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Trabalho de Conclusão de Curso

PÓS-GRADUAÇÃO EM
NEUROCIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL

ALUNO: Nome do Aluno


ORIENTADOR: Nome do Orientador
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Curso de Especialização
Neurociências, Educação e Desenvolvimento Infantil

NEUROCIÊNCIAS E EPIGENÉTICA: PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO TRAUMA


NA INFÂNCIA AO DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS

Nome do Aluno

Trabalho Conclusão do Curso de Especialização em


Neurociências, Educação e Desenvolvimento Infantil da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como
requisito para a obtenção do título de Especialista em
Neurociências, Educação e Desenvolvimento Infantil

Orientador: Prof.

Cidade
Ano
Agradecimentos
Inserir os agradecimentos aos colaboradores à execução do trabalho.
Texto da Epígrafe. Citação relativa ao tema do trabalho. É
opcional. A epígrafe pode também aparecer na abertura de
cada seção ou capítulo. Deve ser elaborada de acordo com a
NBR 10520. (SOBRENOME do autor da epígrafe, ano)
Resumo
O presente estudo visa apresentar as principais contribuições da Neurociência e
Epigenética aos estudos sobre o trauma vivenciado na infância. Para tanto, são
apresentados alguns conceitos iniciais sobre os campos estudados, e após descritas
algumas pesquisas importantes relacionadas a eventos traumáticos a alterações
gênicas e neurofuncionais. Seu desenvolvimento se dá por meio de pesquisa
exploratória bibliográfica, em consulta a livros, relatórios, cartilhas, revistas
científicas disponibilizadas em repositórios acadêmicos de acesso livre, entre outros
dados relevantes que possam complementar o tema. Por fim, são feitas algumas
considerações finais, a respeito da importância do desenvolvimento das
investigações citadas. São expostas algumas limitações do estudo, e sugeridas
linhas de pesquisa para a continuidade das investigações. Espera-se que o presente
estudo possa favorecer uma compreensão mais ampla sobre o tema, ao buscar
explorar a complexidade com que traumas afetam o desenvolvimento infantil, em
que pese a importância da prevenção de distúrbios e transtornos comportamentais.

Palavras-chave: Neurociência. Epigenética. Trauma na infância.


Abstract
The present study aims to present the main contributions of Neuroscience and
Epigenetics to studies on childhood trauma. For some studies, some initial concepts
about the studied fields, and after some traumatic ones related to neurofunctional
changes. Its development takes place through bibliographic exploration, consultation
of research books, reports, cars, magazines published for free in articles published
through scientific articles of access, among other relevant data that can complement
the theme. Finally, some final considerations are made regarding the importance of
developing the aforementioned issues. Some researches of the study are disclosed,
and suggested for the research of the researches. It is hoped that the present study
will improve a broader understanding of the topic, by exploring the complexity with
which traumas can increase child development or development, in which the study
deepens the importance of preventing disorders.

Keywords: Neuroscience. Epigenetics. Childhood trauma.


Lista de Figuras
Figura 1: Fatores epigenéticos................................................................................17
Figura 2: Sistema Límbico........................................................................................22
Lista de Abreviaturas
APA - American Psychological Association
v. – Volume
n. – Número
s/d. – Sem data
Sumário
´
1. INTRODUÇÃO 10

2. OBJETIVOS 13

2.1. Objetivo geral 13

2.2. Objetivos específicos 13

3. Desenvolvimento 14

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 25

REFERÊNCIAS 27
1. INTRODUÇÃO
O bem-estar mental acompanha toda a vida do ser humano, sua importância
é transversal a seu desempenho como um todo. Por isso, a utilização de suas
habilidades de forma produtiva (de forma a contribuir socialmente) necessariamente
demanda equilíbrio emocional frente às dificuldades da vida 1. E isso começa na
infância: é sabido que os primeiros anos de vida têm impacto direto no
desenvolvimento do adulto em formação. Amor, cuidado e estimulação adequada
são fundamentais para que este exerça todo seu potencial.
Quanto mais cedo se investir no desenvolvimento da criança, maiores e
duradouros serão os benefícios para o indivíduo e meio social. Nesse sentido, o
Ministério da Cidadania2 alerta que estudos de áreas diferentes “têm apontado que o
período de maiores possibilidades para a formação das competências humanas
ocorre entre a gestação e o sexto ano de idade”.
Nesse sentido, é importante estabelecer que embora “se decrete o fim das
utopias e a crise dos valores, não se pode escapar: o conceito de saúde mental
vincula-se a uma pauta emancipatória do sujeito, de natureza inapelavelmente
política3”.
Nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde 4 publicou em 2022 uma
revisão mundial sobre o assunto, com destaque à necessidade de sua
transformação em nível global. Conforme o relatório da entidade, quase um bilhão
de pessoas possuíam algum tipo de transtorno mental em 2019, com inerentes
implicações na incidência de casos de suicídio e incapacidade geral, além de
severas consequências na desigualdade e exclusão socioeconômicas.
Em razão disso, diversos campos do conhecimento se dedicam à
compreensão do comportamento humano, sobretudo aqueles vinculados às ciências
humanas. Acompanhando a evolução tecnológica, as descobertas mais recentes
das Neurociências e Epigenética se opõem às teses deterministas e lineares para
aparecimento e dinâmica de distúrbios que afetam o comportamento humano.
Compreensões estas que agora se mostram insuficientes, embora mantenham
1
OMS, Organização Mundial da Saúde. Organização Mundial da Saúde. Constituição da
Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO) – 1946.
2
BRAS
3
ALMDEIDA FILHO, Naomar; COELHO, Maria Thereza Ávila; PERES, Maria Fernanda Tourinho. O
Conceito de Saúde Mental. Revista USP. Psiquiatria e Saúde Mental, n.43, 1999, p. 123.
4
WHO, World Health Organization. World Mental Health Report, 2022.
relevante senso comum ao sustentar estigmas, violando direitos humanos em
atitudes de discriminação.
O presente trabalho visa explorar as principais contribuições da interseção
entre estudos da Neurociências e Epigenética ao aparecimento e desenvolvimento
de transtornos mentais no período de desenvolvimento infantil, relacionados à
vivência de experiências traumáticas neste período. Para isso, inicialmente
apresenta as áreas das Neurociências e Epigenética ligadas ao tema. Em um
segundo momento, explora os principais estudos realizados sobre as relações entre
trauma, Epigenética e Neurociências. Por fim, tece algumas considerações finais a
respeito deste desenvolvimento teórico, em contraste com os objetivos iniciais,
descreve algumas limitações deste estudo e sugere pesquisas futuras à
continuidade desta investigação.
Para seu desenvolvimento, é adotada a perspectiva de Minayo 5, em que a
pesquisa se encontra na atividade básica de indagar, com fins à descoberta da
realidade. Conforme o autor, traduz uma prática teórica qual define processos
intrinsicamente inacabados e permanentes. Sua aproximação, portanto, não se
esgota, combinando de forma particular referências teóricas e dados de naturezas
diversas. Aos fins deste estudo, o mesmo questiona – quais os efeitos de eventos
traumáticos vivenciados no período infantil, e quais os principais achados da
Neurociência e Epigenética a seu respeito?
Para atingimento dos objetivos deste trabalho, sua pesquisa é realizada em
caráter exploratório, que, conforme Gil 6, tem o intuito de proporcionar maior
familiaridade com o tema, o tornando explicito, possibilitando a construção de
hipóteses. A natureza empírica deste estudo perfaz a percepção de Lakatos e
Marconi7, que explica sua importância da observação de fenômenos, com vista a
realização de pesquisas futuras mais precisas.
Quanto aos procedimentos técnicos, trata-se de uma pesquisa bibliográfica,
realizada por meio da consulta aos principais fatos que englobam o tema abordado.
Para tanto, são consultados livros, relatórios, cartilhas, revistas científicas
disponibilizadas em repositórios acadêmicos de acesso livre, entre outros dados
relevantes que possam complementar o tema.

5
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. Editora Hucitec. São Paulo, 1993.
6
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6 ed Editora Atlas. São Paulo, 2019.
7
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico.
Editora Atlas. São Paulo, 1991.
Por fim, espera-se que o presente estudo possa favorecer uma compreensão
mais ampla sobre o tema, ao buscar explorar a complexidade com que traumas
afetam o desenvolvimento infantil, em que pese a importância da prevenção de
distúrbios e transtornos comportamentais. Em análise de suas implicações na saúde
mental da criança enquanto indivíduo, visa promover a importância de saúde mental
e, com sorte, a construção de um futuro mais equilibrado.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral

Explorar as principais contribuições das Neurociências e Epigenética aos


estudos sobre o trauma na infância relacionados a transtornos mentais.

2.2. Objetivos específicos

Apresentar os principais conceitos das Neurociências e Epigenética


relacionados ao trauma infantil;
Discutir os principais estudos realizados sobre as relações entre trauma na
infância, Epigenética e Neurociências.
3. DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento saudável de uma criança demanda atenção e cuidado,
por parte de seus cuidadores e sociedade em geral. A proteção integral dos direitos
do indivíduo em desenvolvimento é assegurada legalmente, mediante o Estatuto da
Criança e Adolescente8. Nele, é previsto que nenhuma criança poderá ser objeto de
negligência, discriminação, violência, exploração, crueldade ou opressão. Ainda
conforme o texto, é dever da família e comunidade em geral assegurar sua
alimentação, educação, esporte, lazer, cultura, dignidade, respeito e liberdade, em
convivência familiar e comunitária.
A capacidade deste indivíduo em desenvolvimento de estabelecer relações
equilibradas com o meio, portanto, é diretamente influenciada pelo contexto. A
criação de vínculos afetivos tem início logo nos primeiros dias de vida, entre o bebê
e seus cuidadores (especialmente a mãe), por meio da troca de afetos e
brincadeiras. Estabelecer um ambiente saudável, nesse sentido, é essencial para a
construção de uma qualidade de vida promovida pela empatia, inibindo
comportamentos agressivos por parte do adulto em formação, bem como uma série
de outros distúrbios do comportamento relacionados 9.
A respeito deste processo vivenciado pelo sujeito, cabe diferenciar dois
termos comumente utilizados como sinônimos, a saber o crescimento e
desenvolvimento. Em linguagem simples, o primeiro se refere a um aspecto dado
como natural, ligado a variáveis orgânicas, como o tamanho do corpo e peso,
enquanto o segundo amplia sua definição à aquisição e dinâmica de funções
motoras, intelectuais e sociais10.
O fato é que ambos, mente e corpo, estão implicados em uma complexidade
de operações, em um processo de mútua influência. Muitas doenças físicas estão
intimamente relacionadas a disfunções emocionais. Sob essa perspectiva, os
estudos da psicossomática visam compreender o papel de processos emocionais na
etiologia, desenvolvimento e agravamento de doenças físicas 11.
8
BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990.
9
PAVARINO, Michelle Girade; DEL PRETTE, Almir; DEL PRETTE, Zilda Aparecida Pereira. O desenvolvimento da
empatia como prevenção da agressividade na infância. Revista Psico, v. 36, n. 2, 2005.
10
DALABONA, Caroline. O crescimento e o desenvolvimento da criança. Pastoral da Criança, 2020. Entrevista ao
programa de rádio Viva a Vida.
11
CAPITÃO, Cláudio Garcia; CARVALHO, Érica Bonfá. Psicossomática: duas abordagens de um mesmo problema.
PSIC – Revista de Psicologia da Vetor Editora, 2006, v.7, n. 2, p.21-29.
Em direção oposta, a realidade contextual do sujeito também incide em sua
saúde mental. Nesse sentido, ao longo de sua vida o indivíduo potencialmente
vivencia a ocorrência de pelo menos uma experiência lesiva originada de fatores
externos, de forma inesperada e violenta, que podem levar a sequelas e efeitos
duradouros12 – o trauma.
Nesse sentido, Bernal e Mille13 conceituam o trauma psicológico a partir da
sobrecarga emocional e cognitiva, com efeitos sobre a capacidade de
funcionamento, comunicação e resiliência do sujeito. Para os autores, sua dimensão
psíquica abrange as características de uma experiência abrupta, acometida sob um
déficit do indivíduo em lidar com tal experiência, e a impossibilidade de evitá-la.
O Manual Estatístico Diagnóstico de Transtornos mentais observa situações
traumáticas enquanto um dano causado pela exposição a um episódio concreto (que
ameace a vida do sujeito ou não), lesão grave ou violência sexual 14.
Nesse contexto, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF 15)
destaca que 3.500 crianças e adolescentes morrem anualmente por maus tratos,
enquanto são estimados outros 150 casos de abusos físicos. No Brasil, foram
registradas quase 20 mil ocorrências ao longo de 2021, conforme Anuário de
Segurança Pública16.
É importante ressaltar que a exposição ao evento traumático não demanda
sua vivência direta. De igual forma, situações em que o testemunho ou
conhecimento de situações traumáticas também são potencialmente causadoras de
traumas emocionais17. A utilização da palavra “potencialmente”, no caso de sua
ocorrência, visa estabelecer que o efeito emocionalmente traumático não é dado
pela necessidade do evento em si, mas pela compreensão subjetiva do
acontecimento.
Acidentes, doenças graves, perda de familiares e pessoas próximas, abusos,
situações de violência são exemplos comuns de experiências traumáticas. No
entanto,

12
Hospital Albert Einstein. Panorama do Trauma no Brasil e no Mundo. Núcleo de Trauma, 2017.
13
BERNAL, Aníbal Torres; MILLE, Diana. Healing from Trauma: Utilizing Effective Assessment Strategies to
Develop Accessible and Inclusive Goals. Kairos, Slovenian Journal of Psychotherapy, 2011, v.5, p. 28-42
14
APA, American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª ed –
DSM-5. Artmed, 2014.
15
UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância. A league table of child maltreatment deaths in rich
nations. Innocenti Report Card; Nº 2
16
FBSP, Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública. FBSP, 2022.
17
APA, 2014.
o que é ou não traumático é subjetivo e pessoal. Podemos ter experiências
semelhantes às de outras pessoas, mas as vivemos e somos afetados por
elas de forma muito diferente. As situações traumáticas incluem
acontecimentos que nos podem fazer sentir em choque, assustados/as,
ameaçados/as, humilhados/as, rejeitados/as, abandonados/as,
invalidados/as, inseguros/as, horrorizados/as, não apoiados/as, presos/as
ou limitados/as, envergonhados/as, sem poder ou controle 18.

A investigação de mecanismos de funcionamento da mente e cérebro


favorece a compreensão das suas relações com o restante da fisiologia orgânica.
Nesse sentido, o estudo da Neurociência sobre as implicações entre cérebro e
comportamento neuronal de funções vegetativas, sensoriais, motoras, de
alimentação e reprodução, bem como atenção, linguagem, comunicação e emoção
permitem uma compreensão mais abrangente do indivíduo 19.
Sua importância no contexto atual reflete no avanço de muitas aplicações,
especialmente no campo da saúde, investigando aspectos do diagnóstico,
prevenção e tratamento de diversas patologias. Entre elas, figuram o estudo de
doenças neurológicas e mentais, seus mecanismos e reflexo em todas as funções
humanas. Sobre isso, Ventura 20 coloca que as funções do sistema nervoso podem
ser alteradas por eventos ambientais como trauma. Muitas doenças do sistema
nervoso são totalmente incapacitantes, outras provocam prejuízos de diferentes
níveis de gravidade.
Paralelo a isso, o ambiente externo também influencia a expressão genética
do indivíduo. As investigações de Tang e Ho 21 demonstram o processo pelo qual o
genótipo de um organismo interage com o meio externo, produzindo seu fenótipo.
Em seu estudo, os autores exploram a singularidade das células que, apesar
de informação genética idêntica, possuem variações individuais em sua expressão.
Nele, é demonstrado que a exposição a determinados fatores durante períodos
críticos pode alterar de forma permanente a estrutura e função de sistemas
orgânicos.
Nesse contexto, uma epigenética do desenvolvimento parte de fenótipos

18
OPP, Ordem dos Psicólogos Portugueses. Situações Traumáticas: o que são e como lidar com elas? OPP, 2022,
p.3.
19
VENTURA, Dora Fix. Um Retrato da Área de Neurociência e Comportamento no Brasil. Revista Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 2010, Vol. 26 n. especial, pp. 123-129.
20
VENTURA, 2010.
21
TANG, Wan-yee; HO, Shuk-mei. Epigenetic reprogramming and imprinting in origins of disease. Reviews in
Endocrine & Mentabolic Disorders, 2007, v.8 n.2.
“adaptativos”, com mecanismos que possam atender às demandas do ambiente
adulto, promovendo boa saúde ao indivíduo. De outra forma, a incompatibilidade
entre fenótipo e meio social poderá impedir sua adaptação aos desafios da vida,
elevando o risco de doenças22.

Epigenética é definida como modificações do genoma, herdável durante a


divisão celular, que não envolve uma mudança na sequência do DNA.
Mecanismos epigenéticos atuam para mudar a acessibilidade da cromatina
para regulação transcricional pelas modificações do DNA e pela modificação
ou rearranjo de nucleossomos. Estes mecanismos são componentes críticos
no desenvolvimento normal e no crescimento das células23.

Alguns mecanismos do desenvolvimento epigenético incluem processos de


metilação do DNA – ligação entre o grupo metil (-CH3) e base nitrogenada, a
citosina – e alteração de histonas, essenciais para expressão gênica 24. Também
podem acontecer outras ligações, “através da ligação do grupo acetil (CH 3CO-) ao
aminoácido lisina ao final de duas histonas, proteínas que auxiliam no enovelamento
do DNA e ajudam na sua regulação25”.

Figura 1: Fatores epigenéticos

Fonte: Valdes, s/d.

22
TANG e HO, 2007.
23
MULLER, Henrique Reichmann; PRADO, Karin Braun. Epigenética: um novo campo da Genética. RUBS, v.1 n.3,
2008.
24
MULLER e PRADO, 2008.
25
VALDES, Talita Alvarenga. Estudos no campo da epigenética auxiliam a compreensão da influência de fatores
ambientais sobre a nossa saúde e comportamento. Temas Atuais em Biologia, s/d.
O período de desenvolvimento infantil é especialmente sensível à acumulação
e reorganização das quantidades químicas expressas nos genes. As experiências
da vida de uma pessoa reorganizam este conjunto de marcas, chamado de
epigenoma, alterando o fenótipo26. Assim, a expressão de características individuais
de uma pessoa é diretamente influenciada por experiências positivas e negativas.
Entre estas últimas, situações traumáticas.

O ambiente em que alguém se desenvolve, antes e logo após o nascimento,


fornece fortes experiências que modificam quimicamente determinados
genes que, por sua vez, definem quanto e quando são expressos. Assim, ao
mesmo tempo em que fatores genéticos exercem fortes influências, os
fatores ambientais têm a capacidade de alterar os genes herdados 27.

Magalhães-Barbosa, Prata-Barbosa e Cunha 28, em pesquisa sobre as


consequências do estresse no desenvolvimento infantil, observam que experiências
adversas neste período podem causar a interrupção do desenvolvimento esperado
do cérebro, aumentando o risco de prejuízos cognitivos por toda a vida do indivíduo.
Segundo os autores, a probabilidade de atrasos no desenvolvimento está muitas
vezes diretamente associada a situações de estresse tóxico.
A respeito de sua caracterização, sua toxidade (diferente dos níveis positivo e
tolerável) ocorre em situações em que a criança vivencia intensas dificuldades, de
maneira frequente e prolongada, sem amparo adequado. As possíveis
consequências deste tipo de estresse incluem mudança brusca de comportamento,
queda do desempenho escolar, distúrbios do sono, rebaixamento da imunidade, e
transtornos comportamentais diversos29.

26
Harvard University. Epigenetics and Child Development: How Children’s Experiences Affect Their Genes.
Center of Developing Child, s/d.
27
Harvard University, s/d.
28
MAGALHÃES-BARBOSA, Maria Clara de; PRATA-BARBOSA, Arnaldo; CUNHA, Antônio José Ledo Alves da.
Estresse tóxico, epigenética e desenvolvimento infantil. Jornal de Pediatria, 2022
29
Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente. Estresse tóxico. Universidade Federal de Minas Gerais,
UFMG, 2021.
Gráfico 1: Relação entre estresse, alterações epigenéticas e desenvolvimento infantil

Estresse na infâ ncia

Hiper-reatividade ao Elevaçã o do cortisol e


estresse norepirefrina

Reduçã o neurogênese,
distú rbio plasticidade, Mudanças na
neurotoxidade, arquitetura cerebral
alteraçã o de sinapses

Fonte: Magalhães-Barbosa, Prata-Barbosa e Cunha, 2022

Sobre a intensidade e duração de uma situação traumática, é necessário


destacar que seu acontecimento pode se dar ao longo do tempo, com múltiplas
ocorrências ou de forma contínua30, a exemplo da exposição a substâncias químicas
ou desnutrição, ocorridas mesmo antes do nascimento do indivíduo 31. É possível
observar, em todos estes casos, a prevalência de condições diferentes de
comunicação entre a criança e o mundo exterior, alterando a maneira de conectar
pensamentos e ideias no discurso. Indivíduos em que a dinâmica neuroanatômica e
neurofisiológica sofreram influências tóxicas do meio, afetando processos de ensino
aprendizagem, especialmente a região do encéfalo e capacidade de
neuroplasticidade32. Estímulos prejudiciais ao sujeito em formação acarretam
dificuldades de aprendizagem, com transformações em toda estrutura cerebral 33.
Neste contexto, fala-se na possibilidade de ocorrerem Transtornos do
Neurodesenvolvimento, em que “os déficits de desenvolvimento variam desde
limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções executivas

30
OPP, 2022.
31
Harvard University, s/d.
32
Capacidade cerebral de organização e adaptação frente a novos estímulos.
33
CRUZ, Luciana Hoffert Castro. Bases Neuroanatômicas e Neurofisiológicas do Processo Ensino e
Aprendizagem. In A Neurociência e a Educação: como nosso cérebro aprende? III Curso de Atualização de
Professores da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Ouro Preto, 2016
até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência 34”. O Manual Diagnóstico
e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) os divide em seis classificações, entre
transtornos de desenvolvimento intelectual, da comunicação, da atenção e
hiperatividade, da aprendizagem, motores e do espectro autista.
Os transtornos mentais do neurodesenvolvimento são diagnosticados quando
aparecem sintomas de excessos, déficits e atrasos em atingir os “marcos de
desenvolvimento infantil”. No Brasil, esta abordagem sistemática para avaliar os
avanços da criança ao longo do tempo considera o atingimento de indicadores
maturativos, psicomotores, sociais e psíquicos35.
A vivência de situações traumáticas igualmente possibilita incidir efeitos sobre
gerações futuras, considerando fatores hereditários de doenças relacionadas ao
trauma. A pesquisa de Ramo-Fernandez, Schneider e Wilker 36 também relaciona os
principais genes associados ao trauma e epigenética, maus-tratos na infância e
índices de suicídio. Já Sareen et al.37 associa baixos níveis de interação social,
maior risco de suicídio e transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) a pessoas
que sofreram traumas.
Um espectro dos estudos do trauma abrange quadros psiquiátricos de
Transtornos Relacionados a Traumas e a Estressores, relacionados no Manual
Estatístico de Transtornos Mentais, DSM 38 - transtornos de apego reativo, de
interação social desinibida, estresse pós-traumático e estresse agudo, e de
adaptação fazem parte deste quadro.
Outros autores também enfatizam a relação entre estresse e distúrbios do
comportamento, em sua forte incidência sobre o aumento de transtornos mentais.
Transtornos da ansiedade, hiperatividade e atenção deficitária, além de transtornos
obsessivos-compulsivos, e do espectro autista são igualmente discutidos 39 40
. A

34
APA, 2014, p 34.
35
BRASIL, Ministério da Saúde. Saúde da Criança. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
infantil. Série de Cadernos de Atenção Básica, n.11. Brasília, 2002.
36
RAMO-FERNANDEZ, Lauro; SCHNEIDER, Anna; WILKER, Sarah; KOLASSA, Iris Tatjana. Epigenetic Alterations
Associated with War Trauma and Childhood Maltreatment. Behavioral Sciences & the Law, 2015, v. 33, n.5
37
Sareen, J., Cox, B. J., Afifi, T. O., de Graaf, R., Asmundson, G. J. G., ten Have, M., & Stein, M. B. Anxiety
disorders and risk for suicidal ideation and suicide attempts. Archives on General Psychiatry, v.62, n.11.
2005.
38
APA, 2014.
39
FLAHERTY, Emalee et al. Adverse childhood exposures and reported child health at age 12. Academic
Pediatrics, 2009, v.9 n.3.
40
TURNER, Karen; SANDERS, Mathew. Dissemination of evidence-based parenting and family support
strategies: Learning from the Triple P—Positive Parenting Program system approach. Aggression and Violent
Behavior, 2006, v. 11, n.2.
respeito disso,

todos esses diagnósticos estão relacionados à exposição a um evento


traumático ou estressante, resultando em sofrimento psicológico importante,
prejuízo social, profissional e em outras áreas importantes da vida do
indivíduo. Ademais, a apresentação clínica de tais transtornos é
caracterizada por sintomas de ansiedade e medo, anedonia, disforia,
externalizações da raiva, agressividade e sintomas dissociativos41.

As reações mais comuns à eventos traumáticos abrangem emoções e


sentimentos contraditórios, como paralisia, obediência, luta, fuga, até mesmo elogios
ao agressor. No entanto, com o passar do tempo aparecem sentimentos de culpa,
vergonha, ansiedade e hiper vigilância, tristeza, desesperança, raiva, perda de
memória, entorpecimento, dificuldades de concentração e funcionamento diário em
geral. Acarretam dificuldades em dormir, isolamento social, ataques de pânico,
automutilação, adição a álcool e drogas, bem como pensamentos suicidas 42. Quando
vivenciadas ainda no período infantil, situações traumáticas tendem a estabelecer
parâmetros comportamentais do futuro adulto.

A exposição precoce e constante ao estresse na infância estimula a


liberação incessante de cortisol, provocando alteração das conexões
sinápticas, limitando as capacidades estruturais do cérebro. Quanto mais
tóxico for o estresse, maior é o risco de consequências graves para a saúde
em curto, médio e longo prazo. O estresse tóxico promove também
alterações na arquitetura do cérebro, provocando a redução do volume
cerebral, a disfunção dos sistemas neuroendócrino e límbico, além de afetar
a neuroplasticidade estrutural e funcional43.

A respeito da neuroplasticidade, Caimar44 aborda a capacidade cerebral de


readaptar e ajustar partes funcionais, para suprir determinada deficiência, com
recuperação gradativa do indivíduo. Conforme o autor, característica maleável do
sistema nervoso permite, de forma sequencial, a reprogramação do cérebro em
curto, médio longo prazo. Contudo, como exposto anteriormente, situações
estressoras podem ocasionar atrasos no desenvolvimento infantil, especialmente na
aprendizagem. Neste ponto, para muito além de um contexto intelectual (ou escolar,
acadêmico), inferem-se efeitos sobre a forma como apreendemos e experimentamos
o mundo.
41
MARTINS-MONTEVERDE, Camila Maria Severi; PADOVAN, Thalita; JURENA, Mario Francisco. Transtornos
relacionados a traumas e a estressores. Portal de Revistas da USP, 2017, v. 50, n.1
42
OPP, 2022.
43
MAGALHÃES-BARBOSA, PRATA-BARBOSA e CUNHA, 2022.
44
CAIMAR, Bruna Araújo. Neuroplasticidade: uma análise da neurociência. Revista Científica Cognitionis, 2020.
Em pesquisa sobre os efeitos biológicos do transtorno pós-traumático (TEPT),
Ptman45 evidencia diversas alterações neurológicas. Segundo o autor, apesar de
existirem fatores genéticos pré-existentes associados a vulnerabilidades estruturais,
não há dúvida que situações de estresse possam alterar o órgão.
A primeira delas é a maior frequência cardíaca e condutância da pele, em
resposta a imagens internas de eventos traumáticos. Conforme o autor 46, as regiões
do hipocampo e córtex cingulado anterior diminuídas são comuns em indivíduos com
este transtorno, enquanto apresentam hiper-reatividade da amígdala e córtex
cingulado anterior dorsal, caracterizando prejuízos das emoções, atenção para
ameaças, e latência de memórias relacionadas ao medo. Fatores endócrinos e
neurotransmissores contribuem para maior risco de estresse pós-traumático,
incluindo epigenéticos ocasionados por circunstâncias ambientais, a exemplo da
exposição a trauma.

Figura 2: Sistema Límbico

Fonte: Pinto, 2019.

Em sua estrutura funcional, a amígdala faz parte do sistema límbico,


juntamente com hipocampo, hipotálamo, tálamo, corpos mamilares e giro do cíngulo.
45
PITMAN, Roger et al. Biological Studies of Posttraumatic Stress Disorder. Nature Reviews Neuroscience, 2012.
46
PITMAN, 2012.
Por sua função, tal região são fundamentais ao equilíbrio emocional e reatividade,
bem como memória e aprendizado47. Em pessoas com TEPT, a investigação de
Pitman48 coloca que sua atividade aumentada (hiperatividade) faz com que algumas
situações “comuns” a pessoas que não possuem tal transtorno possam desencadear
sintomas (a exemplo dos citados anteriormente) a portadores de TEPT, por seu
sistema nervoso adquirirem maior sensibilização. Nesse caso, eventos que não
representam real perigo podem ser tratados como tal.
O córtex cingulado anterior dorsal, por sua vez, possui a função de monitorar
o ambiente, estabelecendo atividades na gênese de ações e comportamentos
dirigidos a objetivos, enquanto a região do córtex insular corresponde ao estado do
corpo, emitindo sinais para os órgãos, durante as emoções. Já a aprendizagem e
memória a respeito de situações seguras ou ameaçadoras corresponde à atividade
do hipocampo, conectando emoções a memórias do que foi vivenciado 49.
As investigações de Figueiredo50 classificam eventos traumáticos como um
dos principais fatores relacionados a transtornos mentais do TEPT, também
depressão e transtornos borderline, em idade adulta.
Desta maneira, é possível observar a extensão das mudanças que situações
traumáticas podem promover. De forma global, foram descritos efeitos
neurobiológicos, biológicos, psicológicos e sociais relacionados a danos
psicológicos. E é importante ressaltar que isso atinge diversas esferas da sociedade,
o que acarretam consequências coletivas.
Para a neurocientista representante do Núcleo Judiciário da Mulher, Dra Lúcia
Regina, o principal órgão impactado pela violência é o cérebro. Contudo, em
palestra à IX Semana Justiça pela Paz em Casa do Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás (TJGO), observa algumas dificuldades e desafios no acolhimento e avaliação
de vítimas de trauma. A impossibilidade de exames detalhados é o principal deles,
somada à imagem culpabilização da vítima (especialmente mulheres) aspecto
socialmente construído que dificulta avanços no sistema judiciário.

47
CRUZ, Luciana Hoffert Castro. Bases Neuroanatômicas e Neurofisiológicas do Processo Ensino e
Aprendizagem. In A Neurociência e a Educação: como nosso cérebro aprende? III Curso de Atualização de
Professores da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Ouro Preto, 2016
48
PITMAN, 2012.
49
SIQUEIRA, Sarah David. A neurobiologia das emoções e sua integração com a cognição em crianças no
ambiente escolar. Instituto de Ciências Biológicas – ICB (UFMG), 2018.
50
FIGUEIREDO, Ângela Leggerini et al. Trauma infantil e sua associação com transtornos do humor na vida
adulta: uma revisão sistemática. Psicologia em Revista, 2013, v. 19, n.3
Como eu vou fazer um exame de corpo de delito no cérebro? E mesmo se
eu fosse capaz, considerando exames de neuroimagem, o nexo de
causalidade é muito desafiador. Como justificar que as alterações no
cérebro foram ocasionadas pela violência sofrida, e não que o órgão já não
estava dessa forma?51

Em verdade, são muitos os desafios enfrentados pela Neurociência e


Epigenética. Em vista disso, têm igualmente contribuído para avanços na área de
educação e aprendizagem, principalmente quanto à prevenção destes e outros
prejuízos ao indivíduo, que tem início no período infantil.
É importante lembrar que o Brasil apresenta casos crescentes de maus tratos,
abuso, entre outras inúmeras outras ocorrências potencialmente relacionadas a
eventos traumáticos e estressores. Apenas no primeiro semestre de 2021, mais de
50 mil denúncias de maus tratos a crianças e adolescentes foram registradas 52, com
a maior parte destes (81%) praticada por pessoas próximas ao convívio familiar, e
que, em 2022, quase 20% estão relacionadas a casos de abuso sexual 53.

51
NOGUEIRA, Lúcia Regina. Cérebro, trauma e violência contra a mulher - Diálogo entre a Neurociência e o
Direito. IX Semana Justiça pela Paz em Casa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, 2017.
52
RESENDE, Isabelle. Brasil registra 50 mil denúncias de maus tratos a crianças e adolescentes. CNN Brasil,
2021.
53
OLIVEIRA, Ingrid. Das 4.486 denúncias de violação infantil em 2022, 18,6% estão ligadas a abuso sexual. CNN
Brasil, 2022.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo se propõe a explorar as principais contribuições da
Neurociência e Epigenética aos estudos sobre o trauma na infância relacionados a
transtornos mentais. Neste quesito, foram descritos os principais conceitos
referentes aos campos de estudo, apresentando algumas investigações importantes
para compreensão dos transtornos mentais relacionados à vivência de situações
traumáticas no período infantil.
Diante do exposto, é possível observar a relação entre situações estressoras,
alterações estruturais e funcionais ocorridas no cérebro (com destaque ao sistema
límbico), e sua incidência sobre o período adulto. A respeito das alterações
epigenéticas, ficam claros os efeitos de situações estressoras vivenciadas na
infância, alterando fatores importantes da arquitetura cerebral, ocasionando
distúrbios na neuroplasticidade e associação da realidade, hiper reativando o
controle emocional.
A respeito da discussão contextual sobre a influência do ambiente externo no
comportamento, consideram-se atingidos os objetivos pretendidos inicialmente. No
entanto, ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas.
É fundamental refletir sobre as práticas diárias de cuidado e educação
infantis, tanto quanto as políticas de atendimento, inclusão, e desenvolvimento
social. Uma sociedade com saúde mental demanda a exploração destes e outros
conceitos, de forma alinhada à ética. Os avanços recentes da Neurociência e
Epigenética, nesse sentido, contribuem para a compreensão das modificações
biológicas ocorridas no indivíduo, embora um entendimento mais preciso sobre
extensão social de seus efeitos ainda careça de efetividade.
É importante destacar algumas limitações ao processo de desenvolvimento
deste trabalho, quanto à escassez de literatura em língua portuguesa, especialmente
estudos e investigações que retratem a realidade do País, considerando os altos
índices de maus tratos, abusos e situações traumáticas envolvendo crianças. Neste
momento, é importante lembrar que as subnotificações de casos tendem a omitir
uma realidade muito mais complexa e vulnerável da infância.
A construção de um futuro mais digno e próspero se faz com práticas em
saúde considerem alguns dos conhecimentos aqui brevemente descritos. Em razão
disso, para continuidade destes estudos são sugeridas investigações específicas da
etiologia e desenvolvimento de transtornos mentais ocasionados por situações
estressoras e traumáticas vivenciadas no período infantil, que considerem a
realidade brasileira.
É válido lembrar que estudos que visem a prevalência de distúrbios
comportamentais nesta população torna possível retirar da invisibilidade social
muitas pessoas em situação de vulnerabilidade, contribuindo para um futuro mais
justo e igualitário. A compreensão da complexidade social atual também agrega para
práticas humanizadas no estudo e atendimento em saúde, tão necessárias ao
desenvolvimento social.
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