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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1292-04.2015.5.02.

0005
ACÓRDÃO
(7ª Turma)
GMAAB/tpn/

ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO APÓS A


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/14 E ANTES DA
VIGÊNCIA DA LEI 13.467/17.
AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM
RECURSO DE REVISTA.
MULTA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ARTS. 80 E 81
DO CPC. Conforme se depreende da leitura do
v. acórdão regional, o reclamante abusou do
seu direito de ação, na medida em que, tendo
conhecimento de que a resilição contratual se
deu por pedido de demissão, pleiteou em juízo
reflexos de horas extras sobre o aviso prévio
indenizado e sobre a multa de 40% do FGTS,
direitos não amparados pela respectiva forma
de extinção do contrato de trabalho. Quanto à
alegação de que a fixação de multa à parte
contrária dependeria da efetiva comprovação
dos danos por ela sofridos, o v. acórdão
regional não tratou da matéria por esse
enfoque nem tampouco foi instado a fazê-lo
por meio de embargos de declaração, estando,
portanto, preclusa a questão, nos termos da
Súmula 297, I, do TST. Logo, caracterizada a
má-fé a justificar a multa imposta, incólumes
os arts. 80 e 81 do CPC. Agravo conhecido e
desprovido.
HORAS EXTRAS. PLANTÕES. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 297, I, DO
TST. O reclamante sustenta que é fato
incontroverso a inexistência de acordo coletivo
entre as partes para a compensação da
jornada realizada em plantões (pág. 341).
Todavia, verifica-se dos termos do v. acórdão
regional que o mesmo foi silente quanto à
existência, ou não, do referido acordo coletivo,
fls. 2

constando apenas que “O autor reconheceu


quanto interrogado, depoimento a fls. 86, que ‘em
média de labor era de 01 final de semana
trabalhado para 02 de descansos’, ou seja, o
trabalho realizado em plantões era compensado
com folgas”. Portanto, o v. acórdão regional não
tratou da matéria nem tampouco foi instado a
fazê-lo por meio de embargos de declaração,
estando, dessa forma, preclusa a questão, nos
termos da Súmula 297, I, do TST. Agravo
conhecido e desprovido.
CONCLUSÃO: Agravo conhecido e
desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1292-04.2015.5.02.0005, em que
é Agravante RICARDO DOS SANTOS GOZZI PEDRO e é Agravado AGÊNCIA ESTADO
LTDA..

O Ministro relator, por meio de decisão monocrática às págs.


324-329, negou seguimento aos agravos de instrumento das partes.
Dessa decisão foi interposto agravo, com pedido de reforma,
apenas pelo reclamante (às págs. 331-343).
Foi apresentada contraminuta pela reclamada (págs. 346-348).
É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, conheço do


agravo.

2 – MÉRITO
fls. 3

Ao recurso de agravo de instrumento do reclamante foi


denegado seguimento, tendo constado daquela decisão que " A alegação do autor no
sentido de que consignou que se tratava de pedido de demissão não encontra respaldo no
quadro fático registrado. Ao contrário, o TRT fundamenta que não se trata de erro material.
Nesse contexto, para descaracterizar a litigância de má fé e admitir a violação dos artigos 80
e 81 do CPC, necessário seria o reexame de fatos e provas, procedimento vedado nesta
instância extraordinária. Incidência da Súmula 126 do TST. (...) Uma vez registrada no
acórdão do TRT a ocorrência de compensação, para se acolher o argumento de que inexistiu
a compensação, necessário seria o reexame da moldura fática delineada pelo TRT" (pág.
328-329).
Eis os termos do aludido despacho de admissibilidade:

“(...)
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Penalidades Processuais.
Alegação(ões):
- violação do(a) Código de Processo Civil, artigo 80, inciso I; artigo 81.
- divergência jurisprudencial indicada a partir da folha 189 (8 arestos).
O autor insiste na exclusão da multa por litigância de má-fé. Sustenta
que houve um simples equívoco do recorrente ao elaborar a petição inicial.
Consta do v. Acórdão:
Isso porque embora tenha solicitado demissão do emprego, requereu
que os reflexos das horas extras incidissem em aviso prévio indenizado e na
multa de 40% do FGTS, cujos títulos, contudo, não condizem com a forma da
resilição contratual.
Por sua vez, a multa foi fixada em 1% sobre o valor atribuído à causa e,
portanto, em percentual inferior àquele previsto pelo artigo 81 do Código de
Processo Civil e, quanto ao percentual de indenização da parte contrária, no
caso, a ré, não existe, no Código de Processo Civil em vigência, percentual a
ser fixado, ficando o mesmo a critério do julgador.
Releva notar que ao contrário do que apregoa o apelo, não há que se
falar em erro material quanto ao pedido de reflexos de horas extras no aviso
prévio indenizado e na multa de 40% do FGTS, em se se tratando de pedido
de demissão.
Não obstante a indicada afronta aos artigos 80 e 81 do NCPC, bem
como o dissenso interpretativo suscitado, inviável o seguimento do apelo,
uma vez que a matéria, tal como tratada no v. Acórdão e posta nas razões
recursais, reveste-se de contornos nitidamente fático-probatórios, cuja
reapreciação, em sede extraordinária, é diligência que encontra óbice na
Súmula n.º 126 do C. Tribunal Superior do Trabalho.
DENEGO seguimento quanto ao tema.
Duração do Trabalho / Sobreaviso/Prontidão/Tempo à disposição.
Alegação(ões):
fls. 4

- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 85, item I do Colendo Tribunal Superior


do Trabalho.
- divergência jurisprudencial indicada a partir da folha 192 (1 aresto).
Por fim, persegue o pagamento de extraordinárias com adicional de
100% para todas as horas trabalhadas com a rubrica "Plantão".
Consta do v. Acórdão:
O autor reconheceu quanto interrogado, depoimento a fls. 86, que "em
média de labor era de 01 final de semana trabalhado para 02 de descansos",
ou seja, o trabalho realizado em plantões era compensado com folgas. Não
obstante isso, contudo, apenas podem ser compensadas as horas inerentes à
jornada regulamentar do autor, ou seja, cinco horas diárias.
Por conseguinte, são devidas, como extraordinárias, as horas que
sobejarem a tal jornada, ou seja, são devidas duas horas diárias pelos
plantões realizados, com o adicional de 100%, mantida, quanto à ocorrência
desse labor, a média fixada pelo MM. Juízo a quo, qual seja, o trabalho aos
sábados em uma semana e no domingo, na outra.
Ao advogar contexto fático diverso daquele registrado no Acórdão, o
recorrente impôs necessário reexame do acervo probatório, providência que
não se compatibiliza com a natureza extraordinária do Recurso de Revista,
cuja admissão encontra obstáculo na Súmula nº 126 do TST.
Inviável, por essa circunstância, a alegação de divergência
jurisprudencial, pois naturalmente as situações fáticas são diversas (Súm.
296/TST).
DENEGO seguimento quanto ao tema.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao Recurso de Revista”.

2.1 – MULTA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Em suas razões de agravo, o reclamante sustenta, em síntese,


que pleiteou em sua exordial apenas os direitos que entedia que lhe eram cabíveis.
Aduz que, embora tenha pedido demissão, entendeu que os reflexos das horas extras
incidiam em aviso prévio indenizado e na multa referente aos 40% do depósito do FGTS.
Obtempera que “De qualquer modo, (i) tanto por se tratar de erro material, (ii) quanto pelo
fato de se caracterizar equívoco na interpretação da norma legal, (iii) ou mesmo por não ter
sido mencionado qualquer prejuízo à parte contrária, a multa não seria devida, pois não
suficiente para caracterizar a má-fé do litigante” (pág. 334). E passa a repisar a matéria de
fundo do recurso de revista quanto ao tema, sustentando que a “indenização por
litigância de má-fé pressupõe a demonstração de prejuízos sofridos pela parte
contrária” (pág. 335).
Indica violação dos arts. 80, I, e 81, do CPC; além de divergência
jurisprudencial acerca da matéria.
fls. 5

Eis os termos do v. acórdão regional transcritos no recurso de


revistas (pág. 247):

“Sem razão o recorrente.


Isso porque embora tenha solicitado demissão do emprego, requereu
que os reflexos das horas extras incidissem em aviso prévio indenizado e na
multa de 40% do FGTS, cujos títulos, contudo, não condizem com a forma da
resilição contratual.
Por sua vez, a multa foi fixada em 1% sobre o valor atribuído à causa e,
portanto, em percentual inferior àquele previsto pelo artigo 81 do Código de
Processo Civil e, quanto ao percentual de indenização da parte contrária, no
caso, a ré, não existe, no Código de Processo Civil em vigência, percentual a
ser fixado, ficando o mesmo a critério do julgador.
Releva notar que ao contrário do que apregoa o apelo, não há que se
falar em erro material quanto ao pedido de reflexos de horas extras no aviso
prévio indenizado e na multa de 40% do FGTS, em se se tratando de pedido
de demissão”.

À análise.
Conforme se depreende da leitura do v. acórdão regional, o
reclamante abusou do seu direito de ação, na medida em que, tendo conhecimento de
que a resilição contratual se deu por pedido de demissão, pleiteou em juízo reflexos de
horas extras sobre o aviso prévio indenizado e sobre a multa de 40% do FGTS, direitos
não amparados pela respectiva forma de extinção do contrato de trabalho firmado
entre as partes.
O art. 18, § 1º, da Lei 8.036/90 prevê que o direito à multa de 40%
sobre os depósitos do FGTS se dá apenas na hipótese de despedida pelo empregador
sem justa causa, in verbis:

“Art. 80, § 1º: Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa


causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS,
importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos
realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho,
atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. (Redação
dada pela Lei nº 9.491, de 1997)” (g.n.).

Por sua vez, não há que se falar em aviso prévio indenizado


quando há pedido de demissão.
Quanto à alegação de que a fixação de multa à parte contrária
dependeria da efetiva comprovação dos danos por ela sofridos, o v. acórdão regional
fls. 6

não tratou da matéria por esse enfoque nem tampouco foi instado a fazê-lo por meio
de embargos de declaração, estando, portanto, preclusa a questão, nos termos da
Súmula 297, I, do TST.
Logo, caracterizada a má-fé a justificar a multa imposta,
incólumes os arts. 80 e 81 do CPC.
NEGO PROVIMENTO.

2.2 – HORAS EXTRAS. PLANTÕES

Em suas razões de agravo, o reclamante sustenta, em síntese,


que a análise do tema independe da apreciação das provas dos autos, vez que é fato
incontroverso a inexistência de acordo individual firmado entre as partes (pág. 341).
Defende que “Segundo a disposição da Convenção, a compensação de horas trabalhadas
em Plantões só é válida se existente acordo comum entre a chefia e os jornalistas neste
sentido – valendo ressaltar ser incontroverso a inexistência do referido acordo” (pág. 341).
Eis os termos do v. acórdão regional transcritos no recurso de
revistas (pág. 252):

“O autor reconheceu quanto interrogado, depoimento a fls. 86, que “em


média de labor era de 01 final de semana trabalhado para 02 de descansos”,
ou seja, o trabalho realizado em plantões era compensado com folgas. Não
obstante isso, contudo, apenas podem ser compensadas as horas inerentes à
jornada regulamentar do autor, ou seja, cinco horas diárias.
Por conseguinte, são devidas, como extraordinárias, as horas que
sobejarem a tal jornada, ou seja, são devidas duas horas diárias pelos
plantões realizados, com o adicional de 100%, mantida, quanto à ocorrência
desse labor, a média fixada pelo MM. Juízo a quo, qual seja, o trabalho aos
sábados em uma semana e no domingo, na outra”.

À análise.
O reclamante sustenta que é fato incontroverso a inexistência de
acordo coletivo entre as partes para a compensação da jornada realizada em plantões
(pág. 341).
Todavia, verifica-se dos termos do v. acórdão regional que o
mesmo foi silente quanto à existência, ou não, do referido acordo, constando apenas
que “O autor reconheceu quanto interrogado, depoimento a fls. 86, que ‘em média de labor
era de 01 final de semana trabalhado para 02 de descansos’, ou seja, o trabalho realizado
em plantões era compensado com folgas”.
fls. 7

Portanto, mais uma vez, o v. acórdão regional não tratou da


matéria nem tampouco foi instado a fazê-lo por meio de embargos de declaração,
estando, portanto, preclusa a questão, nos termos da Súmula 297, I, do TST.
NEGO PROVIMENTO.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior


do Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao agravo.
Brasília, de de

ALEXANDRE AGRA BELMONTE


Ministro Relator

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