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EXMO. SR. DR.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO


XXXXXXXXXXXXXXX

Apelação Criminal nº XXXXXXXXXXXXXX


Fulano de Tal, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de seus
procuradores infra-assinados, nos autos do processo em que o Ministério Pú blico lhe move,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, alicerçado no art. 105, inc. III,
alínea a, da Constituição Federal, bem como com supedâ neo no art. 255, caput, do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça c/c art. 1.003, § 5º, do Código de
Processo Civil, tempestivamente, interpor o presente

RECURSO ESPECIAL
Em decorrência do v. acó rdã o proferido nos autos do processo de nº XXXXXXXXX Apelaçã o
nº XXXXXXXXXXXXX do recurso em espécie e, para tanto, apresenta as Razõ es acostadas.
Dessa sorte, em face da negativa de vigência e contrariedade à lei federal, requer que esta
Eg. Presidência conheça e admita este recurso, com a consequente remessa ao Egrégio
Superior Tribunal de Justiça.
Igualmente, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência determine, de logo, que a parte
recorrida responda, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os termos do presente. (
CPC, art. 1.030, caput).

Termos em que,
pede deferimento.
Belo Horizonte, 26 de março de 2020.
Advogado
OAB

AO EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RECORRENTE: XXXXXXXXXXXX
RECORRIDO: Ministério Pú blico
APELAÇÃ O CRIMINAL: XXXXXXXXXXXXXX
VARA DE ORIGEM: XXXXXXXXXXXXXXX
Nº DO PROCESSO DE ORIGEM: XXXXXXXXXXXXXXXX
RAZÕ ES DO RECURSO ESPECIAL
Ilustres Julgadores,
Colenda Câ mara,
I - DOS FATOS
O Ministério Pú blico ofereceu denú ncia contra o réu Fulano de Tal e outros, pela prá tica
dos crimes previstos nos arts. 33 e 35, ambos da Lei 11.343/2006.
Audiência de instruçã o e julgamento realizada (fls. XXX/XXX), ocasiã o em que foram
ouvidas testemunhas de acusaçã o e defesa, bem como interrogado o réu.
Alegaçõ es finais do Parquet apresentadas (fls. XXX/XXX), opinando pela procedência da
denú ncia.
Alegaçõ es finais da defesa apresentada, arguindo preliminares de nulidades, sendo a
primeira pela ausência do MP na audiência de instruçã o e julgamento realizada à s fls.
XXX/XXX e a segunda tratando da existência de outro processo que versaria sobre os
mesmos fatos, requerendo a reuniã o dos feitos.
No mérito, foi pedido a absolviçã o do Recorrente pela insuficiência de provas, nos termos
do art. 386, VII, do CPP, sucessivamente, a fixaçã o da pena no patamar mínimo, bem como o
reconhecimento da causa de diminuiçã o de pena, em seu patamar má ximo, conforme
previsã o do art. 33, § 4º, da lei 11.343/06.
A denú ncia foi julgada procedente, sendo o recorrente condenado, nos crimes previstos nos
arts. 33 e 35, ambos da Lei 11.343/2006, a uma pena total de 08 (oito) anos de reclusã o e
1.200 (um mil e duzentos) dias multa, esta correspondente a 1/30 do salá rio mínimo, a ser
cumprida em regime inicialmente fechado.
Interposta apelaçã o pela Defesa, com requerimento para arrazoar na 2º instâ ncia, nos
termos do art. 600, § 4º, do CPP, apelaçã o recebida e julgado improcedente os pedidos.
Em apartada síntese, sã o os fatos.

II - DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO
O recurso ora aviado deve ser considerado como tempestivo, porquanto o Recorrente fora
intimado da decisã o recorrida por meio do Diá rio da Justiça Eletrô nico, quando esse
circulou no dia 00 de maio de 0000 (sexta-feira).
Portanto, à luz do que rege o art. 3º, do CPP c/c art. 1.003, § 5º, do CPC, plenamente
tempestivo este Recurso Especial, dentro do interregno da quinzena legal.

III – CONSIDERAÇÕES DO PROCESSADO


(CPC, art. 1.029, inc. I )
O Recorrente fora condenado pelo d. Juiz de Direito da Xª Vara de tó xico da Cidade de
XXXXXXXXXX - XX em decorrência da suposta prá tica de trá fico ilícito de entorpecentes e
associaçã o para prá tica de trá fico de entorpecentes, (Art. 33 e 35 da Lei nº. 11.343/2006), a
uma pena de 08 (oito) anos de reclusã o tento início de cumprimento da pena no regime
fechado.
Da aná lise das circunstâ ncias judiciais, o MM Juiz de Direito, processante do feito, o MM.
Juiz a quo fixou a pena-base em 05 (cinco) anos de reclusã o, quanto ao crime tipificado no
Art. 33 da Lei 11.343/06, trá fico ilícito de entorpecentes e 3 (três) anos de reclusã o para o
crime descrito no Art. 35 da mesma lei, associaçã o para o trá fico, tornando-as definitiva .
Inconformado, apelou ao Tribunal local. Esse, todavia, negou provimento ao recurso de
apelaçã o. Nesse aspecto em foco (absolviçã o por falta de provas e/ou reconhecimento do
trá fico privilegiado), o Tribunal de origem rechaçou a pretensã o de se absolver o réu ou
reconhecer o disposto no Art. 33, § 4º da lei 11.343/2006, no entanto sequer fez mençã o a
falta de provas proclamada pela defesa do Recorrente Fulano de Tal, quando simplesmente
se limitaram, em síntese, a manter a condenaçã o de primeiro grau, senã o vejamos:
“Em razã o do "quantum" de pena concretizado, a manutençã o do regime prisional fechado
é medida de Justiça. As penas dos apelantes Fulano de Tal e Xxxxx também foram
isoladamente concretizadas no patamar mínimo legal e,
por fim, somadas, nos termos do artigo 69 do CP”.
“Mantenho o regime fechado fixado para os referidos agentes, em especial levando em
conta a grande quantidade e natureza altamente lesiva de parte da droga apreendida, como
forma de alcançar as finalidades da pena insertas no artigo 59 do Có digo Penal”.
“Em relaçã o a todos os acusados nã o há que se falar em substituiçã o da sançã o corporal por
restritivas de direitos, notadamente em razã o do "quantum" de pena corporal estabelecido
para cada um. Posto isso, REJEITO AS PRELIMINARES ERIGIDAS E NEGO PROVIMENTO
AOS APELOS”.
Desse modo, o acó rdã o merece reparo, especialmente quando contrariou texto de norma
federal, dando azo à interposiçã o do presente Recurso Especial.

IV – DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO ESPECIAL


( CPC, art. 1.029, inc. II )
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 105, INC. III, A
Segundo a disciplina do art. 105 inc. III letra a da Constituição Federal, compete
exclusivamente ao Superior Tribunal de Justiça apreciar Recurso Especial, quando fundado
em decisã o proferida em ú ltima ou ú nica instâ ncia, se assim contrariar lei federal ou negar-
lhe vigência.
Na hipó tese, exatamente isso que ocorreu, permitindo, desse modo, o aviamento deste
recurso.
IV.1. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL
Lado outro, o presente é: (a) tempestivo, haja vista interposto dentro do interregno
previsto na Legislaçã o Adjetiva Civil ( CPC, art. 1.003, § 5º); (b) o Recorrente tem
legitimidade para interpor este recurso e, mais; (c) há a devida regularidade formal.
Diga-se, mais, a decisã o recorrida foi proferida em “ú ltima instâ ncia”, nã o cabendo mais
nenhum outro recurso na instâ ncia originá ria (STF, Sú mula 281).
De mais a mais, a questã o federal foi devida prequestionada. Essa foi expressamente
ventilada, enfrentada, e dirimida pelo Tribunal de origem (STF, Sú mula 282/356 e STJ,
Sú mula 211).
Outrossim, todos os fundamentos, lançados no Acó rdã o guerreado, foram infirmados neste
recurso, nã o havendo, por isso, a incidência da Sú mula 283 do STF.
Lado outro, o debate trazido à baila nã o importa reexame de provas. Ao revés, unicamente
matéria de direito, nã o incorrendo, portanto, com a regra ajustada na Sú mula 07 desta
Egrégia Corte.

V – DO DIREITO
(CPC, art. 1.029, inc. I ).

V.1. VIOLAÇÃO DE NORMA FEDERAL (CPP ART. 386)


No tocante a falta de provas, certamente houve indevida condenaçã o sendo que nos autos
nã o há prova contundente e inequívoca que leve a condenaçã o do réu.
Bem sabemos que a condenaçã o de qualquer indivíduo prescinde de provas robustas e
cabal quanto a sua participaçã o e/ou contribuiçã o para a empreitada criminosa o que nã o
há nos autos. Nesse enfoque, à absolviçã o do acusado é medida que se impõ e e deveria ter
sido apurada à luz do que rege o art. 386, VII, do Có digo de Processo Penal.
Em que pese a orientaçã o fixada pela norma penal supra-aludida, o Tribunal local pecou ao
se apegar à gravidade abstrata do delito, o que nã o é permitido no ordenamento pá trio
consoante a súmula 718 STF. Com efeito, ainda desrespeitou o in dúbio pro reo,
confirmando a sentença monocrá tica condenató ria.
Nesse ponto específico, extraímos da decisã o em liça passagem que denota claramente a
descabida condenaçã o do réu:
Leve-se em conta, ademais, que a pró pria decisã o estipulou que o Recorrente é primá rio,
possui condiçõ es favorá veis, residência fixa, etc.
A propó sito, sobre o tema em vertente, Cezar Roberto Bitencourt professa que o art. 33
do Có digo Penal deve ser analisado e conjugado com a diretriz do art. 59, do mesmo
Diploma Legal, o que claramente nos autos nã o foi seguido:
VI – PRELIMINARES
VI.1 – NULIDADE ARGUIDA PELO PARQUET E DEFESA
Em aná lise da petiçã o de alegaçõ es finais da IRMP (fls. XXX), nota-se que foi arguida
nulidade da audiência de instruçã o e julgamento realizada à s fls. XXX/XXX, motivo pelo
qual requereu-se a nulidade daquele ato, bem como dos atos posteriores. Da mesma forma,
também em sede de alegaçõ es finais, a Defesa manifestou-se, em preliminar, concordando
com o pedido formulado pelo MP. Contudo, a arguiçã o nã o foi acolhida pelo I. Magistrado
primevo, sob a fundamentaçã o de que nã o ficou demonstrado o prejuízo as partes.
Todavia, é sabido que o Ministério Pú blico, além do papel acusató rio, também, e,
principalmente, atua como fiscal da lei. Ou seja, cabe a ele, na qualidade de acusador, a
conduçã o da instruçã o probató ria, em atos como a inquiriçã o, etc. Lado outro, também é
dele o papel de fiscalizar as nulidades, além de possíveis infraçõ es legais, como a que
entendemos que ocorrera no caso vertente, já que, ante a ausência do MP na audiência,
quem possivelmente conduziu a instruçã o, no sentido acusató rio, foi o pró prio Juiz, data
vênia, nã o sendo este o seu papel.
Isto posto, pede-se o acolhimento da nulidade arguida em sede de alegaçõ es finais e
Apelaçã o, ora ratificada, para que seja o presente feito anulado, a partir da mencionada
audiência (fls. XXX).
VII – DO MÉRITO

VII.1 – DA ABSOLVIÇÃO
Em minuciosa aná lise da peça vestibular, em conjunto com as alegaçõ es finais da preclara
RMP (fls. XXX), nota-se que, a mesma nã o descreve com clareza qual a conduta imputada ao
Recorrente Fulano de Tal, capaz de configurar os delitos que lhe sã o imputados,
condizentes ao trá fico de entorpecentes e associaçã o ao trá fico, capitulados nos arts. 33 e
35, da Lei 11.343/06. Ainda assim, data vênia, seguindo a mesma linha do MP, o Juízo a quo
condenou e o Tribunal de Justiça do Estado XXXXXXXX ratificou, a condenaçã o pelos os dois
tipos penais que lhe foram imputados, perfazendo a pena total em 08 (oito) anos de
reclusã o, em regime inicialmente fechado.
Ab initio, assim como fez ao longo de toda a instruçã o processual, o Recorrente Fulano de
Tal, nega veementemente a participaçã o nos crimes que lhe sã o imputados.
Também, assim como o fez nas oportunidades anteriores, o Recorrente nega a propriedade
do terminal telefô nico que lhe foi imputado nas interceptaçõ es (XX XXXXXXXXX), posto que
desconhece tal nú mero e que este nunca foi de sua propriedade. Neste sentido, inclusive
em mençã o aos autos referentes a interceptaçã o telefô nica (XXXXXXXXXXX), nota-se que,
nã o há qualquer documento há bil a provar a vinculaçã o da pessoa de Fulano de Tal a
propriedade do numeral retro mencionado.
No mesmo enfoque, também nega a alcunha de “XXXXXXX”, que lhe é imputada pela polícia.
Veja-se que, ao longo de todo o procedimento da interceptaçã o telefô nica, a pessoa de
“XXXXXXXX”, do qual o Recorrente nega ser ele, aparece apenas em um ú nico diá logo (fls.
XX), mesmo assim sem qualquer referência expressa a entorpecentes.
A outra “conversa”, em interceptaçã o telefô nica, que a acusaçã o atribui a acervo probató rio
em desfavor de Fulano de Tal (fls. XX/XX), nã o tem a participaçã o do mesmo, ou a pessoa
que a polícia atribui ser ele.
Outrossim, ainda com relaçã o aos diá logos telefô nicos de fls. XXX/XXX e XXX, nota-se que
também nã o há qualquer referência a pessoa de “XXXXXXX”, vulgo que lhe foi atribuído pela
polícia, sem qualquer elemento de prova.
Com relaçã o ao mandado de busca e apreensã o, em desfavor do Recorrente, conforme se
apura do histó rico da ocorrência, o que foi apreendido na sua residência foram apenas 02
(duas) pequenas porçõ es de maconha (buchas), que o mesmo afirmou ser para seu uso
pessoal.
Na oportunidade, nã o foi encontrado qualquer outro objeto que seja comum na mercancia
de entorpecentes, tais como: balança de precisã o, materiais para dolagem, dinheiro
trocado, anotaçõ es, etc.
Tanto a peça vestibular acusató ria, quanto a pró pria sentença, mesmo que de forma bem
sucinta, mencionam ser o Recorrente traficante de drogas “responsá vel pelas vendas a
varejo no bairro XXXXXX”. Ora, como pode o Recorrente ser um traficante, integrante de
uma organizaçã o criminosa, assim como foi condenado, sem a apreensã o de drogas em
quantidade e materiais típicos do trá fico, é no mínimo, uma contradiçã o.
Nota-se ainda que, com o Recorrente nã o foi apreendido qualquer bem de valor, como
carros, motos, etc., bem como sua residência é extremamente simples. Ora, se o Recorrente
realmente fosse um traficante, integrante de organizaçã o criminosa, certo que estaria
ostentando luxo e riqueza, assim como normalmente acontece em casos aná logos, nã o
sendo este o presente.
Assim, em uma fria e robusta aná lise de todo o feito, nã o há qualquer prova, ou mesmo
indício, de ser o Recorrente traficante de drogas, e, sim, um usuá rio, inclusive confesso.
Temos, ainda, o depoimento da testemunha, Sr. XXXXXXXXX, qual confirma que o
Recorrente é trabalhador e nã o é envolvido com a criminalidade.
O certo é que a prova carreada aos autos, nã o conduz à certeza da autoria por parte do
Recorrente Fulano de Tal, conforme entabulado na sentença em combate.
O princípio da nã o-culpabilidade previsto na Constituiçã o da Republica e o princípio da
inocência, estabelecidos nas convençõ es internacionais, conferem ao réu segurança
processual. O Ministério Pú blico enfrenta o ô nus de comprovar a materialidade e a autoria
delituosa, no que concerne a mercancia em relaçã o ao réu, da qual, a nosso sentir, nã o se
desincumbiu a contento. No processo penal nã o deve haver inversã o do ô nus probató rio. O
réu nã o carece de provar inocência, ao contrá rio, quem deve provar a autoria é o ó rgã o
acusador.
Isto posto, a Defesa pede a reforma da sentença a quo, no sentido de que seja o Recorrente
Fulano de Tal absolvido dos delitos que lhe sã o imputados (art. 33 e 35, da Lei 11.343/06),
em razã o da insuficiência de provas (art. 386, VII, do CPP).
VII.2 – ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO (ART. 35 DA LEI Nº 11.343/2006)
É sabido que, para se configurar o crime de associaçã o para o trá fico de entorpecentes,
tipificado no art. 35 da Lei nº 11.343/2006, deve-se provar a existência de uma
organizaçã o devidamente sedimentada, com tarefas previamente atribuídas e devidamente
definidas a cada um dos membros.
No caso dos autos, nã o ficou, nem de longe, provada a existência de qualquer organizaçã o,
tampouco a participaçã o do Recorrente ou funçã o do mesmo nesta.
Ora, veja-se que a sentença condenató ria e o Acó rdã o neste sentido, foi extremante sucinta,
sem qualquer fundamentaçã o vá lida capaz de ligar o Recorrente a uma pretensa
organizaçã o.
Ad argumentandum tantum, ainda que se admitisse a prá tica da comercializaçã o de
entorpecentes (trá fico) por parte do Recorrente, nã o há qualquer prova de que o mesmo
integre organizaçã o criminosa para este fim. Sendo que, nã o basta a simples compra ou
negociaçã o de entorpecente de um determinado agente para a configuraçã o do delito em
comento, devendo, como dito, ser provada a funçã o especifica e pré-definida do réu
naquela organizaçã o, o que, data vênia, nã o aconteceu.
Isto posto, tendo em vista a completa ausência de provas, pede-se a absolviçã o do
Recorrente, também para o crime capitulado no art. 35, da Lei 11.434/06.
VII.3 – PEDIDO SUCESSIVO -APLICAÇÃO DO ART. 33, § 4º, DA LEI 11.343/06
Destaca-se inicialmente que, o Recorrente é PRIMÁ RIO e possuidor de BONS
ANTECEDENTES, possuindo apenas processos em andamento. Inclusive é o que foi
reconhecido na sentença e reafirmado no acó rdã o.
Todavia, em aná lise da r. sentença, o MM. Juiz e posteriormente confirmada pelo E.
Tribunal de Justiça de XXXXX XXXXXX, negaram a incidência do § 4º, do art. 33, da Lei
11.343/06, fundamentando sua decisã o, basicamente, no fato de que o Recorrente seria
integrante de organizaçã o criminosa.
Primeiramente, importante destacar que, o fato do Recorrente possuir inquéritos em
andamento para apuraçã o de infraçõ es penais nã o deve ser considerado em seu desfavor,
sob pena de ofensa ao princípio da presunçã o de inocência, entendimento já abarcado,
mutatis mutandis, na Sú mula nº 444 do Superior Tribunal de Justiça.
Outrossim, data vênia ao Ilustre Magistrado a quo, nã o há nos autos qualquer prova de que
o Recorrente integre qualquer organizaçã o criminosa, conforme amplamente acima
discutido, ou mesmo que se dedique a vida criminosa.
Por fim, é este o entendimento do pró prio C. Tribunal de Justiça de XXXXX XXXXXX que nã o
se intimidaram em passar por cima de seu entendimento, senã o vejamos:
EMENTA: APELAÇÃ O CRIMINAL - TRÁ FICO DE DROGAS ILÍCITAS - MINORANTE ESPECIAL
- DECOTE - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - IMPOSSIBILIDADE -- REGIME PRISIONAL
FECHADO - IMPOSIÇÃ O EM VIRTUDE DA NATUREZA DO INJUSTO - INADMISSIBILIDADE .
01. Sendo a ré, condenada por trá fico de drogas, primá ria, ostentando bons antecedentes
penais, nã o se dedicando a atividades delitivas, tampouco integrando organizaçã o
criminosa, faz jus à minorante prevista no § 4º, do art. 33, da Lei n.º 11.343/06. 02. O
regime prisional de cumprimento da sançã o deve ser fixado de acordo com o exame das
circunstâ ncias judiciais do apenado, de seus antecedentes penais e em sintonia com o
quantum de pena reclusiva imposta, nos termos do que dispõ e o art. 33 e seus pará grafos
do CP e nã o em virtude da natureza do injusto, haja vista decisã o do Supremo Tribunal
Federal reconhecendo, em controle difuso, a inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2º, da Lei
nº 8.072/1990. 03. O Plená rio do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC n. 118.533/MS,
também assentou o posicionamento de que o trá fico privilegiado de substâ ncias
entorpecentes nã o é equiparado a crime hediondo. 04 Sendo a ré - condenado a pena
privativa de liberdade nã o superior a quatro anos de reclusã o - primá ria, portadora de
bons antecedentes e que teve analisado, favoravelmente, as circunstâ ncias judiciais, faz jus
a cumprir a sançã o que lhe foi imposta no regime prisional aberto, bem como à substituiçã o
da sançã o reclusiva por restritiva de direitos, eis que preenchidos os requisitos necessá rios
à concessã o dessas benesses.(APELAÇÃ O CRIMINAL Nº 1.0106.17.000917-4/001 -
COMARCA DE CAMBUÍ - APELANTE (S): MINISTÉ RIO PÚ BLICO DO ESTADO DE MINAS
GERAIS - APELADO (A)(S): MARIA APARECIDA DA SILVA).
APELAÇÃ O CRIMINAL - TRÁ FICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES - CRIME COMETIDO NA
VIGÊ NCIA DA LEI Nº 11.343/06 - APLICAÇÃ O DA CAUSA ESPECIAL DE REDUÇÃ O DE PENA
DO ART. 33, § 4º, DA NOVA LEI ANTIDROGAS - POSSIBILIDADE - RÉ U PRIMÁ RIO E DE
BONS ANTECEDENTES - AUSÊ NCIA DE COMPROVAÇÃ O DE DEDICAÇÃ O A ATIVIDADES
CRIMINOSAS - NÃ O-PARTICIPAÇÃ O EM ORGANIZAÇÃ O CRIMINOSA - REDUÇÃ O MÁ XIMA -
ESCOLHA DA FRAÇÃ O TENDO POR BASE AS CIRCUNSTÂ NCIAS JUDICIAIS DO ART. 59 DO
CÓ DIGO PENAL - REGIME PRISIONAL - MODIFICAÇÃ O PARA O INTEGRALMENTE
FECHADO - IMPOSSIBILIDADE - ART. 2º, § 1º, DA LEI Nº 8.072/90 -
INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF - IMPOSIÇÃ O DO REGIME
INICIALMENTE FECHADO - RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.(TJMG, 3.ª C.Crim., Ap.
n.º 1.0290.06.039039-7/001, Rel.ª Des.ª Má rcia Milanez, v.u., j. 03.07.2007; pub. DOMG de
10.07.2007).
Ademais, conforme já mencionado, o Recorrente é PRIMÁ RIO e ostenta BONS
ANTECEDENTES, além de possuir residência fixa e emprego lícito, na atividade de pedreiro.
Salienta-se ainda que, nã o foi apreendido com o Recorrente, ou em sua residência, qualquer
dos materiais comumente utilizados para a mercancia de substâ ncias entorpecentes, tais
como: balança de precisã o, materiais de dolagem, caderno de anotaçõ es, etc.
Isto posto, tendo em vista as condiçõ es pessoais do Recorrente que enfatizamos, foram
reconhecidas pelo E. Tribunal de XXXXX XXXXXX, bem como a pouca quantidade de
substâ ncia entorpecente apreendida, a ausência de materiais comumente utilizados para o
trá fico de entorpecentes (balança, anotaçõ es, dinheiro, etc.), a ausência de provas de que o
mesmo integre organizaçã o criminosa, em caso de nã o acolhimento da tese de absolviçã o,
pugna a Defesa pela reforma da r. sentença, no sentido de se reconhecer a causa de
diminuiçã o de pena prevista no art. 33, § 4º da Lei 11.343/06, em seu patamar má ximo.
VII.4 – REGIME INICIAL
Em sendo acatado o pedido retro, quanto ao reconhecimento do instituto do trá fico
privilegiado (art. 33, § 4º da Lei 11.343/06), é latente a reforma do regime inicial para
cumprimento da pena, neste caso, devendo ser o aberto dada a quantidade de pena a ser
aplicada.
Todavia, em caso de nã o ser este o entendimento de Vossas Excelências, faz-se notó ria
também a reforma da r. sentença, especificamente ao regime inicial aplicado pelo MM. Juiz
a quo, no caso o fechado.
O Recorrente foi condenado a pena total de 08 (oito) anos de reclusã o, sendo que, no caso
da pena ser igual ou inferior a este patamar, nã o sendo reincidente o acusado, caso do
Recorrente, deve o regime inicial ser o semiaberto. O que, desde já se requer.
VIII – DA CONCLUSÃO, PEDIDOS E REQUERIMENTOS
1) Inicialmente, a Defesa pede o acolhimento da preliminar arguida no item VI deste, nos
termos lá descritos.
2) Quanto ao mérito, que seja a r. sentença reformada, no sentido de se absolver o
Recorrente Fulano de Tal dos delitos que lhe sã o imputados, em razã o da insuficiência de
provas (art. 386, VII, do CPP);
3) Em sede sucessiva, acaso nã o acolhido o pleito retro, pede-se a reforma da r. sentença a
quo, no sentido de se reconhecer a causa de diminuiçã o de pena prevista no art. 33, § 4º da
Lei 11.343/06, em seu patamar má ximo;
4) Em se aplicando, ou nã o, o retro requerido, a reforma da r. sentença, no sentido de se
fixar como regime inicial para cumprimento da pena os regimes aberto ou semiaberto, a
depender da dosimetria aplicada por Vossas Excelências.

Termos em que,
pede deferimento.
Local, XX de XXXXX de XXXX.
Advogado
OAB

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