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1. INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA
1.1.Origem da Estatística
Todas as ciências têm suas raízes na história do homem. A Matemática, que é considerada “a ciência
que une a clareza do raciocínio a síntese da linguagem”, originou-se do convívio social, das trocas, da
contagem, com carácter prático, utilitário, empírico.
A Estatística, ramo da Matemática Aplicada, teve origem semelhante. Desde a antiguidade, vários
povos já registavam o número de habitantes, de nascimentos, de óbitos, faziam estimativas das
riquezas individual e social, distribuíam equitativamente terras ao povo, cobravam impostos e
realizavam inquéritos quantitativos por processos que, hoje, chamaríamos de “estatísticas”.
No século XVIII o estudo de tais factos foi adquirindo, aos poucos, feição verdadeiramente científica.
Godofredo Achenwall, economista alemão (1719 – 1772) baptizou a nova ciência (ou método) com
o nome de Estatística, determinando o seu objectivo e suas relações com as ciências. As tabelas
tornaram-se mais completas, surgiram as representações gráficas e o cálculo das probabilidades, e a
Estatística deixou de ser simples catalogação de dados numéricos colectivos para se tornar o estudo
de como chegar a conclusões sobre o todo (população), partindo da observação de partes desse todo
(amostras).
A Estatística como qualquer outra ciência, trata fundamentalmente de manipulação de dados, por se
considerar dado como unidade mínima para a obtenção de informações. Em Estatística esses dados são
manipulados através de métodos, dos quais se destacam os “Métodos Estatísticos”, pois eles nos
facilitam a responder questões como as seguintes:
1- Como é que os cidadãos pensam da postura camarária de Quelimane sobre os resíduos tóxicos?
2- Será que a prestação de serviços de saúde nos últimos anos tem tido realmente alguma melhoria?
3- Qual será o comportamento da prevalência de HIV/SIDA nos próximos dois anos tendo em conta os
dados dos últimos três anos?
São uma parte das várias questões que a Estatística tem como obrigação “Responder” para satisfação dos
concidadãos ou redefinição de políticas.
A noção “Estatística” é original da palavra latina status, que significa “Estado”, já que foi sempre o
papel fundamental de qualquer governo colectar, tratar e armazenar um conjunto de dados da
população. São casos da Natalidade, Mortalidade, Taxas, Percentagens, Índices e muitas outras
espécies de informações e actividades.
A medição (com ou sem maior aproximação da grandeza), a contagem dessas quantidades ou
qualidades, gera um conjunto de dados numéricos que são úteis para o desenvolvimento de muitos
tipos de funções Administrativas, Pedagógicas e/ou governamentais, para o fortalecimento e
formulação de políticas.
Na época mais moderna a Estatística é muito mais usada em fenómenos imprevisíveis (aleatórios),
casos de comportamento da despesa pública, níveis de aprovações da 7ª a 12ª classes em todo o
território nacional, índice de HIV/SIDA em Moçambique, etc. Face a estas situações, o governo pode
pensar em conter a despesa pública, captar mais impostos, investir na criação de mais escolas e
apostar em campanhas de sensibilização para prevenir mais casos, etc.
A resposta é simples:
É a partir da Estatística que conseguimos agrupar dados, interpretar dados e aplicar leis da
ciência e com isso gerar informação e desenvolver técnicas. Para quem deseja ser pesquisador,
digo que a Estatística é fundamental. Talvez a Estatística seja tão importante para um
pesquisador quanto uma formação sólida em teorias e práticas.
Um pesquisador faz uma intervenção não só pela percepção, pela interpretação, ou pelo tacto que
possa ter para a situação em causa; ele baseia-se num conjunto de estudos científicos, empíricos,
suportados pela evidência e observação experimental, baseada no método científico.
Nas ciências de saúde e humanas, o conhecimento é baseado no método científico, tendo por suporte
observações empíricas. Ora isto, exige que os investigadores dominem o método científico, que
saibam analisar apropriadamente os dados, quer de natureza experimental quer correlacional, nos
quais se irão basear as teorias.
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É exactamente aqui, na análise dos dados e da informação, que entra a Estatística. Isto não invalida
que o pesquisador, para além do conhecimento teórico, obtido com o método científico, não possa
utilizar a sua experiência acumulada e até alguma intuição profissional.
Quando falamos por exemplo de validação de uma escala ou da fiabilidade da medida, que é uma
componente importante das ciências, isto exige um profundo conhecimento de técnicas estatísticas.
Por exemplo, a fiabilidade, estimada pelo alfa de Cronbach, é uma fórmula estatística que pondera o
rácio entre a variância do total da escala e a variância de cada um dos itens que constituem essa
escala. Estes conceitos são conceitos estatísticos, digamos assim, ferramentas estatísticas que o
pesquisador tem dominar para puder interpretar correctamente os resultados de um teste.
Estuda-se estatística para aplicar seus conceitos como auxílio nas tomadas de decisão diante de
incertezas, justificando cientificamente as decisões.
1.4.Ramos da Estatística
Estatística é a ciência ou método científico que estuda os fenómenos multicausais, colectivos ou de
massa e procura inferir as leis que os mesmos obedecem. Também pode dizer-se que a Estatística é
um conjunto de técnicas apropriadas para recolher, classificar, apresentar e interpretar conjuntos de
dados numéricos e a partir destes, fazer inferências para a população estudada.
Estatística está dividida em dois grandes grupos:
Estatística Descritiva: corresponde aos procedimentos relacionados com a colecta, elaboração,
tabulação, análise, interpretação e apresentação dos dados. Isto é, inclui as técnicas que dizem
respeito à sintetização e à descrição de dados numéricos. A estatística descritiva ocupa-se da recolha,
classificação e organização de dados permitindo elaborar conclusões apenas para o conjunto limitado
de indivíduos que serviram de base à recolha desses dados. Tais métodos podem ser gráficos e
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Nos processos experimentais exerce-se um controle directo sobre os factores que potencialmente
afectam a característica ou o conjunto de características em análise.
Exemplo: Pesquisadores estudam o efeito da complementação de vitamina D3 em pacientes com
deficiência de anticorpos ou com infecções frequentes do trato respiratório. Para realizar o estudo, 70
pacientes recebem 4.000 UI de vitamina D3 diariamente por um ano. Outro grupo de 70 pacientes
recebe um placebo diariamente por um ano. Uma vez que o estudo aplica um tratamento (vitamina
D3) aos indivíduos, o estudo é um experimento.
Quando calculamos determinados valores sobre o conjunto de dados que constituem a amostra
designamos esses valores por “estatísticas”.
Por exemplo: Uma pesquisa recente com aproximadamente 400.000 empregadores reportou que o
salário médio inicial para um especialista em marketing é de US$ 53.400 por ano. Em razão de a
média de US$ 53.400 por ano ser baseada em um subconjunto da população, ela é uma estatística
amostral.
Quando esses mesmos valores dizem respeito à população designam-se por “parâmetros”.
Por exemplo: O peso médio dos bebés recem-nascidos no 1º semestre no Hospital Central de
Quelimane é 2,5 Kg. Em razão de o peso média dos bebés de 2,5 Kg ser baseada em todos os bebés,
ela é um parâmetro populacional.
Unidade Estatística: é cada elemento que constitui a população observada, é precisamente sobre este
elemento que recai a observação estatística.
Recenseamento ou Censo: colecção de dados relativos a todos os elementos de uma população.
Sondagem: Estudo científico de uma parte de população com objectivo de estudar as preferências da
população relativamente ao acontecimento, circunstâncias e assuntos de interesse social, político,
religioso ou económico.
Amostragem: colecção de dados relativos a elementos de uma amostra.
O objectivo da amostragem é permitir fazer inferências sobre uma população após inspecção de
apenas parte dela. Factores como custo, tempo, ensaios destrutivos e populações infinitas tornam a
amostragem preferível a um estudo completo (censo).
Dado: é a unidade mínima da informação ou seja, o que é recolhido e preparado para produzir algum
resultado. Exemplo: Notas dos estudantes de uma turma.
Informação: é resultado de processamento de um dado.
Exemplo: Percentagens dos admitidos, excluídos e dispensados de uma turma.
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Pergunta Variável
Qual a sua idade? Idade
Qual o número de pessoas de sua família? Tamanho de família
Qual a renda familiar? Renda
Qual é o seu estado civil? Estado civil
Você tem emprego fixo? Emprego
Qual o tempo de trabalho na empresa? Tempo de trabalho
Observação: O fato de uma variável ser expressa por números não significa que ela seja
necessariamente quantitativa, por que a classificação da variável depende de como ela foi medida, e
não do modo como se manifesta. Por exemplo, para a variável peso de um lutador de boxe, se for
anotado o peso marcado na balança, a variável é quantitativa contínua; por outro lado, se esse peso
for classificado segundo as categorias do boxe, a variável é qualitativa ordinal.
Assim como para uma variável quantitativa discreta não precisa assumir necessariamente apenas
valores de contagem, ou seja números inteiros ou números naturais em sequência. Um exemplo de
variável quantitativa discreta seria, por exemplo, uma que assumisse apenas os seguintes valores :
{ 1; 3,5 ; 5,75 ; 10 }. Apesar dessa variável abranger valores não inteiros ela apresenta saltos de
descontinuidade: nesse exemplo ela não pode assumir nenhum valor intermediário entre 1 e 3,5 ou
entre 5,75 e 10.
Referências bibliográficas
DA SILVA, Cecília Moura. (1994). Estatística Aplicada à Psicologia e Ciências Sociais. Editora
McGraw-Hill. Lisboa
FERNANDES, Edite Manuela da G.P. (1999). .Estatística Aplicada. Universidadedo Minho, Braga
HUOT, Réjean. (1999) .Métodos Quantitativos para Ciências Humanas. Instituto Piaget. Lisboa.
Exercícios de aplicação
6. Um pesquisador pretende saber a opinião dos pais das crianças sobre a qualidade das
professoras dos Jardins Infantis de uma cidade. Dos 200 inquéritos enviados pelos correios
receberam de volta 140.
a) Qual é a população?
b) Qual a amostra?
c) Acha que a amostra é representativa? Justifique a resposta.
7. Parece que o único meio de eliminar erros amostrais, consiste em estudar toda a população em vez de
uma amostra. No entanto, o Instituto Nacional de Saúde continua a usar amostras. Porquê?