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Ao Professor Doutor Mário Teixeira Krüger, orientador desta dissertação, pela inestimável contribuição
dada ao seu desenvolvimento, traduzida, em diversos momentos, por leituras, sugestões, críticas e
advertências, sempre pertinentes.
Ao Professor Doutor Nuno Martins Portas, figura referencial do meu trajecto académico e profissional
que, tendo começado, de igual modo, como orientador desta investigação, atingiu a sua Jubilação
no decurso da mesma. As suas contribuições críticas foram, também elas, indispensáveis para o
enquadramento temático da nossa investigação.
Às diversas personalidades que tivemos a oportunidade de entrevistar, ou que nos permitiram acesso a
informação necessária ao aprofundamento dos nossos Casos-de-Estudo, cujas informações se revelaram
fundamentais para o desenvolvimento da investigação e que a seguir se enumeram.
A todos as pessoas com quem tivemos a possibilidade de trocar informações ou dados necessários ao
aprofundamento dos nossos Casos-de-Estudo, e que a seguir se enumeram.
À Professora Doutora Ana Tostões, Professora Associada do Instituto Superior Técnico, pelos dados
proporcionados em torno do projecto do Edifício-Sede da Fundação Calouste Gulbenkian e do Centro
de Arte Moderna da mesma Fundação, mais especificamente, pelo convite que nos dirigiu para escrever
para o catálogo e para guiar uma visita pública à Exposição que comissariou, em 2006, por ocasião do
50º Aniversário da instituição – Edifício-Sede e Museu Gulbenkian, A Arquitectura dos Anos 60.
Ao Dr. Fernando Pernes, pelo convite para leccionar, em 2005, um Curso sobre Arquitectura Portuguesa
no Século XX, na Fundação de Serralves, coincidente com a Mostra Álvaro Siza, Expôr, On Display
(comissariado de Carlos Castanheira e João Fernandes), dando-nos a possibilidade de orientar uma
visita pedagógica à exposição.
Ao Arquitecto António Leitão Barbosa, pela informação e dados prestados sobre o “Programa para o
Museu de Arte Moderna da Fundação de Serralves”, de 1991, gizado pela Dra. Etheline Rosas, então
responsável pela Museologia da Fundação de Serralves, com quem colaborou.
A todos os colegas do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (DARQ/FCTUC), em especial ao seu Presidente, Arquitecto José Fernando
Gonçalves, ao Professor Gonçalo Sousa Byrne, coordenador da cadeira de Projecto V, com quem vimos
aprendendo, há 17 anos, o fascínio de ensinar Arquitectura, aos colegas de sempre, nomeadamente aos
Professores Doutores Paulo Varela Gomes, José António Bandeirinha, Walter Rossa, Vítor Murtinho,
António Olaio, Paulo Providência, Pedro Maurício Borges, Ana Paula Santana, e, também, em particular,
aos Arquitectos João Paulo Cardielos, Rui Lobo, Jorge Figueira, José Gigante, João Mendes Ribeiro, Carlos
Martins, Gonçalo Canto Moniz, Joaquim Almeida, António Lousa, Nelson Mota e Miguel Correia.
À Dra. Graça Simões, Bibliotecária do DARQ/FCTUC, pelo interesse demonstrado na busca de
importante bibliografia noutras bibliotecas universitárias.
A todos os nossos alunos do DARQ/FCTUC com quem, desde 1993, aprendemos a ensinar.
À Joana Couceiro pela amizade e dedicação demonstrada na estruturação e paginação deste documento,
incluindo o tratamento gráfico das suas imagens.
Finalmente, numa referência mais pessoal, à família, nomeadamente, Alexandra Grande, Nuno Coutinho
Grande, Olímpio Coutinho, Adelina Coutinho, Daniela Coutinho, Nuno Rodrigues Grande, Ana Maria
Grande, Adélia Grande, Alberto Leite Rodrigues, Cristina Grande, Catarina Grande, Pedro Azevedo,
Beatriz Azevedo e Inês Azevedo.
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RESUMO
Esta dissertação desenvolve uma análise sobre o recente protagonismo dos Grandes
Equipamentos Culturais na afirmação política, cultural e social, das cidades e da sua
arquitectura, no quadro da cultura urbana ocidental e, particularmente, da portuguesa. Essa
análise, desenvolvida de forma evolutiva, parte da constatação de que uma nova “geo-política”
da Cultura – aqui entendida como política e prática de poder – se foi afirmando na Europa,
entre o II pós-Guerra e o final do século XX; isto é, entre a democratização e a modernização
encetadas pelos Estados-providência, nas décadas de 50 e 60, e a Globalização dos sistemas
políticos, económicos e culturais do fim-de-século, passando ainda pela “viragem” pós-moderna
gerada no seio da “contracultura” circa 68, mas também, no universo neo-liberal e conservador
da década de 80.
No caso português, essa leitura tem em conta o desfasamento histórico gerado pela longa
manutenção política do regime do Estado Novo, pela conquista tardia de muitos direitos
sociais após a Revolução de 25 de Abril de 1974, mas também pela necessária contemporização
cultural com o resto da Europa, após a adesão do país à CEE, em 1985.
A dissertação pretende assim demonstrar como ao longo dessa relação sequencial entre
política cultural, debate interdisciplinar e espaço arquitectónico, se foram definindo, em
diversos sentidos e tempos, novas “arquitecturas da Cultura”; mas também, como, em
Portugal, estas arquitecturas se colocaram, precisamente, no centro de um ”curto-circuito”
– conceito resgatado ao sociólogo Boaventura de Sousa Santos – entre uma modernização
tardia e a aceitação inadiável de valores de aculturação pós-modernos, na Arte, na Cultura e
na Sociedade.
Nessa demonstração, utilizam-se quatro casos-de-estudo, situados em Portugal – a Sede
e Museu Calouste Gulbenkian (Lisboa, 1959-1969); o Centro de Arte Moderna da mesma
Fundação (Lisboa, 1979-1983); o Centro Cultural de Belém (Lisboa, 1989-1992); e o Museu de
Arte Contemporânea de Serralves (Porto, 1994-1999) – instituições e arquitecturas lançadas
no âmbito de políticas e práticas culturais temporalmente precisas, cuja génese acompanhou
e corporizou, década-a-década, não apenas a descrita evolução internacional, como também
esse “curto-circuito” histórico tão distintivo da contemporaneidade Portuguesa.
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ABSTRACT
This essay analyses the recent role of the so-called Great Cultural Institutions within the
political, social and cultural affirmation of cities and their architecture, in what concerns
Western urban cultures and, specifically on the Portuguese context.
On a chronological stand, this analysis accepts that a new “geopolitics” of Culture –
understood in the frame of politics and practises of power - has emerged in Europe, between
the second post-war period and the end of the XX century; that is, between the Welfare State
democratization and modernization process, in the 50’s and 60’s, and the political, economical
and cultural Globalization, at the end of the century, as well as considering the post-modern
“turn” generated amongst “counter-cultural” movements circa 1968, but also amongst neo-
liberal and conservative inputs during the 80’s.
In the Portuguese situation, this analysis enhances the historical gap generated by the country’s
long political dictatorship (the Estado Novo regime), the delayed conquest of several social
rights post-Revolution of April 25th, 1974, but also the recent cultural acceleration to cope with
other European societies, especially after the country joined the EEC, in 1985.
This essay aims, thus, to demonstrate how this sequential relation between cultural politics,
interdisciplinary debate and architectural space, has generated, in many senses and periods,
new “architectures of Culture”; but also, how these architectures placed themselves inside a
kind of “short circuit” – evoking an idea by Boaventura de Sousa Santos – established between
a delayed Modernization and an inevitable insertion within Postmodern values, in Art, Culture
and Society.
This demonstration is applied to four Portuguese case studies - the Museum Headquarters
of the Calouste Gulbenkian Foundation (Lisbon, 1959-1969); the Modern Art Centre at the
same institution (Lisbon, 1979-1983); Belém Cultural Centre (Lisbon, 1989-1992); and Serralves
Contemporary Art Museum (Porto, 1994-1999) - institutions and architectures erected in
the scope of timely cultural politics and practices, which reflect not only that international
evolution, decade-after-decade, but also the above mentioned historical “short circuit” so
distinctive of contemporary Portugal.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 15
UM. O II Pós-Guerra 27
2.4 Caso-de-estudo II: Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian 231
2.4.1 Novo fôlego nas políticas da Fundação Calouste Gulbenkian 231
2.4.2 Uma megaestrutura no Parque Gulbenkian 239
2.4.3 Entre o CAM e o ACARTE: diálogo, didactismo e animação cultural 249
EPÍLOGO 601
Conclusões 603
Quatro Épocas: Quatro Políticas Culturais 604
Quatro Épocas: Quatro Debates Disciplinares 609
Quatro Épocas: Quatro Espaços Culturais 613
Perspectiva 617
BIBLIOGRAFIA 619
INTRODUÇÃO
16 | Introdução
Aesthetic and cultural practices are peculiarly susceptible to the changing experience of space and time
precisely because they entail the construction of spatial representations and artefacts out of the flow of
human experience. They always broker between Being and Becoming.
A minha posição é que a sociedade portuguesa tem ainda de cumprir algumas das promessas da
modernidade, mas tem de as cumprir à revelia da teoria da modernização. Desta posição decorrem duas
implicações principais. A primeira é que as promessas da modernidade a cumprir têm de ser cumpridas
em curto-circuito com as promessas emergentes da pós-modernidade. (…) A segunda implicação do
cumprimento da modernidade à revelia da modernização é que é preciso combater a ideia de que tudo o
que na sociedade portuguesa é diferente das sociedades centrais é sinal de atraso e deve ser erradicado no
processo de desenvolvimento. A contabilidade profunda da sociedade portuguesa está ainda por fazer.
A nossa leitura centrar-se-á em duas vertentes: por um lado, no protagonismo alcançado pelos
Grandes Equipamentos Culturas, ou pelas Arquitecturas da Cultura, no seio das sociedades
ocidentais, tomando, como pontos de partida, os panoramas internacionais que marcaram a
sua concepção, programação e uso, ao longo da segunda metade do século XX; por outro, e
enquanto reflexo localizado dessa concepção, na análise de casos-de-estudo seleccionados no
panorama cultural português, nesse mesmo período, procurando situar as culturas urbana,
arquitectónica e artística portuguesas num contexto sistémico mais amplo. Coloquemos, então,
uma primeira hipótese de leitura:
No universo ocidental, e ao longo do último meio século, a sucessiva instituição de novas Arquitecturas
da Cultura foi marcando simbolicamente alguns dos momentos de charneira na passagem da modernidade
para a contemporaneidade cultural (que em diversos aspectos consideraremos como pós-modernidade).
Neste sentido, o arco temporal que nos propomos analisar inicia-se no final da década de 40,
momento em que o esforço da Reconstrução Europeia do II pós-guerra – não apenas numa
perspectiva física, mas também política e social – se repercute culturalmente em todo o Velho
Continente, e concretamente em países periféricos e menos afectados pelo conflito bélico, como
Portugal.
Essas repercussões tornam-se visíveis na atenção que a Cultura – enquanto política pública
ou iniciativa mecenática privada – passa a merecer no desenvolvimento estratégico das
sociedades europeias, com maior impacto na criação de eventos e equipamentos urbanos, de
fruição progressivamente mais ecuménica e democratizada.
Noutro sentido, procuramos compreender como esta conjuntura foi sendo influenciada pelo
debate inter-geracional que emerge no final da década de 60, em torno de questões seminais para
a definição de uma “politica cultural” – a dicotomia entre “erudito” e “popular”, a proliferação
dos meios de comunicação, do espectáculo e do entretenimento, o reconhecimento de uma
“cultura de massas”, a emergência de uma “contracultura”, ou o retorno filosófico a temas
como a tradição, a identidade, e a hibridação cultural. Na cultura arquitectónica este é também
um tempo de revisão do corpo doutrinário do Movimento Moderno, processo que, ao longo
das décadas seguintes, culminará na sua recusa e na proposta de uma pretensa alternância
conceptual - o pós-modernismo. Tentaremos indagar o modo como este debate interdisciplinar
Introdução | 19
Não sendo um factor novo na história do Ocidente – onde o mecenato ou a propaganda cultural
foram, por exemplo, determinantes na afirmação de poderes tão distintos quanto os dos
príncipes no Renascimento, dos monarcas e clérigos no Barroco, dos estadistas no Iluminismo,
nos Imperialismos oitocentistas e nas Ditaduras europeias da primeira metade do século XX
– a verdade é que o período após a Segunda Guerra Mundial marcou uma decisiva mudança
no exercício do poder em relação à Cultura, tornando-o, como veremos, mais reactivo às
dinâmicas sociais estabelecidas por encadeamentos do tipo produção-distribuição-consumo
(criação-intermediação-fruição), sobretudo sob a influência progressivamente hegemónica das
chamadas “indústrias culturais”. De algum modo, e como veremos, a Cultura foi adquirindo, ao
longo desse século, um protagonismo político e social outrora detido, quase só, pela Religião.
Esta nova condição geopolítica da Cultura será interpretada, de diferentes modos, pelas
sucessivas gerações de políticas culturais, estabelecidas década-a-década, sobretudo nos
países europeus que, primeiramente fortalecidos pela mão centralizadora do Estado-
Providência, assistiram ao posterior enfraquecimento dos seus mecanismos de regulação
política e de capitalização financeira, ditados por sucessivos embates socio-económicos - como
os processos de descolonização e os movimentos de “contracultura”, os choques petrolíferos
e a desindustrialização, ou ainda a desregulação neo-liberal e os efeitos da globalização
finissecular, sobretudo após a queda do Muro de Berlim, em 1989.
Partimos por isso do entendimento de que a “espacialização” da Cultura, reflectida em muitas
das arquitecturas que analisaremos, reflecte essa sucessão de acontecimentos, acompanhando
programaticamente as concepções políticas e sociais dessas décadas. Neste processo, a
criação de grandes eventos culturais - Exposições Universais, Capitais da Cultura, Bienais
e Festivais de Arte - mas sobretudo de grandes equipamentos culturais, num sentido mais
perene e estruturante - Museus, Centros de Arte, Teatros, Óperas, Auditórios e Concert-Halls
- constituem um importante legado arquitectónico e urbano que nos permite estabelecer, do
mesmo modo, uma História das mentalidades.
Tendo em conta a definição da temática, e considerando o período histórico em estudo, a
dissertação delimita e caracteriza, do ponto de vista da sua análise, quatro contextos espaciais
e temporais. Estes expressam a interacção entre sucessivas culturas políticas europeias – e,
20 | Introdução
por reflexo, também portuguesas – e as sequentes gerações de políticas culturais. São eles: o
“II-pósGuerra” (título do Capítulo I); “A viragem de 68” (Capítulo II); “A década da condição
pós-moderna” (Capítulo III); e o “Fim-de-século” (Capítulo IV).
Estes capítulos abrangem assim, genericamente, as décadas que medeiam o II pós-guerra e o
final do século XX, ainda que muitos dos aspectos abordados possam preceder e ultrapassar
estas compartimentações temporais.
Do ponto de vista discursivo, aplicamos a cada um desses contextos uma grelha de leitura que
relaciona os seguintes universos:
A partir desta grelha, pretende-se confrontar as principais Culturas Políticas que definiram as
sociedades europeias da segunda metade do século XX, com as respectivas Políticas Culturais
forjadas no contexto da sua acção. Simultaneamente, procura-se indagar o Debate Cultural
que acompanhou essa mesma acção política, analisando os contributos interdisciplinares
– entre filósofos, sociólogos, geógrafos, urbanistas, arquitectos, artistas, críticos culturais, e
muitos outros – na transformação dos programas lançados ao nível do reequipamento social
e cultural das cidades.
Do cruzamento destes universos torna-se assim possível obter: por um lado, um enquadramento
dos paradigmas culturais e disciplinares que estão a montante da implementação das
Arquitecturas da Cultura mais marcantes, em cada um desses contextos; por outro, e por
reciprocidade, uma avaliação do impacto cultural dos programas e dos espaços arquitectónicos
daí resultantes, em períodos a jusante dessa implementação.
A grelha de leitura servirá particularmente para situar Portugal numa conjuntura mais
abrangente, deslocando a ênfase para as relações políticas e culturais que caracterizam as
últimas duas décadas do Estado Novo e as primeiras três décadas do regime democrático
após a Revolução de 25 de Abril de 1974. Analisando esses mesmos períodos, colocamos uma
terceira hipótese de leitura, agora particularizada no contexto português:
Na segunda metade do século XX, o sector cultural português foi marcado por ciclos de mudança
conjuntural, muito mais dependentes da oportunidade de investimentos inesperados do que da
persistência de políticas estruturantes. Esses ciclos, tantas vezes desfasados em relação às restantes
dinâmicas culturais europeias, resultaram, quer da organização repentina de grandes eventos, quer da
decisão, quase sempre avulsa, em edificar ou renovar importantes equipamentos, de iniciativa privada,
pública ou mista.
Introdução | 21
Considerando o objecto último desta dissertação – perceber a génese dos Grandes Equipamentos
Culturais que marcam a Contemporaneidade Portuguesa – e tendo em conta a hipótese acima
colocada, orientou-se a escolha dos nossos casos-de-estudo, tendo como base os seguintes
pressupostos:
Face aos critérios expostos, circunscreveu-se a análise a quatro casos - em coincidência com
as quatro circunstâncias temporais já definidas - os quais, se tornaram, por si próprios,
testemunhos edificados da cultura contemporânea portuguesa, quer no âmbito político e
social, quer na dimensão arquitectónica e urbanística. São eles: o Edifício-Sede e Museu da
Fundação Gulbenkian (Capítulo I); o Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, da
mesma Fundação, que abreviaremos para Centro de Arte Moderna ou “CAM” (Capítulo II);
o Centro Cultural de Belém ou “CCB” (Capítulo III); e o Museu de Arte Contemporânea de
Serralves (Capítulo IV).
Considerando esta escolha, lançamos uma última hipótese de leitura:
A história da implementação destas Arquitecturas da Cultura espelha a própria história das Políticas
Culturais em Portugal, quer em períodos em que estas se desenvolvem praticamente fora do âmbito
estatal (veja-se o protagonismo da Fundação Gulbenkian durante o Estado Novo), quer em períodos
em que estas consagram simbolicamente o novo regime democrático (veja-se o investimento no Centro
Cultural de Belém levado a cabo pelos governos do Primeiro-ministro Cavaco Silva).
.
Cruzando as quatro hipóteses lançadas ao longo deste ponto, sustenta-se, então, a tese
orientadora desta dissertação:
Metodologia
cultural do edifício. Acresce dizer que a Fundação de Serralves organizou, em 2005, uma
mostra sobre os projectos de natureza museológica de Álvaro Siza - Álvaro Siza, Expor, On
Display, comissariada por Carlos Castanheira e João Fernandes6. O material aí exposto e o
respectivo catálogo constituem uma referência bibliográfica e iconográfica obrigatória da
nossa investigação;
Iniciemos então o nosso trajecto através de quatro épocas, na companhia dessas quatro
Arquitecturas da Cultura, ou desses quatro personagens que nos servirão, acima de tudo, para
contarmos uma história - a história do nosso tempo.
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1
ELIOT, T. S., Notas para uma Definição de Cultura (edição original de 1948). Lisboa: Edições Século XXI, 1996, p.25
2
SANTOS, Boaventura de Sousa, Pela Mão de Alice, O Social e o Político na Pós-Modernidade. Porto: Edições Afrontamento, 1994,
pp.88-89
3
HARVEY, David, The Condition of Postmodernity. Oxford: Blackwell, 1990, p.327
4
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN, Sede e Museu Gulbenkian. A Arquitectura dos Anos 60 (coord. Ana Tostões), Catálogo
de Exposição: Edição Monográfica e em DVD. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2006
5
GRANDE, Nuno, “O efeito Gulbenkian, das políticas aos espaços. Evolução de um Programa Cultural Percursor”, in Sede e
Museu Calouste Gulbenkian. A Arquitectura dos Anos 60 (coord. Ana Tostões), Catálogo de Exposição: Edição Monográfica e em
DVD. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2006
6
FUNDAÇÃO DE SERRALVES, Álvaro Siza, Expor, On Display (coord. Carlos Castanheira e João Fernandes). Porto: Fundação de
Serralves, 2005