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EXMO. SR.

JUIZ DA 2ª VARA DO TRABALHO DE COTIA /SP

AUTOS DO PROCESSO Nº. 1000106-47.2022.5.02.0242


RECORRENTE: RL MIX COMERCIO DE ELETRONICOS LTDA - EPP

EVERTON VITOR DE CARVALHO, já qualificado


nestes autos, vem perante V. Exa., por seus procuradores, apresentar
CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO interposto por RL MIX
COMERCIO DE ELETRONICOS LTDA - EPP, conforme os fundamentos
que seguem anexos, requerendo seu devido processamento e encaminhamento à
Instancia Superior em conformidade com a legislação aplicável à espécie.

Nestes termos,
pede deferimento.

Cotia, 07 de fevereiro de 2023.

Marcos Roberto Dias Danielle Cristina Vieira de Souza


OAB/MG: 87.946 OAB/MG: 116.893
COLENDO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 02a REGIÃO

CONTRARRAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

Recorrente: RL MIX COMERCIO DE ELETRONICOS LTDA - EPP


Recorrida: EVERTON VITOR DE CARVALHO

Autos do Processo nº. 1000106-47.2022.5.02.0242

EMÉRITOS JULGADORES

As razões recursais interpostas pela Recorrente espelham


tão somente seu infundado inconformismo, mesmo em diante da perfeita
aplicação do direito, no que se refere às questões objeto de sua irresignação, tudo
em estrita observância as provas produzidas no feito e à legislação aplicável à
espécie, como se passa a demonstrar.

A) MÉRITO.

I – Dos Fundamentos Irretocáveis da Decisão de


Primeiro Grau no Que Tange as Aludidas Matérias – Razões de Recurso
Ordinário GENÉRICAS e que NÃO Apontaram Qualquer Vício que
Ensejasse a Reforma do r. Julgado.

Consoante se infere da peça de irresignação da Recorrente,


em que pese sua extensa fundamentação, não se observa qualquer enfrentamento
as razões de decidir que se encontre embasado em provas produzidas no feito ou
mesmo legislação que não tenha sido observada.

O que de fato não poderia ser diferente, já que basta uma


leitura mais atenta da r. sentença, para se depurar que o d. magistrado primevo
prolatou seu julgado com extrema cautela e estrita observância as provas
produzidas nos autos e as normas aplicadas à espécie.

Não bastassem, todas as razões do Recurso Ordinário


ora combatido são genéricas, veja Colenda Turma que em momento algum
foi citado pela Recorrente alguma prova seja testemunhal seja documental
que possa demonstrar algum tipo de equivoco no r. julgado.

Neste sentido, limita-se a Recorrente em alegar que a r.


decisão deve ser reformada, citando doutrina e jurisprudências que não se aplicam
ao caso em espécie, repita-se, e deixando de apontar qualquer prova que tenha
sido produzida no feito capaz de favorecer suas teses.
Assim, completamente ineficazes as razões recursais ora
combatidas, não tendo o condão de afastar a decisão judicial baseada em provas
robustas, sejam documentais ou testemunhais, que firmaram de forma inequívoca
o convencimento do d. Julgador primevo, logo, não há que se falar em qualquer
modificação no r. julgado, no que se refere as irresignações da Recorrente.

II - Da Jornada de Trabalho.

No tocante à jornada de trabalho, insurge-se a Recorrente


contra a sua condenação no pagamento de horas extras ao argumento de que as
horas extras laboradas foram quitadas ou compensadas.

Destarte, falece de razão, a Recorrente.

a) Da Comprovação de Trabalho em Sobrejornada –


Provas Documentais

Ora, resta indubitável que as horas extras laboradas não


eram quitadas e nem compensadas, conforme restou demonstrado na Impugnação
a Contestação, através do documento de Id. fac242f, não impugnados pela
Recorrente.

Neste sentido, mesmo sentido destacou a r. sentença:

“Analisando-se as diferenças indicadas pelo reclamante (ID. fac242f –


Pág. 1), verifica-se que houve trabalho em sobrejornada no dia
18/08/2021 (ID. fd65704 – Pág. 1) sem que houvesse comprovante de
pagamento (art. 464/CLT) de horas extras em contraprestação, o que
revela a existência de diferenças a serem pagas. Acolhem-se as horas
extras.

Além disso, o reclamante indicou os dias em que houve supressão do


intervalo intrajornada (ID. fac242f – Pág. 1), tal como ocorreu em
18/08 /2021 (ID. fd65704 – Pág. 1), quando o reclamante usufruiu de 36
(trinta e seis) minutos para repouso e alimentação”(g.n.)

Assim, a obrigação do Recorrido foi cumprida quanto ao


apontamento, já que demonstrou trabalho em horas extras, sem a sua quitação no
contracheque e a inexistência de compensação no mesmo mês.

Ressalta-se, ainda, que a compensação no formato de


trabalho levado a efeito pelo Recorrido se denota irregular, não tendo assim
qualquer validade, o que também impõe pelo pagamento de horas extras, por
ventura, irregularmente compensadas durante o liame empregatício.

Desta maneira, não há que se falar em reforma do julgado


neste particular.
b) Da Invalidade do Banco de Horas

Em que pese as alegações da Recorrente, tendo em vista


que a prestação de sobrelabor era habitual, resta anulado o Acordo Coletivo de
compensação de horas por banco de horas, já impugnado

Lado outro, conforme se extrai dos autos, a Recorrente


deixou demonstrar que o alegado banco de horas era eficaz para consignar os
créditos e débitos de horas, deixando de demonstrar então a alegada eficiência do
banco de horas.

Lado outro, ainda que se considerasse acordo de


compensação de jornada semanal ou via banco de horas como tenta forçar a
Recorrente, certo é que a prestação habitual de horas extras os descaracteriza, nos
termos do Enunciado 85 do TST.

A propósito, sobreo tema, transcreve-se o arresto abaixo


de lavra do TST. In verbis:

TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO - ACORDO DE


COMPENSAÇÃO - HORAS EXTRAS. A prestação de horas extras
habituais descaracteriza o acordo de compensação de horas (Precedente nº
220 da OJ-SDI1). Neste caso, as horas que ultrapassarem a jornada
semanal normal devem ser pagas como horas extras com o respectivo
adicional. Quanto àquelas destinadas à compensação, deve ser pago
apenas adicional por trabalho extraordinário, conforme preceitua o
Enunciado nº 85 do TST. Recurso conhecido e provido em parte. TST -
RR - 489862/1998.8.

Assim, como bem aduzido pela Recorrida em sede de


impugnação à contestação, em que pese a Recorrente alegar a existência acordo de
compensação de horas por norma coletiva, o mesmo é inválido, na medida que
não restou comprovado sua eficiência, bem como pelo fato da prestação de horas
extras serem habituais, o que, por si só, já invalida a compensação de horas.

Destaca-se que ainda que se leva-se em consideração a


alegação da Recorrente de que teria um ano para compensar as horas extas
laboradas pelo Recorrido, por isso não o fez, observa-se que da rescisão do
Recorrido não foi quitada qualquer hora extra não compensada, conforme se
observa no TRCT de Id. a0a550c:
Assim, não há que se falar em reforma do julgado quanto a
matéria em apreço, devendo ser mantida a decisão primeva por seus próprios e
jurídicos fundamentos.

II – Da Impossibilidade de Condenação da Recorrida


no Pagamento de Honorários Sucumbenciais

Inconformada com a decisão de origem também quanto a


tema honorários advocatícios sucumbenciais, aduz a Recorrente que em caso de
improcedência não haveria que se falar em pagamento da verba a favor dos
patronos da Recorrida.

Lado outro, requer a Recorrente que em caso de


sucumbência da Obreira, que sejam fixados honorários sucumbenciais em favor
de seus patronos, nos termos da lei.

Todavia, sem razão.

Em recente decisão proferida na ADI 5766, o Excelso


Supremo Tribunal Federal, declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos,
inseridos pela Lei 13.467/2017, que instituíam o pagamento de honorários
sucumbenciais e periciais pelo beneficiário da justiça gratuita.

Isso porque, sendo a parte autora beneficiária da justiça


gratuita, não é possível se falar em exigibilidade dos honorários advocatícios
sucumbenciais do advogado devidos ao patrono da parte Reclamada (art. 98, §2º,
do CPC).

Nesse sentido, veja-se a posição da melhor doutrina e a


posição do STF em diversos casos análogos.:
 "O texto constitucional é bem objetivo e incisivo ao assegurar a todos os
necessitados a prestação de assistência jurídica integral e gratuita.
O binômio não esconde nenhum mistério hermenêutico: nada pagará
quem buscar socorro no judiciário sem ter condições para arcar com as
despesas próprias de quem litiga. (....).
(...) Tal qual já indicava o art. 12 da Lei nº 1060/1950, atualmente
também revogado pelo novo CPC, este não isenta o beneficiário das
despesas enumeradas, mas apenas determina que tais obrigações
sucumbenciais fiquem sob condição suspensiva de exigibilidade pelo
prazo de 5 anos (prazo reduzido, na CLT, para 2 anos). Se, dentro do
lapso temporal estabelecido pela lei, sobrevier alteração relevante nas
condições financeiras do beneficiário, deverá ele quitar o débito com o
Judiciário; não havendo modificação na sua situação pessoal em tal
quinquênio (ou biênio, no caso dos processos trabalhistas, ficará
definitivamente exonerado de tais pagamentos.
Não é possível transigir interpretativamente nessa matéria porque a
assistência jurídica integral e gratuita é um instrumento fundamental de
viabilização do efetivo acesso à Justiça. (Antônio Umberto de Souza
Júnior, Fabiano Coelho de Souza, Ney Maranhão e Platon Teixeira de
Azevedo Neto. In "Reforma Trabalhista - Análise Comparativa e Crítica
da Lei Nº 13.467/2017; Editora Rideel; São Paulo; 2017; pág. 385/6).

A interpretação literal do dispositivo levaria à ofensa


ao princípio da isonomia processual (art. 5º, caput, da CF), por estabelecer, no
tocante à exigibilidade dos honorários advocatícios ao litigante beneficiário da
justiça gratuita, tratamento discriminatório para o processo do trabalho, locus
processual que procura efetivar direitos sociais trabalhistas em relação marcada
pela estrutural assimetria de partes, com tutela diferenciada processual e em
patamar inferior ao previsto no processo civil comum.

Em que pese o novo dispositivo da CLT e o CPC se


equipararem quanto à responsabilidade da parte sucumbente pelos honorários
sucumbenciais, ainda que beneficiária da justiça gratuita (art.791-A, §4º, primeira
parte, CLT e 98, §2º, CPC), diferem quanto à exigibilidade, e é nesse ponto que
se verifica o tratamento processual discriminatório, caso seja dada interpretação
literal ao dispositivo.

Diversamente do CPC, o legislador reformista (art. 791-A,


§4º, da CLT), introduziu exigibilidade dos honorários de sucumbência os quais
ficarão em condição suspensiva, "desde que não tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa", impondo, assim,
condicionante processual mais danosa e de injustificável discriminação, com claro
efeito mitigador do direito fundamental de acesso à ordem jurídica justa via Poder
Judiciário Trabalhista.

Acentua a desproporção do inconstitucional tratamento


processual aos litigantes na Justiça do Trabalho a se considerar que, sem que se
afaste a condição de pobreza que justificou o benefício, se preveja o empenho de
créditos trabalhistas, cuja natureza é alimentar superprivilegiada em relação a
todos os demais créditos, com a marca de intangibilidade garantida por todo o
ordenamento jurídico (arts. 100, par. 1º, e 7º, X, da CF; 83, I, da Lei 11.101/2005;
186 do CTN e 833, IV, do CPC).

Por ter o crédito trabalhista natureza alimentar, é verba da


qual o trabalhador se vale para sua sobrevivência e de sua família, não podendo
ser objeto de "compensação" para pagamento de honorários advocatícios.

Ademais, não é possível concluir que os créditos


trabalhistas decorrentes de decisões judiciais sejam "capazes de suportar" o
pagamento de honorários advocatícios, considerando não apenas a natureza
alimentar que lhe é intrínseca, mas também a condição da parte reclamante como
beneficiária da justiça gratuita.

A interpretação literal do dispositivo também resultaria em


ofensa ao princípio da isonomia em face do tratamento proeminente dado ao
crédito do advogado da parte ré, decorrente de honorários advocatícios
sucumbenciais, em detrimento do crédito do trabalhador oriundo de verbas
trabalhistas.
O art. 85, §14, do CPC, é expresso ao estabelecer que "os honorários
constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos
privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada
a compensação em caso de sucumbência parcial."

Assim, a mesma premissa normativa, que estabelece o


direito dos advogados a que o crédito oriundo de honorários advocatícios não seja
reduzido para pagamento de débitos respectivos das partes, deve ser utilizada aos
créditos trabalhistas, de natureza alimentar superprivilegiada. Assim, por coesão
interpretativa de todo o ordenamento jurídico, há que se concluir pela
impossibilidade de compensação de créditos alimentares trabalhistas da
Reclamante para pagamento de honorários advocatícios.

A interpretação literal do dispositivo também levaria à


ofensa à garantia fundamental de gratuidade judiciária à parte que não pode
arcar com despesas processuais sem comprometer seu sustento e de sua família e
ao direito ao amplo acesso a jurisdição (arts. 5o, XXXV, LXXIV, CF e art. 8º,
1, do Pacto de São José da Costa Rica).

A norma desconsidera que o mero fato de o trabalhador ter


percebido crédito trabalhista em ação judicial não elide, de forma genérica e por
si só, a situação de miserabilidade jurídica.

Não se pode concluir que o trabalhador, ao perceber


verbas trabalhistas devidas pela parte ré por inadimplemento decorrente do
contrato de trabalho, tenha passado a ter condições financeiras de suportar o
encargo relativo aos honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento e de sua
família.
Vale dizer, ainda que haja responsabilidade pelos
honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência (art. 98, §2º, do CPC), a
exigibilidade não pode estar atrelada à percepção de créditos trabalhistas
decorrentes de comando judicial na Justiça do Trabalho, já que se trata de verba
alimentar de que o trabalhador se vale para sua sobrevivência e de sua família -
repita-se.
Por oportuno, colaciona-se entendimento do STF quanto à
impossibilidade de compensação de créditos com encargos sucumbenciais de
responsabilidade de beneficiário da justiça gratuita:

DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. FGTS.


ATUALIZAÇÃO: CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO. ALEGAÇÕES DE PERDA DE
EFICÁCIA DE MEDIDAS PROVISÓRIAS E DE SUCUMBÊNCIA
MÍNIMA DOS AGRAVANTES. PREQUESTIONAMENTO. 1. A questão
agora suscitada, relacionada à alegada perda de eficácia das medidas
provisórias, não foi objeto de consideração no acórdão recorrido, sem
embargos declaratórios para que a omissão restasse sanada, faltando-
lhes, assim, o requisito do prequestionamento (Súmulas 282 e 356). 2. No
mais, como ressaltado pela decisão agravada: "em face da sucumbência
recíproca, será proporcionalizada a responsabilidade por custas e
honorários advocatícios, fazendo-se as devidas compensações,
ressalvado o benefício da assistência judiciária gratuita". 3. Sendo
assim, na liquidação se verificará o "quantum" da sucumbência de cada
uma das partes e, nessa proporção, se repartirá a responsabilidade por
custas e honorários, ficando, é claro, sempre ressalvada, quando for o
caso, a situação dos beneficiários da assistência judiciária gratuita,
que só responderão por tais verbas, quando tiverem condições para
isso, nos termos do art. 12 da Lei n 1.060, de 05.02.1950. 4. Agravo
improvido (AI 304693 AgR, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES,
Primeira Turma, julgado em 09/10/2001, DJ 01-02-2002 PP-00089
EMENT VOL-02055-05 PP-00973) , g.n.

Cite-se, nesse sentido, a lição da mais abalizada doutrina


do eminente jurista, professor e Ministro do C. TST, Mauricio Godinho Delgado,
e da eminente jurista, professora e advogada Gabriela Neves Delgado, em
comentário à regra em análise:

"A análise desse preceito, segundo já explicitado, evidencia o seu


manifesto desapreço ao direito e garantia constitucionais da justiça
gratuita (art. 5º, LXXIV, CF) e, por decorrência, ao princípio
constitucional do amplo acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV, CF). Se não
bastasse, desconsidera as proteções e prioridades que o ordenamento
jurídico confere às verbas de natureza trabalhista, por sua natureza
alimentar, submetendo-as a outros créditos emergentes do processo (...)
Agregue-se a esses novos desafios a regra jurídica já analizada (§4º do
art. 791-A da CLT) concernente à esterilização dos efeitos da justiça
gratuita no temário dos honorários advocatícios" (A reforma trabalhista
no Brasil: comentários à Lei n.13.467/2017, São Paulo:LTr, 2017, p. 327
e 329).

Nessa linha, merece também atenção o entendimento


exarado do Enunciado 100 da 2a Jornada de Direito Material e Processual do
Trabalho, promovida pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do
Trabalho - ANAMATRA, pela Associação Nacional dos Procuradores do
Trabalho-ANPT, pela Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas- ABRAT
e pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho-SINAIT:

"É inconstitucional a previsão de utilização dos créditos trabalhistas


reconhecidos em juízo para o pagamento de despesas do beneficiário da
justiça gratuita com honorários advocatícios ou periciais (artigos 791-A,
§ 4º, e 790-B, § 4º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº
13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à assistência judiciária
gratuita e integral, prestada pelo Estado e à proteção do salário (arts. 5º,
LXXIV, e 7º, X, da Constituição Federal)".

Ante todo o exposto, deve-se dar interpretação sistemática


conforme a Constituição no sentido de que, no caso concreto, eventuais créditos
percebidos pelo trabalhador neste ou em outro processo trabalhista são de natureza
alimentar e, portanto, não são "créditos capazes de suportar a despesa" de
honorários advocatícios, de que trata o §4º do art. 791-A da CLT.

Registre-se que não há que se falar em honorários


advocatícios em face dos pedidos julgados parcialmente procedentes segundo
pretendido pela Recorrente.

Isso porque o deferimento das parcelas vindicadas em


quantitativo inferior àquele alegado na exordial não importa sucumbência
recíproca no pedido específico, devendo ser observada, por analogia, a
inteligência da Súmula 326 do STJ, que determina que "na ação de indenização
por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial
não implica sucumbência recíproca". (GN)

Ressalte-se que tal entendimento é reforçado pelo teor do


parágrafo único do art. 86 do CPC, segundo o qual vaticina que "se um litigante
sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas
despesas e pelos honorários".

Destaca-se também que, diferente do que tenta forçar a


Recorrente, as Súmulas nº 219 e 329 TST não limitam a possibilidade de
pagamento de honorários aos patronos do empregado apenas se assistido pelo
sindicato, apenas apontam uma das possibilidades, assim como o art. 790 da CLT
prevê o pagamento de honorários ao patrono do empregado no que a Reclamada
for sucumbente, nos termos da r. sentença.

Desta forma, não há que se falar em condenação da


Reclamante no pagamento de honorários advocatícios em caso de eventual
sucumbência.
Por fim, não há que se falar em reforma em face do
deferimento da justiça gratuita, porquanto a Recorrente nada comprovou que a
Obreira não se encontra inserido na hipótese prevista no §4º do art. 790 da CLT,
não logrando êxito em infirmar a declaração de hipossuficiência acostada aos
autos.
ANTE O EXPOSTO, requer que seja negado provimento
ao apelo da Recorrente, tendo em vista que o r. decisum encontra-se, no que diz
respeito exclusivamente às matérias objeto do recurso ora contrarrazoado, em
perfeita consonância com o ordenamento jurídico aplicado à espécie.

Nestes termos,
pede deferimento.

Cotia, 07 de fevereiro de 2023.

Marcos Roberto Dias Danielle Cristina Vieira de Souza


OAB/MG: 87.946 OAB/MG: 116.893

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