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Faculdade de Letras
Belo Horizonte
2021
Jennyffer Katielly de Almeida Santos
Belo Horizonte
2021
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
2. JUSTIFICATIVA............................................................................................................... 4
3. HIPÓTESES ...................................................................................................................... 5
4. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 5
6. METODOLOGIA ............................................................................................................. 7
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 8
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1. INTRODUÇÃO
2. JUSTIFICATIVA
Entre as diversas correntes dos Estudos da Tradução, muito se debate a respeito do papel
do tradutor no processo tradutório. Há aqueles que acreditam que o tradutor deve se tornar o
autor da obra, reconstruindo o seu trabalho de forma idêntica, sem copiá-lo, mas, ao colocar-se
no lugar do autor, criar aquela mesma obra em outro idioma. Para isso, o tradutor deveria
ignorar todo o período histórico ocorrido desde o momento em que a obra foi escrita até o
momento de sua tradução, se colocando naquele momento anterior e assumindo o papel daquele
autor. Há também os que acreditam que isso não é possível, porém, acreditam que o papel do
tradutor não é de ser outra pessoa, mas de, sendo ele mesmo, realizar a tradução com uma
neutralidade absoluta.
Com o avanço dos Estudos da Tradução, ambas as ideias foram fortemente abandonadas
em razão da impossibilidade de serem alcançadas. Os estudos mais recentes têm entendido que
tanto a neutralidade do tradutor como a assunção do papel do autor não são metas realistas.
Atualmente, considera-se que o viés do tradutor, como pessoa diferente do autor, com
experiências diferentes, de um contexto histórico diferente, é inevitável, pois a sua tradução
parte da sua interpretação da obra e essa interpretação depende desses fatores.
O desenvolvimento da presente pesquisa permitirá que se aprofundem os trabalhos a
respeito do viés do tradutor e sobre como isso se reflete na obra literária. Ademais,
considerando-se que o livro de Carolina Maria de Jesus não foi escrito em norma padrão, a sua
tradução se mostra ainda mais desafiadora e a interpretação do tradutor, bem como a forma
como ela é refletida em seu trabalho, é fundamental.
É relevante, além disso, considerar o impacto do projeto no que concerne à variação
linguística. A variação linguística é “o processo pelo qual duas formas podem ocorrer no mesmo
contexto com o mesmo valor referencial/representacional” (COELHO et al., 2015, p. 16) ou
seja, diz respeito às diversas formas – variedades – com o mesmo significado, que convivem
dentro de uma língua. A variedade culta, isto é, a norma padrão, é a variedade utilizada pelos
falantes mais escolarizados e que no geral possui mais prestígio do que as demais, o que é bem
claro no cenário brasileiro em que as variantes faladas por pessoas menos escolarizadas e de
baixa remuneração são alvos de um grande preconceito linguístico. Esse preconceito não se
justifica, uma vez que, todas as variedades existentes só existem porque a língua autoriza a sua
existência e não há nada intrínseco nas variedades mais populares para classificá-las como
inferiores.
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O livro Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, diferente de grande parte das
obras literárias, não é escrito de acordo com a norma padrão. Traduzir tal obra é uma forma de
combater o preconceito linguístico, valorizando as obras que fogem da norma. Ao analisarmos
esse texto, buscamos entender o papel da tradução no combate ao preconceito linguístico
existente na sociedade brasileira, contribuindo para o debate, bem como refletir sobre a
importância da variação linguística no processo tradutório.
3. HIPÓTESES
4. OBJETIVOS
Analisar a tradução para espanhol do livro Quarto de Despejo, da autora Carolina Maria
de Jesus, para entender como foi feita a adaptação da obra com relação àquilo que foge da
norma padrão e como o viés do tradutor está refletido nessa tradução.
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
à norma padrão. Essa valorização negativa é apenas uma forma de perpetuar o preconceito e
marginalizar quem utiliza essas mesmas construções linguísticas. É a partir dessas noções que
buscamos examinar a tradução da obra para o espanhol.
6. METODOLOGIA
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, com essa pesquisa esperamos entender qual é a melhor forma de traduzir uma
obra que foge da norma padrão sem que o sentido original e a sua singularidade sejam perdidos.
Para isso, analisamos a tradução em espanhol da obra Quarto de Despejo de Carolina Maria de
Jesus, realizada e publicada pela Universidade de los Andes (Unila). Esperamos, ao analisar a
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obra, compreender como foi feita a tradução e como se apresenta o viés do tradutor no texto
analisado.
Ao longo da análise, a expectativa é que os tradutores tenham obtido êxito em adaptar
a obra de modo a refletir a realidade brasileira retratada, considerando o contexto histórico e a
realidade sociocultural no momento da escrita e, mais do que isso, criando uma tradução que
também se atente à realidade dos países hispano-americanos e seja capaz de refletí-la.
Pretendemos, por meio do nosso trabalho, contribuir para o debate acerca do viés do tradutor
na tradução de obras literárias e para os estudos de variação linguística, a fim de reduzir o
preconceito linguístico e promover uma maior aceitação não só da fala, mas também da
literatura que não se enquadra nas determinações da norma padrão.
8. REFERÊNCIAS
______. ARROJO, Rosemary. O signo desconstruído. 2. ed. São Paulo: Pontes, 2003.
______. COELHO, Izete Lehmkuhl; GORSK, Edair Maria; MAY, Guilherme Henrique;
SOUZA, Christiane Maria N. de. Para conhecer sociolinguística. 1. ed. São Paulo: Contexto,
2015.
______. JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 1. ed. São
Paulo: Ática, 2020.
______. JESUS, Carolina Maria de. Cuarto de desechos y otras obras. Traducción y prólogo
Laboratorio de traducción de Unila; epílogo Raffaella Fernandez. Bogotá: Ediciones Uniandes,
2019.