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Analise de voto: Exmo. Sr.

Ministro Ribeiro Dantas

O voto é referente a decisão do Juízo da 1º Vara Criminal de Barretos, segundo o STJ,


reconheceu a ilicitude da prova, assim foi requerida pelo Ministério Público, onde foi
determinado nova perícia no celular do reclamante, por concluir entender ser prova
repetível e imprescindível para o julgamento do processo. A defesa recorreu alegando
que o Juízo de origem afrontou o ‘decisum’ do STJ.
A defesa reforçou sua tese no sentido de que o STJ é firme ao considerar ilícito o
acesso direto da polícia a informações de aparelho celular, sem previa autorização
judicial, assim citou o RHC 89.385/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 16/08/2018, DJe 28/08/2018;

Continuou a defesa alegando que o STJ determinou somente a exclusão da prova ilícita e a
renovação do julgamento sem a prova expurgada, ainda acusa o magistrado de primeiro grau
de contrariar tal determinação e reabrir a instrução processual para que realize uma nova
perícia no aparelho celular.

Após análise dos fatos narrados pela defesa o em. Ministro Ribeiro Dantas inicia seu parecer a
fim de efetivar seu voto deixando claro discordar das conclusões do relator em relação ou não
da renovação da prova. E assim prosseguiu.

Antes de iniciar seu voto, fez um breve relato do significado ‘prova’, no qual, cita as doutrinas
de Juarez Tavares e Rubens Casara, sendo assim, conclui que prova é a atividade destinada a
demonstrar a ocorrência de um fato, destaca ainda os vários conceitos de prova, citando ainda
que o mais importante para o deslinde parece ser: o objeto de prova, fontes de prova, meios
de prova e os meios de obtenção de novas provas. Continuou exemplificando através de
citação de renomados doutrinadores os vários conceitos referentes ao meio de prova.

Em seu relato passa a análise da prova ilícita no presente processo, alegando o meio no qual a
prova foi obtida e concretizada, pois se deu por blitz policial, no qual o policial acessa os dados
do aparelho sem a devida autorização, concluindo-se que ilicitude foi verificada no meio de
obtenção da prova.

Ainda em relatos sobre o meio de prova, faz referência a ‘prova ilícita por derivação’ citando
assim a doutrina de Renato Brasileiro sobre o tema no qual afirma que “Provas ilícitas por
derivação são os meios probatórios que, não obstante produzidos, validamente, em momento
posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que a eles se transmite,
contaminando-os, por efeito de repercussão causal. ” Assim reconhecendo a nulidade da
prova, pretende com o requerimento do Ministério e determinação do Juízo, coletar os dados
do aparelho inicialmente acessado por meio ilícito no qual passará a ser prova verdadeira e
licita por derivação.

Continuando o relato de seu voto o eminente Ministro Ribeiro Dantas cita novamente a
doutrina de ‘Renato Brasileiro de Lima’ que “Após o reconhecimento das regras de exclusão do
direito norte-americano, aliada ao desenvolvimento da teoria dos frutos da árvore
envenenada, houve uma forte reação da própria Suprema Corte norte-americana contra a
rigidez de tais regras, sendo desenvolvidas, então, exceções às exclusionary rules”, conclui-se
que de acordo com a teoria da descoberta inevitável, independentemente da prova ilícita
originária, tal prova deve ser considerada válida. Portanto no entendimento do em. Ministro as
teorias mitigadoras ou limitadoras da prova ilícita por derivação entende ser legitima e
conveniente no âmbito da persecução penal, citando assim algumas jurisprudências para
concluir o fato narrado, por fim, destaca que a descoberta inevitável se encontra positivada
estando expressa e prevista no Art. 157 do Código de Processo Penal, e assim fundamenta
conforme aplicação deste mesmo artigo em vários julgados conforme segue: RHC 144.610, de
relatoria do em. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5.11.2018; RHC 144.610, de relatoria do em.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 5.11.2018; Rcl 25.162 ED, de relatoria do em. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 27.11.2017; HC 153.270, de relatoria do em. Min. Edson Fachin,
julgado em 24.9.2019; ARE 933.976, de relatoria do em. Min. Dias Toffoli, julgado em 1.6.2016;
RMS 36.718, de relatoria do em. Min. Roberto Barroso, julgado em 7.10.2020.

Dando continuidade aos relatos da fundamentação de seu voto o Ministro Ribeiro Dantas,
prossegue citando a ‘TEORIA DA LIMITAÇÃO DA MANCHA PURGADA’, em referência a doutrina
de Renato Brasileiro de Lima. Manual de processo penal. 8ª ed. Salvador: Juspodvim, 2020, p.
695, onde o jurista ensina que um vício de ilicitude originário por ser expurgado, ou seja,
removido, por meio de um ato independente e interveniente. O doutrinador ainda adverte
que a teoria da mancha purgada não se confunde com a teoria da fonte independente. Ainda
citou que a teoria em questão já fora aplicada pela corte Especial do STJ conforme segue APn
856/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/10/2017, DJe
06/02/2018.

Por fim para concluir seu voto o eminente Ministro traz para analise à ‘REPETIÇÃO DA PROVA E
ANÁLISE DO CASO CONCRETO’, para tal feito mostra a doutrina de Eugênio Pacelli, Curso de
Processo Penal. 24ª ed. São Paulo: Atlas, 2020, pp. 113-114, confirmando que no caso
concreto o réu foi preso com quantidade certa e definida de maconha totalizando 6,139
gramas e ao ser conduzido à delegacia os policiais confirmaram em seu aparelho celular
informações a respeito do comercio ilegal de drogas, comprovando assim que a fonte da prova
é licita e está preservada, portanto a apreensão do celular se deu de forma legitima. Portanto,
o Ministro não defende a validação de uma prova já considerada ilícita, no entanto, que realize
o saneamento do feito de modo a obter as prova que de qualquer maneira seria obtida.

Concluindo seu voto o Ministro Ribeiro Dantas pede vênia ao em. Ministro Relator, votando
pela improcedência da reclamação, reconhecendo a validade da reabertura da instrução
processual, a requerimento do Ministério Público.

Analise de voto: Exmo. Sr. Ministro Reynaldo Soares da Fonseca

Inicia seu voto fazendo um breve relato onde o reclamante Leonardo de Oliveira Monteiro,
ajuíza reclamação contra o juízo de primeiro grau por suposto descumprimento a autoridade
de decisão proferida no Recurso de Habeas Corpus. No presente recurso foi declarada a
nulidade das provas obtidas através do celular do reclamante sem autorização judicial,
determinando ao Magistrado de origem o desentranhamento das provas ilícitas, das provas
derivadas e a renovação do julgamento. Fez um breve relato quanto ao voto do relator e
quanto ao voto do em. Ministro Ribeiro Dantas.
Concordou que a reabertura da instrução processual para renovação do julgamento não revela
descumprimento do que já decidido em habeas corpus. Divergiu do voto-vista quanto a teoria
da descoberta inevitável dizendo que a mesma guarda relação com a existência da fonte
hipotética independente, onde confirma sua tese citando a doutrina de ‘Manual de processo
penal. 8ª ed. Salvador: Juspodvim, 2020, p. 693’, onde relata que “É necessário um juízo do
provável, baseado em elementos concretos de prova".

Continuou o relato de seu voto, fazendo uma análise quanto a blitz realizada no qual aprendeu
o reclamante com 6, 139 gramas de maconha, no qual tipifica a quantidade como provável
usuário e neste momento não se revela a necessidade de fazer perícia no celular do
reclamante, discordando assim, não se tratar de hipótese de aplicação da teoria da descoberta
inevitável, justificando através dos julgados seguintes: HC 542.293/SP, Rel. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019; (REsp 1630097/RJ,
Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe 28/04/2017.

Por fim, relata que ao realizar nova pericia no aparelho celular não diminuiu a ilegalidade da
denuncia oferecida com base nas provas colhidas de forma ilícita, no qual descobriu o crime de
trafico de drogas, e assim não considerou não ser possível caracterizar a ‘mancha purgada’.

Concluindo assim seu voto, julgando improcedente a presente reclamação, pediu vênia ao
eminente Ministro Ribeiro Dantas e acompanhou o Ministro Relator, para conceder a ordem
de oficio, anulando o processo desde o inicio.

Analise pessoal do processo.

De acordo com o nosso entendimento referente a lei no qual foi aplicada a este caso,
concordamos com o voto dos Ministros para anular, em todo o processo, pois a lei é clara e
objetiva quanto as formas no qual as provas foram colhidas, ou seja, de forma ilegal a luz da
Constituição e do Código de Processo Penal, inviabilizando assim o prosseguimento da
presente ação penal, portanto, não deixamos de concordar que o crime existiu e que foi
através dessa prova ilegal que chegou de fato a conclusão da confirmação do tráfico de drogas

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