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EXCELENTÍSSIMOS SENHORES MINISTROS DA 5ª TURMA DO TRIBUNAL

SUPERIOR DO TRABALHO - TST.

PROCESSO Nº TST-ED-Ag-AIRR-100670-42.2019.5.01.0482

UTC ENGENHARIA S.A. (EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL), por sua


procuradora que a presente subscreve, nos autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA,
ajuizada por ELIZABETH GONCALVES DOS REIS em curso perante esse Tribunal
Superior e sob o número em referência, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência
interpor o RECURSO EXTRAORDINÁRIO com fundamento nos artigos 102, III, “a” da
Constituição Federal e art. 1029 e seguintes do CPC, nos termos das razões anexas,
requerendo que, processadas as formalidades legais e de praxe, sejam os autos encaminhados
ao Colendo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, com as anexas razões.

Nestes termos.
P. deferimento
São Paulo, 20 de setembro de 2023.

Edna Maria Lemes | OAB/SP 113.776

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Edna Lemes Sociedade Individual de Advocacia - Av. São Gabriel, nº 201 conj. 909 Jardim Paulista São Paulo – SP.CEP 01435-001
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AO COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Recorrente: UTC Engenharia S/A (Em Recuperação Judicial).


Recorrido: Elizabeth Goncalves dos Reis
Processo Nº TST-ED-Ag-AIRR-100670-42.2019.5.01.0482
Origem: TRT 1ª Região - 2ª Vara do Trabalho de Macaé - RJ

DAS RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Excelentíssimos Senhores Ministros,

Em que pese o v. acórdão de Embargos de Declaração prolatado nos


termos do voto condutor, demonstrando notável saber jurídico, tem-se que a decisão, não
caracteriza a adequada entrega da prestação jurisdicional pelo Estado, em sintonia com o
disposto no art. artigo 5º da CF, XXXV, XXXVI, LIV, LV e LXXIV, bem como o disposto na
Orientação Jurisprudencial 269/TST-SDI-I o que afasta a indeferimento do processamento
do recurso.

Ademais, conforme demonstrado e comprovado nos autos a recorrente


encontra-se em Recuperação Judicial em curso perante a 2ª Vara Cível Vara Empresarial da
Comarca da Capital/SP, Processo nº 1069420-76.2017.8.26.0100, atraindo a incidência do art.
899, § 10º, da CLT (incluído pela Lei nº 13.467/2017), no sentido de que "São isentos do depósito
recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação
judicial". o que afasta a indeferimento do processamento do recurso.

Na hipótese dos autos e com base nos art. 899, § 10º, da CLT e 47 e 172,
da Lei nº 11.101/2005, não se aplica a exigência de garantia do juízo, conforme entendimento
da jurisprudência, a situação dos autos permite a convivência harmônica do art. 884 da CLT
com a garantia constitucional de acesso à Justiça, devido processo legal e o contraditório e
ampla defesa (art. 5º, XXXV, XXXVI, LIV, LV e LXXIV, da CF) e o princípio da preservação
da empresa (art. 47 da Lei nº 11.101/2005).

Apenas para registro a Recorrente demonstrou de forma cabal e robusta sua


hipossuficiência financeira, no Recurso Ordinário (Id. e047f68), Manifestação (Id. 22fcd2a),
Recurso de Revista (Id. 74c34ff), Agravo de Instrumento (Id. a47f5c1) e Agravo Interno (Fls.
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593 – ordem crescente PDF), Manifestação (Fls. 602 – ordem crescente PDF) e Embargos de
Declaração (Fls. 640 – ordem crescente PFD).

Ainda, com relação à indicação do trecho da decisão que consubstancia


o prequestionamento da matéria impugnada no recurso, não há qualquer disposição na
norma legal dispondo que é vedado a parte transcrever o acórdão na íntegra e que deve ser
transcrito apenas o trecho da decisão objeto da controvérsia, diante da ausência de como
deve ser apresentado o trecho da decisão objeto da controvérsia não pode se negado
provimento ao recurso sob alegação da vedação de transcrição do acórdão, está cabalmente
demonstrado que a parte atendeu o disposto na lei e que o acordão afronta o art. 5º, II da CF.

DOS PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

Em cumprimento aos termos do Regimento Interno desse STF, assinala-


se o atendimento dos seguintes pressupostos:

A. Da Tempestividade: A publicação da decisão ocorreu em 01/09/2023 (sexta-feira),


iniciando a contagem no próximo dia útil, a saber, em 04/09/2023 (segunda-feira),
assim, considerando o prazo de 15 dias úteis, para interposição do presente recurso
extraordinário e feriado do dia 07/09 – Independência do Brasil – prazo prorroga-se
para o dia 25/09/2023 (segunda-feira), protocolado nesta data, revela-se tempestivo o
Recurso Extraordinário.

B. Do Preparo: O preparo recursal – por se tratar de empresa em recuperação judicial a


Recorrente está isenta do recolhimento da garantia recursal, nos termos do art. 899,
§10º da CLT, artigo 47 e 172, da Lei nº 11.101/2005, e o estado de recuperação judicial
faz prova da incapacidade financeira da Recorrente.

C. Da Representação: A patrona subscritora do presente recurso está devidamente


habilitada nos presentes autos com procuração protocolo.

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DO CABIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

O presente recurso encontra supedâneo no permissivo constitucional do


art. 102, III, “a” da Constituição Federal, visto que acórdão do C. TST viola o conteúdo das
normas dispostas artigo 5º, XXXV (violação direta da apreciação do Poder Judiciário ante
lesão ou ameaça a direito), XXXVI (violação ao princípio da segurança jurídica), LIV
(violação direta ao princípio do devido processo legal), LV (violação direta da ampla
defesa, contraditório) e LXXIV (violação a garantia de acessibilidade econômica e garantia
de acessibilidade técnica) da CF, além Orientação Jurisprudencial 269/TST-SDI-I, o que
afasta a indeferimento do processamento do recurso.

DA REPERCUSSÃO GERAL DA PRESENTE QUESTÃO CONSTITUTICIONAL.


EMPRESA EM CRISE. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

O presente Recurso Extraordinário visa a demonstrar que o C. Tribunal


Superior do Trabalho deixou de propiciar ao Recorrente a devida e completa prestação
jurisdicional assegurada pela Constituição Federal.

Conforme exige os artigos 102, § 3º da Constituição Federal e art. 1.035


do CPC, demonstra-se que a matéria trazida para análise neste recurso, possui relevância
econômica, política, social e jurídica, bem como transcende o interesse subjetivo das partes
do caso em concreto.

O presente recurso abordará a condenação da Recorrente sobre a


garantia do juízo e concessão da justiça gratuita. No caso dos autos, logrou a Recorrente
demonstrar a dificuldade financeira e a impossibilidade de arcar com as custas processuais e
garantia do juízo na execução provisória, por estar em recuperação judicial, sendo que as
decisões proferidas pelo juízo do processo de recuperação judicial fazem prova da
dificuldade financeira, assim como o relatório do administrador judicial que aponta que a
Recorrente apresenta caixa negativo de R$ 62 milhões de reais.

Assim, verificada situação excepcional a ensejar o benefício pretendido


e a isenção das custas, além de afastar necessidade de depósito recursal e garantia do Juízo
na fase execução, cujas exigências são incompatíveis com os princípios que norteiam o
instituto da recuperação judicial e com a competência por atração universal.

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Mais adiante a problemática do presente processo será abordada de
forma mais detalhada. Entretanto, a fim de demonstrar o cumprimento do art. 102, § 3º da
CF, a Recorrente passa a demonstrar precipuamente a repercussão do tema tratado no
presente recurso.

Art. 102. CF.

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a


repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos
termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso,
somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

O presente tema é recorrente no âmbito global, e merece ser dirimido por este
Supremo Tribunal Federal, a fim de que não haja mais dúvidas com relação a isenção da garantia do
juízo para empresa em crise.

“Data máxima vênia”, exigir da empresa em recuperação judicial o pagamento das


despesas processuais, das custas e inclusive a garantia do juízo viola expressamente o Artigo 5º e incisos:
artigo 5º, XXXV (violação direta da apreciação do Poder Judiciário ante lesão ou ameaça a direito),
XXXVI (violação ao princípio da segurança jurídica), LIV (violação direta ao princípio do devido
processo legal), LV (violação direta da ampla defesa, contraditório) e LXXIV (violação a garantia de
acessibilidade econômica e garantia de acessibilidade técnica) da CF, além Orientação Jurisprudencial
269/TST-SDI-I.”

Assim, percebe-se que as violações constitucionais ultrapassam o


interesse subjetivo das partes. Isto porque se trata de agressão a preceitos constitucionais
inerentes as GARANTIAS SOCIAIS, o que, por si só, já atesta o interesse coletivo e jurídico
do processo.

Denota-se que o presente recurso extraordinário contém questões


constitucionais de repercussão geral do ponto de vista jurídico e social que ultrapassam o
interesse subjetivo das partes, merecendo, pois, ser admitido.

Ante o exposto, requer seja por esse Colendo Superior Tribunal Federal
acolhido, apreciado e julgado o presente Recurso Extraordinário com repercussão geral de matéria
Constitucional apresentada.
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DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Trata-se de processo em fase de recursal, que em face da r. sentença (Id.


615e690) que acolheu parte dos pedidos da prefacial, a Recorrente interpor Recurso
Ordinário, contra o v. acordão (Id. f47c72e) por não admitiu o apelo em razão de ser deserto,
em seguida Recurso de Revista, a fim de conhecer o apelo, contudo, foi denegado seguimento
(Id. 915cd7c), em ato continuo interpôs Agravo de Instrumento, a fim de ver reformada r. despacho,
contudo foi negado seguimento ao apelo.

Diante da r. decisão, o Recorrente interposto Agravo Interno e


manifestação esclarecendo que se encontra em recuperação judicial e, portanto, dispensa de
recolhimento de depósito recursal e custas, além de comprovar seu direito aos benefícios da
Assistência Judiciária Gratuita, com fundamento na Constituição Federal.

Contudo, o v. acórdão (fls. 634 – ordem crescente PDF) negou


provimento ao apelo por entender que a Recorrente não comprovou o recolhimento de custas
dentro do prazo recursal e que o art. 899, § 10, da CLT isenta a Recorrente (empresa em
recuperação judicial) apenas do pagamento do depósito recursal, bem como não foi
comprovado à insuficiência de recursos, nos termos do art. 790, § 4º, da CLT e da diretriz
consagrada na Súmula 463, II, do TST.

Em decorrência da decisão supra, a Recorrente opôs Embargos de


Declaração para sanar o vicio do julgado e prequestionar a matéria, no entanto, foi negado
provimento por entender que houve nítido intento de reanálise da matéria, inclusive, com
repetição de argumentos trazidos em sede de recurso de revista, já rebatidos, ainda que
indiretamente.

A par disso, como será comprovado a seguir, que r. decisão milita


contra os princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, vez que a
matéria do recurso é justamente a isenção de depósito recursal/custas e benefícios da justiça
gratuita.

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Em face do v. acórdão, proferida pela 5ª Turma do C. TST, a Recorrente
ingressa com o presente Recurso Extraordinário pelos fundamentos a seguir expostos.

DA IMPUGNAÇÃO A DECISÃO QUE NEGOU PROVIMENTO AO AGRAVO


INTERNO

Primeiramente, importante ressaltar que a matéria entabulada no


recurso da Recorrente é de estrema relevância conforme restará demonstrado nos tópicos
seguintes, vez que se trata de matéria que envolve empresa em recuperação judicial sendo
que as decisões proferidas nos autos da recuperação judicial e juntadas nos presentes autos
(Fls. 603 e seguintes – ordem crescente PDF) comprovam o estado de hipossuficiência da
Recorrente, sendo assim devida concessão da justiça gratuita e dispensa de recolhimento de
deposito recursal e custas.

O acórdão que negou provimento ao Agravo Interno da Recorrente, sob


o argumento de que a Recorrente não comprovou o recolhimento de custas dentro do prazo
recursal e que o art. 899, § 10, da CLT isenta a Recorrente (empresa em recuperação judicial)
apenas do pagamento do depósito recursal, bem como não foi comprovado à insuficiência de
recursos, nos termos do art. 790, § 4º, da CLT e da diretriz consagrada na Súmula 463, II, do
TST.

Data vênia, o v. acórdão milita contra os princípios do contraditório, da


ampla defesa e do devido processo legal, vez que a decisão que não conheceu Recurso
Ordinário por deserto.

A Recorrente demonstrou que o v. acórdão, teve o condão de violar de


uma só vez diversos princípios de ordem constitucional.

Isto porque, primeiro convalidou o malferimento, de uma só vez, do


acesso ao Judiciário em seu duplo grau de jurisdição, impedindo, com isso, que se analisasse
lesão e ameaça aos seus direitos como empregadora recorrente, independentemente do
pagamento de taxas/custas (Art. 5º, XXXIV, XXXV, da CF/88).

Ou, ainda, violação ao art. 5º, LXXIV, da CF/88, eis que houve negativa
de prestação jurisdicional pelo Estado, mesmo diante da insuficiência de recursos da
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Recorrente, eis que, se não bastasse a questão da recuperação judicial, passamos a ter o
agravamento com a pandemia mundial do Covid-19.

Logo, a consequência da violação de todos os preceitos legais e


constitucionais acima destacados, é o desaguar na violação de outro princípio pétreo de
nosso ordenamento jurídico, qual seja, o da ampla defesa e contraditório (Art. 5º, LV, da
CF/88).

Ora, parece claro que, diante do v. acordão houve o cerceio à defesa da


Recorrente, em arrepio ao quanto inserto no Texto Constitucional de 1988, em seu art. 5º, LV,
o qual é insuperável por qualquer outro regramento, sendo cláusula pétrea de nosso
ordenamento.

Diante de todo o acima exposto, a Recorrente requer o conhecimento e


provimento do presente Recurso Extraordinário para reformar a decisão proferida pela 5ª
Turma do TST, dar provimento ao Agravo Interno, a fim de processar, julgar e dar
provimento o Agravo de Instrumento e ao Recurso de Revista, bem como dar provimento
ao Recurso de Ordinário para determinar conceder os benefícios da justiça gratuita e
isentá-la de recolhimento de deposito recursal e custas, por violação a Constituição Federal
em seu Artigo 5º e incisos: XXXV (violação direta da apreciação do Poder Judiciário ante
lesão ou ameaça a direito), XXXVI (violação ao princípio da segurança jurídica), LIV
(violação direta ao princípio do devido processo legal), LV (violação direta da ampla
defesa, contraditório) e LXXIV (violação a garantia de acessibilidade econômica e garantia
de acessibilidade técnica) da CF, além Orientação Jurisprudencial 269/TST-SDI-I.

DA VIOLAÇÃP AO ART. 5º, XXXV, XXXVI, LIV, LV e LXXIV, DA CF. ORIENTAÇÃO


JURISPRUDENCIAL 269/TST-SDI-I.
DA PROVA DOCUMENTAL DO ESTADO DE CRISE FINANCEIRA ENFRENTADO
PELA RECORRENTE.

Restou indeferido à Recorrente o acesso aos benefícios da Assistência


Judiciária Gratuita (Fls. 634 – ordem crescente PDF), sob o fundamento de que não há
comprovação da hipossuficiência da empresa - inteligência da Súmula 463, II, do C. TST e
que a Recorrente não acostou aos autos documentos comprobatórios suficientes para
comprovação cabal da impossibilidade de arcar com as despesas do processo.

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Fato é que, o v. acórdão recorrido não observou as provas nos autos de
que a Recorrente encontra-se em séria situação de hipossuficiência financeira em razão da
Recuperação Judicial.

Como será demonstrado e comprovado a seguir, dentro do trâmite do


processo de Recuperação Judicial, foi determinada a realização de perícia para apuração da
real situação financeira da Recorrente, a fim de se processar ou não a Recuperação Judicial, e
nesta perícia restou mais que comprovada a situação precária da Recorrente.

Não é bastante ressaltar que o benefício da justiça gratuita pode ser


requerido a qualquer tempo consoante ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 269/TST-SDI-
I, portanto, requer seja analisado com diligência o presente Recurso Extraordinário e
documentos acostados.

Com todo o respeito o v. acórdão (Fls. 634 – ordem crescente PDF), não
agiu corretamente ao apontar que a Recorrente não teria comprovado o seu estado de
hipossuficiente, pois a Recorrente acostou aos autos cópia da recuperação judicial que
comprovam o estado de crise da Recorrente. (Fls. 602 – ordem crescente PDF). E foi sim
comprovado o estado de crise financeira e insuficiência de recurso o que impediu o
recolhimento das custas nos presentes autos.

Como se vê há nos autos provas robustas do estado de insuficiência


financeira da recorrente.

Conforme já informado nos presentes autos, foi distribuída a ação de


Recuperação Judicial da Recorrente no dia 17/07/2017, e tal fato decorreu da crise econômica
e financeira que atinge o país desde 2014. Após a distribuição da ação foi determinada a
perícia técnica pelo juízo universal e somente após a apresentação do laudo é que em
17/08/2017, com a robusta e inequívoca prova da dificuldade financeira da Recorrente, é que
foi deferido o processamento da ação de recuperação e ainda, foi deferida a suspensão dos
atos executórios contra a Recorrente, onde o juízo da Recuperação Judicial expressamente
reconheceu judicialmente a crise econômico-financeira da Recorrente conforme print do
trecho da decisão (Doc. 01) abaixo:

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Intimado, prestado o compromisso, o perito judicial, realizou as
diligências necessárias e investigações elaborou o laudo o qual foi apresentado apontando de
forma expressa em sua Conclusão a dificuldade financeira da Recorrente, conforme se
observa do relatório ora acostados aos autos (Doc. 02) , e a concessão da recuperação
judicial isso é prova inequívoca da crise financeira da Recorrente cuja decisão junta nos
presentes autos (Doc. 03), expressamente reconheceu a crise financeira da Recorrente e o seu
direito à recuperação, segue print abaixo:

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E somente após a apresentação do laudo é que em 17/08/2017, com a
robusta e inequívoca prova da dificuldade financeira da Recorrente, é que foi pelo juízo
universal deferido o processamento da ação de recuperação e ainda, foi deferida a suspensão
dos atos executórios contra a Recorrente, onde o juízo da recuperação judicial
expressamente reconheceu judicialmente a crise econômico-financeira da Recorrente.

Todas as provas da situação de dificuldades financeiras da Recorrente


foram acostas aos autos.

Vale lembrar que o Ministério Público participa da recuperação


judicial, como custos legis, para inclusive, fiscalizar os atos, como dito em linhas acima, foi
pelo Juízo Cível determinada a realização de perícia contábil na empresa antes do
deferimento do processamento da ação, sendo que a perícia comprovou de forma
inequívoca e robusta a crise financeira da Recorrente, portanto, não se pode admitir que
não foi pela Recorrente produzida a prova da hipossuficiência financeira e se não existisse
a prova da dificuldade financeira o Ministério Público não teria concordado com a concessão
da recuperação judicial.

Não reconhecer toda a prova documental como prova de dificuldade


financeira da Recorrente, é o mesmo que não reconhecer os atos do juízo da recuperação
judicial e do Ministério Público.

A Recorrente continua em Recuperação Judicial perante a 2ª Vara de


Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo sob o processo Nº 1069420-
76.2017.8.26.0100 e conforme Relatório o Administrador Judicial, conforme documentos
colacionados (Doc. 04/05).

O Relatório emitido pelo Administrador judicial informa que o plano


de recuperação homologado pelo juízo universal está sendo cumprido, sendo que até o dia

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06 de setembro de 2022, foi liquidado a importância de R$264 milhões, aos credores classes
I, II, III, IV e aderentes.

Informou ainda o Administrador Judicial, que a receita líquida no


primeiro semestre de 2022 foi de R$ 75 milhões, que se faz insuficiente para cobrir todos os
gastos incorridos no mesmo período, refletindo no resultado negativo na importância
próxima a R$ 62 milhões, sendo que o relatório apresenta anexo II Análise Financeira,
evolução do ativo e demais informativos sobre a situação de miserabilidade financeira da
Recorrente.

A situação de insuficiência financeira da Recorrente, se comprova pelo


incluso relatório e emitido pelo administrador judicial o qual é confeccionado mês a mês e
apresentado ao juízo universal (Doc. 02 e 04/05).

E diante do acima exposto, restou robustamente comprovado a


hipossuficiência da Recorrente por meio da documentação juntada (Fls. 602 – ordem
crescente PDF).

Fato é que, o acórdão não observou as provas nos autos de que a


reclamada se encontra em séria situação de hipossuficiência financeira em razão da
recuperação judicial.

De outro lado, olvidou v. acórdão recorrido que a concessão da justiça


gratuita aos necessitados encontra amparo no artigo 5º da CF, XXXV, XXXVI, LIV, LV e
LXXIV, além da ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 269/TST-SDI-I, assegura o direito ao
contraditório e ampla defesa dos litigantes, negar a concessão da justiça gratuita à Recorrente
é negar o direito do contraditório e ampla defesa constitucionalmente assegurado.

Destarte, a Recorrente não possui condições de dispor de valores, para


pagamento de: emolumentos, taxas, honorários periciais, honorários advocatícios, custas
processuais, depósitos recursais (garantia recursal) e depósitos judiciais (garantia execução),
sem afetar diretamente o seu funcionamento, sendo que todo o seu patrimônio/recurso, foi
direcionado para o fiel cumprimento do processo de recuperação e para se recolocar no
mercado.

A par disso, com fundamento no e artigo 5º da CF, LXXIV e LV


assegura o direito ao contraditório e ampla defesa dos litigantes, requer a Recorrente que o
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presente recurso seja conhecido e provido o para conceder os benefícios à assistência
judiciária gratuita, em especial em face da prova documental que atesta a situação de
insuficiência financeira da Recorrente.

Caso não seja esse o entendimento, requerem as Recorrentes que o


presente recurso seja conhecido e provido para determinar o retorno dos autos ao C. TST
para que manifeste sobre a existência da prova documental juntada aos autos durante
marcha processual comprovando a situação de insuficiência financeira da Recorrente, sendo
que prova documental são documentos extraídos dos autos do processo de recuperação em
que foi reconhecida a crise financeira das Recorrentes e por isso foi deferido a recuperação
judicial.

VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA -


APRECIAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO ANTE LESÃO OU AMEAÇA A DIREITO -
SEGURANÇA JURÍDICA - DEVIDO PROCESSO LEGAL

Importante ressaltar neste momento a matéria objeto do recurso foi


inadmitido por entender que não houve recolhimento de custas no Recurso Ordinário,
contudo, o v. acórdão viola os princípios do Contraditório, da Ampla Defesa e do Devido
Processo Legal estabelecidos na Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos LIV, LV. A
referida decisão não merecer prosperar, pois entra em conflito com o que determina a Lei de
Recuperação Judicial.

A Lei nº 13.467/2017 exclui a necessidade de depósito recursal pela


Empresa em Recuperação Judicial, nos termos do art. 899, § 10º, da CLT, e, por isso,
incompatível com os princípios que norteiam o instituto da recuperação judicial e com a
competência por atração universal.

É cediço que as execuções trabalhistas de Empresas em Recuperação


Judicial, não podem ser efetivadas nos autos dos respectivos processos trabalhistas, mas sim
por meio de certidão de habilitação de crédito nos autos da ação de recuperação judicial após
o trânsito em julgado. Razão pela qual, a exigência de garantia do juízo no trâmite no
processo trabalhista entra em conflito com a determinação da Lei de Recuperação Judicial,
vez que eventual garantia depositada nos autos da reclamação trabalhista sequer poderá ser
liberada, pois existe um plano de recuperação judicial a ser seguido, e eventual pagamento/
liberação de valores fora do plano de recuperação judicial é tido como crime falimentar
(fraude contra credores), pois trata-se de privilégio de credores em detrimento de outros que
encontram-se habilitados no plano de recuperação aguardando pagamento.
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Além disso, todo o patrimônio e valores da Recorrente está sob o poder
e controle do Juízo da Recuperação Judicial, e o “desvio” de valores para garantir processos
em andamento certamente prejudicará e atrasará o deslinde da Recuperação Judicial.

E conforme amplamente informado nos presentes autos durante a


marcha processual, a Recorrente está em recuperação judicial, e consoante regra que se extrai
art. 899, § 10º, da CLT e 47 e 172, da Lei nº 11.101/2005, a Recorrente está dispensada do
recolhimento de custas processuais para o processamento do Recurso Ordinário.

Esse também é o entendimento da jurisprudência dos Tribunais


Regionais, conforme se infere dos arestos abaixo:

EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. RECUPERANDA. JUÍZO UNIVERSAL


DA RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO ENQUANTO
DURAR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXIGÊNCIA DE GARANTIA DO JUÍZO.
EMBARGOS À EXECUÇÃO. DEPÓSITO RECURSAL. PRINCÍPIO DA
PRESERVAÇÃO E DA CONTINUIDADE DA EMPRESA. COMPETÊNCIA POR
ATRAÇÃO. PROCESSAMENTO E CONHECIMENTO DOS EMBARGOS À
EXECUÇÃO. DESNECESSIDADE DE GARANTIA DO JUÍZO. Enquanto não
encerrada a recuperação judicial, não se pode falar de atos de execução de crédito a
ela sujeito fora do Juízo Universal, quando não houver devedor solidário ou
subsidiário ou responsável secundário fora da recuperação. A Lei nº 13.467/2017
exclui a necessidade de depósito recursal pela recuperanda, nos termos do art. 899,
§ 10, da CLT, que, sabidamente, tem natureza de garantia do Juízo, e, por isso,
incompatível com os princípios que norteiam o instituto da recuperação judicial e com
a competência por atração universal. No que tange à questão patrimonial, a lei, assim
como já vinha fazendo a jurisprudência do STJ e do STF, passou a dar à recuperanda
e à falida o mesmo tratamento, a fim de que o Juízo universal não sofra interferências
de eventuais execuções individuais. Com as alterações recentes promovidas pela Lei
nº 14.112/2020 à Lei nº 11.101/2005 (art. 6º, Inciso III), qualquer exigência patrimonial
que possa implicar embaraço ao plano de recuperação passou a ser considerada
ilegítima e contrária aos princípios que norteiam o próprio instituto. Não se exige
garantia do Juízo por empresa em Recuperação Judicial como pressuposto de
processamento e conhecimento dos Embargos à Execução. Agravo Provido. (TRT-2
00016648920145020262 SP, Relator: MARIA ELIZABETH MOSTARDO NUNES,
12ª Turma - Cadeira 5, Data de Publicação: 08/03/2021).

AGRAVO DE PETIÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EMPRESA EM


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Considerando que a agravante encontra-se em
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recuperação judicial, foi-lhe concedida a isenção quanto à garantia do juízo, em sede
de Agravo de Instrumento. Com efeito, tendo em vista que os embargos à execução
não foram apreciados pelo juízo de origem, não há como julgar em sede de segundo
grau, matérias que não foram julgadas no juízo a quo, sob pena de incorrer em
supressão de instância. Apelo a que se dá provimento, determinando o retorno dos
autos à Vara de origem para apreciação dos embargos como melhor lhe aprouver.
(Processo: AP - 0000680-45.2016.5.06.0191, Redator: Sergio Torres Teixeira, Data
de julgamento: 16/03/2022, Primeira Turma, Data da assinatura: 17/03/2022) (TRT-6 -
AP: 00006804520165060191, Data de Julgamento: 16/03/2022, Primeira Turma,
Data de Publicação: 17/03/2022).

EMBARGOS À EXECUÇÃO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. GARANTIA


DO JUÍZO. DESNECESSIDADE. Nos termos da Tese Jurídica Prevalecente nº 2
deste Regional, limitando-se a competência da Justiça do Trabalho à apuração dos
créditos devidos, não se pode exigir da empresa em recuperação judicial a garantia
prévia de que trata o art. 884 da CLT, na medida em que, após a aprovação do plano
de recuperação, tem-se uma verdadeira limitação da autonomia empresarial em
relação aos atos de disposição do próprio patrimônio, nos exatos termos do art. 66 da
Lei nº 11.101/2005. (TRT-12 - AP: 08162200903712856 SC 08162-2009-037-12-85-
6, Relator: UBIRATAN ALBERTO PEREIRA, SECRETARIA DA 3A TURMA, Data
de Publicação: 15/03/2019)

Com efeito, além do v. acórdão regional violar expressamente o art. 5º


XXXV e LV, Constituição Federal, bem como com o princípio da preservação da empresa
artigo 47 da Lei nº 11.101/2005, divergência da jurisprudência do C. TST. in verbis:

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


PELA SEGUNDA EXECUTADA, TELEMAR NORTE LESTE S.A. (EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL). EMBARGOS À EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE
GARANTIA DO JUÍZO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O agravo de
instrumento merece provimento, com consequente processamento do recurso
de revista, haja vista que a segunda executada logrou demonstrar a
configuração de possível ofensa ao art. 5º, LV, da CF. Agravo de instrumento
conhecido e provido. B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
SEGUNDA EXECUTADA, TELEMAR NORTE LESTE S.A. (EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL). EMBARGOS À EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE GARANTIA DO JUÍZO.
EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O art. 47 da Lei nº 11.101/2005
preceitua que a recuperação judicial de uma empresa é um meio utilizado para
evitar sua falência, consistindo em uma tentativa de recuperar aquela atividade
evitando o fechamento e as consequentes demissões e o não pagamento dos
credores, a evidenciar, sem sombra de dúvidas, que se encontra financeiramente
incapaz de arcar com as despesas do processo. No caso, o Regional entendeu que
"o art. 899, § 10º, da CLT, isenta as empresas em recuperação judicial do depósito
recursal, na fase de recurso ordinário, mas não dispensa a necessidade de garantia
do juízo na fase de execução. Tanto é que a Lei nº 13.467/17, que acrescentou o §
6º ao artigo 884, da CLT, afastou a exigência de garantia da execução ou penhora
apenas às entidades filantrópicas, o que não é o caso da recorrente, inexistindo,
pois, suporte legal para o pleito. Sendo assim, ausente a garantia do valor devido,
patente que o escopo da exigência legal contida no artigo 884 da CLT, não foi
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atingido, notadamente para fins de oposição dos embargos à execução e, caso
improvidos, habilitar a interposição de agravo de petição (art. 897, ' a’, da CLT)".
Entretanto, tem-se que a executada não possui recursos para a garantia do juízo,
tendo em vista o deferimento da recuperação judicial, não havendo dúvidas,
outrossim, de que o pagamento dos débitos da empresa é realizado mediante
habilitação no juízo da recuperação judicial. Por conseguinte, exigir da executada a
garantia do juízo resultaria no comprometimento do próprio plano de recuperação
judicial, o qual tem a finalidade de viabilizar o soerguimento da empresa. Dessa
forma, observa-se que o acórdão recorrido foi de encontro aos princípios do
contraditório e da ampla defesa, insculpidos no inciso LV do art. 5º da CF,
mormente diante dos termos dos arts. 47, 49 e 52, III, da Lei nº 11.101/2005 e 899,
§ 10, da CLT e tendo em vista que, antes da expedição da certidão de crédito, para
habilitação no juízo universal, é preciso enfrentar as impugnações apresentadas a
fim de que haja o acerto dos cálculos de liquidação. Recurso de revista conhecido e
provido. (TST - RR: 103631120175030109, Relator: Dora Maria da Costa, Data de
Julgamento: 03/06/2020, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/06/2020).

A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


PELA EXECUTADA. EXECUÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE
GARANTIA DO JUÍZO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Em face da
possível violação do artigo 5º, LV, da CF, dá-se provimento ao agravo de
instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de
instrumento conhecido e provido. B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
EXECUTADA. EXECUÇÃO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE
GARANTIA DO JUÍZO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O art. 47 da
Lei nº 11.101/2005 preceitua que a recuperação judicial de uma empresa é um
meio utilizado para evitar sua falência, consistindo em uma tentativa de
recuperar aquela atividade evitando o fechamento e as consequentes
demissões e o não pagamento dos credores, a evidenciar, sem sombra de
dúvidas, que se encontra financeiramente incapaz de arcar com as despesas
do processo. No caso, o Regional entendeu que o fato de a empresa se
encontrar em recuperação judicial, por si só, não a dispensa da obrigação de
garantir o juízo. Entretanto, tem-se que a executada não possui recursos para
a garantia do juízo, tendo em vista o deferimento da recuperação judicial, não
havendo dúvidas, outrossim, de que o pagamento dos débitos da empresa é
realizado mediante habilitação no juízo da recuperação judicial. Por
conseguinte, exigir da executada a garantia do juízo resultaria no
comprometimento do próprio plano de recuperação judicial, o qual tem a
finalidade de viabilizar o soerguimento da empresa. Dessa forma, observa-se
que o acórdão recorrido foi de encontro aos princípios do contraditório e da
ampla defesa, insculpidos no inciso LV do art. 5º da CF, mormente diante dos
termos dos arts. 47, 49 e 52, III, da Lei nº 11.101/2005 e 899, § 10, da CLT e
tendo em vista que, antes da expedição da certidão de crédito, para
habilitação no juízo universal, é preciso enfrentar as impugnações
apresentadas a fim de que haja o acerto dos cálculos de liquidação. Recurso
de revista conhecido e provido. (TST - RR: 1802720195100008, Relator: Dora
Maria Da Costa, Data de Julgamento: 23/09/2020, 8ª Turma, Data de
Publicação: 25/09/2020)

Da leitura do inteiro teor dos paradigmáticos precedentes acima


transcrito, extrai-se que a Empresa Recuperanda não pode ser obrigada a realizar
recolhimento de depósito recursal e custas, pela impossibilidade material e do objetivo de
evitar o comprometimento do caixa da companhia.
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E diante do acima exposto diferente do entendimento do v. acórdão
recorrido, ficou robustamente comprovada a insuficiência financeira da Recorrente, o que
autoriza o conhecimento e provimento do presente Recurso de Extraordinário, com
fundamento no art. 5º XXXV e LV, Constituição Federal, artigo 47 da Lei nº 11.101/2005 e
divergência da jurisprudência do C. TST, isentando-a de recolhimento de depósito recursa
e custas para o processamento do Recurso Ordinário.

Assim, ao deixar que reconhecer o apelo por falta de recolhimento de


custas, priva o acesso ao Judiciário em seu duplo grau de jurisdição, impedindo, com isso,
que se analisasse lesão e ameaça aos seus direitos como empregadora recorrente,
independentemente do pagamento de taxas (Art. 5º, XXXIV, XXXV, da CF/88).

Ou, ainda, violação ao art. 5º, LXXIV, da CF/88, eis que houve negativa
de prestação jurisdicional pelo Estado, mesmo diante da insuficiência de recursos do
Recorrente, eis que, se não bastasse a questão da recuperação judicial, passamos a ter o
agravante da pandemia mundial do Covid-19.

Logo, a consequência da violação de todos os preceitos legais e


constitucionais acima destacados, é o desaguar na violação de outro princípio pétreo de
nosso ordenamento jurídico, qual seja, o da ampla defesa e contraditório (Art. 5º, LV, da
CF/88).

Ora, o v. acórdão como se encontra, fere os princípios que lhe anulam


totalmente, quais sejam, princípios do contraditório e ampla defesa, apreciação do poder
judiciário ante lesão ou ameaça a direito, segurança jurídica e devido processo legal, previsto
no artigo 5ª, inciso XXXV, XXXVI, LIV, LV e LXXIV, da CF/88.

Destarte, observados os argumentos acima expostos, avultam razões


independentes e suficientes para reforma r. decisão recorrida.

Pelo provimento do recurso!

REQUERIMENTOS FINAIS

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Por todas as razões aqui expostas, requer a Recorrente seja recebido,
conhecido e dado integral provimento ao presente Recurso Extraordinário, para que, em face
das violações constitucionais arguidas, seja anulado ou reformado o v. acórdão recorrido,
com o retorno dos autos ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho para que julgue o feito
como de direito.

Termos em que,
Pede deferimento.

São Paulo, 20 de setembro de 2023.

Edna Maria Lemes |OAB/SP 113.776

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