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14/02/2023 23:50 Princípios do Direito da Energia - Jus.com.br | Jus Navigandi
Abstract: Energy law was consolidated as a judicial subject at the end of the 19th
century. But, despite all the efforts from the judicial theory, your disciplinary
autonomy was always in danger because of the lack of its own principles. With the
ecologic semantic from the 70's, the Energy Law also started to incorporate
ambient sustainability concepts. Nowadays – especially after the decentralization
of the generation, transmission, distribution and energy consumption's system –
the energy can only be judicially understood as dependent from the technology and
the natural resources. Those triple judicial, ecological and technological references
allow us to think about Energy Law's specific principles: the principle of safety in
the energy upgrading (or advance), the principle of energy efficiency, the principle
of the technological use's improvement, the principle of universal access to the
energy distribution's web and, finally, the principle of energy freedom.
1 Introdução
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O que chama a atenção nesse cenário atual da política energética global é que,
independentemente das opções políticas possíveis, o desenvolvimento das
tecnologias de produção alternativa de energia implica em uma descentralização
radical da geração de energia e, por isso, uma pluralização da matriz energética
nacional e mundial. Constitui-se, assim, um sistema complexo de produção,
transporte, distribuição e consumo de energia, que ultrapassa os tradicionais
modelos jurídicos de definição normativa das condições de inclusão/exclusão
energética. Se antes a inclusão energética exigia a observância de regras jurídicas
oficiais para a participação em uma rede pública de distribuição de energia, agora a
inclusão energética exige a observância de regras não oficiais, criadas de modo
descentralizado, no âmbito de organizações não-estatais transnacionais – como por
exemplo algumas cooperativas de economia solidária e grupos de empresas ou
condomínios industriais com auto-suficiência energética.
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5 ENERGIA E TECNOLOGIA
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Uma solução elegante como esta esconde o fato de, no fundo, haver um
deslocamento do âmbito de referência, da energia, para os resultados tecnológicos.
O que chama a atenção é que, apesar disso, nem a energia, nem a tecnologia são
objetos do Direito da Energia. Mas sim o resultado tecnológico do uso da energia na
sociedade. Observa-se claramente que, para driblar a auto-referência da relação
"energia/tecnologia", essas descrições criam um suposto inquestionado de que a
forma jurídica seria o mecanismo de ontologização do objeto tecnológico [09 ] . Só
atualmente é que podemos extrair, a partir de uma comparação entre as
expectativas semanticamente consolidadas no campo da energia e as
correspondências normativas em outras áreas do direito, a existência de princípios
específicos do Direito da Energia. Assim, além dos princípios da continuidade,
modicidade tarifária e adequação do serviço, comum a todos os serviços públicos
concessionados (art. 175 da Constituição Federal e 22 do Código do Consumidor)
[1 0] , podemos também inferir alguns princípios específicos do Direito da Energia,
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Em outras palavras, esse princípio nos diz, normativamente, que apesar de todas
as inconstâncias e descontinuidades políticas, econômicas, militares, tecnológicas,
regionais e etc., as decisões da sociedade a respeito da energia "devem" levar em
consideração o longo prazo, a solidez do desenvolvimento, os vínculos com o futuro,
enfim, a sustentabilidade. A pergunta-chave para verificar o cumprimento ou
descumprimento desse princípio é: quais são os prováveis impactos energéticos da
decisão no futuro? Quais são seus possíveis efeitos colaterais? Ou ainda, em uma
perspectiva luhmanniana (1996), o que os decisores observam como "risco" (que
merece ser enfrentado para não se perder oportunidades irreversíveis) que os
afetados observam como "perigo" (para o qual se está submetido e que, por isso,
não vale a pena)?
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possíveis. Isso permite não apenas uma garantia de escolha emergencial entre as
possibilidades energéticas, com também permite uma maior autonomia do
consumidor em face das pressões tecnológicas e financeiras de alguns detentores
das tecnologias ou de recursos naturais relacionados ao fornecimento de energia.
Essa relação é fácil de ser compreendida: quando um país depende, por exemplo,
da energia produzida somente pelo país vizinho, ele não tem outra alternativa
senão submeter-se as suas exigências e aos humores do seu mercado. Como
também um país que possui recursos energéticos naturais, mas que depende, por
exemplo, da tecnologia de produção de energia disponibilizada apenas por poucos
países, situação na qual a relação de dependência se confirma mediante a
submissão, face a inexistência de outras alternativas, às condições de licenciamento
para uso da tecnologia mediante o pagamento de royalites.
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8 Eficiência energética
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Por isso que esse princípio é o responsável pela institucionalização jurídica de uma
mediação comunicativa – uma abertura – entre o direito e a ciência. O direito
permite decidir a respeito da entrada de novas tecnologias de produção e consumo
de energia no mercado, enquanto que a ciência – pela mediação das perícias
técnicas nos procedimentos legais – informa à decisão jurídica a respeito do
retrocesso ou não-retrocesso. As perícias, aqui, desempenham a função de
acoplamento estrutural entre os sistemas do direito e da ciência (Rocha & Simioni,
2005).
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11 Liberdade energética
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12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A integração dos princípios, portanto, não precisa mais ser realizada em abstrato,
quer dizer, não precisa mais ser realizada no plano da fundamentação das normas
jurídicas. Porque a integração pode ser realizada em concreto, no plano da
aplicação das normas, sob a forma de condições – restrições recíprocas – que, uma
vez cumpridas, legitimam a atividade. Naturalmente, isso pressupõe comunicação
entre órgãos públicos, agências reguladoras e sociedade civil. Porque só a
comunicação pode produzir coerência nas decisões. Só a comunicação pode
constituir a identidade da organização, a partir da qual seus membros, pelo simples
fato de serem membros, já não podem mais decidir arbitrariamente com base
naquele famoso jargão que inicia com "no meu entendimento...". O sentimento de
pertença a uma organização que tem por função a tomada de decisões importantes
para a sociedade é o pressuposto da substituição do "eu entendo que..." pelo "nós,
enquanto organização encarregada da tomada de decisões significativas para a
sociedade, entendemos que...".
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Por isso que tomamos um caminho diferente na descrição dos princípios do Direito
da Energia: não buscamos a sua fundamentação em textos legais, que sempre
permitem outros entendimentos igualmente possíveis. Mas sim construímos esses
princípios a partir de uma semântica que se consolida na comunicação da sociedade
mundial e que faz sentido também para outras áreas do direito. São princípios que
estabelecem referências intersistêmicas, que fazem mediações, que desempenham
a função de acoplamento com outras áreas do direito, com outras expectativas.
Naturalmente, o nível de abstração sob o qual se leva isso adiante é inclemente. De
qualquer modo, a sua utilidade ou inutilidade pode ser comprovada pelo que eles
possibilitam observar na dinâmica comunicativa da sociedade e pelo que eles
permitem decidir juridicamente.
13 BIBLIOGRAFIA
BALDI, Cesare. Le leggi sull’elettricità. Roma; Torino; Milano: Frateli Bocca, 1908.
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LEITE, Antonio Dias. A energia do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
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__________; DE GIORGI, Raffaele. Teoria della società. 11ª ed. Milano: Franco
Angeli, 2003.
PAULA, Ericson de. (org.) Energía para el desarrollo de América del Sur. São
Paulo: Mackenzie, 2002.
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WILLKE, Helmut. The tragedy of the State: prolegomena to a theory of the State
in polycentric society. Disponível em: http://www.uni-
bielefeld.de/soz/globalgov/Lit/Willke_Tragedy_State.pdf. Acesso em 02.04.2007.
NOTAS
1. A influência dessa semântica militar – uma linguagem de guerra – na
geopolítica da energia se condensou e se confirme até hoje (Conant, 1981;
Silva, 1967; Porto-Gonçalves, 2006, p. 287-298).
2. Destacam-se, na literatura jurídica nacional da energia da década de setenta,
os textos de Seaborg (1972, p. 49-53) e Álvares (1974b, p. 48-72).
3. Na Bolívia de Evo Morales Ayma, o "Decreto Héroes del Chaco" (Bolivia,
2007); e na Venezuela de Ugo Chaves, Venezuela, 2007.
4. O Brasil já tem experiência com esse elitismo democrático-tecnológico:
seguindo o padrão das políticas de desenvolvimento das multinacionais da
segunda metade do Século XX – palavras-chave: autonomia de consumo e
dependência tecnológica e financeira (Cardoso, 1983, p. 53) –, levou a
Petrobrás a pagar 500 mil dólares para um geólogo americano, Walter Link,
que em 1961 publicou um relatório – conhecido como o "Relatório Link" –
aconselhando a busca de concessões para exploração de petróleo no
estrangeiro. Porque segundo esse especialista, em solo brasileiro não havia
fontes suficientes para uma produção em larga escala (Marinho Jr., 1989;
Freitas, 1964).
5. Para Spencer Brown (1979, p. 1): "We take as given the idea of distinction
and the idea of indication, and that we cannot make an indication without
drawing a distinctions. We take, therefore, the form of distinction for the
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14/02/2023 23:50 Princípios do Direito da Energia - Jus.com.br | Jus Navigandi
Autor
Rafael Lazzarotto Simioni
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14/02/2023 23:50 Princípios do Direito da Energia - Jus.com.br | Jus Navigandi
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