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Centro Universitário de Brasília (UniCEUB)

Faculdade de Ciências da Educação e Saúde


Disciplina: Estatística Aplicada à Psicologia

MYRTHES FREITAS LOPES DEZAN


RA 22007814

A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA PARA A PSICOLOGIA FRENTE A


RESISTÊNCIA DO SEU APRENDIZADO

Brasília
Junho/2023
MYRTHES FREITAS LOPES DEZAN
RA 22007814

IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA PARA A PSICOLOGIA

Artigo apresentada a UniCeub, como menção


parcial para aprovação na disciplina
Estatística Aplicada à Psicologia.

Professor: Flavio Antonio Klein

Brasília
Junho/2023
INTRODUÇÃO

Os fatos e fenômenos sociais podem ser observáveis em nossa sociedade


cotidianamente, são eventos que possuem padrões de comportamento que se manifestam em
processos mentais compartilhados por todos e que são comuns em qualquer sociedade na
história. Contudo, os acontecimentos não se comportam de maneira uniforme, ao contrário,
ao experienciar estímulos internos e externos, cada indivíduo responde de acordo com a sua
constituição psíquica e conforme as influências vivenciadas em seu desenvolvimento.

Assim, nossa rotina, hábitos e costumes, processos mentais são expressos pelo
nosso comportamento e provocam mudanças em nosso meio, resultados que a partir da
observação dos fatos e da frequência com que eles ocorrem, podem ser analisados e presumir
os efeitos ou prever o resultado, propiciando a fundamentação de tomada de decisões nas
mais variadas situações por mais complexas que os fatos se apresentem.

Para tanto, tomamos a estatística como instrumento eficiente e eficaz para


fundamentar e firmar o planejamento de projetos pessoais, institucionais ou de organizações,
visto que, conhecendo o movimento comportamental do objeto a ser analisado, podemos
reconhecer as informações e suas variáveis, calcular as probabilidades e conhecer o resultado,
possibilitando assim evitar erros e prover medidas que atendam a necessidade.

A palavra estatística vem do latim status, significando a necessidade de coletar


dados de interesse do Estado. Segundo VESCHI (2019), estatística é um “neologismo que se
localiza no alemão estatistik”, termo cunhado do latim status mais o sufixo icus,
“compreendendo aquilo que está relacionado ao estado” (VESCHI, 2019), uma vez que
servia de instrumento para a administração do estado por meio de procedimentos contábeis e
numéricos que permitiam a gestão pública.

Estatística é um ramo da matemática que se ocupa de 1 técnicas de coleta de dados,


observando a amostra, população e variáveis, técnicas de análise e técnicas de interpretação
e representação dos resultados, ou seja, analisando os fenômenos passados prever a
probabilidade de eventos futuros, transformando números em informações, permitindo a
escolha de procedimentos adequados para cada situação, disso decorre a importância da
estatística para o estudo da psicologia.

1
Segundo FEIJOO, p.2, 2010) “A esses dados numéricos são aplicados os métodos estatísticos na seguinte ordem: 1º) Coleta
dos dados: os dados são coletados através de questionários, testes, escalas ou qualquer outro instrumento de medida. 2º)
Classificação e condensação dos resultados: as informações colhidas são codificadas e apresentam-se como dados brutos (ou
rol estatístico), que devem ser ordenados e organizados. 3º) Apresentação dos dados por meio de tabelas e gráficos. 4º)
Descrição dos dados. 5º) Análise dos resultados e previsão.”
1. A IMPORTÂNCIA DA ESTATISTA PARA A PSICOLOGIA

A psicologia é uma ciência que estuda o comportamento e processos mentais,


fenômenos simples ou complexos, ambos constituídos de variáveis, expressas pela
“característica de pessoas ou objetos que podem assumir diferentes valores” (FEIJOO, p. 3,
2010) e que podem ser estudados tanto quantitativamente quanto qualitativamente. Variáveis
são todas as coisas que podem ser medidas, ou, tudo aquilo que pode variar e assumir valores
ou categorias diferentes, como por exemplo o sexo, a velocidade de um carro, a temperatura,
as notas de um aluno, o nível de ansiedade de um paciente etc.

Portanto, torna-se necessário para a psicologia instrumentar-se ter procedimentos


adequados, pois, a simples observação nem sempre é capaz de formular um diagnóstico
preciso, sendo imprescindível a utilização da estatística como instrumento de pesquisa
científica psicológica uma vez que, por meios das técnicas de aferição de dados estatísticos é
possível, a partir de uma visão panorâmica do estudo em caso, entender o motivo da variação
e chegar a um resultado mais específico.

Necessário a compreensão do processo investigativo, que passa pela identificação


do problema, planejamento e delimitação do que se quer estudar, coleta e organização dos
dados, análise dos resultados e conclusão, que é o que se quer comunicar ao final do estudo.
Entender e dominar esse processo é fundamental para se entender como a estatística se aplica
à psicologia. A estatística aplicada à psicologia pode ser representada por um ciclo, conforme
sugere WILD e PFANKUCH (1999):

Figura 1.
O psicólogo, tanto clínico como aquele que se dedica às pesquisas acadêmicas, se
deparam diariamente com dados coletados de seus pacientes ou de sua amostra de pesquisa.
Esses dados, por si só, podem sugerir um resultado ou diagnóstico, contudo, se submetidos à
análise estatística, as hipóteses iniciais poderão ser provadas, refutadas ou mesmo, novas
descobertas podem surgir.

Em uma entrevista estruturada, por exemplo, que é aplicado para uma determinada
população, termos como retorno um universo de respostas. No primeiro momento é possível,
minimamente, identificar quantas pessoas responderam de uma determinada maneira a cada
item, escore total, contudo, se levarmos em consideração cada variável que podem afetar
estas respostas, pessoas do mesmo sexo, ou possuam a mesma renda financeira, ou ocupam
a mesma profissão ou que já passaram por uma determinada situação ou não, entre outros,
teremos resultados mais específicos para compreensão do comportamento das respostas.

Outra situação é no atendimento clínico quando estamos diante de um paciente


com quadro de ansiedade, a partir da anamnese é possível identificar os sintomas de e analisar
o comportamento do paciente, no entanto, para mensurar o nível da ansiedade e poder
oferecer um atendimento adequado, o paciente poderá ser submetido a um teste próprio para
este fim, sendo que para verificação dos resultados o psicólogo deverá compreender e saber
aplicar conceitos estatísticos.

Alguns estudos no campo da psicologia são longitudinais, ou seja, ao longo de um


determinado tempo, dos dados coletados observa-se diversas variações no comportamento
do objeto em estudo que refletem o desenvolvimento comportamental, é por meio da
estatística que temos a possibilidade de analisar, organizar as informações, comparar e
interpretar esses efeitos.

Desta forma, temos que, a pesquisa psicológica se baseia na coleta de dados de


uma determinada população separando um determinado fenômeno, objeto de estudo,
procedimento que corresponde aos conceitos inerentes à estatística. A descrição destes
fenômenos importa na mensuração de sua ocorrência, média e desvio padrão, o que
possibilita identificar padrões tendências e variabilidade, proporcionando a verificação da
hipótese proposta, ou seja, sua confirmação ou infirmação, chegando-se à resposta da
pergunta formulada na pesquisa para uma melhor visão do objeto de estudo.
2. RESISTÊNCIA AO APRENDIZADO DA ESTATÍSTICA NA PSICOLOGIA

Por se tratar de uma disciplina afeta a área da matemática, campo científico da área
de exatas que se dedica ao raciocínio lógico e abstrato por meio de cálculos, números,
estruturas algébricas, formas geométricas, a estatística causa estranheza e medo aos
estudantes da área de humanas, como ocorre com estudantes da psicologia, que, por sua vez,
estão mais atentos a compreensão dos sentimentos e das emoções.

De acordo com DANCEY e REIDY (2019), a resistência ao aprendizado da


estatística atinge os alunos das áreas de ciências sociais e humanas, sendo capaz de despertar
sintomas como o medo, ansiedade e levar a procrastinação. Contudo, em tese, deveria ser
mais temeroso ter que compreender “o vago conceito psicológico de “atitude”, do que
aprender “conceito bastante concreto, tal como o de média aritmética” (DANCEY e REIDY,
p. 2, 2019).

O medo e a ansiedade são despertados assim que o estudante se defronta com a


matriz curricular do curso de psicologia, surge então a primeira resignação por não
compreender o porquê da disciplina de estatística em um curso da área de humanas. Ao ser
confrontado com a disciplina, a “ansiedade estatística parece envolver um complexo conjunto
de reações emocionais que, de formas leves, pode induzir a um desconforto menor”, porém
esse quadro se tornar grave e “resultar em resultados negativos, tais como apreensão, medo,
nervosismo e pânico” (HERNANDEZ e outros, p. 661, apud, Onwuegbuzie, 2004).

O estudante de psicologia vive numa situação antagônica entre ansiedade e


procrastinação em relação à estatística “pode ser que o aumento de ansiedade com a estatística
aumente a procrastinação ou então que as alterações na procrastinação causem alterações
como na ansiedade estatística” (DANCEY e REIDY, p. 12, 2019). O estudante sente
ansiedade por ter que estudar estatística e procrastina ou, por outro lado, o estudante
procrastina e se sente ansioso porque sabe que um dia esse conhecimento lhe será exigido,
em ambas as situações acredita que nunca irá aprender.

Figura 2.

ANSIEDADE PROCRASTINAÇÃO
Vou ter que estudar Porque não estudei
estatística! estatística!

Elaborado pela autora, baseado em DANCEY e REIDY, p. 13, 2019.


A ansiedade estatística não é um problema esporádico, sendo que muitos estudantes
de psicologia são afetados por ele e enfrentam sofrimento psicológico, o que nos leva a
questionar a origem ou o causador do problema, se no aprendizado básico de matemática que
foi insuficiente, se decorre de algum processo cognitivo que é próprio de quem persegue uma
ou outra área, ou a forma em que a estatística é inserida no contexto da psicologia.

Alguns estudos evidenciam a necessidade de os professores de estatística dos cursos


de psicologia procurassem apresentar a disciplina de uma maneira mais objetiva buscando a
“redução da ênfase na matemática e o aumento do foco em compreensão dos conceitos da
estatística..., desencorajar a procrastinação..., criar um ambiente descontraído... adotar uma
intervenção totalmente centrada no aluno” (HERNANDEZ e outros, p. 664, 2004),
explicando de forma clara, objetiva e paulatinamente, ou seja, passo a passo de todo o
processo, proporcionando o desenvolvimento do pensamento estatístico.

O fato é que se existe um problema já identificado, este precisa ser investigado para
compreender qual o fator desencadeador do medo, ansiedade e procrastinação do estudo da
estatística. Um estudo desenvolvido por FERNANDES (2009) revelou que estudantes os
estudantes compreendem a importância da estatística, inclusive para a vida pessoal, contudo,
identificou que o aprendizado e o ensino da disciplina apresentam muita dificuldade.

FERNANDES (2009) acredita que “no planejamento da disciplina estatística pode-


se discutir a utilização mínima da matemática, a apresentação de exemplos de sua área, a
realização de pesquisas e trabalhos conjuntos com professores de outras disciplinas,
abordando temas de interesse dos alunos” (FERNANDES, p. 226, 2009), visando melhorar
a percepção sobre a sua aplicação e criar uma memória afetiva do estudante de psicologia em
relação a estatística.

O estudo realizado por FERNANDES (2009) possibilitou que ele identificasse erros
que são cometidos com frequência por estudantes e por futuros professores de conteúdos
relacionados à estatística e, a partir desses dados, elaborou uma planilha, conforme se vê
abaixo.
Tabela 1- Dificuldade e erros em estatística
3. CONCLUSÃO

De todo o exposto, podemos afirmar a importância da estatística para a psicologia,


visto ser o instrumento que permite a coleta de dados e torna as informações coletadas úteis
para a tomada de decisões, processo que se dá com a descrição dos dados coletados e a
identificação de pontos relevantes, padrões e tendências, e avaliação das incertezas, o que
torna possível prever resultados e tomar decisões fundamentadas nestes achados.
Embora seja representativo o número de estudantes que apresentam medo,
ansiedade e acabam procrastinando o aprendizado da estatística, prejudicando seu
desempenho profissional, faz-se necessário que estudantes de psicologia se conscientizem de
sua importância e busque encontrar uma forma de aprendizagem, talvez personaliza de
acordo com seus processos cognitivos.
Por outro lado, novos estudos precisam ser realizados para que o aprendizado e
ensino da estatística seja possível a partir de metodologias que simplifiquem e proporcionem
uma memória afetiva com a disciplina. Assim, entendemos que a universidade precisa estar
atenta a este fenômeno e adotar iniciativas que propiciem o aprendizado e auxiliem o aluno
neste processo.

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REFERÊNCIAS

DANCEY, C.; REIDY, J. (2019). Estatística sem matemática para psicologia. 7. ed. Porto
Alegre: Artmed. 597 p. 12
HERNANDEZ, J.A. SANTOS, H.G.R. silva, J.O.S. LOURENÇO, S.L. RAMOS, V.C.B.R.
(2015). Evidências de Validade da Escala de Ansiedade em Estatística em Alunos da Psicologia.
Psicol. cienc. prof. 35 (3). Jul-Sep 2015. https://doi.org/10.1590/1982-3703000362014

FEIJOO, AMLC. (2010). A pesquisa e a estatística na psicologia e na educação [online].


Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 109p. ISBN: 978-85-7982-048-9.
Available from SciELO Books .

FERNANDES, J.A. (2009). Ensino e aprendizagem da estatística - realidades e desafios.


In: COSTA, C.; MAMEDE, E.; GUIMARÃES, F. (Org.). Números e estatística: reflectindo
no presente, perspectivando o futuro - Actas XIX EIEM. SEM SPCE ed. Vila Real: [s.n.], p.
1–12. Disponível em: https://link.ufms.br/ZCXIo.

IGNÁCIO, S. A. (2012). Importância da Estatística para o Processo de Conhecimento e


Tomada de Decisão. Revista Paranaense De Desenvolvimento - RPD, (118), 175–192.
Recuperado de https://ipardes.emnuvens.com.br/revistaparanaense/article/view/89.

VESCHI, B. (2019) Etimologia, origem e conceito. Etimologia de estatística. Disponível em:


https://etimologia.com.br/estatistica/. Acessado em 03 de junho de 2023.

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