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Universidade Católica De Moçambique

Faculdade De Direito

2ºGrupo/ Laboral/ 3º Ano

NEPAD: Objectivos, Funções, Órgãos, Documentos de


Implementação

Processo de Integração Sub-Regional

Génese da SADC

Nampula

2018
Universidade Católica De Moçambique

Faculdade De Direito

Turma única, Laboral/ 3º Ano

Discentes do 2º Grupo:

Belmiro Carlos Augusto Alide

Célio Julião Emua

Mónica William Victor

Nádia Porfírio

Sádia Domingos Hilário Mucuagil

Sílvia da Úrsula David

Tonicha Neusa Felisberto

Trabalho de grupo de carácter avaliativo


da cadeira de Direito Integração
Regional, referente ao 1º semestre,
curso de Direito, 3º ano. Leccionado
pelo Docente: Dr. Farci Aníbal Pereira.

Nampula

2018
Listas de Abreviaturas

CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

CEEAC - Comunidade Económica dos Estados da África Central

COMESA - Mercado Comum da África Oriental e Austral

EAC - A Comunidade da África Oriental

NEPAD - Nova Parceria de Desenvolvimento dos Países Africanos

OUA - Organização da União Africana

SADC - Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral

ELF -Estados da Linha da Frente


ÍNDICE
Introdução.........................................................................................................................................2

1 CAPITULO I: Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD)..........................3

1.1 Preliminares:......................................................................................................................3

1.2 Os países membros da NEPAD.........................................................................................3

1.3 Objectivos da NEPAD:......................................................................................................4

1.4 Estrutura Orgânica.............................................................................................................6

1.5 Análise de Documentos.....................................................................................................7

1.5.1 A declaração da NEPAD............................................................................................8

2 CAPITULO II: PROCESSO DE INTEGRAÇÃO SUB-REGIONAL....................................9

2.1 Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO).............................9

2.1.1 As expectativas de integração económica..................................................................9

2.1.2 A Visão da CEDEAO...............................................................................................10

2.1.3 Instituições da CEDEAO..........................................................................................11

2.2 Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA)...........................................12

2.3 Processo de integração sub-regional da COMESA.........................................................12

2.3.1 Questões monetárias e financeiras............................................................................13

2.3.2 Área de infra-estrutura..............................................................................................13

2.3.3 Desenvolvimento do sector privado.........................................................................13

2.3.4 Área de segurança alimentar....................................................................................14

2.3.5 Cooperação entre COMESA e outras CERs e UA...................................................15

3 A Comunidade da África Oriental (EAC)..............................................................................15

3.1.1 Processo de integração da EAC................................................................................16

3.2 Cooperação tripartida entre EAC, COMESA e SADC....................................................17

3.3 Na área do género............................................................................................................17


4 A Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC)...................................18

4.1 Processo integração da CEEAC.......................................................................................18

4.1.1 Promoção do desenvolvimento e o crescimento económico....................................18

4.1.2 Recursos hídricos......................................................................................................19

4.1.3 Manutenção da Paz e segurança...............................................................................19

5 CAPITULO III: GÉNESE DA SADC...................................................................................20

5.1 Origens da SADC............................................................................................................20

5.2 Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC)........................................20

5.3 Objectivo da Comunidade da África para o Desenvolvimento.......................................20

Conclusão.......................................................................................................................................22

Referências bibliográficas..............................................................................................................23
Introdução
O presente trabalho com o subordinado tema “Nova Parceria de Desenvolvimento dos Países
Africanos (NEPAD) ” constitui uma reflexão académica sobre o processo de integração regional
no continente africano, uma vez que actualmente verifica-se vários problemas que tem dificultado
este processo. Contudo, é de salientar que em torno do trabalho vamos falar da criação da
NEPAD, objectivos, funções, estrutura orgânica e faremos uma análise dos documentos da
NEPAD.

No que tange ao processo de integração sub-regional, vamos abordar algumas comunidades


económicas regionais tais como: CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental, CEEAC - Comunidade Económica dos Estados da África Central, COMESA -
Mercado Comum da África Oriental e Austral, EAC - A Comunidade da África Orienta.
Tentando desta forma debruçar acerca da sua criação e trazer aspectos relevantes em função do
processo de integração regional.

Não obstante o presente trabalho está divido em três capítulos nomeadamente:

 Capitulo I: Nova Parceria Para O Desenvolvimento Da África (NEPAD)


 Capitulo II: Processo De Integração Sub-Regional
 Capitulo III: Génese Da SADC

Objectivo: Analisar de forma objectiva sobre as questões actuais da NEPAD face ao processo de
integração regional no continente africano e o processo da integração sub-regional.

2
1 CAPITULO I: Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD)
1.1 Preliminares:

NEPAD é a sigla de “New Aartenership for Áfricaʼs Development” que significa “Nova
Parceria para desenvolvimento da África ”, no ano de 2000, a OUA atribuiu alguns chefes de
Estado a responsabilidade de elaborarem um projecto para marcar o desenvolvimento económico
do continente africano. Os líderes africanos, consciente da situação miserável de suas populações
e do grande número de planos do desenvolvimento continental não realizado, decidiram, mais
uma vez, traçar uma nova alternativa para impulsionar o desenvolvimento de África. O programa
baseia-se na determinação dos africanos de se livrarem a si próprios e ao seu continente dos
males do subdesenvolvimento e da exclusão num mundo global.1

Nesse sentido, foram lançadas duas propostas para impulsionar o crescimento económico
da África. A primeira foi a “Renascença Africana” apresentada em 1996 pelo vice-presidente da
África do sul, Thabo Mbeki, com a finalidade de dar um novo alento a África.

A segunda proposta foi o “Plano de Omega”, proposto pelo presidente Senegalês


Abdoulaye wade. Plano de Omega defendia, através da melhoria de infra-estruturas em África, o
modo de criar as condições propícias para atrair investimentos estrangeiros, a NEPAD surge
destas duas ideias.2

Nesta perspectiva, a NEPAD constitui uma visão e um quadro para a revolução do


continente africano, baseada no entendimento e na compartilha que é indispensável para erradicar
a pobreza na África e posicionar os países da África no caminho de crescimento económico e
desenvolvimento sustentável.3

1.2 Os países membros da NEPAD

Os países membros da NEPAD são: Argélia, Angola, Benin, Botsuana, Burkina Faso,
Burundi, Camarões, Cabo Verde, República Centro-africana, Comores, Congo, República
Democrático do Congo, Costa de Marfim, Djibuti, Egipto, Eritreia, Etiópia, Gabão, Gâmbia,

1
EDUARDO, Paz Ferreira e ATANÁSIO, João, Textos de Direito do Comércio Internacional e do
Desenvolvimento Económico, Vol. II, Desenvolvimento Económico, Almedina, 2005 pg. 800;
2
ANTONIO, Pincha Moral, Integração Regional, Unidade I, 1ª Edição, ISM Editora, 2012. Pag.29;
3
SEMEDO, Felisberto. O Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP) no quadro na NEPAD:
Oportunidade e desafio para os Estados Africanos. S/ed, Lisboa, 2010, Pag.27.
3
Gana, Guiné-Bissau, Líbia, Madagáscar, Malawi, Guiné-Equatorial, Mali, Mauritânia, Maurícias,
Moçambique, Namíbia, Nigéria, Níger, Uganda, Ruanda, Saara Ocidental, São Tome e Príncipe,
Suazilândia, Tanzânia, Chalé, Togo, Tunísia, Zâmbia e Zimbabwe.4

1.3 Objectivos da NEPAD:

 A Democracia e a Boa Governação Política: Os Estados membros da NEPAD pretendem


com este objectivo alcançar um crescimento sustentável e de desenvolvimento, muito
longe das guerras e das violências que tem se verificados em alguns países da áfrica como
é o caso da Somália, Sudão, Costa do Marfim.

Unidos, os dirigentes africanos poderão isolar os corruptos que há no seu seio e lutar de
forma mais tenaz contra a marginalização da áfrica no processo da globalização, como
por exemplo respeitar as Mulheres não fazer delas escravas sexuais ou morais de trabalho
pois é um dos caminhos para o futuro da áfrica sem haréns nem descriminação de sexo ou
de cor, como acontece actualmente no Sudão entre Árabes e Negros.5
Paz, a estabilidade e a segurança são pré – requisitos para permitir à África
explorar e rentabilizar as imensas potencialidades económicas de que é portadora.
Neste sentido, é importante persistir e operacionalizar instituições de prevenção e
resolução de diferendos e assegurar o envolvimento interessado da comunidade
internacional. 6
Estamos profundamente persuadidos de que a guerra é, por natureza, inimiga do
desenvolvimento económico, social e cultural das Nações. Pela sua dimensão e
pela sua riqueza, a África tem um papel relevante a desempenhar no mundo das
trocas internacionais. Para isso acontecer, no entanto, impõe-se que os seus
dirigentes bem como os seus parceiros internacionais tenham visão de futuro e não

4
DIALLO, Alfa Oumar. A Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD) –
Paradigma para o Desenvolvimento. Editora: Porto Alegre, Brasil, 2006, pag.9;
5
HEITHOR, Jorge, NEPAD – A visão de uma outra África, disponível em: www.alem-mar.org, Acesso 28/02/2005;
6
PEREIRA, João Mendes, Direito Comunitário material e integração sub-regional: contributo para Estudo
material das mutações no processo de integração económica e material África ocidental, 2012, Trabalho do fim do
curso (Monografia), Faculdade De Direito, Universidade De Lisboa, Lisboa, pág. 415;
4
 A Governação Económica e Social: Implica uma transparência na gestão financeira, que
é um requisito essencial para a promoção do crescimento económico e a redução da
pobreza. Para efectivar este objectivo a NEPAD criou oito medidas prioritárias para o
funcionamento cabal da boa governação económica e social. Essas medidas prioritárias
representam as normas fundamentais aceites ao nível internacional, regional e nacional que
todos os países membros devem esforçar-se por respeitar da melhor forma possível.
As oito medidas prioritárias ora aprovadas, têm o potencial de promover a eficácia do
mercado, de controlar as despesas fúteis, de consolidar a democracia e de encorajar os fluxos
financeiros privados - por serem todos estes aspectos importantes de redução da pobreza e de
melhoria do desenvolvimento durável.7
a) Melhores Práticas nos domínios Monetário e Financeiro;
b) Melhores Práticas no domínio de Transparência Fiscal;
c) Melhores Praticas no domínio de Transparência Orçamental;
d) Orientação para uma Boa Gestão da Divida Publica;
e) Princípios de Boa Governação na sociedade;
f) Princípios de Contabilidade Internacionais;
g) Princípios de Auditoria Internacionais;
h) Princípios Fundamentais de Controlo Bancário Efectivo.
Também aprovámos outras medidas e normas fundamentais de transparência e de Gestão
financeiras. Estas incluem:
a. Princípios de Sistemas de Pagamento;
b. Recomendações sobre o Branqueamento de capital; e
c. Princípios essenciais de regulamentação de títulos e de Seguros.8

Desenvolvimento Parceiro Económico ou Socioeconómico: A NEPAD acredita que o


desenvolvimento da África incumbe aos próprios africanos e isso só é possível através da
qualidade dos seus recursos humanos que se verifica a partir da melhor educação e formação,
particularmente no domínio da Tecnologia de Informação e de Comunicação e de saúde, com

7
HEITHOR, Jorge, NEPAD – A visão de uma outra África, disponível em: www.alem-mar.org,acesso 28/02/2005;
8
PEREIRA, João Mendes, Direito Comunitário material e integração sub-regional: contributo para Estudo
material das mutações no processo de integração económica e material África ocidental, 2012, Trabalho do fim do
curso (Monografia), Faculdade De Direito, Universidade De Lisboa, Lisboa, pág. 216;
5
atenção prioritária para o VIH/SIDA e outras doenças bem como outras competências
globalizantes.9
A NEPAD tem em vista garantir a igualdade entre os homens e as mulheres bem como a
integridade efectiva e total da mulher no desenvolvimento político e sócio – económico, Por
conseguinte, a NEPAD encoraja novas parcerias entre o governo e o sector privado; numa nova
divisão de trabalho na qual o sector privado será uma verdadeira força motriz de crescimento
económico, enquanto os governos se concentrarão no desenvolvimento de infra-estruturas e na
criação de um ambiente macro-económico.
As Comunidades Económicas Regionais continuam a ser a pedra angular na integração
económica da África a intenção é de basear-se nesta fundação promissora, trabalhando com os
parceiros do desenvolvimento e com o Comité Internacional no seu todo para:

 Incentivar novas formas de cooperação internacional nas quais as vantagens da


globalização são partilhadas de forma justa;

 Criar um ambiente económico estável no qual os países africanos possam implementar o


crescimento através dum maior acesso ao mercado para os seus produtos de exportação;

O Mecanismo Africano de Controlo dos Pares: Os países membros da NEPAD concordaram


em adoptar um Mecanismo Africano de Avaliação de Pares (APRM) com base numa adesão
voluntária. A APRM procura promover a adesão aos compromissos contidos sua Declaração e a
sua devida consideração. O Mecanismo define as instituições e os processos que nortearão os
futuros contornos dos pares baseados nas medidas e normas mútuas de democracia, governação
política económica e social.10
1.4 Estrutura Orgânica

a) A Assembleia dos Chefes de Estado e de Governos da UA

9
HEITHOR, Jorge, NEPAD – A visão de uma outra África, disponível em: www.alem-mar.org,acesso 28/02/2005;
10
Conferencia dos Chefes de Estado e de Governo da Organização da Unidade Africana, 8 de Julho de 2002,
Durban, pág. 5˗8.
6
É o mais alto órgão desta organização composto por oito países mais industrializados e
outros parceiros, todas as decisões pertinentes relativas à NEPAD são tomas por estes
países que se reúnem anualmente traçar objectivos anuais gerais.
b) O Comité de Implementação dos Chefes de Estados e de Governos
É uma instituição composta por vente países cinco dos quais são membros permanentes
(Argélia, Egipto, Nigéria, Senegal e África do Sul), os restantes países foram
seleccionados em função do equilíbrio geográfico regional.
c) O Comité de Gestão
É composto pelos membros permanentes do órgão acima referidos, é responsável pelo
desenvolvimento dos termos de referência dos programas identificados, este composto por
cinco grupos de trabalho: Desenvolvimento Humano, Educação e Saúde (Argélia), Paz e
Segurança, Governabilidade Política, Democracia (África do Sul), acesso aos mercados,
diversificação produtiva e agrícola (Egipto) e Economia e Governabilidade Económica
(Nigéria).

Com a NEPAD os líderes africanos pretendem alcançar os seguintes resultados: Crescimento


anual na ordem de 7%, uma infra-estrutura capaz de agilizar o processo de desenvolvimento,
redução da miséria e injustiça social, diversificação das actividades produtivas para poder
competir no mercado internacional, aumento da exportação, aplicação de investimentos e um
aprofundamento da cooperação entre os Estados Africanos.11

1.5 Análise de Documentos

No que tange à questão de impulsionar o crescimento económico da África. A primeira


foi a “Renascença Africana” apresentada em 1996 pelo vice-presidente da África do sul, Thabo
Mbeki, com a finalidade de dar um novo alento a África.

A segunda proposta foi o “Plano de Omega”, proposto pelo presidente Senegalês Abdoulaye
wade. Plano de Omega defendia, através da melhoria de infra-estruturas em África, o modo de
criar as condições propícias para atrair investimentos estrangeiros.

A NEPAD surge destas duas ideias, o seu documento constitutivo foi elaborado na 37ª
Cimeira da Cúpula da OUA, realizada nos dias 6 a 7 de Julho de 2001, em Lusaka, capital da
11
ANTONIO, Pincha Moral, Integração Regional, Unidade I,1ª Edição, ISMO, Maputo, 2012, pág. 30-31.

7
Zâmbia. No mesmo encontro foi criado o comité de implementação constituído por 15 chefes de
Estado e de Governo – 3 Estados de cada uma das 5 sub-regiões da África com a função de
elaborar uma estratégia de instituição da “Nova Iniciativa Africana”, bem como um programa de
acção nas cincos áreas de enfoque do plano: Segurança e Paz, Governabilidade económica,
criação de infra-estruturas, padrões financeiros e bancários, agricultura e acesso aos mercados
internacionais.12

1.5.1 A declaração da NEPAD

A declaração da NEPAD foi adoptada na 1ª reunião do comité de implementação da NEPAD


de chefes de Estado e de Governo em Abuja, na Nigéria, em Outubro de 2001. A NEPAD é a
agenda de desenvolvimento da UA e tem uma forte componente de actuação no campo dos
Direitos Humanos.

De acordo com o artigo nº 1 da sua declaração constitutiva, a NEPAD "é uma promessa por
parte dos africanos por parte dos líderes, com base numa visão comum e numa convicção firme
e partilhada do dever urgente de erradicar a pobreza e de colocar os seus países, tanto
individual como colectivamente, numa via de crescimento e de desenvolvimento duradouros e,
simultaneamente, de participar activamente na economia e na vida política mundiais. O
programa esta ancorado na determinação de os africanos se desenredarem a si e ao continente
da África do subdesenvolvimento e da exclusão num mundo globalizado”.13

A NEPAD estabelece questões básicas, sem as quais não é possível erradicar a pobreza e,
nomeadamente, atingir outros afins: a Paz, a segurança, a democracia e a boa governação
política, económica e corporativa. Para potenciar o desenvolvimento do continente africano, a
NEPAD elegeu seis áreas prioritárias, nomeadamente: desenvolvimento das infra-estruturas,
desenvolvimento dos recursos naturais, recursos humanos, agricultura e acesso aos mercados dos
países desenvolvidos, o ambiente, a cultura, turismo, ciência e tecnologia.14

12
Obra cit, pág. 29
13
Declaração da NEPAD, disponível em: www.chr.up.ac.za, acesso aos 28/02/2018
14
ANTONIO, Pincha Moral, Integração Regional, Unidade I,1ª Edição, ISMO, Maputo, 2012, pág.31.
8
2 CAPITULO II: PROCESSO DE INTEGRAÇÃO SUB-REGIONAL
2.1 Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO)

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Criada em Maio


de 1975 pelo Tratado de Lagos, a CEDEAO é um grupo de 15 países cujo mandato é promover a
integração económica em todas as áreas de actividade dos Estados-membros.

Esses Estados-membros da CEDEAO são o Benim, o Burkina Faso, Cabo Verde, Côte d’Ivoire, a
Gâmbia, o Gana, a Guiné, a Guiné-Bissau, a Libéria, o Mali, o Níger, a Nigéria, a Serra Leoa, o
Senegal e o Togo.

Considerada como sendo um dos pilares da Comunidade Económica Africana, a


CEDEAO foi criada no intuito de fomentar o ideal de auto-suficiência colectiva dos Estados-
membros. Enquanto união comercial, espera-se que estabeleça um bloco único e vasto de
comércio por meio da cooperação económica.

As actividades económicas integradas, tais como previstas na área para um total do PIB
de 734,8 biliões de dólares dos Estados Unidos, giram em torno dos sectores de actividades
económicas sem se limitarem porém à indústria, aos transportes, às telecomunicações, à energia,
à agricultura, aos recursos naturais, ao comércio, às questões monetárias e financeiras bem como
aos assuntos sociais e culturais.

2.1.1 As expectativas de integração económica

As expectativas de integração económica têm sido sempre altas e muito foi feito pela
organização regional desde a aprovação do tratado que lhe conferiu um carácter juridicamente
vinculativo. Na base das avaliações contemporâneas, essa organização regional ultrapassou as
expectativas dos seus pais fundadores. Hoje, goza a nível mundial da reputação de uma
organização regional bem-sucedida. De facto, a CEDEAO pode ser tida agora como trunfo de
uma integração efectiva e exemplo de uma coexistência regional.15

Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO), disponível


15
em:
www.https://ecoslate.github.io/sobre-cedeao/informacao-basica/-lang=pt-pt.htm, acessado 28/02/2018
9
2.1.2 A Visão da CEDEAO

A Visão da CEDEAO é estabelecer uma região sem fronteiras, onde a população acede
aos recursos abundantes da região e demonstra a capacidade de os explorar pela criação de
oportunidades num ambiente sustentável. O que a CEDEAO estabeleceu é uma Região integrada,
onde a população goza da livre circulação, tem acesso a sistemas educativos e de saúde eficientes
e se envolve nas actividades económicas e comerciais enquanto leva um vida condigna num
ambiente de paz e segurança. Espera-se que a CEDEAO seja uma Região governada em
conformidade com os princípios da democracia, do Estado de direito e da boa governação.

Foi no sentido de concretizar suavemente essa visão que o aparelho administrativo da


CEDEAO, sedeado em Abuja, na Nigéria, transformou o seu então Secretariado na actual
Comissão em Janeiro de 2007. Em vez de um Secretário Executivo, temos agora um Presidente
da Comissão com maiores poderes, coadjuvado por um Vice-presidente e quinze Comissários.
Perante o empenho desses responsáveis, a CEDEAO preocupa-se agora com a implementação
dos programas estratégicos importantes destinados a aprofundar a coesão e a eliminar
gradualmente tudo quanto foi identificado como erigindo barreiras à integração cabal
preconizada.

Hoje, a medida que as economias dos países Africanos continuam a registar um


crescimento regular, a África Ocidental permanece uma das regiões mais robustas do continente,
tendo crescido num ritmo de 6,7 porcento em 2013 impulsionado em grande parte pela
prosperidade colectiva da CEDEAO.

Tendo aumentado anualmente esse crescimento, a Região demonstra agora poder tornar-
se financeiramente autónoma e ultrapassar os desafios que dificultam o seu desenvolvimento
económico e social. Para tal, a Comissão está a criar, mediante o processo de integração regional,
um ambiente favorável a um desenvolvimento económico célere.

A Comissão ainda acredita que o crescimento económico regional deve assentar-se em


políticas macroeconómicas prudentes. Daí a CEDEAO estar a investir no setor social e a formular
políticas económicas no âmbito do programa de desenvolvimento regional. Desejosa de melhorar
a sua integração económica, a CEDEAO continuou a promover o investimento e a desenvolver os

10
serviços promotores de investimentos, pelo que já conta com várias missões realizadas no terreno
em estudo do clima de investimento.16

A medida que a CEDEAO chega aos seus 40 anos, envida esforços significativos por
harmonizar políticas macroeconómicas e promover o sector privado em prol da integração
económica. Esses esforços deram origem a algumas iniciativas, nomeadamente a implementação
do roteiro do programa de moeda única da CEDEAO, a monitorização e avaliação dos
desempenhos, a convergência macroeconómica, a gestão da Base de Dados Macroeconómicos e
do Sistema de Vigilância Multilateral (ECOMAC) da CEDEAO sem descurar a cooperação com
outras instituições regionais e internacionais.17

Imbuídos do mesmo propósito até ao nível regional, os cidadãos da África Ocidental já


podem apropriar-se da nova visão, de passar de uma CEDEAO dos Estados para uma CEDEAO
dos povos, no horizonte 2020.

2.1.3 Instituições da CEDEAO

Na configuração actual, as Instituições da CEDEAO recorrem ao seu órgão principal que


é a Conferência dos Chefes de Estado e de Governo. São outras Instituições da CEDEAO, o
Conselho de Ministros, a Comissão, o Parlamento, o Tribunal de Justiça, os Comités Técnicos
Especializados e o Banco de Investimento e Desenvolvimento da CEDEAO (EBID).18

Também existem Instituições Especializadas, tais como a Organização Oeste Africana da


Saúde (OOAS), a Agência Monetária da África Ocidental (AMAO) e o Grupo
Intergovernamental de Acção contra o Branqueamento de Capitais e o Financiamento do
Terrorismo (GIABA).

O nosso grupo regional ainda dispõe de três Agências Especializadas: o Centro de


Desenvolvimento do Género da CEDEAO, o Centro do Desenvolvimento da Juventude e dos
Desportos da CEDEAO e o Centro de Coordenação dos Recursos Hídricos da CEDEAO.

16
Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO), disponível em:
www.https://ecoslate.github.io/sobre-cedeao/informacao-basica/-lang=pt-pt.htm, acessado 28/02/20
17
Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO), disponível em:
www.https://ecoslate.github.io/sobre-cedeao/informacao-basica/-lang=pt-pt.htm, acessado 28/02/2018
18
PEREIRA, João Mendes, Direito Comunitário material e integração sub-regional: contributo para Estudo
material das mutações no processo de integração económica e material África ocidental, 2012, Trabalho do fim do
curso (Monografia), Faculdade De Direito, Universidade De Lisboa, Lisboa, pág.409;
11
2.2 Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA)

A COMESA, do seu nome em inglês,Commmon Market for Eastern and Southern Africa
(Mercado Comum da África Oriental e Austral) é uma organização de integração econômica
entre países da África que tem como objetivo promover a prosperidade econômica dos estados
membros, através do estabelecimento de uma área de livre para o comércio.

A COMESA tem 19 estados membros, não só das duas sub-regiões indicadas no seu nome,
África oriental e África austral, mas também do norte de África (Líbia e Egito).

O tratado que fundou a COMESA foi assinado em 5 de Novembro de 1993, em Kampala,


Uganda, e foi ratificado a 8 de Dezembro de 1994 em Lilongwe, Malawi. Esta organização
substituiu a “Área de Comércio Preferencial” (Preferential Trade Area, ou PTA) que existia
desde 1981.

A COMESA forma um mercado enorme, tanto a nível de comércio interno como externo.
O secretariado desta organização encontra-se em Lusaka, Zâmbia. A COMESA é sócia do Banco
de Comércio e Desenvolvimento da África Oriental e Austral (Eastern and Southern African
Trade and Development Bank) de Nairobi, Quénia.19

2.3 Processo de integração sub-regional da COMESA

A Autoridade dos Chefes de Estado e de Governo do Mercado Comum da África


Oriental e África Austral (COMESA) realizou a Cimeira em Nairobi, Quénia, em Maio de 2007.
A Autoridade apelou todos os Estados Membros que ainda não aderiram à Zona de Comércio
Livre (FTA) a fazê-lo antes do lançamento da União Aduaneira do COMESA em Dezembro de
2008.

A Cimeira adoptou a estrutura da Tarifa Externa Comum do COMESA, que é constituída


por quatro escalões: 0 por cento sobre matérias-primas, 0 por cento sobre bens de capital, 10 por
cento sobre bens intermédios, e 25 por cento sobre produtos finais. A este respeito, a Cimeira
instruiu que todos os trabalhos técnicos e modalidades da implementação da TEC necessários
baseados no sistema de classificação das NU e outras áreas afins fossem finalizados antes da

19
PEREIRA, João Mendes, Direito Comunitário material e integração sub-regional: contributo para Estudo
material das mutações no processo de integração económica e material África ocidental, 2012, Trabalho do fim do
curso (Monografia), Faculdade De Direito, Universidade De Lisboa, Lisboa, pág.218;
12
próxima Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo, de modo a garantir que a União Aduaneira
20
fosse lançada em 8 de Dezembro de 2008.

2.3.1 Questões monetárias e financeiras

No que diz respeito a questões monetárias e financeiras, a Cimeira solicitou os Estados


Membros que ainda não ratificaram o Fundo do COMESA a fazê-lo, para lhes permitir beneficiar
do Fundo de Desenvolvimento Regional. O Fundo do COMESA é um instrumento financeiro
regional que permite os Estados Membros receber o financiamento para o desenvolvimento.

A Cimeira aprovou a criação de uma unidade de COMAid no Secretariado do COMESA


para empreender a análise técnica e elaborar programas coerentes de Ajuda para o Comércio (Aid
for Trade) - destinados a facilitar o acesso aos recursos disponíveis no âmbito da Iniciativa da
Ajuda para o Comércio da OMC. Isto diz respeito a infra-estrutura relacionada com o comércio,
constrangimentos de oferta e custos económicos e sociais resultantes da implementação de
acordos bilaterais, regionais e multilaterais.

2.3.2 Área de infra-estrutura

Na área de infra-estrutura, a Cimeira elogiou a implementação em curso das Normas


Comuns sobre a Concorrência nos Transportes Aéreos pelos Ministros responsáveis do
COMESA, Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e Comunidade da
África Oriental (EAC) e concordou com o rápido estabelecimento da Autoridade Conjunta de
Concorrência. Neste sentido, a Cimeira exortou todos os Estados Membros a implementar os
instrumentos para a facilitação do comércio e do transporte em trânsito do COMESA para
melhorar o movimento do trânsito e tráfego transfronteiriço. A Cimeira também concordou com a
necessidade de criar um sistema de transporte ferroviário contínuo na sub-região de COMESA.

2.3.3 Desenvolvimento do sector privado

Com vista ao aprofundamento do desenvolvimento do sector privado na área do


COMESA, a Cimeira aprovou a criação da Agência de Investimento Regional (RIA), que dirigirá
a promoção do investimento directo estrangeiro (IDE) e internacional, bem como o

20
NAÇÕES UNIDAS CONSELHO ECONÓMICO E SOCIAL COMISSÃO ECONÓMICA PARA A ÁFRICA, I
Reunião Conjunta Anual da Conferência da UA de Ministros de Economia e Finanças e Conferência da CEA de
Ministros Africanos de Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, Adis Abeba, Etiópia.
13
desenvolvimento de uma estratégia regional de informações empresariais na área do COMESA.
A Cimeira adoptou igualmente o Acordo de Investimento para a Área de Investimento Comum
do COMESA e exortou os Estados Membros a ratificá-lo. A Cimeira elogiou o Conselho
Económico do COMESA e a Associação de Produtores do Quénia pela realização bem-sucedida
de um Fórum Empresarial à margem da Cimeira para promover a Parceria Público-Privada.

A Cimeira solicitou o Secretariado do COMESA a concluir o Acordo Quadro de


Investimento, para acelerar o estabelecimento da Área de Investimento Comum do COMESA
(CCIA). O Secretariado do COMESA recebeu orientações da Cimeira no sentido de fazer um
inventário exaustivo das principais estruturas industriais de produção e manufactura em todos os
Estados Membros com o objectivo de identificar as indústrias existentes e as potenciais que
possam produzir para o mercado do COMESA e beneficiar das oportunidades de mercado e de
compras.21

Na sequência da sua determinação de criar uma união monetária, a Cimeira aprovou a


decisão do Comité dos Governadores dos Bancos Centrais do COMESA de estabelecer um
Instituto Monetário do COMESA, que realizará os trabalhos preparatórios necessários que
conduzem à criação de uma União Monetária do COMESA na zona. A Cimeira apelou a Câmara
de Compensação do COMESA a acelerar o estabelecimento do Sistema Regional de Pagamento e
Liquidação (REPS) para que entre em funcionamento.

2.3.4 Área de segurança alimentar

Na área de segurança alimentar, a Cimeira exortou os Estados Membros a harmonizar as


políticas agrícolas nacionais e a adaptar os seus programas ao Programa Integrado para o
Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP) da Nova Parceria para o Desenvolvimento
da África (NEPAD) de modo a garantir a auto-suficiência alimentar nacional e regional. Solicitou
igualmente os Estados Membros a implementar os instrumentos de facilitação comerciais que se
destinam a promover o comércio transfronteiriço de pequenos produtores e comerciantes.

A Cimeira enalteceu a criação do Fundo do COMESA que proporcionará apoio para o


desenvolvimento de infra-estruturas na região. Também reafirmou o seu apoio à implementação

21
NAÇÕES UNIDAS CONSELHO ECONÓMICO E SOCIAL COMISSÃO ECONÓMICA PARA A ÁFRICA, I
Reunião Conjunta Anual da Conferência da UA de Ministros de Economia e Finanças e Conferência da CEA de
Ministros Africanos de Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, Adis Abeba, Etiópia
14
do projecto dos canais de Shire-Zambezi e exortou o Secretariado do COMESA a apoiar o
Governo de Malawi na mobilização de financiamento para o projecto. A Cimeira adoptou
igualmente o Fundo Comum de Energia da África Oriental como uma instituição especializada
do COMESA e uma via para a melhoria da inter-conectividade da energia na região e no resto da
África.

2.3.5 Cooperação entre COMESA e outras CERs e UA

Sobre a cooperação entre COMESA e outras CERs e UA, a Cimeira realçou com
satisfação a melhoria da cooperação entre COMESA e outras organizações regionais em África,
particularmente com EAC, Autoridade Intergovernamental sobre o Desenvolvimento (IGAD) e a
Comissão do Oceano Índico (IOC) no âmbito do Comité de Coordenação Inter-Regional (IRCC).
Sublinhou igualmente os progressos que estão a ser feitos no quadro do Grupo de Trabalho
Conjunto entre COMESA, SADC e EAC sobre a coordenação e harmonização das actividades
das três instituições. IRCC e o Grupo de Trabalho Conjunto têm estado a manter discussões sobre
a coordenação e harmonização das actividades das instituições com o objectivo de alcançar a
harmonização e convergência dos programas para acelerar a realização da Comunidade
Económica Africana.

3 A Comunidade da África Oriental (EAC)


A Comunidade da África Oriental (em inglês: East African Community - EAC), cujo
acrónimo é CAO, é a organização intergovernamental das repúblicas do Quénia, Uganda e da
Tanzânia, e mais recentemente, das do Burundi e Ruanda, com sede em Arusha, na Tanzânia,
com o objectivo de aprofundar a cooperação entre os Estados-membros nos campos político,
económico e social, entre outros, como forma de contribuir para o seu desenvolvimento.22

O Quénia, a Tanzânia e o Uganda têm uma longa história de arranjos de integração


regional, que incluíram:

a União Aduaneira entre o Quénia e o Uganda em 1917, à qual se juntou o Tanganica em 1927;

a "Alta Comissão do Leste Africano" (East African High Commission) (1948-1961), uma
unidade administrativa do Império Britânico; a "Organização de Serviços Comuns do Leste
22
NAÇÕES UNIDAS CONSELHO ECONÓMICO E SOCIAL COMISSÃO ECONÓMICA PARA A ÁFRICA, I
Reunião Conjunta Anual da Conferência da UA de Ministros de Economia e Finanças e Conferência da CEA de
Ministros Africanos de Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, Adis Abeba, Etiópia
15
Africano" (East African Common Services Organisation) (1961- 1967); a primeira Comunidade
da África Oriental (1967-1977) e a Comissão Tripartida Permanente para a Cooperação entre o
Estados da África Oriental (1993- 2000).

Depois da dissolução da primeira Comunidade da África Oriental, em 1977, os três


Estados negociaram um Acordo de Mediação para a Divisão do Activo e Passivo, que assinaram
em 1984. Este acordo incluía uma cláusula na qual os signatários concordavam em explorar áreas
de futura cooperação, sob a forma de acordos concretos. Reuniões subsequentes dos três chefes
de Estado levaram à assinatura dum Acordo para o Estabelecimento duma Comissão Tripartida
Permanente para a Cooperação entre o Estados da África Oriental, a 30 de Novembro de 1993.
Em 14 de Março de 1996, o Secretariado da Comissão Tripartida Permanente foi instalado em
Arusha, na Tanzânia.

Em 29 de Abril de 1997, os três chefes de Estado deram orientações à Comissão


Tripartida Permanente para iniciar o processo de rever o Acordo que a estabelecia e transformá-lo
num Tratado para o Estabelecimento da Comunidade da África Oriental, que foi assinado em
Arusha, aos 30 de Novembro de 1999 e entrou em vigor a 7 de Julho de 2000.

O Burundi e o Ruanda foram admitidos no seio da CAO na cimeira de 30 de Novembro de 2006,


tendo-se tornado membros em 18 de Junho de 2007.23

3.1.1 Processo de integração da EAC

A Comunidade da África Oriental (EAC) realizou a sua 6ª Cimeira Extraordinária em


Arusha, Tanzânia, em Agosto de 2007. A Cimeira realçou que a República do Burundi e a
República do Ruanda, que aderiram à Comunidade em Julho de 2007, tinham finalizado o
processo de adesão com o depósito dos instrumentos de ratificação dos Tratados de Adesão junto
do Secretário-geral. A Cimeira sublinhou igualmente a necessidade de se proceder à emenda de
algumas disposições do Tratado que cria a Comunidade da África Oriental para facilitar a
participação efectiva dos dois novos Estados parceiros nos Órgãos e Instituições da EAC.
Aprovou assim as emendas aos Artigos 13, 17, 19, 48, 62 e 65 do Tratado da EAC.

23
PEREIRA, João Mendes, Direito Comunitário material e integração sub-regional: contributo para Estudo
material das mutações no processo de integração económica e material África ocidental, 2012, Trabalho do fim do
curso (Monografia), Faculdade De Direito, Universidade De Lisboa, Lisboa
16
A Cimeira exortou a República do Ruanda e a República do Burundi a acelerar o processo
de integração total na União Aduaneira da EAC. Solicitou ainda os Estados Membros a
empenhar-se activamente na criação de um Mercado Comum e uma União Monetária até 2012. A
este respeito, a Cimeira incumbiu o Secretariado da EAC de explorar a possibilidade de dar início
à concretização da União Aduaneira o mais cedo possível e desenvolver um quadro estratégico
para a rápida criação do Mercado Comum e da União Monetária para consideração da próxima
Cimeira.

3.2 Cooperação tripartida entre EAC, COMESA e SADC

A Cimeira apoiou igualmente a cooperação tripartida entre EAC, COMESA e SADC na


harmonização de políticas e programas das três instituições. Solicitou ainda os Estados Membros
a conciliar a sua legislação sobre o investimento com o Código de Investimento Padrão da EAC.

A Cimeira realizou uma sessão especial sobre estratégias necessárias para acelerar o
desenvolvimento de infra-estruturas regionais. Um resultado da sessão é uma directiva da
Cimeira ao Secretariado de SADC no sentido de elaborar um Plano Director para o
desenvolvimento de Infra-estrutura em estreita cooperação com os Estados Membros.

A Cimeira registou os progressos que estão a ser efectuados na implementação da


Declaração de Maseru sobre a Luta contra o VIH e SIDA, que incluiu a aprovação da Estrutura
para a Operacionalização do Fundo Regional de SADC para VIH e SIDA.

3.3 Na área do género

Na área do género, a Cimeira realçou os progressos efectuados para alcançar a meta


estabelecida da representação de 50 por cento das mulheres na tomada de decisão e reafirmou o
seu compromisso de atingir esta meta. Salientou os progressos feitos nas negociações do
Protocolo sobre Género e Desenvolvimento e decidiu adiar a sua assinatura para permitir alguns
24
Estados Membros concluir as suas consultas internas.

A Cimeira tomou nota dos progressos feitos nos preparativos da Conferência


Internacional da SADC sobre Pobreza e Desenvolvimento que será realizada nas Maurícias em

24
NAÇÕES UNIDAS CONSELHO ECONÓMICO E SOCIAL COMISSÃO ECONÓMICA PARA A ÁFRICA, I
Reunião Conjunta Anual da Conferência da UA de Ministros de Economia e Finanças e Conferência da CEA de
Ministros Africanos de Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, Adis Abeba, Etiópia;
17
Abril de 2008. A Conferência Consultiva Ministerial da SADC com Parceiros da Cooperação
Internacional (ICPs) será realizada logo a seguir à Conferência sobre a Pobreza.

A Cimeira assinou entre outros instrumentos jurídicos o Memorando de Entendimento


(MdE) sobre a criação da Brigada de Intervenção da SADC.

4 A Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC)


A Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) é uma comunidade
económica da África Central criada em Libreville, Gabão, em Dezembro de 1981. A CEEAC
tornou-se operacional em 1985 e seus objectivos são promover a cooperação e o desenvolvimento
auto-sustentável, com particular ênfase na estabilidade económica e melhoria da qualidade de
vida. Os onze países membros são Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Chade,
Congo, Guiné Equatorial, Gabão, São Tomé e Príncipe, República Democrática do Congo e
Angola.

A política da CEEAC inclui um plano de doze anos para eliminar impostos de alfândegas
entre os Estados membros e estabelecer uma pauta externa comum; consolidar o livre movimento
de bens, serviços e pessoas; melhorar a indústria, o transporte e as comunicações; a união dos
bancos comerciais e a criação de um fundo de desenvolvimento. A sede da CEEAC está em
Libreville, Gabão.25

4.1 Processo integração da CEEAC

4.1.1 Promoção do desenvolvimento e o crescimento económico

A Cimeira da Comunidade Económica dos Estados Africanos da África Central (CEEAC)


realizou-se em Brazzaville, Congo, em 30-31 de Outubro de 2007. A Cimeira reafirmou o seu
compromisso de promover o desenvolvimento e o crescimento económicos através da integração
dos mercados dos Estados Membros. Exortou os Estados Membros a conjugar esforços para:
harmonização da tarifa externa comum da Comunidade Económica e Monetária da África Central
(CEMAC), com vista a realizar uma união aduaneira em 2008; eliminação de barreiras não
tarifárias; harmonização de documentos aduaneiros; livre circulação de pessoas, operadores
económicos; desenvolvimento de infra-estruturas de apoio, tais como adopção do plano director

25
SEMEDO, Felisberto. O Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP) no quadro na NEPAD:
Oportunidade e desafio para os Estados Africanos. S/ed, Lisboa, 2010;
18
de transportes, criação de uma reserva de energia para a sub-região; adopção de um programa de
segurança alimentar; e estabelecimento de um imposto comunitário (CCI) de 0,4 porcento para o
financiamento da integração regional.

4.1.2 Recursos hídricos

A Cimeira apelou o Presidente da Comissão da CEMAC e o Secretário-geral do


Secretariado da CEEAC a formar um Comité, constituído pela CUA, CEA e BAD, para
desenvolver uma estrutura para a harmonização dos programas e actividades da CEMAC e
CEEAC e a eventual integração das duas instituições. Apelou igualmente o Secretariado da
CEEAC a elaborar um quadro para a gestão sustentável, harmonização e coordenação dos
recursos hídricos na sub-região da CEEAC. Além disso, incumbiu o Fundo Comum de Energia
da África Central em colaboração com o Secretariado da CEEAC, a estabelecer um mecanismo
efectivo para o marketing de electricidade na sub-região da CEEAC. O mecanismo deve ser
baseado nos princípios de complementaridade, cooperação e investimento viável benéfico para
todas as partes.

4.1.3 Manutenção da Paz e segurança

A Cimeira incumbiu igualmente o Secretário-geral do Secretariado da CEEAC a


continuar a envidar esforços para a manutenção da paz e segurança ao longo das fronteiras dos
Estados Membros, nomeadamente no que diz respeito a actividades criminosas armadas, a
circulação de armas ilícitas de pequeno calibre, violação dos direitos humanos, particularmente
de mulheres crianças, e o tráfico de drogas e contrabando de mercadorias.26

5 CAPITULO III: GÉNESE DA SADC


5.1 Origens da SADC

Nos finais da década de 1980, o ambiente político-económico internacional e regional,


apresentou alterações importantes que tornaram-se importante decisiva para a transformação da
SADCC em SADC, nomeadamente:

26
NAÇÕES UNIDAS CONSELHO ECONÓMICO E SOCIAL COMISSÃO ECONÓMICA PARA A ÁFRICA, I
Reunião Conjunta Anual da Conferência da UA de Ministros de Economia e Finanças e Conferência da CEA de
Ministros Africanos de Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, Adis Abeba, Etiópia.
19
O fim da guerra fria e independência da Namíbia, no inicio da década 1990; o progressivo
isolamento diplomático e económico da África do Sul, a pacificação em Moçambique, e o fim da
guerra civil em Angola, acompanhada da implantação de sistemas multipartidários, em
Moçambique (1992).

Ao mesmo tempo em que o governo sul-africano operava mudanças tendo em vista o


desmantelamento do apartheid, o governo reconhece a legalidade do ANC. Neste mesmo período,
as leis raciais são abolidas e o dialogo com os partidos, outrora considerados ilegais, se
restabelece. Estas mudanças culminaram, a nível interno da África do Sul, com as eleições
multirraciais e que levaram Nelson Mandela ao poder.27

Com o decorrer dos acontecimentos acima mencionados, os dirigentes acima mencionados,


os dirigentes do SADCC sentiram a necessidade de realizar alterações no sentido de dar maior
consistência aos seus objectivos de cooperação económica e, ao mesmo tempo, criarem
condições para que, quando a África do Sul deixasse de ser governada pela minoria branca,
entrasse para a organização, como membro com plenos direitos e deveres.

O tratado de Abuja, assinado a 3 de Junho de 1991, e entrando em vigor a 12 de Maio de


1994, lança a base para criação de uma Comunidade Económica Africana (CEA), mecanismo
adoptado pelos Estados-membros da União Africana (UA) para atingir a integração completa das
economias, que constitui uma estratégia para o desenvolvimento do continente africano. A
consolidação da CEA pelo fortalecimento das Comunidades Económicas Regionais (CER’s).
Oito CER’s encontram-se actualmente reconhecidas pela UA como pilares da CEA, e a
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) é um dos pilares chave para
integração regional.28 A SADC é um bloco regional que surgiu em substituição da Conferencia
para Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADCC), tendo, esta em ultima,
surgido do Estados da Linha da Frente (ELF).

5.2 Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC)


A SADC

27
ANTONIO, Pincha Moral, Integração Regional, Unidade I, 1ª Edição, ISM Editora, 2012, Pág.38
28
Idem, Pág.33
20
A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC) foi criada em 1992,
onde se alterou a denominação da SADCC para SADC-South African Development Community
– Comunidade para o desenvolvimento da África Austral.29

Esse bloco é composto por 15 países (África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagascar,
Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles,
Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, e Zimbábue). Sua sede está localizada em Gaborone, Botsuana.30

5.3 Objectivo da Comunidade da África para o Desenvolvimento

O principal objetivo da Comunidade da África para o Desenvolvimento é estabelecer a paz


e a segurança na região. Através da integração desses países, pretende-se alcançar o
desenvolvimento econômico, desenvolver políticas comuns, proporcionar a consolidação dos
laços históricos, sociais e culturais entre os povos da região.

A SADC é uma comunidade regional que busca garantir para sua população o bem estar
econômico, melhorias da qualidade de vida, liberdade, justiça social, paz e segurança. Todos
esses aspectos serão obtidos mediante a cooperação entre os países membros. A região busca o
desenvolvimento econômico através de fatores como a exploração dos recursos naturais, grande
potencial energético (petróleo, carvão, biomassa, energia solar, energia eólica), infraestrutura,
além da vasta população, proporcionando mão de obra e mercado consumidor.

29
BRANCO, Luís Castelo, Das razões de políticas e Económicas da SADCC, edições da Universidade de Lisboa,
1995. Pg.23
30
FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. "SADC"; Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/sadc.htm>. Acesso em 01/03/2018
21
Conclusão
Após a realização deste trabalho referente ao tema “Nova Parceria para o
Desenvolvimento da África (NEPAD) ”, o grupo chegou de constatar as seguintes conclusões:

Nova Parceria para o Desenvolvimento da África é uma promessa dos líderes Africanos,
baseada numa visão comum e numa convicção firme e partilhada de que eles têm a missão
urgente de erradicar a pobreza e colocar os seus países, individual e colectivamente, na via do
crescimento sustentável e do desenvolvimento e, ao mesmo tempo, de participarem activamente
na economia mundial e na vida política. O Programa é igualmente, baseado na determinação dos
Africanos de se livrarem a si próprios e o continente dos males do sub-desenvolvimento e da
exclusão num mundo em globalização;

A NEPAD é acerca da consolidação e aceleração destes ganhos. É um apelo para um novo


relacionamento de parceria entre a África e a Comunidade Internacional, especialmente os países
altamente industrializados, para reduzir o fosso de desenvolvimento que não para de aumentar
por causa de séculos de relações desiguais;

No concernente ao processo de integração sub-regional foi de constatar, que actualmente as


comunidades económicas estão pela União Africana como pilares principais este processo
conducente à CEA, nomeadamente os seguintes: CEDEAO - Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental, CEEAC - Comunidade Económica dos Estados da África Central,
COMESA - Mercado Comum da África Oriental e Austral, EAC - A Comunidade da África
Oriental. Portanto, estas comunidades económicas contribuem para implementação das políticas,
estratégias com vista ao alcance da integração regional no continente Africano.

22
Referências bibliográficas
 Legislações

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, resolução n˚ 3/93, de 1 de Junho in Boletim da República, I


série – numero

Declaração da NEPAD

 Doutrinas:

ANTONIO, Pincha Moral, Integração Regional, Unidade I, 1ª Edição, ISM Editora, 2012.
BRANCO, Luís Castelo, Das razões de políticas e Económicas da SADCC, edições da
Universidade de Lisboa, 1995

DIALLO, Alfa Oumar. A Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD) –


Paradigma para o Desenvolvimento. Editora: Porto Alegre, Brasil, 2006
EDUARDO, Paz Ferreira e ATANÁSIO, João, Textos de Direito do Comércio Internacional e
do Desenvolvimento Económico, Vol. II, Desenvolvimento Económico, Almedina, 2005

PEREIRA, João Mendes, Direito Comunitário material e integração sub-regional: contributo


para Estudo material das mutações no processo de integração económica e material África
ocidental, 2012, Trabalho do fim do curso (Monografia), Faculdade De Direito, Universidade De
Lisboa, Lisboa.

SEMEDO, Felisberto. O Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP) no quadro na


NEPAD: Oportunidade e desafio para os Estados Africanos. S/ed, Lisboa, 2010.

 Eventos:

NAÇÕES UNIDAS CONSELHO ECONÓMICO E SOCIAL COMISSÃO ECONÓMICA


PARA A ÁFRICA, I Reunião Conjunta Anual da Conferência da UA de Ministros de
Economia e Finanças e Conferência da CEA de Ministros Africanos de Finanças,
Planeamento e Desenvolvimento Económico, Adis Abeba, Etiópia.

 Websites:

FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. "SADC"; Brasil Escola. Disponível em:


<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/sadc.htm>. Acesso em 01/03/2018;

23
HEITHOR, Jorge, NEPAD – A visão de uma outra África, disponível em: www.alem-
mar.org. Acesso 28/02/2005;

24

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