

As vantagens do uso do ambiente virtual para coleta exploratória de dados foram a possibilidade de
captar participantes de diversas localizações geográficas com baixo custo.

É, no entanto importante destacar que houve limitações no questionário online e foram elas: exclusão
dos analfabetos digitais, impedimento do auxílio ao participante quando o mesmo não compreendeu
alguma pergunta, impossibilidade do conhecimento das circunstâncias em que o questionário foi
respondido, a legitimidade das respostas e a representatividade, já que os respondentes eram na sua
maioria da lista de contatos da autora.

3.4 Alcance do website

A primeira é unânime que a orientação para se planear um website de divulgação científica é que
devemos levar em conta ter um conteúdo informático o mais claro possível para o seu objetivo, além de
transformar a navegação num momento fácil. Isso passa, primeiramente, pelo conceito e criação da
própria página.

E as primeiras etapas para a publicação num website, referem-se ao conceito e definição de website:
fazer o registro do domínio (o nome do website, contratar um serviço de hospedagem - faz com que
website fique disponível), escolher um bom construtor de websites e definir um template para usar.

Logo a seguir às definições principais do website, a segunda etapa a planear são as investigações do
controlo dos algoritmos. Isto é, todas as tarefas executadas pelo computador, são baseadas em algoritmos.
Logo, um algoritmo é simplesmente uma "receita" para executarmos uma tarefa ou resolver algum
problema, o computador para trabalhar deve também ter códigos bem definidos, pois é uma máquina que
o executará.
49
Dentro das ferramentas existentes que auxiliam no desenvolvimento e controle de uma estratégia de
marketing digital está o Ubersuggest, uma ferramenta gratuita de pesquisa, bastante utilizada para listar
os sites dentro dos mecanismos de buscas como: Google, Bing, Yahoo Search (principais websites que
o usuário utiliza para pesquisar assuntos diversos). Essa listagem de buscas se dá através da criação,
estudos e desenvolvimento de palavras-chaves que possibilitam maior captura de visitantes ou podem
reverter visitantes de um site a outro. Com o uso do Ubersuggest é apontado um aumento de 30% no
tráfego orgânico no Google.

Mas como funciona? Na criação de um website dedicado ao Rei D. Carlos, definimos as palavras
chave que podem facilitar a localização do website dentro dos sites de busca, como por exemplo: D.
Carlos, Oceanografia, Oceanografia Portuguesa e Ciências do Mar. Devemos eliminar a utilização de
palavras que apresentam dificuldade de listar, como por exemplo: nomes científicos. Essa seleção de
palavras pode ser classificada como cauda curta e cauda longa, ou seja, que palavras tem mais extensão
de atingir um público, ou o contrário. No geral, são palavras que bem representadas vão-se tornando num
funil que vai deixando os termos pesquisados cada vez mais específicos e facilitam a chegada dos
usuários ao site.

A ferramenta ainda, mostra informações relevantes das páginas semelhantes, ou seja, com a utilização
do Ubersuggest, é possível ver quais as palavras-chave que estão sendo utilizadas pelos principais sites
a respeito do assunto que estamos a tratar, além de fornecer exemplos de palavras-chave no mesmo
seguimento do termo inicial, mostrando sinônimos frequentemente não usados pelos concorrentes, que
poderiam ser utilizados pelos usuários na hora de realizar a pesquisa.

3.4.1 Pesquisa e análise Ubersuggest

Abaixo apresenta-se uma breve pesquisa e análise feita no Ubersuggest, no dia 09/11/2021, na versão
gratuita, recorrendo às seguintes palavras-chaves: Oceanografia, Rei Portugal, Iate Amélia. Esta pesquisa
e análise foi feita na língua portuguesa de Portugal.

Análise de Palavras-chave: oceanografia, Rei Portugal, iate Amélia.

50
Figura 49: Análise de palavras-chave.
Fonte: https://neilpatel.com/br/ubersuggest/.

● VOLUME DE BUSCA - refere-se ao número de buscas por esta palavra-chave no intervalo de


um mês. Notamos que a busca das palavras citadas é baixa isso sugere que não há muito busca
por estas palavras, mas também pode ser compreendida em duas situações: as pessoas não têm
interesse por esse tópico, ou as pessoas estão procurando o assunto por outra palavra de
referência, isto é denominado “jornada consciente do cliente”. Ex.: uma pessoa começa a sua
jornada (busca na internet) sobre oceanografia, mas não tem referência de nomes na área. O
passo a seguir é o Google indicar listas de websites, blogs de pessoas que se dispuseram a criar
conteúdo sobre o assunto, apresentando a definição do que é Oceanografia. Passado esse
momento, das primeiras introduções, o utilizador, que já saberá a definição de Oceanografia, terá
uma segunda lista de indicações: livros, estudos e pessoas importantes nesta área, e neste
momento o site também deverá ajudá-lo a aprofundar o assunto. Quanto mais procura tem uma
palavra, mais terá websites de referência sobre o assunto, e a criação de um novo conteúdo deverá
competir com os websites já existentes. Porém, quanto menos uma palavra é pesquisada, mas
chance se tem de potencializar a busca através da criação de um conteúdo novo e de qualidade,
fazendo o website ser referência no assunto proposto;

● SEO Difficulty – é o nível aproximado de concorrência na busca orgânica. Quanto mais alto o
número, mais competitiva a palavra-chave;

Volume de Buscas: Oceanografia, Rei Portugal, Iate Amélia

51
Figura 50: Volume de busca.
Fonte: https://neilpatel.com/br/ubersuggest/.

Ideias de palavra-chave dentro do universo: Oceanografia, Rei Portugal, Iate Amélia.

52
Figura 51: Ideia de palavra-chave.
Fonte: https://neilpatel.com/br/ubersuggest/.

No item de pesquisa, ideias de palavras-chave, o Ubersuggest apresenta palavras que as pessoas


procuram, exemplos:

1. Oceanografia Portugal, nota-se que é genérica sobre Oceanografia, mas dentro de um interesse
comum: país Portugal.

2. Oceanografia Biológica, nota-se que é uma busca mais específica, direcionada por biólogos.

3. Último Rei de Portugal em vez de D. Carlos. Isso mostra onde a jornada do utilizador se inicia
na busca do Google.

4. Iate Amélia e Yatch Dona Amélia, têm as mesmas buscas, muito direcionadas à Marinha.

Com essa breve análise, podemos ir desenhando as palavras-chaves e o modo de como iremos
trabalhar o texto, a fim de criar conteúdo relevantes, alinhados ao início da jornada do conhecimento do
usuário.

Ideias de conteúdo para palavras-chaves: Oceanografia, Rei Portugal, Iate Amélia

53
Figura 52: Ideia de palavra-chave.
Fonte: https://neilpatel.com/br/ubersuggest/.

4. DISCUSSÃO FINAL

Sendo o objetivo deste projeto o desenvolvimento da planificação de um website sobre a divulgação da


ciência, a primeira questão que levantamos é: Por que pensar sobre este assunto foi fundamental?

A resposta vem em conjunto com a mudança da própria sociedade, com o desenvolvimento tecnológico
as mudanças acontecem a todo o momento e as transformações estão cada vez mais velozes e no campo da
ciência não é diferente. Cada vez mais são desenvolvidos estudos em diferentes áreas e é importante que as
pessoas estejam por dentro dessas novidades, mas da mesma forma que a internet facilitou o acesso a
notícias sobre diversos conteúdos, também aumentaram o número de plataformas que disseminam
informações incorretas sobre determinados fatos, principalmente relacionados com a ciência. Foi pensando
sobre isso, que surgiu a ideia de produzir um website de divulgação científica sobre a oceanografia

54
portuguesa, que divulgasse dados, artigos e novidades na área da oceanografia, mas com fontes seguras,
com um sistema de classificação bibliográfica respeitável e documentos legítimos.

Especificamente quando falamos numa planificação de website de divulgação em ciência sobre o


trabalho na área da oceanografia desenvolvido por D. Carlos, a relevância da personagem a ser estudada, e
a seriedade das instituições que hoje acolhem o espólio, traduzem a responsabilidade com que esta
planificação deve ser tratada.

Desta forma, buscar consolidar todas as informações nas instituições e averiguar se os documentos
muitas vezes descritos existiam e se poderiam ser utilizados neste projeto foi de extrema importância,
porque se passou a entender que a internet constitui uma plataforma essencial para divulgar áreas de
extrema relevância no contexto histórico-científico, podendo ser uma óptima fonte secundária de pesquisa.

Neste sentido, quando se teve acesso aos documentos originais do Rei D. Carlos, documentos esses que
incluíam expedições oceanográficas, estudos, e fotografias das exposições, foi importante avaliar os
documentos com determinado critério ressaltando não somente a legitimidade, mas principalmente se esses
documentos traziam autoridade no assunto, atualidade das informações e precisão sobre o tema.

Instituições como a Comissão Cultural da Marinha, onde se mantém o mais rico espólio sobre a
oceanografia portuguesa, possibilitaram levantar documentos como relatos do rei na primeira pessoa, sobre
as suas expectativas, objetivos e conhecimento das espécies encontradas nas campanhas e investigações
oceanográficas, tais como diários de bordo e certificados de reconhecimentos das suas atividades
científicas. Possibilitou trazer a clareza, a coerência com os propósitos do projeto, também passou a ser um
local onde a busca, atualização e revisão do conteúdo sobre oceanografia sempre se faz necessária.

Ainda neste âmbito de reconhecimento na área, ter acesso ao material bibliográfico dos Professores Luiz
Saldanha e Mário Ruivo permitiu aprofundar o conhecimento a respeito da oceanografia portuguesa no
sentido mais atualizado da questão e da importância do tema, além de apontar as referências bibliográficas
da mais alta qualidade sobre os estudos oceanográficos de D. Carlos.

Pode não parecer comum, mas a transição das fontes convencionais para a internet se destaca pela
peculiaridade de identificar como um item de avaliação da origem da fonte, ou seja, se foi desenvolvida
para o website, ou se foi originalmente produzida para um outro formato e passado para o website, isto é,
acrescenta valor ao conteúdo na internet. Este projeto de planificação do website, foi pensado de forma a
que as informações disponíveis na internet tivessem credibilidade, e para isso foi preciso criar formas de
determinar a precisão e a confiabilidade dos documentos, listando-os através de investigações, estágios e
recolha de documentos que comprovassem, tanto nos acervos bibliográficos, como em muitas outras
instituições que mantém uma notável tradição histórica sobre a monarquia, oceanografia e o próprio Rei D.
Carlos. Muitas foram as características e os formatos de fontes investigadas, e o seu estudo e análise teve
foco procurando contribuir para a qualidade da informação do website, além de averiguar se futuramente
haveria autorizações e recursos necessários para o seu uso.

Entretanto, para a construção desta forma de divulgação também foram utilizados veículos que
pudessem ajudar a compreender não somente os documentos, mas também o perfil do utilizador do website
tendo, para tal, sido realizado um estudo experimental no Instagram através de um perfil intitulado: Rei D.
Carlos I: o primeiro cientista oceanográfico de Portugal.

Esse perfil, criado em 05/12/2020, e encerrado 43 dias depois, a 16/01/2021, permitiu obter um
panorama dos temas que mais bem recebidos pelo público digital, os temas que possuem maior adesão,
participação e interação e ainda os tópicos que despertam menos interesse.

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Os critérios utilizados por estes serviços não verificam com exatidão as informações; autoridade do
criador (qualidade); adequação dos links e outros recursos disponibilizados; critérios essenciais para a
criação de um website. Mas, pelo Instagram pode-se manter a qualidade na organização das informações
apresentadas (como citado anteriormente); a verificação da facilidade do utilizador no ambiente digital;
apresentar um projeto gráfico prévio (disponibilizando imagens); além de realizar a aproximação do
público que pretende atingir; ao mesmo tempo que consegue desenvolver parâmetros de análise do
utilizador, as suas habilidades para avaliação do conteúdo, além de demonstrar algumas pistas que devem
ser seguidas posteriormente na construção do website, como, por exemplo que mulheres tendem ter mais
interesse em conteúdos sobre a monarquia, enquanto os homens se mantêm mais interessados no conteúdo
científico. Além de Lisboa, Porto, Braga, Coimbra e Setúbal, serem as cidades mais representadas no
âmbito nacional, também houve interesse nestas temáticas por parte de visitantes internacionais do Brasil,
Espanha, Itália e Alemanha.

Ainda no campo do perfil do Instagram, há um conjunto de publicações nas quais se podem descrever
critérios classificados em três grupos: critérios de conteúdo, critérios de forma e critérios de processo.

Os critérios de conteúdo procuraram identificar se os utilizadores questionavam a validade das


informações; somente 2 usuários questionaram a fonte e as informações nela contidas. Um utilizador
questionou a precisão de uma informação ligada a uma referência de um peixe farol, exposto no Aquário
Vasco da Gama, além de salientar a imprecisão de onde foi encontrado o documento original. Outro
utilizador refere-se à correção de informações históricas sobre Maria II, no post curiosidades. Isso
demonstra, que mesmo no Instagram, a autoridade e reputação da fonte deve ser uma especialidade e o
principal status do produtor de conteúdo no website; pois a singularidade dessa informação, está na
cobertura, na profundidade e na amplitude que o Instagram atingiu; sendo fonte de interação de
historiadores e biólogos portugueses.

Isto pode-nos orientar a respeito da planificação do website, pois, além de ser somente um veículo de
divulgação das ciências e da oceanografia portuguesa, pode vir a tornar-se uma fonte confiável a futuros
investigadores.

Critérios de forma que se relacionam com a apresentação e organização do conteúdo e ainda as interfaces
utilizadas. Este grupo contempla as características de navegação e a facilidade de orientação dos
utilizadores, quando o Instagram foi dividido em 5 posts de interação, possibilitou-nos verificar se todos os
usuários tiveram compreensão sobre o assunto, agilidade em fazer perguntas e obter respostas de
conhecimento que procuravam, além de compreendermos quais os posts que tiveram maior participação
nas perguntas colocadas e aceitação nos padrões de imagens e temas apresentados.

Finalmente, em função da volatilidade da Internet, também foi pensado o critério de processo,


relacionado com os elementos existentes para apoiar e manter os recursos de um website disponível. Neste
caso, destaca-se a necessidade da integridade da informação, o valor da informação ao longo do tempo e
quem se poderá relacionar com o trabalho e na manutenção dessas fontes de informação.

A integridade do website não se deve relacionar com o trabalho do criador do website ou do webmaster
para manter o website estável e disponível; administrar o perfil do Instagram mesmo em fase temporária
foi extremamente complexo, principalmente para manter a integridade do sistema e as regularidades nas
publicações. Desta forma, pode-se destacar nesta fase experimental, que os critérios de processo, os que se
referem ao trabalho dos administradores do sistema, após a conclusão do website, devem estar associados
a uma instituição que possa manter o servidor estável e disponível ao longo do tempo, sendo ainda fonte de
repositórios constante por parte de outros investigadores.

56
Após realizar uma série de análises e estratégias para compreender e disponibilizar as informações
científicas nas tecnologias digitais foi preciso aceitar que ainda havia uma pergunta não respondida: Para
quem serve esse conteúdo? Deve estar ligado à prática pedagógica e académica? E para tentar encontrar
resposta a estas questões, realizou-se um questionário de análise exploratória no Google Forms.

Refletindo a respeito do projeto proposto foram discutidos e apresentados aqui os resultados de uma
análise de público exploratória, que surgiu a partir de uma necessidade identificada no decorrer do
desenvolvimento da planificação do website, mas foi intensificada na fase final de conclusão deste projeto,
e o objetivo deste tópico por agora, é somente discutir e apresentar, de forma prática, algumas possibilidades
de utilização do website por parte do público.

Em resumo os pontos relevantes do questionário nos mostra que existe a possibilidade de se fazer um
website sobre a história da oceanografia portuguesa, há interesse tanto de homens e mulheres neste assunto
e uma distribuição entre as faixas etárias, com maior concentração entre 31 e 50 anos e utilizadores que
possuem um nível superior de educação.

Outro ponto relevante no questionário é quanto ao interesse em pesquisar sobre ciência e história nos
buscadores online como o Google, do total de 207 respondentes, 194 disseram que já tinham pesquisado
informações sobre história e ou ciências na internet anteriormente. Essa informação vem ao encontro do
objetivo do website, levar informação e conhecimento, pois utilizadores que estão em processos de
transformação do seu conhecimento, sejam eles sociais, históricos ou científicos, sabe o valor de construir
conhecimento e buscam veículos com fontes mais confiáveis. São utilizadores que facilmente poderão
recorrer ao website para obter informações, o desafio prevalecerá em manter o envolvimento desse público
no website.

No questionário, ainda foram apontadas quais os tipos de informações que os respondentes gostariam
de ver num website deste tipo. 117 respondentes querem descobrir que contribuição o monarca deu à
ciência, 39 dos respondentes querem saber quais as razões que o levaram a interessar-se pela ciências, 16
desejam obter informações sobre a vida do monarca, 13 apontaram que gostariam de saber onde podem
encontrar locais com essas informações, e esses dados são relevantes para o desenvolvimento do website
porque revela um pouco sobre os fenômenos que movem os utilizadores e facilita uma sistematização na
alimentação da produção de conhecimento sobre essas áreas específicas.

Neste projeto, além de desenhar uma possível estrutura de website para divulgação do património
histórico-científico relacionado com o Rei D. Carlos, garantir que as fontes fossem fidedignas e testar as
temáticas, em última instância tentou-se revelar alguns dados sobre o uso de recursos de informação na
divulgação científica, por meio de controle de algoritmos, no Ubbersugest.

Após entrevistas com profissionais da área de tecnologia, ficou claro que a aplicação de palavras-chaves
no Ubbersugest, revelaria uma grande variedade de parâmetros qualitativos e quantitativos, os quais
poderiam ser reunidos e ordenados conforme as necessidades e o objetivo na divulgação do website.

Como facilmente se compreende, este trabalho não passa de uma primeira contribuição para um projeto
de planificação de um website para a divulgação e valorização das coleções oceanográficas portuguesas.
Mesmo que tenhamos conseguido apresentar um levantamento geral de informações sobre a Oceanografia
e as expedições realizadas por D. Carlos I, muito se encontra ainda por estudar. Podemos mesmo afirmar
que um dos principais resultados deste projeto foi a abertura de novas frentes de investigação no âmbito de
divulgação das ciências do mar, até então de difícil acesso a um público mais alargado devido à inexistência
de uma base historiográfica digital que a apoiasse. E agora será possível repensar com maior detalhe a
possibilidade de identificar formas de divulgação através do website, de trazer informações valiosas para
um público jovem que deseja conhecer mais sobre a oceanografia portuguesa, dando em particular a
57
importância histórica e de reconhecimento nacional e internacional sobre esse tema. Por outro lado, ainda
há várias formas de divulgação pela internet que merecem ser tratadas em futuros estudos mais
aprofundados, pelo seu importante contributo para a ciência portuguesa e para a própria análise e
compreensão da importância das expedições oceanográficas para o desenvolvimento da oceanografia
mundial.

Assim, tendo em vista todas as mudanças e evoluções ocorridas na produção do conhecimento esse
breve estudo permitirá tão somente responder a questões tão pertinentes sobre as formas convencionais de
classificação e divulgação, e instigar o que será preciso que sejam utilizadas as novas ferramentas e as
novas formas para classificar, divulgar e compartilhar conteúdo na internet, a fim de inserir neste ambiente
material de qualidade, que possibilite ao utilizador um melhor acesso às informações e indo ao encontro
dos conteúdos que estes utilizadores procuram.

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