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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª

VARA CRIMINAL DA CAPITAL.

Processo n° XXX
Autor: Ministério Público.
Denunciado: Fulano de Tal.

FULANO DE TAL, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, através de


seu procurador ao final subscritos, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, nos termos do artigo 403, § 3° do Código de Processo Penal,
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS

Pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

Fulano de Tal fora preso em flagrante por ter aplicado vários golpes consistentes
no furto eletrônico, mais precisamente o delito chamado de “golpe do pix”. Em
audiência de custódia realizada após dois meses do fato, foi requerido o
relaxamento da prisão em flagrante, na forma do artigo 310, Código de Processo
Penal, tendo em vista o descumprimento do prazo legal e por conta da ausência
do preenchimento dos requisitos do artigo 312, do Código de Processo Penal.

Após parecer do Ministério Público pela conversão da prisão em flagrante em


prisão preventiva, o Magistrado entendeu por bem fazer o decreto prisional,
fundamentando a sua decisão nos vários crimes já praticados e nas quantias
elevadas que foram obtidas por meio da conduta criminosa.
Destarte, a fundamentação do Poder Judiciário foi a seguinte:

“Tendo em vista que o acusado praticou inúmeros golpes, bem


como as elevadas cifras obtidas com o fato, além da possibilidade
de fugir do país, entendo estarem presentes os requisitos da
garantia da ordem pública e garantia de aplicação da lei penal.
Ademais, o fato de a audiência de custodia não ter sido realizada
no prazo de 24 horas é irrelevante. Nesses termos, decreto a prisão
preventiva como única medida cabível na espécie.”

O Ministério Público ofertou denúncia ministerial nos seguintes termos:

“Trata-se de denúncia criminal ofertada em razão de o acusado ter


praticado o tipo penal previsto no artigo 155, parágrafo 4°-B,
juntamente como tipo penal previsto no artigo 154-A, Código
Penal, em concurso material de crimes por 5 vezes, na forma do
artigo 69, Código Penal, uma vez que teria obtido vantagem
econômica mediante fraude, em detrimento de 5 vítimas diferentes,
no período de 30 dias.”

O Magistrado recebeu a denúncia na mesma forma pugnada pelo Ministério


Público, determinando, em seguida, a realização de audiência de instrução e
julgamento.

Na audiência, o juiz iniciou pela oitiva do acusado, depois ouviu as testemunhas


de acusação e de defesa, ouvindo-se, ao final, as vítimas dos fatos. A defesa
pugnou, como diligencia, pela juntada dos computadores das vítimas, de forma a
identificar melhor toda a trama criminosa e com o fito de satisfazer o
contraditório e a ampla defesa, o que foi negado pelo juiz, pois disse que em nada
mudaria o panorama processual, sem pormenorizar de forma mais embasada a
sua negativa.

II – PRELIMIAR – IVERSÃO DO RITO – NULIDADE ABSOLUTA

A concretização do interrogatório do senhor FULANO DE TAL antes da oitiva


de testemunhas e da vítima privou o acusado do acesso à informação, já que se
manifestou antes da produção de parcela importante das provas. A inversão do
interrogatório, portanto, promoveu nítido enfraquecimento dos princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

No caso em tela, o interrogatório do acusado foi feito no inicio da instrução e


conforme entendimento do Colendo STF, o artigo 400, do Código de Processo
Penal, define o interrogatório judicial do réu como o ultimo ato da instrução
processual penal e se aplica aos procedimentos penais em geral, inclusive aqueles
disciplinados por legislação especial.

Art. 400. “Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo


máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa,
nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como os
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.”

Portanto, houve clara nulidade processual absoluta, nos termos do artigo 564, IV,
do Código de Processo Penal, por omissão de formalidade que constitui elemento
essencial do ato, pois o interrogatório foi praticado prematuramente, privando o
réu da possibilidade de conhecer todos os elementos eventualmente
incriminadores contra ele produzidos em juízo, estando evidentes os prejuízos ao
réu.
III – INDEFERIMENTO DE DILIGÊNCIAS – NULIDADE ABSOLUTA

Na audiência, a defesa pugnou, como diligência, pela juntada dos computadores


das vítimas, de forma a identificar melhor toda a trama criminosa e como fito de
satisfazer o contraditório e a ampla defesa, o que foi negado pelo juiz, pois disse
que em nada mudaria o panorama processual, sem pormenorizar de forma mais
embasada a sua negativa.

Art. 402. “Produzidas as provas, ao final da audiência, o


Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o
acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine
de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.”

Art. 315. “A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão


preventiva será sempre motivada e fundamentada.”

Art. 564. “A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

V - em decorrência de decisão carente de fundamentação.”

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