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TÓPICOS AVANÇADOS EM RELAÇÃO A

JUSTIÇA DO TRABALHO
RESUMO DA UNIDADE

Esta unidade analisará três importantes temas atinentes ao processo do trabalho,


sendo os princípios, a organização e a competência da Justiça do Trabalho.
Especificamente, o estudo cuida de explanar sobre os seguintes pontos: (I)
Princípios atinentes ao processo do trabalho, dividindo-se entre aqueles descritos na
Constituição Federal; os previstos na Lei Processual Civil (CPC) – que possuem
aplicabilidade ao Processo do Trabalho –, e os específicos da seara processual
trabalhista. (II) A organização da Justiça do Trabalho, voltando o estudo ao Tribunal
Superior do Trabalho, aos Tribunais Regionais do Trabalho, aos Juízes do Trabalho,
aos serviços auxiliares da Justiça do Trabalho, ao Conselho Nacional de Justiça e
ao Ministério Público do Trabalho que, embora não faça parte da Justiça do
Trabalho em si, ponderou-se importante o seu estudo. Por fim, as competências da
Justiça do Trabalho, divididas em material, territorial e funcional, assim como um
breve estudo sobre os conflitos de competências.

Palavras-chave: Processo do Trabalho. Princípios. Competência. Organização da


Justiça do Trabalho.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 5


CAPÍTULO 1 – PRINCÍPIOS ATINENTES AO PROCESSO DO TRABALHO .......... 6
1.1 Os Princípios Previstos na Constituição......................................................... 6
1.1.1 Devido Processo Legal .................................................................................. 7
1.1.2 Princípio do Juiz Natural ................................................................................ 8
1.1.3 Princípio da inafastabilidade da jurisdição ..................................................... 8
1.1.4 Princípio do contraditório e da ampla defesa ................................................. 9
1.1.5 Princípio da motivação das decisões judiciais ............................................. 10
1.1.6 Princípio da publicidade ............................................................................... 11
1.1.7 Princípio da duração razoável do processo ................................................. 12
1.2 Os Princípios Previstos no Processo Civil .................................................... 13
1.2.1 Princípio da primazia da decisão de mérito .................................................. 13
1.2.2 Princípio da cooperação............................................................................... 14
1.2.3 Princípio da boa-fé ....................................................................................... 15
1.2.4 Princípio do duplo grau de jurisdição ........................................................... 15
1.2.5 Princípio da instrumentalidade das formas .................................................. 15
1.2.6 Princípio da preclusão .................................................................................. 16
1.3 Princípios Específicos do Processo Trabalhista ........................................... 16
1.3.1 Princípio da proteção ................................................................................... 16
1.3.2 Princípio da conciliação................................................................................ 17
1.3.3 Princípio do jus postulandi ........................................................................... 17
1.3.4 Princípio da oralidade................................................................................... 18
1.3.5 Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias ............. 18
1.3.6 Princípio da extrapetição .............................................................................. 19
1.3.7 Princípio da simplicidade.............................................................................. 20
CAPÍTULO 2 – ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................ 21
2.1 Tribunal Superior do Trabalho ...................................................................... 22
2.2 Tribunais Regionais do Trabalho ................................................................. 24
2.3 Juízes do Trabalho ....................................................................................... 28
2.4 Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho .................................................. 30

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2.5 Conselho Nacional de Justiça ...................................................................... 30
2.6 Ministério Público do Trabalho ..................................................................... 32
CAPÍTULO 3 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ............................. 35
3.1 Competência Material .................................................................................. 35
3.2 Competência Territorial ................................................................................ 44
3.3 Competência Funcional................................................................................ 45
3.4 Conflito de Competência .............................................................................. 47
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49

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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

O presente módulo tem por objetivo analisar com especificidade três matérias
pertencentes ao Direito Processual do Trabalho que são de suma importância e
relevância, quer seja na vida prática, quer seja para concursos: os princípios
atinentes ao processo do trabalho, a organização da Justiça do Trabalho e a
competência da jurisdição trabalhista.
Para tanto, serão estudados, incialmente, os princípios atinentes ao processo
trabalhista. O estudo está dividido entre os princípios aplicáveis ao processo do
trabalho com natureza constitucional, ou seja, aqueles que decorrem da própria
carta magna; os princípios encontrados na Lei Processual Civil, ou seja, no CPC,
mas que são aplicáveis ao processo do trabalho como o duplo grau de jurisdição e
também da instrumentalidade das formas.
Destacam-se também princípios que surgiram com o advento do novo CPC,
como o da Primazia da Decisão de Mérito, que dentre outros, surgiu notadamente
para dar maior satisfação ao jurisdicionado, buscando-se evitar arquivamentos de
ações por meras questões formais.
Estuda-se, ainda, a organização da Justiça do Trabalho, analisando os órgãos
que fazem parte de sua composição, como é o caso do Tribunal Superior do
Trabalho (TST), dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e dos Juízes do
Trabalho ligados às varas do trabalho.
Buscou-se incluir as funções dos auxiliares da justiça, o Conselho Nacional de
Justiça e o Ministério Público do Trabalho que, embora não pertença à Justiça do
Trabalho, com ela colabora em diversos momentos e atividades que a Constituição
cuidou de reservar aos membros do Ministério Público.
Na sequência, far-se-á o exame da competência da Justiça do Trabalho, sendo
a material aquela ligada às matérias que são concernentes aos juízes e tribunais
trabalhistas; a territorial, a instituída em razão do local da prestação dos serviços, via
de regra; e a funcional, relacionada à divisão dos órgãos da Justiça do Trabalho.

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CAPÍTULO 1 – PRINCÍPIOS ATINENTES AO PROCESSO DO TRABALHO

1.1 Os Princípios Previstos na Constituição

Este estudo será voltado à análise dos princípios constantes na constituição,


no processo civil, com as inovações trazidas pelo novo CPC, bem como no processo
trabalhista.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello1, princípio:
é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce
dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata
compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido humano. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção
das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome
sistema jurídico positivo. Violar um princípio é muito mais grave que
transgredir uma norma. É a mais grave forma de ilegalidade ou
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque
representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores
fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço e corrosão de sua
estrutura mestra.

Pode-se afirmar que os princípios possuem três funções, uma vez que,
conforme consenso doutrinário, eles servem de auxílio para a interpretação e
aplicação da norma jurídica (função interpretativa); servem também para que o
legislador possa editar as novas leis em sua conformidade (função informadora), e
ainda servem de base para a integração do ordenamento jurídico, preenchendo as
lacunas deixadas pelo legislador (função integrativa).
Nesse mesmo sentido, esclarece o professor Carlos Henrique Bezerra Leite da
seguinte forma:
Os princípios constitucionais fundamentais exercem tríplice função no
ordenamento jurídico, a saber: informativa, interpretativa e normativa.
A função informativa é destinada ao legislador, inspirando a atividade
legislativa em sintonia com os princípios e valores políticos, sociais, éticos e
econômicos do ordenamento jurídico. Sob essa perspectiva, os princípios
atuam com propósitos prospectivos, impondo sugestões para a adoção de
formulações novas ou de regras jurídicas mais atualizadas, em sintonia com
os anseios da sociedade e atendimento às justas reivindicações dos
jurisdicionados.

1
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 1995,
p. 538 in LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito do trabalho. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p.
83.

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A função interpretativa é destinada ao aplicador do direito, pois os princípios


se prestam à compreensão dos significados e sentidos das normas que
compõem o ordenamento jurídico. Entre os diversos métodos de
interpretação oferecidos pela hermenêutica jurídica, os princípios podem
desempenhar um importante papel na própria delimitação e escolha do
método a ser adotado nos casos submetidos à decidibilidade.
A função normativa, também destinada ao aplicador do direito, decorre da
constatação de que os princípios podem ser aplicados tanto de forma direta,
isto é, na solução dos casos concretos mediante a derrogação de uma
norma por um princípio, por exemplo, o princípio da norma mais favorável
aos trabalhadores (CF, art. 7º, caput), quanto de forma indireta, por meio da
integração do sistema nas hipóteses de lacuna (CPC, art. 128), como se dá,
por exemplo, com a aplicação do princípio da preclusão no campo
processual (LEITE, 2015, p. 83).

Iniciando o estudo pelos princípios atinentes ao processo do trabalho com base


constitucional, tem-se os seguintes:

1.1.1 Devido Processo Legal


Este princípio está previsto no art. 5º, LIV da CF: “ninguém será privado da
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Esse texto constitucional
significa dizer que ninguém poderá ser tolhido de sua liberdade ou de seus bens,
sem que antes lhe seja oportunizado se defender em um processo que respeita as
regras previamente estabelecidas pelo legislador. Tal princípio é aplicado tanto no
processo judicial como no administrativo. Logo, como não poderia deixar de ser,
será respeitado fielmente no processo do trabalho.
O professor Humberto Theodoro Junior, brilhantemente, assevera que:
O devido processo legal, no Estado Democrático de Direito, jamais poderá
ser visto como simples procedimento desenvolvido em juízo. Seu papel é o
de atuar sobre os mecanismos procedimentais de modo a preparar e
proporcionar provimento jurisdicional compatível com a supremacia da
Constituição e a garantia de efetividade dos direitos fundamentais
(THEODORO JUNIOR, 2015, p. 99).

Daniel Amorim Assumpção Neves, grande doutrinador processualista,


esclarece que:
Atualmente, o princípio do devido processo legal é analisado sob duas
óticas, falando-se em devido processo legal substancial (substantive due
process) e devido processo legal formal (procedural due process). No
sentido substancial o devido processo legal diz respeito ao campo da
elaboração e interpretação das normas jurídicas, evitando-se a atividade
legislativa abusiva e irrazoável e ditando uma interpretação razoável quando
da aplicação concreta das normas jurídicas. É campo para a aplicação dos
princípios – ou como prefere parcela da doutrina, das regras – da

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razoabilidade e da proporcionalidade, funcionando sempre com o controle


das arbitrariedades do Poder Público (NEVES, 2016, p. 258).

Assim, em um processo trabalhista, ambas as partes terão as mesmas


possibilidades de produção de provas, podendo a Reclamada, pessoalmente ou por
advogado, se defender de tudo quanto for alegado contra ela, sendo o mesmo
deferido ao Reclamante.

1.1.2 Princípio do Juiz Natural


O princípio do juiz natural, previsto no art. 5º, inciso XXXVII da CF: “não haverá
juízo ou tribunal de exceção”, está relacionado, ao mesmo tempo, com a
impossibilidade de instituir um tribunal específico para analisar um caso
determinado, sendo um direito constitucionalmente assegurado à análise de
qualquer processo por juízo competente previamente constituído seguindo as regras
de distribuição de competência previstas na constituição e demais leis
infraconstitucionais e, ao mesmo tempo, possibilitar às partes sempre um julgamento
imparcial.
Nas palavras do professor Carlos Henrique Bezerra Leite:
Por princípio do juiz natural (CF, art. 5º, LIII), entende-se aquele que não só
consagra a tese de que juiz é aquele investido de função jurisdicional,
afastando julgamentos por outro poder, como ainda impede a criação de
tribunais de exceção ou ad hoc para o julgamento de causas cíveis ou
penais. Os tribunais especializados não constituem exceção ao princípio do
juiz natural, pois estão previstos na própria Constituição, que prevê a
existência de Justiças especializadas, com competência para julgar causas
trabalhistas, militares e eleitorais (LEITE, 2015, p. 90).

1.1.3 Princípio da inafastabilidade da jurisdição


Este princípio tem sua base na Constituição Federal, no art. 5º, inciso XXXV, e
traz expressamente os seguintes dizeres: “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Esse princípio também está expresso no
Código de Processo Civil de 2015 em seu art. 3º: “Não se excluirá da apreciação
jurisdicional ameaça ou lesão a direito”.
O Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, portanto, está ligado ao fato de
que todos possuem assegurado o direito de se fazer ouvir perante o judiciário,
sempre que se achar lesado de algum direito, e mais que isso, o direito de ter uma

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resposta justa e efetiva para o problema trazido, decorrendo daí a noção de tutela
jurisdicional conferida pelo Estado Juiz.

1.1.4 Princípio do contraditório e da ampla defesa


Elencado no art. 5º, inciso LV da CF: “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”, o Princípio do Contraditório e da
Ampla Defesa traz a ideia da possibilidade de além de conhecer as informações de
um processo contra si, também é possível se defender, apresentando a “sua
realidade” dos fatos (contraditório formal).
O princípio em estudo pode ainda ser interpretado como contraditório,
substancial ou dinâmico, pois, conforme o MIESSA (2019, p. 91), é ampliado o
conceito de contraditório, tornando-se um trinômio entre informação + possibilidade
de reação + poder de influenciar o julgador. Por esta premissa, não basta, portanto,
tão somente a permissão de que as partes se manifestem, sendo assegurado ainda
que essa permissão ocorra antes da decisão judicial, justamente para influenciar ou
mesmo contribuir para o convencimento do julgador, afastando-se a possibilidade de
decisão surpresa. Esse é de fato o contraditório efetivo.
Nessa linha apresenta-se o art. 7º do CPC:
É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos
deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar
pelo efetivo contraditório.

Com relação à impossibilidade de decisões surpresa, ou seja, sem a


participação das partes, tem-se o art. 9º e 10º do CPC:
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de
se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de
ofício.

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IMPORTANTE SABER: Para o C. TST, nos termos da IN nº. 39/2016, art. 4º, §2º:
“Não se considera “decisão surpresa” a que, à luz do ordenamento jurídico nacional
e dos princípios que informam o Direito Processual do Trabalho, as partes tinham
obrigação de prever, concernente às condições da ação, aos pressupostos de
admissibilidade de recurso e aos pressupostos processuais, salvo disposição legal
expressa em contrário”.

Por fim, cabe ressaltar que, em que pese os pontos acima trazidos sobre a
impossibilidade de decisão surpresa, evidentemente que o CPC, em casos
específicos, se preocupou em permitir a decisão do juiz sem que parte contrária
fosse ouvida, isso para assegurar a tutela do próprio direito (princípio da
inafastabilidade da jurisdição), como os casos das tutelas antecipadas de urgência
ou evidência.

1.1.5 Princípio da motivação das decisões judiciais


O art. 93, IX da CF/88, prevê que: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes
e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação”.
É evidente que, sendo o juiz o representante do Estado legitimado a dar a
tutela jurisdicional, é necessário que as partes conheçam as razões que motivaram a
decisão proferida pelo julgador, podendo nesta hipótese se valer do Princípio do
Duplo Grau de Jurisdição e ter acesso às instâncias superiores.
Outrossim, uma decisão da qual não se sabe sobre suas razões é considerada
arbitrária, não sendo possível conhecer de sua legitimidade, tampouco se houve
imparcialidade do julgador.
Assim, o princípio em questão serve para obstar que as decisões proferidas
sejam vazias de motivação, não bastando ao julgador dar procedência ou
improcedência ao pedido do autor ou do réu, mas tendo ainda por encargo o

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esclarecimento das razões pelas quais deu por deferido ou indeferido o objeto da
contenda.

1.1.6 Princípio da publicidade


Assim como o princípio anterior, o princípio da publicidade vem descrito no art.
93, IX da CF: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos,
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”.
O presente princípio encontra sua fundamentação no princípio da motivação
das decisões judiciais por estar ligado a ele. Isso porque, o contrário ao mesmo
tempo que passa a poder ser exercido com a motivação da decisão, é justamente
pela publicidade desta que também será viabilizado o exercício desse direito.
O CPC traz a necessidade de observância desse princípio nos arts. 8º e 11:
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e
às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da
pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a
legalidade, a publicidade e a eficiência.

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão


públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.

Frisa-se, contudo, que o princípio em discussão possui limitação, conforme é


possível observar na parte final do art. 93, IX da CF: “ou somente a estes, em casos
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação”.
Nesse caso, estando diante da intimidade ou mesmo do interesse social que
exijam sigilo será possível deixar de conferir publicidade ao procedimento, com base
no art. 5º, inciso LX da CF: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
A CLT faz menção a esse princípio no art. 770: “Os atos processuais serão
públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos
dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas”.
Por fim, o CPC cuidou minuciosamente do assunto no art. 189:

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Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de


justiça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio,
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e
adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à
intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta
arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja
comprovada perante o juízo.
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de
justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus
procuradores.
§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz
certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha
resultantes de divórcio ou separação.

Assim, evidentemente, o princípio da publicidade é a regra, sendo o sigilo mera


exceção que deverá, contudo, ser respeitada nos casos acima elencados.

1.1.7 Princípio da duração razoável do processo


O princípio da duração razoável do processo encontra-se previsto no art. 5,
inciso LXXVIII da CF/88, que estabelece que: “a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação”.
Conforme MIESSA (2019, p. 95), além do art. 5º, LXXVIII da CF/88, o
Legislador Constituinte cuidou de facilitar e garantir a implementação desse princípio
por meio dos arts. 93, XII, que prevê a ininterrupção da atividade jurisdicional; 93,
XIV, que traz a possibilidade de delegação de atos administrativos aos servidores; e
93, XV, que estabelece a distribuição imediata dos processos.
Outrossim, a questão da duração razoável do processo é matéria prevista no
art. 8º, 1 da Convenção de Direitos Humanos, o conhecido Pacto de San José da
Costa Rica, que o Brasil passou a ser signatário em 1992, in verbis:
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro
de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e
obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.

No CPC está previsto no art. 4º: “As partes têm o direito de obter em prazo
razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”.

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Já na CLT, a disciplina fica por conta do art. 765:


Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do
processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar
qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.

De forma bastante esclarecedora, Daniel Amorim Assumpção Neves,


complementa que:
Deve ser lembrado que a celeridade nem sempre é possível, como também
nem sempre é saudável para a qualidade da prestação jurisdicional. Não se
deve confundir duração razoável do processo com celeridade do
procedimento. O legislador não pode sacrificar direitos fundamentais das
partes visando somente a obtenção de celeridade processual, sob pena de
criar situações ilegais e extremamente injustas. É natural que a excessiva
demora gere um sentimento de frustração em todos os que trabalham com
o processo civil, fazendo com que o valor celeridade tenha atualmente
posição de destaque. Essa preocupação com a demora excessiva do
processo é excelente, desde que se note que, a depender do caso concreto,
a celeridade prejudicará direitos fundamentais das partes, bem como
poderá sacrificar a qualidade do resultado da prestação jurisdicional.
Demandas mais complexas exigem mais atividades dos advogados, mais
estudo dos juízes e, bem por isso, tendem naturalmente a ser mais
demoradas, sem que com isso se possa imaginar ofensa ao princípio
constitucional ora analisado (NEVES, 2016, p. 305).

Logo, é possível afirmar que o princípio da duração razoável do processo deve


ser observado com bastante importância na prestação jurisdicional, buscando meios
que entreguem a satisfação pretendida no menor espaço de tempo possível.
Principalmente, nos tempos atuais em que o judiciário se encontra cada vez mais
sobrecarregado devido ao aumento no número de demandas.

1.2 Os Princípios Previstos no Processo Civil

Além dos princípios aplicáveis ao processo do trabalho com base na


Constituição Federal, tem-se aqueles esculpidos no Código de Processo Civil que,
por aplicação subsidiária, são completamente incidentes nos processos trabalhistas.
Destacam-se:

1.2.1 Princípio da primazia da decisão de mérito


Este princípio, muito comentado por ter sido prestigiado pelo advento do Novo
Código de Processo Civil que entrou em vigência em março de 2016, está
espalhado em diversos artigos do CPC, destacando-se, contudo, o art. 4º: “As partes

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têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a


atividade satisfativa”.
Note que o legislador cuidou de frisar os dizeres solução integral do mérito.
Bem por isso, cabe ponderar que o novel código buscou dar preferência, sempre
que possível, sendo até mesmo um dever do julgador, a resolução de mérito da
demanda.
A explicação para isso é bastante simples: quem busca a tutela jurisdicional o
faz por algum motivo, quer ver satisfeita alguma questão juridicamente relevante.
Assim, a extinção do processo pelo magistrado sem que tenha sido analisada a lide
e dada à parte o que tutelava apenas por meras burocracias ou excesso de
formalidades não vão de encontro ao objetivo precípuo do direito ou à virtude da
justiça que é justamente “dar a cada um o que lhe pertence”.
Assim sendo, a decisão de mérito passa a ser a regra, a mera extinção sem
seu julgamento efetivo, a exceção. Isso pode ser verificado no dever de saneamento
do processo e afastar eventuais vícios processuais (art. 139, IX do CPC); a
permissão dada à parte para que corrija o vício antes da extinção do processo (art.
317 do CPC); o magistrado resolver o mérito quando a decisão for favorável a quem
aproveitaria eventual pronunciamento sem resolução do mérito (art. 488 do CPC);
possibilitar a complementação de documentação antes de considerar a
inadmissibilidade do recurso (art. 932, parágrafo único, do CPC), entre outros.
Salienta-se que, por ser compatível, o princípio estudado é plenamente
aplicável ao processo do trabalho, que de certa forma já era mesmo antes de sua
implementação ao CPC, tendo em vista que no Processo do Trabalho vige o
princípio da simplicidade e da informalidade. Assim eventuais equívocos acabavam
sendo tolerados em prestígio a esses princípios e também à natureza das ações que
pela justiça do trabalho passam – verbas de caráter alimentar.

1.2.2 Princípio da cooperação


Por este princípio de acordo com o art. 6º do CPC, “todos os sujeitos do
processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão
de mérito justa e efetiva”. Isso significa dizer que todas as partes do processo, sejam
as integrantes do polo ativo, seja as do polo passivo, terceiros e seus respectivos

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15

advogados e o próprio órgão jurisdicional devem cooperar para a solução efetiva e


rápida da lide, sem a criação de barreiras ou entraves desnecessários que resultem
em morosidade. Salienta-se, ainda, que a cooperação não se mostra como uma
faculdade das partes, mas como um dever a ser obedecido.

1.2.3 Princípio da boa-fé


O Princípio da Boa-fé processual encontra-se previsto no art. 5º do CPC da
seguinte forma: “aquele que de qualquer forma participa do processo deve
comportar-se de acordo com a boa-fé”.
Conforme esclarece MIESSA (2019, p. 100), este princípio consiste na boa-fé
objetiva, ou seja, não se relaciona com a intenção das partes, se caracterizando
como uma norma de conduta. Logo, visa coibir abusos do direito processual,
preservando a lealdade entre as partes.
Assim como o princípio da cooperação, a boa-fé alcança não apenas as partes,
o autor, o réu e terceiros, mas também o órgão jurisdicional e seus auxiliares.

1.2.4 Princípio do duplo grau de jurisdição


O Princípio do duplo grau de jurisdição caracteriza-se como sendo aquele que
permite a reapreciação de uma decisão por um órgão hierarquicamente superior,
visando uma outra visão ou opinião sobre o caso.

1.2.5 Princípio da instrumentalidade das formas


Pela análise do art. 188 do CPC é possível observar que os atos e termos
processuais não dependem de forma determinada. Ocorre, contudo, que em
hipóteses específicas o legislador cuidou de exigir forma determinada para a
realização do ato.
A importância do princípio em estudo está no fato de que, mesmo que um
determinado ato precise de forma determinada, se praticado sem a sua observância,
mas atingir o fim esperado sem prejuízo a qualquer das partes, poderá ser
considerado válido. Logo, é acertado afirmar que para este princípio é mais
importante o processo atingir sua finalidade do que se prender a formalidades.

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1.2.6 Princípio da preclusão


Este princípio está relacionado com a perda da faculdade de exercitar algum
ato processual e visa o caminhar contínuo da marcha processual. Uma eventual
nulidade deve ser alegada tão logo deva a parte se manifestar nos autos ou em
audiência sob pena de ocorrer a preclusão, ou seja, de perder o direito de falar ou
praticar determinado ato, conforme designa o art. 795 da CLT: “As nulidades não
serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las
à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos”.
A preclusão pode ser temporal (deixar de praticar algum ato dentro do prazo
estipulado), consumativa (uma vez que o ato foi praticado não pode mais ser
repetido, daí dizer que está consumado), lógica (um ato posterior não pode ser
incompatível com um ato anterior, como querer recorrer após ter firmado acordo),
pro judicato (neste caso, a preclusão ocorre em detrimento da figura do juiz, não
podendo ele praticar o ato), ordinária (nesse caso, para que um ato seja válido, um
anterior deve ter sido praticado, como a oposição de embargos à execução tão
somente após a garantia integral do juízo), e por fim, máxima (na superveniência da
coisa julgada).
Cabe asseverar, contudo, que apenas as nulidades relativas estão submetidas
à preclusão. Isso porque as nulidades absolutas devem ser declaradas de ofício
pelos juízes do tralho, conforme o art. 278, parágrafo único do CPC2.

1.3 Princípios Específicos do Processo Trabalhista

Por fim, cabe fazer o estudo dos princípios específicos da seara processual
trabalhista.

1.3.1 Princípio da proteção


Sabe-se que o princípio da proteção é uma das bases do direito do trabalho
(material). Contudo, quando diante do direito processual o princípio deve ser visto

2
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos,
sob pena de preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece
a preclusão provando a parte legítimo impedimento.

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com cautela, de modo que tendo por base o princípio da igualdade e da paridade de
armas não é possível, em matéria processual, dar tratamento desigual às partes.
Para SCHIAVI (2018, p. 125), a utilização desse princípio, também chamado de
protecionismo temperado ao trabalhador, permite a existência de algumas
prerrogativas processuais para compensar a desigualdade naturalmente enfrentada
pelo empregado em decorrência de sua hipossuficiência econômica.
Já para MIESSA (2019, p. 104-105), o princípio da proteção no campo
processual deve ser aplicado como informador, possibilitando ao legislador a criação
da norma. Isso ocorre, por exemplo, no caso da ausência das partes em audiência,
para o empregado tem-se o arquivamento do feito; já para o empregador, a revelia e
confissão ficta da matéria fática, nos termos do art. 844 da CLT.

1.3.2 Princípio da conciliação


Em que pese o Novo CPC prestigiar a resolução do litígio por meio da
conciliação, a seara trabalhista já o fazia muito antes. Isso porque, no processo do
trabalho, o julgador é motivado a solucionar conflitos utilizando-se da conciliação.
Isso confere maior celeridade à tutela jurisdicional apresentada pelo obreiro.
Faz-se necessário observar que o art. 764 da CLT obriga a tentativa de
realização de acordo pelo magistrado, não sendo, portanto, mera faculdade do
julgador: “Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça
do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação”.
Ainda assim, não é demais obtemperar que a obrigatoriedade reside na
tentativa de realização de acordo, e não em sua efetiva celebração, isso porque
decorre da vontade das partes e, não bastasse isso, o magistrado não está obrigado
a homologar um acordo sempre que verificar que este trará algum prejuízo ao
obreiro, conforme a súmula 418 do TST3.

1.3.3 Princípio do jus postulandi


Conforme é de conhecimento, no processo do trabalho vige o chamando jus
postulandi das partes. Logo, tanto empregado quanto empregador não necessitam

3
MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO (nova redação em
decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017. A homologação de
acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.

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18

de advogados para perseguir seus direitos e pretensões na Justiça do Trabalho,


conforme esclarece o art. 791 da CLT: “os empregados e os empregadores poderão
reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas
reclamações até o final”.
Salienta-se ser possível a utilização do jus postulandi até mesmo nos dissídios
coletivos, de acordo com o art. 839, “a” da CLT: “a reclamação poderá ser
apresentada: a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus
representantes, e pelos sindicatos de classe [...]”.
Ocorre, contudo, que em determinados casos, o Colendo TST por meio da
súmula 4254 entende não ser possível a utilização do jus postulandi, sendo
indispensável a figura do advogado. São os casos de: recursos de competência do
TST, ação rescisória, ação cautelar (no novo CPC não existe mais essa modalidade
de ação, contudo até o presente momento o texto da súmula permanece inalterado)
e mandado de segurança.

1.3.4 Princípio da oralidade


O Princípio da oralidade não é específico da Justiça do Trabalho, contudo,
justifica-se sua colocação nesse subcapítulo por ter maior aplicabilidade nesse ramo
do direito, em que geralmente os atos são praticados costumeiramente de forma
oral.
Como exemplo, é possível mencionar a reclamação trabalhista que pode ser
verbal, nos termos do art. 840 da CLT; a defesa que igualmente pode ser
apresentada de forma verbal em audiência, conforme esclarece o art.847 da CLT,
bem como as próprias alegações ou razões finais, nos moldes do art. 850 da CLT.

1.3.5 Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias


Este princípio visa dar efetividade ao princípio da celeridade processual,
notadamente no processo do trabalho, em que a busca por efetiva justiça deve
ocorrer de forma mais rápida, tendo em vista o caráter da verba perseguida que é
alimentar.
4
JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. Res. 165/2010, DEJT divulgado em
30.04.2010 e 03 e 04.05.2010. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas
do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o
mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

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Por isso, o legislador determinou, conforme o art. 893, §1º da CLT, que as
decisões interlocutórias, diferentemente de como ocorre no processo civil, não serão
recorríveis de imediato, independentemente da decisão. Assim sendo, a matéria
somente poderá ser impugnada quando do recurso interposto contra a decisão final,
ou seja, aquela que coloca fim ao processo com ou sem julgamento de mérito.
É importante mencionar, contudo, que o C. TST flexibilizou a irrecorribilidade
imediata das decisões interlocutórias nos casos da súmula 214:
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões
interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de
decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

É ainda hipótese de exceção aquela descrita no art. 799, §2º da CLT 5, ou seja,
havendo declaração de incompetência da justiça do trabalho em razão da matéria
com encaminhamento dos autos para outra justiça, como a comum, estadual ou
federal, será possível a interposição de recurso desde logo. Assim, em que pese a
regra ser a irrecorribilidade, nos casos retromencionados será possível a
interposição de recurso imediatamente.

1.3.6 Princípio da extrapetição


Este princípio está relacionado com a possibilidade de o magistrado poder
deferir à parte direito por ela não requerido, daí o termo “extrapetição”. Frisa-se que
não é possível, como regra geral, o juiz conferir à parte aquilo que por ela não foi
pedido em sua petição (julgamento extra petita), devendo o magistrado agir tão
somente nos limites do quanto foi provocado (Princípio da inércia ou da demanda).
Contudo, em determinados casos, o magistrado possui autorização para agir de
ofício, independentemente da manifestação da parte, com o que a doutrina atual
prefere chamar de “pedidos implícitos”.
Como exemplo, é possível citar os juros e a correção monetária, que deverão
ser incluídos na liquidação, mesmo que a parte não tenha requerido em sua

5
Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não
caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.

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20

reclamação trabalhista (súmula 221 do TST); deferimento do 1/3 de férias, mesmo


que o pedido tenha se limitado a pedir genericamente por férias sem citar o terço
constitucional; a anotação na CTPS, quando existir pedido de reconhecimento de
vínculo, entre outros.

1.3.7 Princípio da simplicidade


Para encerrar, tem-se o Princípio da Simplicidade que norteia o processo do
trabalho, uma vez que confere ao julgador maior flexibilidade ao primar pelo amplo
acesso à justiça. Assim, é por este princípio que surge a ideia de que formalismos
em excesso devem ser evitados na justiça do trabalho, até mesmo porque o intuito
do legislador foi conferir um ajustiça célere simples em que a parte nem mesmo
necessitasse de advogado para ver satisfeita sua pretensão.

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21

CAPÍTULO 2 – ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Faz-se necessário estudar a estrutura da Justiça do Trabalho tendo em vista


que trata-se de uma justiça especializada. Conforme é de conhecimento, o Poder
Judiciário está dividido entre a justiça comum, subdividindo-se em Justiça Federal e
Estadual, e justiça especializada, sendo que esta é formada pela Justiça do
Trabalho, pela Justiça Eleitoral e pela Justiça Militar.
A estrutura do Poder Judiciário está disposta no art. 92 da CF:
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

§1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os


Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
§2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição
em todo o território nacional.

A Justiça do Trabalho encontra-se descrita no art. 111 da Constituição Federal


da seguinte forma:
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:
I - o Tribunal Superior do Trabalho;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
III - Juízes do Trabalho

Conforme é possível constatar da leitura do art. 111 da CF/88, a estrutura da


Justiça do Trabalho é hierarquizada, conforme abaixo ilustrado.

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22

Imagem 1: Estrutura da Justiça do Trabalho

TS
T
TRT's

Juízes do
Trabalho
Fonte: SANTOS, Caio Cesar Vieira dos (Org.) – o próprio Autor.

Impende, portanto, analisar cada um dos órgãos que compõem a estrutura da


Justiça do Trabalho.

2.1 Tribunal Superior do Trabalho

O Tribunal Superior do Trabalho, com sede na capital do país (Brasília),


caracteriza-se por ser o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, ou seja, o seu
órgão maior – tribunal superior, com jurisdição nacional, cabendo a ele a
manifestação, em última instância, em matéria trabalhista infraconstitucional; ou
seja, possui o notável papel de uniformizar a interpretação da norma trabalhista,
inclusive com a criação de súmulas e orientações jurisprudenciais (OJs).
A Constituição Federal cuidou de disciplinar o TST no art. 111-A:
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete
Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e
menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação
ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela
maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez
anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da
magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
§1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
§2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do
Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos
oficiais para o ingresso e promoção na carreira;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
23

II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na


forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e
patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
§3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar,
originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência e
garantia da autoridade de suas decisões.

É necessário observar que o TST é composto nos seguintes termos e


condições:
 27 (vinte e sete) ministros;
 Ser brasileiro com mais de trinta e 35 e menos de 65 anos;
 Possuir notável saber jurídico e reputação ilibada;
 A nomeação deve ocorrer pelo Presidente da República;
 Depende de aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal – a
chamada sabatina.

Note ainda que a escolha deverá ocorrer entre os juízes dos Tribunais
Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio
Tribunal Superior. Contudo, um quinto desta composição deverá ocorrer dentre os
advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do
Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício.
Assevera-se, nesse segundo caso, ou seja, quando a escolha ocorrer entre
advogados e membros do MPT, que será formada uma lista sêxtupla pelo órgão
representante da advocacia e do órgão representante do MPT, sendo ela
encaminhada ao Tribunal (TST) que formará lista tríplice, ou seja, restarão apenas
três dessa lista de seis, e sendo assim, a lista será enviada ao Poder Executivo para
que nos vinte dias subsequentes ocorra a escolha de um para nomeação, conforme
inteligência do art. 94, parágrafo único da CF/88:
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de
membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de
dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos
órgãos de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes,
escolherá um de seus integrantes para nomeação.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
24

O TST por sua vez está divido da seguinte forma:


 Tribunal Pleno
 Órgão Especial
 Seção Especializada em Dissídios Coletivos
 Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI), que se subdivide em
SBDI-I (Subseção de Dissídios Individuais I) e SBDI-II (Subseção de
Dissídios Individuais II);
 Turmas (atualmente o TST possui 8 turmas – cada turma possui
geralmente 3 ministros que formam o colegiado que proferem as decisões
que não necessitam de manifestação do pleno, ou seja, de todos os 27
ministros).

FIQUE POR DENTRO: Funcionam junto ao TST, ainda, a Escola Nacional de


Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho – ENAMAT, que possui a
função de regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na
magistratura do trabalho; e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho – CSJT, que
exerce a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça
do Trabalho e suas decisões possuem efeito vinculante. (MIESSA, 2019, p. 120)

Por fim, a Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, também sendo órgão do


TST, visa fiscalizar, disciplinar e ainda orientar de forma administrativa os tribunais
regionais do trabalho, os juízes e os serviços judiciários prestados. O Corregedor-
Geral da Justiça do Trabalho é eleito entre os ministros do TST mais antigos para
mandato de dois anos.

2.2 Tribunais Regionais do Trabalho

Os Tribunais Regionais do Trabalho correspondem ao segundo grau de


jurisdição, é para lá que, via de regra, se encaminha o Recurso Ordinário da parte
descontente com uma sentença proferida por um juiz do trabalho.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
25

Da mesma forma que o Tribunal Superior do Trabalho, as decisões dos TRT’s


são proferias em colegiado, ou seja, com junção de três desembargadores do
trabalho ou juízes do trabalho convidados.
Conforme o art. 115 da CF/88 tem-se a disciplina dos Tribunais Regionais do
Trabalho da seguinte forma:
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo,
sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados
pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos
de sessenta e cinco anos, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez
anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e
merecimento, alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com
a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos
limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
públicos e comunitários.
§2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar
o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

Assim, seguindo a mesma lógica de estrutura do Tribunal Superior do


Trabalho, os TRT’s são compostos da seguinte forma e condições:
 No mínimo 7 juízes;
 Recrutados, quando possível, na respectiva região;
 Nomeados pelo Presidente da República;
 Deve ser brasileiro com mais de 30 e menos de 65 anos.

Com relação à composição, além de ser evidentemente formado por juízes do


trabalho de carreira, observados os critérios de antiguidade ou merecimento nos
termos do art. 93, inciso II da CF6, também deverá ser observado o quinto

6
Art. 93, inciso II da CF - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e
merecimento, atendidas as seguintes normas:
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de
merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a
primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar
vago;
c) aferição do merecimento pelos critérios da presteza e segurança no exercício da jurisdição e pela frequência e
aproveitamento em cursos reconhecidos de aperfeiçoamento;

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
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26

constitucional, ou seja, 1/5 das vagas deverá ser preenchido por advogados com
mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art.
94.
E assim como ocorre no TST, será formada uma lista sêxtupla pelo órgão
representante da advocacia e do órgão representante do MPT, sendo ela
encaminhada ao Tribunal que formará lista tríplice, ou seja, restarão apenas três
dessa lista de seis, e sendo assim, a lista será enviada ao Poder Executivo para que
nos vinte dias subsequentes se escolha um para nomeação, conforme inteligência
do art. 94, parágrafo único da CF/88.
Em que pese o número mínimo de 7 juízes do trabalho, que quando de sua
ascensão ao TRT serão chamados de desembargadores do trabalho, cada TRT por
seu regimento interno pode aumentar esse número de acordo com o tamanho da
região. A título de exemplo o TRT15 (São Paulo – Interior) possui 55 vagas de
desembargadores, sendo 53 devidamente ocupadas7, já o TRT2 (São Paulo –
Capital e adjacências) possui 94 desembargadores do trabalho, conforme seu
regimento interno (art. 3º)8.
Cabe mencionar que a Justiça do Trabalho atualmente é composta por 24
Tribunais Regionais do Trabalho, sendo que os estados do Acre, Tocantins, Roraima
e Amapá não possuem tribunal isolado em seu próprio estado, ou seja, estão em
conjunto com outros estados. Por outro lado, tem-se a questão do estado de São
Paulo que, devido à grande demanda de ações, possui dois tribunais regionais,
sendo o da 2ª região, com sede em São Paulo (Capital) e o da 15ª região, com sede
em Campinas.

c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no


exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de
aperfeiçoamento;
d) na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto de dois terços de
seus membros, conforme procedimento próprio, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de
dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação
até fixar-se a indicação;
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;
7
COMPOSIÇÃO DO TRT15 – Disponível em: https://portal.trt15.jus.br/composicao.
8
Regimento Interno do TRT2 – Disponível em: http://www.trtsp.jus.br/leg-normas-reg-int.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
27

Tem-se, portanto, a divisão da seguinte forma:

Tabela 1: Organização dos Tribunais Regionais do Trabalho


TRT da 1ª Região Estado do Rio de Janeiro
TRT da 2ª Região Estado de São Paulo
TRT da 3ª Região Estado de Minas Gerais
TRT da 4ª Região Estado do Rio Grande do Sul
TRT da 5ª Região Estado da Bahia
TRT da 6ª Região Estado de Pernambuco
TRT da 7ª Região Estado do Ceará
TRT da 8ª Região Estados do Pará e Amapá
TRT da 9ª Região Estado do Paraná
TRT da 10ª Região Estado de Tocantins e Distrito Federal
TRT da 11ª Região Estados do Amazonas e de Roraima
TRT da 12ª Região Estado de Santa Catarina
TRT da 13ª Região Estado da Paraíba
TRT da 14ª Região Estados de Rondônia e Acre
TRT da 15ª Região Estado de São Paulo (área não abrangida pelo TRT2)9
TRT da 16ª Região Estado do Maranhão
TRT da 17ª Região Estado do Espírito Santo
TRT da 18ª Região Estado de Goiás
TRT da 19ª Região Estado de Alagoas
TRT da 20ª Região Estado de Sergipe
TRT da 21ª Região Estado do Rio Grande do Norte
TRT da 22ª Região Estado do Piauí
TRT da 23ª Região Estado do Mato Grosso
TRT da 24ª Região Estado do Mato Grosso do Sul
Fonte: SANTOS, Caio Cesar Vieira dos (Org.) – o próprio Autor. Dados extraídos do site do
Tribunal Superior do Trabalho (TST): http://www.tst.jus.br/justica-do-trabalho.

9
FIQUE POR DENTRO – Abrangência do TRT2, disponível em: http://trt2.jus.br/consultas/226-telefones-e-
enderecos-jurisdicao/1415-jurisdicao.

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28

IMPORTANTE SABER: Com a Emenda Constitucional nº 45/2004 houve a


instituição da justiça itinerante (justiça móvel), ou seja, passou a ser possível a
realização de audiências e demais funções jurisdicionais fora das dependências
físicas, desde que dentro dos limites do território da jurisdição de determinada vara,
utilizando-se, para tanto, de equipamentos públicos e comunitários. Assim, a justiça
do trabalho pode alcançar ainda mais seus jurisdicionados.

2.3 Juízes do Trabalho

Tendo em vista que o estudo está sendo feito de cima para baixo no grau de
hierarquia anteriormente apresentado, os Juízes do Trabalho compõem o primeiro
grau de jurisdição, desempenhando suas funções nas chamadas Varas do Trabalho.
De acordo com o art. 112 da CF/88, “a lei criará varas da Justiça do Trabalho,
podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de
direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho”.
Assim, tem-se que, como regra, a competência para processar e julgar
questões atinentes a matérias trabalhistas caberá aos juízes do trabalho. Contudo,
não havendo, será direcionada aos juízes de direito, sendo certo que em caso de
recurso, este deverá ser encaminhado ao Tribunal Regional do Trabalho da
respectiva região.
Carlos Henrique Bezerra Leite acrescenta que:
A competência dos Juízos de Direito, quando investidos na administração
da Justiça do Trabalho, é a mesma das Varas do Trabalho (CLT, art. 669),
sendo certo que nas localidades onde houver mais de um Juízo de Direito a
competência é determinada, entre os juízes do cível, por distribuição ou
pela divisão judiciária local, na conformidade da lei de organização
respectiva, como prescreve o § 1º do art. 669 da CLT. Todavia, se o critério
de competência da lei de organização judiciária for diverso do previsto no
referido parágrafo, será competente o juiz do cível mais antigo (LEITE,
2015, p. 186).

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ATENÇÃO: Embora seja muito rara a atuação de magistrado de direito em matéria


trabalhista, nos casos de inexistência de juízes do trabalho, a súmula 10 do STJ
esclarece que: “instalada a Junta de Conciliação e Julgamento, cessa a competência
do Juiz de Direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças
por ele proferidas”. Ressalta-se que não mais permanece o termo junta de
conciliação e julgamento que deu lugar às varas do trabalho com a EC nº 24/99.

O ingresso na carreira da magistratura do trabalho, conforme o art. 93, inciso I


da CF/88 ocorrerá da seguinte forma:
Ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante
concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito,
no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nomeações, à ordem de classificação.

Assim, é necessário possuir curso de bacharel em direito, três anos efetivos de


atividade jurídica e obter aprovação em concurso público de provas e títulos com a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases.
Visando conferir ampla atuação dos juízes, inclusive os trabalhistas, o art. 95
da CF/88 cuidou de conferir algumas garantias:
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art.
93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I

O mesmo art. em seu parágrafo único, cuidou de impor algumas vedações aos
magistrados:
Art. 95, Parágrafo único da CF: Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma
de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em
processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração.

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2.4 Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho

Para que seja possível o desempenho de forma efetiva da função jurisdicional,


a justiça do trabalho conta com a participação dos chamados órgãos auxiliares, que
possuem como função dar cumprimento às decisões judiciais, realizar os atos
processuais e demais serviços burocráticos da Justiça do Trabalho. É o caso das
secretarias das varas do trabalho (arts. 710 a 717 da CLT), as secretarias dos
tribunais (arts. 718 a 720 da CLT), os serviços de distribuição dos feitos (art. 713 a
715 da CLT) e os oficias de justiça avaliadores (art. 721 da CLT).

2.5 Conselho Nacional de Justiça

O Conselho Nacional de Justiça previsto no art. 92, I-A da CF/88 (incluído pela
EC nº 45/2004), detém o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.
Importante notar, assim, que o CNJ não está ligado diretamente à Justiça do
Trabalho, mas a todas as justiças que compõem o Poder Judiciário, não se submete
a ele apenas o STF, uma vez que o presidente do CNJ é justamente o presidente do
STF.
O conselho Nacional de Justiça encontra-se disciplinado no art. 103-B da
CF/88 e prevê a composição de 15 membros; mandato de 2 anos, permitida uma
recondução; presidência pelo presidente do STF e, na sua ausência, o vice-
presidente também do STF; nomeação pelo presidente da República após aprovado
pela maioria absoluta do Senado Federal, exceto com relação ao seu presidente;
competência nos moldes do art. 103-B, §4º; e criação de ouvidorias.
A composição de 15 membros ocorre da seguinte forma:
 O Presidente do Supremo Tribunal Federal;
 Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo
tribunal;
 Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo
tribunal;

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 Um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo


Tribunal Federal;
 Um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
 Um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de
Justiça;
 Um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;
 Um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior
do Trabalho;
 Um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
 Um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-
Geral da República;
 Um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-
Geral, da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de
cada instituição estadual;
 Dois advogados indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil;
 Dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

Com relação à competência, tem-se que compete ao CNJ o controle da


atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos
deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhes, além de outras atribuições que lhes
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
 Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto
da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
competência, ou recomendar providências;
 Zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante
provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-
los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de
Contas da União;

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 Receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do


Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e
órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por
delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência
disciplinar e correcional dos tribunais, podendo avocar processos
disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de
serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla
defesa;
 Representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a
administração pública ou de abuso de autoridade;
 Rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de
juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;
 Elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e
sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos
do Poder Judiciário;
 Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias,
sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho,
o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal
Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura
da sessão legislativa.
É importante observar ainda que, embora o Presidente o STF seja o presidente
do CNJ, ou na sua falta o seu vice, a função de Ministro-Corregedor será exercida
pelo Ministro do Superior Tribunal de Justiça designado para compor o CNJ.

2.6 Ministério Público do Trabalho

O Ministério Público do Trabalho não é órgão do Poder Judiciário, contudo atua


conjuntamente à Justiça do Trabalho em importantes funções ou até mesmo em
missões designadas pela Constituição.
Conforme disciplina o art. 127 da CF/88, “o Ministério Público é instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da

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ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais


indisponíveis”.
No mesmo sentido, estabelece o art. 176 do CPC/15 que o Ministério Público
atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses e
direitos sociais e individuais indisponíveis. Consta no art. 127, §1º da CF, que são
princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a
independência funcional.
Outrossim, cabe mencionar que, em conformidade com o parágrafo segundo
do mesmo artigo, “ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder
Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os
por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os
planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento”.
O art. 128 da CF dispõe sobre a abrangência do Ministério Público, sendo
composto pelo Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público
Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, bem como os Ministérios Públicos
dos Estados.
Assim como os magistrados do trabalho, os membros do Ministério Público, de
forma geral, incluindo os Procuradores do Trabalho, gozam das garantias da
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade salarial, nos termos do art. 128, §5º,
inciso I, da CF.
É vedado aos membros do Ministério Público: a) receber, a qualquer título e
sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a
advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda
que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e)
exercer atividade político-partidária; e f) receber, a qualquer título ou pretexto,
auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
ressalvadas as exceções previstas em lei.
O ingresso na carreira do Ministério Público, de acordo com o art. 129, §3º da
CF/88, ocorrerá mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do

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bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas


nomeações, a ordem de classificação.
A carreia do Ministério Público do Trabalho é constituída pelos cargos de
Subprocurador-Geral do Trabalho, Procurador Regional do Trabalho e Procurador
do Trabalho. Uma vez preenchidos os requisitos do art. 129, §3º da CF/88, o
ingresso na carreira inicia-se com o cargo de Procurador do Trabalho.
O MPT possui como principal objeto de atuação a tutela coletiva. Assim, seu
atuar ocorre no sentido de defender diversos trabalhadores ao mesmo tempo, não
representando individualmente nenhum empregado. Contudo, em determinados
casos, pode o MPT tutelar interesses individuais. Isso ocorre quando diante de
violação a direitos decorrentes das relações de trabalho de menores, incapazes e
índios.
Outrossim, conforme MIESSA (2019, p. 153-154), o MPT possui as seguintes
metas institucionais:
 Combater as fraudes nas relações de trabalho;
 Preservar o meio ambiente do trabalho adequado;
 Erradicar o trabalho infantil;
 Combater as práticas discriminatórias;
 Erradicar o trabalho escravo e degradante;
 Eliminar as irregularidades trabalhistas na Administração Pública;
 Garantir a liberdade sindical e buscar a pacificação dos conflitos coletivos
de trabalho.
Frisa-se que o MPT pode atuar extrajudicial ou judicialmente.
Atua de forma extrajudicial por meio do Inquérito Civil (IC), bem como do
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), além de outros meios como as audiências
públicas e as recomendações. Já na esfera judicial, destaca-se o cabimento da Ação
Civil Pública, da Ação Coletiva, Ação Rescisória e do Dissídio Coletivo de Greve;
podendo ainda atuar em Reclamações Trabalhistas como custus legis, ou seja,
como fiscal da ordem jurídica.

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CAPÍTULO 3 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

3.1 Competência Material

Pode-se conceituar competência como sendo a medida da jurisdição


concernente a determinada justiça (material) ou julgador (territorial).
Sobre a diferença entre jurisdição e competência, o professor Carlos Henrique
Bezerra Leite esclarece que:
A jurisdição tem íntima relação com a competência. Tradicionalmente, fala-
se que a competência é a medida da jurisdição de cada órgão judicial. É a
competência que legitima o exercício do poder jurisdicional. Com razão,
Marcelo Abelha Rodrigues, ao afirmar que “todo juiz competente possui
jurisdição, mas nem todo juiz que possui jurisdição possui competência”. É,
pois, do exame dessa medida da jurisdição que se saberá qual órgão
judicial é competente para julgar determinada causa (LEITE, 2015, p. 238).

Para João Oreste Dalazen:


[...] o que dita a competência material da Justiça do Trabalho é a qualidade
jurídica ostentada pelos sujeitos do conflito intersubjetivo de interesses:
empregado e empregador. Se ambos comparecem a Juízo como tais,
inafastável a competência dos órgãos desse ramo especializado do Poder
Judiciário nacional, independentemente de perquirir-se a fonte formal do
Direito que ampara a pretensão formulada. Vale dizer: a circunstância de o
pedido alicerçar-se em norma do Direito Civil, em si e por si, não tem o
condão de afastar a competência da Justiça do Trabalho se a lide assenta
na relação de emprego, ou dela decorre. Do contrário, seria inteiramente
inócuo o preceito contido no art. 8º, parágrafo único, da CLT, pelo qual a
Justiça do Trabalho pode socorrer-se do “direito comum” como “fonte
subsidiária do Direito do Trabalho”. Se assim é, resulta evidente que a
competência da Justiça do Trabalho não se cinge a dirimir dissídios
envolvendo unicamente a aplicação do Direito do Trabalho, mas todos
aqueles, não criminais, em que a disputa se dê entre um empregado e um
empregador nesta qualidade jurídica (DALAZEN, 1992, p. 54).

SAIBA MAIS
O professor Élisson Miessa (2019, p. 216) explana acerca da regra do Kompetenz-
Kompetenz, em suas palavras por esta teoria: “cada juiz é o juiz de sua própria
competência. Isso significa dizer que caberá ao juiz decidir se é ou não competente
para o julgamento de determinada ação. Assim, mesmo nos casos em que o juiz for
incompetente, restar-lhe-á uma competência mínima para que ele mesmo realize o
controle de sua própria competência. Portanto, nenhum juiz é totalmente
incompetente, pois tem pelo menos competência para se declarar incompetente”.

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A perpetuação da jurisdição ou perpetuatio jurisdicionis impõe,


necessariamente, que após a distribuição da ação não haverá a alteração da
competência, conforme o art. 43 do CPC:
Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da
petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de
direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário
ou alterarem a competência absoluta.

Isso significa dizer que uma vez definida a competência, esta não poderá ser
alterada enquanto durar o processo, ainda que ocorra modificação do estado de fato
(alteração de domicílio do Reclamante que ajuíza sua ação com base em seu
domicílio por autorização da lei, como no caso do representante comercial, art. 651,
§º1º da CLT) ou estado de direito (neste caso tem-se o ajuizamento de ação com
base no local da prestação de serviços e posteriormente o advento de nova lei com
consequente alteração da competência territorial). Como em ambos os casos a
alteração ocorreu posteriormente à fixação da competência não haverá qualquer
alteração desta (MIESSA, 2019, p. 217).
A perpetuatio jurisdicionis está ligada à questão de segurança jurídica,
admitindo, conforme leitura do art. 43 do CPC, duas exceções: a) supressão de
órgão judiciário e alteração na competência absoluta (aquela em razão da matéria,
pessoa ou função).
Esclarece-se que a exceção constante na alínea “b” (alteração da competência
absoluta) para a ocorrência da perpetuação da jurisdição não ocorrerá caso o
processo já possua sentença; ou seja, mesmo que se altere a competência absoluta,
os casos já sentenciados não serão afetados.
Nesse sentido, leem-se as seguintes decisões do STJ e STF:
SÚMULA 367 do STJ: A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não
alcança os processos já sentenciados.

SÚMULA Vinculante 22 do STF: A Justiça do Trabalho é competente para


processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais
decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra
empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito
em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº
45/04.

Obtempera-se que, com a emenda constitucional nº. 45/2004 houve a


ampliação da competência material da Justiça do Trabalho, passando ela a julgar

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não apenas as ações decorrentes da relação de emprego, mas também aquelas


resultantes das relações de trabalho.
Frisa-se que a incompetência em razão da matéria possui natureza absoluta
podendo ser reconhecida de ofício, ou seja, pelo próprio magistrado sem a
necessidade de requerimento da parte contrária.
Conforme esclarece Bezerra Leite (2015, p. 243), a competência material da
Justiça do Trabalho é desempenhada, vai de regra, em primeiro grau, pelas Varas
do Trabalho; já em grau recursal ordinário, pelos Tribunais Regionais do Trabalho; e
em grau recursal extraordinário, pelo Tribunal Superior do Trabalho. Em algumas
hipóteses tem-se ainda a competência do Supremo Tribunal Federal, conforme
adiante será melhor analisado.
A competência material tem previsão constitucional, estando disciplinada no
art. 114 da CF/88:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos
e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o
ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da
relação de trabalho;
VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I,
a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da
lei.
§1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão
do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar
dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

Dessa forma, é possível concluir que a Justiça do Trabalho é competente para


julgar:
A) As ações oriundas da relação do trabalho.

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As relações de trabalho são aquelas em que se tem o PRESTADOR DE


SERVIÇO, o TOMADOR DE SERVIÇO e a PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. Ex.:
Trabalhador Avulso, Autônomo, Cooperado etc.
Nesse ponto, é pertinente lembrar o que explana a Súmula 363 do STJ:
“compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por
profissional liberal contra cliente”. Ou seja, não compete à Justiça do Trabalho julgar
ações oriundas de honorários de profissionais.
Quanto à Administração Pública Direta e Indireta, não se pode esquecer que a
Justiça do Trabalho não é competente para julgar as ações dos servidores
estatutários e daqueles que possuem vínculo jurídico administrativo, consoante ADI
nº 3395. Já as causas que envolvam os empregados das empresas públicas
(Exemplo da Caixa Econômica Federal) e das sociedades de economia mista
(Exemplo do Banco do Brasil), a competência é da Justiça do Trabalho, conforme o
art. 173, II da CF.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

A incompetência da Justiça do Trabalho no caso dos servidores estatutários


(regime jurídico próprio) fica a cargo da Súmula 137 do STJ: “Compete à Justiça
Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público municipal, pleiteando
direitos relativos ao vínculo estatutário”.
Assim sendo, será da Justiça Comum Estadual a competência quando o
servidor público for estadual ou municipal e da Justiça Comum Federal quando o
servidor for federal.
Com relação ao chamado trabalho temporário na administração pública nos
moldes do art. 37, IX da CF (“a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público”), nesse caso, é de se entender que, havendo uma relação jurídico
administrativa entre a Administração Pública e o servidor, a competência será da
Justiça Comum, conforme restou decidido no RE 573.202-9, onde o STF fixou o
entendimento no sentido de que as causas instauradas entre o Poder Público e

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servidores que a ele sejam vinculados por relação jurídico-administrativa estão


excluídas da competência da Justiça do Trabalho.
No caso de Organismos Internacionais, como ONU, OIT etc., para essas
entidades, aplica-se a norma internacional, a qual é incorporada no ordenamento
jurídico brasileiro. Quanto às entidades de direito público externo, é importante
lembrar que os atos de gestão podem ser questionados na Justiça do Trabalho,
como, por exemplo, a contratação de trabalhadores por uma Embaixada, ocorre,
contudo, que a execução desta sentença encontra óbice, já que há impossibilidade
de praticar atos constritivos no patrimônio de outro país.
Com relação aos representantes comerciais, tem-se que este é trabalhador
autônomo regido pela Lei 4.886/1965, podendo ser pessoa física ou jurídica. A lei
citada em seu art. 39 esclarece ser da Justiça Comum a competência para julgar os
conflitos advindos do contrato de representação. Ocorre que, com o advento da EC
45/2004 e tendo a Justiça do Trabalho competência sobre as relações de trabalho e
não apenas de emprego, o C. TST passou a entender ser da Justiça do Trabalho a
competência quando o representante comercial for pessoa física, permanecendo
com a Justiça Comum apenas no caso da relação ocorrer entre pessoas jurídicas. O
professor Miessa (2019, p. 233) assevera, contudo, que o tema embora possua
repercussão geral (RE 606.003/STF) ainda não possui julgamento.

B) Greves na iniciativa privada, bem como as ações possessórias dela


decorrentes.
Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que envolvam greves na
iniciativa privada e as ações possessórias dela decorrentes, como o interdito
proibitório, ação de manutenção de posse em caso de turbação e reintegração e
posse em caso de esbulho.
Conforme a Súmula Vinculante nº 23 – STF, tem-se que: “a Justiça do
Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em
decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa
privada”.
Como exemplo, é possível citar o caso clássico de esbulho diante de greve,
uma vez que deflagrada a greve, e diante da tomada total do local de trabalho,

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estará caracterizado o esbulho, cabendo ação de reintegração de posse. A


manutenção da posse, ocorre diante da turbação, ou seja, comprometimento parcial
da posse, como no caso de greve que toma determinado setor da empresa.
Quanto às greves dos servidores estatutários investidos em cargos públicos, de
provimento efetivo ou em comissão, compete à Justiça Comum analisar o caso.

C) As ações afetas aos danos morais e patrimoniais decorrentes da relação de


trabalho.
Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações referentes aos danos morais e
patrimoniais oriundos da relação de trabalho. Como exemplo, pode ser citado o caso
de Reclamação Trabalhista visando o recebimento de danos morais pela perda de
um ente querido em decorrência de um acidente de trabalho, ajuizado por seus
herdeiros, ou ainda pelo obreiro no caso de perda de um membro, como a perna ou
o braço, ou ainda diante de assédio moral perpetrado pelo empregador contra o
empregado.
Conforme a Súmula 392 do TST, tem-se que:
Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do
Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por
dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as
oriundas de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda que
propostas pelos dependentes ou sucessores do trabalhador falecido.

D) As ações envolvendo sindicatos – Art. 114, inciso III, CF


A Justiça do Trabalho será competente para julgar as ações de representação
sindical, quanto dois ou mais sindicatos disputam a representação da categoria, bem
como entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores.

E) As ações afetas ao meio ambiente do trabalho


Nesse caso, é inteligência da Súmula 736 do STF que “compete à Justiça do
Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de
normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores”.

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F) Relação de Emprego
Não se pode confundir relação de trabalho com relação de emprego. Relação
de emprego é uma espécie do gênero relação de trabalho, de modo que aquela está
dentro desta.
Na relação de emprego, tem-se quatro elementos: PESSOALIDADE (o
empregado não pode se fazer substituir), NÃO EVENTUALIDADE (o trabalho não é
esporádico), REMUNERAÇÃO (Há uma remuneração pelo emprego) e, por fim, a
principal característica, a SUBORDINAÇÃO (o empregado está subordinado ao seu
empregador, pelo que deve acatar suas ordens).
É a chamada competência originária da Justiça do Trabalho.

G) Ações acerca do cadastramento do PIS/PASEP


O PIS (Programa de Integração Social) e o PASEP (Programa de Assistência
ao Servidor Público) têm natureza de contribuições sociais e consistem em um fundo
formado por depósitos mensais calculados sobre o faturamento, folha de salários ou
sobre as receitas, e são destinados ao financiamento do seguro-desemprego e ao
pagamento do abono-pecuniário.
Segundo a Súmula 300 do TST, compete à Justiça do Trabalho processar e
julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas ao
cadastramento no Programa de Integração Social (PIS).
Embora haja omissão quanto ao PASEP, por analogia, entende-se que
também deve ser considerado como sendo de competência da Justiça do Trabalho.

H) Descontos previdenciários e fiscais


O artigo 876, parágrafo único, da CLT dispõe que serão executadas ex-officio
as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e
Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo.
Sobre o tema contribuições, o C. TST editou a Súmula 368:
I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das
contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à
execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo
homologado, que integrem o salário de contribuição. (ex-OJ nº 141 da
SBDI-1 - inserida em 27.11.1998).
II - É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias e fiscais, resultantes de crédito do empregado

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oriundo de condenação judicial. A culpa do empregador pelo


inadimplemento das verbas remuneratórias, contudo, não exime a
responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de renda
devido e da contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte.
(ex-OJ nº 363 da SBDI-1, parte final)
III – Os descontos previdenciários relativos à contribuição do empregado, no
caso de ações trabalhistas, devem ser calculados mês a mês, de
conformidade com o art. 276, § 4º, do Decreto n º 3.048/1999 que
regulamentou a Lei nº 8.212/1991, aplicando-se as alíquotas previstas no
art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição (ex-OJs nºs
32 e 228 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em 14.03.1994 e
20.06.2001).
IV - Considera-se fato gerador das contribuições previdenciárias
decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados em
juízo, para os serviços prestados até 4.3.2009, inclusive, o efetivo
pagamento das verbas, configurando-se a mora a partir do dia dois do mês
seguinte ao da liquidação (art. 276, “caput”, do Decreto nº 3.048/1999).
Eficácia não retroativa da alteração legislativa promovida pela Medida
Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009,
que deu nova redação ao art. 43 da Lei nº 8.212/91.
V - Para o labor realizado a partir de 5.3.2009, considera-se fato gerador
das contribuições previdenciárias decorrentes de créditos trabalhistas
reconhecidos ou homologados em juízo a data da efetiva prestação dos
serviços. Sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas a partir da
prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados os
créditos previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimento do prazo de
citação para pagamento, se descumprida a obrigação, observado o limite
legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº 9.430/96).
VI – O imposto de renda decorrente de crédito do empregado recebido
acumuladamente deve ser calculado sobre o montante dos rendimentos
pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da
multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos
pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao
mês do recebimento ou crédito, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de
22/12/1988, com a redação conferida pela Lei nº 13.149/2015, observado o
procedimento previsto nas Instruções Normativas da Receita Federal do
Brasil.

Cumpre, pois, observar que tanto no texto constitucional, como pela disciplina
do TST, não cabe a execução de ofício das contribuições incidentes sobre salários
pagos durante o contrato de trabalho, como no reconhecimento de vínculo ou
integração de salário “a latere” (pago por fora).

I) Seguro-Desemprego e FGTS
Salienta-se que, caso o empregado não receba o seguro-desemprego, pode
ele demandar na Justiça do Trabalho postulando uma indenização substitutiva pelo
não recebimento das guias para recebimento do seguro desemprego.
Nesse mesmo sentido a súmula 389 do TST:

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I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre


empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-
fornecimento das guias do seguro-desemprego. (ex-OJ nº 210 da SBDI-1 -
inserida em 08.11.2000)

II - O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o


recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização. (ex-
OJ nº 211 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

Frisa-se, ainda, que a Justiça do Trabalho também é competente para autorizar


o levantamento do FGTS, na ocorrência de dissídio entre empregado e empregador.

J) As ações decorrentes de penalidades administrativas impostas aos


Empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho.
É o caso, por exemplo, de autuação de determinada empresa por Auditor
Fiscal do Trabalho. Segundo o art. 636 da CLT, tem-se a possibilidade de manejar
recurso administrativo contra a autuação. Ocorre que pelo texto da CLT (§1º), fica o
recebimento do recurso condicionado à prova de depósito da multa. Salienta-se,
contudo, que por meio da Súmula Vinculante 21, o STF não mais exige o depósito
para recebimento de recursos administrativos: “É inconstitucional a exigência de
depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo”.
ATENÇÃO: A Justiça do Trabalho é incompetente para julgar crimes. O inciso
IV, do artigo 114, da CF/88, confere à Justiça do Trabalho competência para
processar e julgar os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data
quando o ato questionado envolver matéria de sua jurisdição. A ADI, no 3.684,
concedeu liminar, com efeito ex-tunc, para declarar a incompetência da Justiça do
Trabalho para processar e julgar ações penais.
Contudo, ressalta-se que, conforme a Súmula Vinculante 25, “é ilícita a prisão
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito”. Nesta análise,
unindo ao disposto no inciso IV, do artigo 114, da CF/88, que confere à Justiça do
Trabalho competência para processar e julgar os mandados de segurança, habeas
corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria de sua jurisdição,
chega-se a seguinte linha de raciocínio: se o depositário fiel for preso, cabe HC e
Reclamação Constitucional perante a Justiça do Trabalho. Assim, tem-se que
somente caberá HC na Justiça do Trabalho em caso de prisão civil.

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Nesse diapasão, afasta-se da Justiça do Trabalho a apreciação de demais


crimes, como crimes contra a administração do trabalho, que será de competência
da Justiça Federal, ou a prisão da pessoa por crime de falso testemunho, mesmo o
dado em audiência trabalhista, a competência para julgá-lo foge do âmbito da JT.

K) Outras controvérsias previstas em Lei


São outros casos que, embora não previsto nesse rol apresentado pela
Constituição Federal, também estarão submetidos à apreciação da Justiça do
Trabalho, geralmente advindos de lei posterior ou entendimento jurisprudencial
(Súmulas e OJs). Como exemplo pode ser citada a súmula 389 do TST, que
disciplina a competência da Justiça do Trabalho para os casos de não concessão de
guias para recebimento de seguro desemprego pelo empregador, conforme já visto
acima.

3.2 Competência Territorial

A competência territorial diz respeito ao Juízo/Vara do Trabalho que será


competente para ação em razão do lugar. Como regra, tem-se a competência
territorial definida pelo local da prestação dos serviços, ainda que o empregado
tenha sido contratado em outro local ou mesmo no estrangeiro, conforme
inteligência do art. 651 da CLT.
Acredita-se que o objetivo do empregador tenha sido primar pela facilidade na
produção de provas, notadamente a testemunhal. Como o destaque do direito do
trabalho fica a cargo do Princípio da Proteção, não é incomum presumir, de forma
equivocada, que a competência para ações trabalhistas, quando intentadas pelo
empregado, seria relativa ao seu domicílio diante de sua hipossuficiência. Ledo
engano, o local competente será o da prestação dos serviços. Dessa forma, se
Marcos mora em Andradina/SP e prestou seus serviços em Três Lagoas/MS, o juízo
do trabalho competente para receber eventual reclamação trabalhista será
estabelecido nesta cidade, não podendo Marcos ajuizar sua ação em Andradina,
uma vez que ela se configura como incompetente territorialmente à vara do trabalho
local.

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É importante, contudo, destacar três hipóteses de exceção a essa regra:


I – No caso de agente ou viajante comercial a competência será da vara do
trabalho da localidade em que a empresa tenha agência ou filial à qual esteja o
empregado subordinado. Não havendo vara do trabalho nesse local, a competência
será do domicílio do empregado ou a localidade mais próxima.
II – Na hipótese do empregado brasileiro que presta seus serviços no exterior.
Nesse caso, a competência será da justiça brasileira desde que não exista
convenção internacional dispondo o contrário. Para tanto, a ação deverá ser
ajuizada no local da celebração do contrato ou da prestação dos serviços, se existiu
prestação de serviços no Brasil na mesma empresa antes da prestação de serviços
no exterior.
III – Por fim, no caso do empregador que realiza atividades fora do lugar do
contrato de trabalho, ou seja, de forma itinerante. Nessa hipótese, a competência
será do local da celebração do contrato ou do local da prestação dos serviços. É
clássico o exemplo dos empregados circenses por acompanharem o circo por onde
quer que vá, evidente que a prestação dos serviços se protrai a cada momento em
um lugar diferente.

3.3 Competência Funcional

A competência funcional está relacionada com a divisão dada aos órgãos que
compõem a Justiça do Trabalho. Salienta-se que sua natureza é de competência
absoluta, devendo ser declarada ex ofício pelo julgador não havendo que se falar em
preclusão.
A competência das varas do trabalho está descrita, ainda que de forma
meramente exemplificativa, nos arts. 652 e 653 da CLT.
Art. 652. Compete às Varas do Trabalho:
a) conciliar e julgar:
I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de
empregado;
II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por
motivo de rescisão do contrato individual de trabalho;
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o
empreiteiro seja operário ou artífice;
IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho;
V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o
Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho;

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b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave;


c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;
d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua
competência;
e) impor multa e demais penalidades relativas aos atos de sua competência.
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de
competência da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único - Terão preferência para julgamento os dissídios sobre
pagamento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador,
podendo o Presidente da Junta, a pedido do interessado, constituir
processo em separado, sempre que a reclamação também versar sobre
outros assuntos.

Art. 653 - Compete, ainda, às Juntas de Conciliação e Julgamento:


a) requisitar às autoridades competentes a realização das diligências
necessárias ao esclarecimento dos feitos sob sua apreciação,
representando contra aquelas que não atenderem a tais requisições;
b) realizar as diligências e praticar os atos processuais ordenados pelos
Tribunais Regionais do Trabalho ou pelo Tribunal Superior do Trabalho;
c) julgar as suspeições arguidas contra os seus membros;
d) julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas;
e) expedir precatórias e cumprir as que lhes forem deprecadas;
f) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, quaisquer outras
atribuições que decorram da sua jurisdição.

O art. 659 da CLT cuida das questões administrativas:


Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das
que lhes forem conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as
seguintes atribuições:
I - presidir às audiências das Juntas;
II - executar as suas próprias decisões, as proferidas pela Junta e aquelas
cuja execução lhes for deprecada;
III - dar posse aos vogais nomeados para a Junta, ao Secretário e aos
demais funcionários da Secretaria;
IV - convocar os suplentes dos vogais, no impedimento destes;
V - representar ao Presidente do Tribunal Regional da respectiva jurisdição,
no caso de falta de qualquer vogal a 3 (três) reuniões consecutivas, sem
motivo justificado, para os fins do art. 727;
VI - despachar os recursos interpostos pelas partes, fundamentando a
decisão recorrida antes da remessa ao Tribunal Regional, ou submetendo-
os à decisão da Junta, no caso do art. 894;
VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e funcionários da Junta;
VlIl - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional, até 15 de fevereiro de
cada ano, o relatório dos trabalhos do ano anterior;
IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em
reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência
disciplinada pelos parágrafos do artigo 469 desta Consolidação.
X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações
trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado,
suspenso ou dispensado pelo empregador.

Por fim, o art. 678 da CLT cuida da competência funcional dos Tribunais
Regionais do Trabalho, trazendo as competências originária, recursal e
administrativa.

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Art. 678 - Aos Tribunais Regionais, quando divididos em Turmas, compete:


I - ao Tribunal Pleno, especialmente:
a) processar, conciliar e julgar originariamente os dissídios coletivos;
b) processar e julgar originariamente:
1) as revisões de sentenças normativas;
2) a extensão das decisões proferidas em dissídios coletivos;
3) os mandados de segurança;
4) as impugnações à investidura de vogais e seus suplentes nas Juntas de
Conciliação e Julgamento;
c) processar e julgar em última instância:
1) os recursos das multas impostas pelas Turmas;
2) as ações rescisórias das decisões das Juntas de Conciliação e
Julgamento, dos juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista, das
Turmas e de seus próprios acórdãos;
3) os conflitos de jurisdição entre as suas Turmas, os juízes de direito
investidos na jurisdição trabalhista, as Juntas de Conciliação e Julgamento,
ou entre aqueles e estas;
d) julgar em única ou última instâncias:
1) os processos e os recursos de natureza administrativa atinentes aos seus
serviços auxiliares e respectivos servidores;
2) as reclamações contra atos administrativos de seu presidente ou de
qualquer de seus membros, assim como dos juízes de primeira instância e
de seus funcionários.
II - às Turmas:
a) julgar os recursos ordinários previstos no art. 895, alínea a;
b) julgar os agravos de petição e de instrumento, estes de decisões
denegatórias de recursos de sua alçada;
c) impor multas e demais penalidades relativas e atos de sua competência
jurisdicional, e julgar os recursos interpostos das decisões das Juntas dos
juízes de direito que as impuserem.
Parágrafo único. Das decisões das Turmas não caberá recurso para o
Tribunal Pleno, exceto no caso do item I, alínea "c”, inciso 1, deste artigo.

3.4 Conflito de Competência

Em que pese ser a jurisdição una, ou seja, indivisível, como pode ser
observado pelos itens acima estudados, ela é dividida, seja material ou
territorialmente, para que a prestação jurisdicional seja mais célere, organizada e
específica.
Pode ocorrer, assim, que dois ou mais juízes se achem competentes ou
incompetentes para a análise de determinada questão, surgindo nesse momento o
chamado conflito de competência.
Conforme o art. 804 da CLT e o 66 do CPC, ocorrerá conflito de competência
sempre que: (i) dois ou mais juízes se considerarem competentes – conflito positivo;
(ii) quando dois ou mais juízes se considerarem incompetentes – conflito negativo;
(iii) entre dois ou mais juízes surgir controvérsia acerca da reunião ou separação de
processos (MIESSA, 2019, p. 275).

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O conflito de competência em âmbito trabalhista pode ser suscitado pelo


próprio magistrado ou mesmo pelos tribunais do trabalho. É possível ainda que o
Ministério Público do Trabalho ou mesmo a própria parte interessada ou seu
representante apresente a suscitação de conflito, conforme preceitua o art. 805 da
CLT.
Uma vez suscitado o conflito de competência, nos moldes do art. 114, inciso V
da CF/88, caberá à Justiça do Trabalho a análise dos conflitos de competência entre
órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o (disciplina a
competência do Supremo Tribunal Federal).
Logo, para dirimir o conflito suscitado será competente:

Tabela 2: Possíveis conflitos de competência


Vara do Trabalho x Vara do Trabalho ou juiz de direito
TRT (art. 808, a, CLT) investido em jurisdição trabalhista, desde que vinculados
ao mesmo tribunal (TRT).
TRT x TRT
TRT x Vara do Trabalho vinculada a outro TRT
TST (art. 808, b, CLT) Vara do Trabalho x Vara do Trabalho ou juiz de direito
investido em jurisdição trabalhista vinculados a tribunais
diferentes (TRTs diferentes)
TRT ou Vara do Trabalho x Juiz de Direito, Tribunal de
STJ (art. 105, I, d, CF)
Justiça, Juiz Federal ou Tribunal Regional Federal
TST x Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Federal, Juiz
STF (art. 102, I, a, CF)
de Direito ou Juiz Federal
Fonte: SANTOS, Caio Cesar Vieira dos (Org.). – O próprio autor.

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CAIRO JÚNIOR, José. Curso de Direito do Trabalho. Direito Individual e Direito


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CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 11. ed. São Paulo: Metódo, 2017.

CASSAR, Vólia Bomfim. Resumo de direito do trabalho. 6. ed., rev., atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018.

CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho para concurso de analista do TRT e


MPU. Coleção Tribunais e MPU. 11ª Edição. São Paulo: Juspodivm, 2018.

CORREIA, Henrique; MIESSA, Elisson. Manual da Reforma Trabalhista.


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DALAZEN, João Oreste. Indenização civil de empregado e empregador por dano


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Saraiva, 2017.

_________. Curso de direito processual do trabalho. 16ª ed. São Paulo: LTr,
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_________. Curso de direito processual do trabalho. 13ª ed. São Paulo: Saraiva,
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_________. Direito processual do trabalho. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.

MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para concursos de analista do TRT,


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Paulo: LTr, 2009.

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NASCIMENTO, Amauri Mascaro; NASCIMENTO, Sônia Mascaro. Curso de direito


do trabalho. História e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e
coletivas do trabalho. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil - Volume


único. 8ª ed. Salvador: JusPodivm, 2016.

ROMAR, Carla Tereza Martins. Direito do Trabalho. Coordenador Pedro Lenza. 5.


ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (Coleção esquematizado).

SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 13ª ed. São Paulo:
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THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral


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