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Nestes Termos,
E. Deferimento.
São Paulo, 14 de July de 2023.
RAZÕES DE RECURSO DE
REVISTA
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA TURMA,
PRELIMINAR
I.1. Do Cabimento do Recurso
I.2.2. Tempestividade
I.2.3. Preparo
O reclamante reitera o pedido de isenção do
pagamento das custas processuais que fora formulado pelo recorrente desde a prefacial e
devidamente deferido ao mesmo em sentença monocrática.
DA TRANSCENDÊNCIA
...
Horas extras - dobra da jornada em turnos ininterruptos e intervalo
O Juízo indeferiu horas extras relativas às dobras, uma vez que o reclamante não
teria demonstrado diferenças no demonstrativo de fl. 313.
Da análise dos cartões de ponto de fls. 183/193 permite-se aferir que o reclamante se
ativava na jornada diária de seis horas, com quinze minutos de intervalo. Havia
contraprestação de horas extras a 50% e 100% (por exemplo, contracheques de fls.
212/233).
Nas razões finais de fls. 313, o reclamante assim apontou valores remanescentes de
sobrelabor:
"O cartão de ponto de fls. 188 (id. f82760f), referente ao período de
16/05/2018 a 15/06/2018, demonstra que o reclamante efetuou 6:57 horas
extras. Já o recibo de pagamento do período de junho/2018, de fls. 221 (id.
36eb4d1 - pág. 11), demonstra o pagamento de 4:82 horas extras. Portanto,
restam diferenças ao reclamante".
Observa-se que tal menção genérica não se presta ao fim colimado, porque em
diversos dias foram computados no cartão de ponto como extraordinários minutos
inferiores a dez, contrariando o permissivo mínimo do art. 58, § 1º, da CLT.
Olvida o recorrente, outrossim, que a despeito do fechamento da folha ser efetivado
no dia 15, o pagamento de salários é efetuado até o quinto dia útil do mês seguinte ao
laborado (art. 459, § 1º, da CLT). O contracheque de julho de 2018 consigna
contraprestação de 8,98 horas extraordinárias a 50% (fl. 222). Não foram apontadas
diferenças válidas, portanto.
...
Ultrapassados dez minutos diários, faz jus o trabalhador à pausa de uma hora para
alimentação e descanso, com lastro no art. 71, § 4º, da CLT e no item IV, da Súmula
437, do TST.
Indevidos os reflexos, uma vez que não se constata a necessária habitualidade nesses
excedimentos. Ademais, após 11/11/2017, a redação do dispositivo celetista
retromencionado foi alterada, com o reconhecimento da natureza indenizatória da
verba e pagamento apenas do lapso suprimido, ou seja, 45 minutos.
...
Reforma parcial.
Foram consignados os poucos dias em que deixou de ser observado o intervalo, sendo
que a ausência de habitualidade afasta as integrações nas demais parcelas. Ademais,
como explicitado na decisão, após a reforma trabalhista, a verba passou a ostentar
natureza exclusivamente indenizatória, infensa a reflexos.
Decisões Paradigmas
DO MÉRITO
É o relatório.
VOTO
O Juízo indeferiu horas extras relativas às dobras, uma vez que o reclamante não
teria demonstrado diferenças no demonstrativo de fl. 313.
Da análise dos cartões de ponto de fls. 183/193 permite-se aferir que o reclamante se
ativava na jornada diária de seis horas, com quinze minutos de intervalo. Havia
contraprestação de horas extras a 50% e 100% (por exemplo, contracheques de fls.
212/233).
Nas razões finais de fls. 313, o reclamante assim apontou valores remanescentes de
sobrelabor:
"O cartão de ponto de fls. 188 (id. f82760f), referente ao período de
16/05/2018 a 15/06/2018, demonstra que o reclamante efetuou 6:57 horas
extras. Já o recibo de pagamento do período de junho/2018, de fls. 221 (id.
36eb4d1 - pág. 11), demonstra o pagamento de 4:82 horas extras. Portanto,
restam diferenças ao reclamante".
Observa-se que tal menção genérica não se presta ao fim colimado, porque em
diversos dias foram computados no cartão de ponto como extraordinários minutos
inferiores a dez, contrariando o permissivo mínimo do art. 58, § 1º, da CLT.
Olvida o recorrente, outrossim, que a despeito do fechamento da folha ser efetivado
no dia 15, o pagamento de salários é efetuado até o quinto dia útil do mês seguinte ao
laborado (art. 459, § 1º, da CLT). O contracheque de julho de 2018 consigna
contraprestação de 8,98 horas extraordinárias a 50% (fl. 222). Não foram apontadas
diferenças válidas, portanto.
Quanto ao intervalo intrajornada, justificou o indeferimento na ausência de
credibilidade da prova testemunhal de fls. 350/351. Alexandre Ferreira Correia teria
narrado situação ainda mais prejudicial do que aquela descrita pelo próprio
reclamante, evidenciando interesse de falsear a realidade das pausas para alimentação
e descanso. Assim, prevalecem as anotações nos cartões de ponto de fls. 183/193.
Do confronto desses documentos com contracheques, conclui-se que eventualmente
eram laboradas mais do que seis horas diárias. Cita-se como exemplo os dias
31/08/2017 e 02/09/2017 (fl. 183) e o dia 02/10/2017 (fl. 184), no qual o reclamante
extrapolou a jornada em 14 minutos, limite superior àquele previsto no art. 58, § 1º,
da CLT. Ultrapassados dez minutos diários, faz jus o trabalhador à pausa de uma
hora para alimentação e descanso, com lastro no art. 71, § 4º, da CLT e no item IV, da
Súmula 437, do TST.
Indevidos os reflexos, uma vez que não se constata a necessária habitualidade nesses
excedimentos. Ademais, após 11/11/2017, a redação do dispositivo celetista
retromencionado foi alterada, com o reconhecimento da natureza indenizatória da
verba e pagamento apenas do lapso suprimido, ou seja, 45 minutos.
Deverá ser adotado o divisor 180; o adicional de 50% usualmente utilizado nos
contracheques; a globalidade salarial (Súmula 264, do TST) e observados os dias em
que efetivamente houve labor, descontadas férias, licenças, etc. Permitida a dedução
de valores pagos durante a contratualidade, já comprovados nos autos, a teor da OJ
415, da SDI-1, do TST.
Reforma parcial.
Manifestação das partes quanto aos embargos recíprocos às fls. 470/471 e fls. 472/474,
pela rejeição.
É o relatório.
VOTO
Foram consignados os poucos dias em que deixou de ser observado o intervalo, sendo
que a ausência de habitualidade afasta as integrações nas demais parcelas. Ademais,
como explicitado na decisão, após a reforma trabalhista, a verba passou a ostentar
natureza exclusivamente indenizatória, infensa a reflexos.
Quanto à impugnação da reclamada, de que os intervalos intrajornada não integram
a jornada de trabalho (art. 71, § 2º, da CLT), ressalte-se que a condenação decorreu
dos minutos remanescentes apontados nos cartões de ponto, com lastro no art. 58, § 1º,
da CLT. Não houve incorporação do intervalo para efeito dessa jornada.
Adotada tese explícita sobre o tema, dá-se por prequestionada a matéria, ex vida
Súmula 297, do TST.
DA MATÉRIA
Neste sentido:
"a) para o repouso semanal e o feriado: as horas extras feitas durante a semana; b)
para o 13º, as horas extras feitas de janeiro a dezembro, inclusive; c) para a
indenização por tempo de serviço: as horas extras feitas no últimos 12 meses
anteriores ao desligamento; idem quanto ao aviso prévio indenizado; d) para as férias:
as horas extras feitas no período aquisitivo; e) para o salário-maternidade: as horas
extras feitas nos 6 meses anteriores ao início do afastamento" (José Serson.Curso de
Rotinas Trabalhistas. 33ª ed. São Paulo: RT, p. 345).
"A lei não define o que é habitualidade para efeito do pagamento de horas extras.
Podem ser consideradas habituais as horas prestadas na maior parte do ano, como de
mais de seis meses no ano ou então na maior parte do contrato de trabalho, se ele, por
exemplo, durou menos de um ano. Assim, se o empregado trabalhou três meses e as
horas extras foram prestadas em dois, elas são habituais" (MARTINS, Sérgio Pinto.
Comentários às Súmulas do TST. São Paulo: Atlas, 2005, p. 29)
Nestes termos.
E. deferimento.
São Paulo, 14 de July de 2023.