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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DA SEÇÃO CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE SÃO PAULO – SP

“A acusação é sempre um infortúnio enquanto não


verificada pela prova.”
Rui Barbosa

PROCESSO: 1500051-67.2021.8.26.0626
APELANTE: Rafael Nunes de França Silva
APELADO: Ministério Público
Rafael Nunes de França Silva, na qualidade de apelante, já
devidamente qualificado nos autos em epígrafe, através de seu
advogado constituído, in fine assinado digitalmente, vem perante
Vossa Excelência, em atenção a interposição de Recurso de
Apelação constantes nos autos, apresentando as

RAZÕES DE APELAÇÃO

para que ao final, os nobres e ínclitos julgadores, usando seu


poder jurisdicional e senso de justiça, conheça e dê total
provimento ao recurso aqui apresentado.

Em que pese o notório saber jurídico do Magistrado monocrático


e sentenciante, merece reforma a sentença condenatória encartada
nos presentes autos, conclusão que chegará a Colenda Turma após
análises das razões fáticas e jurídicas que seguem, após análise
das preliminares.

Preliminarmente

Primeiramente esta defesa técnica ao fazer análise das peças


juntadas e remetidas pela Magistratura singular para o
processamento do recurso de apelação, não mostram nem de longe
a realidade como se deu a ação penal em Primeira Instância,
obstando mais uma vez a ampla defesa do Apelante que lhe é
assegurada na Constituição Federal.
É de suma importância para o Apelante através de seu advogado
constituído que todas as peças protocoladas por este causídico
e decisões judiciais, bem como as gravações do dia da prisão e
os áudios da audiência, sejam remetidas pela magistratura, para
apreciação e entendimento da Douta Turma para que a decisão seja
correta e justa.

Sendo assim e em respeito aos preceitos Constitucionais é que se


requer se digne para que a magistratura singular envie o processo
de origem na íntegra, e não sendo infelizmente o entendimento,
se digne a magistratura singular enviar a mídia visual do momento
da prisão, mídia audiovisual da audiência de debates e
julgamento, bem como todas as peças protocoladas por esta defesa
técnica e as decisões judiciais acerca do peticionamento.

Para que não se entenda como ato protelatório, essa defesa desde
já apresenta suas razões de Apelação a serem analisadas após a
juntada de todas as folhas integrantes no processo de origem.

I – DOS FATOS

O Ministério Público ofertou denúncia em face do Apelante


imputando-lhe a suposta prática delitiva prevista no artigo 33,
caput, da Lei nº 11.343/06 e no artigo 16, §1º, inciso IV, da
Lei nº 10.826/03, constando na denúncia que no dia 16 de janeiro
de 2021, na comarca de Ubatuba, o ora Apelante, trazia consigo
e tinha em depósito, para fins de tráfico, 03 porções pequenas
de ‘Cannabis sativa L’ e 03 tijolos grandes da mesma droga, assim
como matinha sob sua guarda, 01 revólver, calibre 38, sem marca
e sem numeração, municiado com 04 munições intactas, ambos, sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.

Constou na denúncia oferecida que policiais militares efetuavam


patrulhamento quando foram alertados por um cidadão de que ali
perto estaria ocorrendo uma festa com drogas e exibição de armas
de fogo, onde os milicianos seguiram até o local. Não havia mais
a festa, contudo, encontraram Rafael fumando um cigarro com forte
odor de ‘maconha’. Seguiu-se a abordagem. Em revista pessoal,
foram encontradas com o denunciado três porções de maconha.

Constou que na sequência, os policiais, após serem autorizados,


ingressaram na residência do denunciado e localizaram, dentro da
geladeira, três tijolos de maconha. Sobre um armário havia,
ainda, duas balanças de precisão e um caderno contendo anotações
típicas da contabilidade de tráfico. Dos objetos apreendidos,
laudo da arma as folhas 130/134, laudo das balanças as folhas
135/139, laudo da droga apreendida as folhas 195/197, todos
acostados nos autos de origem.

Iniciada a Instrução Criminal, ao final, o Apelante se viu


condenado a pena privativa de liberdade pena de 05 (cinco) anos
e 11 (onze) meses de reclusão e ao pagamento de 300 (trezentos)
dias-multa no valor de 1/30 do salário mínimo vigente à época do
delito, em regime inicial SEMI-ABERTO para início do cumprimento
da pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 33, §2°, do
Código Penal.

II – DO CERCEAMENTO DE DEFESA
O cerceamento de defesa a que foi submetido o Apelante inicia-
se desde sua prisão em flagrante delito, eis que conduzido para
solo de Delegacia, o mesmo não foi apresentado ao procedimento
de audiência de custódia, ferindo o Princípio Constitucional da
Ampla Defesa e a não observância do artigo 287 do CPP que torna
obrigatória a realização da audiência de custódia nos casos
decorrentes de prisão em flagrante.

É certo que se tal regramento impositivo e normativo tivesse


sido aplicado, teria o Apelante frente ao Juiz Singular, se
manifestado como se deu a sua prisão e principalmente nesta
primeira oportunidade, demonstrado que a arma apreendida não foi
a mesma apresentada, assim como não teve contato pessoal com a
autoridade policial durante todo o procedimento da lavratura da
prisão em flagrante, eis que se manteve dentro da viatura por
horas até ser conduzido para Centro de Detenção Provisória.

Nos termos do artigo 55 da Lei 11.343/06, em 29/01/21, a


magistratura sentenciante determinou a notificação do Apelante,
para oferecimento de defesa prévia. Ocorre Douta e Ínclita Turma,
tal determinação judicial não ocorreu, inclusive tendo o
advogado anteriormente constituído, apresentado Defesa Prévia
sem o cuidado dentre outros de arrolar testemunhas de defesa.

Ocorre que passados 45 (quarenta e cinco) dias, o Apelante não


havia ainda sido notificado do inteiro teor de sua denúncia, bem
como NENHUMA DECISÃO HAVIA SIDO TOMADA ACERCA DA PETIÇÃO JUNTADA,
quando o advogado anteriormente constituído revogou os poderes
outorgados, e pasmem, a magistratura sentenciante decidiu pelo
recebimento da denúncia, quando dia antes, a outorga do Apelante
foi revogada, bem como por negligência cartorária, não havia
sido o Apelante notificado do inteiro teor de sua denúncia, o
que implica mais uma vez em cerceamento de defesa, onde seu
direito constitucional foi usurpado!

A Lei 11343/06 em seu artigo 55 que oferecida a denúncia, o juiz


ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia,
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

Não obstante e absurdamente, o cartório junta tão somente o


mandato de notificação aos autos em 31/03/21 as 6:07 horas da
manhã, tendo sido o Apelante notificado por Oficial de Justiça
ao mesmo dia, relembrando que já havia até data de audiência
designada desde 16/03/21!

O Apelante tendo sido notificado sobre inteiro teor de sua


acusação conforme artigo 55 da Lei 11343/06, constituiu novo
defensor, o qual por sua vez tempestivamente, apresentou defesa
prévia as folhas 160/166 desta Apelação, não obstante, a nobre
magistratura decidiu por entender ser preclusa e sem um mínimo
de fundamentação conforme preconiza o artigo 93 da Constituição
Federal, ignorando a produção de provas e o arrolamento das
testemunhas de defesa, causando mais uma vez grande prejuízo ao
Apelante, quando sequer apreciou tais pedidos.

III – DAS NULIDADES

Referente ao suposto caderno de anotações que segundo consta da


denúncia e que serviu, ao ver da magistratura, para também
embasamento condenatório referente ao crime de tráfico de
drogas, não constou o laudo deste objeto, sendo que todo e
qualquer decreto condenatório deve ser baseado em provas
irrefutáveis e a defesa técnica do Apelante, manifestou-se em
fase de Memoriais sobre os laudos apresentados e não apreciados
e decidido pela magistratura singular, o que incorre na não
aplicação de mandamus constitucional do artigo 5o, XXXV, declara
que: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito.

A droga supostamente apreendida na residência do acusado e


apresentada em solo de delegacia as folhas 16 nos autos de
origem, apontam quantidade total de 05 (cinco) porções que
totalizam 2,409 kg de maconha, já as folhas 19/20 do mesmo
processo, aponta-se a quantidade de 03 (três) tijolos grandes de
maconha e 03 (três) porções menores e 01 (hum) cigarro da mesma
substância, sob lacre 0002349.

Requisitado pela autoridade policial perícia nas drogas


apreendidas as folhas 22 aqui enviado, as mesmas foram
encaminhadas sob lacre 0002349. ABSURDAMENTE as folhas 147/149
na origem e mantida também como remessa a ser processada neste
Egrégio Tribula de Justiça, foi juntado laudo pericial
de outro processo, ao qual o Apelante não faz parte!

Conforme se observa as folhas 22, as drogas seguiram para


perícias sob o lacre 0002349, porém, o laudo pericial aponta
material recebido sob o lacre 0066847, além de não apontar a
quantidade total recebida e tão somente a quantidade de 02
gramas, tornando-se nítida referida nulidade absoluta em que se
apoiou a magistratura singular para o decreto condenatório,
motivo este que a defesa tanto insistiu na produção de provas
para o deferimento dos quesitos ofertados.
E não é só, na fase de memoriais de defesa apresentada no juízo
de origem e monocrático, temos que não foi apreciada toda a tese
defensiva como aplicação da atenuante da confissão e a
desclassificação da tipificação do crime do porte de arma.

Diante das preliminares é que se requer a nulidade de todos os


atos desde o oferecimento da denúncia, para que o apelante possa
exercer sua ampla defesa garantida na Constituição Federal para
que seja notificado e apresente sua defesa prévia com produção
de provas nos moldes do artigo 55 da Lei 11343/06 e não sendo
esse o entendimento a reforma da sentença nos moldes das razões
de apelação.

IV – DO MÉRITO

Arguidas as preliminares, prejulgamento constantes nos tópicos


do cerceamento de defesa e das nulidades, entendemos pela reforma
da sentença. Vejamos:

Consta da denúncia oferecida pelo Ministério Público que


policiais militares efetuavam patrulhamento quando foram
alertados por um cidadão de que ali perto estaria ocorrendo uma
festa com drogas e exibição de armas de fogo, onde os milicianos
seguiram até o local. Não havia mais a festa, contudo,
encontraram Rafael fumando um cigarro com forte odor de
‘maconha’. Seguiu-se a abordagem. Em revista pessoal, foram
encontradas com o denunciado três porções de maconha. Na
sequência, os policiais, após serem autorizados, ingressaram na
residência do denunciado e localizaram, dentro da geladeira,
três tijolos de maconha. Sobre um armário havia, ainda, duas
balanças de precisão e um caderno contendo anotações típicas da
contabilidade de tráfico, já que o caderno encontrado na casa do
Apelante, era da filha do casal e sequer foi enviado para
perícia, já que não havia nenhuma anotação referente ao tráfico
de drogas!

Frágil e contraditório também é a tese acusatória tanto na


denúncia como no depoimento das testemunhas de acusação e em
suas nas alegações finais, vejamos:

1) Testemunhas Policiais em fase de Delegacia:

“(...)avistaram o acusado aqui presente no quintal da casa, parte


da frente, próximo ao portão de entrada fumando e sentiram forte
odor de maconha, percebendo que o portão estava só encostado
foram falar com ele (...) ”

2) Denúncia Oferecida:

“(...)policiais militares efetuavam patrulhamento quando foram


alertados por um cidadão de que ali perto estaria ocorrendo uma
festa com drogas e exibição de armas de fogo (...) os milicianos
seguiram até o local. Não havia mais a festa, contudo encontraram
Rafael fumando um cigarro com forte odor de ‘maconha’. Seguiuse
a abordagem. Em revista pessoal, foram encontradas com o
denunciado três porções de maconha. Na sequência, os policiais,
após serem autorizados, ingressaram na residência do denunciado
(...)

3) Das alegações finais da acusação:

“(...)Policial Leandro informou que foi possível visualizar o


réu pelo portão do quintal da residência consumindo droga – havia
forte odor de maconha. Foram localizadas 3 porções de maconha no
bolso da vestimenta do réu. Em conversa, ele indicou que havia
mais 03 tijolos de maconha dentro da residência, mais
precisamente dentro da geladeira (...) fato confirmado
posteriormente após a realização de buscas na residência. Também
foram localizados no interior do imóvel uma balança de precisão
e anotações referentes à contabilidade do tráfico. (...) O
Policial Militar Diego Santana Moreno Silva corroborou a versão
apresentada por seu colega de farda (...) os depoimentos dos
policiais são coesos e harmônicos, confirmando em sede judicial
as versões apresentadas em solo policial”

Veja-se Douta e Ínclita Douta Turma que em solo de Delegacia e


interrogatório em juízo, ambos Policias disseram que receberam
denúncia anônima de que na casa do acusado estaria acontecendo
uma festa com exibição de drogas e armas de fogo e que ao
dirigirem-se ao local dos fatos, sentiram um forte odor de
maconha e visualizaram o Apelante Rafael consumindo droga e o
abordaram e em revista pessoal, lograram encontrar em suas vestes
03 (três) porções de maconha e APÓS serem autorizados a entrar,
localizaram demais drogas e arma. Segue-se a tese de que o
Apelante foi visto fumando maconha em seu portão, abordado, feita
revista em suas vestes e tão somente APÓS serem autorizados,
adentraram no imóvel, o que NÃO É FATO E ESTAMOS SIM DIANTE DE
UMA MENTIRA POR PARTE DOS POLICIAS MILITARES, vejamos:

Em juízo, a testemunha de acusação PM Diego afirma que o portão


estava encostado e realizaram a abordagem e constatado que o
Apelante Rafael estava portando em suas vestes 06 (seis) porções
de maconha e que o mesmo apontou onde estariam demais drogas e
objetos. Quando questionado pelo representante do Ministério
Público acerca de demais objetos acerca do tráfico, a testemunha
de acusação Diego, declara que foi encontrado balança e caderneta
de anotações referente ao tráfico, porém, quando questionado
pela magistratura singular acerca do local onde se encontravam
tais objetos, declara que não se recorda!
Seguindo o depoimento da testemunha de acusação PM Diego, o mesmo
declara que realiza patrulhamento há muito tempo naquela
localidade que é conhecida pelo alto índice de criminalidade no
tráfico e que nunca ouviu falar ou ver o acusado Rafael! Já a
testemunha de acusação PM Leandro declara que ao chegar na
residência do acusado Rafael, o portão da residência estava
aberto e realizado abordagem, foi localizado 03 (três) porções
de maconha e o cigarro que estava sendo consumido, e que após a
entrevista com o Apelante, o mesmo declinou que em sua casa havia
arma e drogas.

Seguindo o depoimento, afirma que não conhece o Apelante Rafael


de nenhuma abordagem e que apenas ouvia falar de que um tal de
Gordão seria o traficante da região, mas não tinha nenhuma foto
acerca deste indivíduo, o que o levou a acreditar que seria o
acusado em tela.

As filmagens obtidas e juntada aos autos, mostram


primeiramente o vídeo as 2:08hs do dia 16/01, onde na frente da
casa do acusado havia um grupo de pessoas na calçada, onde a
viatura policial passou pela rua e retornou dirigindo-se a esse
grupo de pessoas após terem recebido denúncia de que havia uma
festa com som alto, onde se percebe que o grupo começou a
dispersar. Passados praticamente 01hr após esse vídeo, chegam as
viaturas da Força Tática com diversos policiais, onde se nota
que não havia mais ninguém na calçada do acusado Rafael e sim,
todos sendo abordados do outro lado da rua junto a um veículo de
cor escura. As 3:02:57hs, Policiais Militares “pulam” o muro da
casa do acusado Rafael, onde outro grupo de Policias mantêm
abordagem de um grupo de pessoas do outro lado da rua, quando já
não havia mais ninguém na porta do Apelante Rafael.
Nobres e Ínclitos Julgadores, é sabido que a casa é asilo
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial. Se tudo tivesse corrido dentro da
normalidade e da transparência e fidelidade dos atos praticados
pelos Policiais, não haveria motivo para justificar tal invasão
ilegal praticada por agentes do Estado, quando invadiram a
residência do Apelante Rafael e lá encontraram a guarda e posse
de uma arma de fogo, e, diga-se de passagem, e relembrando mais
uma vez, trocada pelos agentes do Estado, já que cairia por terra
toda a alegação da falta de mandado de busca e apreensão, eis
que houve na verdade, flagrante referente e tão apenas ao crime
de porte ilegal de arma!

Outro fato que chama a atenção é por qual motivo, estes Policiais
não conduziram os 06(seis) indivíduos que estavam na mesma
ocorrência? Em solo de Delegacia e em juízo, os Policiais afirmam
que havia uma denúncia de que se tratava do traficante de alcunha
“Gordão”, porém, foram categóricos em afirmar em juízo que não
conhecem o Apelante Rafael de nenhuma abordagem ou ocorrência.

Conforme visto na audiência através de vídeo, o Apelante Rafael


sequer é gordo! O juiz sentenciante baseou-se em depoimentos que
a defesa provou através de imagens que estes policiais mentiram,
acreditando se tratar de um traficante com vultosa quantidade de
drogas, balança e caderno com apontamento de tráfico, mas veja-
se que cômico, se trágico não fosse, um evento festa na casa do
traficante, grande quantidade de drogas e apetrechos e
encontrado o insignificante e irrisório valor em espécie de R$
50,00
(cinquenta Reais) que era o troco da esposa do Apelante havia
comprado pizza?

O que realmente aconteceu na abordagem realizada com aquele grupo


de indivíduos do outro lado da rua com aquele carro e que ninguém
foi conduzido para Delegacia??? Houve algum estresse durante a
ocorrência com a invasão destes policias onde a esposa do
Apelante vestida apenas com um camisão, viu sua filha que estava
dormindo, sendo levada para a casa de vizinhos aos prantos e
depois tendo que se vestir sem o mínimo de privacidade?

Evidente que a palavra do policial deve ser levada em


consideração, mas jamais podemos permitir que ela seja elevada
ao "pedestal das provas", sob pena de continuarmos a presenciar
tais injustiças. O fato é que o único crime cometido pelo
Apelante Rafael é o porte de arma de fogo, arma inclusive essa,
trocada pela Policia Militar, e que vergonhosamente, tal prática
corriqueira nos meios policiais e que não é novidade,
infelizmente, esta defesa não conseguiu provar, eis que
indeferido os pedidos de provas.

Referente ao crime de tráfico, a sentença condenatória foi


baseada em depoimentos, onde as testemunhas PMs nunca viram ou
ouviram falar no Apelante Rafael em intercorrências policiais,
depoimentos contrários com a verdade dos fatos e provadas através
das imagens juntada aos autos, entendendo inclusive esta defesa
que o Ministério Público na origem e diante das imagens
fornecidas e juntada aos autos, onde Policiais Militares
alteraram a verdade dos fatos, estamos diante do crime de falso
testemunho, bem como a afirmação do Apelante e da testemunha
Jéssica de que a arma apresentada não era a arma que se
encontrava na posse e sua guarda, entendemos, no
mínimo, pedido de abertura de investigação acerca da conduta dos
PMs para que inocentes não paguem pôr algo que não cometeram ou
tenham penas exacerbadas.

O decreto condenatório não deve prosperar, eis que os depoimentos


dos Policiais em juízo, não se revestiu de eficácia comprobatória
diante da maior prova com as imagens juntadas.

No Processo Penal vigora o princípio segundo o qual, para


alicerçar um decreto condenatório, a prova deve ser clara,
positiva e indiscutível, não bastando a mera possibilidade
acerca do delito e da autoria fundada em indícios, e sendo a
prova baseada em depoimentos únicos e exclusivos de testemunhas
de acusação que nos autos em tela, não falaram a verdade conforme
se provou por meio de imagens, devendo militar em favor do
Apelante o princípio do in dubio pro reo.

Por outro lado, o Apelante confessou o porte ilegal de arma, e


tendo em vista que esta defesa não conseguiu provar através da
realização dos quesitos que aquela arma entregue em solo de
delegacia não é a mesma que o Apelante guardava e portava, por
total cerceamento de defesa é que se requer a reforma da decisão
monocrática também nesta parte, mantendo-se a atenuante da
confissão e desclassificando para o artigo 14 da Lei 10826/03.

Reformada a sentença por medida de justiça, é que se requer a


absolvição do crime de tráfico por falta de provas, a
desclassificação do crime de porte de arma e aplicação do regime
de pena mais brando.
Nestes termos, pede provimento

SP, data do protocolo

Marcos José Leme

OAB/SP 215.865

Assinado digitalmente

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