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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CRIMINAL BARRA FUNDA
4ª VARA CRIMINAL
AV. DR. ABRAÃO RIBEIRO, 313, São Paulo-SP - CEP 01133-020
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1512919-44.2020.8.26.0228 e código A846B5E.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1512919-44.2020.8.26.0228


Classe – Assunto: Procedimento Especial da Lei Antitóxicos - Tráfico de Drogas e Condutas
Afins (COVID-19)
Documento de Origem: Comunicação de Prisão em Flagrante, Comunicação de Prisão em
Flagrante, Boletim de Ocorrência, Comunicação de Prisão em Flagrante -
2145849/2020 - 02º DELEGACIA DA DISE - DENARC, 11916990 - 02º

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
DELEGACIA DA DISE - DENARC, 26/20/102 - 02º DELEGACIA DA
DISE - DENARC, 2145849 - 02º DELEGACIA DA DISE - DENARC
Autor: Justiça Pública
Réu e Averiguado: Alan Berto Da Silva e outros
Réu Preso

Juiz(a) de Direito: Dr(a). ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA

Vistos.

ALAN BERTO DA SILVA, JOÃO VITOR DOS SANTOS NETO,


NATHAN MARQUES DE ALMEIDA, EDUARDO HENRIQUE DA SILVA SOUZA,
JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE e FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA,
qualificados nos autos, foram denunciados como incursos no artigo 33, caput e artigo 35, caput,
c/c artigo 40, inciso VI, todos da Lei 11.343/06, c/c artigo 61, inciso II, alínea "j", na forma do
artigo 69, ambos do Código Penal.

Segundo a acusação, em horários e datas incertos, até o dia 16 de junho


de 2020, durante o estado de calamidade pública decorrente da pandemia do COVID-19, nesta
cidade e comarca, ALAN BERTO DA SILVA, JOÃO VITOR DOS SANTOS NETO,
NATHAN MARQUES DE ALMEIDA, EDUARDO HENRIQUE DA SILVA SOUZA,
JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE e FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA, juntamente
com outros três indivíduos não identificados, assim como o adolescente YURY APARECIDO
DOS SANTOS, teriam se associado para a prática do tráfico ilícito de entorpecentes.

Consta ainda, que no dia 16 de junho de 2020, durante o estado de


calamidade pública decorrente da pandemia do COVID-19, por volta das 14h00, na Rua Antônio
Pires dos santos, n.º 302, Pedreira, nesta cidade e comarca, ALAN BERTO DA SILVA, JOÃO

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VITOR DOS SANTOS NETO, NATHAN MARQUES DE ALMEIDA, EDUARDO
HENRIQUE DA SILVA SOUZA, JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE e FABIO
LUIZ RAMOS DE LIMA, juntamente com outros três indivíduos não identificados, assim como
o adolescente YURY, previamente ajustados e agindo com identidade de propósitos, teriam sido
surpreendidos guardando, ocultando e mantendo em depósito, transportando, em benefício de

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todos, para fins de tráfico e fornecimento a terceiros 1.700 "trouxinhas" de maconha, somando
2.849,5g; 1.000 porções de cocaína, somando 864g; 6.000 "papelotes" de cocaína, no total de
4.108,4g; mais 3.800 "papelotes" de cocaína, no total de 2.914,6g; mais 300 "trouxinhas" de
maconha que somaram 483,1g; e outros 3.000 "papelotes" de cocaína, no total de 1.910,2 g,
substancias entorpecentes que causam dependência física e psíquica, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Segundo se apurou, com a finalidade de averiguar "denúncia anônima",


em cumprimento da ordem de serviço n.º 74.20 da 2ª DISE, policiais civis dirigiram-se até a
residência situada na Rua Antônio Pires dos Santos, n.º 302, Pedreira, permanecendo em
"campana" nas imediações.

Consta que após identificarem a residência alvo da operação,


permaneceram breve tempo observando os inúmeros automóveis em atitude suspeita (Corsa,
placas DPP-0947; Prisma, placas AAA-7176 e Prisma, placas ELV-8247), os quais entravam e
saiam da residência, bem como o constante monitoramento da casa por pessoas que permaneciam
na laje e sacada.

Então, quando o portão da residência foi aberto em nova oportunidade,


os policiais realizaram o cerco com a viatura e ingressaram no imóvel Consta que Jackson e Alan
foram presos na garagem, no instante em que o primeiro se dirigia para abrir o portão e o segundo
para sair na condução do automóvel.

No interior do imóvel foram detidos o réu Nathan e o adolescente Yuri,


sendo em seguida preso nos fundos do imóvel o réu João Vítor. Finalmente, consta que Eduardo e
Fábio foram detidos no imóvel vizinho. Outros três indivíduos conseguiram fugir.

As drogas foram localizadas no interior do imóvel (1.700 porções de

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maconha e 1.000 porções de cocaína sobre uma bancada), bem como em "fundos-falsos" dos
veículos (6.000 porções de cocaína no veículo Corsa, placas DPP-0947; 3.800 porções de cocaína
no GM/Prisma, placas AAA-7176; 300 porções de maconha e 3000 porções de cocaína no
GM/Prisma, placas ELV-8247), além de 03 aparelhos celulares e carno e blocos de anotação
relacionados à contabilidade do tráfico que estariam no interior da residência.

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Os acusados foram presos em flagrante, sendo as prisões convertidas em
preventivas (fls. 305/312).

A denúncia foi recebida no dia 22 de julho de 2020 (fls. 497/499).

Os réus foram citados (fls. 618/629) e apresentaram respostas à


acusação (fls. 547, 550/562, 559/601 e 611/615).

Não sendo o caso de absolvição sumária (fls. 597/598, 602 e 617), foi
designada audiência de instrução, debates e julgamento (fls. 660/665).

No curso da instrução, foram ouvidas três testemunhas, arroladas pelas


partes, bem como três testemunhas arroladas pela defesa do corréu Eduardo. Ao final, os réus
foram interrogados.

Em memoriais, o Ministério Público pleiteou a condenação dos


acusados nos termos da denúncia (fls. 744/755).

A defesa de EDUARDO (fls. 725/734 e 785/794) requereu a absolvição


por falta de provas para a condenação. Afirmou que o réu era meramente o proprietário da
residência, a qual teria sido locada três dias antes, não tendo envolvimento com o tráfico de
drogas. Reiterou que não foram localizadas drogas em seu automóvel. Subsidiariamente, postulou
o direito ao recurso em liberdade.

A defesa dos réus JOÃO VITOR, JACKSON e FABIO (fls. 725/734 e


781/784) requereu a absolvição, por falta de provas para a condenação. Alega que os réus são
meras vítimas do sistema. Subsidiariamente, postulou exclusiva condenação pelo crime do artigo

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35 da Lei de Drogas. Em relação à pena, pleiteou a aplicação do benefício do §4º do artigo 33 da
Lei 11.343/06, a fixação de regime inicial mais brando que o fechado para início do cumprimento
de pena, e, por fim, o reconhecimento do direito ao recurso em liberdade.

A defesa de ALAN (fls. 759/771) pleiteou a absolvição por falta de

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elementos que justifiquem uma condenação. Disse que não há prova alguma do envolvimento do
réu. Requereu seja afastada a causa de aumento prevista do artigo 40, inciso VI da Lei 11/343/06.
Subsidiariamente, postulou a aplicação do benefício do §4º do artigo 33 da Lei 11.343/06, a
fixação de regime inicial mais brando que o fechado para início do cumprimento de pena,
concessão de prisão domiciliar.

A defesa de NATHAN pleiteou a absolvição por falta de elementos que


justifiquem uma condenação. Observou sobre a nulidade do auto de prisão em flagrante por
ausência de mandado de busca e apreensão domiciliar. Requereu a desclassificação da conduta
para o crime do artigo 37 da Lei 11.343/06. Subsidiariamente, postulou a aplicação do benefício
do §4º do artigo 33 da Lei 11.343/06, a fixação de regime inicial mais brando que o fechado para
início do cumprimento de pena, direito ao recurso em liberdade.

É o relatório.
Fundamento e Decido.

A pretensão punitiva estatal é procedente.

Primeiramente, observo que não há nulidade alguma no auto de prisão


em flagrante, tendo em vista que está autorizado pela Constituição Federal ingressar em
residência privada para efetuar prisão em flagrante (artigo 5º, inciso XI da Constituição Federal).

A autoria e a materialidade dos crimes imputados na denúncia ficaram


provadas, em especial pelo auto de prisão em flagrante (fls. 01/03), pelo boletim de ocorrência de
fls. 24/32, pelas fotografias de fls. 33/41, pelo auto de exibição e apreensão de fls. 42/46, pelo
laudo de constatação (fls. 49/53), pelos laudos químicos-toxicológicos de fls. 54/55 e 516/519,
que resultou positivo para Cocaína e Tetrahidrocannabinol (THC), constantes da Portaria
344/1998 SVS/MS Listas F1 e F2, laudos dos cadernos e anotações da contabilidade de fls.

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381/383 e 513/515, bem como pela prova oral colhida.

Com efeito, o policial civil Allex Solyon Hopka contou que receberam
uma "denúncia anônima" sobre tráfico de entorpecentes no local. Esclareceu que na notícia
recebida, havia descrição de um imóvel que seria usado para armazenar e distribuir entorpecentes.

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Com base nestas informações, dirigiram-se ao local dos fatos e passaram a observar dois imóveis
compatíveis com as descrições. Então notaram movimentação anormal em um deles, com entrada
e saída de automóveis, pessoas na varanda observando a movimentação da rua e fazendo uso de
aparelhos telefônicos. Por esta razão, concluíram que as informações anônimas eram compatíveis
com este sobrado. Permaneceram observando por cerca de 1h30/2h00. A testemunha disse que
viu o réu Eduardo chegar na residência em uma Van ou Micro-ônibus. Contou que ele não usou
chaves e alguém abriu o portão a ele. Em seguida ele saiu novamente da casa e depois retornou
em um Corsa (prata ou cinza). Neste período, parou um veículo Corsa, de cor preta que indicou
que entraria na residência. O portão foi aberto e do interior saiu um veículo Prisma, entrando o
Corsa no lugar e permanecendo por cerca de 30 minutos. Então perceberam que uma pessoa saiu
na sacada, conferiu a movimentação da rua e autorizou a saída do Corsa, sendo a oportunidade
esperada para que os policiais tivessem acesso à residência. Contou que estavam a uma distância
de 20 metros, sendo possível ver detalhes do interior do imóvel. Assim que ingressaram no
imóvel, o depoente dirigiu-se ao interior, subindo para o segundo andar, local em que se deparou
com uma bancada cheia de drogas e anotações (constando o destino das drogas, valores,
quantidade e recibos). Neste local estava, o réu Nathan e o adolescente Yuri, sendo o réu
responsável pela prisão do primeiro. Além das drogas encontradas neste local, foram apreendidas
drogas em fundos falsos de três carros (localizados na parte traseira dos bancos dos veículos),
dois Prismas e um Corsa preto. Pelo que se recorda Alan estava no corsa preto e foi detido pelo
policial Marcio na saída da garagem. Outros réus e inclusive Eduardo foram presos no imóvel
vizinho, por Diego. Lembra-se que Eduardo era o proprietário do imóvel e também fugiu para o
imóvel vizinho. Não conhecia os réus anteriormente e não notou o ingresso de usuários para
adquirir drogas naquele local.

Em idêntico sentido foi o depoimento do policial civil Diego Dias Vidal


da Cruz que reconheceu os réus em audiência e ratificou que as investigações tiveram início em
uma "denúncia anônima" sobre tráfico de entorpecentes na Rua Antônio Pires dos Santos. Disse
que houve um ou dois dias de observação da casa e que no dia dos fatos permaneceram de

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campana por cerca de 1h30 a 2h00. Confirmou também que a movimentação típica do tráfico
(grande observação na varanda e terraço) fez com que os policiais desconfiassem do sobrado que
foi o local da prisão dos réus e apreensão das drogas. Contou que quando uma pessoa chegava
naquela casa, passava um sinal e o portão era aberto. Disse que Eduardo chegou, fez um sinal e o
portão foi aberto, tendo saído em seguida. Logo depois o portão foi aberto para a saída do veículo

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Prisma (placas com início AAA) e ingresso do Corsa Preto, de marcha ré. Passados 10 minutos,
outro veículo Prisma chegou. O réu Nathan estava na varanda, monitorando a rua, então
perceberam que o imóvel seria aberto e aproximaram-se, cercando a residência para impedir a
saída do Corsa que era conduzido por Alan. Primeiramente foram presos na garagem do imóvel
Jaskson (responsável por abrir o portão) e Alan (conduzia o automóvel corsa); no segundo andar
do imóvel foram detidos Nathan e o adolescente Yuri. Por fim, no imóvel vizinho foram presos
João Vítor (pelo depoente), Eduardo e Fábio (que fugiram pela parte superior do imóvel).
Lembra-se que na residência foram apreendidas diversas porções de maconha e cocaína, todas em
porções individuais, além de anotações do tráfico de drogas. Nos automóveis havia um
compartimento secreto contendo drogas (maconha e cocaína). Esclareceu que a pessoa conhecida
como Diego conseguiu fugir. Lembra-se que Eduardo disse ser apenas locador do imóvel. Disse
que o imóvel que ele contou residir (na parte inferior) foi revistado, mas nada de início foi
encontrado, porém ele claramente fugiu para o imóvel vizinho. Não se recorda sobre disparos de
arma de fogo.

Também foi colhido o depoimento do policial civil Márcio Luís


Henrique Paulo que confirmou o relato dos colegas quanto à "denúncia anônima" e que a
movimentação típica do tráfico de drogas gerou as suspeitas de que no imóvel haveria trafico de
drogas. Confirmou a versão dos colegas quanto à chegada de Eduardo na residência, informando
que em seguida saiu da garagem o veículo Prisma, ingressando o Corsa. Contou que foi o
responsável pela prisão de Alan e Jackson, já na garagem do imóvel, ratificando que Diego
estava no outro automóvel e conseguiu fugir. Foram apreendidas muitas porções de cocaína e
maconha e um caderno de anotações, encontrado no interior da residência. Disse que Alan não
tentou fugir. Disse que Eduardo chegou em uma "perua ou lotação" e logo saiu do imóvel,
ficando em torno de 15 minutos fora. Ele retornou em um corsa prata, estacionando na rua e
pedindo para alguém abrir o imóvel novamente. Contou que em revista pessoal com ele nada foi
localizado, mas lembra-se que ele fugiu não sendo possível saber em qual local da casa ele estava.
Quanto a Nathan, lembra-se que ele ficava observando a movimentação da varanda por longos

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períodos.

Foram ouvidas três testemunhas de defesa, todas arroladas pelo réu


Eduardo.

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A testemunha Everton Missias de Lima disse que eles eram vizinhos e
amigos de infância, mas nos últimos anos não estava mais frequentando a casa de Eduardo pois
havia se mudado. Contudo, em seguida esclareceu que no dia 13 de junho deste ano estavam
lavando o carro na rua, em frente ao imóvel no qual ocorreram as prisões, quando chegou uma
pessoa em uma Tucson Preta, bateu palmas em frente a casa de Eduardo e disse que queria alugar
a casa, já entregando uma quantia em dinheiro a Eduardo. Questionado, disse não saber que dia da
semana era pois lavavam o carro em dias aleatórios. Em seguida alterou em parte sua versão,
contando que nesta data ainda morava ali em frente a Eduardo, mas depois se mudou, dizendo que
deixou de frequentar a casa dele por falta de tempo e pelo que sabe a filha dele ficava com ele a
cada 15 dias.

Alex Rodolfo Vieira e Flávio de Souza Cides trabalhavam com o réu


na mesma empresa. Ambos asseguraram que o réu era um excelente funcionário e que o
conhecem há mais de 10 anos. Alex disse que Eduardo havia comentado sobre a locação de parte
de sua casa por R$1.000,00.

Os réus foram interrogados.

ALAN BERTO DA SILVA confessou que havia chegado no Corsa


Preto e que transportaria as drogas. Disse que conhecia apenas Jackson. Contou que apenas iria
receber a mercadoria e sair. Aceitou o trabalho pois estava enfrentando dificuldades financeiras,
por ter filho pequeno. Antes da pandemia fazia marmitas. Então recebeu uma proposta de entrega
de produtos naturais. Trabalhou apenas por três dias, buscou os produtos na segunda-feira e na
terça ficou desconfiado, recebia o local de entrega pelo WhatsApp. Não teve acesso ao imóvel.

EDUARDO HENRIQUE DA SILVA SOUZA negou ter praticado o


tráfico de drogas. Contou que no dia dos fatos havia saído para trabalhar às 4h00 e retornou às
5h30 porque o ônibus de responsabilidade do interrogando havia quebrado. Então passou em sua

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casa, abriu o portão e guardou o moedeiro, então saiu com o corsa porque precisava ir ao
chaveiro. Como estava fechado, retornou. Voltou à cooperativa e bateu seu ponto às 14h45.
Chegou em casa e viu um corsa preto na garagem, colocou sua comida para esquentar, trocou de
roupa e foi à lavanderia. Então escutou um barulho de freada brusca, escutando "deita, deita, ou
vai morrer". Por este motivo correu para trás da casa do vizinho; viu um rapaz correndo e em

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seguida deitou. O interrogando ficou paralisado. Disse ser o proprietário do imóvel. Foi
questionado se tinha passagem e respondeu afirmativamente. Estava com a chave do veículo que
está em seu nome, no qual nada foi localizado. Disse ter alugado a residência no dia 13/06/2020,
um sábado, tendo as pessoas se mudado no domingo. O aluguel seria de R$1.000,00 com a
garagem e recebeu adiantado. Não fez contrato por falta de tempo. Não percebeu movimentação
de pessoas no local.

NATHAN MARQUES DE ALMEIDA confessou em parte os fatos.


Disse que estava no local trabalhando como olheiro há dois dias e nem mesmo chegou a receber
pagamentos. Sua função era permanecer na parte da frente do imóvel analisando a movimentação.
Informou que conhecia apenas o réu Diogo. No momento da prisão estava na cozinha com o
adolescente Yuri. Está com 21 anos e nunca foi preso anteriormente.

FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA reconheceu que estava traficando,


dizendo que também trabalhava apenas como olheiro. Sua função era apenas permanecer em cima
da laje, fazendo campana. Estava no imóvel há apenas dois dias. Conhecia apenas o réu Jackson.
Nunca foi preso anteriormente. Está com 20 anos de idade e vai ser pai em breve. Não chegou a
receber nenhum valor. Pelo que sabe, Eduardo disse que era apenas morador, mas não tinha
contato com as pessoas que trabalhavam na casa porque permanecia apenas na parte de cima, na
laje.

JOÃO VITOR DOS SANTOS NETO sabia do tráfico no local, mas


não trabalhava com a contabilidade e separação das drogas. Sua função era apenas vigiar o local.
Disse que aquele era apenas o seu terceiro dia de trabalhado. Está com 22 anos e já foi preso
anteriormente por roubo. Disse que não chegou a receber nenhum pagamento pois os valores
seriam repassados semanalmente.

JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE confessou o crime de

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tráfico de drogas dizendo que sua função se limitava a abrir e fechar o portão. Disse que estava
trabalhando ali há mais ou menos quatro dias. Conhecia apenas o réu Fábio, de vista. Eduardo, o
interrogando sabia que morava no local; ele não abriu o portão para Eduardo porque ele tinha as
chaves. Contou que permanecia no fundo da cãs e quando chegava algum carro ele descia para
abrir. Já foi preso anteriormente. Está com 27 anos.

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Essa, em síntese, a prova oral colhida.

Como se vê, é caso de condenação dos réus. A prática da traficância


ficou comprovada pelos elementos de prova produzidos, em especial o relato dos policiais civis,
detalhados e coesos, os quais foram suficientes para justificar a condenação.

Veja que as investigações tiveram início após notícia anônima de que


ocorria o tráfico de drogas no local dos fatos. Diante disso, policiais civis dirigiram-se ao local e
perceberam movimentação típica do tráfico de drogas, logrando êxito em ingressar na residência
em momento oportuno, efetuando a prisão em flagrante dos réus, bem como apreendendo imensas
porções de drogas.

No interior da residência (segundo piso) e também nos três veículos


foram encontradas: 1.700 porções de maconha e 1.000 porções de cocaína sobre uma bancada no
segundo andar da casa; 6.000 porções de cocaína no veículo Corsa, placas DPP-0947; 3.800
porções de cocaína no GM/Prisma, placas AAA-7176; 300 porções de maconha e 3000 porções
de cocaína no GM/Prisma, placas ELV-8247 (fls. 44/45, 49/53 e 516/519).

Todos os réus estavam no interior da residência, atuando diretamente no


cuidado das porções de drogas, abastecimentos dos automóveis e fiscalização da residência, os
quais eram utilizados para abastecer as biqueiras da região.

Claramente existia uma divisão de tarefas no interior da casa, tanto que


no momento da prisão, foram primeiramente detidos Alan (conduzindo o corsa preto) e Jackson
(responsável por abrir e fechar o portão da garagem). No segundo andar ficava Nathan que
fiscalizava a varanda e estava próximo à bancada cheia de drogas, bem como na companhia do
adolescente Yuri. Do interior da residência, também auxiliando na separação e abastecimento

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Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1512919-44.2020.8.26.0228 e código A846B5E.
estavam os réus João Vítor, Eduardo (proprietário da residência) e Fábio. Fábio e Eduardo
foram presos juntos na residência do vizinho e já haviam fugido pelos fundos. Neste local (fundos
da residência) estava João Vítor que também tentava escapar.

Foram ainda apreendidos 03 aparelhos celulares (fls. 505/506; 507/508;

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
509/512), bem como um caderno de anotação relacionados à contabilidade do tráfico como
confirmado pelo laudo pericial de fls. 513/515).

Pela quantidade de drogas encontradas, separação destas substâncias


(todas em porções individuais e prontas para a venda), bem como diante da entrada e saída de
automóveis que eram rapidamente abastecidos na garagem da residência, sendo as drogas
escondidas em um compartimento secreto, impossível acolher qualquer tese defensiva e que os
réus eram meros olheiros que não tinham ciência de que no local funcionava uma organização
criminosa cuja finalidade era assegurar o abastecimento de drogas na região.

Do mesmo modo, impossível acolher a tese defensiva de Eduardo,


único que negou integral envolvimento com o tráfico de drogas. Não é crível sua tese de defesa de
que há apenas 03 dias teria alugado parte de seu imóvel, sem contrato algum, por pessoa
desconhecida que chegou em sua casa e "bateu palmas", entregando imediatamente R$1.000,00
em dinheiro e mudando-se no dia seguinte.

Ademais, deve ser reconhecida a causa de aumento prevista no art. 40,


VI, da Lei nº 11.343/2006, uma vez que, conforme as provas dos autos, o réu praticou o crime de
tráfico de drogas valendo-se do auxílio da adolescente Iury Aparecido dos Santos (na época com
15 aos de idade), cuja idade está comprovada pela identificação no boletim de ocorrência (fls. 27).

Por fim, no caso em questão, os réus também devem ser condenados


pelo crime previsto no artigo 35 da Lei 11.343/06.

Indiscutível que os réus atuavam de forma organizada, abastecendo os


automóveis, separando as drogas e fazendo as anotações de contabilidade do tráfico de drogas.
Todos estavam no interior da mesma casa e trabalhavam em conjunto, estando demonstrada a
estabilidade e vínculo mantido entre eles. Notória também a situação de permanência, tanto que

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as invetigações tiveram início por meio de uma "denúncia anônima", pois a atitude dos réus
geravam suspeitas.

Nota-se assim que agindo em concurso de agentes, com a especial


finalidade de praticar o tráfico de drogas, os réus atuavam com estabilidade e permanência,

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trabalhando todos na residência situada na Rua Antônio Pires dos santos, n.º 302, Pedreira,
buscando abastecer as "biqueiras" da região. Por esta razão, também serão condenados pelo delito
do artigo 35 da Lei 11.343/06.

Contudo, observo que a causa de aumento do artigo 40, inciso VI da Lei


11.343/06 será aplicada apenas ao artigo 33, caput desta Lei, sob pena de bis in idem.

Por fim, deve se reconhecer que os delitos de tráfico de drogas e


resistência foram praticados em concurso material, pois constituem crimes autônomos, com
condutas individualizadas.

Ante o exposto, os réus devem ser condenados pela prática dos crime de
tráfico de entorpecentes, com a causa de aumento prevista no artigo 40, inciso VI da Lei
11/343/06, bem como por associação ao tráfico de drogas.

Assim, apuradas as responsabilidades penais, passo à dosimetria da


pena, segundo o critério previsto no art. 42 da Lei de Drogas e nos arts. 59 e 68 do Código Penal.

Réu NATHAN MARQUES DE ALMEIDA:

Quanto ao crime do artigo 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, ambos
da Lei 11/343/06: Na primeira fase, pela elevada quantidade de drogas apreendidas, majoro a
pena inicial em 1/6, iniciando em 05 anos e 10 meses de reclusão e pagamento de 583 dias-
multa. Na segunda fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da

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situação de calamidade pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária1.
De outro lado, observo que o réu confessou o delito, aplicando-se também a atenuante da
menoridade relativa, retonando assim a pena ao mínimo legal observando que não pode ser
reduzida a patamar inferior (Súmula 231 do STJ). Na terceira fase, indevida a aplicação da causa
de diminuição a que se refere o art. 33, §4°, da Lei n°11.343/06, uma vez que, apesar de se tratar

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de réu primário, a elevada quantidade e diversidade das drogas, bem como a notória proximidade
do réu com o crime organizado indicando dedicação reiterada à traficância, afastam a concessão
do benefício redutor. De outro lado, incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, VI, da
Lei de Drogas, pois há comprovação segura nos autos de que estava acompanhado de pessoa
menor de idade, sendo devido o aumento em 1/6 (um sexto). Atento a esses critérios, fica a pena
do acusado estabelecida em 05 (cinco) anos, 10 (dez) meses de reclusão, e pagamento de 583
(quinhentos e oitenta e três) dias-multa.

1
Neste sentido: "Ação Penal Tráfico de Drogas Sentença condenatória Apreensão de crack, cocaína
e maconha - Autoria e materialidade comprovados Insurgência do réu quanto à dosimetria- Primeira fase
Pena-base fixada no mínimo legal, em observância aos art. 42 da Lei de Entorpecentes e ao art. 59 do
Código Penal (05 anos de reclusão e 500 dias-multa) Segunda fase Magistrado que considerou a
preponderância da agravante de reincidência específica sobre a confissão espontânea e, ainda, aumentou a
pena em razão da agravante prevista na alínea "j", II, do art. 61, CP, na fração de metade Respeitado o
entendimento do d sentenciante, tem-se que a agravante de reincidência específica não tem preponderância
sobre a atenuante de confissão espontânea Compensação devidamente realizada Agravante contida no
art. 61, II, alínea "j", CP, que não tem aplicação no caso Inexistência de relação de causalidade entre a
situação vivenciada no período de calamidade pública (Coronavírus) e a prática do tráfico de drogas A
exasperação da pena é devida quando o agente se aproveita de uma situação, para o cometimento do
crime, o que não ocorre na espécie Agravante afastada Terceira fase Redutor que não tem aplicação
na espécie Réu reincidente Regime fechado que fica mantido Recurso provido em parte para
redimensionar o quantum da reprimenda". (TJSP; Apelação Criminal 1508766-65.2020.8.26.0228;
Relator (a): Xisto Albarelli Rangel Neto; Órgão Julgador: 13ª Câmara de Direito Criminal; Foro Central
Criminal Barra Funda - 4ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 21/09/2020; Data de Registro: 21/09/2020)
grifos nossos.

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Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1512919-44.2020.8.26.0228 e código A846B5E.
Quanto ao crime do artigo 35, caput da Lei 11/343/06: Na primeira
fase, não havendo circunstancias judiciais desfavoráveis a serem consideradas, fixo a pena no
mínimo legal, iniciando em 03 anos de reclusão e pagamento de 700 dias-multa. Na segunda
fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da situação de calamidade
pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária. De outro lado, observo

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
que aplica-se a atenuante da menoridade relativa, contudo, a pena não pode ser reduzida a
patamar inferior ao mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Na terceira fase, não há causas de
aumento ou diminuição a serem consideradas, razão pela qual, fica a pena do acusado
definitivamente estabelecida em 03 (três) anos de reclusão e pagamento de 700 (setecentos)
dias-multa.

Sendo os crimes cometidos em concurso material, as penas aplicadas


aos delitos serão somadas com fundamento no artigo 69 do Código Penal, alcançando 08 (oito)
anos, 10 (dez) meses de reclusão, e pagamento de 1283 (mil duzentos e oitenta e três) dias-
multa.

Considerando-se as circunstâncias desfavoráveis e a quantidade de pena


imponho o regime inicial fechado para cumprimento da pena (art. 33, § 2º, do CP).

Pelas mesmas razões, inviáveis a substituição por restritivas e a


concessão do sursis.

A ausência de informações a respeito da situação econômica dos


acusados recomenda fixar o valor unitário dos dias-multa no mínimo legal de 1/30 do salário
mínimo vigente ao tempo da conduta.

Réu: FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA:

Quanto ao crime do artigo 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, ambos
da Lei 11/343/06: Na primeira fase, pela elevada quantidade de drogas apreendidas, majoro a
pena inicial em 1/6, iniciando em 05 anos e 10 meses de reclusão e pagamento de 583 dias-
multa. a segunda fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da situação
de calamidade pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária. De outro

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lado, observo que o réu confessou o delito, aplicando-se também a atenuante da menoridade
relativa, retornando assim a pena ao mínimo legal observando que não pode ser reduzida a
patamar inferior (Súmula 231 do STJ). Na terceira fase, indevida a aplicação da causa de
diminuição a que se refere o art. 33, §4°, da Lei n°11.343/06, uma vez que, apesar de se tratar de
réu primário, a elevada quantidade e diversidade das drogas, bem como a notória proximidade do

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
réu com o crime organizado indicando dedicação reiterada à traficância, afastam a concessão do
benefício redutor. De outro lado, incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, VI, da Lei
de Drogas, pois há comprovação segura nos autos de que estava acompanhado de pessoa menor
de idade, sendo devido o aumento em 1/6 (um sexto). Atento a esses critérios, fica a pena do
acusado estabelecida em 05 (cinco) anos, 10 (dez) meses de reclusão, e pagamento de 583
(quinhentos e oitenta e três) dias-multa.

Quanto ao crime do artigo 35, caput da Lei 11/343/06: Na primeira


fase, não havendo circunstâncias judiciais desfavoráveis a serem consideradas, fixo a pena no
mínimo legal, iniciando em 03 anos de reclusão e pagamento de 700 dias-multa. Na segunda
fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da situação de calamidade
pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária. De outro lado, observo
que aplica-se a atenuante da menoridade relativa, contudo, a pena não pode ser reduzida a
patamar inferior ao mínimo legal (Súmula 231 do STJ). Na terceira fase, não há causas de
aumento ou diminuição a serem consideradas, razão pela qual, fica a pena do acusado
definitivamente estabelecida em 03 (três) anos de reclusão e pagamento de 700 (setecentos)
dias-multa.

Sendo os crimes cometidos em concurso material, as penas aplicadas


aos delitos serão somadas com fundamento no artigo 69 do Código Penal, alcançando 08 (oito)
anos, 10 (dez) meses de reclusão, e pagamento de 1283 (mil duzentos e oitenta e três) dias-
multa.

Considerando-se as circunstâncias desfavoráveis e a quantidade de pena


imponho o regime inicial fechado para cumprimento da pena (art. 33, § 2º, do CP).

Pelas mesmas razões, inviáveis a substituição por restritivas e a


concessão do sursis.

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A ausência de informações a respeito da situação econômica dos
acusados recomenda fixar o valor unitário dos dias-multa no mínimo legal de 1/30 do salário
mínimo vigente ao tempo da conduta.

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Réu ALAN BERTO DA SILVA:

Quanto ao crime do artigo 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, ambos
da Lei 11/343/06: Na primeira fase, pela elevada quantidade de drogas apreendidas, majoro a
pena inicial em 1/6, iniciando em 05 anos e 10 meses de reclusão e pagamento de 583 dias-
multa. Na segunda fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da
situação de calamidade pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária.
De outro lado, observo a presença da atenuante da confissão e da agravante da reincidência por
crime de roubo (fls. 187/188 e 456/461), razão pela qual faço a compensação, mantendo-se a pena
no mesmo patamar anterior. Na terceira fase, em razão da reincidência, deixo de aplicar o redutor
previsto no artigo 33, §4º da Lei 11/343/06. De outro lado, incide a causa de aumento de pena
prevista no art. 40, VI, da Lei de Drogas, pois há comprovação segura nos autos de que estava
acompanhado de pessoa menor de idade, sendo devido o aumento em 1/6 (um sexto). Atento a
esses critérios, fica a pena do acusado estabelecida em 06 (seis) anos, 09 (nove) meses e 20
(vinte) dias de reclusão, e pagamento de 680 (quinhentos e oitenta e três) dias-multa.

Quanto ao crime do artigo 35, caput da Lei 11/343/06: Na primeira


fase, não havendo circunstancias judiciais desfavoráveis a serem consideradas, fixo a pena no
mínimo legal, iniciando em 03 anos de reclusão e pagamento de 700 dias-multa. Na segunda
fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da situação de calamidade
pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária. Por sua vez, presente a
agravante da reincidência por crime de roubo (fls. 187/188 e 456/461), razão pela qual majoro a
pena do réu em 1/6, alcançando 03 anos e 06 meses de reclusão e pagamento de 816 dias-
multa. Na terceira fase, não há causas de aumento ou diminuição a serem consideradas, razão
pela qual, fica a pena do acusado definitivamente estabelecida em 03 (três) anos e 06 (seis)
meses de reclusão e pagamento de 816 (oitocentos e dezesseis) dias-multa.

Sendo os crimes cometidos em concurso material, as penas aplicadas

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1512919-44.2020.8.26.0228 e código A846B5E.
aos delitos serão somadas com fundamento no artigo 69 do Código Penal, alcançando 10 (dez)
anos, 03 (três) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, e pagamento de 1496 (mil quatrocentos e
noventa e seis) dias-multa.

Considerando-se a reincidência e demais circunstâncias desfavoráveis e

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
a quantidade de pena imponho o regime inicial fechado para cumprimento da pena (art. 33, § 2º,
do CP).

Pelas mesmas razões, inviáveis a substituição por restritivas e a


concessão do sursis.

A ausência de informações a respeito da situação econômica dos


acusados recomenda fixar o valor unitário dos dias-multa no mínimo legal de 1/30 do salário
mínimo vigente ao tempo da conduta.

Réu JOÃO VITOR DOS SANTOS NETO:

Quanto ao crime do artigo 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, ambos
da Lei 11/343/06: Na primeira fase, pela elevada quantidade de drogas apreendidas, majoro a
pena inicial em 1/6, iniciando em 05 anos e 10 meses de reclusão e pagamento de 583 dias-
multa. Na segunda fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da
situação de calamidade pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária.
De outro lado, observo a presença da atenuante da confissão e da agravante da reincidência por
crime de roubo (fls. 189/190 e 463/466), razão pela qual faço a compensação, mantendo-se a pena
no mesmo patamar anterior. Na terceira fase, em razão da reincidência, deixo de aplicar o redutor
previsto no artigo 33, §4º da Lei 11/343/06. De outro lado, incide a causa de aumento de pena
prevista no art. 40, VI, da Lei de Drogas, pois há comprovação segura nos autos de que estava
acompanhado de pessoa menor de idade, sendo devido o aumento em 1/6 (um sexto). Atento a
esses critérios, fica a pena do acusado estabelecida em 06 (seis) anos, 09 (nove) meses e 20
(vinte) dias de reclusão, e pagamento de 680 (quinhentos e oitenta e três) dias-multa.

Quanto ao crime do artigo 35, caput da Lei 11/343/06: Na primeira


fase, não havendo circunstancias judiciais desfavoráveis a serem consideradas, fixo a pena no

505088 sentença genérica base crime 1231 1512919-44.2020.8.26.0228 - lauda 16


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mínimo legal, iniciando em 03 anos de reclusão e pagamento de 700 dias-multa. Na segunda
fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da situação de calamidade
pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária. Por sua vez, presente a
agravante da reincidência por crime de roubo (fls. 189/190 e 463/466), razão pela qual majoro a
pena do réu em 1/6, alcançando 03 anos e 06 meses de reclusão e pagamento de 816 dias-

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
multa. Na terceira fase, não há causas de aumento ou diminuição a serem consideradas, razão
pela qual, fica a pena do acusado definitivamente estabelecida em 03 (três) anos e 06 (seis)
meses de reclusão e pagamento de 816 (oitocentos e dezesseis) dias-multa.

Sendo os crimes cometidos em concurso material, as penas aplicadas


aos delitos serão somadas com fundamento no artigo 69 do Código Penal, alcançando 10 (dez)
anos, 03 (três) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, e pagamento de 1496 (mil quatrocentos e
noventa e seis) dias-multa.

Considerando-se a reincidência e demais circunstâncias desfavoráveis e


a quantidade de pena imponho o regime inicial fechado para cumprimento da pena (art. 33, § 2º,
do CP).

Pelas mesmas razões, inviáveis a substituição por restritivas e a


concessão do sursis.

A ausência de informações a respeito da situação econômica dos


acusados recomenda fixar o valor unitário dos dias-multa no mínimo legal de 1/30 do salário
mínimo vigente ao tempo da conduta.

Réu EDUARDO HENRIQUE DA SILVA SOUZA

Quanto ao crime do artigo 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, ambos
da Lei 11/343/06: Na primeira fase, observo que o réu possui duas condenações anteriores, uma
apenas apta a gerar maus antecedentes. Além disso, em razão da elevada quantidade de drogas
apreendidas, a pena também deverá ser majorada com fundamento no artigo 42 da lei 11/343/06.
Assim, majoro a pena inicial em 1/5, iniciando em 06 anos de reclusão e pagamento de 600 dias-
multa. Na segunda fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da

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situação de calamidade pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária.
De outro lado, verifico que o réu é reincidente específico2 (com condenação anterior na 15ª Vara
Criminal – fls. 195/197, 474/480), razão pela qual majoro a pena em 1/5, alcançando 07 anos, 02
meses e 12 dias de reclusão e pagamento de 720 dias-multa. Observo que não há atenuantes a
serem consideradas. Na terceira fase, em razão da reincidência, deixo de aplicar o redutor previsto

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
no artigo 33, §4º da Lei 11/343/06. De outro lado, incide a causa de aumento de pena prevista no
art. 40, VI, da Lei de Drogas, pois há comprovação segura nos autos de que estava acompanhado
de pessoa menor de idade, sendo devido o aumento em 1/6 (um sexto). Atento a esses critérios,
fica a pena do acusado estabelecida em 08 (oito) anos, 04 (quatro) meses e 24 (vinte e quatro)
de reclusão, e pagamento de 840 (oitocentos e quarenta) dias-multa.

Quanto ao crime do artigo 35, caput da Lei 11/343/06: Na primeira


fase, observo que o réu possui duas condenações anteriores, uma apenas apta a gerar maus
antecedentes. Assim, com fundamento no artigo 59 do Código Penal, majoro a pena inicial em
1/6, iniciando em 03 anos e 06 meses de reclusão e pagamento de 816 dias-multa. Na segunda
fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da situação de calamidade
pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária. Por sua vez, presente a
agravante da reincidência por crime de tráfico (fls. 195/197 e 474/480), razão pela qual majoro a
pena do réu em 1/6, alcançando 04 anos e 01 mês de reclusão e pagamento de 952 dias-multa.
Na terceira fase, não há causas de aumento ou diminuição a serem consideradas, razão pela qual,
fica a pena do acusado definitivamente estabelecida em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de
reclusão e pagamento de 952 (novecentos e cinquenta e dois) dias-multa.

Sendo os crimes cometidos em concurso material, as penas aplicadas


aos delitos serão somadas com fundamento no artigo 69 do Código Penal, alcançando 12 (doze)

2
Quanto à reincidência específica que autoriza majoração superior à 1/6, trago o seguinte julgado do TJSP:
"Apelação da Defesa Tráfico de Drogas Provas suficientes à condenação Materialidade e autoria
comprovadas Circunstâncias reveladoras do crime de tráfico de entorpecentes Apreensão de porções
de cocaína e de maconha em poder do réu Consistentes depoimentos dos policiais militares responsáveis
pela prisão Negativa de autoria não comprovada Fatores que, associados à prova produzida, levam à
conclusão de que os entorpecentes eram destinados ao consumo de terceiros Pena-base fixada no mínimo
legal Majoração da pena em 1/5 por conta da circunstância agravante da reincidência, de natureza
específica Inaplicabilidade do redutor previsto no artigo 33, § 4º, da Lei Antidrogas, ante a sua condição
de reincidente Regime inicial fechado mantido Necessidade de maior repressão ao tráfico de
entorpecentes Recurso de apelação desprovido". (TJSP; Apelação Criminal 1500600-27.2019.8.26.0536;
Relator (a): Cesar Augusto Andrade de Castro ; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Criminal; Foro de
Santos - 1ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 10/01/2020; Data de Registro: 10/01/2020).

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Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1512919-44.2020.8.26.0228 e código A846B5E.
anos, 05 (cinco) meses e 24 (vinte e quatro) dias de reclusão, e pagamento de 1792 (mil
setecentos e noventa e dois) dias-multa.

Considerando-se a reincidência e demais circunstâncias desfavoráveis e


a quantidade de pena imponho o regime inicial fechado para cumprimento da pena (art. 33, § 2º,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
do CP).

Pelas mesmas razões, inviáveis a substituição por restritivas e a


concessão do sursis.

A ausência de informações a respeito da situação econômica dos


acusados recomenda fixar o valor unitário dos dias-multa no mínimo legal de 1/30 do salário
mínimo vigente ao tempo da conduta.

Réu: JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE

Quanto ao crime do artigo 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, ambos
da Lei 11/343/06: Na primeira fase, pela elevada quantidade de drogas apreendidas, majoro a
pena inicial em 1/6, iniciando em 05 anos e 10 meses de reclusão e pagamento de 583 dias-
multa. Na segunda fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da
situação de calamidade pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária.
De outro lado, observo a presença da atenuante da confissão e das agravantes de duas
reincidências por crimes de roubos (fls. 198/199 e 483/491), razão pela qual faço a compensação
parcial e a pena que seria majorada em 1/5 será em 1/6, alcançando 06 (seis) anos, 09 (nove)
meses e 20 (vinte) dias de reclusão, e pagamento de 680 (quinhentos e oitenta e três) dias-
multa. Na terceira fase, em razão da reincidência, deixo de aplicar o redutor previsto no artigo 33,
§4º da Lei 11/343/06. De outro lado, incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, VI, da
Lei de Drogas, pois há comprovação segura nos autos de que estava acompanhado de pessoa
menor de idade, sendo devido o aumento em 1/6 (um sexto). Atento a esses critérios, fica a pena
do acusado estabelecida em 07 (sete) anos, 11 (onze) meses e 08 (oito) dias de reclusão, e
pagamento de 793 (setecentos e noventa e três) dias-multa.

Quanto ao crime do artigo 35, caput da Lei 11/343/06: Na primeira

505088 sentença genérica base crime 1231 1512919-44.2020.8.26.0228 - lauda 19


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fase, não havendo circunstancias judiciais desfavoráveis a serem consideradas, fixo a pena no
mínimo legal, iniciando em 03 anos de reclusão e pagamento de 700 dias-multa. Na segunda
fase, primeiramente, no caso dos autos, deixo de aplicar a agravante da situação de calamidade
pública por não haver relação entre os fatos e a situação extraordinária. De outro lado, observo a
presença de agravante, em razão de duas reincidências por crimes de roubos (fls. 198/199 e

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
483/491), razão pela qual majoro a pena em 1/5, alcançando 03 (três) anos, 07 (sete) meses e 06
(seis) dias de reclusão, e pagamento de 952 (novecentos e cinquenta e dois) dias-multa. Na
terceira fase, não há causas de aumento ou diminuição a serem consideradas, razão pela qual, fica
a pena do acusado definitivamente estabelecida em 03 (três) anos, 07 (sete) meses e 06 (seis)
dias de reclusão, e pagamento de 952 (novecentos e cinquenta e dois) dias-multa.

Sendo os crimes cometidos em concurso material, as penas aplicadas


aos delitos serão somadas com fundamento no artigo 69 do Código Penal, alcançando 11 (onze)
anos, 06 (seis) meses e 14 (catorze) dias de reclusão, e pagamento de 1745 (mil setecentos e
quarenta e cinco) dias-multa.

Considerando-se a reincidência e demais circunstâncias desfavoráveis e


a quantidade de pena imponho o regime inicial fechado para cumprimento da pena (art. 33, § 2º,
do CP).

Pelas mesmas razões, inviáveis a substituição por restritivas e a


concessão do sursis.

A ausência de informações a respeito da situação econômica dos


acusados recomenda fixar o valor unitário dos dias-multa no mínimo legal de 1/30 do salário
mínimo vigente ao tempo da conduta.

Decreto o perdimento dos automóveis apreendidos (Corsa, placas


DPP-0947; Prisma, placas AAA-7176 e Prisma, placas ELV-8247) em favor da União, eis que
comprovado que os veículos eram utilizados para a distribuição das drogas.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão acusatória, para


CONDENAR:

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1. o réu NATHAN MARQUES DE ALMEIDA, pela prática dos
crimes previstos nos artigos 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, bem
como no artigo 35, caput, todos da Lei nº 11.343/06, na forma do
artigo 69 do Código Penal, à pena de 08 (oito) anos, 10 (dez) meses

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, e ao
pagamento de 1283 (mil duzentos e oitenta e três) dias-multa,
arbitrados unitariamente no mínimo legal.
2. FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA, pela prática dos crimes
previstos nos artigos 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, bem como
no artigo 35, caput, todos da Lei nº 11.343/06, na forma do artigo 69
do Código Penal, à pena de 08 (oito) anos, 10 (dez) meses de
reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, e ao
pagamento de 1283 (mil duzentos e oitenta e três) dias-multa,
arbitrados unitariamente no mínimo legal.
3. ALAN BERTO DA SILVA, pela prática dos crimes previstos nos
artigos 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, bem como no artigo 35,
caput, todos da Lei nº 11.343/06, na forma do artigo 69 do Código
Penal, à pena de 10 (dez) anos, 03 (três) meses e 20 (vinte) dias de
reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, e ao
pagamento de 1496 (mil quatrocentos e noventa e seis) dias-
multa, arbitrados unitariamente no mínimo legal.
4. JOÃO VITOR DOS SANTOS NETO, pela prática dos crimes
previstos nos artigos 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, bem como
no artigo 35, caput, todos da Lei nº 11.343/06, na forma do artigo 69
do Código Penal, à pena de 10 (dez) anos, 03 (três) meses e 20
(vinte) dias de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado,
e ao pagamento de 1496 (mil quatrocentos e noventa e seis) dias-
multa, arbitrados unitariamente no mínimo legal.
5. EDUARDO HENRIQUE DA SILVA SOUZA, pela prática dos
crimes previstos nos artigos 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, bem
como no artigo 35, caput, todos da Lei nº 11.343/06, na forma do
artigo 69 do Código Penal, à pena de 12 (doze) anos, 05 (cinco)

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meses e 24 (vinte e quatro) dias de reclusão, a ser cumprida em
regime inicial fechado, e ao pagamento de 1792 (mil setecentos e
noventa e dois) dias-multa, arbitrados unitariamente no mínimo
legal.
6. JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE, pela prática dos

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
crimes previstos nos artigos 33, caput, c/c artigo 40, inciso VI, bem
como no artigo 35, caput, todos da Lei nº 11.343/06, na forma do
artigo 69 do Código Penal, à pena de 11 (onze) anos, 06 (seis)
meses e 14 (catorze) dias de reclusão, a ser cumprida em regime
inicial fechado, e ao pagamento de 1745 (mil setecentos e
quarenta e cinco) dias-multa, arbitrados unitariamente no mínimo
legal.

Porque presentes ainda os requisitos da prisão preventiva, reforçados


agora pela condenação, nego aos réus o direito ao recurso em liberdade. Recomendem-se os
acusados na prisão em que se encontram.

Deixo de observar o art. 387, IV, do CPP, pela natureza do crime


praticado.

Transitada em julgado esta sentença:


a) destruam-se as amostras de droga guardadas para contraprova (art. 72
da Lei de Drogas);
b) expeçam-se/aditem-se e encaminhem-se guias de recolhimento
definitivas;
c) elaborem-se cálculo de multa e intimem-se os réus para o pagamento;
d) oficiem-se ao Instituto de Identificação (IIRGD);
e) oficiem-se ao TRE/SP, para os fins do art. 15, III, da CF;

Condeno o acusado ao pagamento das custas, no valor equivalente a 100


UFESP's, nos termos do artigo 4º, inciso III, item 5, § 9º, alínea “a” da Lei nº 11.608, de 29 de
dezembro de 2003, observada eventual gratuidade concedida pela Vara da Execução.

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P.R.I.C.

São Paulo, 27 de novembro de 2020.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA HALLAGE GONDIM TEIXEIRA, liberado nos autos em 27/11/2020 às 18:17 .
CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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fls. 1230

PODER JUDICIÁRIO
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Registro: 2021.0000498010

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal nº


1512919-44.2020.8.26.0228, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes ALAN
BERTO DA SILVA, JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE, EDUARDO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REINALDO CINTRA TORRES DE CARVALHO, liberado nos autos em 28/06/2021 às 13:38 .
HENRIQUE DA SILVA SOUZA, NATHAN MARQUES DE ALMEIDA, JOÃO
VITOR DOS SANTOS NETO e FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA, é apelado
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 7ª Câmara de Direito


Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram
provimento aos recursos. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores OTAVIO ROCHA


(Presidente sem voto), FERNANDO SIMÃO E ALBERTO ANDERSON FILHO.

São Paulo, 28 de junho de 2021.

REINALDO CINTRA
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
fls. 1231

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Apelação nº 1512919-44.2020.8.26.0228
Comarca: São Paulo

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REINALDO CINTRA TORRES DE CARVALHO, liberado nos autos em 28/06/2021 às 13:38 .
Apelantes: Alan Berto da Silva, Jackson Felipe Ferreira Vicente,
Eduardo Henrique da Silva Souza, Nathan Marques de Almeida, João
Vitor dos Santos Neto, Fabio Luiz Ramos de Lima
Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo

Voto nº 17519

Apelações. Tráfico de drogas e associação para o tráfico.


Art. 33, caput, da Lei Antidrogas. Preliminar de nulidade
decorrente de invasão de domicílio rejeitada. Existência de
fundada suspeita para ingresso em domicílio. Autoria bem
comprovada em relação a todos apelantes. Validade da
palavra policial. Existência de estrutura, grande e
organizada, destinada à traficância. Carros com fundos
falsos, elevada quantidade de entorpecentes e cadernos com
anotações de traficância. Associação para o tráfico
devidamente comprovada. Não acolhimento dos pleitos de
desclassificação das condutas de ALAN, NATHAN,
FÁBIO, JACKSON e JOÃO para o tipo do art. 37 da Lei
Antidrogas. Circunstâncias fáticas que indicam que suas
atuações não se limitavam à vigilância (“olheiros”).
Dosimetria perfeita. Preliminar rejeitada. Recursos não
providos.

São apelações interpostas por ALAN BERTO DA SILVA,


JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE, EDUARDO HENRIQUE DA
SILVA SOUZA, NATHAN MARQUES DE ALMEIDA, JOÃO VITOR DOS
SANTOS NETO e FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA (fls. 890/903, 1137/1143 e
1156/1182) em face da r. sentença de fls. 834/856 a qual os condenou como incursos
Apelação Criminal nº 1512919-44.2020.8.26.0228 -Voto nº 17519 2
fls. 1232

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nos arts. 33 e 35 da Lei Antidrogas, impondo a ALAN e JOÃO VITOR as penas


totais de 10 (dez) anos, 03 (três) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, em regime

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inicial fechado, além do pagamento de 1.496 (um mil quatrocentos e noventa e seis)
dias-multa; a NATAN e FÁBIO as penas totais de 08 (oito) anos e 10 (dez) meses de
reclusão, em regime inicial fechado, além do pagamento de 1.283 (um mil duzentos e

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oitenta e três dias multa); a EDUARDO a pena total de 12 (doze) anos, 05 (cinco)
meses e 24 (vinte e quatro) dias de reclusão, em regime inicial fechado, além do
pagamento de 1.792 (um mil setecentos e noventa e dois) dias-multa; e a JACKSON
a pena total de 11 (onze) anos, 06 (seis) meses e 14 (catorze) dias de reclusão, em
regime inicial fechado, além do pagamento de 1.745 (um mil setecentos e quarenta e
cinco) dias-multa.

A denúncia foi oferecida (fls. 448/455), os réus foram


devidamente notificados (fls. 618/629) e apresentaram defesas prévias (fls. 547/615),
e houve recebimento da inicial (fls. 597/598). Foi realizada audiência de instrução e
julgamento e sobreveio sentença condenatória, contra a qual os réus se insurgem.

ALAN e NATHAN invocam preliminar de nulidade


decorrente do ingresso em domicílio sem mandado judicial ou justa causa, afirmando
que se está diante de prova ilícita.

No mérito, requerem a absolvição quanto ao crime do art. 35


da Lei Antidrogas em razão da ausência de provas da existência de vínculo
associativo e, quanto a NATHAN, pugna-se pela desclassificação de sua conduta
para o tipo penal previsto no art. 37 da Lei Antidrogas, sob o fundamento de que
atuava apenas como “olheiro”, ou ao menos pela incidência da redutora do §4º, do
art. 33, do mesmo Diploma, com a imposição de regime inicial de cumprimento de
pena diverso do fechado.

EDUARDO, por seu turno, afirma que deve ser absolvido,


por falta de provas. Sustenta que apenas alugou a casa aos traficantes, sem ciência da
prática criminosa, ressaltando que possui residência fixa e trabalho lícito.

Apelação Criminal nº 1512919-44.2020.8.26.0228 -Voto nº 17519 3


fls. 1233

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Subsidiariamente, requer a fixação de sua pena no mínimo legal, a redução da pena


pecuniária em razão de sua pobreza e a substituição da pena privativa de liberdade

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por restritiva de direitos.

FÁBIO, JACKSON e JOÃO VITOR requerem a

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desclassificação de suas condutas para o tipo do art. 37 da Lei Antidrogas, a
aplicação da atenuante da confissão quanto ao delito do art. 35 da Lei Antidrogas ou
ao menos a incidência da redutora do §4º do art. 33 do mesmo Diploma.

Em contrarrazões o parquet pugnou pelo não provimento dos


apelos (fls. 1186/1200).

O parecer da d. Procuradoria Geral de Justiça foi pelo não


provimento dos recursos (fls. 1212/1228), e os autos vieram conclusos para
julgamento.

É o relatório.

Consta da inicial acusatória que em data anterior a 16 de


junho de 2020, nesta Comarca da Capital, ALAN BERTO DA SILVA, JACKSON
FELIPE FERREIRA VICENTE, EDUARDO HENRIQUE DA SILVA SOUZA,
NATHAN MARQUES DE ALMEIDA, JOÃO VITOR DOS SANTOS NETO e
FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA uniram-se para a prática do crime de tráfico de
drogas.

Afirma-se que em 16 de junho de 2020 ALAN, JACKSON,


EDUARDO, NATHAN, JOÃO VITOR, FABIO, o adolescente Y.A.D.S. e ao
menos três outros sujeitos não identificados foram surpreendidos guardando,
ocultando, transportando e mantendo em depósito 10.000 (dez mil) porções de
cocaína (6.882,6g) e 2.000 (duas mil) de maconha (3.332,6g).

Tem-se que na data mencionada policiais civis, em

Apelação Criminal nº 1512919-44.2020.8.26.0228 -Voto nº 17519 4


fls. 1234

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cumprimento de ordem de serviço, dirigiram-se a uma residência na qual tinham


informações de que supostamente ocorria prática do crime de tráfico de drogas.

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Realizaram campana nas imediações e avistaram movimentação suspeita (entrada e
saída de três automóveis).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REINALDO CINTRA TORRES DE CARVALHO, liberado nos autos em 28/06/2021 às 13:38 .
Em dado momento os policiais realizaram cerco, impedindo a
saída dos automóveis e ingressando no imóvel, instante em que surpreenderam
JACKSON e ALAN na garagem da casa JACKSON dirigia-se para abrir o portão
e ALAN preparava-se para sair na condução de um automóvel.

A incursão prosseguiu no interior da residência e lá os


policiais encontraram NATHAN, JOÃO VITOR e o adolescente Y.A.D.S.

Tem-se que três indivíduos de identidade desconhecida que


estavam no local conseguiram fugir, e EDUARDO e FÁBIO foram presos quando
tentavam se esconder em imóvel vizinho.

Dentro da casa os policiais encontraram 1.700 (um mil e


setecentas) porções de maconha e 1.000 (um mil) de cocaína em cima de uma
bancada, além de aparelhos celulares e anotações referentes à traficância.

Dentro dos automóveis que estavam no local, um Chevrolet


Corsa e dois Prismas, os policiais encontraram fundos falsos, nos quais havia o
restante das drogas apreendidas.

Ante tal quadro fático ALAN, JACKSON, EDUARDO,


NATHAN, JOÃO VITOR e FABIO foram denunciados pela prática dos crimes de
tráfico de drogas, associação para o tráfico e corrupção de menores, sendo certo que
ao cabo de regular instrução processual penal foram condenados pena traficância e
associação, razão pela qual se insurgem.

Todavia, sem razão nos inconformismos.

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Preliminarmente, afasto a tese de nulidade, haja vista que,

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conforme ficará claro quando da análise da prova oral colhida em juízo, os policiais
agiram, ao entrarem na casa em que se deu o flagrante, sob fundada razão, após
denúncia anônima e realização de campana prévia, o que indica ausência de

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arbitrariedade quando do ingresso na residência em que ocorria o crime permanente.

No mérito, observo que a materialidade delitiva restou


comprovada por meio do laudo de fls. 516/519 e das anotações de fls. 513/515, assim
como por meio da prova oral, a qual também não deixou dúvidas acerca da autoria.

Com efeito, o policial civil ALLEX SOLYON HOPKA


confirmou, em juízo, o relatado na inicial acusatória.

Disse que as diligências se iniciaram após denúncia anônima


acerca da prática de tráfico de drogas em determinado endereço. Partiram para o local
mencionado e passaram a realizar campana, a qual durou cerca de duas horas. Neste
período, puderam notar movimentação anormal no imóvel entrada e saída de
veículos e pessoas de vigia na varanda utilizando aparelhos celulares.

Acrescentou que avistaram EDUARDO chegar na residência


em uma van, e alguém abriu o portão para sua entrada. Em seguida, saiu novamente e
retornou em um Chevrolet Corsa, sendo certo que neste instante um Chevrolet
Prisma deixou a garagem para que EDUARDO estacionasse o Corsa.

Cerca de trinta minutos depois, avistaram um vigia verificar a


movimentação da rua e autorizar a saída do Chevrolet Corsa, instante em que se
aproveitaram para ingressar na casa, após a abertura do portão.

Confirmou que dentro da casa havia uma bancada com


muitas drogas e anotações relacionadas ao tráfico, e que NATHAN estava dentro da
residência, assim como o adolescente Y.A.D.S.

Apelação Criminal nº 1512919-44.2020.8.26.0228 -Voto nº 17519 6


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Também confirmou que havia drogas em fundos falsos dos

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três veículos que estavam estacionados na garagem ou na rua, na proximidade da
casa.

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O policial DIEGO DIAS VIDAL apresentou relato
semelhante, acrescentando que a constante vigilância realizada na varanda da casa foi
grande indicativo de que a denúncia anônima acerca do tráfico era idônea.

Acrescentou que ALAN foi preso quando tentava sair da casa


conduzindo o Chevrolet Corsa e que JACKSON foi preso ainda na garagem, sendo
ele o responsável por abrir o portão da residência.

Disse que EDUARDO e FÁBIO estavam na casa, mas


fugiram para o imóvel vizinho e lá foram presos. Aduziu que EDUARDO narrou que
era apenas o locador do imóvel, mas reforçou que ele foi visto em fuga para a casa
contígua.

Também há o relato do policial MÁRCIO LUÍS


HENRIQUE PAULO, o qual confirmou integralmente a versão de seus colegas.

Neste ponto, cumpre observar que há muito se entende que


“Os policiais não se encontram legalmente impedidos de depor sobre atos de ofício
nos processos de cuja fase investigatória tenham participado, no exercício de suas
funções, revestindo-se tais depoimentos de inquestionável eficácia probatória”
(STJ, HC nº 115516/SP, C. 5ª Turma, j. 3.2.2009).

No mesmo sentido, já se manifestou o E. STF:

“O valor do depoimento testemunhal de


servidores policiais - especialmente quando prestado em

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juízo, sob a garantia do contraditório - reveste-se de


inquestionável eficácia probatória, não se podendo

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desqualificá-lo pelo só fato de emanar de agentes estatais
incumbidos, por dever de ofício, da repressão penal. O
depoimento testemunhal do agente policial somente não

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terá valor, quando se evidenciar que esse servidor do
Estado, por revelar interesse particular na investigação
penal, age facciosamente ou quando se demonstrar - tal
como ocorre com as demais testemunhas - que as suas
declarações não encontram suporte e nem se harmonizam
com outros elementos probatórios idôneos." (HC 74.608-0,
Rel. Min. Celso de Mello, j. 18.2.97).

Não existe razão para desmerecer o depoimento dos policiais,


notadamente porque nada emergiu dos autos que indicasse que tinham motivos para
atribuir gratuitamente crimes de tal gravidade aos apelantes.

Prosseguindo na análise da prova oral, nota-se que ALAN


confessou a traficância, aduzindo que conhecia apenas JACKSON e que aceitou o
convite de transportar as drogas pois passava por dificuldades financeiras. Depreende-
se de seu relato que negou a imputação referente à associação para o tráfico, ao dizer
que não conhecia os corréus (salvo JACKSON) e que atuava no transporte de
entorpecentes há apenas três dias.

NATHAN também confirmou seu envolvimento, procurando


diminuir sua responsabilidade ao afirmar que atuava apenas como “olheiro” há dois
dias, e que conhecia apenas JACKSON.

No mesmo sentido, JOÃO confessou a traficância, dizendo


que atuava apenas como “olheiro”, há três dias, e FÁBIO disse o mesmo, salientando
que estava em tal função há apenas dois dias.

Apelação Criminal nº 1512919-44.2020.8.26.0228 -Voto nº 17519 8


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JACKSON, por seu turno, confessou a traficância e disse

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que sua função se limitava a atuar como porteiro da casa, há cerca de quatro dias.

Evidente que faltam com a verdade, haja vista que não seriam

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necessários três olheiros e um porteiro na mesma casa. Resta claro que suas funções
iam além de vigias ou porteiro, em trama organizada e articulada, envolvendo fundos
falsos de veículos e elevada quantidade de entorpecentes.

Quanto a EDUARDO, este negou a traficância afirmando


que apenas havia locado a parte de cima de sua casa, e fugiu para o vizinho quando
da ação policial por não saber do que se tratava.

Evidente que sua versão não se sustenta, haja vista que


EDUARDO foi visto pelos policiais em movimentação suspeita na casa, inclusive
conduzindo um dos automóveis com fundo falso (v. fls. 36, e 39/41), no qual foram
encontradas drogas (v. fls. 44), não apresentou qualquer contrato de locação e ainda
fugiu da Polícia.

Ademais, as testemunhas por ele arroladas (ALEX


RODOLFO VIEIRA, EVERTON MESSIAS DE LIMA e FLÁVIO DE SOUZA
CIDES) não presenciaram os fatos e, em que pese tenham afirmado que EDUARDO
lhes contou acerca da locação de parte de sua casa, isso não significa que tal
informação é verdadeira e, mesmo que assim não o fosse, repise-se que EDUARDO
foi visto em ação relacionada ao transporte das drogas em veículos com fundos
falsos.

Nota-se, ainda, que a testemunha EVERTON, amigo de


infância e vizinho do apelante chegou a dizer que no dia 13 de junho de 2020 um
sujeito chegou na casa de EDUARDO querendo firmar a locação. Todavia, sua
versão, suspeita em razão da amizade, não merece crédito maior que a palavra de três
policiais, além do fato incontroverso de que EDUARDO foi preso após fuga da

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Polícia.

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O quadro fático muito bem traçado após a análise da prova
pericial e oral não deixa dúvidas de que havia um esquema organizado, não eventual,
relacionado à venda de drogas, havendo divisão de tarefas entre os agentes.

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Neste ponto, afasto os pleitos de desclassificação para o tipo
penal previsto no art. 37, da Lei Antidrogas, o qual somente se configura quando “a
conduta do agente se limita ao repasse de informações ao grupo, organização ou
associação”, sendo certo que o agente “não poderá ter nenhum tipo de relação ou
envolvimento mais profundo” (César Dario Mariano da Silva, Lei de Drogas
Comentada, APMP, p. 128).

Conforme já ressaltado, não há como crer que todos os que se


declararam “olheiros” do tráfico exerciam somente esta função. Ademais, estavam
eles dentro da casa em que foram encontradas as drogas, situação bem diferente
daquele verdadeiro “olheiro” que usualmente se posiciona nas imediações, nas
esquinas, e avisa a chegada da Polícia por meio de rádio, fogos de artifício ou pipas.

Conclui-se, portanto, que era mesmo o caso de condenação


dos apelantes, quanto aos crimes dos arts. 33 e 35 da Lei Antidrogas.

Quanto à dosimetria de pena, não há o que se reparar.

Em relação ao delito de associação para o tráfico, as penas-


base foram mantidas no mínimo legal, com exceção da de EDUARDO, a qual foi
corretamente majorada na razoável e consagrada fração de 1/6 (um sexto) em
decorrência de seus maus antecedentes.

Na segunda fase, bem ponderada a menoridade relativa de


NATHAN e de FÁBIO, sem reflexos nas penas em respeito à Súmula n. 231 do C.
STJ, assim como as reincidências de EDUARDO, ALAN e JOÃO, as quais

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incrementaram suas penas em 1/6 (um sexto), e a multirreincidência de JACKSON,


a qual justifica a fração elevada a 1/5 (um quinto).

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Deixo de acolher o pleito de reconhecimento das confissões
quanto ao delito de associação para o tráfico haja vista que conforme exposto

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nenhum dos réus assumiu a existência de estrutura organizada destinada a mercancia
de drogas e, ao contrário, disseram que mal se conheciam e que estavam atuando na
atividade ilícita há dois, três ou quatro dias.

Na terceira e última fase, inexistem causas de aumento ou


diminuição quanto ao delito do art. 35, da Lei Antidrogas.

No que tange ao crime de tráfico, a pena de todos os


apelantes foi incrementada na modesta fração de 1/6 (um sexto) em razão da elevada
quantidade de drogas apreendidas, com fundamento no art. 42 da Lei Antidrogas.
Observo que esta Relatoria entende que a exorbitante quantidade de entorpecentes
deveria dar azo a incremento maior, ponto que não se altera a r. sentença em respeito
à vedação à reformatio in pejus.

Também foram ponderados os maus antecedentes de


EDUARDO, resultando em um aumento total de sua pena-base em 1/5 (um quinto),
fração igualmente modesta, haja vista que para cada causa negativa seria o caso de
incremento de 1/6 (um sexto), resultando, portanto, em 1/3 (um terço) para
EDUARDO, ponto em que novamente não se altera a r. sentença em respeito à
vedação à reforma para pior.

Na segunda fase, a pena de NATHAN retornou ao piso legal


em razão de sua confissão e menoridade relativa, assim como a de FÁBIO, tendo
havido a compensação integral entre a reincidência e a confissão quanto a JOÃO e
ALAN.

Quanto a EDUARDO, a reincidência específica demonstra

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total falta de absorção à terapêutica penal e personalidade voltada ao tráfico,


justificando a incidência da exasperação de 1/5 (um quinto) nesta etapa.

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Já no que tange a JACKSON, bem ponderadas a
multirreincidência e a confissão, tendo havido aumento de 1/6 (um sexto) da pena,

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cabendo lembrar que a compensação integral entre as causas mencionadas não é
possível quando se está diante de multirreincidente.

Na terceira e última etapa, o envolvimento de Y.A.D.S.


ensejou o adequado aumento da pena em mais 1/6 (um sexto), em relação a todos os
apelantes, com fundamento no art. 40, inciso VI, da Lei Antidrogas.

Evidente que a manutenção da condenação pela prática de


associação para o tráfico revela dedicação a atividades criminosas e impede a
incidência da minorante do §4º do art. 33 da Lei Antidrogas, em relação a todos os
envolvidos, assim como a reincidência de ALAN, JOÃO, EDUARDO e
JACKSON.

Ademais, a quantidade de pena imposta a todos os apelantes,


superior a 08 (oito) anos, indica que o regime inicial fechado era mesmo o adequado.
Além disso, salta aos olhos a circunstância judicial desfavorável (quanto ao delito de
tráfico) e as reincidências de ALAN, JOÃO, EDUARDO e JACKSON, causas que
também impedem qualquer benefício prisional neste momento (v. arts. 44 e 77 do
CP).

Por fim, no que tange ao pleito de EDUARDO no tocante à


isenção ou redução do pagamento da multa imposta em razão da traficância, saliente-
se que o legislador não autorizou o julgador a deixar de aplicar a reprimenda
financeira em razão da situação econômica do réu, e a pena de multa segue
procedimento próprio para a sua cobrança e execução, não havendo previsão legal
para a sua exoneração, cabendo salientar que o valor do dia-multa já fora fixado em
seu patamar mínimo na r. sentença atacada.

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Ante o exposto, REJEITA-SE a preliminar de nulidade e, no

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mérito, NEGA-SE PROVIMENTO às apelações de ALAN BERTO DA SILVA,
JACKSON FELIPE FERREIRA VICENTE, EDUARDO HENRIQUE DA
SILVA SOUZA, NATHAN MARQUES DE ALMEIDA, JOÃO VITOR DOS

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SANTOS NETO e FABIO LUIZ RAMOS DE LIMA, mantendo-se integralmente
a r. sentença recorrida como posta.

Mantém-se a prisão preventiva, pois inalterados os motivos


que ensejaram a decretação, recomendando-se os réus nas prisões em que se
encontram.

Oportunamente, se porventura transitar em julgado este


Acórdão, deverão ser expedidos os mandados de prisão, para efetivo cumprimento
das penas, e as guias de recolhimento definitivas.

Reinaldo Cintra
Relator

Apelação Criminal nº 1512919-44.2020.8.26.0228 -Voto nº 17519 13

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