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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL

PRESIDENTE DA EGRÉGIA TURMA RECURSAL DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
(Art. 3º da Resolução nº. 061/09 do CJF)

Ref.: Recurso Inominado nº. XXXXXXXXXXX

José Carlos ( “Recorrente” ), já devidamente qualificado nos autos


do Recurso Inominado em destaque, vem, com o devido respeito à
presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que
ora assina, alicerçado no art. 102, inc. III, alínea “a”, da Constituição
Federal, bem como com supedâneo no artigo 1.029 e segs. do
Código de Processo Civil de 2015, art. 15 da Lei nº. 10.259/01 c/c
art. 321 e segs. do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal,
razão qual vem, tempestivamente (novo CPC, art. 1.003, § 5º),
interpor o presente

RECURSO EXTRAORDINÁRIO CÍVEL


em face do v. acórdão de fls. xxxxx do recurso em espécie (evento
xx), em que, para tanto, apresenta as Razões acostadas.

Dessa sorte, tendo-se em conta que decisão afrontou o conteúdo


do art. 1º e inc. III, art. 2º, art. 5º, caput, art. 5º, XXII, todos da
Constituição Federal, essa merece ser guerreada mediante o
recurso ora apresentado.
Requer, pois, por fim, que essa Eg. Presidência admita este recurso
(art. 3º da Resolução nº. 061/09 do CJF), com a consequente
remessa dos autos ao Egrégio Supremo Tribunal Federal.
De outro modo, o Recorrente destaca que deixou de realizar o
preparo deste Recurso Extraordinário, por ser manejado em
processo eletrônico, o que, por força de lei, de igual sorte isenta o
seu recolhimento (art. 4º, inc. III, da Resolução nº. 505/13, do STF
c/c CPC, art. 1.007, § 3º).
Outrossim, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência determine, de
logo, que a parte recorrida responda, querendo, no prazo de 15
(quinze) dias, sobre os termos do presente. (CPC, art. 1.030, caput)

Respeitosamente, pede deferimento.

Rio de Janeiro, 00 de xxxxxx de 0000.

Rômulo Borges
Advogado – OAB xxx (To)
RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO CÍVEL

RECORRENTE: JOSÉ CARLOS


RECORRIDO: BV FINANCEIRA - CEF
Recurso Inominado nº. XXXXXXXXXXXXXXXXXX/X

EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


COLENDA TURMA
PRECLAROS MINISTROS

1 - Da tempestividade

O recurso, ora agitado, deve ser considerado como tempestivo,


porquanto o Recorrente fora intimado da decisão recorrida por meio
do Diário da Justiça Eletrônico, quando esse circulou no dia 00 de
fevereiro de 0000 (sexta-feira).

Portanto, à luz do que rege o art. 1.003, § 3º, do CPC, temos por
plenamente tempestivo este Recurso Extraordinário Cível, máxime
quando interposto nesta data, ou seja, dentro da quinzena legal.

2 - Considerações do processado
(CPC, art. 1.029, inc. I )

Colhe-se dos autos que o Recorrente ajuizou, no juízo de piso,


Ação Declaratória cujo âmago visa à declaração
de inconstitucionalidade do art. 13 da Lei nº. 8036/90 e, mais, do
art. 1º da Lei 8.177/91.

Consta nos autos que o Recorrente é devedor de instituição


financeira, por crédito constante de título executivo extrajudicial
iniciada a execução, foi penhorado um veículo de José Carlos, que
figurou como depositário, diante do perecimento do bem (em um
acidente veicular com perda total), o banco requereu a prisão Civil
do devedor por considerá-lo depositário infiel.
O juiz de primeiro grau indeferiu o pedido, ao argumento de
inexistência de culpa do devedor. Inconformado o banco interpôs
agravo de instrumento, afirmando que houve culpa do depositário
imprudência, mas
Que o juiz de primeiro grau não permitiu que fosse produzida prova
nesse sentido e que portanto a prisão seria cabível. O TJRJ, em
decisão colegiada deu parcial provimento ao agravo, para
determinar nova análise da questão pelo juízo de origem, de modo
a se produzir prova em primeiro grau para verificar se de fato, teria
havido culpa.

O juízo monocrático de origem julgou, em sua totalidade,


improcedente o pedido, considerando-se que:

( i ) o julgado acompanha o que decidido pelo STJ, no REsp


1.614.874-SC, representativo da controvérsia, com os efeitos do art.
1.036, do novo CPC;

( ii ) sentenciou, de outro bordo, que não havia qualquer conflito


constitucional com as regras que tratam da dignidade da pessoa
humana, aos princípios da igualdade e segurança jurídica, muito
menos no tocante ao direito de propriedade;

A Egrégia 00ª Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado, à


unanimidade de votos, manteve na íntegra a sentença vergastada.

Nesse ínterim, o Recurso Extraordinário em espécie visa reformar o


acórdão guerreado, reconhecendo a inconstitucionalidade das
normas supra-aludidas e afastar por completo a possibilidade de
prisão do Recorrente tendo em vista ocorrido a perda do bem por
motivos de forças maiores e a quem do mesmo como previsto no
Art.
393. Código Civil O devedor não responde pelos prejuízos
resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não
se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso
fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos
efeitos não era possível evitar ou impedir.
3 - Do cabimento do RE
CPC, art. 1.029, inc. II
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, art. 102, inc. II, “a”

Segundo a disciplina do art. 102, inc. III, letra “a” da Constituição


Federal, é da competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal,
apreciar Recurso Extraordinário fundado em decisão proferida em
última ou única instância, quando a mesma contrariar dispositivos
da Carta Política.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 103. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição Federal, cabendo-lhe :
(...)
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas, em
única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta constituição;
(...)
Entende-se, pois, que “contrariar” o texto da lei, segundo os ditames
da letra “a”, do supramencionado artigo da Carta Política, em
resumo, é dizer que a decisão não coincide com orientação fixada
no texto constitucional.

Na hipótese em estudo há situação concreta que converge ao


exame deste Recurso Extraordinário por esta Egrégia Corte.

3.1. Requisitos de admissibilidade

Verifica-se, mais, que o presente Recurso Extraordinário é (a)


tempestivo, quando o foi interposto dentro do prazo previsto no art.
1.003, § 3º, do CPC, (b) o Recorrente tem legitimidade para interpor
o presente recurso e, mais, (c) há a regularidade formal do mesmo.

Diga-se, mais, a decisão recorrida foi proferida em “última


instância”, não cabendo mais nenhum outro recurso na instância
originária.
Nesse sentido:
(STF) – Súmula:
Súmula nº 281 - É inadmissível o recurso extraordinário, quando
couber, na justiça de origem, recurso ordinário da decisão
impugnada.

Por outro ângulo, a questão constitucional foi devida


prequestionada, quando a mesma foi expressamente ventilada,
enfrentada e dirimida pelo Tribunal de origem.

STF - Súmula nº 282 - É inadmissível o recurso extraordinário,


quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal
suscitada.

STF - Súmula nº 356 - O ponto omisso da decisão, sobre o qual


não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de
recurso extraordinário, por faltar o requisito do pré-questionamento.

Outrossim, todos os fundamentos lançados no Acórdão guerreado


foram devidamente infirmados pelo presente recurso. Por isso, não
há a incidência da Súmula 283 deste Egrégio Supremo Tribunal
Federal.

STF - Súmula nº 283 - É inadmissível o recurso extraordinário,


quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento
suficiente e o recurso não abrange todos eles.

Ademais, o debate trazido à baila não importa reexame de provas,


mas sim, ao revés, unicamente matéria de direito, não incorrendo
com a regra ajustada na Súmula 279 desta Egrégia Corte.

STF - Súmula nº 279. Para simples reexame de prova não cabe


recurso extraordinário.

4 - Preliminarmente
DA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL (PRESUMIDA)
(Constituição Federal, art. 103, § 3º )
O Recorrente, em obediência aos ditames do art. 103, § 3º, da
Constituição Federal, bem como do art. 1.035, § 2º, do Código
de Processo Civil c/c art. 327 do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal, em preliminar ao mérito, ora
demonstra, fundamentadamente, a existência de repercussão
geral no caso em apreço. Subsidiariamente, busca-se a revisão de
tese da ausência de repercussão geral.

4.1. Revisão de tese da ausência de repercussão geral acerca


do tema

Não se desconhece a decisão, proferida sob o enfoque do tema


787 desta Corte, na qual se decidiu – Leading case ARE 848240,
rel. Min. Teori Zavascki -- pela ausência de repercussão
geral, verbis:

Revele-se, de logo, que esse decisum não fora unânime.

Todavia, divergindo dessa entoada, o STF, nos autos da ADin nº.


5.090, da Relatoria do Ministro Luís Roberto Barroso, delineou-
se que o tema tratado afeta milhões de trabalhadores celetistas, in
verbis:
Há, pois, sem dúvida, enorme impacto econômico e social.

É inescusável se tratar de repercussão geral presumida.

Não se deve descurar, de outra banda, que há a possibilidade da


revisão da tese, sobremodo à adotada no precedente
supramencionado. Tanto é assim, que o RISTF prevê, em seu § 2º,
do art. 327, por meio de agravo interno, flexibilização à
“irrecorribilidade” de decisão que nega a repercussão geral.

( sublinhamos)

Repercussão Geral e Alteração nas Premissas Fático-Jurídicas


-2

Aduziu-se que a superveniência de declaração de


inconstitucionalidade de lei por tribunal de segunda instância
consubstanciaria dado relevante a ser levado em conta, uma vez
que retiraria do mundo jurídico determinada norma que, nas demais
regiões do país, continuaria a ser aplicada. Ao enfatizar que se
cuidaria de matéria tributária, mais particularmente de imposto
federal, asseverou-se que os princípios da uniformidade geográfica
(CF, art. 151, I) e da isonomia tributária (CF, art. 150, II) deveriam
ser considerados. Observou-se, ademais, que a negativa de
validade da lei ou de ato normativo federal em face da Constituição
indicaria a presença de repercussão geral decorrente diretamente
dos dispositivos constitucionais aludidos, o que justificaria a
apreciação do mérito dos recursos extraordinários, devendo-se
reputar satisfeito o requisito de admissibilidade previsto no art. 102,
§ 3º, da CF. Assim, tendo em conta a declaração de
inconstitucionalidade superveniente e a relevância jurídica
correspondente à presunção de constitucionalidade das leis, à
unidade do ordenamento jurídico, à uniformidade da tributação
federal e à isonomia, assentou-se que o tema apresentaria
repercussão geral. Os Ministros Ellen Gracie, Ayres Britto, Gilmar
Mendes e Marco Aurélio admitiam, na situação em apreço, a
revisão da tese anterior, nos termos mencionados no art. 543-A, §
5º, do CPC (“§ 5º Negada a existência da repercussão geral, a
decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que
serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos
termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.”). RE
614232 AgR-QO/RS e RE 614406 AgR-QO/RS, rel. Min. Ellen
Gracie, 20.10.2010. (RE-614232)

Perlustrando esse caminho, Luiz Guilherme Marinoni é enfático:

O precedente deve ser revogado quando não mais corresponde aos


padrões de congruência social quando passa a negar proposições
morais, políticas e de experiência. Não tem consistência sistêmica
quando não guarda coerência com as decisões da própria Corte
Suprema. Isso ocorre especialmente quando a Corte passa decidir
com base em proposições incompatíveis com as que sustentam o
precedente. O precedente ainda deve ser revogado quando há
alterações da concepção legal sobre o direito, revelada em artigos,
livros e decisões, bem como quando o precedente tem em sua base
um equívoco...

O controle de constitucionalidade, antes citado, advém do princípio


da supremacia da Constituição sobre os demais atos normativos. É
princípio constitucional, que a lei infraconstitucional é subordinada e
deve se ajustar à letra e ao espírito da Constituição.

A propósito, estas são as lições de Dirley da Cunha Júnior,


quando professa que:
O princípio da interpretação conforme a Constituição também
consiste num princípio de controle de constitucionalidade, mas que
ganha relevância para a interpretação constitucional quando a
norma legal objeto do contrato se apresenta com mais de um
sentido ou significado (normas plurissignificativas ou polissêmicas),
devendo, nesse caso, dar-se preferência à interpretação que lhe
empreste aquele sentido – entre os vários possíveis – que
possibilite a sua conformidade com a Constituição.
Este princípio vista prestigiar a presunção juris tantum de
constitucionalidade que milita em favor das leis, na medida em que
impõe, dentre as várias possibilidades de interpretação, aquela que
não contrarie o texto constitucional, mas que procure equacionar a
investigação de compatibilizando a norma legal com o seu
fundamento constitucional. A ideia subjacente ao princípio em
comento consiste na conservação da norma legal, que não deve ser
declarada inconstitucional, quando, observados os seus fins, ela
puder ser interpretada em consonância com a Constituição...

Em arremate, conclui-se que o fundamento de culpa do Recorrente


ou imprudência é descabida, ofendendo, inclusive, as regras
constitucionais supra-anunciadas. Deve, assim, ser a mesma
afastada do caso concreto, com a utilização do INPC a título de
corretivo legal.

Respeitosamente, pede deferimento.

Rio de Janeiro, 00 de xxxxxx de 0000.

Rômulo Borges Advogado – OAB xxx (To

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