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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL ................................................................................................. 2
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME ............................................................................................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6
A infração penal é gênero que comporta duas espécies, ou seja, crime e contravenção
penal. Em primeiro plano, devemos ter em mente que a infração penal é uma divisão
“dicotômica”, ou seja, o gênero só comporta duas espécies. No ordenamento jurídico
brasileiro, crime é sinônimo de delito.
Os crimes estão previstos na parte especial do Código Penal (Art. 121 ao Art. 359H) e
também na legislação especial (extravagante). As contravenções penais por sua vez estão
previstas no Código das Contravenções Penais.
É interessante notar que não podemos confundir as contravenções penais com os crimes
de pequeno potencial ofensivo, pois estes últimos são crimes tratados na Lei especial
9.099/95. Alguns autores classificam a contravenção penal como sendo um “crime anão”.
Lembrando que esta última nada tem a ver com crime, que é uma espécie diferenciada.
Os crimes e as contravenções penais se diferem em sua essência pela gravidade das
condutas descritas na lei. Os crimes (delitos) são mais graves devido às suas penas, ou seja, as
penas aqui determinadas são de reclusão e detenção, e nas contravenções penais as penas são
de prisão simples e multa.
Um ponto fundamental é termos em mente que todo crime gera um resultado, que pode
se comportar de duas formas:
Resultado jurídico: Todos os crimes geram resultados jurídicos, por esse
motivo os crimes podem ser punidos em sua forma tentada.
Resultado naturalístico: Somente os crimes materiais possuem esse tipo de
resultado, mas isso veremos em outro tópico.
Gabarito: Certo
Comentário: Os crimes de efeitos cortados são os formais ou de consumação
antecipada. Para esses tipos de crimes não é necessário haver o resultado
naturalístico, embora ele possa ocorrer. É importante lembrar que há os crimes
materiais, em que se exige o resultado naturalístico, e os crimes de mera conduta,
que por sua vez, não possuem resultado naturalístico.
Para que um indivíduo tenha a real capacidade de cometer uma infração penal, é
importante entender alguns conceitos básicos:
• Deve existir uma conduta humana, ou seja, somente seres humanos possuem a
capacidade de agredir; seres irracionais (animais) somente atacam. Contudo,
caso um animal seja utilizado para o fim de atacar por uma pessoa, esta estará
cometendo um crime. Exemplo: Homem que atiça seu cão contra seu inimigo.
• O ser humano deve ter consciência do que está fazendo, por esse motivo quem
comete o fato, estando em sonambulismo ou hipnose, não poderá responder
pelo fato.
• A ação ou omissão deve ser voluntária, por esse motivo os casos de coação
física (exclui o crime) e coação moral irresistível (isenta de pena) não são
punidos pelo ordenamento jurídico penal.
• A conduta deve ser propositada ou descuidada. Esses conceitos veremos no
artigo 18 do Código Penal (CP), que trata especificamente do dolo e da culpa.
Atenção, aluno!
Todo crime gera um resultado, porém, nem todo crime gera um resultado
naturalístico.
Fato Típico: para ser considerado fato típico, é fundamental que a conduta esteja
tipificada, ou seja, escrita, em alguma norma penal. Não obstante, é necessário que exista:
• Conduta: é a ação do agente, seja ela culposa (descuidada) ou dolosa
(intencional); comissiva (ação) ou omissiva (deixar de fazer).
• Nexo Causal: é o elo entre a ação e o resultado, ou seja, se o resultado foi
provocado diretamente pela ação do agente, houve nexo causal.
• Resultado: pode ser naturalístico (modificação provocada no mundo exterior
pela conduta) ou jurídico (quando não houver resultado jurídico, não existe
crime).
• Tipicidade: tem que ser considerado crime, estar tipificado, escrito.
Ilícito (antijurídico): neste quesito a ação do agente tem que ser ilícita, pois, nosso
ordenamento jurídico prevê legalidade em determinadas situações em que, mesmo sendo
antijurídicas, serão permissivas. São as chamadas de excludentes de ilicitude ou de
antijuridicidade, sendo: Legítima Defesa, Estado de Necessidade, Estrito Cumprimento do
Dever Legal ou no Exercício Regular de um Direito.
Culpável (culpabilidade): é a capacidade de o agente receber pena. Em alguns casos,
mesmo o agente cometendo um fato típico e ilícito, ele não poderá ser culpável, ou seja, não
pode ser “preso”, pois incidirá nas excludentes de culpabilidade. A mais conhecida é o menor
em conflito com a lei, ele pode cometer uma infração penal (crime), mas não poderá ir preso.
E quando, no momento da ação ou da omissão, o agente e totalmente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato, ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Ainda dentro
dessa espécie, haverá três desdobramentos, que são a imputabilidade, a potencial consciência
da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
FIQUE LIGADO
Pode ocorrer de o agente cometer um fato descrito como crime – Matar
alguém – e esse fato não ser considerado crime. Ex.: quem mata em legítima
defesa comete um fato típico, ou seja, escrito e definido como crime. Contudo, esse
fato não é ilícito, pois a própria lei autoriza o sujeito a matar em certos casos pré-
definidos.
Pode ocorrer, também, de o agente cometer um fato definido como crime, ou
seja, fato típico – escrito e definido no CP – e ilícito, o ordenamento jurídico não
autoriza aquela conduta, e mesmo assim ficar isento de PENA. Assim, pode o
sujeito cometer um crime e não ter pena. Ex.: quem é obrigado a cometer um
crime. Uma pessoa encosta a arma carregada na cabeça de outra e diz que, se ela
não cometer tal crime, irá morrer.
3. (CESPE) A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo
Código Penal, é correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a
aplicação concreta da pena.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: O dolo no nosso ordenamento jurídico pátrio é natural e integra
a conduta que, por sua vez, integra o fato típico, primeiro elemento estrutural do
crime na corrente analítica finalística tripartida do Direito.
4. (ALFACON) Para que haja um crime, é necessário que a conduta esteja escrita em
alguma norma penal, sendo imprescindível para o fato típico: a conduta, o resultado, o
nexo causal e a tipicidade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Para ser considerado crime, é fundamental que a conduta esteja
tipificada, ou seja, escrita, em alguma norma penal. Não obstante, é necessário que
exista: Conduta: é a ação do agente, seja ela culposa ou dolosa, comissiva ou
omissiva; Resultado: que seja naturalístico ou jurídico; Nexo causal: é o elo entre a
ação e o resultado, ou seja, se o resultado foi provocado diretamente pela ação do
agente, houve nexo causal; e Tipicidade: tem que ser considerado crime, estar
tipificado, escrito.
EXERCÍCIOS
1. No Código Penal brasileiro, adota-se, em relação ao conceito de crime, o sistema
tricotômico, de acordo com o qual as infrações penais são separadas em crimes, delitos e
contravenções.
Certo ( ) Errado ( )
2. De acordo com a teoria dicotômica adotada pelo Direito Penal brasileiro, a infração
penal é espécie que se divide em dois gêneros: crime e contravenção penal.
Certo ( ) Errado ( )
3. A infração penal pode ser dividida em crime e contravenção penal. Para que seja
caracterizada a infração penal, é necessária a conduta humana, voluntária e consciente,
sendo ela propositada ou descuidada.
Certo ( ) Errado ( )
4. A infração penal sempre gera um resultado jurídico, mas nem sempre naturalístico.
Certo ( ) Errado ( )
5. De acordo com a teoria finalista, o dolo, por ser elemento vinculado à conduta, deve ser
deslocado da culpabilidade para a tipicidade do delito.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. ERRADO
2. ERRADO
3. CERTO
4. CERTO
5. CERTO
SUMÁRIO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, ANTERIORIDADE E RESERVA LEGAL ..................................................................... 2
SUJEITOS DO CRIME ...................................................................................................................................... 3
SUJEITOS DO CRIME
Temos duas figuras distintas quando falamos de crime:
• Sujeito ativo: Aquele que pratica o crime. Qualquer pessoa que tenha capacidade
normal e esteja sob as regras do Código Penal poderá cometer crime, inclusive a
pessoa jurídica, que pode ser sujeito ativo de crimes contra o meio ambiente.
• Sujeito passivo: Qualquer pessoa que a lei determine poderá se enquadrar como
vítima de um crime. As pessoas jurídicas somente poderão estar aqui presentes
se o crime com elas for compatível, como é o caso de furto e difamação, mas
veremos esses tópicos mais detalhadamente à frente.
JURISPRUDÊNCIA ATUAL
INFORMATIVO 566 STJ: É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos
ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em
seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação".
2. (ALFACON) Podemos afirmar que a pessoa jurídica pode ser sujeito de ação nas esferas
administrativa, civil e penal. Isso se dá quando a conduta lesiva afeta o meio ambiente e
seja cometida pelo seu representante legal. Dessa forma, afirma o STJ que somente pode
ser punida a pessoa jurídica se ocorrer a chamada dupla imputação, ou seja, a pessoa
jurídica tem que ser punida juntamente com seu representante legal.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: O STJ decidiu se curvar à posição fixada pelo STF sobre o tema,
posição primeiramente adotada pela Quinta Turma da Corte e, depois, assumida
também pela Sexta Turma, a definir uma uniformização e consolidação no
tratamento do tema pelo STJ. A mudança jurisprudencial foi noticiada no
Informativo 566 e no canal comunicativo do site do STJ em 12/04/2016: Para o
STJ, a dupla imputação em crimes ambientais não é obrigatória. Empresas,
associações e organizações que cometerem crimes ambientais podem ser rés em
processo penal, sem a necessidade de dupla imputação (empresa e diretor),
segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A interpretação dos
ministros do STJ decorre do artigo 225, §3º, da Constituição Federal, que não
condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica à simultânea persecução
penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. Na prática, uma
organização empresarial pode ser ré em processo penal sem que figure como
corréu um dos dirigentes ou controladores da referida empresa. Assim, atualmente,
tem-se que há uma uniformidade na jurisprudência quanto à desnecessidade de
aplicação da teoria da dupla imputação para fins de responsabilização penal da
pessoa jurídica por crimes ambientais.
EXERCÍCIOS
1. É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. ERRADO
2. CERTO
3. CERTO
4. ERRADO
SUMÁRIO
NORMA PENAL EM BRANCO ............................................................................................................................. 2
LEI PENAL EM BRANCO .................................................................................................................................. 2
HOMOGÊNEA:............................................................................................................................................ 2
HETEROGÊNEA:.......................................................................................................................................... 2
ANALOGIA EM DIREITO PENAL .......................................................................................................................... 2
permissiva de aborto no caso de estupro no caso de violento atentado ao pudor para ajudar
(beneficiar) a vítima do crime.
SUMÁRIO
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO ............................................................................................................... 2
IRRETROATIVIDADE DE LEI PENAL ................................................................................................................. 2
RETROATIVIDADE DE LEI MAIS BENÉFICA ..................................................................................................... 2
ULTRATIVIDADE DE LEI .................................................................................................................................. 2
ABOLITIO CRIMINIS ........................................................................................................................................ 3
CRIMES PERMANENTES OU CONTINUADOS ................................................................................................. 4
ULTRATIVIDADE DE LEI
A lei, mesmo que revogada, deve ser aplicada ao caso concreto se for mais benéfica e o
agente cometeu o fato sob seu império.
A ultratividade de lei mais benéfica. Seria o caso em que, no momento da ação vigorava a
Lei “A”, entretanto, no decorrer do processo, entrou em vigência nova Lei “B, revogando a Lei “
A”, tornando mais gravosa a conduta anteriormente praticada pelo agente. Sendo assim, no
momento do julgamento, ocorrerá a ultratividade da lei, ou seja, a Lei “A”, mesmo não estando
mais em vigor, irá ultragir ao momento do julgamento para beneficiar o réu, por ser menos
gravosa a punição que o agente ira receber.
2. (CESPE) Suponha que Leôncio tenha praticado crime de estelionato na vigência de lei
penal na qual fosse prevista, para esse crime, pena mínima de dois anos. Suponha, ainda,
que, no transcorrer do processo, no momento da prolação da sentença, tenha entrado em
vigor nova lei penal, mais gravosa, na qual fosse estabelecida a duplicação da pena mínima
prevista para o referido crime. Nesse caso, é correto afirmar que ocorrerá a ultratividade
da lei penal.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Quando a lei mais benéfica vier depois do cometimento do crime,
ocorrerá a retroatividade de lei mais benéfica. Contudo, se a lei mais severa vier
depois do cometimento do delito, como exposto na questão, aplicará a lei mais
benéfica vigente na data do fato, ou seja, ocorrerá a ultratividade da lei mais
benéfica. As regras do Art. 2º devem ser analisadas com calma, pois sempre que
ocorrer o princípio da ultratividade de lei mais benéfica estará no caso concreto
ocorrendo também a irretroatividade de lei mais gravosa, isso ocorre porque temos
duas leis, a primeira mais leve e a segunda mais grave. Como a primeira já
revogada avança no tempo temos a ultratividade, da mesma forma que a mais
severa não retroage, assim temos a irretroatividade de lei mais gravosa.
ABOLITIO CRIMINIS
É a abolição do crime. Aqui faz cessar em virtude de nova lei que torna o fato anterior
como atípico todos os efeitos penais da sentença condenatória, permanecendo apenas a
obrigação civil de reparar o dano.
Em relação à Abolitio Criminis, ocorre o seguinte fato: quando uma conduta que antes
era tipificada como crime pelo Código Penal, deixa de existir, ou seja, passa a não ser mais
considerada crime, dizemos que ocorreu a “abolição do crime”. Diante disso, cessam
imediatamente todos os efeitos penais que incidiam sobre o agente: tranca e extingue o
inquérito policial, caso o acusado esteja preso deve ser posto em liberdade.
Entretanto, não extingue os efeitos civis, ou seja, caso o agente tenha sido impelido em
ressarcir a vítima da sua conduta mediante o pagamento de multa, essa, ainda assim, deverá
ser paga.
3. (ALFACON) Com o advento de nova lei que descriminaliza fato anteriormente
considerado como crime, ocorre a abolitio criminis, na qual cessam os efeitos penais e os
civis, tornando tal fato atípico.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Com a ocorrência da abolitio criminis, o fato anteriormente
considerado como crime passa a ser atípico. Cessam os efeitos penais, porém
permanecem os efeitos civis. A previsão legal encontra-se no Art. 2º do CP:
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
SUMÁRIO
LEI TEMPORÁRIA / EXCEPCIONAL ...................................................................................................................... 2
TEMPO DO CRIME ............................................................................................................................................. 3
CASOS CONCRETOS DA PARTE ESPECIAL DO CP........................................................................................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITOS .................................................................................................................................................... 6
Segundo o Código Penal, se um crime for praticado durante a vigência de determinada lei
será julgado pelo texto dessa, mesmo que decorrido o prazo de sua validade.
São chamadas:
Ex.: Lei nº 12.663/2012 – Lei Geral da Copa: Criou condutas criminosas para
proteger a propriedade material e imaterial da FIFA, com Reproduzir, imitar ou
falsificar ou modificar indevidamente quaisquer símbolos oficiais de titularidade da
FIFA.
ATENÇÃO ALUNO
TEMPO DO CRIME
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento
: Caso um menor “A”, cometa disparos de arma de fogo contra “B”, vindo a feri-lo,
entretanto, devido às lesões causadas pelos disparos, três meses depois do fato, “B” vem a
falecer. Nessa época, mesmo “A” tendo completado sua maioridade penal - 18 anos - ainda assim
não poderá ser
FIQUE LIGADO!
Não existe o princípio do “resultado” no código penal. O princípio utilizado pelo nosso
código penal é o da atividade previsto no art. 4º. As provas de concursos costumam perguntar
sobre esse quesito. Assim vai a dica: Caiu princípio do resultado a questão está errada!
Sendo assim, o Artigo 4º do Código Penal é conhecido como a Teoria da Atividade, ou
seja, o crime reputa-se praticado no momento da conduta (momento da execução).
FIQUE LIGADO!
A imputabilidade do agente deve ser aferida no momento em que o crime é
praticado.
2. (ALFACON) Anísio, com 17 anos de idade, no dia anterior ao que ele completaria 18
anos, no horário de 23:58 h, atirou na cabeça de Huck. Este, em decorrência do disparo,
faleceu no dia seguinte. De acordo com o Código Penal, é possível afirmar que Anísio
responderá por crime com resultado morte, na modalidade consumado.
Gabarito: Errado
Comentário: De acordo com o entendimento do STF, Anísio era inimputável
quando realizou a ação e, ainda que o resultado tenha ocorrido em momento
posterior, em que o agente já era maior de idade, o momento do crime é o da ação
ou da omissão – Teoria da atividade. Neste caso, Anísio, por ser menor de idade, não
poderá responder por CRIME, mas por ato infracional.
ATENÇÃO, ALUNO!
Devemos, contudo, ficar atento aos crimes permanentes e continuados, no caso
do sequestro, por
Nesta situação em questão, “A” não será mais inimputável, pois no momento de sua prisão
já havia completado 18 anos, não considerando neste caso, o momento em que se iniciou a ação,
mas sim, quando cessou.
4. (CESPE) No delito continuado, a lei penal posterior, ainda que mais gravosa, aplica-
se aos fatos anteriores à vigência da nova norma, desde que a cessação da atividade
delituosa tenha ocorrido em momento posterior à entrada em vigor da nova lei.
Gabarito: Correta
Comentário: Aqui está a aplicação da Súmula 711 STF - A Lei penal mais
grave aplica-se ao Crime Continuado ou Crime Permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Questão de interpretação
da lei, não usamos a mais leve ou a mais grave, tampouco a intermediária, sempre
a última, ou seja, do momento da cessação da conduta do agente.
EXERCÍCIOS
1) Maria saiu em busca de diversão na cidade do Rio de Janeiro e por não conhecer bem a cidade,
entrou em um bairro perigoso. Nesse momento, um traficante atirou nela pensando que ela
fosse policial. Maria foi levada ao hospital e veio a falecer dois dias após o fato. Assim, considera-
se praticado o crime no momento em que a vítima foi atingida e não no momento em que
faleceu.
Certo ( ) Errado ( )
2) Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob
a vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em
que cessaram os delitos, ainda que seja mais gravosa.
Certo ( ) Errado ( )
3) A regra do código penal é a aplicação da lei do tempo do crime, podendo ocorrer em exceção a
retroatividade de lei mais benéfica, a ultratividade de lei mais benéfica, mas nunca a
retroatividade de lei mais gravosa.
Certo ( ) Errado ( )
4) Considera-se praticado o crime sempre no momento em que ocorre o resultado delituoso
desejado pelo agente.
Certo ( ) Errado ( )
5) Em relação à aplicação da lei penal no tempo e no espaço, no Código Penal adotaram-se,
respectivamente, as teorias da atividade e da ubiquidade.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITOS
1. CERTO
2. CERTO
3. CERTO
4. ERRADO
5. CERTO
SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO ....................................................................................................................................... 2
TERRITORIALIDADE ........................................................................................................................................ 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 5
Territorialidade
(Art. 5º)
Lei Penal
Extraterritorialidade
(Art. 7º)
Lei Penal no Espaço
Regras específicas
Lei Processual Penal
(CPP)
TERRITORIALIDADE
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional.
§1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em
voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
territorial do Brasil.
Gabarito: Certo.
Comentário: Está de acordo com o Art. 5º, caput, c/c Art. 5º, §1º, segunda
parte, ambos do CP: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados
e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. §1º Para
os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional (...) as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que
se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar, que
trata de território nacional por extensão. Neste caso, quando em alto-mar ou
espaço aéreo correspondente (ao alto-mar) e os navios e embarcações forem
privados, será aplicada a lei da bandeira que ostentam.
EXERCÍCIOS
1. Consideram-se como extensão do território brasileiro as embarcações e aeronaves
brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, bem como as aeronaves
e as embarcações brasileiras mercantes ou de propriedade privada, onde quer que se
encontrem.
Certo ( ) Errado ( )
2. Tendo o Código Penal adotado sem exceção o princípio da territorialidade, a lei penal
brasileira aplica-se somente aos crimes praticados no território nacional.
Certo ( ) Errado ( )
1- Ao crime cometido no território nacional, aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de Direito Internacional.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. ERRADO
2. ERRADO
3. CERTO
SUMÁRIO
LEI PENAL NO ESPAÇO - CONTINUAÇÃO ........................................................................................................... 2
LUGAR DO CRIME .......................................................................................................................................... 2
EXTRATERRITORIALIDADE ............................................................................................................................. 3
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA ............................................................................................... 4
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA E A LEI DE TORTURA ............................................................. 5
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA .................................................................................................. 6
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA PREVISTA NO §3º DO ARTIGO 7º ............................................. 7
PRINCÍPIOS APLICADOS À EXTRATERRITORIALIDADE.................................................................................... 8
RESUMO DOS CONCEITOS ............................................................................................................................. 9
ESQUEMA DIDÁTICO ....................................................................................................................................... 10
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 10
GABARITO .................................................................................................................................................... 10
• Lugar do Crime
L
• Ubiquidade
U
• Tempo do Crime
T
• Atividade
A
EXTRATERRITORIALIDADE
É a aplicação da legislação penal brasileira aos crimes cometidos no exterior. Justifica-se
pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à lei penal no espaço, o princípio da
territorialidade temperada ou mitigada (CP, Art. 5º), o que autoriza, excepcionalmente, a
incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território nacional. A
extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada. Não se admite a aplicação
da lei penal brasileira às contravenções penais praticadas no estrangeiro, de acordo com a
regra estabelecida pelo Art. 2º da Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº. 3688/1941).
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
I - Os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
c) contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil;
(...)
§1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
São aqueles crimes que não estão sujeitos a nenhuma condição. A mera prática do
crime em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira,
independentemente de qualquer outro requisito. Suas hipóteses estão previstas no inciso I, do
Art. 7º, CP. No tocante a esses crimes, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro (Art. 7º, §1º).
Contra a vida ou a liberdade do Presidente de República: Aqui se aplica o princípio
real (da defesa ou da proteção), isto é, será utilizada a lei brasileira ao crime cometido fora do
Brasil, que afete o interesse nacional (Art. 7º, I, “a”, “b”, “c”). São os casos das infrações
cometidas contra o Presidente da República, contra o patrimônio de qualquer das entidades
da Administração direta, indireta ou fundacional etc. Se o interesse nacional foi afetado de
algum modo, justifica-se a incidência da legislação pátria. Dizemos que a lei penal está
protegendo o bem jurídico nacional, que é a vida ou liberdade do Chefe do Executivo.
ATENÇÃO: Não são todos os crimes contra o Presidente da República que
recebem essa regra, somente aqueles que versarem CONTRA A VIDA (ARTS. 121
AO 127, CP) ou A LIBERDADE (ARTS. 146 AO 149, CP) do Chefe do Executivo
Federal. Segundo Damásio de Jesus, esses crimes constituem delitos contra a
Segurança Nacional (Lei nº 7170/83).
4. (CESPE) Não ficarão sujeitos à lei brasileira, quando cometidos no estrangeiro, os delitos
praticados contra a Administração Pública por quem está a seu serviço.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Comentário: Trata-se do princípio da extraterritorialidade incondicionada
prevista no Art. 7º inciso I alínea “C”. Dessa forma, os crimes cometidos contra a
Administração Pública por quem está a seu serviço serão sempre julgados pela
legislação penal brasileira.
Gabarito: Errado
Comentário: Estamos falando aqui da extraterritorialidade de lei penal. A
previsão está no Art. 7º inciso I, ou seja, extraterritorialidade incondicionada. O erro
está em afirmar que o crime deve ser praticado contra a Administração Pública, por
quem está a seu serviço, essa última parte faltou e consequentemente deixou a
questão errada.
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro:
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
(...)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Aqui se fala dos crimes cometidos no estrangeiro, mas necessitam preencher alguns
requisitos para que sejam julgados no Brasil. Essas hipóteses estão elencadas no Art. 7º, inc. II,
do Código Penal, e deve haver o concurso de condições previstas no Art. 7º, §2º. Dessa forma,
aplica-se de forma condicionada a Lei Penal brasileira aos crimes:
a) Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir: Alguns crimes o
Brasil por meio de trados e convenções obrigou-se a reprimir, como é o caso do
crime de tráfico ilícito de entorpecentes. Assim, apesar de cometido no exterior será
aplicada a Lei Penal brasileira. Porém, é fundamental que concorram as condições
definidas em lei. Aplica-se aqui o princípio da justiça universal ou cosmopolita.
Também conhecido como o princípio da repressão universal ou da universalidade do
direito de punir (Art. 70, I, “d”, II, “a”).
b) Praticados por brasileiros: Temos aqui o princípio da nacionalidade ou
personalidade ativa, sendo aplicada a lei brasileira aos crimes cometidos por
brasileiro fora do Brasil (Art. 7º, II, “b”). Não importando se o sujeito passivo é
brasileiro ou se o bem jurídico afeta interesse nacional, pois o único critério levado
em conta é o da nacionalidade do sujeito ativo. Justifica-se pela impossibilidade
Constitucional de extradição de brasileiro previsto no Art. 5º, LI, da Constituição
Federal de 1988.
Além destas hipóteses, é necessário o concurso das seguintes condições (Art. 7º, §2º,
CP), que devem incidir todas ao mesmo tempo:
a) Entrar o agente no território nacional: O ingresso pode ser voluntário ou não,
temporário ou prolongado.
b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado: Também chamado de
dupla tipicidade.
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição: Há uma perfeita coincidência entre os crimes pelos quais o Brasil
autoriza a extradição e os crimes pelos quais o Brasil aplica a lei brasileira (de forma
genérica e exemplificativa: os crimes devem ser punidos com reclusão e pena
mínima de 1 ano, conforme o Art. 77, do Estatuto do Estrangeiro).
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena: Se
o agente foi absolvido ou cumpriu a pena no estrangeiro, ocorre uma causa de
extinção da punibilidade. Se a sanção foi cumprida parcialmente, novo processo pode
ser instaurado no Brasil, com atendimento à regra do Art. 8º, CP.
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável: Como é evidente, cuida-se de
causas de extinção da punibilidade.
ESQUEMA DIDÁTICO
Espaço físico (geográfico): terrestre, marítimo
ou aéreo correspondente (solos, rios, lagos,
baías e faixa do mar territorial, 12 milhas
náuticas de largura).
Próprio
Território
Nacional Por
assimilação
Embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro, onde quer que se encontrem, bem
como as mercantes ou de propriedade
privada, que se achem em alto-mar ou sobre o
espaço aéreo respectivo: não é princípio da
representação ou qualquer outro princípio da
extraterritorialidade, mas é considerado como
extensão do território nacional territorialidade
por assimilação.
Lembre-se:
A regra adotada pelo Código Penal brasileiro é a da territorialidade mitigada
ou temperada. Excepcionalmente, a extraterritorialidade, em quaisquer de suas
formas (incondicionada, condicionada ou hipercondicionada), é adotada. Assim, os
outros princípios procuram disciplinar a aplicação “extraterritorial” da Lei Penal
brasileira.
EXERCÍCIOS
1. Os crimes praticados no exterior ficarão sujeitos à lei brasileira quando forem
cometidos contra a fé pública municipal.
Certo ( ) Errado ( )
2. A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido contra a Administração Pública
por servidor público em serviço, ainda que seja praticado no estrangeiro.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
SUMÁRIO
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE............................................................................................................................... 2
SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE ................................................................... 3
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO ............................................................................................................................ 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente
é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Comumente, adota-se o nome de nexo causal para tratar da relação de causalidade. O seu
estudo é baseado na conduta pelo autor e no resultado por ele produzido, o vínculo entre a
conduta e o resultado. Doutrinariamente, a expressão “o resultado”, no início do Art. 13, alcança
somente “o resultado naturalístico”. Por isso, a pertinência relativa ao estudo do nexo causal são
os crimes materiais (nesses delitos, o tipo penal descreve uma conduta e um resultado
naturalístico necessário para a sua consumação do delito). De maneira que os crimes de mera
conduta e os formais não são objeto de estudo do nexo causal, já que o resultado naturalístico
nunca existirá nos crimes de mera conduta; e para os crimes formais o resultado naturalístico é
dispensável para a sua consumação, sendo mero exaurimento do delito. Em regra, o Código Penal
adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais (ou conditio sine qua non) em relação à
causalidade, essa teoria determina que causa é todo ato humano sem o qual o resultado não teria
ocorrido.
Lembre-se: a regra, prevista no caput do Art. 13, é a teoria da equivalência dos
antecedentes causais.
Gabarito: Errado
Comentário: A relação de causalidade ou do nexo causal possui pertinência
apenas aos crimes materiais, porquanto estuda a conduta e o resultado
naturalístico do tipo penal. Dessa forma, o Código Penal adotou como regra a
teoria da equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua non, transcrito
na segunda parte, do caput, do Art. 13: (...) Considera-se causa a ação ou
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, ou seja, é irrelevante o
estudo do nexo causal para os crimes de mera conduta e os crimes formais, neste
último o resultado naturalístico pode ou não ocorrer, mas é mero exaurimento do
delito (a consumação é antecipada).
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO
Art. 13, §2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe
a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.
A omissão penalmente relevante é aplicável aos crimes omissivos impróprios
(omissivos espúrios, omissivos impuros, comissivos por omissão ou participação por
omissão). São crimes materiais, porque o tipo penal descreve uma ação, mas por inércia do
agente o resultado naturalístico se produz, o qual podia e devia agir para impedir tal
resultado. A regra para os crimes omissivos, adotada pelo Código Penal, é a teoria normativa,
pois não se pune qualquer pessoa pelo simples fato de não fazer (omitir-se); mas sim, aqueles
que a norma determina (por isso normativo).
Veja a posição do STJ acerca do tema: (1). Para que o agente seja condenado pela prática
de crime culposo, são necessários, dentre outros requisitos: a inobservância do dever de cuidado
objetivo (negligência, imprudência ou imperícia) e o nexo de causalidade. (2). No caso, a
denúncia imputa ao paciente a prática de crime omissivo culposo, na forma imprópria. A
teor do §2º do art. 13 do Código Penal, somente poderá ser autor do delito quem se encontrar
dentro de um determinado círculo normativo, ou seja, em posição de garantidor. (3). A hipótese
não trata, evidentemente, de uma autêntica relação causal, já que a omissão, sendo um não-agir,
nada poderia causar, no sentido naturalístico da expressão. Portanto, a relação causal exigida
para a configuração do fato típico em questão é de natureza normativa. (STJ, HC 68.871/PR,
Min. Rel. Maria Thereza de Assis Moura, em 06/08/2009).
As pessoas as quais incumbem o dever de agir foram enumeradas em um rol taxativo, de
sorte que o critério legal foi aquele optado para enumerar estas hipóteses, isto é, quem tem o
dever jurídico de impedir o resultado (dever de agir). Doutrinariamente, chamamo-los de
garantidor(es). Além disso, não basta o dever de agir, mas para que a omissão seja
penalmente relevante, o omitente devia e podia agir para evitar o resultado (Art. 13, §2º). O
poder de agir é a possibilidade real e efetiva de qualquer homem médio para evitar o
resultado. Um exemplo seria o caso de um único policial militar em serviço que vê 14 homens
fortemente armados entrando em uma agência bancária, neste caso ele tem o dever de agir,
mas não o poder de agir para evitar o resultado.
A. Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (dever legal):
Aqui o Código Penal adotou a palavra “lei” em sentido amplo, trata-se de deveres
impostos pelo ordenamento jurídico lato sensu, e não apenas leis em sentido
formal. Por isso, a obrigação dos pais cuidarem dos filhos menores e dos policiais
no tocante aos indivíduos em geral.
Temos como exemplo o policial que pode agir e não age. Imagine que um policial esteja
de serviço e presencie um assaltante roubando um pedestre. Podendo agir e tendo o dever
imposto por lei, ele simplesmente “se omite”. Essa omissão, para o Código Penal, é
considerada como uma verdadeira ação (comissivo -devia agir- por omissão - não age). Nesse
caso, o policial deverá responder pelo resultado, ou seja, responderá juntamente com o
criminoso pelo crime de roubo. Mas por que isso acontece? Isso acontece porque quem tem o
dever de agir e não age responde pelo resultado produzido. No caso concreto mencionado, a
ação geradora do resultado foi um crime doloso. Sendo assim, o policial responderá como
partícipe nesse crime. Daí o crime comissivo por omissão também receber o nome de
participação por omissão.
Podemos citar como exemplo também o pai que deixa o filho no carro e vai ao shopping
e quando volta o filho está morto. O pai responderá pelo resultado causado (morte), mas não
na modalidade dolo, e sim por culpa na modalidade negligência. Nesse caso, o pai responderá
por homicídio culposo por sua negligência.
B. De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado: Aqui é
o que se convencionou em chamar de garante ou garantidor, pois o dever de
agir não decorre de uma lei, mas “de outra forma” o agente assumiu a
responsabilidade, é aquele que assume a responsabilidade.
Temos aqui o exemplo da babá que assume tomar conta de uma criança e durante a
noite – distraída com o computador – não percebe que a criança engatinha perigosamente em
direção à escada, vindo ao final a despencar, o que ocasiona o óbito. O resultado aqui foi uma
morte gerada por negligência, o que no caso concreto irá gerar a responsabilidade do agente
garantidor no crime de homicídio culposo.
C. Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado:
Aqui se trata da ingerência ou situação precedente, isto é, aquele que com seu
comportamento anterior criou uma situação de perigo deve impedir o resultado
lesivo ao bem jurídico.
Exemplos: 1) A pessoa que por brincadeira esconde o remédio de um cardíaco, tem o
dever de ajudá-lo e impedir sua morte. 2) A pessoa que atira um amigo na piscina e ele se
afoga, então tem o dever de socorrê-lo. 3) O marinho que arremessa tripulante ao mar, se não
evitar que ele morra, então responderá pelo homicídio. 4) Uma pessoa que ateia fogo em uma
mata, tem o dever jurídico de apagar o incêndio.
Esses crimes são chamados de crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão.
Em todos esses casos o omitente responderá pelo resultado, a não ser que este não lhe possa
ser atribuído nem por dolo nem por culpa. O agente tem que ter consciência que se encontra
na função de agente garantidor.
4) (CESPE) É possível, do ponto de vista jurídico-penal, participação por omissão em
crime comissivo.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Quando falamos em crime comissivo, estamos falando de crime
executado por meio de ação e crime omissivo por meio de inação. Contudo, quando
falamos de crime comissivo por omissão estamos falando no agente que tinha o
poder-dever de agir, ou seja, o agente garantidor previsto no Art. 13, § 2º, do
Código Penal. O agente garantidor tem o dever de agir e quando não o faz
(omissão) responde por participação em omissão. Temos como exemplo um policial
de serviço (está com o poder-dever de agir) que presencia uma senhora sendo
roubada e nada faz, omitindo-se. Como ele tinha o dever e podia agir, mas não fez,
ele responderá por essa omissão juntamente com o autor do crime, ou seja,
responderá por participação por omissão.
5) (ALFACON) Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever
jurídico de impedir o dano ou o perigo ao bem jurídico tutelado, sendo, também,
indispensável, nos delitos comissivos por omissão dolosa, a vontade de omitir a ação
devida.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: Os crimes comissos por omissão, também chamados de
omissivos impuros ou impróprios, obrigam o agente a agir por expressa
determinação legal. Assim, o agente que se omitir tem que ter a ciência de que o
está fazendo quando poderia agir. A previsão legal está no Art. 13, §2º, do Código
Penal.
FIQUE LIGADO
Quando estamos falando de relação de causalidade (Art. 13, CP), questão
recorrente é a diferença entre crime omisso próprio e omissivo impróprio (Art. 13,
§2º, CP). Lembre-se de que o estudo do nexo causal é pertinente apenas aos
crimes materiais. Portanto, nos crimes omissivos impróprios deve existir um
resultado naturalístico no tipo penal; ademais, cabe a tentativa e podem ser
dolosos ou culposos. Já os crimes omissivos próprios são crimes de mera
conduta (não há resultado naturalístico, nem cabe a tentativa); ademais, são
sempre dolosos, inexiste a relação de causalidade. Os crimes omissivos impróprios
podem ser chamados também de impuros ou crimes de participação por omissão.
Lembre-se: A regra adotada pelo Código Penal para definição dos crimes
omissivos impróprios (omissão penalmente relevante) é a teoria normativa.
EXERCÍCIOS
1. A mãe que, apressada para fazer compras, esquecer o filho recém-nascido dentro de
um veículo responderá pela prática de homicídio doloso no caso de o bebê morrer por
sufocamento dentro do veículo fechado, uma vez que ela, na qualidade de agente
garantidora, possui a obrigação legal de cuidado, proteção e vigilância da criança.
Certo ( ) Errado ( )
2. No caso de um salva-vidas, em condições de realizar um salvamento, recusar-se a
entrar no mar para salvar uma pessoa que esteja em iminente perigo de morrer afogada,
caso a vítima morra ele responderá pelo resultado.
Certo ( ) Errado ( )
3. Os crimes comissivos por omissão - também chamados de crimes omissivos
impróprios - são aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é
obtido por inação.
Certo ( ) Errado ( )
4. Considere a seguinte situação hipotética. Alberto, pretendendo matar Bruno, desferiu
contra este um disparo de arma de fogo, atingindo-o em região letal. Bruno foi
imediatamente socorrido e levado ao hospital. No segundo dia de internação, Bruno
morreu queimado em decorrência de um incêndio que assolou o nosocômio. Nessa
situação, ocorreu uma causa relativamente independente, de forma que Alberto deve
responder somente pelos atos praticados antes do desastre ocorrido, ou seja, lesão
corporal.
Certo ( ) Errado ( )
5. Nos crimes omissivos próprios e impróprios, não há nexo causal, visto que inexiste
resultado naturalístico atribuído ao omissor, que responde apenas por sua omissão se
houver crime previsto no caso concreto.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. ERRADO
2. CERTO
3. CERTO
4. ERRADO
5. ERRADO
SUMÁRIO
CRIME OMISSIVO ............................................................................................................................................... 2
CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO ....................................................................................................................... 2
AGENTE GARANTIDOR ............................................................................................................................... 2
CRIME CONSUMADO ......................................................................................................................................... 2
CRIME CONSUMADO ..................................................................................................................................... 2
ITER CRIMINIS ................................................................................................................................................ 3
ESQUEMA DIDÁTICO ..................................................................................................................................... 3
CRIME OMISSIVO
CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO
Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe
a quem:
a) Tem por lei obrigação de cuidado, proteção e vigilância;
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;
c) Com seu comportamento, anterior, criou o risco da ocorrência
do resultado.
AGENTE GARANTIDOR
O Crime Omissivo Impróprio (Comissivo por Omissão) é a omissão, ou melhor, não
execução de uma atividade predefinida juridicamente do agente. O sujeito deveria evitar o
tipo penal correspondente ao resultado, tem “O dever de agir”.
São crimes de mera conduta, ou seja, independem do resultado.
Ao analisarmos ponto a ponto, temos as alíneas:
a) Tem por lei obrigação de cuidado, proteção e vigilância;
Ex.: Policial, Pai e mãe, Bombeiro.
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
Ex.: Amigo que chama o outro para nadar e, mesmo o outro não sabendo nadar, insiste
em levá-lo, assumindo o risco de um afogamento.
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Ex.: Vizinho que acendeu uma fogueira para queimar seu lixo e, não a apagando,
ocasionou um incêndio de grandes proporções, causando risco aos demais moradores
daquela vizinhança.
ATENÇÃO, ALUNO!
O AGENTE GARANTIDOR não responde por ter causado o crime, mas por
não o impedir, podendo fazê-lo.
CRIME CONSUMADO
CRIME CONSUMADO
Art. 14 – Diz-se do Crime:
I – Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal.
Para que o crime seja consumado, é necessário que ele percorra todas as fases do iter
criminis, quais sejam: cogitação, preparação, execução e consumação. O agente, com sua
conduta, “caminha” por todas as fases até atingir o resultado.
ITER CRIMINIS
Iter criminis (expressão em latim) que significa “fases do crime”. Utiliza-se no Direito
Penal para referir-se ao processo no qual o crime percorre, isto é, as etapas pelas quais o
crime passa, desde o momento em que surgiu a ideia delitiva (cogitação) até a sua conclusão
(consumação).
Divide-se em quatro etapas:
1. Cogitação: é a fase interna, ou seja, é o “pensar” no crime. Não se pune esta fase,
pois o mero pensamento não é considerado crime para o Direito Penal.
2. Atos preparatórios: fase externa, ou seja, o agente já cogitou o crime e agora
necessita das ferramentas para iniciar sua execução, os atos preparatórios
também não são puníveis, desde que não sejam crimes autônomos 1(por
exemplo, porte ilegal de arma de fogo). Há também outros exemplos, como a
associação criminosa (Código Penal, Art. 288) e os petrechos para a falsificação de
moeda (Código Penal, Art. 291), pois, em ambos os casos, são crimes formais (de
consumação antecipada, isto é, os atos preparatórios são considerados crimes
consumados).
3. Atos de execução: fase externa, é o início da prática delitiva, a própria execução
do verbo contido no tipo legal, iniciando-se a agressão ao bem jurídico. Segundo o
artigo 14, inciso II, do Código Penal, o crime será considerado “tentado” quando a
execução delitiva for iniciada e, por circunstâncias alheias à vontade do agente, o
crime não se consuma. Para tentar diferenciar os atos preparatórios dos atos de
execução, adotou-se a teoria objetivo-formal: é necessário que o agente realize
pelo menos uma parte da conduta típica (o verbo do crime), ou seja, adentrar no
núcleo do tipo. A tentativa somente será punida se o crime não se consumar (o
fim do crime).
4. Consumação: fase externa, é a conclusão do crime, o fim do crime, o crime
completo. Haverá crime consumado quando se reunirem todos os elementos de
sua definição legal (Art. 14, I, CP), ou seja, aqui estão presentes todos os
elementos típicos descrito no crime em si.
ESQUEMA DIDÁTICO
1
Código Penal, Art. 31: O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
SUMÁRIO
CRIME TENTADO................................................................................................................................................ 2
ESPÉCIES DE TENTATIVA ................................................................................................................................ 2
NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA ............................................................................................................. 3
PENA DO CRIME TENTADO ............................................................................................................................ 4
INADMISSIBILIDADE DA TENTATIVA .............................................................................................................. 5
ESQUEMA DIDÁTICO ..................................................................................................................................... 5
EXERCÍCIOS ....................................................................................................................................................... 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6
CRIME TENTADO
Art. 14 – Diz-se do crime:
II – Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Pena da tentativa:
Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços.
No crime tentado, o agente quer o resultado criminoso, mas por circunstâncias que
fogem à sua vontade (circunstâncias alheias) o crime não se completa.
ESPÉCIES DE TENTATIVA
1. Tentativa imperfeita (inacabada): o autor não pratica todos os atos de
execução do crime. Aqui ocorre a interrupção da execução, por circunstâncias
alheias à sua vontade. Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, possui um revólver
com cinco munições e deflagra dois disparos contra “B”, não conseguindo efetuar os
outros três, por circunstâncias alheias à sua vontade, por exemplo, alguém o
impede de prosseguir. Aqui não conseguiu usar todo o potencial lesivo.
2. Tentativa perfeita (acabada ou crime falho): o autor pratica todos os atos
executórios à sua disposição, porém não há consumação do crime, por
circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”,
possui um revólver com cinco munições e deflagra todas elas contra “B”, mas os
disparos não foram suficientes para matar a vítima. Aqui utiliza todo o potencial
lesivo.
3. Tentativa incruenta (branca): o alvo (a vítima) não é atingido e, portanto, não
sofre lesões (ferimentos). A tentativa incruenta ou branca pode ser, ao mesmo
tempo, perfeita ou imperfeita. Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, possui um
revólver com cinco munições e deflagra todas elas contra “B”, mas não acertou
nenhum disparo em “B”. Aqui a tentativa foi branca (incruenta) e perfeita.
4. Tentativa cruenta (vermelha): o alvo (a vítima) é atingido, portanto ocorre
lesão ao bem jurídico tutelado, isto é, a vítima é ferida. A tentativa cruenta ou
vermelha pode ser, ao mesmo tempo, perfeita ou imperfeita. Exemplo: “A”, com
intenção de matar “B”, possui um revólver com cinco munições e acerta dois tiros
contra “B”, ferindo-o gravemente, porém não conseguiu disparar as outras três
munições, por circunstâncias alheias à sua vontade, um transeunte o impediu de
prosseguir. Aqui a tentativa foi vermelha (cruenta) e imperfeita.
1. (CESPE) Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente não conseguir atingir a
pessoa ou a coisa contra a qual deveria recair sua conduta.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Comentário: A tentativa incruenta ou branca é aquela em que a vítima não
sofre qualquer lesão.
4. (ALFACON) É correto afirmar que o crime tentado ocorre quando um agente tenta
cometer um fato delituoso, mas não consegue consumá-lo por fatores alheios à sua
vontade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo.
Comentário: Quando iniciada a execução de um crime; mas, por
circunstâncias alheias à vontade do agente, o fato não se consuma, ocorre o crime
tentado. É importante lembrar a diferença entre crime tentado e tentativa
abandonada. A tentativa abandonada não se classifica como crime tentado, trata-se
de desistência voluntária (Art. 15, primeira parte, CP) ou arrependimento eficaz
(Art. 15, segunda parte, CP).
INADMISSIBILIDADE DA TENTATIVA
U • Unissubsistentes;
C • Contravenções Penais;
C • Culposos;
A • Atentados;
C • Condicionados;
H • Habituais;
O • Omissivos próprios.
ESQUEMA DIDÁTICO
EXERCÍCIOS
1. Na natureza jurídica do crime tentado há a antecipação temporal da figura típica.
Certo ( ) Errado ( )
2. Os atos de cogitação materialmente não concretizados são impuníveis em quaisquer
hipóteses.
Certo ( ) Errado ( )
3. Suponha que Kiko e Relkes entraram em uma discussão, nessa hipótese, Kiko, homem
valente e armado deflagrou todas as suas munições em direção a Relkes, com intenção de
matá-lo, mas Relkes fugiu ileso. Nesse contexto, pode-se dizer que se caracterizou uma
tentativa perfeita incruenta.
Certo ( ) Errado ( )
4. Considere a seguinte situação hipotética. Joaquim, plenamente capaz, desferiu diversos
golpes de facão contra Manoel, com o intuito de matá-lo, mas este, tendo sido socorrido e
levado ao hospital, sobreviveu. Nessa situação hipotética, Joaquim responderá pela prática
de homicídio tentado, com pena reduzida levando-se em conta a sanção prevista para o
homicídio consumado.
Certo ( ) Errado ( )
5. Na tentativa perfeita, também denominada quase-crime, o agente realiza todos os atos
executórios, mas não atinge a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. CERTO
4. CERTO
5. ERRADO
SUMÁRIO
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ................................................................................. 2
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA............................................................................................................................ 2
ARREPENDIMENTO EFICAZ ............................................................................................................................ 2
DIFERENÇA ENTRE TENTATIVA, DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ .......................... 3
ARREPENDIMENTO POSTERIOR..................................................................................................................... 4
TABELA DAS TENTATIVAS .................................................................................................................................. 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
A desistência voluntária é a primeira espécie de tentativa abandonada ou qualificada,
presente na primeira parte do Art. 15: O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução (...) só responde pelos atos já praticados.
Consiste em uma atitude negativa por parte do agente, isto é, numa desistência à
execução do crime quando lhe sobrava (durante a execução), objetivamente, margem de
atuação, então o agente só responderá pelos atos praticados, desde que o resultado
naturalístico não ocorra.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
O arrependimento eficaz é a segunda espécie de tentativa abandonada ou qualificada,
presente na segunda parte do Art. 15: O agente que, voluntariamente, (...) impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Consiste em uma atitude positiva por parte do agente, isto é, buscando retroceder na
atividade delituosa desenvolve uma nova conduta visando a reparar o dano causado ao bem
jurídico, depois de terminada a execução, evitando o resultado naturalístico (evita a
consumação do delito).
Em ambos os casos o agente responde só pelos atos já praticados, ou seja, no caso do
crime de homicídio, por exemplo, responderá ele pelo crime da lesão corporal, ou
simplesmente os atos já praticados.
Dois detalhes a serem lembrados: o ato deve ser voluntário (não é necessário que seja
espontâneo) e o resultado não pode ocorrer.
Gabarito: Certo.
Comentário: O Art. 15, do Código Penal, trata da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz, os quais só geram efeitos se a consumação do crime não
ocorrer. Assim, mesmo que um indivíduo após os disparos resolva socorrer a
vítima, responderá pelo crime de homicídio consumado caso ela morra. Contudo,
exige-se a voluntariedade em socorrer e também que a morte não se consume,
então responderá pelos atos já praticados, ou seja, lesão corporal.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
O arrependimento posterior é uma causa geral de diminuição de pena, de natureza
obrigatória, prevista no artigo 16 do Código Penal. Em regra, somente é possível ser aplicado
em crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa. É necessária a restituição
integral da coisa ou a reparação integral do dano, por ato voluntário, até o recebimento da
denúncia ou queixa.
O objetivo é estimular a reparação do crime nos danos patrimoniais cometidos sem
violência ou grave ameaça.
São requisitos para que possa o agente se beneficiar do instituto do arrependimento
posterior:
• Reparação do dano: deve ser integral. Basicamente importa na obrigação de
indenizar ou de satisfazer o pagamento dos prejuízos decorrentes da prática do
crime.
• Restituição da coisa: deve ser integral. Segundo De Plácido e Silva, restituir é
devolver, dar de volta, ou recolocar a coisa em mãos de seu legítimo proprietário ou
em poder de quem licitamente deve estar. Conduz o sentido de restabelecer, pelo
que a coisa restituída deve voltar nas mesmas condições ou no mesmo estado, em
que antes se mostrava ou apresentava.
Tanto a reparação do dano, quanto a restituição da coisa, devem ser praticados
voluntariamente pelo agente, ainda que não haja espontaneidade, ou seja, o agente pode, por
interesse, reparar ou restituir a vítima, visando à diminuição da sua pena, podendo ser feito
pelo advogado do criminoso.
É causa de diminuição de pena que se estende a todos os agentes, mesmo que somente
um tenha efetivamente reparado integralmente o dano, a todos se estenderá.
1. (CESPE) Denomina-se arrependimento eficaz a reparação do dano ou a restituição
voluntária da coisa antes do recebimento da denúncia, o que possibilita a redução da
pena, em se tratando de crimes contra o patrimônio.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado.
Comentário: Em nada tem a ver o arrependimento eficaz tratado no Art. 15,
CP, com o arrependimento posterior tratado no Art. 16, CP. A questão fala do Art.
16 (arrependimento posterior) em que, reparado o dano e restituída a coisa até o
recebimento da denúncia ou da queixa por ato voluntário do agente, a pena do
autor do crime é diminuída, ou seja, o Art. 16 trata de tema de redução de pena. Já
o Art. 15 traz uma norma que opera a desclassificação da figura típica, deixando o
autor responder somente pelos atos já praticados. No mais, o Art. 15 está sempre
antes da consumação e o Art. 16 depois da consumação.
EXERCÍCIOS
1. A desistência da tentativa inacabada deve ser entendida como arrependimento eficaz.
Certo ( ) Errado ( )
2. A Desistência Voluntária caracteriza-se quando um agente tinha condições de realizar e
consumar um crime, mas desiste durante a execução, ou seja, ele realiza uma ação positiva.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. ERRADO
2. ERRADO
3. ERRADO
4. ERRADO
5. ERRADO
SUMÁRIO
CRIME IMPOSSÍVEL ............................................................................................................................................ 2
INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO................................................................................................................... 2
IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO...................................................................................................... 2
CRIME IMPOSSÍVEL
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime.
Também chamado de tentativa inidônea, inadequada, impossível ou quase-crime. É
aquele que jamais poderia ser consumado em razão da ineficácia absoluta do meio empregado
ou pela impropriedade absoluta do objeto.
Teoria adotada pelo Código Penal: teoria objetiva temperada ou intermediária. Caso a
ineficácia do meio ou a do objeto sejam relativas, pune-se a tentativa!
SUMÁRIO
DOLO E CULPA ................................................................................................................................................... 2
CRIME DOLOSO.............................................................................................................................................. 2
DOLO DIRETO; DOLO INDIRETO (EVENTUAL); DOLO ALTERNATIVO ............................................................. 2
DOLO DE PRIMEIRO E DE SEGUNDO GRAU ................................................................................................... 3
CONCURSO MATERIAL ................................................................................................................................... 3
CONCURSO FORMAL ..................................................................................................................................... 3
CRIME CULPOSO ............................................................................................................................................ 4
REQUISITOS DO CRIME CULPOSO ................................................................................................................. 5
CULPA INCONSCIENTE OU PRÓPRIA .............................................................................................................. 6
CULPA CONSCIENTE....................................................................................................................................... 6
CULPA IMPRÓPRIA......................................................................................................................................... 6
DOLO EVENTUAL VERSUS CULPA CONSCIENTE ............................................................................................. 7
DOLO EVENTUAL........................................................................................................................................ 7
CULPA CONSCIENTE ................................................................................................................................... 7
ESQUEMA DIDÁTICO ..................................................................................................................................... 8
DOLO E CULPA
CRIME DOLOSO
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - Doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo.
No conceito finalista da ação, o dolo é natural e integra a conduta (que está inserida no
fato típico) e consiste na vontade (elemento volitivo) e consciência (elemento intelectivo) de
realizar os elementos do tipo incriminador.
Nessa concepção, a consciência da ilicitude (ou antijuridicidade) está na culpabilidade,
isto é, desvinculada da conduta.
CONCURSO MATERIAL
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e
de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
CONCURSO FORMAL
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
1. (CESPE) Excetuadas as exceções legais, o autor de fato previsto como crime só poderá
ser punido se o praticar dolosamente.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo.
Comentário: Isso mesmo, veja o Art. 18, Parágrafo único: Salvo os casos
expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
quando o pratica dolosamente.
A regra é o crime doloso (Art. 18, inc. I, do Código Penal); a exceção, o crime
culposo (Art. 18, inc. II, do Código Penal), desde que haja “previsão legal”.
CRIME CULPOSO
Art. 18 - Diz-se o crime:
II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.
Os crimes culposos não possuem uma conduta completa, isto é, são tipos penais
abertos e necessitam de uma valoração do exegeta 1, no caso o próprio juiz. Nada impede,
porém, que hajam crimes culposos em tipos penais fechados, por exemplo, a receptação
culposa (Art. 180, §3º, CP) 2.
Normalmente, a norma penal incriminadora define uma conduta dolosa, porém em um
parágrafo dentro do artigo descreve a modalidade culposa (se o crime é culposo).
Conceitualmente, o crime culposo advém de uma conduta voluntária de um agente, de forma
imprudente, negligente ou imperita, o qual deixou de observar os seus deveres objetivos de
cuidado, gerando um resultado naturalístico involuntário, que era previsível objetivamente,
mas não desejado nem previsto por ele. Assim, quem não age como a maioria das pessoas
(“homem médio”), nas mesmas condições, agiria e dá origem a um resultado relevante para o
Direito Penal, então deverá responder pelo crime culposo, se houver previsão legal.
• Imprudência: Homicídio culposo (Art. 121, §3º, CP).
• Exemplo: A pessoa que dirige em estrada falando ao celular e vem a atingir
pedestre.
• Negligência: Art. 121, §3º, do Código Penal - Homicídio culposo. Exemplo: A
pessoa que esquece filho recém-nascido no interior do carro resultando na morte
por asfixia da criança.
1
Exegeta: intérprete.
2
Código Penal, Art. 180, §3º: Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso.
• Imperícia: Art. 129, §6º do Código Penal - Lesão corporal culposa. Exemplo:
Policial que ao limpar a arma em casa efetua disparo acidental e atinge a perna da
própria esposa.
3. (CESPE) Caso um renomado e habilidoso médico, especializado em cirurgias
abdominais, ao realizar uma intervenção, esqueça uma pinça no abdome do paciente,
nesse caso, tal conduta representará culpa por imperícia, pois é relativa ao exercício
da profissão.
Gabarito: Errado.
Comentário: Nesse caso não estamos diante de imperícia, e sim negligência
do agente ao “esquecer” a pinça no abdômen do paciente.
4 • Nexo causal;
5 • Tipicidade;
6 • Previsibilidade objetiva;
7 • Ausência de previsão.
Gabarito: Errado
Comentário: Nesse caso pode ocorrer o homicídio culposo na modalidade
culpa comum ou inconsciente, em que os agentes agiram com imprudência,
imperícia ou negligência. Quando a questão prevê a falta de saídas de emergência
entre outras irregularidades, está prevendo a falta do dever de cuidado objetivo por
parte dos responsáveis. Contudo, eles não queriam nem assumiram a
responsabilidade pelas mortes, mas foram “descuidados” em suas condutas,
podendo gerar, conforme o caso, um homicídio culposo.
CULPA CONSCIENTE
O agente é capaz de prever o resultado, e realmente o prevê, porém, por possuir peculiar
habilidade, espera sinceramente que ele não ocorra: ele confia que sua ação conduzirá tão
somente ao resultado que pretende, o que só não ocorre por erro no cálculo ou erro na
execução.
A simples previsão do resultado, por si só, não caracteriza que o agente agiu com culpa
consciente. Aqui se faz necessário que ele tenha possuído no momento da ação ou omissão a
consciência acerca da infração ao dever de cuidado.
A principal característica é a confiança que o agente possui quanto à inexistência do
resultado desfavorável, não se devendo confundi-la com uma mera esperança em fatores
aleatórios.
O agente, mesmo prevendo o resultado, não o aceita, não assume o risco de produzi-lo,
nem permanece indiferente a ele. Apesar de prevê-lo, confia o agente em sua não produção.
CULPA IMPRÓPRIA
Também chamada de culpa por assimilação, por extensão ou por equiparação, é
aquela em que o agente, no processo psicológico, entende mal a situação de fato, por erro
evitável, supondo que, se existisse o fato real, a sua ação é legítima. Contudo, agindo em erro
(evitável, vencível, indesculpável, inescusável) o qual poderia ser evitado se tivesse agido
com cautela, neste caso o Código Penal irá punir o agente por culpa, se previsto em lei. É a
famosa descriminante putativa:
Código Penal, Art. 20, §1º: É isento de pena quem, por erro
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo
Exemplo: “A” é policial federal e efetuou a prisão em flagrante de “B”, chefe de uma
organização criminosa, e este prometeu matá-lo no instante em que o encontrasse.
Fatalmente, “B” foi liberado no dia seguinte (sabe como é o Brasil, habeas corpus etc.), o
policial estava sabendo do fato e já com receio da ameaça de morte. Enquanto “A” estava no
shopping com sua família, depara-se com “B” vindo em sua direção e colocando a mão no
bolso detrás da calça. Logo, “A” deduziu que ele iria sacar uma arma e matar toda a sua
família, por isso prontamente desferiu 10 tiros contra “B”, matando-o ali mesmo! Quando
chegou próximo a seu corpo, “B” estava segurando uma bíblia e uma carta de perdão para “A”,
ou seja, este não estava em legítima defesa, pois não existia injusta agressão! O Código Penal
irá puni-lo por homicídio culposo, por erro evitável e inescusável.
6. (CESPE) A culpa inconsciente distingue-se da culpa consciente no que diz respeito à
previsão do resultado: na culpa consciente, o agente, embora prevendo o resultado,
acredita sinceramente que pode evitá-lo; na culpa inconsciente, o resultado, embora
previsível, não foi previsto pelo agente.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo.
Comentário: A culpa inconsciente (também chamada de culpa comum) e a
culpa consciente se diferenciam no que tange ao conceito da previsão do resultado.
Contudo, ambas são tratadas no Art. 18, II, do CP, da mesma maneira. Na culpa
inconsciente o resultado, embora possa ser previsível, não é previsto pelo agente.
Aqui ocorre um descuidado com o dever objetivo de cuidado que todos devem ter.
Já na culpa consciente, o agente acredita sinceramente que pode evitar o resultado.
8. (CESPE) Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto,
uma bomba por ele instalada em um avião comercial a bordo do qual sabia que
Maurício se encontrara, e, devido à explosão, todos os passageiros a bordo da
aeronave morreram. Nessa situação hipotética, Ricardo agiu com dolo direto de
primeiro grau no cometimento do delito contra Maurício e dolo direto de segundo
grau no do delito contra todos os demais passageiros do avião.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo.
Comentário: O Art. 18, I, do Código Penal, trata dos tipos de dolo, em que
temos o dolo direito e o dolo indireto ou eventual. O dolo direto se divide em dolo
direto de primeiro grau e dolo direto de segundo grau. O dolo direto de primeiro
grau está presente quando o agente direciona de forma certa e precisa o alvo da
lesão jurídica, ou seja, se “A” atira contra “B” o alvo certo e direcionado é “B”,
assim, temos dolo direto de primeiro grau (tinha vítima certa). O dolo direto de
segundo grau entendemos como consequências necessárias e suficientes derivadas
do ato, ou seja, quando alguém coloca uma bomba em um avião par matar
determinada pessoa, tem a clara noção de que a morte dos demais passageiros
será efeito obrigatório (necessário e suficiente). Assim, contra os demais
passageiros, temos um dolo direto de segundo grau. A consequência disso é a
aplicação do concurso formal impróprio com desígnios autônomos, que faz com que
as penas do agente sejam somadas.
ESQUEMA DIDÁTICO
EXERCÍCIOS
1. É correto afirmar que o crime doloso ocorre quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo.
Certo ( ) Errado ( )
2. Suponha que em naufrágio de embarcação de grande porte, tenha havido tombamento
das cabines e demais dependências, antes da evacuação da embarcação e resgate dos
passageiros e, em razão desse fato, os sobreviventes tenham sofrido diversos tipos de
lesões corporais e centenas tenham morrido por politraumatismo e afogamento. Com base
nessa situação hipotética, julgue o item seguinte, de acordo com a legislação brasileira.
Caso seja comprovada imperícia, negligência ou imprudência da tripulação, esta poderá
responder judicialmente pelo crime de homicídio em relação às mortes ocorridas no
naufrágio.
Certo ( ) Errado ( )
3. Ocorre o homicídio culposo quando o agente realiza uma conduta involuntária, com
violação de dever objetivo de cuidado a todos imposto, produzindo, por consequência, um
resultado morte.
Certo ( ) Errado ( )
4. Age com dolo eventual o agente que prevê possíveis resultados ilícitos decorrentes da
sua conduta, mas acredita que, com suas habilidades, será capaz de evitá-los.
Certo ( ) Errado ( )
5. Admite-se a tentativa nos delitos de imprudência.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. ERRADO
4. ERRADO
5. ERRADO
SUMÁRIO
CRIME PRETERDOLOSO ..................................................................................................................................... 2
AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO .................................................................................................................... 2
REQUISITOS DO CRIME PRETERDOLOSO ....................................................................................................... 3
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ........................................................................................................................ 4
TIPICIDADE FORMAL X TIPICIDADE MATERIAL .............................................................................................. 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 5
CRIME PRETERDOLOSO
AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só
responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
O crime preterdoloso é espécie dos crimes qualificados pelo resultado (gênero).
Os crimes qualificados pelo resultado são aqueles em que o agente pratica uma
conduta inicial simples caracterizada como crime, contudo o resultado é superior àquela
conduta inicial, seja por excesso nos meios empregados, seja por uma nova conduta mais
gravosa, de tal forma que a pena é maior (qualificada).
Assim, existem dois momentos desse tipo de crime: o antecedente e o consequente. O
primeiro realiza-se com uma conduta voluntária do agente, seja dolosa, seja culposa
(subjetivamente); e o segundo, que é o resultado mais grave, pode ser produzido tanto de
forma dolosa quanto culposa (objetivamente). Acresce-se que essas condutas devem estar no
mesmo nexo causal.
Existem quatro tipos de crime qualificados pelo resultado:
1. DOLO + DOLO: Exemplo: namorado inconformado que descobre que o feto é incesto
e decide espancar a namorada até causar-lhe o aborto;
Código Penal, Art. 129: Ofender a integridade corporal ou a saúde
de outrem:
§2º Se resulta: (...) V - aborto. (Pena - reclusão, de dois a oito anos)
2. CULPA + CULPA: Exemplo: incêndio culposo que resulta em homicídio culposo das
pessoas que estavam no local;
Código Penal, Art. 258: Se do crime doloso de perigo comum resulta
lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é
aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No
caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se
de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao
homicídio culposo, aumentada de um terço.
3. CULPA + DOLO: Exemplo: lesão corporal culposa de trânsito em que há omissão de
socorro;
CTB, Art. 303: Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor
Parágrafo único: Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se
ocorrer qualquer das hipóteses do §1º do art. 302.
CTB, Art. 302, §1º, III: deixar de prestar socorro, quando possível
fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente
4. DOLO + CULPA: é o crime preterdoloso. Exemplo: o agente deseja torturar (Lei nº
9.455/97) o michê que sua esposa estava saindo, a fim de que ele confesse o
adultério praticado, porém culposamente se excede nos meios empregados e
acaba matando-o.
Lei nº 9.455/97, Art. 1º, §3º: Se resulta lesão corporal de natureza
grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
1 • Conduta voluntária;
4 • Nexo causal;
5 • Tipicidade;
6 • Previsibilidade objetiva;
7 • Ausência de previsão.
2. (CESPE) Considere que Antônio, com a intenção de provocar lesões corporais, tenha
agredido José com uma barra de ferro, sendo comprovado que José veio a falecer em
consequência das lesões provocadas pelo agressor. Nesse caso, Antônio responderá
pelo delito de homicídio, ainda que não tenha desejado a morte de José nem
assumido o risco de produzi-la.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado.
Comentário: Estamos diante de uma lesão corporal seguida de morte,
isso porque o Código Penal leva em conta o elemento subjetivo do agente que
causou o resultado e no caso concreto ele tinha a intenção de lesionar, e não
matar. Contudo, o resultado do crime foi mais grave que o dolo inicial e gerado por
culpa do agente. Assim, temos dolo na conduta antecedente e culpa no
consequente, isto é, um crime preterdoloso previsto no Art. 129, §3º, CP: Se
resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado,
nem assumiu o risco de produzi-lo.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
TIPICIDADE FORMAL X TIPICIDADE MATERIAL
Princípio da insignificância: decorrente da intervenção mínima do Estado,
pressupondo que nem todas as condutas tipificadas como crime (formalmente) serão
materialmente típicas, devendo ser analisadas no caso em concreto se houve lesão expressiva
a um bem jurídico relevante e se houve um comportamento agressivo pelo agente.
A tipicidade penal não pode ser percebida como o trivial exercício da adequação do fato
concreto à norma abstrata. Além da correspondência formal, para a configuração da
tipicidade, é necessária uma análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso
concreto, no sentido de se verificar a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e
penalmente relevante do bem jurídico tutelado. O princípio da insignificância reduz o âmbito de
proibição aparente da tipicidade legal e, por consequência, torna atípico o fato na seara penal,
apesar de haver lesão a bem juridicamente tutelado pela norma penal. (STF, HC 108946, Rel.
Min. Cármen Lúcia, 07/12/2011).
• Requisitos objetivos:
Mínima ofensividade da conduta do agente;
Ausência de periculosidade social da ação;
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
• Natureza jurídica: Causa supralegal de exclusão da tipicidade.
• Aplicabilidade: Qualquer delito que seja com ele compatível, sua maior
incidência ocorre nos crimes patrimoniais (furto). É inadmissível quando o crime
acontecer com violência ou grave ameaça à pessoa.
TABELA PRÁTICA:
Crimes contra a Adm. Pública: Regra: Não admite
EXERCÍCIOS
1. Ocorre crime preterdoloso quando o agente pratica dolosamente um fato do qual
decorre um resultado posterior culposo. Para que o agente responda pelo resultado
posterior, é necessário que este seja previsível.
Certo ( ) Errado ( )
2. Crime qualificado pelo resultado é o mesmo que crime preterdoloso.
Certo ( ) Errado ( )
3. Considere a seguinte situação hipotética. Alberto, pretendendo matar Bruno, desferiu
contra este um disparo de arma de fogo, atingindo-o em região letal. Bruno foi
imediatamente socorrido e levado ao hospital. No segundo dia de internação, Bruno
morreu queimado em decorrência de um incêndio que assolou o nosocômio. Nessa
situação, configura um crime preterdoloso ou preterintencional.
Certo ( ) Errado ( )
4. Admite-se a tentativa nos crimes preterdolosos.
Certo ( ) Errado ( )
5. Os critérios para a aplicação do princípio da insignificância descrevem-se pela mínima
ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo
grau de reprovabilidade do comportamento e expressividade da lesão jurídica provocada.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. Certo
2. Errado
3. Errado
4. Errado
5. Errado
SUMÁRIO
ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO ................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 2
ELEMENTARES ........................................................................................................................................... 2
CIRCUNSTÂNCIAS....................................................................................................................................... 2
ERRO DE TIPO ESSENCIAL .............................................................................................................................. 3
ESCUSÁVEL, DESCULPÁVEL, INVENCÍVEL OU INEVITÁVEL......................................................................... 4
INESCUSÁVEL, INDESCULPÁVEL, VENCÍVEL OU EVITÁVEL ......................................................................... 4
ERRO DE TIPO ACIDENTAL ............................................................................................................................. 5
ERRO SOBRE A PESSOA (ABERRATIO IN PERSONA) ................................................................................... 6
ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS).................................................................................................. 6
ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL (ABERRATIO CAUSAE) ............................................................................... 7
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 9
GABARITOS .................................................................................................................................................. 10
ELEMENTARES
É a descrição típica do crime (aquilo que está logo depois do “artigo”, o próprio caput),
seguindo a princípio da legalidade que está no art. 1º do Código Penal. Nesse caso, cada palavra
da cabeça do artigo (CAPUT) constitui os elementos desse tipo legal. Desse modo, quando há a
exclusão de algum termo desse tipo penal, isto é, quando o autor pratica os elementos
constitutivos do tipo legal, mas falta um ou outro, estaremos diante de uma atipicidade do fato
ou desclassificação do crime para outro.
Exemplos:
a) ATIPICIDADE: Furto - Art. 155 - “Subtrair coisa alheia móvel”. Caso o
indivíduo subtraia coisa própria por engano, não haverá o crime, pouco importando
sua intenção. Assim, se o agente subtrai sua própria bicicleta por “engano”,
acreditando fielmente que está subtraindo bicicleta de seu vizinho, não comete crime
algum. Não há como punir uma pessoa que subtrai suas próprias coisas.
b) DESCLASSIFICAÇÃO PARA OUTRO CRIME: Infanticídio - Art. 123 –
“Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após”. Uma mãe resolve tirar a vida do seu filho logo após o parto, mas o mata sem
a influência do estado puerperal. Não responde por Infanticídio, mas a conduta
configura o delito de Homicídio, tipificado no art. 121 do Código Penal.
CIRCUNSTÂNCIAS
São dados acessórios do crime, que suprimidos não afetam a punição do agente. Seguindo
o rigor técnico, as circunstâncias estão após o CAPUT do artigo, e servem para qualificar,
privilegiar, majorar, minorar, agravar ou atenuar a pena. Em determinadas situações, as
circunstâncias agravantes genéricas fazem parte das qualificadoras dos crimes (CP, Art. 121,
§2º, II: “por motivo fútil”).
ELEMENTARES
•CAPUT - MATAR ALGUÉM.
CIRCUNSTÂNCIAS
•PARÁGRAFOS E INCISOS -
•§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
• § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa,
ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo,
explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum (...).
1 2 3 4
ART. 155. CP: SUBTRAIR COISA MÓVEL ALHEIA = 4 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
1
Lugar onde se guardam chapéus, casacos, guarda-chuvas, etc.
Exemplo: “A” é policial federal e efetuou a prisão em flagrante de “B”, chefe de uma
organização criminosa, que prometeu matá-lo no instante em que o encontrasse.
Fatalmente, “B” foi liberado no dia seguinte (sabe como é a Nova Zelândia, habeas
corpus, etc.), sendo o policial informado sobre o fato e, portanto, com receio da
ameaça de morte. Enquanto “A” estava no Shopping com sua família, depara-se com
“B” vindo em sua direção e colocando a mão no bolso de trás da calça. Logo, diante
da ameaça de morte que havia sofrido, “A” deduziu que B iria sacar uma arma e
matar toda a sua família. Prontamente, não esperou e desferiu 10 tiros contra “B”,
matando-o ali mesmo! Todavia, quando chegou próximo ao corpo de “B”, observou
que ele estava segurando uma bíblia e uma carta de perdão para “A”, ou seja, esse
não estava em legítima defesa, pois não existia injusta agressão! O Código Penal irá
puni-lo por homicídio culposo por erro evitável e inescusável.
(CESPE) Tanto a conduta do agente que age imprudentemente, por
desconhecimento invencível de algum elemento do tipo quanto a conduta do agente
que age acreditando estar autorizado a fazê-lo ensejam como consequência a
exclusão do dolo e, por conseguinte, a do próprio crime.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO: É importante destacar que a primeira parte pode caracterizar
hipótese de ERRO DE TIPO, pois o erro foi sobre os elementos que constituem o tipo
legal. Por outro lado, a segunda parte aponta o desconhecimento da lei, isto é, a
potencial consciência da ilicitude do fato. Nesse caso, estar-se-á diante de ERRO DE
PROIBIÇÃO, que pode isentar a pena ou reduzir de 1/3 a 1/6 a pena, a depender da
modalidade. Além disso, não é todo ERRO DE TIPO que irá excluir o crime. Se
invencível/desculpável/escusável, abolirá o crime por eliminação do dolo e da culpa.
Já no caso de um ERRO DE TIPO vencível/indesculpável/inescusável, o dolo estará
excluído, mas será punido a título de CULPA IMPRÓPRIA se previsto em lei.
(CESPE) O erro de tipo é aquele que recai sobre os elementos ou circunstâncias
do tipo, excluindo-se o dolo e, por consequência, a culpabilidade.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO: Já está batida e você sabe que o ERRO DE TIPO, quando exclui
o dolo e a culpa, necessariamente excluirá o crime. Entretanto, poderá ser punido a
título de culpa se previsto em lei, nos casos de ERRO DE TIPO indesculpável.
Por outro lado, quem PODERÁ isentar o indivíduo de pena é o ERRO DE
PROIBIÇÃO INVENCÍVEL.
ERRO NA EXECUÇÃO
(ABERRTIO ICTUS)
ABERRATIO IN DELICTI
ou seja, sofrendo perigo. Além disso, não há qualquer confusão em relação à identidade da
vítima, já que o autor simplesmente erra no momento do crime por causa de um acidente ou no
uso dos meios de execução.
Entretanto, mesmo nesses casos, aplicar-se-á regra do art. 20, § 3º, responde como se
tivesse praticado o crime contra a vítima efetiva. Importa destacar que se o autor atingir ambas
as vítimas, haverá o Concurso Formal de Crimes, atendendo-se ao disposto no art. 70 do Código
Penal.
ABERRTIO IN PERSONA X ABERRATIO ICTUS
(CESPE) Um agente, com a livre intenção de matar desafeto seu, disparou na
direção deste, mas atingiu fatalmente pessoa diversa, que se encontrava próxima ao
seu alvo. Assertiva: Nessa situação, configurou-se o erro sobre a pessoa e o agente
responderá criminalmente como se tivesse atingido a pessoa visada.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO: Ao resolver esse tipo de questão, você deve analisar se ambas
as vítimas estão em situação de perigo (vítima virtual e efetiva). Se estiverem,
estaremos diante do ABERRATIO ICTUS (erro na execução). Mas se apenas a vítima
efetiva estiver em perigo, no ambiente do crime, será ABERRATIO IN PERSONA (erro
sobre a pessoa). É isso “memo”. Além de passar o conteúdo que interessa, nós
também ensinamos a resolver questões!
Em ambos os erros acidentais, o autor do fato responderá criminalmente como
se tivesse atingido a pessoa visada (virtual).
ABERRTIO IN PERSONA X ABERRATIO ICTUS
ERRO DO TIPO
Dolo
Inevitável EXCLUI O CRIME
Culpa
ESSENCIAL
Dolo
Evitável Permite a punição por crime
Culpa
culposo se previsto em lei.
(CULPA IMPRÓPRIA)
Aberratio in objecto
EXERCÍCIOS
1. O erro de tipo, se vencível, afasta o dolo e a culpa, estando diretamente ligado à tipicidade
da conduta do agente.
Certo ( ) Errado ( )
2. Na culpa imprópria, um agente age com dolo, mas é punido com culpa e ela ocorre no
erro do tipo essencial inescusável, no qual se exclui o dolo, mas admite-se a culpa se
prevista em lei.
Certo ( ) Errado ( )
3. É correto afirmar que o erro do tipo acidental possui o erro sobre a pessoa,
doutrinariamente denominado aberractio in persona e, neste caso, a pessoa que se quer
executar – a vítima virtual – não sofre diretamente o perigo.
Certo ( ) Errado ( )
4. O erro de tipo evitável isenta de pena o agente.
Certo ( ) Errado ( )
5. O erro sobre elemento essencial do tipo, escusável ou inescusável, exclui o dolo, mas
permite a punição a título de culpa.
Certo ( ) Errado ( )
6. Estará configurado o dolo geral ou aberratio causae quando o sujeito realiza uma conduta
objetivando produzir determinado resultado, acreditando ter produzido o resultado
almejado, pratica nova conduta, com finalidade diversa, e é nessa nova conduta que o
agente produz o que buscava desde o início.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITOS
1. Errado
2. Certo
3. Certo
4. Errado
5. Errado
6. Certo
SUMÁRIO
ERRO DE PROIBIÇÃO .......................................................................................................................................... 2
ESCUSÁVEL, DESCULPÁVEL OU INEVITÁVEL .............................................................................................. 4
INESCUSÁVEL, INDESCULPÁVEL OU EVITÁVEL .......................................................................................... 5
ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO E INDIRETO ................................................................................................. 5
ERRO DE PROIBIÇÃO
Na aula passada, tratamos sobre as modalidades de ERRO DE TIPO, que recai sobre os
pressupostos fáticos. Nesta aula, versaremos sobre outra modalidade de erro-jurídico, mas que
recai sobre o caráter ilícito do fato em si. Esse se encontra no art. 21 do Código Penal, aquele,
no art. 20. Além disso, veremos os efeitos gerados nos casos de ERRO DE PROIBIÇÃO DIRETO e
INDIRETO, evitável ou, além da sua relação com as descriminantes putativas, tipificadas no Art.
20, §1º.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço.
ERRO DE PROIBIÇÃO
INEVITÁVEL EVITÁVEL
ISENTA REDUÇÃO
A PENA DA PENA
1/6 – 1/3
Enquanto o Erro de Tipo pode excluir o crime ou punir a título de culpa, quando previsto
em lei, o autor que comete delito em ERRO DE PROIBIÇÃO pode resultar em isenção de pena,
quando inevitável; ou diminuí-la de 1/6 a 1/3, quando evitável. Isso porque, na teoria tripartite
do crime, esse erro-jurídico está localizado na Potencial Consciência da Ilicitude, que é uma das
características da Culpabilidade.
(CESPE) É considerado erro evitável, capaz de reduzir a pena, aquele em que
o agente atue ou se omita sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO: questão bem clara e objetiva que elenca as regras do erro
sobre a ilicitude do fato, que está topograficamente na Culpabilidade. Lembre-se de
que se for inevitável, ISENTARÁ A PENA do autor, mas se for evitável, como está na
questão, a pena será REDUZIDA de 1/3 – 1/6.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto
a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite
sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias,
ter ou atingir essa consciência.
CONDUTA
TEORIA TRIPARTITE
NEXO CAUSAL
FATO TÍPICO
TIPICIDADE
RESULTADO
ANTIJURÍDICO
1
Nucci, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: parte geral: arts. 1º a 120 do Código Penal / Guilherme de Souza
Nucci. – 3.ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019.
SUMÁRIO
DESCRIMINANTES PUTATIVAS ........................................................................................................................... 2
O QUE É DESCRIMINANTE? ....................................................................................................................... 2
O QUE É PUTATIVO? .................................................................................................................................. 2
DESCRIMINANTES PUTATIVAS ................................................................................................................... 2
ERRO RELATIVO AO PRESSUPOSTO FÁTICO DO EVENTO DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE
(ERRO DE TIPO) .............................................................................................................................................. 3
ERRO RELATIVO À EXISTÊNCIA DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE (ERRO DE PROIBIÇÃO
INDIRETO) ...................................................................................................................................................... 4
ERRO RELATIVO AOS LIMITES DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE (ERRO DE PROIBIÇÃO
INDIRETO) ...................................................................................................................................................... 4
QUADRO SINÓTICO.................................................................................................................................... 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
Art. 20, §1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria
a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
culpa e o fato é punível como crime culposo.
Agora que você sabe as diferenças entre Erro de Tipo x Erro de Proibição, está apto a
voltar ao art. 20, §1º, que dispõe sobre as DESCRIMINANTES PUTATIVAS. Tudo ficará mais
claro!
O QUE É DESCRIMINANTE?
As descriminantes são as causas legais que excluem o crime, as excludentes de ilicitude,
previstas no art. 23 do Código Penal: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
de dever legal e exercício regular de direito e outras que estão topograficamente localizadas na
Parte Especial do Código Penal, aborto praticado por médico em determinadas situações, coação
exercida para impedir suicídio, etc.
O QUE É PUTATIVO?
É aquilo que aparenta ser verdadeiro, legal e certo, mas não é. Está determinado apenas
no imaginário do agente.
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
As descriminantes putativas ocorrem nas hipóteses em que o agente acredita estar
amparado por uma causa legal de exclusão da antijuridicidade (descriminante) que não
existe (putativa). Sendo assim, ele acredita estar amparado pelo estado de necessidade, legítima
defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito, porém não há tais
situações no caso concreto.
Podem ocorrer 3 formas diferentes de o agente fantasiar (erro) acerca das
descriminantes:
• Sobre o pressuposto fático do evento de uma causa de exclusão de ilicitude;
• Sobre a existência de uma causa de exclusão da ilicitude;
• Sobre os limites de uma causa de exclusão da ilicitude.
FÁTICOS DE CAUSA
TIPO DE JUSTIFICAÇÃO
INEXISTÊNCIA DE
EXCLUDENTE DE
POR ERRO DE ILICITUDE
PROIBIÇÃO LIMITES DE
EXCLUDENTE DE
ILICITUDE
QUADRO SINÓTICO
ERRO-JURÍDICO
ERRO DE TIPO ERRO DE TIPO ERRO DE DESCRIMINANTES
ESSENCIAL ACIDENTAL PROIBIÇÃO PUTATIVAS
- PRESSUPOSTOS FÁTICOS
POTENCIAL CONSCIÊNCIA - EXISTÊNCIA OU LIMITE
CONDUTA CONDUTA
DA ILICITUDE DE EXCLUDENTES DE
ILICITUDE
1. EFEITOS DO ERRO DE
1. PUNE A TÍTULO DE - IRRELEVANTE PENAL. 1. REDUZ A PENA DE 1/6 A
TIPO
CULPA SE PREVISTO EM LEI CONTINUA RESPONDENDO 1/3
PELO CRIME 2. EFEITOS DO ERRO DE
2. EXCLUI O CRIME 2. ISENTA A PENA
PROIBIÇÃO
EXERCÍCIOS
1. Se o agente oferece propina a um empregado de uma sociedade de economia mista,
supondo ser funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente particular,
incide em erro do tipo.
Certo ( ) Errado ( )
2. A diferença entre erro sobre elementos do tipo e erro sobre a ilicitude do fato reside na
circunstância de que o erro do tipo exclui o crime, já o erro sobre a ilicitude do fato
diminui a pena.
Certo ( ) Errado ( )
3. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena,
considerando-se as condições e qualidades da vítima, e não as da pessoa contra quem o
agente queria praticar o crime.
Certo ( ) Errado ( )
4. Considerando o disposto no Código Penal brasileiro, quanto à matéria do erro, é correto
afirmar que, em regra, o erro de proibição recai sobre a consciência da ilicitude do fato,
ao passo que o erro de tipo incide sobre os elementos constitutivos do tipo legal do crime.
Certo ( ) Errado ( )
5. O erro de ilicitude exclui o crime.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. Certo
2. Errado
3. Errado
4. Certo
5. Errado
SUMÁRIO
COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA........................................................................................ 2
COAÇÃO IRRESISTÍVEL ............................................................................................................................... 2
OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA ....................................................................................................................... 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 8
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9
COAÇÃO IRRESISTÍVEL
De modo geral, coação é obrigar alguém a fazer ou não alguma coisa, é forçar determinada
conduta, constranger uma pessoa. Existem duas coações no Direito Penal, a física e a moral,
cujos efeitos são diferentes quando IRRESISTÍVEIS. Uma exclui o crime (FÍSICA), e a outra
isenta a pena do coagido (MORAL).
COAÇÃO
IRRESÍSTIVEL
MORAL
FÍSICA
vis relativa
vis absoluta
(art. 22 CP)
Exemplos:
• “A” imobiliza “B”, logo após, coloca uma arma em sua mão e força-o a apertar o
gatilho. O disparo acerta “C” que morre. Devido à coação FÍSICA irresistível:
o “B” NÃO comete crime.
o “A” responderá por homicídio.
• “A” encosta uma arma carregada na cabeça de “B” filho de “C” que é gerente de
banco, e ordena que ele abra o cofre do banco e subtraia o dinheiro, caso contrário
irá matar “B”. Considerando a coação MORAL irresistível:
o A” e “C” cometem crime, por praticarem
um fato típico e antijurídico.
o Apenas “C” será isento de pena, por
inexigibilidade de conduta diversa no
caso concreto.
Perceba que no primeiro exemplo (coação física irresistível), “B” sequer teve conduta,
ele foi forçado fisicamente a apertar o gatilho, sendo simplesmente um fantoche de “A”, pois
não teve voluntariedade de ação alguma. Por outro lado, no segundo exemplo (coação moral
irresistível), “C” é voluntário na ação, apesar de não querer praticar a conduta, ele é um “MEIO”
para a prática do crime de “A”, que é o autor mediato. Nesse segundo caso, “C” tem a opção de
não executar determinado delito, mas é claro que ele fará, já que seu filho está na mira de uma
arma de fogo.
Portanto, é importante destacar que a COAÇÃO IRRESISTÍVEL que trata o art. 22 do
Código Penal é a MORAL!!! Fique atento, pois só isentará a pena do indivíduo se for irresistível.
Sendo resistível, o autor do crime será passível de punição, mas com a pena atenuada.
ISENTA A PENA
IRRESISTÍVEL
(Art. 22 CP)
COAÇÃO
MORAL
ATENUA A
RESISTÍVEL PENA
(Art. 65, III, c)
O STF já decidiu que é preciso que se tenha três personagens para haver a Coação Moral
Irresistível: Coagido, Coator e Vítima. Vale lembrar que o COATOR e a VÍTIMA, em casos
excepcionalíssimos, podem ser a mesma pessoa, o que não descaracteriza a figura dos três
personagens.
OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
A obediência hierárquica, tratada no mesmo artigo da Coação (MORAL) Irresistível,
também é excludente de culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa, decorrente de
uma obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, tornando viciada
a vontade do subordinado e afastando a exigência de conduta diversa.
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Aqui, o punido é a autoridade hierarquicamente superior, pois determina uma ordem não
manifestamente ilegal ao seu subordinado. Por óbvio, se a ordem for manifestamente ilegal,
ambos respondem pelo crime praticado.
• Ordem de superior hierárquico: É a manifestação de vontade do titular de uma
função pública a um funcionário que lhe é subordinado.
• Ordem não manifestamente ilegal: A ordem tem aparência de legalidade. Se é
manifestamente ilegal, deve o subordinado responder pelo crime.
OBEDIÊNCIA
HIERÁQUICA
(Art. 22 CP)
TRÊS PERSONAGENS:
RELAÇÃO DE HIERARQUIA DEVE
1. SUPERIOR
SER DE DIREITO PÚBLICO
2. SUBORDINADO
(FUNÇÃO PÚBLICA)
3. VÍTIMA
Exemplos:
ORDEM NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL
• Determinado delegado de polícia determinou que um agente prendesse
Antônio, indiciado por crime de latrocínio, sob o fundamento de que havia um
mandado de prisão expedido pela autoridade judiciária em desfavor de Antônio.
O agente então cumpriu a ordem determinada pelo delegado e conduziu Antônio
àquela delegacia. Todavia, não existia mandado algum contra Antônio. Nessa situação,
o delegado e o agente praticaram crime de abuso de autoridade. Contudo, somente o
delegado terá receberá pena, mas o agente ficará isento, devido à ‘‘aparência’’ de
ordem NÃO manifestamente ilegal.
delegado Cornélio com agravante do art. 62, III, CP, e o agente Babonilson com a
atenuante do art. 63, III, C, do CP.
EXERCÍCIOS
1. Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos,
também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi
à sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à
corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta
minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos
amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes
mesmo de ser socorrida.
A culpabilidade de Carlos poderá ser afastada por inexigibilidade de conduta diversa.
Certo ( ) Errado ( )
2. Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com familiares
quando foi abordado por dois indivíduos fortemente armados, que ameaçaram os
ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o fornecimento de determinada senha para
a realização de uma operação bancária, o que foi por ele prontamente atendido. Nessa
situação, o uso da senha pelos indivíduos para eventual prática criminosa excluirá a
culpabilidade de Arnaldo.
Certo ( ) Errado ( )
3. Caso o fato seja cometido em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, não serão puníveis o agente que obedeceu nem o autor da coação
ou da ordem.
Certo ( ) Errado ( )
4. É causa de exclusão da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada por meio de coação
física irresistível.
Certo ( ) Errado ( )
5. A coação irresistível pode ser física, fato que opera a exclusão do crime, ou moral, fato
que opera a isenção da pena.
Certo ( ) Errado ( )
6. Considera-se causa de exclusão da culpabilidade a coação moral resistível.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. Errado
2. Certo
3. Errado
4. Errado
5. Certo
6. Errado
SUMÁRIO
EXCLUSÃO DA ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE) .................................................................................................. 2
A ILICITUDE ................................................................................................................................................ 2
EXCLUSÃO DA ILICITUDE............................................................................................................................ 2
EXCESSO PUNÍVEL ...................................................................................................................................... 3
ESTADO DE NECESSIDADE ......................................................................................................................... 4
MODALIDADES DE ESTADO DE NECESSIDADE........................................................................................... 7
DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO ................................................................................................... 8
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 9
GABARITO .................................................................................................................................................... 10
LEGÍTIMA DEFESA ............................................................................................................................................ 10
REQUISITOS PARA QUE SUBSISTA A LEGÍTIMA DEFESA .............................................................................. 10
TEMAS RECORRENTES QUE ENVOLVEM A LEGÍTIMA DEFESA .................................................................... 13
LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA ................................................................................................................. 13
LEGÍTIMA DEFESA CONTRA INIMPUTÁVEL .............................................................................................. 13
LEGÍTIMA DEFESA E PORTE DE ARMA DE FOGO (CONSUNÇÃO)............................................................. 13
LEGÍTIMA DEFESA CONTRA EXCLUDENTE DE ILÍCITUDE REAL ................................................................ 14
LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA ................................................................................................................. 15
LEGÍTIMA DEFESA NOS CASOS DE ABERRATIO ICTUS (ERRO NA EXECUÇÃO) ......................................... 15
LEGÍTIMA DEFESA DO AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA (PACOTE ANTICRIME – LEI 13.964/2019) ..... 16
EXCESSO PUNÍVEL .................................................................................................................................... 16
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO ..................................... 17
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL ............................................................................................ 17
EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO...................................................................................................... 17
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 18
GABARITO .................................................................................................................................................... 19
EXCLUSÃO DA ILICITUDE
Também denominadas causas justificantes ou descriminantes, as exclusões de ilicitude
são situações em que o indivíduo comete um fato tipificado como crime, mas a própria lei, pela
natureza e circunstâncias do caso concreto, o autoriza a fazer, tornando a conduta jurídica. Tais
situações excluem o caráter ilegal da ação ou omissão praticada, e estão previstas no artigo 23
do Código Penal.
ESTADO DE
NECESSIDADE
EXCLUDENTES DE
ILICITUDE
(Parte Geral)
LEGÍTIMA DEFESA
ESTRITO
CUMPRIMENTO DO
DEVER LEGAL
EXERCÍCIO
REGULAR DE
DIREITO
É importante destacar que a lista acima não é exaustiva (ou seja, não acaba aí), pois
existem outras excludentes de ilicitudes que estão dispostas na Parte Especial do Código Penal,
como é o caso de Aborto praticado por médico (em situações específicas), intervenção médica
ou cirúrgica (perigo de vida) e coação para impedir suicídio.
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.
EXCESSO PUNÍVEL
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Em essência, nas hipóteses mencionadas no artigo 23, o indivíduo deverá agir de forma
moderada, caso contrário, poderá ser responsabilizado criminalmente pelo excesso na ação,
seja ela dolosa ou culposa.
ESTADO DE NECESSIDADE
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato
para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem
podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Ocorre quando um bem jurídico tutelado pela norma é sacrificado para que outro seja
salvo, que estava em perigo atual e inevitável. O bem que se pretende proteger pode ser próprio
ou de terceiros.
Exemplo de Estado de Necessidade de Terceiros: Após o naufrágio do
TITANIC, Jack achou um pedaço de uma porta no mar. Jack tirou a
pessoa (ainda vida) que estava sobre a porta e deu pra Rose.
REQUISITOS PARA CONFIGURAÇÃO DO ESTADO DE NECESSIDADE
Perigo atual.
Direito próprio ou alheio.
Perigo não causado voluntariamente pelo agente.
Inevitabilidade de comportamento.
Razoabilidade do sacrifício.
Requisito subjetivo (deve saber que está sob uma excludente de ilicitude).
O PERIGO ATUAL
Aqui o perigo deve ser atual e não iminente, ou seja, efetivamente a “coisa” deve estar
acontecendo. O “estar para acontecer” não vale para se alegar o estado de necessidade. Em
suma, atual é a ameaça que está se consumando no exato momento em que o agente sacrifica o
bem jurídico.
Exemplo: Perigo atual é quando o navio está afundando e não quando esta preste a
bater em alguma coisa e na “iminência” de afundar. Dessa forma, fica fácil
visualizarmos a questão em si. Para provas objetivas, temos de nos atentar que para
a situação de legítima defesa a agressão injusta pode ser atual e iminente.
INEVITABILIDADE DE COMPORTAMENTO
O agente não pode ter outro meio de evitar o resultado que não o utilizado no caso
concreto. Assim, caso um indivíduo mate outra pessoa para se salvar de perigo atual, poderá
ser responsabilizado penalmente se for provado que havia uma alternativa menos danosa para
o caso.
RAZOABILIDADE DO SACRIFÍCIO
Apesar de a lei não ser clara em relação às comparações entre os direitos, maior, menor
ou igual, devemos guardar a informação de que o Código Penal adotou a TEORIA UNITÁRIA
DO ESTADO DE NECESSIDADE, a qual define que o bem jurídico sacrificado deve ser menor
ou igual ao bem jurídico tutelado. A lei em momento algum falou em bem maior, menor ou
igual. Apenas citou razoabilidade do sacrifício. As questões de concurso geralmente cobram a
objetividade da expressão, isto é, a razoabilidade do sacrifício ou tratam situações hipotéticas
envolvendo VIDA X PATRIMÔNIO.
TEORIA PENAL DO
ESTADO DE
NECESSIDADE
UNITÁRIA
DIFERENCIADORA
(CÓDIGO PENAL)
BEM PROTEGIDO É
BEM PROTEGIDO É BEM PROTEGIDO É BEM PROTEGIDO É
INFERIOR QUANDO
MAIOR OU IGUAL MAIOR OU IGUAL INFERIOR
RAZOÁVEL EXIGIR-SE
REQUISITO SUBJETIVO
O agente que está praticando deve ter conhecimento da situação justificante. Se ele já
tinha prévia intenção de praticar a conduta tipificada como crime, não poderá alegar a
descriminante.
• Exemplo: Imagine que “A” está em um barco com a intenção de matar “B”. Ao se
aproximar para iniciar a execução do crime, o barco em que eles estão começa a
afundar e o indivíduo lembra que existe somente um salva-vidas e ele não sabe
EXERCÍCIOS
1. São causas excludentes de culpabilidade o estado de necessidade, a legítima defesa e o
estrito cumprimento do dever legal.
Certo ( ) Errado ( )
2. As causas legais de exclusão da ilicitude, previstas na parte geral do Código Penal, são
estados de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal, exercício
regular de direito e consentimento do ofendido.
Certo ( ) Errado ( )
3. Considere que, para salvar sua plantação de batatas, um agricultor desvie o curso de água
de determinada barragem para a chácara vizinha, causando vários danos em razão da
ação da água. Considere, ainda, que tanto a plantação desse agricultor quanto os danos
na chácara vizinha sejam avaliados em R$ 50.000,00. Nessa situação, não se configura o
estado de necessidade, uma vez que, segundo a sistemática adotada no Código Penal, a
exclusão de ilicitude só deve ser aplicada quando o bem sacrificado for de menor valor
que o bem salvo.
Certo ( ) Errado ( )
4. A atuação em estado de necessidade só é possível se ocorrer na defesa de direito próprio,
não se admitindo tamanha excludente se a atuação se destinar a proteger direito alheio.
Certo ( ) Errado ( )
5. Considere a seguinte situação hipotética. Ana estava passeando com o seu cão, da raça
pitbull, quando, por descuido, o animal soltou-se da coleira e atacou uma criança. Um
terceiro, que passava pelo local, com o intuito de salvar a vítima do ataque, atingiu o cão
com um pedaço de madeira, o que causou a morte do animal. Nessa situação hipotética,
ocorreu o que a doutrina denomina de estado de necessidade agressivo.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. Errado
2. Errado
3. Errado
4. Errado
5. Errado
LEGÍTIMA DEFESA
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Trata-se de uma causa de excludente de ilicitude que se completa ao se repelir injusta
agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando dos meios necessários (leiam-
se disponíveis). O agente tem autorização legal para reagir a uma agressão (injusta) de outro
indivíduo, objetivando a cessação desse injusto pelo agente.
AGRESSÃO INJUSTA
Agressão injusta significa agressão ilícita, ou seja, contra o ordenamento jurídico. Em
regra, a pessoa à qual o elemento está fazendo cessar a agressão está contra ele cometendo um
ilícito, não precisa ser necessariamente um crime, já que é permitido a legitima defesa para a
proteção da posse CC artigo 1.210 § 1º.
Ao seguir o rigor técnico, devemos lembrar que o termo agressão está associado a uma
conduta livre e consciente de um ser humano. Diante disso, lembro que o animal não tem
vontade no agir, digo, elemento subjetivo, pois age por instinto. Por esse motivo que não se
considera agressão injusta quando ele avança sem instigação de uma pessoa,
consequentemente, não haverá legítima defesa se o indivíduo mata o cachorro nessa situação,
mas sim a excludente do Estado de Necessidade.
“A”, surpreendido por cão feroz, efetua disparos para que não seja
atacado ou para cessar o ataque: ESTADO DE NECESSIDADE.
Por outro lado, quando o animal é instigado por “A” a atacar “B”, muda-se de um simples
ataque (animal) para uma agressão (humana), pois o animal está sendo utilizado como um meio
empregado para a dita agressão humana, isto é, passa a ser uma arma de “A”. Portanto, estar-
se-ia, nesse caso, configurada a legítima defesa.
Cão foi atiçado por seu dono para atacar “A”, que mata o cão:
LEGÍTIMA DEFESA.
Vale lembrar que, no caso de legitima defesa, os disparos devem ser
feitos contra o cão, e não contra o dono, pois nesse caso, seria
configurado homicídio por parte de “A”.
Vale aqui a mesma explicação que foi dada no estado de necessidade, mas adequando-se
que a “agressão” tem de partir de um ser humano, em caso de ataque de animal, sem ser um
meio empregado por uma pessoa, o caso passa a ser de estado de necessidade.
MEIOS NECESSÁRIOS
Aqui se lê “meios disponíveis”. O agente deve repelir a injusta agressão sempre com os
meios que estiver a sua disposição no momento da agressão.
Exemplo: “A” é policial e apreende uma bazuca com “B”. Acontece que “C” aparece de posse de
um revólver .38 para matar o policial “A” e fugir com seu comparsa “B”.
O QUE FAZER:
• Solicita que “C” aguarde um momento para que “A” coloque a bazuca ao chão e se
utilize de uma pistola .40 para haver proporcionalidade?
• Levando-se em conta o bem jurídico em jogo (vida), “A” pode se utilizar da bazuca
e estraçalha “C”, já que é o único jeito de cessar a agressão?
RESPOSTA:
Nesse caso, a brincadeira é muito válida, pois é aqui que tiramos do concursando a ideia
que os meios necessários devem ser “equivalentes” ao do agressor. O que conta são os meios
disponíveis. Assim, ficamos com o número 02, ou seja, explodimos o agressor com a finalidade
de que cesse sua agressão!
REQUISITO SUBJETIVO
Aqui vale também a explicação do estado de necessidade, pois o agente não pode estar
com a ideia anterior de cometer crime e se utilizar do caso posterior concreto para alegar
legítima defesa. Aquele que chama outra pessoa para brigar não está amparado por essa
excludente, pois provocou a situação para se valer da legítima defesa.
(CESPE) João não poderá alegar legítima defesa, pois utilizou navalha para
revidar agressões de homem desarmado.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO: No presente caso, João agrediu verbalmente Pedro. João não
poderia alegar legítima defesa, porquanto deu causa ao resultado briga, já com essa
intenção. A questão é bem clara quando diz "atracaram-se". Não foi Pedro que partiu
para cima de João e esse tentou se defender. Visto isso, João, realmente, não poderá
alegar legítima defesa, mas não pelo fato de ter usado uma navalha, por isso a
questão está incorreta.
3. “A”, menor de idade, saca um fuzil para atirar em “B”, mas é surpreendido por
ele, que saca uma bazuca, único meio disponível no momento, vindo a
“explodi-lo”.
DIFERENÇA ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA
ESTADO DE
LEGÍTIMA DEFESA
NECESSIDADE
CONFLITO DE BEM
DIREITO SOFRE PERIGO
JURÍDICO
ninguém, no país, tem o dever legal de matar. Essa figura é aceita em alguns países,
executada pelo Carrasco. O policial tem o dever legal de prender o indivíduo que está
em flagrante delito. Por outro lado, se repele injusta agressão atual ou iminente,
estará diante de uma Legítima Defesa. ATENTE-SE A NOVA MODALIDADE!
EXERCÍCIOS
1. Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um mandado de condução coercitiva
expedido pela autoridade judiciária competente, submeteu, embora
temporariamente, um cidadão a situação de privação de liberdade. Assertiva: Nessa
circunstância, a conduta do policial está abarcada por uma excludente de ilicitude
representada pelo exercício regular de direito.
Certo ( ) Errado ( )
2. O oficial de justiça encontra-se em exercício regular de direito ao cumprir mandado
de reintegração de posse de bem imóvel de propriedade de banco público, com ordem
de arrombamento, desocupação e imissão de posse.
Certo ( ) Errado ( )
3. A legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude da conduta, mas não é aplicável caso
o agente tenha tido a possibilidade de fugir da agressão injusta e tenha optado
livremente pelo seu enfrentamento.
Certo ( ) Errado ( )
4. Haverá legítima defesa sucessiva na hipótese de excesso, que permite a defesa
legítima do agressor inicial.
Certo ( ) Errado ( )
5. A execução de pena de morte feita pelo carrasco, em um sistema jurídico que admita
essa modalidade de pena, é exemplo clássico de estrito cumprimento de dever legal.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. Errado
2. Errado
3. Errado
4. Certo
5. Certo
SUMÁRIO
DA IMPUTABILIDADE PENAL.............................................................................................................................. 2
CULPABILIDADE ............................................................................................................................................. 2
INIMPUTABILIDADE ....................................................................................................................................... 2
EMBRIAGUEZ COMO CAUSA DE INIMPUTABILIDADE PENAL .................................................................... 4
EMBRIAGUEZ QUE NÃO EXCLUE A IMPUTABILIDADE PENAL.................................................................... 5
SISTEMA VICARIANTE DE PENA ................................................................................................................. 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 8
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9
EMOÇÃO E PAIXÃO ............................................................................................................................................ 9
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 11
GABARITO .................................................................................................................................................... 12
DA IMPUTABILIDADE PENAL
CULPABILIDADE
A culpabilidade é o juízo de valor negativo, isto é, reprovação social que é feita a respeito
do autor de um fato típico e antijurídico. Isso porque o indivíduo pode ao menos prever as
consequências dos seus atos no caso concreto. Diante disso, pode-se notar que a culpabilidade
é um dos requisitos do crime, que irá se utilizar nesse quesito da Teoria Normativa Pura da
Culpabilidade, entendendo que o autor de um fato típico e ilícito será culpável quando
presentes à imputabilidade penal, à potencial consciência da ilicitude e à exigibilidade de
conduta diversa. Nesse contexto, importa destacar que a regra utilizada pelo Código Penal, e
adotada pela maioria da doutrina, é a Culpabilidade Limitada, gerando efeitos diversos
quando o recai sobre as descriminantes putativas (estudamos esse assunto na aula de Erro de
Proibição).
CULPABILIDADE
POTENCIAL
EXIGIBILIDADE DE
CONSCIÊNCIA DA IMPUTABILIDADE
CONDUTA DIVERSA
ILICITUDE
INIMPUTABILIDADE
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução de Pena:
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Na aula de hoje, especificamente, estudaremos as EXCLUDENTES DE IMPUTABILIDADE
PENAL (INIMPUTÁVEL), que é tema recorrente em provas de concursos da Carreira Policial. A
Imputabilidade Penal está relacionada a capacidade de entender que o fato cometido é tido
como ilícito ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Diante da leitura do artigo supracitado, nota-se que o ordenamento jurídico penal adotou,
como regra, o critério BIOPSICOLÓGICO para aplicação INIMPUTABILIDADE.
SANIDADE BIOPSICOLÓGICO
INIMPUTABILIDADE
MENTAL (RELATIVO)
CULPABILIDADE
MENOR DE 18 BIOLÓGICO
ANOS (ABSOLUTO)
DOENÇA MENTAL OU
DESENVOLVIMENTO
MENTAL INCOMPLETO
EMBRIAGUEZ
COMPLETA
INVOLUNTÁRIA
DEPENDÊNCIA
QUÍMICA
Por outro lado, há uma exceção à regra quando tratamos sobre causas de
inimputabilidade penal, que é o critério biológico, levando em consideração, exclusivamente, a
idade do indivíduo no momento da prática delituosa. Nesse caso, não há relativização, basta
que o indivíduo seja menor de idade para que recaia sobre ele essa condição. Vale lembrar que
essa condição decorre da própria Constituição Federal, sendo, simplesmente, corroborada pelo
Código Penal.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,
sujeitos às normas da legislação especial.
CÓDIGO PENAL
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
especial.
Para tanto, deve-se considerar sempre O TEMPO DO CRIME, conforme Princípio da
Atividade do Direito Penal.
Piquinelson, às 23h59 do dia 11/03/2020, praticou uma conduta
tipificada no Código Penal. Entretanto, neste exato momento,
Piquinelson tinha 17 anos, sendo considerado inimputável. Portanto,
como se considera praticado o crime no momento da ação ou omissão
ainda que outro seja o momento do resultado, Piquinelson não
cometeu crime, mas ato infracional.
Destaca-se que os menores não sofrem sanção penal pela prática do ilícito por causa da
ausência de culpabilidade. Nesse caso, eles se sujeitam ao procedimento e às medidas
socioeducativas previstas no ECA.
PARA EFEITOS PENAIS, O RECONHECIMENTO DA MENORIDADE DO RÉU
REQUER PROVA POR DOCUMENTO HÁBIL.
SÚMULA 74 DO STJ
A banca costuma cobrar o texto seco da lei. Todavia, você tem de entender o seguinte, a
ingestão de álcool se dá em decorrência de um CASO FORTUÍTO ou FORÇA MAIOR. Portanto,
a banca pode afirmar que é ISENTO DE PENA quem, no momento da ação ou omissão, por causa
de embriaguez completa INVOLUNTÁRIA (leia-se caso fortuito ou força maior), era
INTEIRAMENTE incapaz de entender a ilicitude do fato ou de determinar de acordo com esse
entendimento.
Por outro lado, ocorrerá a SEMI-IMPUTABILIDADE PENAL quando reunidas as
características acima, o indivíduo não era plenamente capaz de entender o caráter ilícito do
fato. Em outras palavras, enquanto que o inteiramente incapaz é ISENTO DE PENA, o
“parcialmente capaz” é SEMI-IMPUTÁVEL, tendo sua pena reduzida de 1/3 – 2/3, de acordo
com o Art. 28, II, § 2º.
Art. 28 (...)
II (...)
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA
O Direito Penal entende que a embriaguez patológica se equipara aos casos do art. 26,
porque o indivíduo é tratado como enfermo mentalmente. Entretanto, é necessário analisar se,
diante da embriaguez patológica, ele era ao tempo do crime inteiramente incapaz de entender
a ilicitude do fato, conforme critério biopsicológico.
EMBRIAGUEZ QUE NÃO EXCLUE A IMPUTABILIDADE PENAL
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância
de efeitos análogos.
Existem modalidades de embriaguez completa que não ensejará na ISENÇÃO DE PENA do
autor de um crime. E é com isso que devemos ter cuidado ao analisar as questões. Portanto, a
embriaguez voluntária, ou seja, quando se tem a vontade livre e consciente de ficar bêbado,
não isentará o indivíduo de pena. Assim também será com a embriaguez culposa, justamente
quando o indivíduo fica bêbado por imprudência apesar de não ter intenção de se embriagar.
Vale lembrar que não será punido a título de dolo direito e nem de dolo eventual quando,
por si só, o indivíduo se embriaga, toma direção de veículo automotor e mata alguém, exceto se
utilizar o veículo para praticar o homicídio.
EMBRIAGUEZ PREORDENADA
Meu aluno, o Direito Penal pune o agente por aquilo que ele QUER praticar, denominado
elemento subjetivo. Entretanto, será aplicada a responsabilização objetiva nos casos em que o
indivíduo perde parcial ou totalmente a consciência, mas se valendo de bebida alcoólica para
praticar determinada conduta delituosa como se fosse um “agente motivador”, pois não tem
coragem de realizar quando se encontra em estado sóbrio. Nesses casos, o Direito Penal pune
mais severamente, aplicando a agravante genérica e a teoria do actio libera in causa, que
significa que “a ação do autor é livre na causa”, mesmo sendo, ao tempo do crime, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, o indivíduo será punido por crime DOLOSO.
(CESPE) Tendo sido adotada a teoria da actio libera in causa pelo Código Penal,
é permitida a exclusão da imputabilidade do agente se a embriaguez não acidental
for completa e culposa.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO: Segundo o princípio do actio libera in causa quem se coloca na
condição voluntária de embriaguez responde pelo crime. Para que a embriaguez
exclua a culpabilidade, gerando a isenção de pena, é necessário que ela seja
involuntária (acidental) absoluta/completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior.
EMBRIAGUEZ
COMPLETA
PREORDENADA
VOLUNTÁRIA OU
INVOLUNTÁRIA (actio libera in
CULPOSA
causa)
RESPONDE PELO
RESPONDE PELO CRIME COM
ISENTA DE PENA
CRIME AGRAVANTe DO
CÓDIGO PENAL
RESPONDE
PENA
PELO CRIME
SISTEMA
VICARIANTE
MEDIDA DE ISENÇÃO DE
SEGURANÇA PENA
É importante você saber sobre esse sistema, pois existem os casos de SEMI-
IMPUTABILIDADE PENAL, que o indivíduo responderá pelo crime, mas com redução de 1/3 a
2/3 da pena aplicada, nunca ambas ao mesmo tempo.
SEMI-IMPUTABILIDADE
Art. 26 (...)
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
RESUMO ESQUEMATIZADO
EXERCÍCIOS
Pedro, com vinte e dois anos de idade, e Paulo, com vinte anos de idade, foram
denunciados pela prática de furto contra Ana. A defesa de Pedro alegou inimputabilidade. Paulo
confessou o crime, tendo afirmado que escolhera a vítima porque, além de idosa, ela era sua tia.
1. (CESPE) Se, em virtude de perturbação de saúde mental, Pedro não for inteiramente
capaz de entender o caráter ilícito do seu ato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, a pena imposta a ele poderá ser reduzida.
Certo ( ) Errado ( )
2. (CESPE) É isento de pena o agente que, por embriaguez voluntária completa, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
3. (CESPE) A responsabilidade penal independe da imputabilidade do agente.
Certo ( ) Errado ( )
4. (CESPE) É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso
fortuito ou força maior, tenha sido, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Certo ( ) Errado ( )
5. A embriaguez completa provocada por caso fortuito é causa de inimputabilidade do
agente.
Certo ( ) Errado ( )
6. Pessoas doentes mentais, que tenham dezoito ou mais anos de idade, mesmo que sejam
inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito da conduta criminosa ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento, são penalmente imputáveis.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. Certo
2. Errado
3. Errado
4. Certo
5. Certo
6. Errado
EMOÇÃO E PAIXÃO
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I. A emoção ou a paixão;
Por expressa previsão legal, a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal,
consequentemente, não haverá isenção de pena.
Por outro lado, poderá, em casos específicos, servir como diminuição de pena,
denominado em algumas situações como privilégio, a exemplo do homicídio – Art. 121, §1º, CP.
Para tanto, no momento do fato, haver-se-á necessidade da existência de alguns requisitos
associados ao autor do fato:
OU
+
III - APÓS INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA
Da leitura do código, percebemos que a emoção e a paixão não são termos com o mesmo
significado. A emoção é um sentir intenso mais transitório, mais volátil, que se esvai
rapidamente. Já a paixão se trata de algo mais duradouro. Nas palavras de Fernando Capez,
Fernando Capez, “um torcedor de futebol fanático sente ‘paixão’ por seu clube preferido e
‘emoção’ quando o time marca um gol. Além disso, do texto se extrai que haverá a diminuição
de pena/privilégio quando cumulados os requisitos I “a” ou “b” + III; ou também II + III.
Portanto, não necessita que o indivíduo esteja impelido por relevante valor social e moral, e sob
domínio de violenta emoção. Bastando que esteja em uma das situações I ou II, mas sempre
somada à III.
É importante destacar que o art. 121, §1º, CP, descreve que, no caso da violenta emoção,
o indivíduo deve estar SOB DOMÍNIO, pois se estiver SOB INFLUÊNCIA, não haverá diminuição
da pena, mas simples atenuante genérica. Cuidado com esse tipo de questão. A banca sempre
vai querer te pegar colocando o termo INFLUÊNCIA, mas não haverá diminuição de pena nesses
casos.
DOMÍNIO REDUÇÃO/PRIVILÉGIO
VIOLENTA
EMOÇÃO
ATENUANTE GENÉRICA
INFLUÊNCIA (Art. 65, III, c, do CP)
Além disso, é importante lembrar que é logo após injusta PROVOCAÇÃO da vítima, e não
injusta AGRESSÃO, pois, nesse último caso, estaríamos diante de uma EXCLUDENTE DE
ILICITUDE, excluindo o crime.
INJUSTA
PROVOCAÇÃO AGRESSÃO
DIMINUIÇÃO/
LEGÍTIMA DEFESA
PRIVILÉGIO
EXERCÍCIOS
1. (CESPE) É correto afirmar que a emoção e a paixão não podem excluir a
imputabilidade penal, de acordo com o Código Penal.
Certo ( ) Errado ( )
2. (CESPE) É isento de pena o agente que, por desenvolvimento mental incompleto,
embriaguez completa decorrente de força maior, emoção ou paixão, era, ao tempo do
crime, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
Certo ( ) Errado ( )
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos,
também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua
residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação
policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o
revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez disparos da
arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
3. (CESPE) Por ter agido influenciado por emoção extrema, Carlos poderá ser
beneficiado pela incidência de causa de diminuição de pena
Certo ( ) Errado ( )
4. (CESPE) Por ter cometido homicídio logo após injusta provocação da vítima, tendo
agido sob domínio de violenta emoção, o indivíduo estará isento de pena
Certo ( ) Errado ( )
5. (CESPE) Considere que José, penalmente imputável, horas após ter sido injustamente
provocado por João, agindo sob influência de violenta emoção, tenha desferido uma
facada em João, o que resultou em sua morte. Nessa situação, impõe-se em benefício
de José, o reconhecimento do homicídio privilegiado.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
1. Certo
2. Errado
3. Errado
4. Errado
5. Errado
SUMÁRIO
ÁRVORE DO CRIME ............................................................................................................................................ 2
ÁRVORE DO CRIME
• Desculpável
• Escusável
• Invencível
Art.20 CULPA
ERRO DE TIPO
Art.18
CONDUTA DOLO
Art.13 Coação FÍSICA irresistível • Indesculpável
NEXO CAUSAL • Inescusável
• Vencível
FATO TÍPICO Art.1º CULPA (IMPRÓRPRIA)
TIPICIDADE
Art.4º SE PREVISTO EM LEI
RESULTADO • Desistência Voluntária Art. 15
• Arrependimento Eficaz
EXCLUI O CRIME • Arrependimento Posterior Redução 1/3 – 2/3
Art. 16
Art.24
• ESTADO DE NECESSIDADE
Art.23
• LEGÍTIMA DEFESA Art.25
ANTIJURÍDICO • ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL
• EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO
ISENTA DE PENA
• Ordem NÃO manifestamente ilegal
Art. 22
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA • Coação MORAL irresistível
Art. 26
IMPUTABILIDADE • BIOPSICOLÓGICO (relativo)
CULPÁVEL • BIOLÓGICO (absoluto) - 18 anos
PENAL Art.21
Redução
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE ERRO DE PROIBIÇÃO 1/6 – 1/3