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RAPHAEL FUNCHAL CARNEIRO


Advogado

PROCESSO DO
TRABALHO

Rio de Janeiro
2021

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SUMÁRIO
Apresentação........................................................................7
Capítulo 1 – JUSTIÇA DO TRABALHO
1. Criação..............................................................................9
2. Organização......................................................................11
3. Jurisdição e competência..................................................21
3.1. Jurisdição.......................................................................21
3.2. Imunidade de juridição..................................................23
3.3. Cooperação jurídica internacional.................................24
3.4. Competência..................................................................26
3.4.1. Ações oriundas da relação do trabalho.......................27
3.4.2. Ações que envolvam o execício do direito de greve. .33
3.4.3. Ações sobre representação sindical............................35
3.4.4. Mandado de segurança, habeas corpus, habeas data. .38
3.4.5. Conflitos de competência...........................................39
3.4.6. Ações de indenização por dano moral e material.......43
3.4.7. Ações relativas a penalidades administrativas............45
3.4.8 Execução das contribuições sociais.............................46
3.5. Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho
..............................................................................................50
3.6. Dissídios coletivos.........................................................53
3.7. Competência territorial..................................................55
3.8. Competência funcional..................................................58
3.9. Reclamação...................................................................60
4. Exceção de incompetência...............................................61
5. Métodos alternativos de solução de conflitos trabalhistas
..............................................................................................63

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Capítulo 2 – PARTE GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO
1. Legislação processual do trabalho....................................69
2. Sujeitos do processo do trabalho......................................74
2.1. Partes e procuradores.....................................................74
2.1.1. Responsabilidade por dano processual.......................82
2.1.2. Honorários advocatícios.............................................87
2.2. Litisconsórcio................................................................90
2.3. Intervenção de terceiros.................................................92
2.3.1. Desconsideração da personalidade jurídica................95
2.4. Juiz e auxiliares.............................................................97
2.4.1. Poderes e deveres do juiz...........................................97
2.4.2. Suspeição do juiz........................................................101
2.4.3. Auxiliares do juiz........................................................104
2.5. Ministério Público do Trabalho.....................................105
2.6. Defensoria Pública........................................................108
3. Atos processuais...............................................................110
3.1. Forma.............................................................................110
3.2. Nulidades.......................................................................114
3.3.. Lugar............................................................................118
3.4. Tempo............................................................................120
3.5. Termos...........................................................................124
3.6. Prazos processuais.........................................................125
3.7. Distribuição...................................................................131
3.8. Custas e emolumentos...................................................135
4. Audiências........................................................................142
5. Tutela provisória...............................................................146
6. Provas...............................................................................153
6.1. Ônus da prova................................................................158

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6.2. Declaração de autenticidade pelo advogado.................161
6.3. Depoimento das partes e testemunhas...........................162
6.4. Perícia............................................................................169
7. Decisão e sua eficácia.......................................................174
7.1. Coisa julgada e ação rescisória......................................185
Capítulo 3 – DISSÍDIOS INDIVIDUAIS
1. Disposições gerais............................................................192
2. Petição inicial...................................................................194
3. Improcedência liminar do pedido.....................................200
4. Notificação.......................................................................204
5. Audiência de instrução e julgamentos..............................207
6. Inquérito para apuração de falta grave.............................216
Capítulo 4 – HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL
1. Disposições gerais............................................................223
Capítulo 5 – DISSÍDIOS COLETIVOS
1. Instauração do dissídio coletivo.......................................230
2. Audiência de conciliação e julgamento............................239
3. Extensão da decisão..........................................................248
4. Cumprimento da decisão..................................................250
5. Revisão da decisão...........................................................252
Capítulo 6 - PROCESSO DE EXECUÇÃO
1. Disposições preliminares..................................................254
1.1. Liquidação de sentença.................................................263
2. Mandado de citação e penhora.........................................269
3. Prescrição intercorrente....................................................277
4. Embargos à execução.......................................................281
5. Julgamento e trâmites finais da execução........................285

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Capítulo 7 - RECURSOS
1. Disposições gerais............................................................294
1.1. Atribuições do relator....................................................303
1.2. Arguição de inconstitucionalidade................................306
1.3. Uniformização de jurisprudência..................................308
2. Recurso ordinário.............................................................314
3. Agravo..............................................................................320
3.1. Agravo de petição..........................................................321
3.2. Agravo de instrumento..................................................323
4. Embargos de declaração...................................................326
5. Recurso de revista............................................................332
5.1. Recurso de revista repetitivo.........................................344
6. Embargos de divergência.................................................352
7. Embargos infringentes......................................................355
8. Recurso extraordinário.....................................................357

Bibliografia...........................................................................361
APÊNDICE
1. A prova do contrato individual de trabalho......................370

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APRESENTAÇÃO
Neste livro é estudado o direito processual do traba-
lho, como disciplinado nas normas da Constituição da Repúbli-
ca Federativa do Brasil de 1988, no Decreto-lei 5.452, de 1º de
maio de 1943 – Consolidação das Leis do Trabalho; as hipóte-
ses de aplicação subsidiária do Código de Processo Civil – lei
13.105, de 16 de março de 2015, e a jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho e do Supremo Tribunal Federal, com
abordagem prática mas sem se descurar do conteúdo crítico
construtivo.
Recentemente o processo do trabalho sofreu alterações
em razão da entrada em vigor do Código de Processo Civil de
2015, que trouxe inovações aplicáveis subsidiariamente, e pela
lei 13.467, de 13 de julho de 2017, que alterou e introduziu re-
gras processuais na Consolidação das Leis do Trabalho. Portan-
to, um novo estudo se faz necessário para compreender as refe-
ridas alterações e suas consequências.
A disciplina do direito processual do trabalho é de
suma importância, tendo em conta as inúmeras ações trabalhis-
tas em curso nos Tribunais Regionais do Trabalho, e principal-
mente pela natureza do direito discutido que envolve os direi-

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tos dos trabalhadores reconhecidos mediante árdua luta popu-
lar.
Com isso, o autor buscando elementos doutrinários, da
prática da advocacia e da jurisprudência, elaborou este livro
que se destina a todos aqueles que atuam na área trabalhista,
primando pela simplicidade da linguagem e da abordagem dos
assuntos tratados.

Rio de Janeiro, julho de 2021.


O autor

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CAPÍTULO 1 - JUSTIÇA DO TRABALHO
1. Criação
A Justiça do Trabalho aparece como órgão do Poder
Judiciário a partir da Constituição Federal de 1946 (art. 94, inc.
V, art. 122 e 123), embora já existisse na vigência da anterior
Constituição de 1937 (art. 139), em razão da sua instituição
pelo Decreto-lei 1.237/39, como órgão vinculado ao Poder
Executivo (arts. 7º e 8º), e posteriormente alterado pelo De-
creto-lei 5.452/43 (arts. 643 a 721) que aprovou a Consolida-
ção das Leis do Trabalho, visto que a legislação trabalhista era
esparsa e os assuntos eram disciplinados em diversos diplomas
legais.
Em 1941 foi instalado em Belo Horizonte/Minas Ge-
rais o Conselho Regional do Trabalho da 3ª Região (art. 13 e
16 do DL 1.237/39), atual Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região.
O artigo 139 da Constituição Federal de 1937 previa a
instituição da Justiça do Trabalho por lei e à qual não se aplica-
vam as disposições constitucionais relativas à competência, ao
recrutamento e às prerrogativas da Justiça comum, ou seja, as
normas relativas ao Poder Judiciário, para dirimir os conflitos
oriundos das relações entre empregadores e empregados, regu-

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ladas na legislação social (porque o trabalho era considerado
como dever social). De forma semelhante, o artigo 122 da
Constituição Federal de 1934 previa a instituição da Justiça do
Trabalho para dirimir questões entre empregadores e emprega-
dos, regidas pela legislação social, à qual não se aplicava as
normas constitucionais relativas ao Poder Judiciário, de modo
que a constituição dos Tribunais do Trabalho e das Comissões
de Conciliação deveriam obedecer sempre ao princípio da elei-
ção de membros, metade pelas associações representativas dos
empregados, e metade pelas dos empregadores, sendo o presi-
dente de livre nomeação do Poder Executivo, escolhido entre
pessoas de experiência e notória capacidade moral e intelectual.
Portanto, a instituição, o funcionamento e a escolha
dos integrantes da Justiça do Trabalho estava atrelada a Presi-
dência da República, de modo que não gozava de autonomia
administrativa e financeira e nem de independência, como
ocorre nos dias atuais (arts. 2º e 99 da CRFB/88).
Como dito, a partir da Constituição de 1946 a Justiça
do Trabalho passa a integrar o Poder Judiciário, aplicando-se a
ela as disposições relativas a jurisdição e a competência, a or-
ganização dos seus serviços e as normas relativas ao ingresso
dos magistrados e as suas garantias, de modo que as normas da

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CLT que dispuserem em contrário se tornaram inconstitucio-
nais, e portanto, inaplicáveis.
A Justiça do Trabalho continuou a ser tratada como ór-
gão do Poder Judiciário pela Constituição Federal de 1967 (art.
107, inc. V, arts. 133 a 135) e pela atual Constituição Federal
de 1988 (art. 92, inc. IV, arts. 111 a 116), cumprindo a sua mis-
são de resolver os conflitos oriundos das relações de trabalho.
2. Organização
A organização da Justiça do Trabalho é disciplinada na
Constituição Federal de 1988, na Consolidação das Leis do
Trabalho (DL 5.452/43), e na legislação processual trabalhista,
como nas leis 10.770/03 e 7.701/88, tendo como órgãos inte-
grantes o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regio-
nais do Trabalho e os Juízes do Trabalho que atuam nas Varas
do Trabalho (art. 111 da CRFB/88).
Como determina o artigo 113 da Constituição Federal
de 1988 a lei é que dispõe sobre a constituição, investidura, ju-
risdição, competência, garantias e condições de exercício dos
órgãos da Justiça do Trabalho.
A Emenda Constitucional 24/99 alterou a redação do
artigo 111 e 112 da Constituição Federal de 1988, extinguindo
as Juntas de Conciliação e Julgamento (JCJ) e criando as Varas

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do Trabalho integradas pelos Juízes do Trabalho de forma sin-
gular, de modo que a alínea c do artigo 644 da CLT deve ser
lido de acordo com a Constituição Federal para que as disposi-
ções relativas as Juntas passem a se referir as Varas do Traba-
lho, integradas por 1 (um) juiz titular e 1 (um) juiz substituto,
não existindo mais a figura dos vogais (art. 647, al. b, da CLT)
também conhecidos como “juízes classistas” (Rcl 1.993 AgR,
rel. Min. EROS GRAU, DJ 8/6/2007), visto que eram represen-
tantes das classes dos trabalhadores e dos empregadores.
O ingresso na magistratura do trabalho e os critérios
de promoção dos juízes se dá de acordo com o disposto no arti-
go 93 da Constituição Federal de 1988, estando os juízes do
trabalho submetidos as disposições da Lei Orgânica da Magis-
tratura Nacional (LC 35/79, art. 1º, inc. VI), gozando das ga-
rantias constitucionais para o exercício da atividade jurisdicio-
nal (art. 95 da CF/88 e arts. 25 a 33 da LC 35/79).
Como dispõe o artigo 91 da LC 35/79 são cargos da
Magistratura do Trabalho o de Ministro do Tribunal Superior
do Trabalho; o de Juiz do Tribunal Regional do Trabalho; o de
Juiz do Trabalho e de Juiz do Trabalho substituto, sendo o in-
gresso na Magistratura do Trabalho no cargo de Juiz do Traba-
lho substituto.

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O artigo 112 da Constituição Federal de 1988, com re-
dação dada pela Emenda Constitucional 45/04, diz que cabe a
lei criar as Varas do Trabalho, podendo, nas Comarcas não
abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito,
com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
A lei 10.770/03 dispõe sobre a criação Varas do Trabalho nas
Regiões da Justiça do Trabalho, define jurisdições e dá outras
providências.
Não há previsão no artigo 98 da Constituição Federal
de 1988 para que seja instituído na Justiça do Trabalho os Jui-
zados Especiais para a conciliação, julgamento e execução das
causas trabalhistas de menor complexidade. Entretanto, a lei
9.957/00 instituiu o procedimento sumaríssimo para os dissí-
dios individuais que não excedam o valor de 40 salários míni-
mos na data do ajuizamento da reclamação trabalhista, pela in-
clusão na CLT dos artigos 852-A a 852-I.
Cada Vara do Trabalho deve ter uma secretaria inte-
grada pelos auxiliares da justiça (art. 710 da CLT), como o es-
crivão, o oficial de justiça (art. 721 da CLT), o contador, o peri-
to, e o distribuidor (arts. 713 a 715 da CLT), cujas atribuições
são reguladas na Consolidação das Leis do Trabalho (art. 711 e
712) e subsidiariamente no Código de Processo Civil (art. 15

13
c/c arts. 150 a 175), bem como nos regimentos internos dos
Tribunais Regionais do Trabalho.
Atualmente existem 24 regiões, cuja jurisdição é divi-
dida pelos respectivos Tribunais Regionais do Trabalho, sendo
eles: TRT da 1ª Região com jurisdição no Estado do Rio de Ja-
neiro; TRT da 2ª Região com jurisdição na capital do Estado de
São Paulo; TRT da 3ª Região com jurisdição no Estado de Mi-
nas Gerais; TRT da 4ª Região com jurisdição no Estado do Rio
Grande do Sul; TRT da 5ª Região com jurisdição no Estado da
Bahia; TRT da 6ª Região com jurisdição no Estado de Pernam-
buco; TRT da 7ª Região com jurisdição no Estado do Ceará;
TRT da 8ª Região com jurisdição nos Estados do Pará e do
Amapá; TRT da 9ª Região com jurisdição no Estado do Paraná;
TRT da 10ª Região com jurisdição no Distrito Federal e no To-
cantins; TRT da 11ª Região com jurisdição no Estado de Rorai-
ma e do Amazonas; TRT da 12ª Região com jurisdição no Esta-
do de Santa Catarina; TRT da 13ª Região com jurisdição no Es-
tado da Paraíba; TRT da 14ª Região com jurisdição nos Estados
do Acre e de Rondônia; TRT da 15ª Região com jurisdição no
interior do Estado de São Paulo; TRT da 16ª Região com juris-
dição no Estado do Maranhão; TRT da 17ª Região com jurisdi-
ção no Estado do Espírito Santo; TRT da 18ª Região com juris-

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dição no Estado de Goiás; TRT da 19ª Região com jurisdição
no Estado de Alagoas; TRT da 20ª Região com jurisdição no
Estado de Sergipe; TRT da 21ª Região com jurisdição no Esta-
do do Rio Grande do Norte; TRT da 22ª Região com jurisdição
no Estado do Piauí; TRT da 23ª Região com jurisdição no Esta-
do do Mato Grosso; TRT da 24ª Região com jurisdição no Es-
tado do Mato Grosso do Sul.
Aplicam-se aos Tribunais Regionais do Trabalho as
disposições dos artigos 96 e 99 da Constituição Federal de
1988, de modo que cabe ao regimento interno de cada Tribunal
Regional do Trabalho dispor sobre a organização de suas secre-
tarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vin-
culados, velando pelo exercício da atividade correicional res-
pectiva, e sobre a competência e o funcionamento dos respecti-
vos órgãos jurisdicionais e administrativos (art. 96, inc. I, da
CRFB/88, e art. 719, parágrafo único da CLT), devendo obser-
var as normas de processo e as garantias processuais das partes.
Cada Tribunal Regional do Trabalho, no âmbito de sua
Região, mediante ato próprio, alterar e estabelecer a jurisdição
das Varas do Trabalho, bem como transferir-lhes a sede de um
Município para outro, de acordo com a necessidade de agiliza-

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ção da prestação jurisdicional trabalhista (art. 28 da lei
10.770/03).
A composição dos Tribunais Regionais do Trabalho
está disciplinada no artigo 115 da Constituição Federal de
1988, devendo cada um ser composto por 7 (sete) juízes no
mínimo, recrutados, quando possível, na respectiva região, e
nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com
mais de 30 (trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos, sen-
do 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 (dez)
anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de 10 (dez) anos de efetivo
exercício no cargo; e os demais, mediante promoção de juízes
do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente,
observadas as disposições do artigo 93 da CF/88, da LC 35/79
(art. 80 a 88), e da CLT (art. 654).
Os membros do Ministério Público do Trabalho e os
advogados serão indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de re-
presentação das respectivas classes, e recebidas as indicações,
o Tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executi-
vo, que, nos 20 (vinte) dias subsequentes, escolherá um de seus
integrantes para nomeação, como dispõe o artigo 94 da Consti-
tuição Federal de 1988. Isto porque, com a promulgação da EC

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45/2004, deu-se a extensão, aos Tribunais do Trabalho, da regra
do “quinto” constante do artigo 94 da CF/88 (ADI 3.490, Min.
MARCO AURÉLIO, DJ 7/4/2006).
A nomeação de advogado para compor, nessa qualida-
de, o Tribunal Regional do Trabalho, há de ser feita em quem
exerça efetivamente a profissão, ainda que, no momento da es-
colha, esteja eventualmente incompatibilizado para aquele
exercício, em face do desempenho de atividades compreendi-
das no artigo 1º da lei 8.906/94, não bastando, em qualquer
caso, a simples inscrição nos quadros da Ordem dos Advoga-
dos do Brasil. Também deve ser exigido o requisito da reputa-
ção ilibada e do notório saber jurídico, em decorrência da ob-
servância do disposto no artigo 94 da CF/88 como previsto
pelo próprio inciso I do artigo da CF/88.
Como dispõe o enunciado da súmula 628 do Supremo
Tribunal Federal o integrante de lista de candidatos a determi-
nada vaga da composição do Tribunal Regional do Trabalho é
parte legítima para impugnar a validade da nomeação de con-
corrente, inclusive por meio de mandado de segurança quando
presentes os requisitos legais (art. 5º, inc. LXIX da CF/88 e art.
1º da lei 12.016/09).

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No mandado de segurança contra a nomeação de ma-
gistrado da competência do Presidente da República, este é
considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da im-
petração seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedi-
mento (súmula 627 do STF).
Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcio-
nar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais,
como é exemplo a Câmara Regional de Juiz de Fora/MG, a fim
de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em to-
das as fases do processo, facilitando o atendimento do jurisdici-
onado e tornando mais célere a prestação jurisdicional em 2ª
instância. Portanto, a descentralização é fator de democratiza-
ção da Justiça, pois aproxima o jurisdicionado do órgão prola-
tor da decisão, permitindo a participação de seus advogados no
julgamento dos recursos, diminuindo os gastos das partes, e re-
sultando ao final em tempestividade da tutela jurisdicional.
Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justi-
ça itinerante, com a realização de audiências e demais funções
de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitá-
rios, para levar a prestação jurisdicional aos necessitados nos
locais onde não haja sede da Justiça do Trabalho.

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O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão máximo da
Justiça do Trabalho, tendo sua sede do Distrito Federal e sua
composição está disciplinada no artigo 111-A da Constituição
Federal de 1988, sendo integrado por 27 (vinte e sete) Minis-
tros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 (trinta e cin-
co) anos e menos de 65 (sessenta e cinco) anos, de notável sa-
ber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Fe-
deral, sendo 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10
(dez) anos de efetiva atividade profissional e membros do Mi-
nistério Público do Trabalho com mais de 10 (dez) anos de efe-
tivo exercício, observada a forma de indicação do artigo 94 da
CRFB/88; e os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais
do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados
pelo próprio Tribunal Superior.
Cabe ao regimento interno do Tribunal Superior do
Trabalho dispor sobre a sua organização e a respectiva compe-
tência dos órgãos que o integram (art. 909 da CLT), observando
as normas e garantias processuais.
Funcionam junto ao Tribunal Superior do Trabalho a
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistra-
dos do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regula-

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mentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carrei-
ra; e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe
exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamen-
tária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primei-
ro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas deci-
sões terão efeito vinculante.
O Conselho Superior da Justiça do Trabalho foi criado
pela Emenda Constitucional 45/04 em decorrência da necessi-
dade da instituição de um órgão para realizar a uniformização
de procedimentos administrativos realizados pelos Tribunais
Regionais do Trabalho (TRTs) e pelas Varas do Trabalho.
Cabe ao Tribunal Superior do Trabalho propor ao Po-
der Legislativo Federal (art. 96, inc. II da CRFB/88), observa-
do o disposto no artigo 169 da Constituição Federal de 1988, a
alteração do número de membros dos Tribunais Regionais do
Trabalho; a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos
seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados,
bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes;
a criação ou extinção dos tribunais inferiores; e a alteração da
organização e da divisão judiciária.

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3. Jurisdição e Competência
3.1. Jurisdição
A jurisdição trabalhista é exercida pelos Juízes do Tra-
balho, pelos Tribunais Regionais do Trabalho e pelo Tribunal
Superior do Trabalho em todo o território nacional, conforme
as disposições da Constituição Federal de 1988, da Consolida-
ção das leis do Trabalho e das demais leis processuais do traba-
lho, como a 10.770/03 e 7.701/88.
É exercida pelo juiz natural, assim considerado aquele
que a Constituição ou a lei processual tenha preestabelecido o
conhecimento de certos assuntos para resolução, de modo a ga-
rantir a imparcialidade dos julgamentos.
Cada magistrado exerce a jurisdição dentro da faixa
territorial da unidade a que pertença. Deve se distinguir a juris-
dição que é exercida por todos os juízes do país, da competên-
cia que é a jurisdição exercida dentro de certos limites, de
modo que a competência é a medida da jurisdição.
Como dispõe o artigo 650 da CLT a jurisdição de cada
Vara do Trabalho abrange todo o território da Comarca em que
tem sede, só podendo ser estendida ou restringida por lei fede-
ral, em respeito ao artigo 113 da CRFB/88. O artigo 28 da lei
10.770/03 diz que cabe a cada Tribunal Regional do Trabalho,

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no âmbito de sua Região, mediante ato próprio, alterar e esta-
belecer a jurisdição das Varas do Trabalho, bem como transfe-
rir-lhes a sede de um Município para outro, de acordo com a
necessidade de agilização da prestação jurisdicional trabalhista.
Como determina o artigo 116 da Constituição Federal
de 1988: “nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por
um juiz singular”.
Nas localidades não compreendidas na jurisdição das
Varas do Trabalho, os Juízos de Direito são os órgãos de admi-
nistração da Justiça do Trabalho, com a jurisdição que lhes for
determinada pela lei de organização judiciária local. A delega-
ção da jurisdição trabalhista aos Juízos de Direito está prevista
no artigo 112 da CRFB/88, visto que a lei cria as Varas da Jus-
tiça do Trabalho, podendo, nas Comarcas não abrangidas por
sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para
o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
Para efeito da jurisdição dos Tribunais Regionais Fe-
derais, o território nacional é dividido em 24 (vinte e quatro)
regiões (art. 674 da CLT e lei 10.770/03), sendo que o número
de regiões, a jurisdição e a categoria dos Tribunais Regionais
somente podem ser alterados por lei (art. 676 da CLT).

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O Tribunal Superior do Trabalho, com sede na Capital
Federal – Distrito Federal, tem jurisdição em todo o território
nacional e é a instância suprema da Justiça do Trabalho (art.
690 da CLT).
3.2. Imunidade de Jurisdição
Como assentado na jurisprudência do Supremo Tribu-
nal Federal: “os Estados estrangeiros não dispõem de imunida-
de de jurisdição, perante o Poder Judiciário brasileiro, nas cau-
sas de natureza trabalhista, pois essa prerrogativa de direito in-
ternacional público tem caráter meramente relativo. Privilégios
diplomáticos não podem ser invocados, em processos trabalhis-
tas, para coonestar o enriquecimento sem causa de Estados es-
trangeiros, em inaceitável detrimento de trabalhadores residen-
tes em território brasileiro, sob pena de essa prática consagrar
censurável desvio ético-jurídico, incompatível com o princípio
da boa-fé e inconciliável com os grandes postulados do direito
internacional. O privilégio resultante da imunidade de execu-
ção não inibe a Justiça brasileira de exercer jurisdição nos pro-
cessos de conhecimento instaurados contra Estados estrangei-
ros” (RE 222.368 AgR, rel. min. CELSO DE MELLO, DJ
14/2/2003). Entretanto, “o organismo internacional que tenha
garantida a imunidade de jurisdição em tratado firmado pelo

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Brasil e internalizado na ordem jurídica brasileira não pode ser
demandado em juízo, salvo em caso de renúncia expressa a
essa imunidade” (RE 1.034.840 RG, rel. min. LUIZ FUX, DJe
30/6/2017, Tema 947).
No mesmo sentido é a Orientação Jurisprudencial nº
416 da Subseção Especializada em Dissídios Individuais I do
Tribunal Superior do Trabalho, ao dispor que: “as organizações
ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de
jurisdição quando amparados por norma internacional incorpo-
rada ao ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes aplicando a
regra do Direito Consuetudinário relativa à natureza dos atos
praticados. Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasi-
leira na hipótese de renúncia expressa à cláusula de imunidade
jurisdicional”.
3.3. Cooperação Jurídica Internacional
As regras de competência internacional são limitativas
da jurisdição na medida em que os juízes trabalhistas no Brasil
não exercem a jurisdição fora do Estado, tendo em conta a so-
berania de cada país. Deste modo, para que a Justiça de um Es-
tado possa atingir determinada pessoa ou seus bens quando lo-
calizados em território estrangeiro, deve ser realizada a coope-

24
ração jurídica internacional em respeito a soberania dos demais
Estados.
Pela exceção à regra da territorialidade contida no § 2º
do artigo 651 da CLT, a competência das Varas do Trabalho es-
tende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estran-
geiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja con-
venção internacional dispondo em contrário. Portanto, é possí-
vel que o empregado ajuíze reclamação trabalhista no Brasil
contra empregador pessoa jurídica sediada no estrangeiro, de
modo que será necessária a utilização dos mecanismos de coo-
peração jurídica para se praticar determinados atos processuais,
observando os acordos internacionais firmados pelo Brasil,
como o Acordo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em
Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa entre os
Estados Partes do Mercosul, a República da Bolívia e a Repú-
blica do Chile (Protocolo de Las Leñas), promulgado pelo De-
creto 6.891/09, que contempla os requisitos das cartas rogató-
rias em matéria trabalhista.
Como a legislação processual trabalhista não contem-
pla os mecanismos de cooperação deve se aplicar o disposto
nos artigos 26 a 41 do Código de Processo Civil, por força do
comando contido nos artigos 769 da CLT e 15 do CPC.

25
3.4. Competência
A competência da Justiça do Trabalho está delimitada
no artigo 114 da Constituição Federal de 1988, embora o rol de
matérias elencadas em seus incisos não seja exaustivo, pois o
inciso IX autoriza à lei a dispor sobre a competência da justiça
do trabalho no tocante a outras controvérsias decorrentes da re-
lação de trabalho. Trata-se de competência absoluta em razão
da matéria, que não comporta derrogação por vontade das par-
tes e nem prorrogação (art. 62 e 65 do CPC e art. 800 da CLT).
A Emenda Constitucional nº 45/04 deu nova redação
ao artigo 114 da Constituição Federal de 1988, ampliando a
competência da Justiça do Trabalho e tornando expressa deter-
minadas hipóteses que geravam conflitos, como as ações de
dano moral e material decorrentes da relação de trabalho, inclu-
sive as oriundas de acidente de trabalho (súmula 392 do TST e
súmula vinculante 22 do STF), e a competência para declarar a
abusividade, ou não, da greve (súmula 189 do TST).
A determinação da competência da Justiça do Traba-
lho não importa que dependa a solução da lide de questões de
direito civil, mas que o conteúdo fundamento do pedido tenha
sido feito em razão da relação de trabalho. (CJ 6.959, rel. min.
CÉLIO BORJA, DJ de 22/2/1991), de modo que as ações pos-

26
sessórias quando atreladas a relação de trabalho estão sujeitas a
competência da Justiça do Trabalho.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu que o
marco temporal da competência da Justiça Trabalhista é o ad-
vento da EC 45/2004. A nova orientação alcança os processos
em trâmite pela Justiça comum estadual, desde que pendentes
de julgamento de mérito, de modo que as ações que tramitam
perante a Justiça comum dos Estados, com sentença de mérito
anterior à promulgação da EC 45/2004, lá continuam até o
trânsito em julgado e correspondente execução, e àquelas cujo
mérito ainda não foi apreciado, hão de ser remetidas à Justiça
do Trabalho, aproveitando-se os atos já praticados (CC nº
7.204, rel. Min. AYRES BRITTO, DJ 9/12/2005).
3.4.1. Ações oriundas da relação de trabalho
De acordo com o inciso I do artigo 114 da CRFB/88
compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações
oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, in-
cluídos os consórcios públicos com personalidade jurídica de
direito público, que integra a administração indireta de todos os
entes da Federação consorciados, e os consórcios com persona-

27
lidade jurídica de direito privado (art. 6º, §§ 1º e 2º, da lei
11.107/05).
Portanto, compete a Justiça do Trabalho processar e
julgar os conflitos decorrentes das relações individuais e coleti-
vas de trabalho, reguladas pelas normas da Consolidação do
Trabalho (art. 1º) e pelas demais leis trabalhistas. A relação de
trabalho se dá entre empregador e empregado por meio de con-
trato de trabalho tácito ou expresso formalizado por escrito ou
verbalmente (arts. 2º, 3º, 4º, 6º 7º, 442 e 443 da CLT).
A Emenda Constitucional nº 45/2004, ao substituir a
expressão “relação de emprego” por “relação de trabalho”,
mais abrangente, ampliou a competência da Justiça Trabalhista
para dirimir os litígios decorrentes de outros contratos de pres-
tação de serviços diversos do contrato de trabalho subordinado,
pois relação de trabalho abrange toda e qualquer atividade hu-
mana em que haja prestação de serviços, subordinado ou não,
incluindo os trabalhadores autônomos, eventuais e avulsos, en-
tre outros. Diversamente, relação de emprego ocupa-se apenas
de um tipo específico de trabalho: o subordinado. Assim, toda
relação de emprego constitui uma relação de trabalho, mas a
recíproca não é verdadeira; a relação de trabalho, então, gênero
do qual a relação de emprego é uma das espécies.

28
Como visto anteriormente, as pessoas jurídicas de di-
reito público externo que são os Estados estrangeiros e todas as
pessoas que forem regidas pelo direito internacional público
(art. 42 do Código Civil), como os organismos internacionais,
não possuem imunidade de jurisdição nas ações de natureza
trabalhista, de modo que as relações de trabalho entre as pesso-
as jurídicas de direito público externo e seus empregados estão
submetidas a competência da Justiça do Trabalho, quando os
serviços forem prestados no território nacional e quando o em-
pregado for brasileiro e o serviço tenha sido prestado no exteri-
or desde que inexista acordo internacional vedando a jurisdição
da justiça brasileira (art. 651 caput e § 2º da CLT).
As relações de trabalho entre a administração pública
direta - União, Estados, Distrito Federal e Municípios - e indi-
reta (art. 41 do Código Civil), como as autarquias e as empre-
sas públicas (art. 173, inc. II, da CRFB/88, e art. 3º da lei
13.303/16), e os seus empregados também estão submetidas a
Justiça do Trabalho, ressalvados os servidores públicos estatu-
tários e os temporários que possuem vínculo de direito admi-
nistrativo e não trabalhista. Neste sentido, o Superior Tribunal
de Justiça deu nova interpretação ao enunciado da Súmula
222/STJ: “compete à Justiça Comum processar e julgar as

29
ações relativas à contribuição sindical prevista no art. 578 da
CLT” para abarcar apenas situações em que a contribuição sin-
dical diz respeito a servidores públicos estatutários, mantendo-
se a competência para processar e julgar as ações relativas à
contribuição sindical referentes a celetistas (servidores públicos
ou não) na Justiça do Trabalho (CC 147.784/PR, Rel. Min.
MAURO CAMPBELL MARQUES, Primeira Seção, julgado
em 24/03/2021 – Informativo STJ 690).
O artigo 45 do Código de Processo Civil dispõe que o
fato da União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e
fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissio-
nal, participarem do processo na Justiça do Trabalho na quali-
dade de parte ou de terceiro interveniente, não tem o condão de
afastar a sua competência.
O disposto no artigo 114, inciso I, da CRFB/88 não
abrange as causas instauradas entre o poder público e o servi-
dor público que lhe seja vinculado por relação jurídica estatutá-
ria (ADI 3.395 MC, rel. min. CEZAR PELUSO, DJ
10/11/2006). Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar
ações relativas às verbas trabalhistas referentes ao período em
que o servidor mantinha vínculo celetista com a administração,
antes da transposição para o regime estatutário (ARE 1.001.075

30
RG, rel. min. GILMAR MENDES, DJE de 1º/2/2017, Tema
928, e ARE 906.491 RG, rel. min. TEORI ZAVASKI, DJe
7/10/2015, Tema 853).
Como firmado na Orientação Jurisprudencial nº 138
da Subseção Especializada em Dissídios Individuais I do Tribu-
nal Superior do Trabalho, compete à Justiça do Trabalho julgar
pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação traba-
lhista referente a período anterior à lei 8.112/90, mesmo que a
ação tenha sido ajuizada após a edição da referida lei. A super-
veniência de regime estatutário em substituição ao celetista,
mesmo após a sentença, limita a execução ao período celetista.
As contratações temporárias para suprir os serviços
públicos estão no âmbito de relação jurídico-administrativa,
sendo competente para dirimir os conflitos a Justiça comum e
não a Justiça do trabalho (Rcl 4.872, rel. p/ o ac. min. MENE-
ZES DIREITO, DJe 7/11/2008).
No julgamento do Incidente de Assunção de Compe-
tência nº 5, proposto no Recurso Especial nº 1.799.343/SP, o
Superior Tribunal de Justiça firmou tese de que “compete à
Justiça comum julgar as demandas relativas a plano de saúde
de autogestão empresarial, exceto quando o benefício for regu-
lado em contrato de trabalho, convenção ou acordo coletivo,

31
hipótese em que a competência será da Justiça do Trabalho,
ainda que figure como parte trabalhador aposentado ou depen-
dente do trabalhador” (Relatora para acórdão Ministra NANCY
ANDRIGHI, Segunda Seção, julgado em 11/032020, DJe de
18/03/2020). A tese firmada pelo Superior Tribunal de Justiça,
portanto, apenas possibilita a consideração de competência da
Justiça do Trabalho quando cumuladas duas condições, quais
sejam: a) a existência de autogestão empresarial (instituída e
gerida pela própria empregadora); e b) que seja regulado no
contrato de trabalho, ou por convenção ou acordo coletivo
(TST-RR-608-11.2017.5.05.0463, 4ª Turma, rel. Min. ALE-
XANDRE LUIZ RAMOS, julgado em 29/6/2021 – Informati-
vo TST 240).
O Supremo Tribunal Federal assentou na súmula 736
o entendimento de que “compete à justiça do trabalho julgar as
ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de
normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos
trabalhadores”.
O Superior Tribunal de Justiça ao julgar conflito de
competência decidiu que compete à Justiça Comum julgar a
participação de trabalhadores ativos e aposentados no conselho
de administração de sociedades anônimas (art. 140, § 1º da lei

32
6.404/76). Isto porque o direito facultativo e excepcional de
participação dos empregados no aludido conselho não deriva
imediatamente da relação de trabalho (CF, art. 114, inc. I) ou de
outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho (CF, art.
114, inc. IX) ou, ainda, de litígio acerca de representação sindi-
cal, entre sindicatos e trabalhadores (CF, art. 114, inc. III), pois
decorre diretamente de previsão estatutária da companhia, com
supedâneo em norma de direito empresarial (CC 164.709-MG,
Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, Rel. Acd. Min. RAUL ARAÚ-
JO, Segunda Seção, julgamento em 28/04/2021, DJe
03/08/2021).
3.4.2. Ações que envolvam o exercício do direito de greve
No inciso II do artigo 114 da Constituição Federal de
1988 está disciplinada a competência da Justiça do Trabalho
para processar e julgar as ações que envolvam o exercício do
direito de greve assegurado no artigo 9º da CRFB/88 e regula-
do na lei 7.783/89, que no seu artigo 8º diz que a Justiça do
Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério
Público do Trabalho, decidirá sobre a procedência, total ou par-
cial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribu-
nal publicar, de imediato, o competente acórdão.

33
O § 3º do artigo 114 da Constituição Federal de 1988
dispõe que em caso de greve em atividade essencial, com pos-
sibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público
do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo (art. 856 da CLT),
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
O exercício do direito de greve está diretamente rela-
cionado com a relação de trabalho, tendo em conta que visa de-
fender determinados direitos do trabalhador em relação ao em-
pregador, constituindo um mecanismo coletivo de proteção dos
direitos trabalhistas.
A súmula vinculante 23 do Supremo Tribunal Federal
dispõe que “a Justiça do Trabalho é competente para processar
e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício
do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada”.
Isto porque, a determinação da competência da Justiça do Tra-
balho não importa que dependa a solução da lide de questões
de direito civil, bastando que a questão submetida à apreciação
judicial decorra da relação de trabalho (RE 579.648, rel. Min.
MENEZES DIREITO, red. p/ o ac. Min. CÁRMEM LÚCIA,
DJe 6/3/2009).
A Justiça comum, federal ou estadual, é competente
para julgar a abusividade de greve de servidores públicos cele-

34
tistas da administração pública direta, autarquias e fundações
públicas (RE 846.854, rel. p/ o ac. Min. ALEXANDRE DE
MORAES, Informativo 871, Tema 544), visto que o direito de
greve do servidor público civil deve ser exercido nos termos e
nos limites definidos em lei específica (art. 37, inc. VII, da
CRFB/88). A essencialidade das atividades desempenhadas pe-
los servidores públicos conduz à aplicação da regra de compe-
tência firmada pelo Supremo Tribunal Federal no MI 670 (Rel.
Min. MAURÍCIO CORRÊA, Rel. p/ acórdão Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, DJe de 30/10/2008), mesmo em se
tratando de servidores contratados pelo Estado sob o regime
celetista.
3.4.3. Ações sobre representação sindical
Compete a Justiça do Trabalho processar e julgar as
ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sin-
dicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores (art.
114, inc. III, da CRFB/88), abarcando, portanto, os conflitos
entre os próprios atores sindicais e entre estes e aqueles que le-
galmente representam, os trabalhadores ou os empregadores.
A representação sindical está expressamente prevista
no inciso III, do artigo 8º da Constituição Federal de 1988, e no
artigo 513 da Consolidação das Leis do Trabalho, cabendo ao

35
sindicato a defesa dos direitos e interesses coletivos ou indivi-
duais da categoria, inclusive em questões judiciais ou adminis-
trativas. As questões relativas a representação sindical, como o
registro de sindicato, a partir da Emenda Constitucional 45/04,
são de competência da Justiça do Trabalho (TST, AIRR. 1802-
69.2013.5.10.0003, rel. JOSE ROBERTO FREIRE PIMENTA,
DEJT 19/05/2017).
O termo “representação sindical” deve ser entendido
não em sentido literal, mas frente a sua verdadeira abrangência,
de modo que as questões que possam, ainda que indiretamente,
refletir na conformação da representatividade sindical devem
cingir-se à Justiça do Trabalho. Portanto, a ampliação da com-
petência da Justiça do Trabalho deve abarcar quaisquer dissí-
dios intra-sindicais, intersindicais, ou entre sindicato e empre-
gador, que envolvam a aplicação do direito sindical (STJ, CC
124.534/DF, Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe
01/07/2013).
A matéria relativa a contribuição sindical (CC 7.456,
rel. min. MENEZES DIREITO, DJe 20/6/2008), confederativa,
assistencial, a matéria estatutária, como o processo eleitoral
(súmula 4 do STJ), filiação ou desfiliação de associado, desde
que presentes na relação conflituosa o representante e o repre-

36
sentado, consideram-se como dissídios sujeitos a Justiça do
Trabalho. Não estão abrangidos os conflitos entre os sindicatos
representantes de servidores públicos estatutários, ainda que se
trate de contribuição sindical (TST, RR. 10640-
39.2017.5.18.0261, Rel. MÁRCIO EURICO VITRAL AMA-
RO, DEJT 15/02/2019).
Pode ser impetrado o mandado de segurança contra
ato de autoridade que venha a interferir ou intervir no exercício
de atividade sindical ou relativa à representação sindical, como
contra ato do Ministro do Trabalho que nega o registro sindical
ou contra a Caixa Econômica Federal, que não fornece ao sin-
dicato o código para o recolhimento da contribuição sindical
(art. 114, inc. III e IV, da CRFB/88).
O artigo 1º da lei 8.984/95 dispõe que compete à Justi-
ça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios que tenham ori-
gem no cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou
acordos coletivos de trabalho, mesmo quando ocorram entre
sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e empregador. A
competência é da Vara do Trabalho (TST, RO. 997-
71.2010.5.05.0000, Min. WALMIR OLIVEIRA DA COSTA,
DEJT 11/04/2013).

37
3.4.4. Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data
Nos termos do inciso IV, do artigo 114 da Constituição
Federal de 1988, compete a Justiça do Trabalho processar e jul-
gar os mandados de segurança (art. 5º, inc. LXIX, da CRFB/88
e lei 12.016/09), habeas corpus (art. 5º, inc. LXVIII, da
CRFB/88 e arts. 647 a 667 do Código de Processo Penal) e ha-
beas data (art. 5º, inc. LXXII, da CRFB/88 e lei 9.507/97),
quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua juris-
dição, ou seja, quando a controvérsia decorrer diretamente das
matérias sujeitas a sua competência, estando excluída a matéria
de natureza jurídica meramente administrativa relativa aos ór-
gãos administrativos do trabalho (TST, RR-146040-
72.2008.5.02.0071, Min. HUGO CARLOS SCHEUERMANN,
DEJT 27/09/2012).
O mandado de segurança pode ser impetrado contra o
auditor fiscal do trabalho ou o Delegado Regional do Trabalho
em decorrência de aplicação de multas provenientes da fiscali-
zação das relações de trabalho (art. 114, VII, da Constituição),
na interdição de estabelecimento ou setor, de máquina ou equi-
pamento, no embargo à obra (art. 161 da CLT). Neste caso, a
ação mandamental deve ser proposta na primeira instância da
Justiça do Trabalho e não no Tribunal Regional do Trabalho.

38
Contra ato de funcionário ou do juiz do trabalho, o
mandado de segurança é de competência dos Tribunais Regio-
nais (art. 678, inc. I, al. b, 3, da CLT). No Tribunal Superior do
Trabalho, a competência será da Seção de Dissídio Coletivo
(art. 2º, inc. I, al. d, da lei 7.701/88) ou da Subseção de Dissí-
dios Individuais 2 (art. 3º, inc. I, al. b, da lei 7.701/88).
3.4.5. Conflitos de competência
O inciso V, do artigo 114 da Constituição Federal de
1988, diz que compete a Justiça do Trabalho processar e julgar
os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição traba-
lhista, ressalvado o disposto no artigo 102, inciso I, alínea o, da
Constituição Federal de 1988, que atribui ao Supremo Tribunal
Federal a competência originária para processar e julgar os
conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e
quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e
qualquer outro tribunal.
Ocorre o conflito de competência quando dois ou mais
juízes se consideram competentes ou incompetentes para pro-
cessar e julgar a mesma ação (art. 804 da CLT), de modo que a
questão tem que ser solucionada pelo órgão jurisdicional com-
petente a fim de determinar qual juiz deve julgar o dissídio. O
conflito de atribuições ocorre entre autoridade judiciária e auto-

39
ridade administrativa, cabendo ao regimento interno do tribunal
regular o seu processo e o julgamento (art. 959 do CPC).
O artigo 803 da Consolidação das Leis do Trabalho
diz que os conflitos de competência podem ocorrer entre as Va-
ras do Trabalho e os Juízes de Direito investidos na administra-
ção da Justiça do Trabalho; entre os Tribunais Regionais do
Trabalho; entre os Tribunais do Trabalho e as Varas do Traba-
lho e os Juízos de Direito; entre órgãos fracionários dos tribu-
nais.
Como assentado na súmula 420 do Tribunal Superior
do Trabalho não se configura conflito de competência entre
Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vincu-
lada.
O Supremo Tribunal Federal possui entendimento no
sentido de que incumbe ao Tribunal Regional do Trabalho o
poder de dirimir conflito de competência que se registre entre
Vara do Trabalho e magistrado estadual investido de jurisdição
trabalhista, pois, em tal situação, ambos os órgãos judiciários
estão vinculados, em sede recursal, à competência do respecti-
vo TRT. (CC 7.080, rel. Min. CELSO DE MELLO, DJ
24/11/2006). Neste sentido é a alínea a do artigo 808 da Conso-
lidação das Leis do Trabalho.

40
A lei 7.701/88 atribui ao Tribunal Superior do Traba-
lho a competência para decidir o conflito de competência entre
Tribunais Regionais do Trabalho em processos de dissídio co-
letivo (art. 2º, inc. I, al. e) e Tribunais Regionais e aqueles que
envolvem Juízes de Direito investidos da jurisdição trabalhista
e Varas do Trabalho em processos de dissídio individual (art.
3º, inc. II, al. b).
No caso de conflitos entre órgãos fracionários do mes-
mo tribunal caberá ao regimento interno dispor sobre o órgão
competente para decidi-lo.
Nos termos do artigo 805 da Consolidação das Leis do
Trabalho os conflitos de competência podem ser suscitados pe-
los Juízes e Tribunais do Trabalho, por ofício; pelo procurador-
geral e pelos procuradores regionais do Trabalho, por petição; e
pela parte interessada, por petição, vedando-se suscitar conflito
quando já houver oposto na causa exceção de incompetência
territorial. No ato de suscitar o conflito deverá a parte interes-
sada produzir a prova de existência dele (art. 807 da CLT).
O juiz que não acolher a competência declinada na
forma do § 2º do artigo 795 da CLT deverá suscitar o conflito,
salvo se a atribuir a outro juízo, nos termos do parágrafo único
do artigo 66 do Código de Processo Civil.

41
Nos conflitos de competência entre as Varas do Traba-
lho e os Juízos de Direito e entre os Tribunais Regionais do
Trabalho aplica-se o disposto no artigo 809 da Consolidação
das Leis do Trabalho. O Ministério Público do Trabalho deve
ser ouvido nos conflitos suscitados pelas partes e pelos juízes.
Aplica-se ao conflito de competência na Justiça do
Trabalho o disposto no artigo 955 do Código de Processo Civil,
de modo que o relator poderá, de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo,
o sobrestamento do processo e, nesse caso, bem como no de
conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em ca-
ráter provisório, as medidas urgentes. Também poderá julgar de
plano o conflito de competência quando sua decisão se fundar
em súmula do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior
do Trabalho ou do próprio tribunal; e em tese firmada em jul-
gamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de
competência.
Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo
competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos
do juízo incompetente (art. 795 da CLT c/c art. 957 do CPC).

42
3.4.6. Ações de indenização por dano moral e material
No inciso VI, do artigo 114 da Constituição Federal de
1988 está arrolada a competência da Justiça do Trabalho para
processar e julgar as ações de indenização por dano moral e/ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho, que se configu-
ra quando ocorre a prática de ato ilícito pelo empregador que
cause dano moral ou patrimonial ao empregado, a luz do que
dispõem os artigos 223-A a 223-G da Consolidação das Leis do
Trabalho.
A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação,
a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade
física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa
física do trabalhador, respondendo o empregador pelo dano ex-
trapatrimonial causado cumulativamente ou não com os danos
materiais decorrentes do mesmo ato ilícito.
A jurisprudência trabalhista considera ocorrer o dano
quando o empregador viola a intimidade do empregado, a sua
honra e imagem, o expõe a vexame, a humilhação, a ofensas, a
constrangimentos, a violência física ou psicológica, desrespeita
as medidas protetivas de segurança do trabalho expondo o tra-
balhador a acidentes.

43
A súmula 392 do Tribunal Superior do Trabalho con-
solida o entendimento jurisprudencial de que nos termos do ar-
tigo 114, inciso VI, da Constituição da República, a Justiça do
Trabalho é competente para processar e julgar ações de indeni-
zação por dano moral e material, decorrentes da relação de tra-
balho, inclusive as oriundas de acidente de trabalho e doenças a
ele equiparadas, ainda que propostas pelos dependentes ou su-
cessores do trabalhador falecido.
A súmula vinculante nº 22 do Supremo Tribunal Fede-
ral dispõe que “a Justiça do Trabalho é competente para proces-
sar e julgar as ações de indenização por danos morais e patri-
moniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por em-
pregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não
possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da pro-
mulgação da Emenda Constitucional 45/2004”. Deste modo,
compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações de
indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de
acidentes de trabalho propostas por empregado contra empre-
gador, inclusive as propostas pelos sucessores do trabalhador
falecido, salvo quando a sentença de mérito for anterior à pro-
mulgação da EC 45/2004, hipótese em que, até o trânsito em
julgado e a sua execução, a competência continuará a ser da

44
Justiça Comum, por força do disposto no inciso I e § 3º do arti-
go 109 da Constituição Federal de 1988.
(Tese definida no RE 600.091, rel. Min. DIAS TOFFOLI, DJe
de 15/8/2011, Tema 242).
Somente são da competência da Justiça do Trabalho as
ações indenizatórias do empregado contra o empregador por
dano decorrente de acidente do trabalho. Nestes casos, não há
interesse da União, nem de entidade autárquica ou de empresa
pública federal, a menos, claro, que uma delas esteja na condi-
ção de empregadora. O interesse diz respeito apenas ao empre-
gado e seu empregador, razão pela qual não se aplica o artigo
109, inciso I, da Constituição Federal de 1988, nem o entendi-
mento do Supremo Tribunal Federal consolidado nas súmulas
235 e 501 (CC 7.204, rel. ministro AYRES BRITTO, DJ de
9/12/2005).
3.4.7. Ações relativas as penalidades administrativas
De acordo com o inciso VII, do artigo 114 da Consti-
tuição Federal de 1988, compete a Justiça do Trabalho proces-
sar e julgar as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das re-
lações de trabalho (art. 156 da CLT), como as ações anulatórias
de débito fiscal resultante de aplicação de penalidade adminis-

45
trativa, em razão do descumprimento das normas trabalhistas
as quais a Consolidação das leis do Trabalho ou as demais leis
trabalhistas imponham penalidades administrativas como as
multas e os embargos e interdições (art. 161 da CLT).
Em sede de conflito de competência o Superior Tribu-
nal de Justiça decidiu que “compete à Justiça do Trabalho pro-
cessar e julgar a ação civil pública fundamentada na não con-
cessão pela União de Selo de Responsabilidade Social a empre-
sa pela falta de verificação adequada do cumprimento de nor-
mas que regem as condições de trabalho”, com fundamento nos
incisos I e VII do artigo 114 da Constituição Federal (AgInt no
CC 155.994/SP, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primei-
ra Seção, julgado em 12/05/2021, DJe 18/05/2021).
3.4.8. Execução das contribuições sociais
Compete a Justiça do Trabalho processar e julgar a
execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no arti-
go 195, inciso I, alínea a, e inciso II, da Constituição Federal
de 1988, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças
que proferir (art. 114, inc. VIII, da CRFB/88) excepcionando a
regra do artigo 109, inciso I, da Constituição, visto que cabe a
União instituir as contribuições sociais (art. 149 da CRFB/88).
A execução das contribuições sociais é regulada nos artigos

46
878, 878-A, 879, §§ 1º, 1º-B, 3º, 4º, 5º e 889-A da Consolida-
ção das Leis do Trabalho.
O Supremo Tribunal Federal assentou na súmula vin-
culante 53 o entendimento de que a competência da Justiça do
Trabalho prevista no artigo 114, inciso VIII, da Constituição
Federal de 1988 alcança a execução de ofício das contribuições
previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das
sentenças que proferir e acordos por ela homologados.
Isto porque, o que se executa não é a contribuição so-
cial não recolhida, mas o título judicial que a corporifica ou re-
presenta. No caso da contribuição social atrelada ao salário ob-
jeto da condenação na sentença da Justiça do Trabalho, o título
que a corporifica é a própria sentença uma vez que contém o
comando para o pagamento do salário, envolvendo o cumpri-
mento do dever legal de retenção das parcelas devidas ao siste-
ma previdenciário. Por outro lado, entender possível a execu-
ção de contribuição social desvinculada de qualquer condena-
ção ou transação seria consentir em uma execução sem título
executivo, já que a sentença de reconhecimento do vínculo de
trabalho, de carga predominantemente declaratória, não com-
porta execução que origine o seu recolhimento (RE 569.056,

47
voto do rel. Min. MENEZES DIREITO, DJE 236 de
12/12/2008).
O Tribunal Superior do Trabalho consolidou na súmu-
la 454 o entendimento jurisprudencial de que compete à Justiça
do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de
contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I,
“a”, da CF), pois se destina ao financiamento de benefícios re-
lativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio
no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei no 8.212/1991).
Na súmula 368 o TST assentou o entendimento de que
a Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhi-
mento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do
Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias,
limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e
aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o sa-
lário de contribuição; que é do empregador a responsabilidade
pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e fiscais,
resultantes de crédito do empregado oriundo de condenação ju-
dicial. A culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas
remuneratórias, contudo, não exime a responsabilidade do em-
pregado pelos pagamentos do imposto de renda devido e da

48
contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte;
que os descontos previdenciários relativos à contribuição do
empregado, no caso de ações trabalhistas, devem ser calculados
mês a mês, de conformidade com o art. 276, § 4º, do Decreto
3.048/1999 que regulamentou a lei 8.212/1991, aplicando-se as
alíquotas previstas no seu artigo 198, observado o limite máxi-
mo do salário de contribuição; que se considera fato gerador
das contribuições previdenciárias decorrentes de créditos traba-
lhistas reconhecidos ou homologados em juízo, para os servi-
ços prestados até 4.3.2009, inclusive, o efetivo pagamento das
verbas, configurando-se a mora a partir do dia dois do mês se-
guinte ao da liquidação (art. 276, caput, do Decreto
3.048/1999). Eficácia não retroativa da alteração legislativa
promovida pela Medida Provisória 449/2008, posteriormente
convertida na lei 11.941/2009, que deu nova redação ao artigo
43 da lei 8.212/91; que para o trabalho realizado a partir de
5.3.2009, considera-se fato gerador das contribuições previden-
ciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou ho-
mologados em juízo a data da efetiva prestação dos serviços.
Sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas a partir
da prestação dos serviços incidem juros de mora e, uma vez
apurados os créditos previdenciários, aplica-se multa a partir

49
do exaurimento do prazo de citação para pagamento, se des-
cumprida a obrigação, observado o limite legal de 20% (art. 61,
§ 2º, da lei 9.430/96); que o imposto de renda decorrente de
crédito do empregado recebido acumuladamente deve ser cal-
culado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a
utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da
quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos va-
lores constantes da tabela progressiva mensal correspondente
ao mês do recebimento ou crédito, nos termos do artigo 12-A
da lei 7.713, de 22/12/1988, com a redação conferida pela lei
13.149/2015, observado o procedimento previsto nas Instru-
ções Normativas da Receita Federal do Brasil.
O Supremo Tribunal Federal possui entendimento no
sentido de que a Justiça do Trabalho é competente para deter-
minar o recolhimento dos tributos incidentes sobre as parcelas
tributáveis decorrentes da condenação, o que inclui a definição
das verbas que compõem a base de cálculo do imposto de ren-
da (ARE 696.411 AgR, rel. min. DIAS TOFFOLI, DJe de
19/6/2015).
3.5. Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho
O inciso IX do artigo 114 da Constituição Federal de
1988 outorgou ao legislador ordinário a faculdade de submeter

50
à competência da Justiça do Trabalho outras controvérsias,
além daquelas taxativamente estabelecidas nos incisos anterio-
res, desde que decorrentes da relação de trabalho. O texto cons-
titucional não o obrigou a fazê-lo, deixando ao seu alvedrio a
avaliação das hipóteses em que se afigure conveniente o julga-
mento pela Justiça do Trabalho, à luz das peculiaridades das si-
tuações que pretende regrar. Deste modo, a opção do legislador
infraconstitucional foi manter o regime anterior de execução
dos créditos trabalhistas pelo juízo universal da falência, sem
prejuízo da competência da Justiça do Trabalho quanto ao jul-
gamento do processo de conhecimento, conforme disposto no
artigo 6º, § 2º da lei 11.101/05 (RE 583.955, rel. min. RICAR-
DO LEWANDOWKI, DJe 28/8/2009, Tema 90).
A atividade do atleta profissional é caracterizada por
remuneração pactuada em contrato especial de trabalho despor-
tivo, firmado com entidade de prática desportiva (art. 28 da lei
9.615/98), de modo que a Justiça do Trabalho é competente
para julgar os dissídios decorrentes destes contratos especiais
de trabalho. O mesmo se aplica ao atleta profissional do fute-
bol, cuja relação de trabalho está regulada na lei 6.354/76.
A partir da Constituição Federal de 1988 (art. 236) os
trabalhadores contratados pelos cartórios extrajudiciais, ainda

51
que em período anterior a lei 8.935/94, encontram-se sujeitos
ao regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho, pois
mantêm vínculo profissional diretamente com o tabelião e não
com o Estado (TST, AIRR 1463-22.2017.5.08.0005, Min.
JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA, DEJT 24/05/2019).
O Tribunal Superior do Trabalho na súmula 300 con-
solidou o entendimento de que compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar as ações ajuizadas por empregados em face
dos empregadores relativas ao cadastramento no Programa de
Integração Social (PIS), como as indenizações substitutivas
pelo não recebimento do abono PIS/PAESP (art. 9º da lei
7.998/90).
Na súmula 389 está assentado o entendimento de que
a Justiça do Trabalho é competente para julgar a lide entre em-
pregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-
fornecimento das guias do seguro-desemprego, tendo em conta
que o não fornecimento pelo empregador da guia necessária
para o recebimento do seguro-desemprego (art. 477, § 6º da
CLT c/c art. 24 da lei 7.998/90) dá origem ao direito à indeni-
zação.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deci-
diu que cabe à Justiça Comum julgar demandas contra entidade

52
de previdência privada com o fim de obter complementação de
aposentadoria, tendo em conta que a relação entre o associado
e a entidade de previdência privada não é trabalhista, estando
disciplinada no regulamento das instituições. A decisão ocorreu
nos Recursos Extraordinários 586453/SE (Min. ELLEN GRA-
CIE, Min. rel. p/acor. DIAS TOFFOLI, DJe 06/06/2013) e
583050/RS (Min. CESAR PELUSO, Min. rel. p/acor. DIAS
TOFFOLI, DJe 11/06/2013). A matéria teve repercussão geral
reconhecida e, portanto, passa a valer para todos os processos
semelhantes que tramitam nas diversas instâncias do Poder Ju-
diciário (art. 1.035, § 5º do CPC).
O Plenário também decidiu modular os efeitos dessa
decisão (art. 27 da lei 9.868/99) e definiu que permanecerão na
Justiça do Trabalho todos os processos que já tiverem sentença
de mérito até a data do julgamento dos recursos extraordiná-
rios. Dessa forma, os demais processos que tramitam na Justiça
Trabalhista, mas que ainda não tenham sentença de mérito, de-
vem ser remetidos à Justiça Comum.
3.6. Dissídios coletivos
A competência da Justiça do Trabalho para julgar os
dissídios coletivos está expressamente prevista nos §§ 2º e 3º
do artigo 114 da Constituição Federal de 1988, de modo que re-

53
cusando-se qualquer das partes à negociação coletiva (art. 7º,
incs. VI, XIII e XXVI da CRFB/88, art. 8º da CRFB/88, e art.
616, §§ 2º, 3º e 4º da CLT) ou à arbitragem (art. 114, § 1º da
CRFB/88, e art. 3º e 7º da lei 7.783/89), é facultado às mesmas,
de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econô-
mica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respei-
tadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no
sentido de que as cláusulas deferidas em sentença normativa
proferida em dissídio coletivo só podem ser impostas se encon-
trarem suporte na lei (RE 114.836, rel. min. MAURÍCIO COR-
RÊA, DJ 6/3/1998).
Portanto, os dissídios coletivos são ações ajuizadas pe-
los Sindicatos, Federações ou Confederações, para defesa dos
interesses de seus filiados (art. 8º, inc. III, da CRFB/88 e art.
857 da CLT), bem como pelo Ministério Público do Trabalho
em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de
lesão do interesse público (art. 8º da lei 7.783/89).
Os dissídios coletivos podem ter origem no Tribunal
Regional do Trabalho, quando o regulamento da empresa tiver
observância em área territorial que não exceda a jurisdição do

54
TRT (art. 677 c/c art. 678, inc. I, al. a, da CLT), ou no Tribunal
Superior do Trabalho, quando esse regulamento for de âmbito
nacional (art. 2º, inc. I, al. a, da lei 7.701/88 e art. 702, inc. I,
al. b, da CLT).
3.7. Competência territorial
Como dispõe o artigo 651 da Consolidação das Leis
do Trabalho a competência das Varas do Trabalho é determina-
da pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclama-
do, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido con-
tratado noutro local ou no estrangeiro. Portanto, a regra é de
que a competência territorial é fixada pelo local de prestação
do serviço pelo empregado.
O local de prestação do serviço foi escolhido como re-
gra para fixação da competência territorial em razão da maior
facilidade na obtenção e produção das provas nos dissídios. En-
tretanto, as regras do artigo 651 da CLT não devem ser inter-
pretadas de forma literal, mas sistematicamente, de modo a
concretizar os direitos e garantias fundamentais insculpidos na
Constituição da República, sendo possível reconhecer a compe-
tência territorial do foro do domicílio da reclamante quando a
atribuição da competência ao juízo do Trabalho da contratação
ou da prestação dos serviços inviabilizar a garantia do exercí-

55
cio do direito de ação, como nas hipóteses de encerramento das
atividades empresariais na localidade da prestação do serviço
(TST, E-RR-11727-90.2015.5.03.0043, SBDI-I, rel. Min.
CLÁUDIO MASCARENHAS BRANDÃO, 18/10/2018).
Quando for parte de dissídio agente ou viajante co-
mercial, a competência será da Vara do Trabalho da localidade
em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado
esteja subordinado e, na falta, será competente a Vara do Traba-
lho da localização em que o empregado tenha domicílio ou a
localidade mais próxima. Portanto, a competência será da Vara
do Trabalho do domicílio do empregador (art. 75, §§ 1º e 2º, do
Código Civil) ou do empregado (art. 70 a 74 e 76 do Código
Civil).
Em se tratando de empregador que promova realiza-
ção de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é asse-
gurado ao empregado apresentar reclamação no foro da cele-
bração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.
Como assentado na Orientação Jurisprudencial 149 da Subse-
ção de Dissídios Individuais 2 não cabe declaração de ofício de
incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da
faculdade prevista no artigo 651, § 3º, da CLT. Nessa hipótese,

56
resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do
juízo do local onde a ação foi proposta.
A competência territorial das Varas do Trabalho es-
tende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estran-
geiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja con-
venção internacional dispondo em contrário.
Como se trata de competência relativa pode ocorrer a
prorrogação pela não apresentação da exceção de incompetên-
cia territorial na forma do artigo 799 da Consolidação das Leis
do Trabalho (TST, CC 1689956-29.2006.5.00.0000, Min. Rel.
RENATO DE LACERDA PAIVA, DJ 15/09/2006), e a modifi-
cação pela conexão ou continência, hipótese em que é compe-
tente o juízo prevento (arts. 54, 58, 59 e 65 do CPC).
A Instrução Normativa 39 do Tribunal Superior do
Trabalho em seu artigo 2º, inciso I, dispõe que não se aplica ao
Processo do Trabalho, em razão de inexistência de omissão ou
por incompatibilidade, o artigo 63 do Código de Processo Civil
no tocante a modificação da competência territorial pela elei-
ção de foro.
De fato a jurisprudência do Tribunal Superior do Tra-
balho é no sentido de que a eleição de foro pelo empregado so-
mente é possível quando coincidir com o local de prestação de

57
serviço (TST - AIRR: 7443120145090130, Min. Rel. ALBER-
TO LUIZ BRESCIANI DE FONTAN PEREIRA, DEJT
13/11/2015). Entretanto, quando o foro eleito facilitar a defesa
dos interesses do trabalhador em juízo (art. 5º, inc. XXXV da
CRFB/88), como nos casos de eleição do foro do seu domicí-
lio, não deve ser declarada a incompetência territorial com base
no artigo 63 do Código de Processo Civil.
3.8. Competência funcional
A competência pode ser determinada de acordo com o
órgão jurisdicional que deve apreciar determinada questão,
como a competência originária dos tribunais para processar e
julgar ações específicas, como o mandado de segurança e o dis-
sídio coletivo. Trata-se de competência absoluta inderrogável
por vontade das partes e improrrogável.
O § 1º do artigo 111-A da Constituição Federal de
1988 incumbe a lei dispor sobre a competência do Tribunal Su-
perior do Trabalho. Atualmente a Consolidação das Leis do
Trabalho (art. 702), a lei 7.701/88 e o regimento interno do
TST determinam os critérios de fixação de sua competência
(art. 909 da CLT). § 3º do referido artigo diz que compete ao
Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originaria-
mente, a reclamação (art. 988 a 993 do CPC) para a preserva-

58
ção de sua competência e garantia da autoridade de suas deci-
sões.
A competência dos Tribunais Regionais do Trabalho
está arrolada nos artigos 678 e 680 da Consolidação das Leis
do Trabalho, e a competência das Varas do Trabalho está arro-
lada nos artigos 652 e 653 da CLT.
O incidente de assunção de competência (art. 947 do
CPC) é admissível no processo do trabalho quando o julgamen-
to de recurso, de remessa necessária ou de processo de compe-
tência originária do tribunal envolver relevante questão de di-
reito, com grande repercussão social, que equivale a transcen-
dência de natureza social do recurso de revista (art. 896-A, §
1º, inc. III, da CLT), sem repetição em múltiplos processos.
O regimento interno dos Tribunais Regionais do Tra-
balho deverão indicar o órgão competente para julgar o recur-
so, a remessa necessária ou o processo de competência originá-
ria, e o acórdão proferido em assunção de competência vincula-
rá todos os juízes, exceto se houver revisão da tese. Cabe ao ór-
gão competente analisar o interesse público na assunção de
competência. No caso do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª
Região o órgão colegiado competente é o Tribunal Pleno (art.
14, inc. XI do RITRT1). No Tribunal Superior do Trabalho

59
cabe ao Tribunal Pleno analisar o incidente de assunção de
competência (art. 75, inc. VIII c/c art. 298 do RITST).
Nestes casos, há um deslocamento da competência
funcional dos órgãos fracionários do tribunal para o Tribunal
Pleno.
3.9. Reclamação
Quando algum juiz ou tribunal, usurpando a compe-
tência da Justiça do Trabalho estabelecida na Constituição Fe-
deral de 1988 (art. 114), na Consolidação das Leis do Trabalho
e na legislação processual trabalhista infraconstitucional, pro-
cessar ou julgar ações ou recursos de competência das Varas do
Trabalho ou dos Tribunais, é cabível a reclamação do Código
de Processo Civil (art. 988 a 993).
A reclamação pode ser proposta perante qualquer tri-
bunal e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja
competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda
garantir. Caberá ao regimento interno dos Tribunais Regionais
do Trabalho dispor sobre o órgão colegiado competente para
julgar a reclamação. No caso do Tribunal Regional do Trabalho
da 1ª Região cabe ao Tribunal Pleno (art. 14, inc. XI, do RI-
TRT1). No Tribunal Superior do Trabalho cabe ao Tribunal

60
Pleno julgar a reclamação (art. 75, inc. XI c/c art. 210 a 217 do
RITST).
O Tribunal Pleno do Tribunal Superior do Trabalho
detém competência para estabelecer súmulas e julgar reclama-
ções, nos termos dos incisos VII e XI do artigo 75 do RITST,
do que resulta sua competência para julgar reclamação que ti-
ver como causa de pedir alegada inobservância de súmula por
ele estabelecida, visto ser o órgão colegiado cuja autoridade se
pretende garantir (art. 988, inc. II do CPC), conforme previsto
no § 2º do artigo 210 do RITST (Rcl -1000623-
61.2019.5.00.0000, Tribunal Pleno, rel. MÁRCIO EURICO
VITRAL AMARO, 29/06/2020 – Informativo TST nº 221).
É inadmissível a reclamação proposta após o trânsito
em julgado da decisão que se pretende cassar (art. 988, § 5º,
inc. I, do CPC), como já havia assentado o Supremo Tribunal
Federal na súmula 734. Neste caso, caberá a ação rescisória
(art. 966, inc. II, do CPC/2015).
4. Exceção de incompetência
Como determina o artigo 799 da Consolidação das
Leis do Trabalho pode ser oposta a exceção de incompetência
territorial, que deve ser apresentada por petição no prazo de 5
(cinco) dias a contar da notificação (art. 841 e 860 da CLT), an-

61
tes da audiência, seguindo o procedimento estabelecido no arti-
go 800 da CLT. A incompetência absoluta, em razão da matéria
ou funcional, deve ser alegada como matéria de defesa, poden-
do ser declarada de ofício pelo juiz e arguida em qualquer mo-
mento do processo e em qualquer grau de jurisdição (art. 64 do
CPC).
Protocolada a petição de exceção de incompetência
(art. 653, al. d e art. 680, al. e, da CLT), será suspenso o pro-
cesso e não se realizará a audiência a que se refere o artigo 843
da Consolidação até que se decida a exceção. Os autos serão
imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e,
se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo co-
mum de 5 (cinco) dias. Se entender necessária a produção de
prova oral, o juízo designará audiência, garantindo o direito de
o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta
precatória, no juízo que este houver indicado como competen-
te.
Decidida a exceção de incompetência territorial, o
processo retomará seu curso, com a designação de audiência, a
apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo
competente. Da decisão sobre exceção de incompetência, salvo
se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no en-

62
tanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da
decisão final (art. 799, § 2º c/c art. 893, § 1º, 895, incs. I e II e
897, al. a, da CLT).
No processo de execução trabalhista a incompetência
absoluta e a relativa (art. 877 e 877-A da CLT) deve ser alegada
nos embargos á execução, como ocorre no processo civil (art.
917, inc. V, do CPC), por força do que dispõe o § 3º do artigo
16 da lei 6.830/80 c/c artigo 889 da Consolidação das leis do
Trabalho.
5. Métodos de solução consensual de conflitos trabalhistas
A legislação processual moderna incentiva a composi-
ção consensual dos conflitos, seja de forma judicial ou extraju-
dicial, visando diminuir os impactos da multiplicidade de de-
mandas ajuizadas no Poder Judiciário, que é uma das principais
causas da morosidade na prestação jurisdicional.
Por meio da solução consensual judicial que se dá ba-
sicamente por meio da conciliação celebrada nas audiências
(art. 846, 852-E, 860 da CLT), as partes entram em acordo so-
bre o conflito trabalhista individual ou coletivo instaurado,
pondo fim ao processo de forma muito mais célere.
O artigo 764 da Consolidação das Leis do Trabalho
determina que os dissídios individuais ou coletivos submetidos

63
à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à
conciliação, cabendo aos juízes e Tribunais do Trabalho sempre
que possível promover a solução conciliatória dos conflitos, in-
clusive após a realização da audiência diante da manifestação
das partes no sentido de pôr fim ao processo por meio de acor-
do.
A conciliação dos conflitos individuais trabalhistas
pode ocorrer extrajudicialmente por meio das Comissões de
Conciliação Prévia (arts. 625-A a 625-H da CLT), instauradas
no âmbito da empresa empregadora ou do sindicato. O acordo
obtido possui força de título executivo extrajudicial (art. 625-E
da CLT), podendo ser homologado judicialmente para ter força
de título executivo judicial (art. 855-B da CLT).
O Código de Processo Civil, no seu artigo 3º, dispõe
que não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão
a direito, como consagrado no artigo 5º, inciso XXXV da
Constituição Federal de 1988, sendo permitida a arbitragem, na
forma da lei 9.307/96, e atribuindo ao Estado a tarefa de pro-
mover, sempre que possível, a solução consensual dos confli-
tos, de modo que a conciliação, a mediação e outros métodos
de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por

64
juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministé-
rio Público, inclusive no curso do processo judicial.
Portanto, de forma alguma os mecanismos extrajudici-
ais de solução de conflitos, como a arbitragem e a mediação,
representam denegação de justiça, visto que é faculdade das
partes submeter os seus conflitos aos mecanismos de solução
extrajudicial, como as Câmaras Privadas de Arbitragem e de
Mediação (art. 167 do CPC).
A Constituição Federal de 1988 prevê as convenções e
acordos coletivos de trabalho celebrado pelos sindicatos repre-
sentativos das categorias dos trabalhadores e dos empregadores
(arts. 7º, incs. VI, XIII, XXVI, 8º, incs. III e VI, 114, §§ 2º e
3º), que são métodos coletivos de composição dos conflitos tra-
balhistas regulados nos artigos 611 a 625 da Consolidação das
Leis do Trabalho.
Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão ele-
ger árbitros para decidir o conflito, sem precisar ajuizar dissí-
dio coletivo na Justiça do Trabalho (§ 1º, do art. 144 da
CRFB/88, art. 613, inc. V, da CLT, art. 3º da lei 7.783/89, art.
1º, 4º e 9º da lei 9.307/96). O artigo 11 da lei 10.192/01 autori-
za a mediação nas negociações coletivas.

65
O § 2º do artigo 764 da Consolidação das Leis do Tra-
balho autoriza que as partes celebrem compromisso arbitral, na
forma do artigo 9º da lei 9.307/96, para submeter o dissídio a
arbitragem.
Nos contratos individuais de trabalho cuja remunera-
ção seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido
para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, po-
derá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem (art.
4º da lei 9.307/96), desde que por iniciativa do empregado ou
mediante a sua concordância expressa (art. 507-A da CLT).
A mediação também deve ser admitida como forma de
solucionar os conflitos individuais e coletivos do trabalho, pois
de acordo com o artigo 3º da lei 13.140/2015 pode ser objeto
de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou
sobre direitos indisponíveis que admitam transação que deve
ser homologado em juízo na forma dos artigos 855-B a 855-E,
exigida a oitiva do Ministério Público do Trabalho.
Isto porque, se a legislação processual trabalhista ad-
mite a conciliação extrajudicial e a arbitragem nos conflitos in-
dividuais e coletivos do trabalho, não se justifica a restrição da
mediação, tendo em conta que é considerada atividade técnica
exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, esco-

66
lhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar
ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia (art.
1º da lei 13.140/2015), e o acordo obtido pode ser homologado
judicialmente na Justiça do Trabalho.
O artigo 876 da Consolidação das Leis do Trabalho
autoriza a execução judicial dos acordos extrajudiciais firma-
dos pelos trabalhadores e empregadores, no caso de descumpri-
mento do que foi objeto de acordo.
O Código de Processo Civil, nos artigos 165 a 175,
trata dos conciliadores e mediadores como auxiliares da justiça,
prevendo a possibilidade de criação dos centros judiciários de
solução consensual de conflitos e do credenciamento das Câ-
maras Privadas de Conciliação e mediação. No estado do Rio
de Janeiro foi constituída a Primeira Câmara de Resolução Ex-
trajudicial de Conflitos Trabalhistas – CMATRA - para oferecer
outros mecanismos de soluções de controvérsias entre capital e
trabalho, como a negociação coletiva, a conciliação, a media-
ção e a arbitragem.
A Instrução Normativa 39 do Tribunal Superior do
Trabalho (Resolução 203, de 15 de março de 2016), no seu arti-
go 14, autoriza a aplicação subsidiária do artigo 165 do Código
de Processo Civil para solução dos conflitos coletivos de natu-

67
reza econômica (art. 114, §§ 1º e 2º da CRFB/88). Entretanto,
não há razão para restringir a aplicação subsidiária do Código
de Processo Civil, no que tange aos conciliadores e mediadores
como auxiliares da justiça, apenas para os dissídios coletivos,
visto que esses auxiliares apenas atuam para estimular a auto-
composição das partes que conservam a livre autonomia.
Cumpre a Justiça do Trabalho estimular e reconhecer
os mecanismos de solução consensual de conflitos (art. 3º do
CPC), como forma de atender aos comandos constitucionais da
celeridade e da razoável duração do processo (art. 5º, inc.
LXXVIII da CRFB/88), ao evitar o ajuizamento exagerado de
demandas que congestionam o Poder Judiciário.

68
CAPÍTULO 2 – PARTE GERAL DO PROCESSO DO
TRABALHO
1. Legislação processual do trabalho
O artigo 763 da Consolidação das Leis do Trabalho
diz que o processo do Trabalho, no que concerne aos dissídios
individuais e coletivos e à aplicação de penalidades, reger-se-á,
em todo o território nacional, pelas normas estabelecidas no
seu Título X. Entretanto, o artigo deve ser interpretado em sen-
tido amplo para se entender que o processo do trabalho é regi-
do pelas normas processuais brasileiras e não somente pela
Consolidação, ressalvadas as disposições específicas previstas
em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o
Brasil seja parte (art. 13 do CPC).
No artigo 769 diz que nos casos omissos, o direito
processual civil será fonte subsidiária do direito processual do
trabalho, exceto naquilo em que for incompatível. No tocante
ao processo de execução trabalhista o artigo 889 da CLT deter-
mina que nos seus trâmites e incidentes são aplicáveis, naquilo
em que não contravierem as disposições específicas, os precei-
tos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobran-
ça judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal, estabe-
lecidos na lei 6.830/80.

69
Inicialmente, deve se aplicar ao processo do trabalho o
disposto no artigo 1º do Código de Processo Civil, de modo a
considerar que deve ser ordenado, disciplinado e interpretado
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, elen-
cados nos incisos XXXV, XXXVI, XXXVII, LIII, LIV, LV,
LVI, LX, LXXIV, LXXV e LXXVIII do artigo 5º; nos artigos
92 a 126 que tratam da estrutura do Poder Judiciário; e nos arti-
gos 127 a 135 que tratam das funções essenciais à justiça.
Dentre os princípios do processo que encontram ex-
pressão nos direitos fundamentais da Constituição, destacam-
se: a) o do devido processo legal (inciso LIV do artigo 5º); b)
do contraditório e da ampla defesa (inciso LV, do artigo 5º); c)
do juiz natural (inciso XXXVII e LIII do artigo 5º); d) do aces-
so à justiça (inciso XXXV do artigo 5º); e) da publicidade dos
atos processuais (inciso LX do artigo 5º e inciso IX e X do arti-
go 93); f) da proibição da prova ilícita (inciso LVI do artigo
5º); g) da razoável duração do processo (§ 1o do artigo 5º); h)
da motivação das decisões judiciais, (inciso LX do artigo 5º e
inciso IX do artigo 93).
O princípio do devido processo legal é considerado a
base sobre a qual os demais princípios encontram sustentação,

70
sendo abrangidos por este o princípio da publicidade, da moti-
vação das decisões proferidas no processo, da impossibilidade
da utilização da prova obtida por meios ilícitos, da duração ra-
zoável do processo, do contraditório e da ampla defesa, do juiz
natural, do acesso à justiça, do tratamento isonômico das par-
tes.
Isto porque o devido processo legal, adotado na sua
origem como uma garantia apenas processual para assegurar a
regularidade do processo, é considerado uma cláusula geral que
engloba garantias explícitas e implícitas que protegem o juris-
dicionado submetido a qualquer tipo de processo, de modo a
assegurar a correta administração da justiça.
Os preceitos da Constituição da República Federativa
de 88 devem ser observados na interpretação da lei processual,
e como normas constitucionais precedem em hierarquia em re-
lação às normas ordinárias e codificadas, sendo inválida a nor-
ma que contrarie um princípio constitucional.
Os artigos do Código de Processo Civil que tratam das
normas fundamentais do processo são aplicáveis subsidiaria-
mente ao processo do trabalho, como o direito de obter em pra-
zo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade
satisfativa (art. 4º do CPC), o dever dos participantes de se

71
comportar de acordo com a boa-fé (art. 5º do CPC), o dever de
cooperação (art. 6º do CPC), a observância da paridade de tra-
tamento entre as partes (art. 7º do CPC), o dever do juiz de
promover a dignidade da pessoa humana e observar a proporci-
onalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a efi-
ciência, na aplicação do ordenamento jurídico (art. 8º do CPC),
a publicidade e fundamentação de todas as decisões judiciais,
sob pena de nulidade (art. 11 do CPC), e a ordem cronológica
de conclusão para proferir sentença ou acórdão (art. 12 do
CPC).
Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos
fins sociais e às exigências do bem comum, de modo que nos
dissídios sobre estipulação de salários, serão estabelecidas con-
dições que, assegurando justos salários aos trabalhadores, per-
mitam também justa retribuição às empresas interessadas (art.
766 da CLT).
No tocante aos artigos 9º e 10 do Código de Processo
Civil, o artigo 4° da Instrução Normativa do Tribunal Superior
do Trabalho (Resolução 203/2016) diz que se aplicam ao Pro-
cesso do Trabalho, por atender ao princípio do contraditório,
vedando a decisão surpresa.

72
Entende-se por decisão surpresa a que, no julgamento
final do mérito da causa, em qualquer grau de jurisdição, aplica
fundamento jurídico ou se embasa em fato não submetido à au-
diência prévia de uma ou de ambas as partes. Não se considera
decisão surpresa a que, à luz do ordenamento jurídico nacional
e dos princípios que informam o Direito Processual do Traba-
lho, as partes tinham obrigação de prever, concernente às con-
dições da ação, aos pressupostos de admissibilidade de recurso
e aos pressupostos processuais, salvo disposição legal expressa
em contrário.
A norma processual não retroage e deve ser aplicada
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos pro-
cessuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada (art. 14 do CPC). Deste modo, a
lei processual não se aplica aos processos findos cujos atos re-
gem-se pela lei anterior e aplica-se inteiramente aos processos
iniciados em sua vigência. Quanto aos processos pendentes
atingidos pela vigência da nova lei, a solução adequada é a de
aplicá-la somente para os atos processuais em curso, respeitan-
do os atos processuais praticados na vigência da lei antiga. As-
sim, não se aplica a lei nova aos atos já realizados e as situa-
ções consumadas no procedimento.

73
No tocante as normas de processo que tratam da com-
petência, não julgada a ação, a lei nova se aplica em casos de
modificação de competência do órgão julgador, como ocorreu
com a Emenda Constitucional 45/04 que ampliou a competên-
cia da Justiça do Trabalho (art. 114 da CRFB/88), fazendo com
que os processos pedentes de sentença que tramitavam na Justi-
ça Comum fossem remetidos para a Justiça do Trabalho. Quan-
do a lei cria novas Varas do Trabalho, muda-se a competência
territorial, como ocorreu com a lei 10.770/03 (art. 27).
2. Sujeitos do processo do trabalho
2.1. Partes e procuradores
As partes no processo do trabalho são as pessoas natu-
rais ou jurídicas legitimadas e interessadas (arts. 17 e 18 do
CPC) em submeter o seu conflito à Justiça do Trabalho, sendo
que o interesse pode se limitar a declaração de uma relação ju-
rídica (art. 19 do CPC). Ocorrendo a morte de qualquer das
partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus su-
cessores, observado o disposto no artigo 313, §§ 1º e 2º do
Código de Processo Civil (art. 110 do CPC).
No caso de sucessão empresarial ou de empregadores
prevista nos artigos 10 e 448 da Consolidação, as obrigações
trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empre-

74
gados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabi-
lidade do sucessor, hipótese em que ocorre a sucessão proces-
sual (art. 108 do CPC), salvo se houver responsabilidade soli-
dária da sucedida com a sucessora no caso de ficar comprovada
fraude na transferência, hipótese em que a sucedida e a suces-
sora figuram como litisconsortes.
O artigo 791 da Consolidação das Leis do Trabalho
diz que os empregados e os empregadores poderão reclamar
pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as
suas reclamações até o final, podendo-se fazer representar por
advogado nos dissídios individuais e facultada aos interessados
a assistência por advogado nos dissídios coletivos, de modo
que não é obrigatório que a parte seja representada em juízo
por advogado habilitado, como determina o artigo 103 do
Código de Processo Civil.
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.127 (rel. p/
o ac. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, DJE de 11/6/2010),
o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalida-
de da expressão “qualquer” do inciso I, do artigo 1º da lei
8.906/94, para a postulação aos órgãos do Poder Judiciário, de
modo que o artigo 791 da CLT permanece constitucional.

75
O Tribunal Superior do Trabalho sedimentou na súmu-
la 425 que “o jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791
da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regio-
nais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cau-
telar, o mandado de segurança e os recursos de competência do
Tribunal Superior do Trabalho”.
Embora não seja obrigatório, a parte pode ser repre-
sentada no juízo trabalhista por advogado regularmente inscrito
na Ordem dos Advogados do Brasil, constituído pela própria
parte, pelo sindicato na hipótese de assistência judiciária (art.
8º, inc. III, da CRFB/88, art. 14 da lei 5.584/70, art. 513, al. a e
514, al. b, da CLT), ou ainda pela Defensoria Pública da União
(art. 14 da LC 80/94).
A constituição de procurador com poderes para o foro
em geral poderá ser feita mediante simples registro em ata de
audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com
anuência da parte representada, constituindo-se, portanto, o
procurador por mandato expresso verbal. Conforme dispõe a
Orientação Jurisprudencial nº 200 da SBDI-I do TST “é inváli-
do o substabelecimento de advogado investido de mandato
tácito”, visto que para substabelecer poderes a lei exige a exis-
tência de mandato expresso (art. 655 do CC).

76
Como disposto no enunciado da súmula 383 do TST
“é inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração
juntada aos autos até o momento da sua interposição, salvo
mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC de
2015), admite-se que o advogado, independentemente de inti-
mação, exiba a procuração no prazo de 5 (cinco) dias após a in-
terposição do recurso, prorrogável por igual período mediante
despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato
praticado e não se conhece do recurso”, e “verificada a irregu-
laridade de representação da parte em fase recursal, em procu-
ração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou
o órgão competente para julgamento do recurso designará pra-
zo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida
a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a provi-
dência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamen-
to das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art.
76, § 2º, do CPC de 2015)”. Portanto, o mandato tácito é admi-
tido no processo de conhecimento das ações trabalhistas (TST-
E-ED-RR16400-08.2008.5.13.0007, SBDI-I, rel. Min. Renato
de Lacerda Paiva, 13/5/2021 – Informativo TST nº 237).
A procuração geral para o foro, outorgada em audiên-
cia, ou por instrumento público ou particular assinado pela par-

77
te, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, ex-
ceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do
pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se
funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assi-
nar declaração de hipossuficiência econômica, que devem
constar de cláusula específica (art. 105 do CPC). A procuração
deve conter o nome do advogado, seu número de inscrição na
Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo, e se o
outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração tam-
bém deverá conter o nome dessa, seu número de registro na Or-
dem dos Advogados do Brasil e endereço completo (art. 105,
§§ 2º e 3º do CPC). Nas hipóteses do artigo 104 do Código de
Processo Civil admite-se que o advogado postule provisoria-
mente em juízo sem procuração.
Nos termos da súmula 395 do Tribunal Superior do
Trabalho é válido o instrumento de mandato com prazo deter-
minado que contém cláusula estabelecendo a prevalência dos
poderes para atuar até o final da demanda (§ 4º do art. 105 do
CPC). Se há previsão, no instrumento de mandato, de prazo
para sua juntada, o mandato só tem validade se anexado ao pro-
cesso o respectivo instrumento no aludido prazo. São válidos
os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no

78
mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e pa-
rágrafos, do Código Civil). Configura-se a irregularidade de re-
presentação se o substabelecimento é anterior à outorga passa-
da ao substabelecente.
É lícito à parte postular em causa própria quando tiver
habilitação legal, devendo declarar (art. 103, par. un., do CPC),
na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da soci-
edade de advogados da qual participa, para o recebimento de
intimações; e comunicar ao juízo qualquer mudança de endere-
ço (art. 106, incs. I e II, do CPC).
Nos dissídios coletivos as entidades sindicais detêm
legitimidade extraordinária (art. 8º, inc. III, da CRFB/88, art.
857 da CLT e art. 18 do CPC) para defender em juízo de forma
ampla e irrestrita os direitos e interesses coletivos ou individu-
ais dos integrantes da categoria (STF, RE 210.029-3/RS, Min.
p/ac. JOAQUIM BARBOSA, Pleno, DJ 17/08/2007).
Toda pessoa que se encontre no exercício de seus di-
reitos tem capacidade para estar em juízo (art. 70 do CPC c/c
arts. 2º, 3º, 4º, 5º, 40, 41, 42, 43, 44 e 45 do Código Civil), e o
incapaz deve ser representado ou assistido por seus pais, por
tutor ou por curador, na forma da lei (art. 71 do CPC c/c arts.

79
1.630, 1.634, inc. VII, 1.747, inc. I, 1.775 do Código Civil).
Nos termos do artigo 793 da Consolidação das Leis do Traba-
lho a reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por
seus representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria
da Justiça do Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público
estadual ou curador nomeado em juízo, na forma do inciso I do
artigo 72 do Código de Processo Civil.
Como determina o artigo 75 do Código de Processo
Civil, aplicável ao processo do trabalho, devem ser representa-
dos em juízo, ativa e passivamente: a União, pela Advocacia-
Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado (art.
131 da CRFB/88); o Estado e o Distrito Federal, por seus pro-
curadores (art. 132 da CRFB/88); o Município, por seu prefeito
ou procurador; a autarquia e a fundação de direito público, por
quem a lei do ente federado designar; a massa falida, pelo ad-
ministrador judicial (art. 76 da lei 11.10/05); a herança jacente
ou vacante, por seu curador (art. 739, § 1º, inc. I, do CPC); o
espólio, pelo inventariante (art. 613 e 614 do CPC), e quando o
inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intima-
dos no processo no qual o espólio seja parte; a pessoa jurídica,
por quem os respectivos atos constitutivos designarem (art. 46
do Código Civil) ou, não havendo essa designação, por seus di-

80
retores (art. 144 da lei 6.404/76) ou sócios (arts. 1.013, 1.042 e
1.060 do Código Civil); a sociedade e a associação irregulares
e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela
pessoa a quem couber a administração de seus bens, que não
poderá opor a irregularidade de sua constituição quando de-
mandada; a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, represen-
tante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta
ou instalada no Brasil, presume-se autorizado o gerente de filial
ou agência a receber citação para qualquer processo pela pes-
soa jurídica estrangeira; e o condomínio, pelo administrador ou
síndico.
A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas
autarquias e fundações públicas, quando representadas em juí-
zo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispen-
sadas da juntada de instrumento de mandato e de comprovação
do ato de nomeação, bastando que o signatário declare-se exer-
cente do cargo de procurador (súmula 436 do TST).
O artigo 3º, inciso I, da Instrução Normativa 39/2016
do Tribunal Superior do Trabalho, dispõe que se aplica ao pro-
cesso do trabalho o artigo 76 do Código de Processo Civil, que
dispõe sobre o saneamento da incapacidade processual e da ir-
regularidade de representação, de modo que o juiz deve sus-

81
pender o processo (art. 313, inc. I e VIII, do CPC) e designar
prazo razoável para que seja sanado o vício (súmula 395, item
V, e súmula 456 do TST), sob pena de extinção do processo ou
decretação da revelia.
2.1.1. Responsabilidade por dano processual
Tendo em conta o dever geral daqueles que participam
do processo de atuar de acordo com a boa-fé (art. 5º do CPC),
aplica-se ao processo do trabalho os deveres das partes e procu-
radores elencados no artigo 77 do Código de Processo Civil,
bem como a vedação da conduta descrita no artigo 78 do referi-
do Código.
A inobservância das regras de conduta gera para os re-
clamantes, reclamados e intervenientes a responsabilidade por
dano processual, incluída na Consolidação das Leis do Traba-
lho, artigos 793-A a 793-D, pela lei 13.467/17. Agora está ex-
presso que responde por perdas e danos aquele que litigar de
má-fé como reclamante, reclamado ou interveniente.
Considera-se litigante de má-fé aquele que praticar as
condutas descritas no artigo 793-B da Consolidação das Leis
do Trabalho, que são as mesmas das descritas no artigo 80 do
Código de Processo Civil, sujeitando-se as penalidades descri-
tas no artigo 793-C da Consolidação, que impostas ao litigante

82
de má-fé revertem em benefício da parte contrária (art. 96 do
CPC).
O inciso I trata da hipótese em que a pretensão ou a
defesa é formulada contra texto expresso de lei ou fato incon-
troverso, que pode ser praticada pelo reclamante, reclamado e
pelo interveniente, quando fundamentarem a sua pretensão ou
defesa em textos legais claramente inaplicáveis aos fatos alega-
dos ou contra fatos já reconhecidos no processo (art. 374, inc.
III, do CPC/2015) ou fora do processo, mas que possam ser
provados. Não se enquadra na hipótese a interpretação diver-
gente dada a determinado texto legal, ainda que haja jurispru-
dência dominante. No inciso II está arrolada a conduta de alte-
rar a verdade dos fatos, que é a violação intencional do dever
de veracidade dos fatos narrados mediante conduta maliciosa
da parte de criar ou inventar fatos inverídicos. Não incide na
conduta quando a falta de veracidade decorre de erro da parte.
A intenção da parte deve ser a de alterar a verdade dos fatos
para obter um provimento jurisdicional favorável, sem a qual
não teria êxito. O inciso III descreve a hipótese de uso do pro-
cesso para conseguir objetivo ilegal, que abrange uma ampla
gama de condutas destinadas a obter algo vedado pelo ordena-
mento jurídico. O inciso V trata da conduta temerária. No inci-

83
so VI está tratada a conduta de provocar incidentes manifesta-
mente infundados, que se configuram quando a parte formula
pedido de providências ou de decisões judiciais quando ausente
qualquer fundamento.
Por último o inciso VII trata da situação mais corri-
queira que é a interposição de recursos com intuito protelatório.
São aqueles interpostos sem nenhum embasamento legal, com
fim único de protelar a marcha do processo. É importante res-
saltar que o recurso deve ser manifestamente infundado para
que se possa aplicar a pena pecuniária de litigância de má-fé.
Ainda que as chances do recorrente sejam mínimas o fato de
interpor recurso da decisão que lhe foi desfavorável, por si só
não configura a litigância de má-fé.
A penalidade de multa é aplicada ao litigante de má-fé
reclamante, reclamado ou interveniente, em qualquer grau de
jurisdição, de ofício ou mediante requerimento, tendo natureza
pecuniária não atingindo o direito da parte de continuar partici-
pando do processo, mantendo todos os seus direitos, deveres e
ônus processuais. Varia de 1% (um por cento) a 10% (dez por
cento) do valor da causa, e quando o valor da causa for irrisório
ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até duas vezes o
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência

84
Social (art. 41-A da lei 8.213/91). Para a aplicação da penalida-
de basta a comprovação da prática dolosa de qualquer das con-
dutas descritas no artigo 793-B da Consolidação das Leis do
Trabalho.
A indenização pelas perdas e danos compreendem os
efetivos prejuízos causados a parte adversa com a prática do
ato de má-fé, devendo ser ressarcidos todos os danos sofridos.
Portanto, para que ocorra a responsabilização é necessário a
prática do ato configurador da litigância de má-fé e o dano efe-
tivo a parte adversa e ao regular andamento do processo. O va-
lor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possí-
vel mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedi-
mento comum, nos próprios autos, na forma do artigo 879 da
Consolidação das Leis do Trabalho.
A condenação em honorários advocatícios e demais
despesas é cabível ainda que o litigante de má-fé seja o vencido
no dissídio trabalhista, tendo em conta que tem natureza de
sanção pelas condutas de má-fé praticadas.
Quando houver pluralidade de partes e o ato de má-fé
for praticado por mais de um litigante, estes responderão soli-
dariamente pelas sanções pecuniárias impostas pelo magistra-
do, ou na proporção do interesse de cada um na causa quando

85
os atos praticados não foram coligados. Deste modo, os atos de
litigância de má-fé praticados por dois ou mais litigantes em
conluio gera a responsabilização solidária de todos, e na hipó-
tese dos atos serem praticados por dois ou mais litigantes de
forma independente, pois podem ter interesses distintos, a res-
ponsabilidade é individualizada de acordo com a conduta de
cada um (art. 793-C, § 1º, da CLT).
Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que o recla-
mante e o reclamado se serviram do processo para praticar ato
simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá deci-
são que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as
penalidades da litigância de má-fé (art. 142 do CPC) do artigo
793-C da Consolidação das Leis do Trabalho. A simulação ou
colusão entre as partes enseja a rescisão da decisão transitada
em julgado (art. 966, inc. III, do CPC), de modo que a decisão
ou acordo judicial subjacente à reclamação trabalhista, cuja tra-
mitação deixa nítida a simulação do litígio para fraudar a lei e
prejudicar terceiros, enseja ação rescisória, com lastro em colu-
são. No juízo rescisório, o processo simulado deve ser extinto
(OJ-SDI2-94 do TST). A sentença homologatória de acordo
prévio ao ajuizamento de reclamação trabalhista, no qual foi
conferida quitação geral do extinto contrato, sujeita-se a ação

86
rescisória tão somente se verificada a existência de fraude ou
vício de consentimento (OJ-SDI2-154 do TST).
No artigo 793-D está consignada a multa à testemunha
(art. 828 da CLT) que intencionalmente alterar a verdade dos
fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa, por vi-
olação ao dever de dizer a verdade (art. 77, inc. I, 378 e 458 do
CPC). Após a colheita da prova oral, a aplicação de multa à tes-
temunha dar-se-á na sentença e será precedida de instauração
de incidente mediante o qual o juiz indicará o ponto ou os pon-
tos controvertidos no depoimento, assegurados o contraditório,
a defesa, com os meios a ela inerentes, além de possibilitar a
retratação (art. 10, parágrafo único, da IN 41/2018 do TST).
2.1.2. Honorários advocatícios
A lei 13.467/2017 incluiu na Consolidação das Leis do
Trabalho o artigo 791-A para determinar que são devidos hono-
rários de sucumbência ao advogado, ainda que atue em causa
própria, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o
máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar
da liquidação da sentença (art. 879 da CLT), do proveito econô-
mico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa. Portanto, a sentença deve conter a conde-
nação do vencido em pagar os honorários de sucumbência.

87
Os honorários são devidos na reconvenção (art. 343 do
CPC), na ação rescisória (súmula 219, item II, do TST), nas
ações contra a Fazenda Pública, cujos percentuais são os do §
2º do artigo 85 do Código de Processo Civil (súmula 219, item
VI, do TST) e nas ações em que a parte estiver assistida ou
substituída (art. 18 do CPC) pelo sindicato de sua categoria
(súmula 219, item III, do TST).
A regra inscrita no artigo 791-A é de que a parte ven-
cida deve arcar com o custo do processo, que inclui o paga-
mento dos honorários da parte vencedora para o fim de recom-
por integralmente o direito da parte que não deu causa ao ajui-
zamento da demanda, consagrando a sucumbência como prin-
cipal indicador do princípio da causalidade que atribui a res-
ponsabilidade pelo custo do processo aquele que por ação ou
omissão der causa a instauração da relação processual (OR-
LÂNDO VENÂNCIO DOS SANTOS FILHO. O ônus do pa-
gamento dos honorários advocatícios e o princípio da causali-
dade, pág. 31).
Nos termos da súmula 256 do Supremo Tribunal Fede-
ral é dispensável pedido expresso para condenação do vencido
em honorários advocatícios, podendo-se aplicar ao processo do
trabalho o disposto nos §§ 11 e 18 do Código de Processo Ci-

88
vil, para permitir a majoração dos honorários pelo tribunal ao
analisar os recursos e a ação autônoma para fixação dos hono-
rários no caso de omissão na sentença transitada em julgado.
Ao fixar os honorários, o juízo observará o grau de
zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza
e a importância da causa; o trabalho realizado pelo advogado e
o tempo exigido para o seu serviço. Esses critérios são subjeti-
vos devendo o juiz apreciá-los e expor as razões pelas quais
aplica cada um deles. Portanto, deve o juiz apreciar na fixação
do percentual se o advogado atendeu em tempo razoável as de-
terminações contidas nas intimações, se evitou o excesso de
manifestações ou manifestações inúteis nos autos do processo
contribuindo para a celeridade, se procurou fornecer ao juiz to-
dos os elementos necessários para o julgamento da causa, se
teve que se deslocar em distâncias consideráveis para compare-
cer em juízo, a complexidade da causa pois existem demandas
repetidas, outras que não demandam produção de outras provas
que não a documental, e outras que o objeto é complexo e exi-
ge ampla instrução probatória, dentre outros.
Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
entre os honorários, visto que os honorários constituem direito

89
do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilé-
gios dos créditos oriundos da legislação do trabalho (§ 14 do
art. 85 do CPC).
Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que
não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, crédi-
tos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibili-
dade e somente poderão ser executadas se, nos 2 (dois) anos
subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certifi-
cou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de in-
suficiência de recursos que justificou a concessão de gratuida-
de, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do be-
neficiário. Isso porque, o benefício da gratuidade não abrange
as despesas processuais, as multas processuais e os honorários
advocatícios decorrentes da sucumbência da parte beneficiária,
como dispõe o § 2º do artigo 98 do Código de Processo Civil.
2.2. Litisconsórcio
A Consolidação das Leis do Trabalho admite a forma-
ção do litisconsórcio ativo facultativo nos dissídios individuais,
quando sendo várias as reclamações de empregados da mesma
empresa ou estabelecimento houver identidade de matéria (art.

90
842), que corresponde a conexão pela causa de pedir ou pelo
pedido do inciso II do artigo 113 do Código de Processo Civil.
Em se tratando de litisconsórcio ativo facultativo nos
dissídios individuais sujeitos ao procedimento sumaríssimo,
deve ser considerado o valor da causa individualmente por re-
clamante (art. 852-B, inc. I, da CLT), não importando se a
soma ultrapassa o valor de 40 (quarenta) salários mínimos.
Pode se formar o litisconsórcio passivo de empresas
empregadoras integrantes de grupo econômico, visto que são
responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da
relação de emprego, desde que demonstrado o interesse inte-
grado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta
das empresas dele integrantes (art. 2º, §§ 2º e 3º da CLT).
O sindicato, substituto processual e autor da reclama-
ção trabalhista, em cujos autos fora proferida a decisão rescin-
denda, possui legitimidade para figurar como réu na ação resci-
sória, sendo descabida a exigência de citação de todos os em-
pregados substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio pas-
sivo necessário (súmula 406, II, do TST).
Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de
acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litiscon-
sortes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha

91
como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos (art.
611-A, § 5º, da CLT).
A súmula 406 do Tribunal Superior do Trabalho
dispõe sobre o litisconsórcio necessário unitário passivo na
ação rescisória (art. 836 da CLT), porque supõe uma comunida-
de de direitos ou de obrigações que não admite solução díspar
para os litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto
(art. 114 do CPC). Também, no mandado de segurança (lei
12.016/09) impetrado na Justiça do Trabalho pode ocorrer o li-
tisconsórcio passivo necessário (súmula 631 do STF).
Na hipótese de litisconsortes com procuradores distin-
tos o Tribunal Superior do Trabalho (OJ-SDI1-310) entende ser
inaplicável ao processo do trabalho a contagem do prazo em
dobro (art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC), em razão de in-
compatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.
2.3. Intervenção de terceiros
O Tribunal Superior do Trabalho tem decidido ser ad-
missível a intervenção de terceiros no processo do trabalho,
desde que, no caso concreto, o ingresso do terceiro na relação
processual não prejudique o interesse do trabalhador, tendo em
vista a natureza alimentar do crédito trabalhista (RR-104100-

92
17.2010.5.21.0011, 1ª Turma, Min. Rel. WALMIR OLIVEIRA
DA COSTA, DEJT 17/05/2019).
O § 1º do artigo 486 da Consolidação das Leis do Tra-
balho prevê a nomeação a autoria (art. 63 do CPC/73) na hipó-
tese do empregador alegar em sua defesa que a paralisação
temporária ou definitiva do trabalho, foi motivada por ato de
autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação
de lei ou resolução que impossibilite a continuação da ativida-
de, acarretando a responsabilidade do Estado pela indenização
devida ao empregado pelo término do contrato de trabalho.
Nestes casos a pessoa de direito público apontada
como responsável pela paralisação é notificada para figurar no
processo, e sendo acolhida a nomeação a autoria pelo Juiz o
processo continuará contra a pessoa jurídica de direito público
responsável na própria Justiça do Trabalho, em razão da ampli-
ação da sua competência operada no artigo 114 da Constituição
Federal de 1988 pela Emenda Constitucional 45/04.
O empregador deve demonstrar na nomeação a auto-
ria, que deve ser arguida na própria contestação (art. 799 c/c
art. 847 da CLT), a presença dos seguintes requisitos: 1) ato ad-
ministrativo inevitável praticado por autoridade competente; 2)
interrupção temporária ou definitiva da prestação dos serviços

93
e 3) não concorrência, direta ou indireta, do empregador para a
prática do ato.
A intervenção assistencial (art. 119 do CPC), simples
ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse jurídico
e não o meramente econômico (súmula 82 do TST). O relator
no recurso de revista sob a sistemática dos recursos repetitivos
(art. 896-C, § 8º, da CLT) poderá admitir manifestação de pes-
soa, órgão ou entidade com interesse na controvérsia, como
amicus curiae ou como assistente simples.
A participação do amicus curiae, previsto no artigo
138 do Código de Processo Civil, é admissível no processo do
trabalho, conforme artigo 765 da Consolidação das Leis do
Trabalho, podendo o magistrado admitir a participação no pro-
cesso, de pessoa física ou jurídica, órgão ou entidade especiali-
zada, com o propósito de prestar informações relevantes acerca
de matéria técnica e∕ou fática relacionada ao objeto da lide, em
benefício de um justo juízo conciliatório, principalmente nos
dissídios coletivos em que se discutem os interesses de deter-
minada categoria. Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que
solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus
curiae.

94
A denunciação à lide (art. 125 do CPC) é admissível
no processo do trabalho desde que a Justiça do Trabalho seja
competente (ART. 114 da CRFB/88) para julgar a lide principal
e a secundária (TST, AIRR 2599-09.2013.5.22.0004, 5ª Turma,
Min. DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES, DEJT
24/08/2018). É o caso da denunciação da lide pelo empreiteiro
principal para assegurar o direito de regresso contra o subem-
preiteiro (art. 455 da CLT), e nos demais casos de responsabili-
dade subsidiária, como a do tomador de serviços em relação as
obrigações da empresa interposta (súmula 331 do TST), e do
sócio retirante em relação as obrigações da sociedade (art. 10-
A, caput, da CLT).
Na hipótese do inciso III, do artigo 130 do Código de
Processo Civil, é cabível o chamamento ao processo dos res-
ponsáveis solidários (art. 2, § 2º, art. 10-A, parágrafo único,
art. 223-E, e art. 448-A, parágrafo único da CLT) pelo reclama-
do nos dissídios individuais (TST, AIRR 320440-
82.1998.5.02.0017, 1ª Turma, rel. convocado MARCELO LA-
MEGO PERTENCE, DEJT 18/08/2015).
2.3.1. Desconsideração da personalidade jurídica
O artigo 855-A, introduzido pela lei 13.647/17, da
Consolidação das Leis do Trabalho admite o incidente de des-

95
consideração da personalidade jurídica nos dissídios individu-
ais trabalhistas, em todas as fases do processo, inclusive no
processo de execução, na forma dos artigos 133 a 137 do Códi-
go de Processo Civil. A instauração do incidente suspende o
processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de
natureza cautelar de que trata o artigo 301 do Código de Pro-
cesso Civil.
O pedido de desconsideração da personalidade jurídi-
ca, feito pela parte ou pelo Ministério Público do Trabalho,
deve demonstrar os pressupostos previstos no artigo 50 do
Código Civil. Instaurado o incidente nos próprios autos do pro-
cesso, o sócio ou a pessoa jurídica será notificado para se mani-
festar e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze)
dias. Havendo necessidade de prova oral, o juiz designará au-
diência.
Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsi-
deração da personalidade jurídica for requerida na petição ini-
cial, hipótese em que será notificado o sócio ou a pessoa jurídi-
ca, que figurará no dissídio trabalhista como litisconsorte do re-
clamado. Na execução de ofício promovida pelo Juiz, na forma
do artigo 878 da Consolidação das Leis do Trabalho, o inciden-
te também poderá ser de iniciativa do Juiz, desde que o exe-

96
quente não tenha advogado constituído nos autos do processo
(art. 13 da IN 41/2018 do TST).
Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o in-
cidente na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, de-
vendo ser resolvido pelo próprio Juiz ou Tribunal, admitindo-se
que seja suscitada no recurso da decisão definitiva ou nas con-
trarrazões recursais (§ 1º do art. 893 da CLT); na fase de execu-
ção, cabe agravo de petição (art. 897, al. a, da CLT), indepen-
dentemente de garantia do juízo; cabe agravo interno, no prazo
de 8 (oito) dias, se proferida monocraticamente pelo relator em
incidente instaurado originariamente no tribunal (art. 1.021 do
CPC c/c art. 6º da lei 5.584/70).
2.4. Juiz e auxiliares
2.4.1. Poderes e deveres do Juiz
Como agente estatal a qual incumbe o exercício da
função jurisdicional, cabe ao Juiz a direção do processo para a
obtenção do resultado final, que é a decisão justa, efetiva e em
tempo razoável para solucionar os dissídios trabalhistas. Evi-
dente que somente após ser provocado o exercício da atividade
jurisdicional mediante o ingresso da petição inicial da ação
com seu registro e distribuição, é que o Juiz passará a dirigir o

97
curso do processo com observância dos poderes, deveres e
eventual responsabilidade por dano causado as partes.
O Juiz como sujeito imparcial do processo do trabalho
se pronuncia por meio dos despachos, das decisões interlocutó-
rias e das sentenças, de forma oral nas audiências e sessões de
julgamento, e de forma redigida, datada e assinada, na forma
dos artigos 203 a 205 do Código de Processo Civil.
O artigo 139 do Código de Processo Civil, aplicável
subsidiariamente ao processo do trabalho, arrola nos incisos I a
X, sem prejuízo de outras disposições contidas na Consolida-
ção das Leis do Trabalho e do próprio Código de processo Ci-
vil, determinados poderes e deveres que devem ser observados
pelos magistrados em qualquer tipo de processo, conhecimen-
to, execução, cumprimento de sentença, liquidação, nos proce-
dimentos especiais e nas leis extravagantes, em todos os graus
de jurisdição.
Portanto cumpre ao Juiz o dever de assegurar a igual-
dade das partes no processo, vedando discriminação, compen-
sando desigualdades com o fim de garantir que ambas as partes
litiguem em igualdade de condições. Aliás, o artigo 7º do Códi-
go de Processo Civil é claro ao dispor que deve ser assegurada
às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de di-

98
reitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus,
aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo
ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Outro dever que é relacionado às partes é o de assegu-
rar a razoável duração do processo (art. 4º do CPC), mas não só
a elas visto que se dirige também a prestação jurisdicional, com
obrigação de todos os participantes de processo de cooperarem
entre si para a obtenção de decisão judicial justa e efetiva (art.
6º do CPC). Para assegurar este direito das partes pode o Juiz
prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da jus-
tiça (art. 77, inc. IV e VI, e § 1º do CPC) e indeferir postula-
ções e produção de provas meramente protelatórias, visto que
todos os participantes do processo devem se comportar com
boa-fé (art. 5º do CPC). Do mesmo modo, cumpre ao Juiz de-
terminar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais
ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de
ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto pres-
tação pecuniária, visto que é dever de todos os que de qualquer
forma participem do processo cumprir com exatidão as deci-
sões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar
embaraços à sua efetivação (art. 77, inc. IV do CPC).

99
Verificando o Juiz que o reclamante e o reclamado ser-
viram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim
vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos
das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de
má-fé (art. 142 do CPC), na forma do artigo 793-C da Consoli-
dação das Leis do Trabalho.
Como cabe ao magistrado a solução da lide objeto da
demanda, este deve buscar a qualquer tempo, a autocomposi-
ção das partes, preferencialmente com auxílio de conciliadores
e mediadores judiciais, como forma de pacificação dos confli-
tos judiciais. Inclusive o Código diz que incumbe ao Estado
promover, sempre que possível, a solução consensual dos con-
flitos, sendo que a conciliação, a mediação e outros métodos de
solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por ju-
ízes, advogados, defensores (art. 2º §§ 2º e 3º do CPC e art. 764
da CLT). A autocomposição proporciona uma decisão justa e
em tempo razoável na medida em que evita as delongas proces-
suais, ainda mais se feita em audiência (art. 846, 852-E, 860 da
CLT).
Na audiência exerce o poder de polícia mantendo a or-
dem e o decoro na audiência; ordenando que se retirem da sala
de audiência os que se comportarem inconvenientemente (art.

100
816 da CLT); requisitando, quando necessário, força policial;
assegurando o tratamento com urbanidade das partes, dos ad-
vogados, dos membros do Ministério Público e da Defensoria
Pública e qualquer pessoa que participe do processo; e regis-
trando em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresenta-
dos em audiência (art. 817 da CLT), bem como garantindo que
as testemunhas sejam tratadas com urbanidade, não se lhes fa-
zendo perguntas ou considerações impertinentes, capciosas ou
vexatórias (art. 459, § 2º do CPC).
2.4.2. Suspeição do Juiz
Para assegurar a imparcialidade do Juiz o artigo 801
da Consolidação das Leis do Trabalho determina que o juiz é
obrigado a dar-se por suspeito, e pode ser recusado quando ti-
ver inimizade pessoal ou com amizade íntima com qualquer
das partes (corresponde ao inciso I, do art. 145 do CPC); for
parente por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau
civil de qualquer das partes (corresponde ao inciso IV, do art.
144 do CPC); e quando tiver interesse particular na causa (cor-
responde ao inciso IV, do art. 145 do CPC).
As normas de impedimento e suspeição devem ser in-
terpretadas restritivamente para se evitar que um juiz, com
competência para determinada ação dentro das regras constitu-

101
cionais e processuais de distribuição de competência, o chama-
do juiz natural, seja recusado pelas partes por situações que não
estavam previamente definidas na lei, o que implica em dizer
que não há margem para aplicação extensiva, analógica ou sub-
sidiária das regras de impedimento e suspeição do direito pro-
cessual civil ao processo do trabalho, que disciplina a matéria
de forma exaustiva, não comportando complemento da esfera
processual civil, diante da inexistência de lacuna ou omissão a
superar.
Entretanto, a causa de suspeição da alínea d do artigo
801 da Consolidação das Leis do Trabalho, interesse particular
do Juiz na causa, pode decorrer de alguma das situações descri-
tas no Código de Processo Civil (art. 144, incs. III, V, VI, VII,
VIII e IX, e art. 145, incs. II e III). Neste caso, não há aplicação
subsidiária do Código, mas apenas interpretação da expressão
“interesse particular” que pode se configurar por diversos mo-
dos, visto que é uma situação subjetiva que comporta analise
na exceção de suspeição.
Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual
haja consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar ex-
ceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição
também não será admitida, se do processo constar que o recu-

102
sante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a conhecia,
ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, final-
mente, se procurou de propósito o motivo de que ela se origi-
nou. Portanto, o recusante deve apresentar a exceção na primei-
ra oportunidade em que tiver que se manifestar no processo,
sob pena de preclusão da matéria (art. 795, caput, da CLT).
Não tem validade a alegação de suspeição quando
houver sido provocada por quem a alega e quando a parte que a
alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação
do arguido. São regras que visam obstar que as partes, median-
te conduta de má-fé, pratiquem atos com a intenção de violar o
princípio do juiz natural, pois não cabe as partes escolher o Juiz
que decidirá a demanda e nem praticar atos que visem afastar o
julgador que não lhe for conveniente
O reclamante ou o reclamado podem apresentar a ex-
ceção de suspeição (art. 802 da CLT), indicando o fundamento
da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fun-
dar a alegação e com rol de testemunhas, cabendo ao juiz ou
Tribunal designar audiência dentro de 48 (quarenta e oito) ho-
ras, para instrução e julgamento da exceção.
Nas Varas do Trabalho e nos Tribunais Regionais, jul-
gada procedente a exceção de suspeição, será logo convocado

103
para a mesma audiência ou sessão, ou para a seguinte, o substi-
tuto do Juiz suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até
decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira quando o pró-
prio Juiz se declarar suspeito.
2.4.3. Auxiliares do Juiz
Para que o Juiz do Trabalho possa prestar a tutela ju-
risdicional é necessário que haja uma estrutura organizada pelo
Estado por meio de lei (art. 96, incs. I e II, arts. 112 e 113 da
CRFB/88) e regulada pelos respectivos Tribunais Regionais do
Trabalho, integrada com pessoas as quais são atribuídas deter-
minadas funções para auxílio do Juiz na prestação do serviço
jurisdicional.
O artigo 149 do Código de Processo Civil diz que são
auxiliares da justiça, dentre outros, o escrivão, o chefe de se-
cretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o adminis-
trador, o intérprete, do tradutor, o mediador, o conciliador judi-
cial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de
avarias.
Na Consolidação das Leis do Trabalho, está discipli-
nada a atribuição dos escrivães ou chefes de secretaria, no arti-
go 712, dos distribuidores, no artigo 714, e do oficial de justi-

104
ça, no artigo 721. Os demais terão suas atribuições reguladas
pelas normas de organização da Justiça do Trabalho.
O Juízo é o local onde o Juiz desenvolve suas funções,
geralmente chamada de Vara, podendo haver um ou mais ofí-
cios de justiça, que compreende o conjunto de serventuários
com várias atribuições para auxiliar o Juiz na prestação jurisdi-
cional. Nos artigos 711 e 719 da Consolidação das Leis do Tra-
balho estão disciplinadas as incumbências das secretarias das
Varas do Trabalho e dos Tribunais.
Os auxiliares que integram o juízo por concurso públi-
co são os serventuários (analistas e técnicos judiciários), e os
auxiliares convocados pelos Juiz para a prestação de serviço
específico, como a perícia e a administração de bens, são os au-
xiliares eventuais.
2.5. Ministério Público do Trabalho
O Ministério Público é instituição permanente, essen-
cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses soci-
ais e individuais indisponíveis, tendo como princípios instituci-
onais a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional,
e como prerrogativas a autonomia funcional e administrativa
(art. 127 da CRFB/88 e art. 176 do CPC). É composto pelo Mi-

105
nistério Público da União, que compreende o Ministério Públi-
co Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Pú-
blico Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Terri-
tórios (art. 24 da LC 75/93), e o Ministério Público Estadual.
Na Constituição Federal (art. 129) e na lei comple-
mentar 75/93 (art. 5º e 84), estão elencadas as funções instituci-
onais do Ministério Público da União, bem como as atribuições
do Ministério Público do Trabalho junto a Justiça do Trabalho
(art. 83), especialmente a de manifestar-se em qualquer fase do
processo trabalhista, acolhendo solicitação do juiz ou por sua
iniciativa, quando entender existente interesse público que jus-
tifique a intervenção, como o de menores e incapazes (art. 112
da LC 75/93); e de intervir obrigatoriamente em todos os feitos
nos segundo e terceiro graus de jurisdição da Justiça do Traba-
lho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público, Esta-
do estrangeiro ou organismo internacional.
Os dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho
(arts. 736 a 762) que tratam do Ministério Público do Trabalho
não tem mais validade, tendo em conta a autonomia do Minis-
tério Público conferida pela Constituição Federal (art. 127, §
2º) e a instituição do Ministério Público do Trabalho pela Lei

106
Orgânica do Ministério Público da União (arts. 83 a 115 da LC
75/93).
Nos casos em que o Ministério Público do Trabalho
deva intervir como fiscal da ordem jurídica (art. 178 do CPC
c/c art. 83, inc. VI, XII, e art. 84, inc. IV, da LC 75/93), o seu
membro deverá ser intimado pessoalmente de todos os atos
processuais, na forma do artigo 183, § 1º do Código de Proces-
so Civil, e terá vista dos autos depois das partes para se mani-
festar, gozando do prazo em dobro na forma do artigo 180 do
Código de Processo Civil, podendo produzir provas e requerer
o que entender necessário para a justa decisão de mérito, bem
como interpor recurso.
A ausência de intimação do Ministério Público é causa
de nulidade (art. 279 do CPC), invalidando os atos praticados a
partir do momento que deveria ter sido intimado. Nos termos
do artigo 5º da lei 5.584/70, é de 8 (oito) dias o prazo para o
procurador do trabalho apresentar o seu parecer, e como se tra-
ta de prazo impróprio admite-se a apreciação do parecer ainda
que extemporâneo (TST, RR 65900-57.2006.5.14.0404, 1ª Tur-
ma, Min. WALMIR OLIVEIRA COSTA, DEJT 24/02/2012).

107
2.6. Defensoria Pública
A Defensoria Pública é instituição permanente, essen-
cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como
expressão e instrumento do regime democrático, fundamental-
mente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos
e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direi-
tos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos ne-
cessitados, na forma do inciso LXXIV do artigo 5º da Consti-
tuição Federal (art. 134 da CRFB/88) e artigo 185 do Código
de Processo Civil.
A Lei complementar 80/94 organiza a Defensoria Pú-
blica da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescre-
ve normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos
de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso pú-
blico de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garan-
tia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora
das atribuições institucionais.
A assistência jurídica integral e gratuita custeada ou
fornecida pelo Estado será exercida pela Defensoria Pública,
sendo que a capacidade postulatória do Defensor Público de-
corre exclusivamente de sua nomeação e posse no cargo públi-
co, garantindo-lhes sentar no mesmo plano do Ministério Pú-

108
blico (art. 4º, §§ 5º, 6º e 7º da LC 80/94). As suas funções insti-
tucionais estão elencadas no artigo 4º da LC 80/94, sendo que
no seu artigo 14 está prevista a atuação da Defensoria Pública
da União na Justiça do Trabalho.
Isto porque, quando, nas respectivas comarcas, não
houver Vara do Trabalho ou não existir Sindicato da categoria
profissional do trabalhador, a quem incumbe a assistência judi-
ciária (art. 514, al. b, da CLT c/c art. 14 da lei 5.584/70), é atri-
buído aos Defensores Públicos o encargo de prestar a assistên-
cia judiciária, como previsto no artigo 17 da lei 5.584/70.
Tendo em conta a omissão da Consolidação das Leis
do Trabalho em regular a forma de intimação e de contagem
dos prazos para a Defensoria Pública aplicam-se subsidiaria-
mente as disposições do artigo 186 do Código de Processo Ci-
vil, do artigo 5º, § 5º da lei 1.060/50, e artigos 44, inc. I, 89,
inc. I, e 128, inc. I, da lei complementar 80/94, que determinam
a sua intimação pessoal e a contagem dos prazos processuais
em dobro.
As verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação,
inclusive quando devidas por quaisquer entes públicos, serão
destinadas aos fundos geridos pela Defensoria Pública e desti-
nados, exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria Públi-

109
ca e à capacitação profissional de seus membros e servidores
(inciso XXI, do art. 3º, da LC 80/94).
3. Atos processuais
3.1. Forma
O processo do trabalho, assim como o processo civil, é
a sequência dos atos praticados pelos sujeitos do processo para
que se possa obter a prestação jurisdicional, ordenada de acor-
do com o tempo e com o lugar em que devem ser realizados.
Portanto, o processo nasce por iniciativa da parte e se desen-
volve por impulso oficial (art. 2º do CPC) mediante a realiza-
ção dos atos e dos termos processuais para cumprir o seu fim
com a entrega da prestação jurisdicional.
O artigo 770 da Consolidação das Leis do Trabalho
diz que os atos processuais serão públicos salvo quando o con-
trário determinar o interesse social (art. 189 do CPC). Portanto,
os atos processuais trabalhistas são, em regra, públicos. Entre-
tanto, alguns processos tramitam em segredo de justiça, na for-
ma que dispõe o artigo 189 do Código de Processo Civil, apli-
cável subsidiariamente ao processo do trabalho (art. 769 da
CLT), sendo limitado o acesso aos dados do processo às partes
e aos seus representantes. Além dos processos, podem também
ser tratados como sigilosos os documentos do processo e as

110
suas movimentações. Na propositura da ação, o reclamante po-
derá requerer segredo de justiça para os autos processuais ou
sigilo para um ou mais documentos do processo. Da mesma
forma, em toda e qualquer petição poderá ser requerido sigilo
para esta ou para documento a ela vinculado.
O Ato nº 589/SEGJUD.GP, regulamenta a tramitação
de processos em segredo de justiça do âmbito do Tribunal Su-
perior do Trabalho.
Os atos processuais podem ser orais, como a reclama-
ção verbal (art. 786 da CLT), ou escritos a tinta (manuscrito),
datilografados, digitados em computador, ou a carimbo (art.
771 da CLT), e os atos das partes interessadas devem ser assi-
nados, ou quando estas, por motivo justificado, não possam
fazê-lo, serão firmados a rogo, na presença de 2 (duas) teste-
munhas, sempre que não houver procurador legalmente consti-
tuído (art. 772 da CLT).
Os atos do processo devem ser praticados na língua
portuguesa (art. 192 do CPC), que é a língua do Brasil (art. 13
da CRFB/88). Para que os documentos redigidos em língua es-
trangeira possam produzir seus efeitos legais no Brasil terão
que ser traduzidos para o português (art. 224 do Código Civil),
por tradutor público ou juramentado, ou na falta destes, por tra-

111
dutor particular nomeado pelo juiz. A atividade do tradutor pú-
blico está regulamentada no Decreto no 13.609/43, e a ativida-
de particular dos tradutores e intérpretes está regulamentada na
lei 12.319/2010.
Todos os documentos de procedência estrangeira,
acompanhados das respectivas traduções, para produzirem efei-
tos em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer instância, juí-
zo ou tribunal, devem ser levados a registro, no Registro de Tí-
tulos e Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros
(art. 129, § 6º, da lei n° 6.015/73). Estes documentos registra-
dos gozam de fé pública que pode ser elidida por prova em
contrário. Para os atos orais em língua estrangeira haverá a ne-
cessidade de nomeação de tradutor pelo juiz, nos termos do ar-
tigo 819 da CLT e artigo 162 do CPC.
Os atos processuais podem ser total ou parcialmente
digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunica-
dos, armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da
lei 11.419/06 que dispõe sobre a informatização dos processos
judiciais, incluídos os da Justiça do Trabalho (art. 1º, § 1º). A
Instrução Normativa 30/2007 do Tribunal Superior do Trabalho
regulamenta a informatização do processo judicial, no âmbito

112
da jurisdição trabalhista. Consideram-se realizados os atos pro-
cessuais por meio eletrônico no dia e hora do seu envio ao sis-
tema do Poder Judiciário, do que deverá ser fornecido protoco-
lo eletrônico, e quando a petição eletrônica for enviada para
atender prazo processual, serão consideradas tempestivas as
transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia,
na forma do artigo 3º da lei 11.419/06.
A notificação é o ato de comunicação processual no
processo do trabalho, que funciona tanto para cientificar o re-
clamado do ajuizamento da reclamação trabalhista, convo-
cando-o para comparecer a audiência, como para cientificar as
partes e seus procuradores, o Ministério Público do Trabalho e
a Defensoria Pública da União, sobre os atos e termos do pro-
cesso, de modo que as disposições do Código de Processo Civil
sobre a citação (art. 238 a 259) e a intimação (art. 269 a 275)
são aplicáveis subsidiariamente nos casos omissos e quando
compatíveis. Os atos de comunicação podem ser realizados por
meio eletrônico.
A Instrução Normativa 39 do Tribunal Superior do
Trabalho, no artigo 2º, inciso II, dispõe que não se aplica ao
Processo do Trabalho, em razão de inexistência de omissão ou
por incompatibilidade, o artigo 190 do Código de Processo Ci-

113
vil que admite o negócio jurídico processual nos litígios que
admitem a autocomposição.
Entretanto, os dissídios trabalhistas não só comportam
a autocomposição judicial e extrajudicial, como a legislação
processual determina que esta seja estimulada pelo próprio Ju-
diciário, de modo que a aplicação subsidiária do artigo 190 e
191 do Código de Processo Civil pode trazer benefícios aos li-
tigantes e a própria Justiça do Trabalho, na medida em que
pode tornar os dissídios mais céleres, como nas hipóteses de
convenções sobre provas (TST, RR 147300-49.2012.5.13.0004,
Min. Rel. ALEXANDRE DE SOUZA AGRA BELMONTE, 3ª
Turma, DEJT 27/10/2017) e sobre os atos de comunicação pro-
cessual. Para tanto, basta que as partes estejam representadas
por advogados (art. 791, § 1º, da CLT) e que o Juiz do Trabalho
controle a validade das convenções, recusando-lhes aplicação
somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em con-
trato de adesão ou em que o trabalhador se encontre em mani-
festa situação de vulnerabilidade.
3.2. Nulidades
O artigo 794 da Consolidação das Leis do Trabalho
diz que nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Traba-
lho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados ma-

114
nifesto prejuízo às partes litigantes, de modo que quando a lei
prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato
se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade (arts. 188
e 277 do CPC).
Deste modo, somente se deve declarar a nulidade que
viole a ordem pública ou os interesses das partes, independen-
temente de cominação expressa da pena de nulidade, quando
alegada em momento oportuno pela pessoa interessada e não
causadora da nulidade (art. 795 e art. 276 do CPC). O artigo
796 da Consolidação das Leis do Trabalho determina que a nu-
lidade não será pronunciada quando for possível suprir-se a fal-
ta ou repetir-se o ato; e quando arguida por quem lhe tiver dado
causa.
Na realidade o que o dispositivo diz é que alegada a
nulidade pela parte que lhe deu causa, o juiz não deverá de-
clará-la salvo se a nulidade for absoluta. As partes devem pau-
tar suas condutas de acordo com a boa-fé, cooperando para que
o processo alcance o seu fim, sendo vedadas as condutas mali-
ciosas com o fim de prejudicar o regular andamento do proces-
so e o direito da outra parte (art. 5º e 6º do CPC). Portanto, so-
mente a parte prejudicada pela nulidade é que terá interesse em
alegá-la.

115
Ressalvadas as nulidades que podem ser declaradas de
ofício pelo juiz, não arguida a nulidade no primeiro momento
em que caiba a parte falar nos autos, a matéria fica preclusa,
salvo se comprovar que não a alegou por motivo legítimo, que
é o desconhecimento da nulidade no momento processual em
que falou nos autos causada por obstáculo não imputado a par-
te. A primeira oportunidade em que couber a parte se manifes-
tar nos autos é a imediatamente posterior a ocorrência da nuli-
dade e ao seu conhecimento, ou se ocorrer nas audiências é ne-
las que deve ser arguida.
As citações e as intimações serão nulas quando feitas
sem observância das prescrições legais (art. 280 do CPC). Ha-
vendo pedido expresso de que as intimações e publicações se-
jam realizadas exclusivamente em nome de determinado advo-
gado (art. 272, § 5º, do CPC), a comunicação em nome de ou-
tro profissional constituído nos autos é nula, salvo se constata-
da a inexistência de prejuízo (súmula 427 do TST).
É nulo o processo quando o membro do Ministério Pú-
blico do Trabalho não for intimado a acompanhar o feito em
que deva intervir (art. 279 do CPC e art. 83, inc. II, da LC
75/93), como na reclamação trabalhista do menor (art. 793 da
CLT). Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do

116
membro do Ministério Público, o juiz invalidará os atos prati-
cados a partir do momento em que ele deveria ter sido intima-
do, e a nulidade somente pode ser decretada após a intimação
do Ministério Público para se manifestar sobre a existência ou
a inexistência de prejuízo.
O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a
que ela se estende (art. 797 da CLT) e as providências para a
repetição ou retificação dos atos declarados nulos (art. 282 do
CPC). Em duas hipóteses a nulidade não acarretará a repetição
do ato nem sua falta será suprida, a primeira quando a nulidade
do ato não prejudicar a parte e a segunda quando o juiz puder
decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação
da nulidade. São situações em que não há interesse processual
na declaração de nulidade. Em respeito ao princípio da instru-
mentalidade das formas os atos nulos ficam sanados, em razão
da ausência de prejuízo as partes.
A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores
que dele dependam ou sejam consequência (art. 798 da CLT),
de modo que anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito
todos os subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade
de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam
independentes (art. 281 do CPC). O erro de forma do processo

117
acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser
aproveitados, na forma do artigo 283 do Código de Processo
Civil.
3.3. Lugar
Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na
sede do juízo trabalhista, ou, excepcionalmente, em outro lugar
em razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza do
ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo
juiz.
A deferência é o respeito, a consideração a determina-
da pessoa ou situação, como a inquirição das autoridades arro-
ladas no artigo 454, inc. I a XII, do Código de Processo Civil,
nas suas respectivas residências ou no local onde exercem as
suas funções, e a oitiva da testemunha enferma (art. 449, parág-
rafo único do CPC).
O interesse da justiça se revela quando houver neces-
sidade de deslocamento para a prática de ato processual capaz
de influir no resultado do processo, como a inspeção judicial
realizada pelo juiz (art. 483 do CPC).
A existência de obstáculo a realização do ato na sede
do juízo deve ser demonstrado pelo interessado, como a produ-
ção antecipada da prova em foro diverso do juízo competente

118
(art. 381 do CPC), e a oitiva da testemunha que não possa com-
parecer a sede do juízo por motivo relevante (art. 449, parágra-
fo único do CPC).
A prática dos atos em outro juízo, em regra, são reali-
zados por meio das cartas de ordem, precatória e rogatória (art.
260 do CPC), em razão da limitação do exercício da jurisdição,
admitindo-se a prática de atos processuais por meio de video-
conferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens em tempo real (art. 236, § 3º, do CPC).
Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas
que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de jus-
tiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações,
notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos (art.
255 do CPC). A notificação pelo correio pode ser feita para
qualquer Comarca do País não necessitando de carta precatória
(art. 247 do CPC).
Nos termos do artigo 7º da lei 11.419/06 as cartas pre-
catórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral, todas as
comunicações oficiais que transitem entre órgãos do Poder Ju-
diciário, bem como entre os deste e os dos demais Poderes, se-
rão feitas preferentemente por meio eletrônico.

119
3.4. Tempo
Os atos processuais realizar-se-ão nos dias úteis das 6
(seis) às 20 (vinte) horas, podendo ser concluído após as 20
(vinte) horas o ato iniciado antes, quando o adiamento prejudi-
car a diligência ou causar grave dano. A penhora poderá reali-
zar-se em domingo ou dia feriado, mediante autorização ex-
pressa do juiz ou presidente, na forma que dispõe o artigo 5º,
inciso XI da Constituição Federal de 1988.
A Emenda Constitucional 45/04, incluiu o inciso XII
ao artigo 93 da Constituição Federal para determinar que a ati-
vidade jurisdicional deve ser ininterrupta, sendo vedado férias
coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando,
nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes
em plantão permanente.
Cada tribunal regulamentará o horário de seu expedi-
ente, e as férias forenses em geral correspondem às datas fixa-
das no § 1º do artigo 66 da lei complementar no 35/79 (Lei Or-
gânica da Magistratura Nacional), nos períodos de 02 a 31 de
janeiro e de 02 a 31 de julho.
O recesso forense na Justiça do Trabalho é o mesmo
da Justiça Federal (art. 62, inc. I da lei 5.010/66), e compreende
os dias de 20 de dezembro a 6 de janeiro, sendo considerado

120
feriado. Entretanto, o artigo 775-A da Consolidação das Leis
do Trabalho (incluído pela lei 13.545/17) estabelece de forma
geral o período de recesso forense para todos os juízos e tribu-
nais, ampliando o prazo para até 20 de janeiro.
Os feriados são os declarados em lei, e para efeito fo-
rense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expe-
diente forense (art. 216 do CPC), como o período de recesso
forense.
As férias forenses e os feriados não são considerados
dias úteis para a prática de ato processual, admitindo-se a práti-
ca dos atos elencados no § 2º do artigo 212 do Código de Pro-
cesso Civil, e as tutelas provisórias, de urgência e de evidência
(arts. 294 a 311 do CPC), para evitar o perecimento do direito.
Portanto, para atender aos atos excepcionais os tribunais devem
manter o serviço em regime de plantão.
Independentemente de autorização judicial, as citações
ou notificações (art. 841 e 860 da CLT), as intimações e as pe-
nhoras poderão realizar-se no período de férias forenses (art.
214 do CPC), e nos feriados ou dias úteis fora do horário esta-
belecido. A súmula 262 do Tribunal Superior do Trabalho con-
solida o entendimento de que intimada ou notificada a parte no
sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato

121
e a contagem, no subsequente; e que o recesso forense e as fé-
rias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho
suspendem os prazos recursais.
Aplica-se ao processo do trabalho a prioridade de tra-
mitação dos procedimentos elencados no artigo 1.048 do Códi-
go de Processo Civil, que fixa a prioridade de tramitação, em
qualquer juízo ou tribunal, dos procedimentos judiciais em que
figure como parte ou interessado, pessoa com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, as-
sim compreendida qualquer das enumeradas no artigo 6º, inciso
XIV, da lei 7.713/88; e os regulados pela lei no 8.069/90 (Esta-
tuto da Criança e do Adolescente - ECA), sem prejuízo das de-
mais prioridades de tramitação fixadas nas leis específicas.
A prioridade de tramitação é conferida em razão das
condições das pessoas indicadas nos incisos I e II, para permitir
o acesso à justiça pela razoável duração do processo. A Instru-
ção Normativa 29/2005 do Tribunal Superior do Trabalho
dispõe sobre a prioridade na tramitação dos processos em que é
parte pessoa portadora de deficiência.
No inciso I, estão as pessoas com idade superior a 60
(sessenta) anos, considerados idosos para os efeitos da lei no
10.741/03 (estatuto do idoso) e as pessoas portadoras de doen-

122
ça grave, como os portadores de moléstia profissional, tubercu-
lose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia ma-
ligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan-
te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose
anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados
avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contami-
nação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida,
com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que
a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou refor-
ma.
É assegurada prioridade na tramitação dos processos e
procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais
em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade
igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância
(art. 71 da lei 10.741/03), devendo o interessado na obtenção
da prioridade fazer prova de sua idade, requerendo o benefício
à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que de-
terminará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa
circunstância em local visível nos autos do processo. A priori-
dade não cessa com a morte do beneficiado, estendendo-se em
favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com
união estável, maior de 60 (sessenta) anos. Dentre os processos

123
de idosos, dar-se-á prioridade especial aos maiores de 80 (oi-
tenta) anos.
3.5. Termos
Os termos são a documentação de determinados atos
processuais, como a juntada de petições e documentos (art. 777
e 780 da CLT), a abertura de vista as partes (art. 778 e 779 da
CLT), a conclusão ao juiz, e outros, praticados pelo escrivão ou
chefe de secretaria, como a lavratura de certidões (art. 773 e
781 da CLT c/c art. 152, inc. V, do CPC). Portanto, os atos são
as manifestações dos sujeitos para impulso processual, e os ter-
mos são a documentação de determinados atos para controle e
ordenamento do processo.
Os termos relativos ao movimento dos processos cons-
tarão de simples notas, datadas e rubricadas pelos secretários
ou escrivães (art. 773 da CLT e art. 208 do CPC). É lícito o uso
da taquigrafia, da estenotipia ou de outro método idôneo em
qualquer juízo ou tribunal (art. 210 do CPC), não se admitindo
nos atos e termos processuais espaços em branco, salvo os que
forem inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou rasu-
ras, exceto quando expressamente ressalvadas (art. 211 do
CPC).

124
3.6. Prazos processuais
Como o processo se desenvolve pela prática dos atos e
termos processuais, é necessário que sejam fixados prazos para
a realização destes, conferindo a dinâmica processual. Os pra-
zos são os legais, quando fixados na lei processual, ou judici-
ais, quando fixados pelo juiz (art. 218 do CPC). São estipula-
dos para os atos das partes, dos juízes e dos auxiliares da justi-
ça.
O prazo, portanto, é o lapso temporal que os sujeitos
do processo têm para praticar o ato processual, contando-se do
seu termo inicial ao termo final (art. 774 e 776 da CLT), nada
obstante seja válido/tempestivo o ato praticado antes do termo
inicial (art. 218, § 4º, do CPC). Podem ser peremptórios ou di-
latórios, sendo que os primeiros acarretam a preclusão impe-
dindo que o ato seja praticado em momento posterior após o
decurso do prazo.
O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Públi-
ca, a Defensoria Pública e o Ministério Público será contado da
citação, da intimação ou da notificação (art. 230 do CPC), ou
seja, a partir da realização ato de comunicação processual. É
necessário que as partes tenham ciência da existência do pro-
cesso, pela citação ou pela notificação, e dos atos e termos do

125
processo, pela intimação, ressalvado o comparecimento espon-
tâneo da parte que supre a necessidade de citação (art. 239, § 1 o
do CPC) e a intimação em cartório pelo escrivão ou chefe de
secretaria (art. 274 do CPC). A partir do conhecimento do pro-
cesso ou dos atos e termos praticados é que a parte pode se ma-
nifestar.
O artigo 774 da Consolidação das Leis do Trabalho
determina que, salvo disposição em contrário, os prazos con-
tam-se a partir da data em que for feita a notificação pessoal do
reclamado (art. 242 do CPC), ou na data do recebimento da no-
tificação pelo representante legal ou procurador do reclamado;
na data em que for publicado o edital no jornal oficial ou no
jornal que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou,
ainda, na data em que for afixado o edital na sede da Vara do
Trabalho, Juízo ou Tribunal.
A notificação do reclamado é feita pelo correio, e se
este criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado,
far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no
que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede
da Junta ou Juízo (art. 841, § 1º, da CLT). O Tribunal Superior
do Trabalho sedimentou, na súmula 16, o entendimento de que
presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas

126
depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega
após o decurso desse prazo constitui ônus de prova do destina-
tário. Isto porque, o parágrafo único do artigo 774 da Consoli-
dação das Leis do Trabalho determina que no caso de não ser
encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o
Correio fica obrigado a devolver a notificação, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem.
Na hipótese de notificação eletrônica realizada nos
dissídios digitais o termo inicial e final dos prazos e a forma de
sua contagem deve observar as disposições dos artigos 4º a 7º
da lei 11.419/06 c/c art. 231, inciso IX do CPC. Na hipótese de
notificação por oficial de justiça (art. 249 do CPC), o termo ini-
cial do prazo é a data da juntada do mandado de notificação
cumprido (art. 231, inc. II, do CPC).
Como o artigo 774 da Consolidação das Leis do Tra-
balho somente dispõe sobre os termos dos prazos processuais
no tocante a notificação, que é uma das formas de comunicação
dos atos processuais, deve-se aplicar subsidiariamente as dispo-
sições do Código de Processo Civil relativas aos termos dos
prazos quando a comunicação dos atos processuais se der por
intimação (arts. 269 a 275, 224, §§ 2º e 3º, e 231, inc. VII).

127
O artigo 775 da Consolidação das Leis do Trabalho
fixa a forma de contagem dos prazos processuais em dias úteis,
com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do venci-
mento, cabendo a sua prorrogação, pelo tempo estritamente ne-
cessário, quando o juízo entender necessário; e em virtude de
força maior, devidamente comprovada, aplicando-se ao proces-
so do trabalho a prorrogação do prazo na hipótese prevista do
artigo 222 do Código de Processo Civil.
Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do
prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no
subsequente (súmula 262, I, do TST). Quando a intimação tiver
lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação
for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-
feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso
em que fluirá no dia útil que se seguir (súmula 1 do TST e sú-
mula 310 do STF). É o que determina o § 1º do artigo 224 do
Código de Processo Civil, ao dispor que os dias do começo e
do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia
útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente fo-
rense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou
houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.

128
Conforme Orientação Jurisprudencial 310 da Subse-
ção de Dissídios Individuais I do Tribunal Superior do Traba-
lho, é inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no
artigo 229, caput e §§ 1º e 2º, do Código de Processo Civil, que
estipula a contagem do prazo em dobro para os litisconsortes
com procuradores diferentes, em razão de incompatibilidade
com a celeridade que lhe é inerente.
Em razão de omissão na Consolidação das Leis do
Trabalho (TST, RR 103600-77.2002.5.08.0112, 4ª Turma, Min.
ANTÔNIO JOSÉ DE BARROS LEVENHAGEN, DJ
24/02/2005), aplicam-se os artigos 180, 183 e 186 do Código
de Processo Civil, que determina a intimação pessoal e a conta-
gem dos prazos processuais em dobro para o Ministério Públi-
co, Advocacia Pública e Defensoria Pública.
Decorrido o prazo fixado na lei ou pelo juiz para a
prática do ato processual, a parte perde o direito de praticá-lo
ou emendá-lo. O processo segue sua marcha para frente, ve-
dando-se a prática dos atos processuais fora do prazo em preju-
ízo da razoável duração do processo. Entretanto, pode ocorrer
que o decurso do prazo sem a prática do ato processual tenha
sido causado por evento alheio a vontade da parte, que a impe-
diu de praticar o ato por si ou por mandatário (art. 223 do

129
CPC). É o que se chama de justa causa. Dentre os eventos
pode-se destacar o caso fortuito e a força maior, cujos efeitos
não se podia evitar ou impedir (art. 393 do Código Civil). O
vencimento dos prazos deve ser certificado nos processos pelos
escrivães ou chefe de secretaria (art. 776 da CLT).
Ao juiz incumbe dilatar os prazos processuais e alterar
a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às ne-
cessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à
tutela do direito (art. 139, inc. VI do CPC e § 2º, do art. 775 da
CLT).
O artigo 775-A da Consolidação das Leis do Trabalho
trata da suspensão do curso do prazo processual nos dias com-
preendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive, no
qual não se realizarão audiências nem sessões de julgamento,
somente são praticados os atos urgentes para preservação do di-
reito das partes (art. 214 do CPC). A suspensão atinge não ape-
nas o expediente forense, mas, igualmente, os prazos processu-
ais e a publicação de acórdãos, sentenças e decisões, bem como
a intimação de partes ou de advogados, na primeira e na segun-
da instância.
Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituí-
dos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da

130
Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da
Justiça exercerão suas atribuições durante o período de suspen-
são do processo. O recesso forense e as férias coletivas dos Mi-
nistros do Tribunal Superior do Trabalho suspendem os prazos
recursais (súmula 262, II, do TST).
Aplica-se o processo do trabalho a suspensão do pro-
cesso do artigo 221 do Código de Processo Civil, que trata da
suspensão do prazo processual por obstáculo causado em preju-
ízo da parte ou nas hipóteses de suspensão do processo, elenca-
das no artigo 313 do CPC e 799 da CLT, devendo o prazo ser
restituído no tempo que faltava para terminar o prazo processu-
al. O obstáculo pode ser causado pela parte adversa ou por
qualquer outro motivo.
3.7. Distribuição
Como dispõe o artigo 837 da Consolidação das Leis
do Trabalho nas localidades em que houver apenas 1 (uma)
Vara do Trabalho, ou 1 (um) Juízo do cível (art. 669, § 1º da
CLT), a reclamação será apresentada diretamente à secretaria
da Vara, ou ao cartório do Juízo, para ser registrada (art. 784 da
CLT e art. 284 do CPC). Por outro lado, nas localidades em que
houver mais de 1 (uma) Vara do Trabalho ou mais de 1 (um)

131
Juízo Cível, a reclamação será, preliminarmente, sujeita a dis-
tribuição.
Nas localidades em que existir mais de uma Vara do
Trabalho haverá um distribuidor, a quem compete a distribui-
ção, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada
Vara do Trabalho, dos feitos que, para esse fim, lhe forem apre-
sentados pelos interessados; o fornecimento, aos interessados,
do recibo correspondente a cada feito distribuído; e o forneci-
mento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por
certidão, de informações sobre os feitos distribuídos (arts. 713
e 714 da CLT).
As normas internas dos tribunais e dos juízos é que
disciplinarão os requisitos que devem constar do registro, e a
forma de realizar a distribuição. O registro funciona como um
mecanismo de controle e publicidade do processo, na medida
em que qualquer pessoa pode requerer certidão de distribuição.
A distribuição, que poderá ser eletrônica na forma do
artigo 10 da lei 11.419/06, será alternada e aleatória, obedecen-
do a ordem rigorosa de sua apresentação ao distribuidor. A dis-
tribuição feita de forma alternada é que assegura a igualdade
aritmética de processos entre os juízes, bem como evita a esco-
lha do juízo pelas partes.

132
Aplica-se ao processo do trabalho as disposições do
artigo 286 do Código de Processo Civil, que trata das hipóteses
de distribuição por dependência, excepcionando a regra de dis-
tribuição aleatória, especialmente quando, tendo sido extinta a
reclamação sem resolução de mérito, for reiterado o pedido,
ainda que em litisconsórcio com outros reclamantes ou que se-
jam parcialmente alterados os reclamados, tendo em conta que
o escopo do legislador foi evitar que o jurisdicionado escolha o
julgador de sua ação, em detrimento do princípio do juiz natu-
ral.
O distribuidor fornecerá ao interessado um recibo do
qual constarão, essencialmente, o nome do reclamante e do re-
clamado, a data da distribuição, o objeto da reclamação e a
Vara do Trabalho ou o Juízo a que coube a distribuição (art.
785 da CLT), podendo ser fiscalizada pela parte, por seu procu-
rador, pelo Ministério Público do Trabalho e pela Defensoria
Pública nas hipóteses do artigo 14 da LC 80/94 (art. 289 do
CPC). Na prática o recibo é a chancela mecânica ou eletrônica
firmada na via da petição inicial que fica com o reclamante.
A reclamação escrita deverá ser formulada em 2
(duas) vias e desde logo acompanhada dos documentos em que
se fundar (art. 787 da CLT), e quando a parte estiver represen-

133
tada por advogado (art. 791, § 1º, da CLT), a procuração (art.
287 do CPC).
O artigo 786 da Consolidação das Leis do Trabalho
autoriza a reclamação verbal que é distribuída antes de sua re-
dução a termo, em duas vias datadas e assinadas pelo escrivão
ou secretário. Distribuída a reclamação verbal, o reclamante
deverá, salvo motivo de força maior, apresentar-se no prazo de
5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a ter-
mo.
Na prática o reclamante se dirige a uma Vara do Tra-
balho, ao Setor de Atermação e Reclamação, para relatar a situ-
ação e apresentar, além de seus documentos pessoais, outros
que permitam a comprovação do que foi alegado, podendo
ocorrer no mesmo ato a distribuição e a redução a termo da re-
clamação.
Feita a distribuição, a reclamação será remetida pelo
distribuidor à Vara do Trabalho ou ao Juízo Cível competente,
acompanhada do respectivo comprovante de distribuição (art.
788 da CLT), cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do
interessado, corrigir o erro ou compensar a falta de distribuição
(art. 288 do CPC).

134
3.8. Custas e emolumentos
Ressalvadas as hipóteses legais de isenção e de gratui-
dade de justiça (art. 790, §§ 3º e 4º e 790-A da CLT), para que
o Estado possa cumprir o serviço de prestação jurisdicional são
estipuladas as despesas das partes com os atos que realizarem
ou requererem, como as custas processuais (art. 789 e 789-A da
CLT), de natureza tributária, devida ao Estado pelo exercício
da jurisdição, na forma do artigo 145, inciso II da CRFB/88, e
os emolumentos (art. 789-B da CLT) devidos pelos atos e dili-
gências realizadas no processo, como a dos oficiais de justiça, a
expedição de cartas, de mandados, de certidões e outros.
Não tem mais validade a disposição do artigo 782 da
Consolidação das Leis do Trabalho, que isentava de selo as re-
clamações, representações, requerimentos, atos e processos re-
lativos à Justiça do Trabalho, tendo em conta que não há mais o
imposto do selo federal regido pela revogada lei 4.505/64.
O artigo 789 da Consolidação das Leis do Trabalho
dispõe que nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos
do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Jus-
tiça do Trabalho, as custas relativas ao processo de conheci-
mento incidirão à base de 2% (dois por cento) sobre os valores
estipulados nos seus incisos I a IV e §§ 2º, 3º e 4º, observado o

135
limite mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centa-
vos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo dos benefí-
cios do Regime Geral de Previdência Social. Nas ações plúri-
mas, as custas incidem sobre o respectivo valor global (súmula
36 do TST).
As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em
julgado da decisão, e no caso de recurso, as custas serão adian-
tadas pelo recorrente comprovando-se o recolhimento dentro
do prazo recursal. O prazo para pagamento das custas, no caso
de recurso, é contado da intimação do cálculo (súmula 53 do
TST). Em caso de recolhimento insuficiente das custas, somen-
te haverá deserção do recurso se, concedido o prazo de 5 (cin-
co) dias previsto no § 2º do artigo 1.007 do Código de Processo
Civil, o recorrente não complementar e comprovar o valor de-
vido. E no caso de equívoco no preenchimento da guia de cus-
tas, o relator deverá conceder o prazo de 5 (cinco) dias previsto
no § 7º do referido artigo 1.007 para o recorrente sanar o vício,
sob pena de deserção.
A parte vencedora na primeira instância, se vencida na
segunda, está obrigada, independentemente de intimação, a pa-
gar as custas fixadas na sentença originária, das quais ficará
isenta a parte então vencida (súmula 25, I, do TST). No caso de

136
inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem
acréscimo ou atualização do valor das custas e se estas já foram
devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela par-
te vencida, ao recorrer (súmula 25, II, do TST). Deverá ao fi-
nal, se sucumbente, reembolsar a quantia. Não caracteriza de-
serção a hipótese em que, acrescido o valor da condenação, não
houve fixação ou cálculo do valor devido a título de custas e
tampouco intimação da parte para o preparo do recurso, deven-
do ser as custas pagas ao final (súmula 25, III, do TST).
No artigo 789-A da Consolidação das Leis do Traba-
lho estão fixadas as custas devidas no processo de execução
trabalhista, sempre de responsabilidade do executado e pagas
ao final. No processo de execução, as custas não serão exigidas
por ocasião do recurso, devendo ser suportadas pelo executado
somente ao final. Os emolumentos são de ônus do requerente e
estão arrolados no artigo 789-B da Consolidação das Leis do
Trabalho.
Nas Varas do Trabalho, nos Tribunais e no Tribunal
Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emo-
lumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tri-
bunal Superior do Trabalho, atualmente a Instrução Normativa
20/02, que determina o pagamento das custas e dos emolumen-

137
tos no âmbito da Justiça do Trabalho por meio da Guia de Re-
colhimento da União - GRU Judicial, em 4 (quatro) vias, uma
ficará retida no banco arrecadador, a segunda deverá ser anexa-
da ao processo mediante petição do interessado, a terceira será
entregue pelo interessado na secretaria do órgão judicante, e a
quarta ficará na posse de quem providenciou o recolhimento,
sendo ônus da parte interessada realizar seu correto preenchi-
mento.
A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira,
com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios, tem direito à gratui-
dade da justiça, sendo facultado aos juízes do trabalho conce-
der, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita
que compreende as despesas previstas no § 1º do artigo 98 do
Código de Processo Civil, inclusive quanto a traslados e instru-
mentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
(quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regi-
me Geral de Previdência Social (art. 790, §§ 3º e 4º da CLT).
O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver
nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de inde-

138
ferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchi-
mento dos referidos pressupostos (art. 99, § 2º, do CPC).
Tratando-se de empregado que não tenha obtido o be-
nefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que
houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo
pagamento das custas devidas. No caso de não-pagamento das
custas, far-se-á execução judicial da respectiva importância. O
direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a li-
tisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e
deferimento expressos (art. 99, § 6º, do CPC).
Nos termos do artigo 790-A da Consolidação das Leis
do Trabalho são isentos do pagamento de custas, além dos be-
neficiários de justiça gratuita, a União, os Estados, o Distrito
Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações
públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem
atividade econômica (súmula 170 do TST); e o Ministério Pú-
blico do Trabalho. A isenção não alcança as entidades fiscaliza-
doras do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas
de direito público de reembolsar as despesas judiciais realiza-
das pela parte vencedora (súmula 25, IV, do TST). A Defenso-
ria Pública da União (art. 14 da LC 80/94) também é conferida
a prerrogativa de pagamento ao final das despesas dos atos pro-

139
cessuais por ela requeridos quando for vencida no processo,
sendo dispensada do adiantamento das despesas (art. 185 do
CPC), para assegurar a sua função institucional na defesa dos
interesses dos necessitados.
As empresas prestadoras de serviço público essencial
em regime de monopólio sem fins lucrativos, como as socieda-
des de economia mista, gozam das prerrogativas da Fazenda
Pública (TST - Ag-RR: 1572-32.2017.5.13.0026, 5ª Turma, rel.
Min. BRENO MEDEIROS, julgado em 3/6/2020 – Informativo
TST nº 220), em razão do entendimento firmado pelo Supremo
Tribunal Federal (RE nº 1.239.566, Min. CARMEM LÚCIA,
DJe 29/10/2019), afastando nesses casos a aplicação da súmula
nº 170 do Tribunal Superior do Trabalho.
São isentos do depósito recursal os beneficiários da
justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em re-
cuperação judicial (art. 899, § 10, da CLT). A Súmula 86 do
TST não exclui a massa falida da obrigação de recolhimento
das custas processuais. Ela apenas garante que não ocorrerá de-
serção de recurso interposto pela massa por falta de pagamento
de custas ou do depósito recursal. No entanto, essas despesas
deverão ser quitadas ao final do processo.

140
O Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordiná-
rio nº 604.447/PR (Min. MARCO AURÉLIO, julgamento em
22/05/20, DJe 03/06/20) firmou a tese de repercussão geral
(Tema 679) de que “surge incompatível com a Constituição Fe-
deral exigência de depósito prévio como condição de admissi-
bilidade do recurso extraordinário, no que não recepcionada a
previsão constante do § 1º do artigo 899 da Consolidação das
Leis do Trabalho, sendo inconstitucional a contida na cabeça
do artigo 40 da Lei nº 8.177 e, por arrastamento, no inciso II da
Instrução Normativa nº 3/1993 do Tribunal Superior do Traba-
lho”. O entendimento é de que o recurso extraordinário é um
instituto processual voltado a preservar a autoridade da Consti-
tuição, de modo que a exigência do depósito para que pessoa
natural ou jurídica se dirija ao Supremo afronta o sistema de li-
berdades fundamentais.
No artigo 790-B da Consolidação das Leis do Traba-
lho está fixada a responsabilidade da parte sucumbente na pre-
tensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gra-
tuita, pelo pagamento dos honorários periciais. O juízo não po-
derá exigir adiantamento de valores para realização de perícias,
e somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não

141
tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa a
União responderá pelo encargo.
Como a indicação do assistente técnico do perito é fa-
culdade da parte (art. 826 da CLT), este deve responder pelos
respectivos honorários (art. 95 do CPC), ainda que vencedora
no objeto da perícia (súmula 341 do TST).
4. Audiências
A audiência é o ato processual no qual o Juiz ouve as
partes, seus procuradores, e demais participantes do processo,
tenta formalizar a solução consensual do dissídio por meio da
conciliação, são produzidas as provas orais, e quando possível
é realizado o julgamento.
A Consolidação das Leis do Trabalho disciplina de
forma geral a realização das audiências no processo do traba-
lho, dispondo no artigo 813 que as audiências são públicas, res-
salvados os casos de segredo de justiça (art. 5º, inc. LX, da
CRFB/88, e art. 770 da CLT), e devem ser realizadas na sede
da Vara do Trabalho ou do Tribunal, em dias úteis previamente
fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultra-
passar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria
urgente.

142
Portanto, a audiência como ato processual deve ser re-
alizada em dias úteis no horário de expediente da Justiça do
Trabalho, com a presença dos escrivães ou chefes de secretária
(art. 814 da CLT) a quem incumbe lavrar as atas de audiência
(art. 712, al. g, da CLT).
Em casos especiais, poderá ser designado outro local
para a realização das audiências, mediante edital afixado na
sede da Vara do Trabalho ou do Tribunal, com a antecedência
mínima de 24 (vinte e quatro) horas, e tratando-se de reclama-
ção trabalhista eletrônica, a audiência poderá ser realizada por
meio digital, na forma da lei 11.419/06.
Sempre que for necessário, poderão ser convocadas
audiências extraordinárias, observado o prazo de 24 (vinte e
quatro) horas, até porque é lícito às partes celebrar acordo que
ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o
juízo conciliatório (art. 764, § 3º, da CLT).
Conforme preceitua o artigo 815 da Consolidação das
Leis do Trabalho, no dia e hora designados previamente, o juiz
declarará aberta a audiência, sendo feita pelo chefe de secreta-
ria ou escrivão a chamada das partes e seus advogados, teste-
munhas e demais pessoas que devam comparecer. Deve se des-
tacar que a falta de atenção de qualquer das pessoas que devam

143
participar da audiência não justifica a alegação de nulidade do
ato. Apenas se foi descumprida a formalidade do referido artigo
815 com prejuízos aos participantes do processo é que o ato
deve ser atingido pela nulidade (art. 794 da CLT).
Na hipótese do o juiz não comparecer, em até 15
(quinze) minutos após o dia e hora marcada, as pessoas presen-
tes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de
registro das audiências, para que seja designada nova data para
a realização da audiência adiada (art. 362, inc. II c/c art. 363 do
CPC), intimando-se as partes e procuradores.
Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes,
independentemente do emprego anterior de outros métodos de
solução consensual de conflitos (art. 359 do CPC c/c art. 764, §
1º, e art. 852-E da CLT). Os dissídios individuais sujeitos ao
rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência úni-
ca, sob a direção do juiz titular ou substituto, que poderá ser
convocado para atuar simultaneamente (art. 852-C da CLT).
Cabe ao juiz manter a ordem nas audiências, podendo
mandar retirar do recinto aqueles que a perturbarem (art. 816
da CLT). Aplica-se ao processo do trabalho o disposto nos inci-
sos IV e V, do artigo 360 do Código de Processo Civil, de
modo que as partes, os advogados, os membros do Ministério

144
Público e da Defensoria Pública e qualquer pessoa que partici-
pe do processo devem ser tratados com respeito; e todos os re-
querimentos apresentados em audiência devem ser registrados
em ata com exatidão, para assegurar o direito de ampla defesa
(art. 5º, inc. LV, da CRFB/88).
O registro das audiências deve ser feito em livro pró-
prio ou por meio eletrônico (lei 11.419/06), constando de cada
registro os processos apreciados e a respectiva solução, bem
como as ocorrências (art. 852-F da CLT). Do registro das au-
diências poderão ser fornecidas certidões às pessoas que o re-
quererem (art. 712, al. h, da CLT), que fazem a mesma prova
que os originais (art. 425, inc. I, do CPC).
Nos processos de alçada, nos quais o valor da causa
não pode exceder 2 (dois) salários mínimos (art. 2º da lei
5.584/70 e súmula 71 do TST), o juiz poderá dispensar o resu-
mo dos depoimentos das partes e das testemunhas, devendo
constar da ata apenas a conclusão quanto à matéria de fato (art.
851, § 1º, da CLT).
A audiência poderá ser integralmente gravada em ima-
gem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que asse-
gure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores. A gra-
vação também pode ser realizada diretamente por qualquer das

145
partes, independentemente de autorização judicial (art. 367, §§
5º e 6º, do CPC).
5. Tutela provisória
Como disposto no inciso VI, do artigo 3º da Instrução
Normativa 39/2016 do Tribunal Superior do Trabalho, aplica-se
ao processo do trabalho as normas do Código de Processo Civil
relativas a tutela provisória (arts. 294 a 311).
De acordo com a súmula de jurisprudência 414 do Tri-
bunal Superior do Trabalho, a tutela provisória pode ser conce-
dida no início do processo ou na sentença, cabendo a impetra-
ção do mandado de segurança (art. 1º da lei 12.016/09), no
caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida
antes da sentença, em razão da inexistência de recurso próprio.
Por outro lado a tutela provisória concedida na senten-
ça não comporta impugnação pela via do mandado de seguran-
ça, por ser impugnável mediante recurso ordinário (art. 895 e
899 da CLT), no qual é admissível a obtenção de efeito suspen-
sivo mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por
aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, §
5º, do Código de Processo Civil. A superveniência da sentença,
nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segu-

146
rança que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela
provisória.
Na súmula 405 do Tribunal Superior do Trabalho está
consolidado o entendimento de que é cabível o pedido de tutela
provisória formulado na petição inicial de ação rescisória ou na
fase recursal, visando a suspender a execução da decisão res-
cindenda, na forma do artigo 969 do Código de Processo Civil.
Entende-se por provisório o provimento que não re-
veste caráter definitivo, tendo duração temporal limitada ao pe-
ríodo de seu deferimento e a superveniência do provimento
principal definitivo (art. 296 do CPC). A tutela provisória pode
ser cautelar com caráter instrumental e acessório da tutela defi-
nitiva, ou pode ser antecipatória do próprio mérito da tutela de-
finitiva (art. 294 do CPC).
Além da tutela cautelar destinada a assegurar o resul-
tado final do provimento definitivo, existe a tutela antecipada
do próprio mérito do processo principal. De modo que se pode
falar em medidas provisórias de natureza cautelar e medidas
provisórias de natureza antecipatória, estas de cunho satisfativo
e aquelas de cunho preventivo. Tanto a medida cautelar como a
medida antecipatória representam provimentos de cunho emer-
gencial adotadas em caráter provisório, distinguindo-se na sua

147
substância, enquanto a primeiro assegura a pretensão a segunda
a realiza de pronto.
Nos termos do artigo 300 do Código de Processo Civil
a tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo e para a concessão da
tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução
real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a
parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
Os requisitos gerais para o seu deferimento são a pro-
babilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo, que se entende pela provável existência de um
direito a ser tutelado e um provável perigo em face do dano ao
possível direito pedido. Os referidos requisitos são o fumus
boni iuris e o periculum in mora dos provimentos cautelares.
A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente
(art. 9º, parágrafo único, inciso I, do CPC) ou após justificação
prévia e a tutela de urgência de natureza antecipada não será
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efei-
tos da decisão. Por sua vez a tutela de urgência de natureza
cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrola-

148
mento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e
qualquer outra medida idônea para asseguração do direito (art.
301 do CPC).
Os artigos 303 e 304 do Código de Processo Civil tra-
tam do procedimento da tutela antecipada requerida em caráter
antecedente, dispondo que nos casos em que a urgência for
contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode li-
mitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do
pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que
se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado
útil do processo (art. 840 e 858 da CLT).
Deferida a tutela antecipada deve o reclamante aditar a
petição inicial no prazo de 15 dias, e caso seja indeferida o juiz
determinará que o reclamante emende a petição inicial no pra-
zo de 5 (cinco) dias sob pena de extinção do processo sem re-
solução do mérito.
O procedimento da tutela cautelar requerida em cará-
ter antecedente está regulado nos artigos 305 a 310 do Código
de Processo Civil, consignando que a petição inicial da ação
que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente
indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direi-
to que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao re-

149
sultado útil do processo (TST, RO 1000028-42.2018.5.02.0000,
KÁTIA MAGALHÃES ARRUDA, DEJT 25/03/2019), e no
caso do juiz entender que o pedido tem natureza de tutela ante-
cipada aplica-se o disposto no artigo 303 do Código de Proces-
so Civil.
Deste modo fica resolvida a questão da fungibilidade
da tutela de urgência antecipada e da tutela de urgência caute-
lar, podendo-se adequar o procedimento conforme a presença
dos requisitos exigidos para a tutela cautelar e para a tutela an-
tecipada, nos mesmos moldes do que previa o § 7º do artigo
273 do Código de Processo Civil de 73.
Efetivada a tutela cautelar o pedido principal terá de
ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias e será
apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de
tutela cautelar. Deste modo a cautelar não é mais uma ação au-
tônoma dependente da ação principal, mas sim uma tutela pre-
ventiva formulada antecipadamente ou incidentalmente dentro
do próprio processo principal. Entretanto, nada obsta que o pe-
dido principal e o de natureza cautelar sejam formulados con-
juntamente na petição inicial.
Nos termos do artigo 310 do Código de Processo Civil
o indeferimento da tutela cautelar não obsta que a parte formu-

150
le o pedido principal, nem influi no julgamento deste, salvo se
o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência
(art. 853 da CLT, súmula 403 do STF e súmula 62 do TST) ou
de prescrição (art. 7º, inc. XXIX, da CRFB/88 e art. 11 da
CLT), que são questões de mérito (art. 487, inc. II, do CPC).
Dispõe o artigo 311 do Código de Processo Civil que a
tutela de evidência será concedida, independentemente da de-
monstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de
defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as
alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documen-
talmente e houver tese firmada em julgamento de casos repeti-
tivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reiper-
secutório fundado em prova documental adequada do contrato
de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do
objeto custodiado, sob pena de aplicação de multa; IV - a peti-
ção inicial for instruída com prova documental suficiente dos
fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha
prova capaz de gerar dúvida razoável. Nas hipóteses dos inci-
sos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
O inciso I do artigo 311 do Código de Processo Civil
corresponde ao antigo inciso II do artigo 273 do Código de

151
Processo Civil de 73, que trata da tutela antecipada nos casos
de abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelató-
rio do réu; o inciso II se assemelha ao § 6º do artigo 273 do
Código de Processo Civil de 73, hipótese em que os pedidos se
mostrem incontroversos. Essa controvérsia refere-se ao objeto
do processo e pode se dar no plano do direito ou dos fatos; o
inciso IV se assemelha ao direito líquido e certo, que diz res-
peito à desnecessidade de dilação probatória para o deslinde
dos fatos em que se fundamenta o pedido, podendo ser de-
monstrado mediante prova pré-constituída documental.
O inciso III do artigo 311 do Código de Processo Civil
trata da ação reipersecutória cujo objetivo é possibilitar que o
empregador retome ao seu patrimônio o que lhe pertence, mas
que se encontra na esfera patrimonial do empregado como de-
positário (art. 627 e 628 do Código Civil), como as ferramentas
ou equipamentos (art. 158, parágrafo único, al. b, e 166 da
CLT) fornecidos para o desempenho da atividade laboral.
Percebe-se que a tutela de evidência não exige a de-
monstração do fumus boni iuris e do periculum in mora, mas
exige os requisitos de verossimilhança das alegações e da exis-
tência de prova inequívoca semelhante a tutela antecipada tra-
tada no artigo 273 do Código de Processo Civil de 73, além dos

152
pressupostos do abuso do direito de defesa e do propósito pro-
telatório do reclamado.
Nas hipóteses dos incisos II e III o juiz pode decidir li-
minarmente sem ouvir a parte contrária (art. 9º, inc. II, do
CPC), nos demais casos a tutela pode ser deferida antecipada-
mente após ser ouvida a parte contrária.
6. Provas
As provas asseguram a concretização do efetivo con-
traditório e da ampla defesa que estão garantidos em norma
constitucional (art. 5º, inc. LV) e no Código de Processo Civil
(art. 1º), na medida em que é pelas provas produzidas que as
partes demonstram ao Juiz a veracidade dos fatos alegados, e a
razão do direito pleiteado.
Para tanto, as partes têm o direito de empregar todos
os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que
não especificados, para provar a verdade dos fatos em que se
funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção
do juiz (art. 369 do CPC), sendo vedada a utilização das provas
obtidas por meios ilícitos (art. 5º, inc. LVI da CRFB/88), carac-
terizadas como as que foram obtidas mediante a violação de
norma do ordenamento jurídico, em desrespeito aos direitos

153
fundamentais, como a intimidade, a vida privada, a honra, o si-
gilo de comunicações, a integridade física, e outros.
Portanto, aplicam-se ao processo do trabalho as dispo-
sições do Código de Processo Civil no tocante as provas não
reguladas pela Consolidação das Leis do Trabalho, como a pro-
dução antecipada de prova (arts. 381 a 383), ata notarial (art.
384), a exibição de documento ou coisa (art. 396 a 404), a for-
ça probante dos documentos (art. 405 a 429), a arguição de fal-
sidade (art. 430 a 433), e a inspeção judicial (art. 481 a 484). E
no tocante as provas reguladas pela Consolidação, como o de-
poimento pessoal das partes, as testemunhas e a perícia, apli-
cam-se subsidiariamente as disposições do Código de Processo
Civil quando houver compatibilidade com as normas celetistas.
“O inciso III do art. 381 do CPC autoriza a produção
antecipada de prova, mesmo nas hipóteses em que não há ur-
gência na sua colheita, mas quando o prévio conhecimento dos
fatos possa justificar ou obstar o ajuizamento da ação principal.
Ou seja, a necessidade de a parte aferir a viabilidade de sua
pretensão já configura, per se, motivo apto a legitimar a ação
de produção antecipada de provas. Por sua vez, a Lei n.
13.467/2017 introduziu os arts. 790-B e 791-A à CLT, os quais
alteraram a sistemática anterior e impuseram ao trabalhador o

154
pagamento de honorários advocatícios e periciais de sucum-
bência, mesmo se beneficiário da justiça gratuita. Por esse mo-
tivo, têm sido frequentes, na Justiça do Trabalho, os pedidos de
produção antecipada de provas por empregados, com esteio no
art. 381, II e III, do CPC, como uma forma de eles avaliarem
antecipadamente a viabilidade da pretensão e de evitar o ajuiza-
mento de reclamações trabalhistas cujos pedidos poderão ser
rejeitados e assim gerarão despesas processuais. Salienta-se ser
o aludido dispositivo perfeitamente aplicável ao direito proces-
sual do trabalho, ante o que dispõe o art. 769 da CLT e reco-
menda o princípio da aptidão para a prova. Nesse viés, em ra-
zão do ônus atribuído ao trabalhador pelas despesas sucumben-
ciais, inegavelmente legítimo o seu interesse processual de pos-
tular em juízo, sem o ônus financeiro que sua vulnerabilidade
econômica poderia tornar insustentável, a produção antecipada
de provas. E tal se dá, sobretudo, quando o trabalhador não de-
tém consigo a prova que, estando virtualmente em poder do
empregador como prova pré-constituída ou referindo-se a algo
incerto que repute verossímil, revelar-se prova necessária para
que estime a futura viabilidade de sua pretensão ((TST-ED-
ARR-10610-81.2018.5.15.0057, 6ª Turma, rel. Min. AUGUS-

155
TO CÉSAR LEITE DE CARVALHO, julgado em 3/3/2021 –
Informativo nº 233 do TST).
Como “a rigor, na ação autônoma de produção anteci-
pada de provas não existe litiscontestatio, tampouco sucumbên-
cia em sentido estrito, razão pela qual é incabível o pagamento
dos honorários advocatícios previstos no art. 791-A, caput, da
CLT em tais hipóteses.” (TST-RR-923-63.2019.5.12.0046, 5ª
Turma, rel. Min. BRENO MEDEIROS, julgado em 7/4/2021 –
Informativo TST nº 235).
A inspeção judicial realizada pelo juiz no local do es-
tabelecimento da empregadora, na forma dos artigos 481 a 484
do Código de Processo Civil, pode ser bastante importante nos
dissídios em que se discute a observância das normas sobre se-
gurança do trabalho (art. 160 da CLT), sobre o enquadramento
em atividade insalubre ou perigosa (art. 195 da CLT), dentre
outros.
Ata notarial é o instrumento pelo qual o notário com-
petente (art. 7º, inc. III da lei no 8.935/94), com sua fé pública
torna autêntico um fato a requerimento de uma pessoa (art. 6º,
inc. III da Lei no 8.935/94), descrevendo-o em seus livros.
Pode ser utilizada no processo do trabalho como prova (art.
384 do CPC) da existência de um fato atestado pelo notário,

156
como por exemplo de um conteúdo publicado na rede mundial
de computadores pelo trabalhador ou pelo empregador, numa
rede social, na rede interna da empresa - intranet, num site pes-
soal, comercial ou particular, e outros, para demonstrar a ocor-
rência de dano extrapatrimonial (arts. 223-C e 223-D da CLT)
ou como causa para rescisão do contrato de trabalho (art. 482,
al. g e k, e 483, al. e, da CLT).
Cabe ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, de-
terminar as provas necessárias ao julgamento do processo, po-
dendo indeferir (súmula 74, III, do TST), em decisão funda-
mentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias (art.
765 da CLT, art. 77, inc. III e art. 139, incs. III, VI, VIII, do
CPC).
Existem fatos que não dependem de prova (art. 374 do
CPC), como os notórios, que são aqueles de conhecimento ge-
ral, os afirmados por uma parte e confessados pela parte con-
trária (súmula 74, I e II, do TST), os admitidos como incontro-
versos, e os em cujo favor milita presunção legal de existência
ou de veracidade.
Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constitu-
em privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das autarquias ou fundações de direito público,

157
federais, estaduais ou municipais a presunção relativa de vali-
dade dos instrumentos de rescisão do contrato de trabalho ou
dos recibos de quitação do § 2º do artigo 477 da Consolidação
das Leis do Trabalho (art. 1º, do DL 779/69).
6.1. Ônus da prova
O artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho
diz que o ônus da prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato
constitutivo de seu direito; e ao reclamado, quanto à existência
de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do re-
clamante. Ato constitutivo é o acontecimento que dá suporte ao
direito alegado, fato impeditivo é o que cria um óbice ao res-
pectivo exercício do direito. Fato modificativo é aquele que
transforma o direito originário num outro, só possível de ser
exercitado por outro modo ou contra outra pessoa. Fato extinti-
vo é o que impossibilita o exercício do direito de forma defini-
tiva.
O artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho
teve sua redação original alterada pela lei 13.647/17, aproxi-
mando-se do disposto no artigo 373, incisos I e II, e §§ 1º e 2º
do Código de Processo Civil.
Portanto, a regra é de que incumbe as partes provar os
fatos alegados, visto que o sujeito que pede algo ao Poder Judi-

158
ciário deve expor as suas razões com a prova dos fatos que em-
basam o seu pedido (art. 840, § 1º, 847 e 858 da CLT), ressal-
vada a possibilidade de nos casos previstos em lei ou diante de
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à ex-
cessiva dificuldade de produzir a prova dos fatos alegados, ou à
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá
o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o
faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte
a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
A distribuição diversa do ônus da prova deve ter
como fim equilibrar a situação das partes no processo, sem
causar prejuízo ao direito de ampla defesa e ao contraditório.
Portanto, não se justifica a alteração na regra do ônus da prova
quando o encargo se torne impossível ou excessivamente difícil
e oneroso para a parte, hipótese em que a norma jurídica não
cumprirá o seu objetivo, que é a adequação do ônus da prova
em proveito das partes e do processo.
A decisão sobre a distribuição do ônus da prova deve-
rá ser proferida antes da abertura da instrução (art. 848 da CLT)
e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência
e possibilitará a parte a qual não incumbia o ônus da prova a

159
oportunidade para produzir a prova dos fatos por qualquer
meio em direito admitido.
Como se trata de decisão interlocutória cabe a impe-
tração do mandado de segurança (art. 1º da lei 12.016/09), em
razão da inexistência de recurso próprio, ou sua impugnação no
momento da interposição do recurso da decisão definitiva.
Nos dissídios individuais submetidos ao procedimento
sumaríssimo o juiz deve conduzir o processo com liberdade
para determinar as provas a serem produzidas, considerado o
ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as
que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem
como para apreciá-las e dar especial valor às regras de expe-
riência comum ou técnica (art. 852-D da CLT), admitindo-se a
distribuição diversa do ônus da prova, na forma do artigo 818
da Consolidação das Leis do Trabalho.
A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho
possui entendimentos consolidados sobre o ônus da prova,
como o de que é do empregador o ônus da prova do fato impe-
ditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial do ar-
tigo 461 da CLT (súmula 6, VI e VIII); de que o ônus de provar
o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação
de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio

160
da continuidade da relação de emprego constitui presunção fa-
vorável ao empregado (súmula 212); de que é ônus do empre-
gador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro
da jornada de trabalho (art. 74, § 2º, da CLT), de modo que a
não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera
presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual
pode ser elidida por prova em contrário (súmula 338); de que é
do empregador o ônus de comprovar que o empregado não sa-
tisfaz os requisitos indispensáveis para a concessão do vale-
transporte (art. 1º da lei 7.418/85) ou não pretenda fazer uso do
benefício (súmula 460); de que é do empregador o ônus da pro-
va em relação à regularidade dos depósitos do FGTS, pois o
pagamento é fato extintivo do direito do autor (súmula 461).
6.2. Declaração de autenticidade pelo advogado
A cópia de documento oferecido para prova poderá ser
declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabi-
lidade pessoal (art. 830 da CLT), e impugnada a autenticidade
da cópia, a parte que a produziu será intimada para apresentar
cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao ser-
ventuário competente proceder à conferência e certificar a con-
formidade entre esses documentos (art. 424 e 425, inc. III, do
CPC).

161
A inovação introduzida no processo do trabalho pela
lei 11.925/09, teve como objetivo reduzir a burocracia e conse-
quentemente os custos das partes nos dissídios trabalhistas, de
modo que a cópia dos documentos apresentados pelo advogado
e com sua declaração de autenticidade na petição de juntada faz
a mesma prova que os originais, salvo se a parte contrária im-
pugnar a autenticidade do documento (art. 429, inc. II, do
CPC), hipótese em que o advogado deverá apresentar os origi-
nais ou cópias autenticadas por tabelião de notas (art. 425, inc.
II, do CPC).
Caso o procurador declare a autenticidade de forma
falsa, poderá ser responsabilizado pessoalmente, de modo que
o reclamante, o reclamado e o interveniente ficam isentos das
eventuais sanções criminais, civis e processuais decorrentes da
falsa declaração de autenticidade documental.
6.3. Depoimentos das partes e testemunhas
O artigo 819 da Consolidação das Leis do Trabalho
diz que o depoimento das partes e testemunhas que não soube-
rem falar a língua nacional será feito por meio de intérprete no-
meado pelo juiz, e quando se tratar de surdo-mudo, ou de mudo
que não saiba escrever (art. 162, inc. II e III, do CPC). Isto por-
que, em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso

162
da língua portuguesa (art. 192 do CPC), de modo que as provas
orais também devem ser produzidas no idioma nacional. As
despesas com o intérprete correrão por conta da parte sucum-
bente, salvo se beneficiária de justiça gratuita (art. 790, §§ 3º e
4º, da CLT).
São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício
de suas competências efetuar a comunicação entre surdos e ou-
vintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos-cegos e
ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa,
prestando seus serviços em depoimentos em juízo (art. 6º, incs.
I e V, da lei 12.319/2010).
As partes e as testemunhas serão inquiridas pelo juiz
na audiência de instrução e julgamento (art. 845 da CLT) reali-
zada na sede da Vara do Trabalho (art. 813 da CLT), exceto as
pessoas arroladas no artigo 454 do Código de Processo Civil,
as que prestam depoimento antecipadamente (art. 381 do CPC)
e as que são inquiridas por carta (art. 236 e 377 do CPC). Não
se admite no processo do trabalho a inquirição das testemunhas
diretamente pela parte, na forma do caput do artigo 459 do
Código de Processo Civil (art. 11 da IN. 39/16 do TST).
O depoimento pessoal dos litigantes pode ser realizado
de ofício pelo Juiz ou a requerimento, na forma do artigo 848

163
da Consolidação das Leis do Trabalho, aplicando-se a pena de
confesso, aquele que não comparecer ou, comparecendo, se re-
cusar a depor (súmula 74, I, do TST). Entretanto, a confissão
será ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor do direi-
to a que se referem os fatos confessados, e a confissão feita por
um representante somente é eficaz nos limites em que este
pode vincular o representado (art. 392 do CPC).
A prova testemunhal é sempre admissível, não dispon-
do a lei de modo diverso, cabendo ao juiz indeferir a inquirição
de testemunhas sobre fatos já provados por documento ou con-
fissão da parte ou que só por documento ou por exame pericial
puderem ser provados (arts. 442 e 443 do CPC). A Consolida-
ção das Leis do Trabalho dá um especial enfoque na prova tes-
temunhal, dispondo sobre ela de forma minudente, visto que
em muitas situações é difícil para o trabalhador a produção da
prova documental contra o empregador. Entretanto, cabe ao
Juiz do Trabalho formar o livre convencimento motivado de
acordo com as provas produzidas nos autos, independentemen-
te do sujeito que a produziu (art. 852-D da CLT e art. 371 do
CPC).
A oitiva de testemunha que residir em comarca diversa
daquela onde tramita o processo poderá ser realizada por meio

164
de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmis-
são e recepção de sons e imagens em tempo real, o que poderá
ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e julgamen-
to. Para tanto, as Varas do Trabalho deverão manter equipa-
mento para a transmissão e recepção de sons e imagens.
As testemunhas podem ser reinquiridas a requerimen-
to das partes, de seus representantes ou advogados, inclusive
para acareação, na forma do artigo 461, inciso II, do Código de
Processo Civil.
Toda testemunha, antes de prestar o compromisso le-
gal (art. 458 do CPC), será qualificada (art. 828 da CLT), indi-
cando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e,
quando empregada, o tempo de serviço prestado ao emprega-
dor, ficando sujeita, em caso de falsidade, às leis penais (art.
342 do Código Penal). A testemunha que for parente até o ter-
ceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das par-
tes, não prestará compromisso, e seu depoimento valerá como
simples informação (art. 829 da CLT).
É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe
a incapacidade, o impedimento ou a suspeição (art. 447 do
CPC), bem como, caso a testemunha negue os fatos que lhe são
imputados, provar a contradita com documentos ou com teste-

165
munhas, até 3 (três), apresentadas no ato e inquiridas em sepa-
rado. Sendo provados ou confessados os fatos impeditivos, o
juiz dispensará a testemunha ou lhe tomará o depoimento como
informante.
Nos termos da súmula 357 do Tribunal Superior do
Trabalho “não torna suspeita a testemunha o simples fato de es-
tar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador”.
A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de
depor, alegando os motivos previstos no artigo 448 do Código
de Processo Civil, decidindo o juiz de plano após ouvidas as
partes.
Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por
ocasião da audiência, pelo chefe de secretaria ou funcionário
para esse fim designado, devendo ser documentado, inclusive
por meio digital, e assinado pelo Juiz, pelos depoentes e procu-
radores (art. 460 do CPC).
O juiz providenciará para que o depoimento de uma
testemunha não seja ouvido pelas demais que tenham de depor
no processo (art. 824 da CLT). A incomunicabilidade das teste-
munhas visa impedir que uma testemunha influencie, por suas
declarações, àquela que está presenciando a inquirição, vindo a
favorecer ou a prejudicar alguma das partes. O desrespeito a re-

166
gra da incomunicabilidade pode causar a nulidade do depoi-
mento quando verificado prejuízo a instrução (art. 794 da
CLT).
O juiz primeiro ouvirá as do autor para após ouvir as
do réu, de forma separada e sucessiva sem que uma ouça o de-
poimento da outra (art. 456 do CPC). A regra guarda coerência
com ordem dos fatos alegados, posto que primeiro o reclaman-
te formula o seu pedido amparado nos fatos descritos na sua
petição inicial, e o reclamado depois de chamado pela notifica-
ção apresenta a sua defesa descrevendo os fatos que a embasa.
O depoimento prestado em juízo é considerado serviço
público, de modo que a testemunha, quando sujeita ao regime
da legislação trabalhista, não sofre, por comparecer à audiên-
cia, perda de salário nem desconto no tempo de serviço (art.
822 da CLT e art. 463 do CPC).
Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3
(três) testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito para
apuração de falta grave (art. 853 a 855 da CLT), caso em que
esse número poderá ser elevado a 6 (seis), que deverão compa-
recer a audiência independentemente de notificação ou intima-
ção, na forma do artigo 845 da Consolidação das Leis do Tra-
balho, e as que não comparecerem serão intimadas judicial-

167
mente (art. 272, 273, 274 e 275 do CPC/2015), ex officio ou a
requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva,
além das penalidades do artigo 730 da CLT (arts. 820 e 825 da
CLT).
A intimação será feita pelos auxiliares da justiça quan-
do a sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte
ao juiz, quando figurar no rol de testemunhas servidor público
ou militar, hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da re-
partição ou ao comando do corpo em que servir (art. 823 da
CLT), quando a testemunha houver sido arrolada pelo Ministé-
rio Público ou pela Defensoria Pública (art. 455, § 4º, inc. IV,
do CPC).
No procedimento sumaríssimo cada parte pode indicar
até 2 (duas) testemunhas, que devem comparecer à audiência
de instrução e julgamento independentemente de intimação, so-
mente sendo deferida a intimação de testemunha que, compro-
vadamente convidada, deixar de comparecer, e quando não
comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar
sua imediata condução coercitiva (art. 852-H, §§ 2º e 3º, da
CLT).

168
6.4. Perícia
A perícia é cabível quando a prova do fato depender
de conhecimento especial técnico, quando for necessária em
vista de outras provas produzidas, e quando a verificação técni-
ca for possível. Portanto, o juiz poderá indeferir a perícia quan-
do o fato puder ser provado sem a intervenção de técnico espe-
cializado, quando houver nos autos outras provas suficientes
para provar o fato, e quando não for possível realizar o exame,
a vistoria ou a avaliação. O indeferimento motivado não viola o
direito a ampla defesa.
Nos dissídios individuais submetidos ao procedimento
sumaríssimo somente quando a prova do fato o exigir, ou for
legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo
ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear
o perito (art. 852-H, § 4º, da CLT).
O juiz pode também, de ofício ou a requerimento das
partes, substituir a perícia pela produção de prova técnica sim-
plificada (art. 464, §§ 2º e 3º, do CPC), quando o ponto contro-
vertido for de menor complexidade, que consiste apenas na in-
quirição de especialista na audiência (art. 848 da CLT) sobre
ponto controvertido da causa que demande especial conheci-
mento científico ou técnico. Por se tratar de procedimento mais

169
célere de produção da prova técnica aplica-se ao processo do
trabalho quando a prova do fato não demandar exame mais
complexo.
A prova pericial pode ser dispensada pelo juiz quando
as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as
questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidati-
vos que considerar suficientes (art. 472 do CPC). Neste caso,
não há requerimento de perícia pelas partes, que optam por
produzir a prova técnica por documento juntado à petição inici-
al da reclamação ou na apresentação da defesa. Somente se o
juiz entender que precisa de auxílio do perito é que a prova pe-
ricial é realizada por determinação de ofício.
O artigo 826 da Consolidação das Leis do Trabalho
deve ser lido em conjunto com o artigo 3º da lei 5.584/70, de
modo que os exames periciais são realizados por perito único
designado pelo juiz, dentre profissionais especializados em de-
terminada área de conhecimento (art. 156 e 478 do CPC e 195
da CLT) para elucidação de dados técnicos relativos aos fatos a
serem provados, que fixará de imediato o prazo para entrega do
laudo, admitindo-se a sua prorrogação quando houver motivo
justificado (art. 476 do CPC), permitindo-se a cada parte a indi-
cação de um assistente técnico, cujo laudo terá que ser apresen-

170
tado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser
desentranhado dos autos.
Portanto, a parte deve requerer a produção da prova
pericial, demonstrando a necessidade de sua realização, e o juiz
deferindo a perícia nomeia o perito (art. 465 do CPC), cabendo
as partes a indicação de assistente técnico que poderá acompa-
nhar os trabalhos periciais. O perito pode ser substituído, de
ofício ou a requerimento, nas hipóteses do artigo 468 do Códi-
go de Processo Civil.
Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de
uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear
mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente téc-
nico (art. 475 do CPC).
Os honorários periciais são fixados na sentença e a
responsabilidade pelo pagamento é da parte sucumbente, ainda
que beneficiária de gratuidade de justiça, na forma do artigo
790-B da Consolidação das Leis do Trabalho.
Arguida em juízo a insalubridade ou periculosidade,
seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de
associado, o juiz designará perito habilitado na forma do artigo
195 da Consolidação das Leis do Trabalho, e, onde não houver,
requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Tra-

171
balho. Como assentado na súmula 453 do Tribunal Superior do
Trabalho o pagamento de adicional de periculosidade efetuado
por mera liberalidade da empresa, ainda que de forma proporci-
onal ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior
ao máximo legalmente previsto, dispensa a realização da prova
técnica exigida pelo artigo 195 da CLT, pois torna incontrover-
sa a existência do trabalho em condições perigosas.
A verificação mediante perícia de prestação de servi-
ços em condições nocivas, considerado agente insalubre diver-
so do apontado na inicial (art. 189 e 190 da CLT), não prejudi-
ca o pedido de adicional de insalubridade (súmula 293 do
TST), visto que a interpretação do pedido considerará o con-
junto da postulação e observará o princípio da boa-fé (art. 322,
§ 2º, do CPC).
O laudo pericial, que deve preencher os requisitos do
artigo 473 do Código de Processo Civil, deve ser rubricado
pelo juiz para ser juntado ao processo após a apresentação em
juízo pelo perito dentro do prazo fixado no ato de nomeação
(art. 827 da CLT), intimando-se as partes para se manifestar na
forma do artigo 477 do Código de Processo Civil. Havendo ne-
cessidade de esclarecimentos em audiência o juiz ouve o perito

172
e os assistentes técnicos das partes, após o depoimento das tes-
temunhas (art. 848, § 2º, da CLT).
Quando a primeira perícia não esclarecer de forma su-
ficiente a matéria objeto da perícia, o juiz poderá, de ofício ou
a requerimento, determinar a realização de segunda perícia (art.
480 do CPC), em razão da existência de contradição nas res-
postas aos quesitos que dificulte a compreensão das questões
técnicas, quando a prova não ficar suficientemente esclarecida
e quando o laudo não for suficientemente conclusivo, não se
justificando o pedido de segunda perícia somente porque a pri-
meira foi desfavorável a alguma das partes.
Cabe ao juiz cotejar o laudo produzido pelo perito em
confronto com os pareceres dos assistentes técnicos das partes,
com os esclarecimentos prestados na audiência, e com os docu-
mentos juntados aos autos, utilizando-se das suas impressões
sobre as diligências realizadas para aceitar ou rejeitar, no todo
ou em parte, a prova pericial produzida. O que significa que o
juiz pode formar a sua convicção com outros elementos ou fa-
tos provados nos autos, desde que o faça de forma fundamenta-
da (art. 852-D da CLT, art. 371 c/c art. 479 do CPC).

173
7. Decisão e sua eficácia
Como diz o artigo 831 da Consolidação das Leis do
Trabalho a decisão final deve ser proferida depois de rejeitada
pelas partes a proposta de conciliação, quando não houver pro-
vas orais a produzir e o processo estiver pronto para julgamen-
to (art. 844 e 850 da CLT c/c art. 355 e art. 366 do CPC). Isto
ocorre para que o julgamento do dissídio ocorra de forma mais
célere possível, sem prejuízo ao devido processo legal.
Embora o artigo 5º da Instrução Normativa 39/16 do
Tribunal Superior do Trabalho diga que é aplicável ao processo
do trabalho as normas do artigo 356, §§ 1º a 4º, do Código de
Processo Civil, que regem o julgamento antecipado parcial do
mérito, cabendo recurso ordinário de imediato da sentença, en-
tendemos que o referido julgamento parcial não se compatibili-
za com o processo do trabalho, tendo em conta a irrecorribili-
dade das decisões interlocutórias de mérito (art. 893, § 1º da
CLT) e pela concentração dos atos processuais na audiência de
instrução e julgamento (art. 850, 851 e 852-G da CLT), motivo
pelo qual o juiz deve aguardar para julgar o pedido num único
pronunciamento, ainda que parte dele mostre-se incontroverso.
A Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais
ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência,

174
por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais
de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de
acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sem-
pre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular
prevaleça sobre o interesse público (art. 8º e 852-I, § 1º, da
CLT). Isto porque, o juiz não se exime do dever de decidir sob
a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico,
somente podendo decidir por equidade nos casos previstos em
lei (art. 140 do CPC).
Da decisão deverão constar o nome das partes, o resu-
mo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os funda-
mentos da decisão, e a respectiva conclusão, mencionando as
custas e honorários (súmulas 25, 219 e 329 do TST e arts. 4º e
6º da IN 41/18 do TST) que devam ser pagos pela parte venci-
da (art. 832 da CLT). Portanto, são elementos essenciais da
sentença o relatório, que deve conter os nomes das partes, a
identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação,
e o registro das principais ocorrências havidas no andamento
do processo; os fundamentos, em que o juiz analisará as ques-
tões de fato e de direito com a valoração das provas produzi-
das; e o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões princi-
pais que as partes lhe submeterem.

175
A sentença proferida nos dissídios individuais subme-
tidos ao procedimento sumaríssimo mencionará os elementos
de convicção do juiz, com resumo dos fatos relevantes ocorri-
dos em audiência, dispensado o relatório (art. 852-I, caput, da
CLT).
Nos termos do artigo 15 da Instrução Normativa 39/16
do Tribunal Superior do Trabalho, o atendimento da exigência
legal de fundamentação das decisões judiciais, na forma do §
1º, do artigo 489, do Código de Processo Civil, no Processo do
Trabalho observará o seguinte:
I – por força dos arts. 332 e 927 do Código de Proces-
so Civil, adaptados ao Processo do Trabalho, para efeito dos in-
cisos V e VI do § 1º do artigo 489 considera-se “precedente”
apenas: a) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou
pelo Tribunal Superior do Trabalho em julgamento de recursos
repetitivos (art. 896-B da CLT; art. 1046, § 4º, do CPC); b) en-
tendimento firmado em incidente de resolução de demandas re-
petitivas ou de assunção de competência; c) decisão do Supre-
mo Tribunal Federal em controle concentrado de constituciona-
lidade; d) tese jurídica prevalecente em Tribunal Regional do
Trabalho e não conflitante com súmula ou orientação jurispru-
dencial do Tribunal Superior do Trabalho (art. 896, § 6º, da

176
CLT); e) decisão do plenário, do órgão especial ou de seção es-
pecializada competente para uniformizar a jurisprudência do
tribunal a que o juiz estiver vinculado ou do Tribunal Superior
do Trabalho.
O artigo 927 do Código de Processo Civil é explícito
sobre a necessidade de observância pelos juízes das decisões
dos tribunais que possuem efeito vinculante, no intuito de ga-
rantir a certeza e a segurança na aplicação do direito, não sendo
exigível identidade absoluta entre casos para a aplicação de um
precedente, seja ele vinculante ou não, bastando que ambos
possam compartilhar os mesmos fundamentos determinantes.
II – considera-se unicamente os precedentes referidos
no item I, súmulas do Supremo Tribunal Federal, orientação ju-
risprudencial e súmula do Tribunal Superior do Trabalho, sú-
mula de Tribunal Regional do Trabalho não conflitante com sú-
mula ou orientação jurisprudencial do TST, que contenham ex-
plícita referência aos fundamentos determinantes da decisão,
ou da razão de decidir.
III - não ofende o artigo 489, § 1º, inciso IV do Códi-
go de Processo Civil a decisão que deixar de apreciar questões
cujo exame haja ficado prejudicado em razão da análise anteri-
or de questão subordinante.

177
IV - o juiz ou o Tribunal não fica obrigado a enfrentar
os fundamentos jurídicos invocados pela parte, quando já te-
nham sido examinados na formação dos precedentes obrigató-
rios ou nos fundamentos determinantes de enunciado de súmu-
la.
V – a decisão que aplica a tese jurídica firmada em
precedente, nos termos do item I, não precisa enfrentar os fun-
damentos já analisados na decisão paradigma, sendo suficiente
a correlação fática e jurídica entre o caso concreto e aquele
apreciado no incidente de solução concentrada.
VI - é ônus da parte, para os fins do disposto no artigo
489, § 1º, V e VI, do Código de Processo Civil, identificar os
fundamentos determinantes ou demonstrar a existência de dis-
tinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento,
sempre que invocar precedente ou enunciado de súmula. O pre-
cedente não afeta a tarefa do juiz de interpretar e aplicar a nor-
ma jurídica aos fatos aduzidos na demanda, sendo nula por au-
sência de fundamentação a decisão que não explicar a razão
pela qual o entendimento jurisprudencial persuasivo se aplica
ou não ao litígio a ser julgado. Inclusive é permitido ao julga-
dor afastar a aplicação do procedente ou enunciado de súmula
quando não se ajusta ao caso concreto (distinção ou distin-

178
guishing), ou quando demonstrar que a jurisprudência que os
embasaram está superada, não condizendo mais com a justiça
do momento (superação ou overrruling).
A ausência de fundamentação suficiente é causa de
nulidade da decisão (art. 93, inc. IX da CRFB/88), por evidente
prejuízo ao direito de ampla defesa das partes, podendo ser ar-
guida em recurso ordinário (art. 895 da CLT c/c art. 1.013, § 3º,
inc. IV, do CPC).
O juiz julga o mérito do dissídio trabalhista acolhendo
ou rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos formulados pe-
las partes (art. 490 do CPC), nos limites em que foram propos-
tos, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a
cujo respeito a lei exige iniciativa de ação, ou seja, que não
possam ser conhecidas de ofício (art. 141 c/c art. 492 do CPC).
A correlação da decisão ao pedido é medida de garantia do de-
vido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, não
significando que o juiz está vinculado aos argumentos jurídicos
alegados pelas partes, mas sim ao pedido.
“Ao formular pedidos com valores líquidos na petição
inicial, sem registrar qualquer ressalva, o autor limita a conde-
nação a esses parâmetros, a teor do disposto no art. 492 do
CPC de 2015” (TST-E-ARR: 10472-61.2015.5.18.0211, SBDI-

179
I, rel. Min. WALMIR OLIVEIRA DA COSTA, 21/5/2020 – In-
formativo TST nº 219).
As decisões definitivas podem ser terminativas do dis-
sídio, nas hipóteses do artigo 485 do Código de Processo Civil,
ou de mérito, nas hipóteses do artigo 487 do Código de Proces-
so Civil, sendo que apenas estas últimas ficam cobertas pela
coisa julgada (art. 502 do CPC e art. 836 da CLT), não se admi-
tindo novamente a discussão das questões já decididas.
A extinção do dissídio sem resolução do mérito não
obsta que o reclamante proponha novamente a ação corrigindo
os defeitos que acarretaram o término do processo, exceto se
der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono
da causa, hipótese em que não poderá propor nova reclamação
contra o reclamado com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalva-
da, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito
(art. 486 do CPC).
As decisões que julgam o mérito das reclamações ou
as homologatórias de autocomposição deverão sempre indicar
a natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou
do acordo homologado, o prazo e as condições para o seu cum-
primento, e o limite de responsabilidade de cada parte pelo re-
colhimento da contribuição social, se for o caso. No tocante às

180
contribuições sociais não é preciso pedido expresso da parte,
tendo em conta que se trata de obrigação tributária decorrente
de lei.
O acordo celebrado após o trânsito em julgado da sen-
tença ou após a elaboração dos cálculos de liquidação de sen-
tença (art. 879 da CLT) não poderá prejudicar os créditos da
União Federal no tocante as contribuições sociais.
Portanto, a sentença condenatória de pagamento em
dinheiro deve fixar a extensão da obrigação, o índice de corre-
ção monetária (art. 1º da lei 6.889/91), a taxa de juros, o termo
inicial de ambos e a periodicidade da capitalização de juros,
mesmo nos casos em que o pedido seja genérico (art. 840, § 1º
e art. 852-B da CLT c/c art. 324, § 1º, do CPC). O Pleno do
TST, no julgamento do processo ArgInc-479-
60.2011.5.04.0231, DEJT 14/8/2015, declarou a inconstitucio-
nalidade do artigo 39 da lei 8.177/1991 e, em consequência,
determinou a adoção do Índice de Preços ao Consumidor Am-
plo Especial IPCA-E para atualização dos créditos trabalhistas,
em substituição à TRD (TST-RR-7-17.2016.5.04.0641, 2ª Tur-
ma, Min. DELAÍDE MIRANDA ARANTES, DEJT
25/05/2018).

181
A decisão que condenar o reclamado ao pagamento de
prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conver-
são de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em pres-
tação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca
judiciária, na forma do artigo 495 do Código de Processo Civil,
sem prejuízo da inclusão do devedor no Banco Nacional de De-
vedores Trabalhistas (art. 642-A da CLT). Portanto, a hipoteca
judiciária poderá ser constituída mediante apresentação de có-
pia da sentença no cartório de registro imobiliário para registro
(art. 167, inc. I, 2, da lei 6.015/73), independentemente de or-
dem judicial, de declaração expressa do juiz ou de demonstra-
ção de urgência, atingindo os bens do devedor arrolados no ar-
tigo 1.473 do Código Civil.
Está sujeita ao duplo grau de jurisdição (art. 496 do
CPC), não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo
tribunal, a sentença proferida nas reclamações propostas contra
a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações de direito público, exceto
nas hipóteses dos §§ 3º e 4º do artigo 496 do Código de Proces-
so Civil (súmula 303 do TST). A remessa necessária não é re-
curso, mas condição de eficácia da sentença, como dispõe a Sú-
mula no 423 do Supremo Tribunal Federal que diz que não

182
transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex
officio, que se considera interposto ex lege. É instituto que visa
a proteger o interesse público, e devolve ao tribunal o reexame
de todas as matérias alegadas e discutidas no primeiro grau de
jurisdição.
No caso de conciliação (art. 831, parágrafo único, art.
846, § 1º e art. 863 da CLT), esta será reduzida a termo e ho-
mologada por sentença em regra irrecorrível por ausência de
interesse recursal das partes, salvo para a União Federal que
poderá recorrer como terceiro interessado quanto às contribui-
ções sociais que lhe forem devidas em razão do acordo celebra-
do. O termo de conciliação pode ser desconstituído por ação
rescisória (súmula 100, V, e 259 do TST). O cumprimento do
acordo ou da decisão far-se-á no prazo e condições estabeleci-
das (art. 835, art. 872 e art. 877 da CLT).
A autocomposição pode ser obtida na audiência e a
sentença pode ser proferida também na audiência após a mani-
festação das partes, quando o juiz tiver os elementos necessá-
rios para decidir (art. 850, 852-I, § 3º, e art. 864 da CLT), con-
siderando-se realizadas a publicação das decisões e sua notifi-
cação/intimação aos litigantes, ou a seus patronos, nas próprias
audiências em que forem as mesmas proferidas (art. 834, art.

183
852 da CLT), ressalvadas as hipóteses expressas de
notificação/intimação por outra forma, como no caso de reve-
lia, em que a notificação é feita pela forma estabelecida no § 1º
do artigo 841 da Consolidação das Leis do Trabalho, e a notifi-
cação nos dissídios coletivos prevista no artigo 867.
Para tanto, a decisão deve ser reduzida a termo em ata
de audiência que conterá a assinatura do juiz, das partes ou
seus procuradores, do Ministério Público do Trabalho, e do
chefe de secretaria ou escrivão responsável pela documentação
do ato (art. 817, art. 851, da CLT). Tratando-se de reclamação
eletrônica o registro da audiência será feito de forma digital na
forma da lei 11.419/06 (art. 11).
Existindo na decisão, evidentes erros ou enganos de
escrita, de datilografia ou de cálculo, poderão os mesmos, antes
da execução, ser corrigidos, de ofício pelo juiz, ou a requeri-
mento dos interessados ou do Ministério Público do Trabalho
(art. 833 da CLT). Nestes casos, o juiz pode alterar a sentença
já publicada, e não há necessidade de interposição de embargos
de declaração, basta a indicação do erro mediante petição sim-
ples (art. 897-A, § 1º, da CLT).

184
7.1. Coisa julgada e ação rescisória
A decisão de mérito em que não caiba mais recurso ou
que o prazo do recurso transcorreu sem a sua interposição,
transitará em julgado produzindo os efeitos da imutabilidade e
da indiscutibilidade dentro e fora do processo (art. 5º, inc.
XXXVI, da CRFB/88). Nas hipóteses das sentenças sujeitas ao
duplo grau obrigatório (art. 496 do CPC) estas não transitam
em julgado enquanto não forem confirmadas pelo tribunal, nos
termos da súmula no 423 do Supremo Tribunal Federal.
Não fazem coisa julgada os motivos, ainda que impor-
tantes para determinar o alcance da parte dispositiva da senten-
ça, e a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da
sentença, posto que a coisa julgada se limita a questão principal
decidida (art. 503 c/c art. 504 do CPC).
A jusrisprudência dos Tribunais do Trabalho é no sen-
tido de que não viola a coisa julgada o ajuizamento de reclama-
ção trabalhista posterior a ação de consignação em pagamento
proposta pelo empregador, tendo em conta que uma ação so-
mente é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mes-
ma causa de pedir e o mesmo pedido, a teor da regra processual
comum (art. 337, §§ 1º e 2º do CPC). Esta identidade não ocor-
re entre a ação de consignação em pagamento ajuizada pelo

185
empregador e a reclamação trabalhista do empregado. A ação
de consignação tem como finalidade a solução sobre o paga-
mento em juízo de verba que o devedor entende devida ao cre-
dor. Trata-se de procedimento específico que visa liberar o de-
vedor da obrigação de pagar direitos trabalhistas quando há re-
cusa no recebimento ou nos casos especificados no artigo 539
do Código de Processo Civil, bem como purgar a mora. Não há
espaço para a discussão de questões de fundo ligadas à relação
de emprego. A procedência da ação libera o consignante daque-
le pagamento, mas não impede que se analise, em novo proces-
so, causa de pedir e pedidos diversos, relacionados ao pacto la-
boral (TRT-20 00003336220165200016, Relator: RITA DE
CASSIA PINHEIRO DE OLIVEIRA, Data de Publicação:
05/08/2016).
Portanto, proferida a sentença não poderá o juiz deci-
dir novamente as questões decididas (art. 836 da CLT c/c art.
505 do CPC), excetuados os casos expressamente previstos,
como a revisão das decisões proferidas em dissídio coletivo
que fixarem condições de trabalho, quando se tiverem modifi-
cado as circunstâncias que as ditaram, de modo que tais condi-
ções se hajam tornado injustas ou inaplicáveis (art. 873 da CLT
c/c art. 505, inc. I, do CPC), e mediante ação rescisória na for-

186
ma dos artigos 966 a 975 do Código de Processo Civil, sujeita
ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa
(IN 31/2007 do TST), salvo quanto à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias
e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defen-
soria Pública e aos que tenham obtido o benefício de gratuida-
de da justiça, que não estão obrigados ao depósito prévio (art.
968, § 1º, do CPC).
O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos con-
tados do trânsito em julgado da última decisão proferida no
processo, e nas hipóteses de simulação ou de colusão das par-
tes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para
o Ministério Público do Trabalho, que não interveio no proces-
so, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da
colusão (art. 975 do CPC e súmula 100 do TST).
O Sindicato, substituto processual e autor da reclama-
ção trabalhista, em cujos autos fora proferida a decisão rescin-
denda, possui legitimidade para figurar como réu na ação resci-
sória, sendo descabida a exigência de citação de todos os em-
pregados substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio pas-
sivo necessário (súmula 406, II, do TST).

187
Se não houver o conhecimento de recurso de revista
ou de embargos, a competência para julgar ação que vise a res-
cindir a decisão de mérito é do Tribunal Regional do Trabalho
(súmula 192 do TST). O autor da ação rescisória deve consti-
tuir advogado para ingressar com a ação na Justiça do Trabalho
(súmula 425 do TST), de modo que é cabível a condenação em
honorários de sucumbência (súmula 219, II, do TST).
É indispensável ao processamento da ação rescisória a
prova do trânsito em julgado da decisão rescindenda, de modo
que verificando o relator que a parte interessada não juntou à
inicial o documento comprobatório, abrirá prazo de 15 (quinze)
dias para que o faça (art. 321 do CPC), sob pena de indeferi-
mento. A comprovação do trânsito em julgado da decisão res-
cindenda é pressuposto processual indispensável ao tempo do
ajuizamento da ação rescisória. Eventual trânsito em julgado
posterior ao ajuizamento da ação rescisória não reabilita a ação
proposta, na medida em que o ordenamento jurídico não con-
templa a ação rescisória preventiva. O pretenso vício de intima-
ção, posterior à decisão que se pretende rescindir, se efetiva-
mente ocorrido, não permite a formação da coisa julgada mate-
rial. Assim, a ação rescisória deve ser julgada extinta, sem jul-

188
gamento do mérito, por carência de ação, por inexistir decisão
transitada em julgado a ser rescindida (súmula 299 do TST).
Sob a vigência do Código de Processo Civil de 2015
(art. 966, inciso VII), para efeito de ação rescisória, considera-
se prova nova a cronologicamente velha, já existente ao tempo
do trânsito em julgado da decisão rescindenda, mas ignorada
pelo interessado ou de impossível utilização, à época, no pro-
cesso, não sendo prova nova apta a viabilizar a desconstituição
de julgado: a) sentença normativa proferida ou transitada em
julgado posteriormente à sentença rescindenda; b) sentença
normativa preexistente à sentença rescindenda, mas não exibi-
da no processo principal, em virtude de negligência da parte,
quando podia e deveria louvar-se de documento já existente e
não ignorado quando emitida a decisão rescindenda (súmula
402 do TST).
Não procede pedido formulado na ação rescisória por
violar manifestamente norma jurídica (art. 966, inc. V, do CPC)
se a decisão rescindenda estiver baseada em texto legal infra-
constitucional de interpretação controvertida nos Tribunais. O
marco divisor quanto a ser, ou não, controvertida, nos Tribu-
nais, a interpretação dos dispositivos legais citados na ação res-
cisória é a data da inclusão, na Orientação Jurisprudencial do

189
TST, da matéria discutida (súmula 83 do TST). A conclusão
acerca da ocorrência de violação a norma jurídica pressupõe
pronunciamento explícito, na sentença rescindenda, sobre a
matéria veiculada (súmula 298 do TST).
Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa
julgada perpetrada por decisão proferida em ação de cumpri-
mento (art. 872 da CLT), em face de a sentença normativa, na
qual se louvava, ter sido modificada em grau de recurso, por-
que em dissídio coletivo somente se consubstancia coisa julga-
da formal. Assim, os meios processuais aptos a atacarem a exe-
cução da cláusula reformada são a exceção de pré-executivida-
de e o mandado de segurança, no caso de descumprimento do
artigo 514 do Código de Processo Civil (súmula 397 do TST).
Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em ação
rescisória, é cabível recurso ordinário para o Tribunal Superior
do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista (sú-
mula 158 do TST). A execução da decisão proferida em ação
rescisória far-se-á nos próprios autos da reclamação que lhe
deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória e a
respectiva certidão de trânsito em julgado, nada obstante possa
ser deferida a tutela provisória para suspender o cumprimento
da decisão rescindenda (art. 969 do CPC).

190
Os descontos previdenciários e fiscais devem ser efe-
tuados pelo juízo executório, ainda que a decisão tenha sido
omissa sobre a questão, dado o caráter de ordem pública osten-
tado pela norma que os disciplinam. A ofensa à coisa julgada
somente poderá ser caracterizada na hipótese de o título exe-
quendo, expressamente, afastar a dedução dos valores a título
de imposto de renda e de contribuição previdenciária (súmula
401 do TST).

191
CAPÍTULO 3 – DISSÍDIOS INDIVIDUAIS
1. Disposições gerais
O dissídio individual na Justiça do Trabalho é chama-
do de reclamação trabalhista, que é a ação judicial dos legiti-
mados para pleitear o seu direito em juízo, em regra dos empre-
gados contra os empregadores para cobrança dos direitos traba-
lhistas, que deve observar os critérios da oralidade, simplicida-
de, informalidade, economia processual e celeridade, buscando,
sempre que possível, a conciliação ou a transação.
Reclamação significa o ato de se insurgir contra um
ato ilegal ou de exigir o reconhecimento e cumprimento de um
direito, que pode ser manejada administrativamente e judicial-
mente. Como a Justiça do Trabalho na época da edição da Con-
solidação das Leis do Trabalho fazia parte do Poder Executivo,
a forma de pleitear os direitos trabalhistas se dava pela recla-
mação, que atualmente reveste natureza de ação judicial, embo-
ra o termo “reclamação” continue sendo utilizado nos dissídios
trabalhistas.
As condições da ação são a legitimidade para a causa,
ativa e passiva, o interesse processual e a possibilidade jurídica
do pedido, sendo a ausência de qualquer delas causa de extin-
ção do processo sem resolução do mérito, conforme dispõe o

192
artigo 485, incisos I e VII, e artigo 330, incisos II e III e no §
1º, inciso I. A legitimidade é verificada de acordo com a rela-
ção de trabalho trazida para exame do juiz, e das demais arrola-
das no artigo 114 da Constituição Federal de 1988.
Para postular na Justiça do Trabalho é necessário ter
interesse e legitimidade (art. 17 do CPC), de modo que a recla-
mação pode ser apresentada pelo trabalhador e pelo emprega-
dor, pessoalmente ou por seus representantes (art. 791 da CLT),
pelo sindicato como substituto processual (art. 18 do CPC) nas
hipóteses legalmente admitidas (art. 8º, inc. III, da CRFB/88 e
art. 195, § 2º, da CLT), e pelo Ministério Público do Trabalho
para pleitear direito de incapaz (art. 793 e art. 839 da CLT).
No tocante ao interesse de agir do reclamante, deve-se
destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
ADIN 2237/DF, deu interpretação conforme a Constituição ao
artigo 625-D, § 1º a § 4º, da Consolidação das Leis do Traba-
lho, assentando que a Comissão de Conciliação Prévia constitui
meio legítimo, mas não obrigatório, de solução de conflitos,
permanecendo o acesso à Justiça (art. 5º, inc. XXXV, da
CRFB/88) resguardado para todos os que venham a ajuizar de-
manda diretamente ao órgão judiciário competente, e para man-
ter hígido o inciso II do art. 852-B da Consolidação, no sentido

193
de se considerar legítima a citação nos termos estabelecidos na
norma.
Os dissídios individuais cujo valor não exceda a 40
(quarenta) vezes o salário mínimo vigente na data do ajuiza-
mento da reclamação ficam submetidos ao procedimento suma-
ríssimo (art. 852-A da CLT), excluídas as demandas em que é
parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional.
Trata-se de um processo simplificado para conciliação e julga-
mento dos dissídios trabalhistas de menor valor para atender
aos postulados constitucionais do acesso à justiça e da razoável
duração do processo. Os critérios de determinação da compe-
tência são os mesmos dos dissídios submetidos ao procedimen-
to normal, de modo que apenas o rito é diferenciado em razão
do valor do pedido.
2. Petição inicial
A reclamação pode ser escrita ou verbal devendo ser
distribuída onde houver mais de uma Vara do Trabalho com
competência territorial para processar e julgar o pedido, e nos
locais com Vara única pode ser apresentada diretamente na se-
cretaria para registro (art. 837 c/c art. 840 da CLT). O ajuiza-
mento da reclamação trabalhista interrompe a prescrição, ainda
que em juízo incompetente, e mesmo que venha a ser posterior-

194
mente extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos ape-
nas em relação aos pedidos idênticos (art. 11, § 3º da CLT e sú-
mula 268 do TST).
Apesar do § 3º do artigo 11 da CLT dizer que “a inter-
rupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de re-
clamação trabalhista”, deve-se interpretar que o termo “recla-
mação trabalhista” abrange toda ação tendente a postular o
cumprimento ou preservação de direitos, envolvendo emprega-
do e empregador (TST-RR-10935-78.2019.5.03.0017, 7ª Tur-
ma, rel. Min. CLÁUDIO MASCARENHAS BRANDÃO, jul-
gado em 03/03/2021 – Informativo TST 233), como o protesto
judicial que é medida aplicável no processo do trabalho, por
força do artigo 769 da CLT e do artigo 15 do CPC de 2015
(Orientação Jurisprudencial nº 392 da SDI-1), de modo que o
ajuizamento do protesto judicial interrompe a prescrição.
A reclamação, escrita ou verbal, deve conter a indica-
ção do juízo competente (art. 114 da CRFB/88 e art. 651 da
CLT), a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de
que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo (art. 322
do CPC), determinado (art. 324 do CPC) e com indicação de
seu valor, na forma do artigo 292 do Código de Processo Civil,
a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

195
A reclamação verbal será reduzida a termo, em 2
(duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário (art.
840, § 2º, da CLT), realizando-se no mesmo ato o registro, a
distribuição e a redução a termo pelo serventuário da justiça do
trabalho, de modo que a penalidade do artigo 731 e o procedi-
mento do artigo 786, ambos da Consolidação, deixam de ter
eficácia.
No caso de reclamação apresentada por advogado em
causa própria, a petição inicial deve conter o seu endereço, seu
número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o
nome da sociedade de advogados da qual participa, para o rece-
bimento de intimações (art. 106 do CPC).
O pedido deve certo, ou seja, deve ser exposto com
exatidão, com certeza, sem erro ou dúvidas para que o juiz te-
nha a correta compreensão do que está sendo pretendido pelo
autor, compreendendo-se no principal os juros legais, a corre-
ção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os hono-
rários advocatícios, de modo que não precisa ser veiculado na
inicial (súmula 211 do TST). Deve ser determinado, ou seja,
expressamente fixado, estipulado, especificado quanto a quan-
tidade e a qualidade do que se pretende, admitindo-se em situa-
ções excepcionais o pedido genérico (art. 324, § 1º, do CPC).

196
Ao exigir do reclamante a formulação de pedido certo,
determinado e com indicação de valor, não pode o juiz da causa
também lhe exigir a simultânea apresentação de cálculos deta-
lhados, sob pena de, assim, impedir o seu direito de acesso ao
judiciário, na forma do artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição
Federal ((TST-RR-1001473-09.2018.5.02.0061, 2ª Turma, Re-
lator Min. JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA, julgado em
24/2/2021 – Informativo TST nº 232).
A petição inicial das reclamações enquadradas no pro-
cedimento sumaríssimo (art. 840 c/c art. 852-B da CLT) deve
conter a correta indicação do nome e endereço do reclamado
para que possa ser notificado, na forma do artigo 841 da Con-
solidação das Leis do Trabalho; os fatos e fundamentos ainda
que de forma sucinta; e o pedido que deve ser certo e determi-
nado com indicação do valor correspondente, sendo que a falta
destes requisitos importará no arquivamento da reclamação e
condenação ao pagamento de custas sobre o valor da causa, de-
vendo o juiz dar oportunidade ao reclamante para corrigir os
defeitos da petição inicial na forma do artigo 321 do Código de
Processo Civil. As partes e advogados devem comunicar ao juí-
zo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo,

197
reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local indicado
na petição inicial e na defesa, na ausência de comunicação.
O reclamante pode formular pedidos cumulados con-
tra o mesmo reclamado, na forma do artigo 327 do Código de
Processo Civil, ainda que não haja conexão entre eles (art. 55
do CPC), de modo que os pedidos que poderiam ser objeto de
reclamações distintas, por medida de economia e celeridade
processual podem ser formulados num processo único, mesmo
que tenham causa de pedir diferentes.
Os empregados do mesmo empregador podem cumu-
lar numa única reclamação os seus pedidos, desde que haja
identidade de matéria (art. 842 da CLT), o que significa que as
reclamações são conexas pela causa de pedir.
A petição inicial da reclamação trabalhista deve ser
instruída com os documentos que o reclamante dispuser para
provar os fatos alegados e com os documentos indispensáveis a
propositura da ação, como a procuração no caso de reclamante
representado por advogado (art. 287 do CPC). Caso o recla-
mante não disponha das informações sobre a qualificação do
reclamado, poderá requerer ao juiz as diligências necessárias
para sua obtenção (art. 319, § 1º, do CPC), e no caso de não
dispor dos documentos por se encontrarem em poder do recla-

198
mado ou de terceiros, poderá requerer ao juiz que ordene a exi-
bição (arts. 396 a 404 do CPC).
O reclamante pode até a notificação do reclamado (art.
841 da CLT) aditar o pedido ou a causa de pedir para fazer cor-
reções ou esclarecimentos necessários, ou alterar o pedido ou a
causa de pedir desde que o juízo indicado seja competente para
analisá-lo (art. 329, inc. I, do CPC).
Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente
(art. 847, parágrafo único, da CLT), o reclamante não poderá,
sem o consentimento do reclamado, desistir da ação (art. 841, §
3º, da CLT).
O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche
os requisitos do artigo 840 da Consolidação das Leis do Traba-
lho ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de difi-
cultar o julgamento do mérito, determinará que o reclamante,
no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indican-
do com precisão o que deve ser corrigido ou completado (art.
321 do CPC). Somente se o reclamante não cumprir a diligên-
cia, é o juiz indeferirá a petição inicial extinguindo o processo
(art. 840, § 3º da CLT, c/c art. 330, inc. IV e art. 485, inc. I, do
CPC).

199
O juiz pode indeferir de plano a petição inicial extin-
guindo o processo sem resolução do mérito, nas hipóteses do
artigo 330 do Código de Processo Civil (súmula 263 do TST),
podendo o reclamante interpor recurso ordinário da sentença no
prazo de 8 (oito) dias (art. 895, inc. I, da CLT), facultando-se
ao juiz retratar-se no prazo de 5 (cinco) dias, hipótese em que a
reclamação retorna o seu curso inicial com a notificação do re-
clamado (art. 331, caput e § 1º, do CPC).
Se não houver a retratação, o reclamado será notifica-
do para oferecer contrarrazões ao recurso ordinário, hipótese
em que havendo a reforma da sentença pelo Tribunal Regional
do Trabalho, o reclamado será intimado do retorno dos autos
para comparecer a audiência e apresentar sua defesa (art. 331,
§§ 2º e 3º, do CPC).
3. Improcedência liminar do pedido
Conforme assentado na Instrução Normativa 39/16 do
Tribunal Superior do Trabalho, aplicam-se ao processo do tra-
balho as normas do artigo 332 do Código de Processo Civil,
com as necessárias adaptações à legislação processual traba-
lhista, cumprindo ao juiz do trabalho julgar liminarmente im-
procedente o pedido que contrariar: I – enunciado de súmula do
Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior do Trabalho

200
(art. 927, inciso V, do CPC); II - acórdão proferido pelo Supre-
mo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do Trabalho em
julgamento de recursos repetitivos (art. 896-B da CLT, e art.
1.046, § 4º, do CPC); III - entendimento firmado em incidente
de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de com-
petência; IV - enunciado de súmula de Tribunal Regional do
Trabalho sobre direito local, convenção coletiva de trabalho,
acordo coletivo de trabalho, sentença normativa ou regulamen-
to empresarial de observância obrigatória em área territorial
que não exceda à jurisdição do respectivo Tribunal (CLT, art.
896, “b”, a contrario sensu). O juiz também poderá julgar limi-
narmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a
ocorrência de decadência e ou de prescrição (art. 7º, inc. XXIX
da CRFB/88 e art. 11 da CLT).
A súmula 308 do Tribunal Superior do Trabalho esta-
belece que respeitado o prazo bienal após a extinção do contra-
to de trabalho, a prescrição da ação trabalhista se refere às pre-
tensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da
data do ajuizamento da reclamação.
No tocante a contagem do prazo prescricional para
ajuizamento de ações trabalhistas pelo trabalhador avulso, o
Supremo Tribunal Federal (ADI 5132/DF, relator Min. GIL-

201
MAR MENDES, redator do acórdão Min. EDSON FACHIN,
julgamento virtual finalizado em 26.3.2021) decidiu que “a dis-
posição relativa ao termo inicial do prazo prescricional a que
submetido o trabalhador avulso, prevista no art. 37, § 4º, da Lei
12.815/2013, é compatível com a Constituição Federal”. Isso
porque a relação laboral avulsa se caracteriza pelo liame esta-
belecido entre o trabalhador avulso e o Órgão Gestor de Mão
de Obra (OGMO), responsável por realizar a interposição da
força de trabalho avulsa em face dos distintos tomadores de
serviço, por arrecadar os valores correspondentes à prestação
de serviços e satisfazer o respectivo pagamento do trabalhador
avulso.
As orientações jurisprudenciais e os precedentes nor-
mativos do Tribunal Superior do Trabalho não servem como
fundamento para o juiz do trabalho julgar liminarmente a recla-
mação trabalhista, visto que apesar de terem força persuasiva
os entendimentos dominantes dos tribunais não estão consoli-
dados em súmula de jurisprudência ou vinculante e não estão
arrolados no artigo 332 do Código de Processo Civil.
Portanto, o juiz está autorizado a rejeitar antecipada-
mente o pedido independentemente da notificação do reclama-
do quando verificar que não há necessidade de produção de ou-

202
tras provas além das já contidas junto com a petição inicial e
que a questão jurídica já se encontra resolvida pela jurisprudên-
cia consolidada dos tribunais, ou que decorreu o prazo de pres-
crição ou de decadência. A fundamentação da sentença deve
observar o disposto no § 1º, do artigo 489 do Código de Pro-
cesso Civil, de modo que se demonstre a aplicação do prece-
dente ao caso concreto.
O reclamante pode interpor recurso ordinário da sen-
tença de improcedência liminar do pedido (art. 895 da CLT), no
prazo de 8 (oito) dias, cujas razões recursais devem conter os
motivos pelos quais o precedente invocado na sentença não se
aplica ao caso concreto, a sua distinção ou superação. Recebido
o recurso o juiz pode se retratar no prazo de 5 (cinco) dias. Ha-
vendo retratação o processo segue adiante com a notificação do
reclamado, caso contrário a notificação é para oferecer contrar-
razões ao recurso ordinário.
Na decisão de improcedência liminar do pedido não
caberá a condenação em verbas de sucumbência, visto que o
reclamado ainda não integrou o processo, salvo no caso de in-
terposição de recurso ordinário (art. 789, § 1º, da CLT), hipóte-
se em que o Tribunal ao rejeitar o recurso deverá condenar o
recorrente ao pagamento das verbas de sucumbência (art. 791-

203
A da CLT), pois o reclamado já foi notificado e teve despesas
para oferecer contrarrazões ao recurso.
4. Notificação
Recebida a reclamação escrita ou verbal, o escrivão ou
chefe de secretaria, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, reme-
terá via correio (art. 247 e 248 do CPC), para qualquer comarca
do país (art. 247 do CPC), a segunda via da petição inicial, ou
do termo da reclamação verbal, ao reclamado pessoalmente ou
na pessoa do seu representante legal ou procurador com pode-
res especiais (art. 242, caput, do CPC), notificando-o ao mes-
mo tempo, para comparecer à audiência na data designada, in-
formando-o das consequências do não comparecimento (art.
844 da CLT). De acordo com o Decreto-Lei 779/69 (art. 1º, inc.
II), o prazo entre o recebimento da notificação e a data designa-
da para a audiência, nas reclamações contra a administração
direta e indireta, deve ser de 20 (vinte) dias
A notificação deve conter os elementos indicados no
artigo 250 do Código de Processo Civil (art. 248, § 3º, do CPC)
para cientificar o reclamado sobre quem ajuizou a demanda
contra ele, o que está pedindo, onde está sendo processada,
qual o juiz que despachou a inicial e/ou deferiu tutela provisó-
ria, qual o serventuário da justiça responsável pelo ato, a ordem

204
judicial para que pratique ato ou se abstenha de praticar, as san-
ções e os ônus que lhe incumbe, a data de audiência.
Se o reclamado criar embaraços ao recebimento da
notificação ou não for encontrado no local indicado na petição
inicial, a notificação será feita por edital (art. 256 do CPC), pu-
blicado no jornal oficial ou no que publicar o expediente foren-
se, ou, na falta, afixado na sede da Vara do Trabalho. Nas recla-
mações enquadradas no procedimento sumaríssimo não se fará
citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do
nome e endereço do reclamado (art. 852-B, inc. II, da CLT).
Sendo o reclamado pessoa jurídica, será válida a entre-
ga da notificação postal a pessoa com poderes de gerência geral
(art. 1.169 a 1.176 do Código Civil), ou de administração (art.
1.011, 1.022, 1.060 do Código Civil e art. 138 e 139 da lei
6.404/76), ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebi-
mento de correspondências. Na recuperação judicial a notifica-
ção deve ser feita na pessoa do administrador judicial ou do
gestor judicial, quando o devedor for afastado da administração
da atividade empresarial (arts. 64 e 65 da lei 11.101/05). A no-
tificação das pessoas jurídicas de direito público (art. 41 do
Código Civil) é feita na pessoa dos advogados públicos, que
são os responsáveis pela sua representação judicial, no caso da

205
União é feita pela Advocacia-Geral da União (art. 131 da
CRFB/88, art. 35 a 38 da LC no 73/93 e art. 12 da lei
10.480/2002), diretamente ou mediante órgão vinculado, dos
Estados e do Distrito Federal (art. 132 da CRFB/88), por seus
procuradores, e dos Municípios, por seus procuradores. No
caso dos Municípios admite-se a citação na pessoa do prefeito,
pois nem todos têm advocacia pública organizada em carreira
(art. 75, inc. I a IV, do CPC).
Nos termos da súmula 16 do Tribunal Superior do Tra-
balho presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito)
horas depois de sua postagem, de modo que o seu não recebi-
mento ou a entrega após o decurso desse prazo constitui ônus
de prova do destinatário.
Quando frustrada a notificação pelo correio pode ser
deferida pelo juiz a notificação por oficial de justiça, na forma
do artigo 251 do Código de Processo Civil, tendo em conta a
sua compatibilidade com o processo do trabalho. Tratando-se
de processo eletrônico a notificação é eletrônica, na forma do
artigo 6º da lei 11.419/06.
A notificação no processo do trabalho é o ato de co-
municação processual para convocação do reclamado, sendo
indispensável para a validade do processo, salvo nas hipóteses

206
de comparecimento espontâneo do reclamado (art. 239, § 1º, do
CPC), de indeferimento da petição inicial (art. 330 do CPC) e
de improcedência liminar do pedido (art. 332 do CPC).
O reclamante é notificado (intimado) no ato da apre-
sentação da reclamação pelo escrivão ou chefe de secretaria da
data da audiência, quando for possível a sua designação, ou
pelo correio quando a designação da data da audiência ocorrer
em momento posterior ao da distribuição ou registro da recla-
mação.
A interrupção da prescrição ocorre pelo ajuizamento
da reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente,
ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produ-
zindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos (art. 11,
§ 3º, da CLT), de modo que não se aplica ao processo do traba-
lho o disposto no § 1º do artigo 240 do Código de Processo Ci-
vil, por manifesta incompatibilidade.
5. Audiência de instrução e julgamento
A instrução e o julgamento dos dissídios individuais
ocorre na audiência de instrução e julgamento, a qual deverão
estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente
do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos de
reclamatórias plúrimas (art. 842 da CLT) ou ações de cumpri-

207
mento (art. 872, parágrafo único, da CLT), quando os trabalha-
dores poderão fazer-se representar pelo sindicato de sua cate-
goria (art. 843, caput, da CLT). O empregador pode ser repre-
sentado no ato pelo gerente, ou qualquer outro preposto, que
não precisa ser empregado do reclamado, desde que tenha co-
nhecimento do fato e cujas declarações o obrigarão.
Se por motivo justo, devidamente comprovado, causa-
do por evento alheio à vontade do trabalhador e que o impediu
de comparecer pessoalmente a audiência, como doença, este
poderá ser representado por outro empregado que pertença à
mesma profissão, ou pelo seu sindicato. Tendo em conta o pos-
tulado do acesso à justiça, deve se admitir que o trabalhador
possa constituir representante, por meio de procuração específi-
ca, com poderes para negociar e transigir (art. 334, § 10, do
CPC), na impossibilidade de ser representado pelo sindicato.
O reclamante e o reclamado comparecerão a audiên-
cia, acompanhados dos seus advogados, quando constituídos, e
das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais
provas (art. 845 da CLT), como os documentos que não pude-
ram ser apresentados junto com a petição inicial.
O não-comparecimento do reclamante à audiência im-
porta a extinção do processo sem resolução do mérito, com a

208
condenação ao pagamento das custas calculadas na forma do
artigo 789 da Consolidação, ainda que beneficiário da justiça
gratuita, salvo se comprovar, no prazo de 15 (quinze) dias, que
a ausência ocorreu por motivo justo. O pagamento das custas é
condição para que o reclamante proponha novamente a deman-
da arquivada.
“A ausência do reclamante, quando adiada a instrução
após o oferecimento da contestação em audiência, não importa
arquivamento do processo” (súmula 9 do TST).
O não-comparecimento do reclamado importa revelia,
presumindo-se verdadeiras as alegações de fato formuladas
pelo reclamante. Embora o caput do artigo 844 da Consolida-
ção das Leis do Trabalho fale em confissão, deve se entender
que a revelia importa na presunção de veracidade dos fatos ale-
gados pelo reclamante e não propriamente confissão que so-
mente ocorre quando o reclamado admite a veracidade do fato
contrário a seu interesse e favorável ao adversário (art. 389 a
395 do CPC e súmula 74, I, do TST).
A revelia não produz os seus efeitos se: I - havendo
pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação; II - o
litígio versar sobre direitos indisponíveis; III - a petição inicial
não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere in-

209
dispensável à prova do ato; IV - as alegações de fato formula-
das pelo reclamante forem inverossímeis ou estiverem em con-
tradição com prova constante dos autos.
Evidente que a presunção de veracidade dos fatos ale-
gados pelo reclamante não pode ocorrer quando forem inveros-
símeis (não verdadeiros, difícil de acreditar), ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos. Para formar a sua
convicção o juiz deve analisar o conjunto de provas do proces-
so (art. 852-D da CLT e art. 371 do CPC), e se houver docu-
mentos, depoimento de testemunhas, prova técnica, e outros,
que demonstrem que os fatos narrados na inicial não são verda-
deiros ou não podem produzir os efeitos desejados pelo recla-
mante, não pode ocorrer os efeitos da revelia, pois há prova em
contrário que elide a presunção relativa de veracidade dos fatos
alegados na inicial.
No tocante a pluralidade de réus, ou seja, quando hou-
ver litisconsórcio passivo, deve se observar que os litisconsor-
tes serão considerados, em suas relações com a parte adversa,
como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso
em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros,
mas os poderão beneficiar (art. 117 do CPC/2015).

210
O reclamado revel pode intervir no processo em qual-
quer fase, recebendo-o no estado em que se encontra (art. 346,
parágrafo único, do CPC), ou seja, somente poderá praticar os
atos pertinentes a fase atual do processo, por força do efeito
preclusivo dos prazos processuais.
Ocorrendo motivo relevante para o não compareci-
mento de qualquer das partes, devidamente comprovado, pode-
rá o juiz adiar a audiência, designando nova audiência.
No início da audiência o juiz tentará conciliar as par-
tes, e no caso de conciliação esta será reduzida a termo com a
assinatura do reclamante e do reclamado ou de seus advogados,
e do juiz que o homologará por sentença (art. 846 e 852-E da
CLT).
A regra no processo trabalhista é a apresentação de de-
fesa em audiência, de modo que o reclamado tem 20 (vinte)
minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação,
quando esta não for dispensada por ambas as partes, hipótese
em que o reclamado apresentará a defesa por escrito. Entretan-
to, a contestação pode ser oferecida eletronicamente, quando se
tratar de reclamação eletrônica (art. 847, parágrafo único, da
CLT). Oferecida a contestação o reclamante não poderá, sem o

211
consentimento do reclamado, desistir da ação (art. 841, § 3º, da
CLT).
O reclamado deve alegar na sua contestação os fatos
contrários a pretensão do reclamante e as razões de direito que
amparam a sua defesa (art. 337 e 341 do CPC), apresentando
os documentos que dispõe para comprovar as suas alegações,
podendo requerer a realização de outros meios de prova. Ainda
que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência,
serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente
apresentados (art. 844, § 5º, da CLT).
O reclamado, ausente à audiência em que deveria
apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu advogado
munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a
apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expres-
samente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do
seu preposto no dia da audiência (súmula 122 do TST).
A compensação, ou a retenção, pode ser arguida como
matéria de defesa na contestação (art. 767 da CLT e súmula 48
do TST). Exceto as exceções de incompetência e suspeição do
juiz, todas as demais matérias devem ser alegadas na contesta-
ção, inclusive a nomeação a autoria do § 1º do artigo 486 da
CLT, e resolvidas na audiência com registro em ata para que

212
possam ser levadas ao conhecimento do tribunal por ocasião da
interposição do recurso ordinário (art. 799, § 1º, e art. 893, § 1º,
da CLT). Nos dissídios individuais submetidos ao procedimen-
to sumaríssimo todos os incidentes e exceções que possam in-
terferir no prosseguimento da audiência e do processo serão de-
cididos de plano e as demais questões na sentença (art. 852-G
da CLT).
O reclamado deve produzir todas as suas alegações na
contestação, ressalvadas as alegações relativas a direito ou fato
superveniente, as matérias que o juiz puder conhecer de ofício
e quando puderem ser formuladas a qualquer tempo no proces-
so, por expressa autorização legal (art. 342 do CPC).
A Consolidação admite que o reclamado possa ofere-
cer reconvenção ao prever a incidência de honorários de su-
cumbência (art. 791-A, § 5º). Portanto, aplica-se ao processo
do trabalho o disposto no artigo 343 do Código de Processo Ci-
vil, de modo que o reclamado pode deduzir na contestação pre-
tensão própria contra o reclamante, que deve ser conexa com a
ação principal ou com o fundamento da defesa, embora seja
lícito oferecer somente a reconvenção.
No caso de reclamação proposta por sindicato como
substituto processual, o reclamado reconvinte deverá afirmar

213
ser titular de direito em face do trabalhador substituído, e a re-
convenção deverá ser proposta em face do sindicato, também
na qualidade de substituto processual.
Sendo oferecida a reconvenção na audiência, o recla-
mante é intimado pessoalmente ou na pessoa de seu procurador
no próprio ato, para apresentar sua resposta em 15 dias (art.
343, §1º do CPC), podendo o juiz adiar a audiência quando ne-
cessário para a instrução e julgamento simultâneo da reclama-
ção e da reconvenção (art. 849 da CLT).
Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do proces-
so, podendo o juiz, de ofício ou a requerimento, realizar o de-
poimento pessoal interrogando os litigantes, hipótese em que
após o interrogatório as partes poderão se retirar, prosseguindo
a instrução com o seu representante. A seguir, são ouvidas as
testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver.
Nos dissídios individuais submetidos ao procedimento
sumaríssimo todas as provas devem ser produzidas na audiên-
cia de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previa-
mente. Sobre os documentos apresentados por uma das partes
manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrup-
ção da audiência, salvo absoluta impossibilidade (art. 852-H da
CLT).

214
A audiência de instrução e julgamento em regra é una
e contínua (art. 849 e 852-C da CLT); mas, se não for possível,
por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz de-
signará data mais próxima possível para a sua continuidade, in-
dependentemente de nova notificação àqueles que devem com-
parecer. Interrompida a audiência no procedimento sumaríssi-
mo, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no
prazo máximo de 30 (trinta) dias, salvo motivo relevante justi-
ficado nos autos pelo juiz (art. 852-H, § 7º, da CLT).
Nos termos do artigo 850 da Consolidação das Leis do
Trabalho, terminada a instrução, podem as partes aduzir razões
finais orais ou escritas, em prazo não excedente de 10 (dez) mi-
nutos para cada uma. O Ministério Público do Trabalho deve
ser ouvido após as razões finais das partes, nas reclamações
que deve intervir como fiscal da ordem jurídica. Em seguida, o
juiz renovará a proposta de conciliação, e não se realizando
esta, proferirá a sentença em audiência, intimando as partes no
ato (art. 852 e 852-I, § 3º, da CLT), ou no prazo de 30 (trinta)
dias quando necessário para formar a sua convicção (art. 366
do CPC), hipótese em que as partes devem ser intimadas pesso-
almente, ou na pessoa do seu representante, via de regra pela

215
publicação da decisão no Diário Eletrônico da Justiça do Tra-
balho – DEJT.
Deste modo, na audiência de instrução e julgamento
dos dissídios individuais são ouvidas as partes e o Ministério
Público, é colhida a prova e, em seguida, proferida a sentença,
de modo que o processo termine de forma mais célere possível.
Da sentença proferida em audiência de julgamento
cabe a interposição do recurso de embargos de declaração no
prazo de 5 (cinco) dias contados da intimação (art. 897-A da
CLT), e do recurso ordinário para o Tribunal Regional do Tra-
balho (art. 895, inc. I, da CLT), no prazo de 8 (oito) dias conta-
dos da intimação. Quando não juntada a ata de audiência ao
processo em 48 horas (art. 851, § 2º, da CLT), o prazo para re-
curso será contado da data em que a parte receber a intimação
da sentença (súmula 30 do TST).
6. Inquérito para apuração de falta grave
Como ensina AMAURI MASCARO NASCIMENTO
“é o dissídio para rescisão do contrato de trabalho do estável,
uma vez que, dada a sua qualidade, não pode ser diretamente
despedido. Com extinção da estabilidade decenal pela Consti-
tuição de 1988 (art. 7º, I), as figuras de empregados estáveis fi-
caram ainda mais reduzidas, limitando-se àqueles que a adqui-

216
riram anteriormente, com o que devem ter respeitado o direito
adquirido, aos empregados com estabilidade por força de con-
venções coletivas ou sentenças normativas proferidas nos dissí-
dios coletivos e aos que, como os dirigentes sindicais, adquiri-
ram estabilidade especial para apuração de falta grave. Este, as-
sim, também ficou ainda mais limitado. Antes da evanescência
da estabilidade decenal a sua aplicação era maior” (Curso de
direito processual do trabalho, 2002, pág. 588).
O artigo 492 da Consolidação das Leis do Trabalho
dispõe que o empregado que contar mais de 10 (dez) anos de
serviço na mesma empresa não poderá ser despedido senão por
motivo de falta grave (art. 158, 240 e 482 da CLT) ou circuns-
tância de força maior (art. 501 a 504 da CLT), devidamente
comprovadas, considerando-se como de serviço todo o tempo
em que o empregado estiver à disposição do empregador. É a
estabilidade decenal que perdeu força pela proteção constituci-
onal contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, com in-
denização compensatória (art. 7º, inc. I, da CRFB/88 e art. 478
e 479 da CLT).
O dirigente sindical somente poderá ser dispensado
por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inte-
ligência dos artigos 494 e 543, §3º, da CLT (súmula 379 do

217
TST). É assegurada a estabilidade provisória ao empregado di-
rigente sindical (art. 8º, inc. VIII, da CRFB/88), ainda que a co-
municação do registro da candidatura ou da eleição e da posse
seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT,
desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra
na vigência do contrato de trabalho. O empregado de categoria
diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se
exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional
do sindicato para o qual foi eleito dirigente (súmula 369 do
TST).
Para a instauração do inquérito para apuração de falta
grave contra empregado garantido com estabilidade provisória
(art. 10 do ADCT da CRFB/88, art.165, art. 391-A, art. 472,
art. 543, § 3º, e art. 492 da CLT, art. 118 da lei 8.213/91, e art.
55 da lei 5.764/71), o empregador apresentará reclamação por
escrito à Vara do Trabalho, dentro de 30 (trinta) dias, contados
da data da suspensão do empregado (art. 494 c/c art. 853 da
CLT). Processando-se de acordo com o rito dos dissídios indi-
viduais (art. 854 da CLT). Na petição inicial o empregador de-
verá demonstrar a prática de falta grave cometida pelo empre-
gado estável.

218
O prazo de decadência do direito do empregador de
ajuizar inquérito em face do empregado que incorre em aban-
dono de emprego é contado a partir do momento em que o em-
pregado pretendeu seu retorno ao serviço (súmula 62 do TST).
A estabilidade do empregado é tratada nos artigos 492
a 500 da Consolidação das Leis do Trabalho, de modo que o
empregado acusado de falta grave, considerada a prática de
qualquer dos fatos a que se refere o artigo 482 da CLT, quando
por sua repetição ou natureza representem séria violação dos
deveres e obrigações do empregado (art. 493 da CLT), poderá
ser suspenso de suas funções até a decisão final do processo,
mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito e que
se verifique a procedência da acusação (art. 494 da CLT).
A estabilidade provisória do cipeiro (art. 10, II, a, do
ADCT e art. 165 da CLT) não constitui vantagem pessoal, mas
garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente
tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o es-
tabelecimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo im-
possível a reintegração e indevida a indenização do período de
estabilidade (súmula 339 do TST).
A garantia de emprego à gestante (art. 10, II, b, do
ADCT e art. 391-A da CLT) só autoriza a reintegração se esta

219
se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garan-
tia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes
ao período de estabilidade. O desconhecimento do estado gra-
vídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da
indenização decorrente da estabilidade (súmula 244 do TST).
São pressupostos para a concessão da estabilidade ao
empregado acidentado (art. 118 da lei 8.213/91) o afastamento
superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença
acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença pro-
fissional que guarde relação de causalidade com a execução do
contrato de emprego (súmula 378 do TST).
Constitui direito líquido e certo do empregador a sus-
pensão do empregado, ainda que detentor de estabilidade sindi-
cal, até a decisão final do inquérito em que se apure a falta gra-
ve a ele imputada, na forma do artigo 494, caput e parágrafo
único, da Consolidação das Leis do Trabalho (OJ-SDI2-137).
Ressalvada a hipótese de suspensão do empregado, não fere di-
reito líquido e certo a determinação liminar de reintegração no
emprego de dirigente sindical, em face da previsão do inciso X
do artigo 659 da Consolidação das Leis do Trabalho (OJ-SDI2-
65).

220
Reconhecida a inexistência de falta grave praticada
pelo empregado, fica o empregador obrigado a readmiti-lo no
serviço e a pagar-lhe os salários a que teria direito no período
da suspensão (art. 495 da CLT). Quando a reintegração do em-
pregado estável for desaconselhável, dado o grau de incompati-
bilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o em-
pregador pessoa física, a Justiça do trabalho poderá converter a
reintegração em indenização devida por rescisão do contrato
por prazo indeterminado (art. 478 da CLT), paga em dobro.
Exaurido o período de estabilidade, são devidos ao
empregado apenas os salários do período compreendido entre a
data da despedida e o final do período de estabilidade, não lhe
sendo assegurada a reintegração no emprego, não havendo nu-
lidade por julgamento extra petita da decisão que deferir salá-
rio quando o pedido for de reintegração, dados os termos do ar-
tigo 496 da Consolidação das Leis do Trabalho (súmula 396 do
TST).
Se tiver havido prévio reconhecimento da estabilidade
do empregado, o julgamento do inquérito pela Vara do Traba-
lho não prejudicará a execução para pagamento dos salários de-
vidos ao empregado, até a data da instauração do inquérito (art.
855 da CLT).

221
O Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendi-
mento no sentido de que o inquérito judicial não constitui re-
quisito necessário para apuração de falta grave imputada a ser-
vidor público celetista detentor da estabilidade do artigo 19 do
ADCT, sendo suficiente o processo administrativo disciplinar
para fundamentar a demissão (TST-RR-1441-
86.2011.5.04.0021, 2ª Turma, Min. DELAÍDE MIRANDA
ARANTES; e STF-RE-542344/RS, 2ª Turma, Min. GILMAR
MENDES, DJ-e 22/09/11).

222
CAPÍTULO 4 - HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EX-
TRAJUDICIAL
1. Disposições gerais
A lei 13.467/17 incluiu na Consolidação das Leis do
Trabalho (DL5.452/43) o artigo 855-B para criar o processo de
jurisdição voluntária para homologação de acordo extrajudicial
de iniciativa de ambas as partes (trabalhador e empregador),
que por petição conjunta assinada por advogados postulam ao
Poder Judiciário a homologação de acordo firmado extrajudici-
almente para prevenir futuros dissídios individuais e para que
tenha força de título executivo judicial (art. 876 da CLT).
Portanto, esse processo de jurisdição voluntária tem
como objetivo prevenir litígios conferindo força de título exe-
cutivo judicial aos acordos extrajudiciais oriundos de conflitos
individuais do trabalho, visto que as negociações coletivas pos-
suem força normativa (art. 611 da CLT), ocorridos no curso do
contrato de trabalho ou em decorrência de sua rescisão (art.
484-A da CLT), podendo ser manejada para homologar os ter-
mos de conciliação lavrados pela comissão de conciliação pré-
via (art. 625-E da CLT), e os termos finais de mediação (art.
20, parágrafo único, da lei 13.140/15).

223
Isto porque, a transação extrajudicial que importa res-
cisão do contrato de trabalho implica quitação exclusivamente
das parcelas e valores constantes do recibo e, portanto, não im-
possibilita que o empregado venha ao Poder Judiciário buscar
os direitos trabalhistas que entender violados, ainda que tenha
renunciado genericamente (súmula 330 do TST). Com a homo-
logação judicial do acordo extrajudicial o juiz poderá avaliar as
eventuais renúncias firmadas pelo empregado, evitando a redis-
cussão do conflito, como acontece no programa de demissão
incentiva ou voluntária individual (art. 477-B da CLT).
Neste processo é obrigatória a representação das par-
tes por advogado, vedando-se a representação por advogado
comum, inclusive por advogados integrantes da mesma socie-
dade de advogados, no intuito de garantir a correta observância
dos direitos do trabalhador como previsto na Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 (art. 7º), na Consolida-
ção das Leis do Trabalho e nas convenções coletivas. Faculta-
se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de
sua categoria (art. 791, § 1º da CLT).
Os procedimentos especiais de jurisdição voluntária
são caracterizados via de regra pela ausência de lide, e se desti-
nam a resolução de determinadas situações de direito material

224
que demandem a intervenção do Poder Judiciário por expressa
previsão legal. O Código de Processo Civil de 2015, no artigo
725, inciso VIII, também prevê o procedimento de jurisdição
voluntária para o pedido de homologação de acordo extrajudi-
cial, de qualquer natureza ou valor, para ter força de título exe-
cutivo judicial (art. 515, inc. III). A primeira indagação que sur-
ge é se são aplicáveis subsidiariamente (art. 769 da CLT) as
disposições gerais do procedimento de jurisdição voluntária do
CPC/15 (arts. 719 a 724) ao processo de jurisdição voluntária
para homologação de acordo extrajudicial da CLT? Evidente-
mente que sim em tudo que for compatível com o processo do
trabalho, como a necessidade de ser ouvida a Fazenda Pública
nos processos cujo acordo contenha obrigação de pagamento
de verba indenizatória sujeita a tributação (art. 832 § 4º da CLT
c/c art. 722 do CPC/15), a citação dos eventuais interessados,
bem como a intimação do Ministério Público do Trabalho, nos
casos de interesse público, para que se manifestem, e a possibi-
lidade da utilização do critério de equidade nos julgamentos
(art. 723 do CPC/15).
O processo para a homologação de acordo extrajudici-
al não prejudica o prazo estabelecido no § 6º do artigo 477 da
Consolidação, para a entrega ao empregado de documentos que

225
comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos
competentes, bem como o pagamento dos valores constantes
do instrumento de rescisão ou recibo de quitação, que deverão
ser efetuados em até 10 (dez) dias contados a partir do término
do contrato, e não afasta a aplicação da multa prevista no § 8º
do referido artigo pela inobservância do prazo legal. Isto por-
que, na extinção do contrato de trabalho, o empregador fica
obrigado a proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Pre-
vidência Social do empregado, comunicando a dispensa aos ór-
gãos competentes, e a pagar as verbas trabalhistas.
A petição de homologação de acordo extrajudicial sus-
pende o prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela es-
pecificados (art. 11 da CLT), que volta a fluir no dia útil se-
guinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homo-
logação do acordo.
A petição inicial escrita assinada pelos advogados e
necessariamente instruída com o acordo extrajudicial que se
pede que se seja homologado e com os demais documentos ne-
cessários, como o instrumento de contrato de trabalho, deve ser
distribuída na forma que determina a CLT (arts. 783 a 788). No
prazo de 15 (quinze) dias a contar da distribuição da petição, o

226
juiz analisará o acordo, designará audiência se entender neces-
sário e proferirá sentença.
Cabe ao juiz analisar os requisitos formais do acordo,
como a capacidade dos contratantes (art. 104 do Código Civil),
a inexistência de vícios de manifestação da vontade, e se este
respeita as normas trabalhistas, negando a homologação do
acordo simulado ou praticado com o objetivo de desvirtuar, im-
pedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na Consoli-
dação das Leis do Trabalho (art. 9º), na Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil de 1988 (art. 7º) e nas convenções
coletivas.
A transação pressupõe concessões recíprocas por parte
daqueles que pretendem prevenir ou terminar conflitos (art.
840 do Código Civil), devendo o juiz analisar a existência de
vícios de vontade na manifestação das partes, inclusive por
meio da realização de audiência no intuito de verificar se o que
foi acordado corresponde a verdadeira intenção das partes. Nos
casos em que o acordo extrajudicial contenha cláusula de re-
núncia de direitos trabalhistas o juiz deverá analisar a disponi-
bilidade dos direitos renunciados e a inexistência de despropor-
cionalidade manifesta nas concessões feitas, admitindo-se a re-
alização de audiência para sanar os vícios do acordo quando

227
possível, hipótese em que o novo acordo firmado em audiência
deverá ser reduzido a termo e homologado por sentença.
Quando se tratar de acordo extrajudicial de contrato
individual de trabalho em curso só é lícita a alteração das res-
pectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim
desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
garantia (art. 468, caput, da CLT).
As decisões homologatórias deverão sempre indicar a
natureza jurídica das parcelas constantes do acordo homologa-
do, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo re-
colhimento da contribuição previdenciária, se for o caso. A qui-
tação passada pelo empregado tem eficácia liberatória em rela-
ção às parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se
oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela
ou parcelas impugnadas. O acordo não cumprido é passível de
execução na forma que determina a Consolidação das Leis do
Trabalho (art. 876).
Portanto, o processo para homologação de acordo ex-
trajudicial relativo a conflitos individuais da relação de traba-
lho surge como mecanismo de proteção e garantia dos direitos
trabalhistas, para o trabalhador e para o empregador, na medida

228
em que o acordo homologado por sentença é instrumento de
prevenção de futuros dissídios individuais, assegurando a am-
bas as partes a eficácia do que foi acordado, inclusive com pos-
sibilidade de execução forçada pelo seu descumprimento.

229
CAPÍTULO 5 - DISSÍDIOS COLETIVOS
1. Instauração do dissídio coletivo
Como dito anteriormente os dissídios coletivos são as
ações ajuizadas pelos Sindicatos, Federações ou Confedera-
ções, como legitimados extraordinários (art. 8º, inc. III, da
CRFB/88), para defesa dos interesses de seus filiados (art. 8º,
inc. III, da CRFB/88 e art. 857 da CLT), pelo Ministério Públi-
co do Trabalho em caso de greve em atividade essencial, com
possibilidade de lesão do interesse público (art. 8º da lei
7.783/89), e pelas empresas.
Como diz o caput do artigo 1º da lei 7.701/88, os dis-
sídios coletivos são de natureza econômica ou jurídica, o pri-
meiro para instituição de normas e condições de trabalho, e o
segundo para interpretação de cláusulas de sentenças normati-
vas, de instrumentos de negociação coletiva, acordos e conven-
ções coletivas, de disposições legais particulares de categoria
profissional ou econômica e de atos normativos. Não se presta
o dissídio coletivo de natureza jurídica à interpretação de nor-
mas de caráter genérico (OJ-SDC-7-TST).
O regimento interno do Tribunal Superior do Trabalho
(art. 241) classifica os dissídios coletivos como de natureza
econômica; jurídica; originários, quando inexistentes ou em vi-

230
gor normas e condições especiais de trabalho, decretadas em
sentença normativa; de revisão, quando destinados a reavaliar
normas e condições coletivas de trabalho preexistentes que se
tornarem injustas ou ineficazes pela modificação das circuns-
tâncias que as ditaram; e de declaração sobre a paralisação do
trabalho decorrente de greve. O dissídio coletivo de natureza
jurídica tem por finalidade exclusiva proceder à interpretação
de instrumentos de negociação coletiva e enunciados normati-
vos, destinados a regular, de forma particular e específica, os
interesses da categoria profissional ou econômica (TST-ROT-
10481- 18.2020.5.03.000, SDC, rel. Min. Guilherme Augusto
Caputo Bastos, 12/4/2021 – Informativo TST nº 235).
Portanto, o objeto do dissídio coletivo é a determina-
ção judicial das condições de trabalho que não puderam ser ob-
tidas por meio de acordo coletivo (art. 611 da CLT), podendo
versar sobre as matérias elencadas no artigo 611-A da Consoli-
dação das Leis do Trabalho e demais matérias não reguladas
por lei formal, desde que respeitados os direitos previstos no
artigo 7º da Constituição Federal de 1988. As matérias elenca-
das no artigo 611-B da Consolidação não podem ser objeto de
acordo coletivo e consequentemente de dissídio coletivo.

231
As pessoas jurídicas de direito público estão submeti-
das às regras da administração pública, nos aspectos patrimoni-
al, orçamentário e financeiro, consoante as diretrizes dos arti-
gos 37 a 41 e 163 a 169 da Constituição Federal de 1988. Nes-
se contexto, não reconhecia aos servidores públicos o direito a
celebrar acordos e convenções coletivas de trabalho, e de ajui-
zar dissídios coletivos. Ocorre que o posicionamento atual e
majoritário do Tribunal Superior do Trabalho (OJ-SDC-5) é o
de que a restrição limita-se à apreciação de cláusulas de conte-
údo econômico, de modo a admitir o ajuizamento de dissídio
coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natu-
reza social que não acarretem encargos financeiros diretos.
Recusando-se qualquer das partes à negociação coleti-
va ou à arbitragem, é facultado às mesmas ajuizar dissídio co-
letivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho
decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anterior-
mente (art. 114, § 2º, da CRFB/88). O § 4º, do artigo 617 da
Consolidação das Leis do Trabalho diz que nenhum processo
de dissídio coletivo de natureza econômica será admitido sem
antes se esgotarem as medidas relativas à formalização da Con-
venção ou Acordo correspondente, de modo que a tentativa de

232
negociação prévia é pressuposto processual objetivo do dissí-
dio coletivo, sem o qual se impõe a extinção do processo sem
resolução do mérito (TST-RODC-54600-42.2004.5.06.0000,
SDC, Min. JOÃO ORESTE DALAZEN, DJ 26/10/2007).
O Supremo Tribunal Federal afirmou a constituciona-
lidade da previsão de “comum acordo” entre as partes como re-
quisito para a formalização de dissídio coletivo de natureza
econômica, versada no § 2º do artigo 114 da Constituição Fe-
deral de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004, considerado o disposto nos artigos 5º, incisos
XXXV e XXXVI, e 60, § 4º, todos da Constituição. No Recur-
so extraordinário 1.002.295/RJ (Min. p/acórdão ALEXANDRE
DE MORAES, julgado em 22/09/20, DJe 13/10/20) foi fixada
a tese de repercussão geral (Tema 841) de que “é constitucional
a exigência de comum acordo entre as partes para ajuizamento
de dissídio coletivo de natureza econômica, conforme o artigo
114, § 2º, da Constituição Federal, na redação dada pela Emen-
da Constitucional 45/2004”.
Em vez de ajuizar o dissídio coletivo diretamente as
partes podem solicitar ao Tribunal Superior do Trabalho a reali-
zação de mediação judicial pré-processual (ATO 168/TST). O
pedido de mediação, formulado antes da instauração do dissí-

233
dio coletivo, será dirigido à Vice-Presidência do Tribunal Supe-
rior do Trabalho, que marcará audiência para composição vo-
luntária do conflito (art. 240, caput, e § 3º, do RITST).
Havendo convenção, acordo ou sentença normativa
em vigor, o dissídio coletivo deverá ser instaurado dentro dos
60 (sessenta) dias anteriores ao respectivo termo final, para que
o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse
termo (art. 616, § 3º, da CLT). Na impossibilidade real de en-
cerramento da negociação coletiva em curso antes do termo fi-
nal a que se refere o artigo 616, § 3º, da CLT, a entidade inte-
ressada poderá formular protesto judicial em petição escrita
(art. 726, § 2º, do CPC), dirigida ao Presidente do Tribunal, a
fim de preservar a data-base da categoria. Deferida a medida, a
representação coletiva deverá ser ajuizada no prazo máximo de
30 (trinta) dias úteis, contados da intimação, sob pena de perda
da eficácia do protesto (art. 240, §§ 2º e 3º, do RITST).
A Consolidação das Leis do Trabalho (art. 856 e 857)
determina que o dissídio coletivo seja instaurado mediante peti-
ção inicial escrita dirigida ao Presidente do Tribunal competen-
te, por iniciativa dos sindicatos, das empresas (art. 616, § 2º da
CLT) e do Ministério Público do Trabalho, quando ocorrer sus-

234
pensão do trabalho em razão do exercício do direito de greve
(art. 114, § 3º da CRFB/88 e art. 8º da lei 7.783/89).
Quando não houver sindicato representativo da cate-
goria econômica ou profissional, poderá o dissídio coletivo ser
instaurado pelas federações correspondentes (art. 534 da CLT)
e, na falta destas, pelas confederações respectivas (art. 535 da
CLT), no âmbito de sua representação, e no caso destas associ-
ações não assumirem a direção da negociação as partes interes-
sadas poderão instaurar o dissídio (art. 617, § 1º, da CLT).
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no
sentido de reconhecer ampla legitimidade extraordinária dos
sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coleti-
vos ou individuais dos integrantes da categoria que represen-
tam, inclusive nas liquidações e execuções de sentença, inde-
pendentemente de autorização dos substituídos. [RE 883.642
RG, rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, DJe de
26/6/2015, Tema 823).
A comprovação da legitimidade ad processum da enti-
dade sindical se faz por seu registro no órgão competente do
Ministério do Trabalho, mesmo após a promulgação da Consti-
tuição Federal de 1988 (OJ-SDC-15-TST). Como disposto no
inciso I, do artigo 8º, da Constituição Federal de 1988, a lei não

235
poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindi-
cato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao
Poder Público a interferência e a intervenção na organização
sindical, de modo que incumbe ao Ministério do Trabalho pro-
ceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observân-
cia do princípio da unicidade inscrito no inciso II, do artigo 8º
da CRFB/88 (súmula 677 do STF).
A legitimidade da entidade sindical para a instauração
da instância contra determinada empresa está condicionada à
prévia autorização dos trabalhadores da suscitada diretamente
envolvidos no conflito (OJ-SDC-19 -TST). A representação dos
sindicatos para instauração do dissídio fica subordinada à apro-
vação em assembleia comprovada pela ata de reunião, da qual
participem os associados interessados na solução do dissídio
coletivo, em primeira convocação, por maioria de 2/3 (dois ter-
ços) dos mesmos, ou, em segunda convocação, por 2/3 (dois
terços) dos presentes (art. 859 da CLT). A ata da assembleia de
trabalhadores que legitima a atuação da entidade sindical res-
pectiva em favor de seus interesses deve registrar, obrigatoria-
mente, a pauta reivindicatória, produto da vontade expressa da
categoria (OJ-SDC-8 -TST).

236
É necessária a correspondência entre as atividades
exercidas pelos setores profissional e econômico (art. 570 da
CLT), a fim de legitimar os envolvidos no conflito a ser soluci-
onado pela via do dissídio coletivo (OJ-SDC-22 do TST).
Nos dissídios coletivos de competência dos Tribunais
Regionais do Trabalho é facultada aos interessados a assistên-
cia por advogado, e nos dissídios coletivos de competência ori-
ginária do Tribunal Superior do Trabalho é obrigatória a repre-
sentação das partes por advogado regularmente constituído (sú-
mula 425 do TST), de modo que a petição inicial deve vir
acompanhada do instrumento de procuração.
Nos termos do artigo 858 da Consolidação das Leis do
Trabalho a petição inicial será apresentada em tantas vias quan-
tos forem os reclamados para instruir a notificação (art. 860 da
CLT) e deverá conter: a) a designação e qualificação dos recla-
mantes e dos reclamados, com a indicação da delimitação terri-
torial de representação das entidades sindicais (art. 517 da
CLT), bem como das categorias profissionais e econômicas en-
volvidas no dissídio coletivo (art. 516 da CLT); b) a natureza
do estabelecimento ou do serviço, para verificação do enqua-
dramento sindical (art. 570 da CLT); c) os motivos do dissídio,
compreendendo as alterações nas condições de trabalho no

237
caso de dissídio de natureza econômica; d) e as bases da conci-
liação, com as propostas e reivindicações de forma clausulada
(OJ-SDC-32/TST).
O edital de convocação da categoria e a respectiva ata
da assembleia geral (art. 524, al. e, da CLT), com a pauta de
reivindicações, constituem peças essenciais à instauração do
processo de dissídio coletivo (OJ-SDC-8 e 29 do TST). O esta-
tuto do sindicato também deve instruir a petição inicial (art.
518, § 1º, da CLT).
Distribuída e autuada a petição inicial do dissídio co-
letivo, com os documentos essenciais, os autos serão conclusos
ao Presidente, que verificará a observância dos requisitos le-
gais. A distribuição pode ser eletrônica, na forma da lei
11.419/06, hipótese em que é desnecessária a autuação. Consta-
tado que a petição inicial não reúne os requisitos exigidos ou
que apresenta defeitos ou irregularidades capazes de dificultar
a sua apreciação, ou, ainda, se estiver desacompanhada dos do-
cumentos necessários, será determinado ao suscitante que a
emende ou a complete, no prazo máximo de 15 (quinze) dias,
na forma do artigo 321 do Código de Processo Civil. Não cum-
prida a diligência determinada, o Presidente extinguirá o pro-
cesso mediante o indeferimento da petição inicial, cabendo

238
desta decisão agravo regimental para a Seção Especializada em
Dissídios Coletivos. A petição inicial também poderá ser inde-
ferida liminarmente nas hipóteses do artigo 330 do Código de
Processo Civil.
O suscitante pode aditar ou alterar o pedido ou a causa
de pedir sem o consentimento do suscitado até a sua notifica-
ção (art. 329 do CPC). Até o oferecimento da defesa pelo sus-
citado em audiência poderá o suscitante desistir da ação, inde-
pendentemente de consentimento, hipótese em que o processo
será extinto sem resolução do mérito (art. 485, inc. VIII, e §§ 4º
e 5º, do CPC).
Verificado que a petição inicial e os documentos aten-
dem aos requisitos legais, será designada audiência de concilia-
ção e julgamento, notificando-se o suscitado, na forma do arti-
go 841 da Consolidação das Leis do Trabalho.
2. Audiência de conciliação e julgamento
Recebida a petição inicial será designada audiência de
conciliação e julgamento, com a notificação dos dissidentes
pelo correio na forma do artigo 841 da Consolidação das Leis
do Trabalho para comparecer ao ato, e com intimação do susci-
tante pela imprensa oficial (art. 860 da CLT).

239
O empregador pode ser representado na audiência pelo
gerente, ou por qualquer outro preposto que tenha conhecimen-
to do dissídio, ainda que não seja seu empregado (art. 843, § 3º,
da CLT), e por cujas declarações será sempre responsável (art.
861 da CLT). No dissídio coletivo não se operam os efeitos da
revelia do artigo 844 da Consolidação das Leis do Trabalho,
cabendo ao relator determinar as diligências necessárias para
decidir o conflito coletivo (TST-RO-5864-55.2015.5.15.0000,
SDC, Min. MARIA CRISTINA IRIGOYEN PEDUZZI, DEJT
17/06/2016).
Na audiência, comparecendo ambas as partes ou seus
representantes, o Presidente do Tribunal dará oportunidade para
as partes se pronunciarem sobre as bases da conciliação, de
modo que o suscitado apresentará proposta de solução amigá-
vel do dissídio, fundamentada nas circunstâncias fáticas e ju-
rídicas que recomendariam a sua adoção, ou deduzirá a sua de-
fesa, destacando, em relação às cláusulas que importem em ele-
vações salariais, as condições financeiras dos empregadores,
bem assim a situação econômica do respectivo setor de ativida-
de.
Ultrapassada a fase conciliatória, será distribuído o
processo para sorteio do relator, que o levará a julgamento na

240
Sessão Especializada em Dissídios Coletivos, órgão competen-
te para processar e julgar os dissídios coletivos no âmbito do
Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do
Trabalho (art. 2º, inc. I, al. a, e inc. II, al. a, da lei 7.701/88).
Na defesa, que pode se deduzida oralmente na audiên-
cia ou eletronicamente (art. 847 da CLT), o dissidente deverá
refutar as cláusulas das reivindicações, podendo apresentar re-
convenção na forma do artigo 343 do Código de Processo Ci-
vil.
O objetivo primordial da audiência nos dissídios cole-
tivos é alcançar a conciliação das partes que não foi possível de
se realizar extrajudicialmente, cabendo ao Presidente do Tribu-
nal envidar os esforços necessários para solucionar o dissídio
de forma consensual. Havendo acordo, o Presidente o submete-
rá à homologação do Tribunal na primeira sessão (art. 863 da
CLT), que abrangendo a totalidade ou parte das pretensões, tem
força de decisão irrecorrível para as partes.
Quando o dissídio ocorrer fora da sede do Tribunal,
poderá o Presidente delegar a juiz titular da Vara do Trabalho,
que aí tenha jurisdição, as atribuições relativas à fase concilia-
tória. Não havendo acordo, a autoridade delegada encaminhará
os autos ao Tribunal com as informações que tiver a respeito

241
das causas do dissídio, indicando, quando possível, a solução
que lhe parecer conveniente (art. 866 da CLT).
No caso de não serem aceitas as bases propostas para
a conciliação, o relator que presidir a audiência apresentará a
solução que lhe parecer adequada para resolver o dissídio. Em
caso de não ser alcançada a composição amigável do conflito,
serão determinadas as diligências necessárias à instrução do
feito, aplicando-se as regras dos artigos 818 a 830 da Consoli-
dação das Leis do Trabalho.
Como explica IVES GANDRA DA SILVA MARTINS
FILHO “no dissídio coletivo, guardadas as devidas proporções
e parâmetros específicos, tais meios também são admissíveis,
visando demonstrar basicamente duas espécies de fatos: a) Nos
dissídios de natureza econômica suscitados pela categoria pro-
fissional, as condições de trabalho vivenciadas, para que o Tri-
bunal possa regulá-las convenientemente, criando norma que se
amolde tanto à realidade laboral dos empregados, quanto à situ-
ação financeira das empresas e econômica do setor produtivo; e
b) Nos dissídios de greve suscitados pela categoria econômica,
as circunstâncias nas quais se desenrolou o movimento paredis-
ta, se com observância, ou não, dos ditames da lei de greve.

242
Para a primeira espécie de fatos, os meios mais aptos
são geralmente os documentos e perícias, no sentido de descre-
ver as características do trabalho num determinado setor produ-
tivo ou a situação econômica e financeira do mesmo. Assim,
produtividade, lucratividade, adiantamentos recebidos, são da-
dos técnicos que dependem, muitas vezes, de levantamentos es-
tatísticos de órgãos oficiais ou de peritos.
Também pode se valer o magistrado instrutor de de-
poimentos em audiência, para esclarecimento de terminologia
específica de determinado ramo laboral, bem como de inspeção
judicial para verificar pessoalmente, formando sua convicção,
sobre as condições reais de trabalho, mormente em relação a
profissões que não são do conhecimento comum das pessoas.
Para a segunda espécie de fatos - aqueles ocorridos
durante a greve e que servirão para caracterizá-la, ou não,
como abusiva -, possível será a tomada de depoimento dos re-
presentantes das partes (e já não dos advogados), para se saber
sobre o cumprimento dos dispositivos legais pertinentes ao avi-
so prévio sobre a paralisação e sobre as tratativas concernentes
à manutenção de um mínimo de serviços em funcionamento.
Também a inquirição de testemunhas poderá ser oportuna, no
sentido de se apurar as condições pacíficas ou belicosas nas

243
quais o movimento paredista se desenvolveu. Aqui também a
prova documental será pertinente, referente à correspondência
entre sindicato e empresa a respeito do aviso de deflagração de
greve e sobre os empregados que estarão disponíveis para o
atendimento das necessidades inadiáveis da sociedade e da em-
presa, no que concerne à manutenção de suas instalações” (O
dissídio coletivo e suas fases procedimentais, Rev. TST, Brasí-
lia, 63, 122-135, 1994).
Nos processos de dissídio coletivo, o Ministério Públi-
co emitirá parecer escrito ou oral, na audiência ou sessão de
julgamento (art. 11 da lei 7.701/88).
Para julgamento, o processo será incluído em pauta
preferencial, se for caso de urgência, sobretudo na ocorrência
ou iminência de paralisação do trabalho. Na hipótese de greve
em serviços ou atividades essenciais, poderá o Presidente do
Tribunal, justificando a urgência, dispensar a inclusão do pro-
cesso em pauta, convocar sessão para julgamento do dissídio
coletivo, notificando as partes, por meio de seus patronos, e ci-
entificando o Ministério Público, tudo com antecedência de,
pelo menos, 12 (doze) horas (art. 242 do RITST).
No caso de paralisação do trabalho em decorrência de
greve em serviço ou atividades essenciais, o Presidente do Tri-

244
bunal poderá expedir tutela provisória dispondo sobre o atendi-
mento das necessidades inadiáveis da comunidade. O colegiado
competente, apreciando a paralisação do trabalho, pronunciar-
se-á sobre a qualificação jurídica da greve (OJ-SDC-38/TST),
se abusiva ou não, e suas consequências (art. 8º, da lei
7.783/89).
A apreciação do dissídio far-se-á cláusula a cláusula,
podendo a Seção Especializada em Dissídios Coletivos, antes
da proclamação final do julgamento, na mesma sessão, e tendo
em vista o total dos pedidos examinados, rever a solução pro-
posta, de modo que a sentença normativa traduza, no seu con-
junto, a justa composição do dissídio coletivo e guarde adequa-
ção com o interesse da coletividade.
Os trâmites da audiência serão resumidos em ata, da
qual constará, na íntegra, a decisão (art. 851 da CLT). Da deci-
são do Tribunal, que deverá conter os requisitos do artigo 832
da Consolidação e do artigo 489 do Código de Processo Civil,
serão notificadas, pelo correio ou de forma eletrônica, as partes
ou seus representantes, com a sua publicação no jornal oficial,
para ciência dos demais interessados (art. 867, caput, da CLT).
Ao julgar ou homologar ação coletiva ou acordo nela
havido, a Justiça do Trabalho exerce o poder normativo consti-

245
tucional, não podendo criar ou homologar condições de traba-
lho que o Supremo Tribunal Federal julgue iterativamente in-
constitucionais (súmula 190 do TST).
Como explica IVANI CONTINI BRAMANTE e
MARTA CASADEI MOMEZZO (sentença condenatória em
dissídio coletivo, in JusLaboris, dez. 1996), a decisão proferida
no dissídio coletivo pode ser classificada da seguinte forma:
“a) sentença constitutiva: proferida em dissídio coleti-
vo de natureza econômica para criação ou modificação de nor-
mas e condições de trabalho;
b) sentença declaratória, na qual se busca a interpreta-
ção de cláusula já existente, para que o verdadeiro sentido e
abrangência da mesma seja esclarecida, de forma a regular com
maior precisão as relações trabalhistas numa dada categoria.
Como declaratória, também, estaria incluída a sentença de qua-
lificação jurídica da greve (abusiva ou não abusiva);
c) sentença condenatória: proferida em dissídios cole-
tivos decorrentes de descumprimento de norma já estabelecida.
Como toda sentença condenatória, também, teria cunho decla-
ratório, na medida em que declararia o descumprimento da nor-
ma preexistente. Entretanto, estaria adicionado o caráter conde-
natório para a solução do conflito”.

246
Das decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho
proferidas nos dissídios coletivos pode ser interposto o recurso
de embargos de declaração (art. 897-A da CLT), e o recurso or-
dinário para o Tribunal Superior do Trabalho, no prazo de 8
dias (art. 895, inc. II, da CLT), que se inicia com o recebimento
da notificação postal. No caso da competência originária ser do
Tribunal Superior do Trabalho, dado o âmbito nacional do con-
flito, podem ser interpostos os embargos de declaração (art.
897-A da CLT), e os embargos infringentes quando a decisão
não for unânime (art. 894, inc. I, al. a, da CLT). Das decisões
proferidas em dissídio coletivo que afete empresa de serviço
público poderão recorrer, além dos interessados, o Ministério
Público do Trabalho (art. 898 da CLT).
A sentença/acórdão normativa vigorará a partir da data
de sua publicação, quando ajuizado o dissídio após o prazo do
artigo 616, § 3º da Consolidação, ou, quando não existir acor-
do, convenção ou sentença normativa em vigor, da data do ajui-
zamento; e a partir do dia imediato ao termo final de vigência
do acordo, convenção ou sentença normativa, quando ajuizado
o dissídio no prazo do artigo 616, § 3º.
Como assentado no Precedente Normativo 120 do Tri-
bunal Superior do Trabalho a sentença normativa vigora, desde

247
seu termo inicial até que sentença normativa, convenção coleti-
va de trabalho ou acordo coletivo de trabalho superveniente
produza sua revogação, expressa ou tácita, respeitado, porém, o
prazo máximo legal de quatro anos de vigência (art. 868, pa-
rágrafo único, da CLT).
3. Extensão da decisão
Em caso de dissídio coletivo que tenha por motivo no-
vas condições de trabalho e no qual figure como parte apenas
uma parte dos trabalhadores de um empregador, poderá o Tri-
bunal competente, na própria decisão, estender tais condições
de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais trabalha-
dores do empregador que forem da mesma categoria profissio-
nal dos dissidentes, fixando a data em que a decisão deve entrar
em vigor (art. 871 da CLT), bem como o prazo de sua vigência,
o qual não poderá ser superior a 4 (quatro) anos (art. 868 da
CLT). A extensão se justifica para uniformizar as condições de
trabalho entre trabalhadores do mesmo empregador.
A extensão é cabível para abranger os empregados não
representados pelos sindicatos suscitantes, tendo em conta que
a representação sindical abrange toda a categoria, não compor-
tando separação fundada na maior ou menor dimensão de cada
ramo ou empresa (OJ-SDC-23-TST).

248
Como consolidado na OJ-SDC-02/TST é inviável
aplicar condições constantes de acordo homologado nos autos
de dissídio coletivo, extensivamente, às partes que não o subs-
creveram, exceto se observado o procedimento previsto no arti-
go 868 e seguintes, da CLT. Portanto, no caso de decisão ho-
mologatória de acordo judicial em dissídio coletivo, no qual fo-
ram estipuladas novas condições de trabalho, pode haver a ex-
tensão do que foi objeto de acordo desde que observadas as
exigências para a extensão da sentença normativa (TST-
RODC-2042000-97.2003.5.02.0000, SDC, Min. JOÃO ORES-
TE DALAZEN, DJ 09/11/2007).
A decisão sobre novas condições de trabalho poderá
também ser estendida a todos os trabalhadores da mesma cate-
goria profissional compreendida na jurisdição do Tribunal: a)
por solicitação de 1 (um) ou mais empregadores, ou de qual-
quer sindicato destes; b) por solicitação de 1 (um) ou mais sin-
dicatos de empregados; c) de ofício, pelo Tribunal que houver
proferido a decisão; e d) por solicitação do Ministério Público
do Trabalho (art. 869 da CLT).
Nos termos do artigo 870 da Consolidação das Leis do
Trabalho para que a decisão possa ser estendida, é preciso que
3/4 (três quartos) dos empregadores e 3/4 (três quartos) dos

249
empregados, ou os respectivos sindicatos, concordem com a
extensão da decisão. O Tribunal competente marcará prazo,
não inferior a 30 (trinta) nem superior a 60 (sessenta) dias, a
fim de que se manifestem os interessados. Ouvidos os interes-
sados e o Ministério Público do Trabalho, será o processo sub-
metido ao julgamento do Tribunal.
Portanto, a extensão da sentença normativa opera uma
ampliação subjetiva no dissídio coletivo, de modo a abarcar to-
dos os trabalhadores do empregador que exerçam a mesma pro-
fissão, e a ampliação para abarcar toda a categoria profissional
(art. 511 da CLT) nos limites da jurisdição do Tribunal, desde
que seja obtido o quorum de aprovação da extensão.
4. Cumprimento da decisão
Celebrado o acordo, ou transitada em julgado a deci-
são proferida no dissídio coletivo, seguir-se-á o seu cumpri-
mento (art. 872 da CLT) de acordo com a natureza da obriga-
ção estipulada para as partes, na forma do artigo 876 da Conso-
lidação das Leis do Trabalho, cabendo ao próprio Tribunal que
proferiu a decisão analisar a ação de cumprimento proposta
pelo sindicato, cuja legitimidade estende-se também à obser-
vância de acordo ou de convenção coletiva (súmula 286 do
TST).

250
Embora o artigo 872 da Consolidação das Leis do Tra-
balho exija o trânsito em julgado da decisão proferida em dissí-
dio coletivo para que se possa seguir com o seu cumprimento,
o Tribunal Superior do Trabalho fixou o entendimento (súmula
246) no sentido de admitir o cumprimento provisório, visto que
o recurso das decisões normativas possuem apenas efeito devo-
lutivo (art. 6º da lei 4.725/65 e art. 899 da CLT).
Como disposto na OJ-SDI1-188/TST ocorre a falta in-
teresse de agir para a ação individual, singular ou plúrima,
quando o direito já foi reconhecido através de decisão normati-
va, cabendo, no caso, ação de cumprimento, tendo em conta
que o titular do direito já possui título executivo judicial.
O prazo de prescrição do artigo 11 da Consolidação
das Leis do Trabalho com relação à ação de cumprimento de
decisão normativa flui apenas da data de seu trânsito em julga-
do (súmula 350 do TST).
Quando os empregadores deixarem de satisfazer o pa-
gamento de salários, na conformidade da decisão proferida, po-
derão os empregados ou seus sindicatos, independentes de ou-
torga de poderes de seus associados, juntando certidão da deci-
são, apresentar reclamação à Vara do Trabalho competente,
sendo vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de

251
direito já apreciada na decisão. Neste caso, é necessário o dissí-
dio individual para cobrança dos valores devidos em razão do
direito reconhecido na sentença normativa.
Os efeitos pecuniários das condições estipuladas no
dissídio coletivo devem ser objeto de reclamação trabalhista,
visto que o direito já esta reconhecido na sentença normativa.
5. Revisão da decisão
Decorrido mais de 1 (um) ano de sua vigência, caberá
revisão das decisões que fixarem condições de trabalho, quan-
do se tiverem modificado as circunstâncias que as ditaram, de
modo que tais condições tenham se tornado injustas ou inapli-
cáveis (art. 873 da CLT). Portanto, a coisa julgada material que
se limita ao mérito não impede a revisão da decisão quando
houver alteração no estado de fato e de direito nas condições de
trabalho (art. 505, inc. I, do CPC).
Deste modo, na petição inicial do dissídio coletivo de
revisão o legitimado deve indicar as causas modificativas que
justificam o pedido de revisão, indicando as cláusulas a serem
revistas, de modo que o objeto do dissídio pode ser a revisão
total ou parcial das cláusulas fixadas na sentença normativa.
A competência para o julgamento do dissídio coletivo
de revisão é do Tribunal que proferiu a decisão no dissídio co-

252
letivo (art. 875 da CLT), e pode ser promovida por iniciativa do
Ministério Público do Trabalho, das associações sindicais ou de
empregador ou empregadores interessados no cumprimento da
decisão (art. 874 da CLT). Quando a revisão for promovida por
iniciativa do Ministério Público, as associações sindicais e o
empregador ou empregadores interessados serão ouvidos no
prazo de 30 (trinta) dias. Quando promovida por uma das par-
tes interessadas, serão as outras ouvidas também por igual pra-
zo, bem como o Ministério Público.
Hipótese que justifica a revisão da decisão em dissídio
coletivo é a revisão da cláusula que estipula reajuste salarial
(art. 2º da lei 4.725/65), de forma a garantir o poder aquisitivo
dos empregados sem colocar em risco a atividade do emprega-
dor.

253
CAPÍTULO 6 – PROCESSO DE EXECUÇÃO
1. Disposições preliminares
O artigo 889 da Consolidação das Leis do Trabalho
dispõe que aos trâmites e incidentes do processo da execução
são aplicáveis, naquilo em que não forem incompatíveis, os
preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a
cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal,
atualmente a lei 6.830/80. O Código de Processo Civil aplica-
se subsidiariamente no caso de omissão na Consolidação e na
lei de execução fiscal (art. 769 da CLT).
O processo de execução tem cabimento para forçar o
cumprimento das decisões judiciais proferidas nos dissídios
trabalhistas e para execução forçada dos títulos executivos ex-
trajudiciais de natureza trabalhista, tendo cabimento a execução
provisória das decisões judicias pendentes de recurso sem efei-
to suspensivo, com aplicação subsidiaria dos artigos 520 a 522
do Código de Processo Civil, dispensada a caução do inciso IV
do artigo 520. Portanto, a execução deve fundar-se em título ju-
dicial ou extrajudicial, de obrigação certa, líquida e exigível.
Conforme determina o artigo 876 da Consolidação das
Leis do Trabalho são títulos executivos judiciais as decisões
proferidas nos dissídios trabalhistas transitadas em julgado e as

254
impugnadas por recurso sem efeito suspensivo, enquadrando-se
as decisões que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa, a de-
cisão homologatória de autocomposição judicial, a decisão ho-
mologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natu-
reza (art. 855-D da CLT), e a sentença arbitral (art. 31 da lei
9.307/96 e art. 507-A da CLT).
A decisão judicial transitada em julgado poderá ser le-
vada a protesto (art. 1º da lei 9.492/97) pelo exequente, na for-
ma do artigo 517 do Código de Processo Civil; poderá gerar a
inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao
crédito ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas
(BNDT), depois de transcorrido o prazo de 45 (quarenta e cin-
co) dias a contar da citação do executado (art. 880 da CLT), se
não houver garantia do juízo (art. 883-A da CLT), para garantir
a efetividade das decisões que tenham força de título executivo
judicial e o cumprimento pelo devedor após o decurso do prazo
para o pagamento voluntário, como alternativa aos atos de
constrição judicial ou em conjunto com eles, para forçar o pa-
gamento.
O artigo 642-A da Consolidação instituiu a Certidão
Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), expedida gratuita e

255
eletronicamente, para comprovar a inexistência de débitos ina-
dimplidos perante a Justiça do Trabalho, de modo que o inte-
ressado não obterá a certidão quando em seu nome constar: o
inadimplemento de obrigações estabelecidas em sentença con-
denatória transitada em julgado proferida pela Justiça do Traba-
lho ou em acordos judiciais trabalhistas, inclusive no concer-
nente aos recolhimentos previdenciários, aos honorários, as
custas, a emolumentos ou a recolhimentos determinados em
lei; ou o inadimplemento de obrigações decorrentes de execu-
ção de acordos firmados perante o Ministério Público do Tra-
balho ou Comissão de Conciliação Prévia.
Verificada a existência de débitos garantidos por pe-
nhora suficiente ou com exigibilidade suspensa, será expedida
Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas em nome do interes-
sado com os mesmos efeitos da CNDT, que certificará a empre-
sa em relação a todos os seus estabelecimentos, agências e fili-
ais, com prazo de validade de 180 (cento e oitenta) dias, conta-
do da data de sua emissão.
Para expedição da CNDT, foi criado o Banco Nacional
de Devedores Trabalhistas - BNDT, centralizado no Tribunal
Superior do Trabalho, a partir de informações remetidas por to-
dos os Tribunais Regionais do Trabalho, constando as pessoas

256
físicas e jurídicas que são devedoras inadimplentes em proces-
so de execução trabalhista definitiva.
A lei 8.666/93, alterada pela lei nº 12.440/2011, exige
do interessado em participar de processo licitatório a prova de
sua regularidade trabalhista (art. 27, IV), a ser feita por meio da
apresentação, dentre outros documentos, da CNDT atestando a
inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Tra-
balho (art. 29, V).
São títulos executivos extrajudiciais os termos de con-
ciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia
(art. 625-E da CLT), os termos de ajuste de conduta firmados
perante o Ministério Público do Trabalho (art. 83, inc. III e art.
84, inc. II, da LC 75/93 c/c art. 5º, § 6º, da lei 7.347/85), os
acordos extrajudiciais de natureza trabalhista (art. 477 e 484-A
da CLT), e os títulos de créditos representativos de direitos tra-
balhistas, como o cheque e a nota promissória. A existência de
título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pela
reclamação trabalhista, a fim de obter título executivo judicial
(art. 785 do CPC).
A execução fundada em título executivo extrajudicial
pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação
certa, líquida e exigível, não retirando a liquidez da obrigação

257
constante do título a mera necessidade de simples operações
aritméticas para apurar o crédito exequendo (art. 786 do CPC).
Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão
mediante a contraprestação do credor, este deverá provar que a
adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do pro-
cesso (art. 787 do CPC).
É competente para a execução das decisões o Juiz que
decidiu a causa ou o Tribunal que homologou a conciliação ou
julgou originariamente o dissídio trabalhista (art. 877 da CLT).
Para a execução de título executivo extrajudicial é competente
o juiz que teria competência para o processo de conhecimento
relativo à matéria (art. 651 da CLT).
Nos termos do artigo 878 da Consolidação das Leis do
Trabalho a execução de título executivo judicial deve ser pro-
movida pelo exequente, permitida a execução de ofício pelo
juiz ou pelo Tribunal nos casos em que o exequente não estiver
representado por advogado, e nos casos das contribuições soci-
ais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do
artigo 195 da Constituição Federal de 1988, e seus acréscimos
legais, relativas ao objeto da condenação constante das senten-
ças que proferir e dos acordos que homologar.

258
Como consolidado na súmula vinculante 53 do Supre-
mo Tribunal Federal a competência da Justiça do Trabalho (art.
114, VIII, da CRFB/88) alcança somente a execução das con-
tribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação
constante das sentenças que proferir, não abrangida a execução
de contribuições previdenciárias atinentes ao vínculo de traba-
lho reconhecido na decisão, mas sem condenação ou acordo
quanto ao pagamento das verbas salariais que lhe possam servir
como base de cálculo.
É Facultado ao devedor o pagamento imediato da par-
te que entender devida à Previdência Social, sem prejuízo da
cobrança de eventuais diferenças encontradas na execução de
ofício (art. 878-A da CLT). O recolhimento das importâncias
devidas, referentes às contribuições sociais, devem ser feitos de
acordo com o artigo 889-A da Consolidação das Leis do Traba-
lho.
Pode promover a execução fundada em título executi-
vo extrajudicial o credor a quem a lei confere título executivo,
podendo promover a execução ou nela prosseguir, em sucessão
ao exequente originário o Ministério Público, nos casos previs-
tos em lei; o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor,

259
sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito re-
sultante do título executivo (art. 778 do CPC).
A execução fundada em título executivo extrajudicial
pode ser intentada contra o devedor, reconhecido como tal no
título executivo; o espólio, os herdeiros ou os sucessores do de-
vedor; a massa falida (art. 6º, § 2º da lei 11.101/05); o respon-
sável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica
(art. 855-A da CLT); e os sucessores a qualquer título (art. 4º da
lei 6.830/80 c/c art. 779 do CPC).
Na execução promovida contra a massa falida ou con-
tra o empregador em recuperação judicial, o juízo trabalhista
não pode praticar atos de alienação ou disponibilização do ati-
vo, de competência do juízo universal da falência, inclusive
quanto aos bens do responsável no caso de desconsideração da
personalidade jurídica também decretada pelo juízo falimentar
(STJ, CC 125589/MG, 2ª Seção, Min. LUIS FELIPE SALO-
MÃO, DJe 14/10/2013).
A execução definitiva fundada em título executivo ju-
dicial deve ser instaurada pelo exequente por meio de petição
dirigida ao juízo que proferiu a decisão exequenda, contendo a
qualificação das partes, o pedido com o seu valor e a indicação
de bens passíveis de penhora, quando possível, e instruída com

260
o demonstrativo discriminado e atualizado do crédito quando
se tratar de execução de quantia certa (art. 6º da lei 6.830/80
c/c art. 524 do CPC). Quando a elaboração do demonstrativo
depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o
juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobe-
diência (art. 524, § 3º, do CPC).
A execução fundada em título executivo extrajudicial
deve ser instaurada por petição inicial dirigida ao juízo compe-
tente (art. 651 da CLT), com a qualificação das partes e a espe-
cificação do pedido com o seu valor, sendo necessariamente
instruída com o título executivo e com o demonstrativo do
débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se
tratar de execução por quantia certa (art. 6º da lei 6.830/80 c/c
art. 798 do CPC).
Verificando que a petição inicial está incompleta ou
que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à
propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a
corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimen-
to (art. 801 do CPC).
Na execução o exequente pode requerer a desconside-
ração da personalidade jurídica do devedor para tornar respon-
sável os sócios, quando presentes os requisitos do artigo 50 do

261
Código Civil (art. 855-A da CLT c/c art. 133 a 137, art. 792 §3º
e art. 794, § 4º do CPC). Da decisão que acolhe ou rejeita o in-
cidente cabe o recurso de agravo de petição (art. 855-A, § 1º,
inc. II, e art. 897, al. a, da CLT).
Na execução de prestações sucessivas por tempo de-
terminado, a execução pelo não-pagamento de uma prestação
compreenderá as que lhe sucederem (art. 891 da CLT), e tra-
tando-se de prestações sucessivas por tempo indeterminado, a
execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até
a data do ingresso na execução (art. 892 da CLT). Portanto, as-
sim como ocorre na execução de alimentos do Código de Pro-
cesso Civil (arts. 528 a 533 e arts. 911 a 913), na execução de
prestações sucessivas, o juiz do trabalho mandará citar o execu-
tado para efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início
da execução e das que se vencerem no seu curso. Evidentemen-
te que este tipo de execução ocorre quando o contrato de traba-
lho ainda não estiver extinto.
No processo de execução são devidas custas, sempre
de responsabilidade do executado e pagas ao final, na forma do
artigo 789-A da Consolidação.
O exequente tem o direito de desistir de toda a execu-
ção ou de apenas alguma medida executiva. Na hipótese de de-

262
sistência da execução, serão extintos os embargos que versarem
apenas sobre questões processuais, pagando o exequente os ho-
norários advocatícios (art. 791-A da CLT); e nos demais casos,
a extinção dependerá da concordância do embargante (art. 775
do CPC).
1.1. Liquidação de sentença
Sendo ilíquida a decisão judicial exequenda, é neces-
sário que se proceda a sua liquidação (art. 879 da CLT), a re-
querimento do credor ou do devedor, que poderá ser feita por
cálculo, quando a apuração do valor não for possível apenas
por cálculo aritmético; por arbitramento, quando determinado
na sentença ou exigido pela natureza do objeto da liquidação;
ou por artigos, quando houver necessidade de alegação e prova
de fato novo. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das
contribuições previdenciárias devidas (art. 43 da lei 8.212/91).
Aplica-se ao processo de liquidação trabalhista as dis-
posições dos artigos 509 a 512 do Código de Processo Civil,
nos casos omissos da Consolidação, tendo em conta que a lei
6.830/80 não prevê a figura da liquidação por se tratar de pro-
cesso de execução fundado em título extrajudicial, a certidão
da dívida ativa.

263
A liquidação poderá ser realizada na pendência de re-
curso, para possibilitar a execução provisória, processando-se
em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidan-
te instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinen-
tes (art. 512 do CPC).
Na liquidação por arbitramento todos os fatos necessá-
rios para a apuração do valor da condenação estão nos autos do
processo, bastando a apuração por meio de cálculos que de-
mandem conhecimentos técnicos como as avaliações por perito
se necessário. Na liquidação por artigos a apuração do valor da
condenação depende da alegação e prova de fato novo, assim
entendidos os supervenientes a sentença.
Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o
juiz poderá nomear perito para a elaboração e fixará, depois da
conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários com
observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e pro-
porcionalidade (art. 790-B, da CLT).
Na liquidação, não é possível modificar ou inovar a
sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa
principal, em razão dos efeitos da coisa julgada. Entretanto, a
liquidação da sentença, em casos especialíssimos, pode ser al-
terada, sem que haja ofensa a coisa julgada, quando a forma de

264
liquidação apresentar-se imprópria, possibilitando o enriqueci-
mento indevido da parte vencedora (súmula 344 do STJ).
No julgamento conjunto da ACD nº 58, ADC nº 59,
ADI nº 5.867 e ADI nº 6.021, o Supremo Tribunal Federal (Ple-
nário, 18.12.2020 - Sessão realizada por videoconferência - Re-
solução 672/2020/STF) firmou que à atualização dos créditos
decorrentes de condenação judicial na Justiça do Trabalho “de-
verão ser aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os
mesmos índices de correção monetária e de juros vigentes
para as hipóteses de condenações cíveis em geral, quais sejam
a incidência do ICPA-E na fase pré-judicial e, a partir da cita-
ção, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil)”.
Nessa oportunidade, decidiu-se, também, quanto à modulação
dos efeitos da decisão, nos seguintes termos: “(i) são reputa-
dos válidos e não ensejarão qualquer rediscussão (na ação em
curso ou em nova demanda, incluindo ação rescisória) todos
os pagamentos realizados utilizando a TR (IPCA-E ou qual-
quer outro índice), no tempo e modo oportunos (de forma ex-
trajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros
de mora de 1% ao mês, assim como devem ser mantidas e exe-
cutadas as sentenças transitadas em julgado que expressamen-
te adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR

265
(ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês; (ii) os pro-
cessos em curso que estejam sobrestados na fase de conheci-
mento (independentemente de estarem com ou sem sentença,
inclusive na fase recursal) devem ter aplicação, de forma re-
troativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena
de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado
em interpretação contrária ao posicionamento do STF (art.
525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC).” (TST-RR-
1836-79.2015.5.09.0010, 7ª Turma, rel. Min. CLÁUDIO MAS-
CARENHAS BRANDÃO, julgado em 3/3/2021 – Informativo
TST nº 233).
A atualização do crédito devido à Previdência Social
observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciá-
ria (art. 35 da lei 8.212/91 c/c art. 61 da lei 9.430/96). O Tribu-
nal Superior do Trabalho tem se posicionado no sentido de
afastar a aplicação da taxa Selic no cálculo das referidas contri-
buições, aplicando a TRD - taxa referencial diária (RR-74.900-
17.1996.5.04.0661, 1ª Turma, Min. HUGO CARLOS SCHEU-
ERMANN, DEJT 10/03/2017).

266
Como consolidado na súmula de jurisprudência 368
do Tribunal Superior do Trabalho:
“III – Os descontos previdenciários relativos à contri-
buição do empregado, no caso de ações trabalhistas, devem ser
calculados mês a mês, de conformidade com o art. 276, § 4º, do
Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991,
aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o li-
mite máximo do salário de contribuição.
IV - Considera-se fato gerador das contribuições pre-
videnciárias decorrentes de créditos trabalhistas reconhecidos
ou homologados em juízo, para os serviços prestados até
4.3.2009, inclusive, o efetivo pagamento das verbas, configu-
rando-se a mora a partir do dia dois do mês seguinte ao da li-
quidação (art. 276, “caput”, do Decreto nº 3.048/1999). Eficá-
cia não retroativa da alteração legislativa promovida pela Me-
dida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei
nº 11.941/2009, que deu nova redação ao art. 43 da Lei nº
8.212/91.
V - Para o labor realizado a partir de 5.3.2009, consi-
dera-se fato gerador das contribuições previdenciárias decor-
rentes de créditos trabalhistas reconhecidos ou homologados
em juízo a data da efetiva prestação dos serviços. Sobre as con-

267
tribuições previdenciárias não recolhidas a partir da prestação
dos serviços incidem juros de mora e, uma vez apurados os
créditos previdenciários, aplica-se multa a partir do exaurimen-
to do prazo de citação para pagamento, se descumprida a obri-
gação, observado o limite legal de 20% (art. 61, § 2º, da Lei nº
9.430/96).
VI – O imposto de renda decorrente de crédito do em-
pregado recebido acumuladamente deve ser calculado sobre o
montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de ta-
bela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de
meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes
da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebi-
mento ou crédito, nos termos do art. 12-A da Lei nº 7.713, de
22/12/1988, com a redação conferida pela Lei nº 13.149/2015,
observado o procedimento previsto nas Instruções Normativas
da Receita Federal do Brasil”.
As partes deverão ser intimadas para a apresentação
do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previden-
ciária incidente. Elaborada a conta pelos auxiliares da justiça,
como o contador judicial, e tornada líquida, o juízo deverá abrir
às partes prazo comum de 8 (oito) dias para impugnação funda-
mentada com a indicação dos itens e valores objeto da discor-

268
dância, sob pena de preclusão. A União Federal será intimada,
na pessoa do Advogado Público, para se manifestar, no prazo
de 10 (dez) dias, sobre os valores devidos a título de contribui-
ção social, podendo ser dispensada a sua manifestação a crité-
rio do Ministério da Fazenda (§ 5º, do artigo 879 da CLT).
A liquidação será julgada por sentença da qual não
cabe recurso de imediato, visto que somente nos embargos à
execução poderá o executado impugnar a sentença de liquida-
ção, cabendo ao exequente igual direito no mesmo prazo (§§ 3º
e 4º, do art. 884 da CLT).
2. Mandado de citação e penhora
Requerida a execução fundada em título executivo ju-
dicial, ou recebida a petição inicial da execução fundada em tí-
tulo executivo extrajudicial, o juiz ordenará a expedição do
mandado de citação que deverá conter a decisão exequenda ou
o termo de acordo, a ser cumprido pelo oficial de justiça no en-
dereço constante dos autos ou informado na inicial, a fim de
que cumpra a decisão ou acordo na forma convencionada.
O despacho do juiz do trabalho, ainda que proferido
por juízo incompetente, que ordenar a citação, interrompe a
prescrição (art. 8º, § 2º, da lei 6.830/80 e art. 802 do CPC), re-
troagindo à data da propositura da execução.

269
Quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive
das contribuições sociais, o mandado será expedido para que o
executado pague em 48 horas ou garanta a execução mediante
depósito da quantia correspondente, atualizada e acrescida das
despesas processuais, apresentação de seguro-garantia judicial
ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferenci-
al estabelecida no artigo 835 do Código de Processo Civil (art.
882 da CLT), sob pena de penhora.
O pagamento da importância reclamada poderá ser fei-
to perante o escrivão ou chefe de secretaria, do qual será lavra-
do termo de quitação, em 2 (duas) vias, assinadas pelo exe-
quente, pelo executado e pelo mesmo escrivão ou chefe de se-
cretaria, entregando-se a segunda via ao executado e juntando-
se a outra ao processo para comprovação do pagamento. Não
estando presente o exequente, poderá ser depositada a impor-
tância, mediante guia, em estabelecimento oficial de crédito ou,
em falta deste, em estabelecimento bancário idôneo (art. 881 da
CLT).
No prazo para embargos (art. 884, caput, da CLT), re-
conhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito
de 30% (trinta por cento) do valor em execução, acrescido de
custas, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pa-

270
gar de forma parcelada, na forma do artigo 916 do Código de
Processo Civil.
Se o executado, procurado por 2 (duas) vezes pelo ofi-
cial de justiça no espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for
encontrado, far-se-á citação por edital, publicado no jornal ofi-
cial ou, na falta deste, afixado na sede da Vara do Trabalho, du-
rante 5 (cinco) dias. Na hipótese de serem encontrados bens do
executado, o oficial de justiça poderá arrestá-los, na forma do
artigo 830 do Código de Processo Civil.
O exequente poderá obter certidão de que a execução
foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor
da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veí-
culos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indispo-
nibilidade, na forma do artigo 828 do Código de Processo Ci-
vil, prevenindo-se contra fraude à execução.
Não pagando o executado, nem garantindo a execu-
ção, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pa-
gamento da importância da condenação, exceto os considera-
dos como absolutamente impenhoráveis (art. 832 e 833 do
CPC, lei 8.009/90), acrescida de custas e juros de mora, sendo
estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for
ajuizada a reclamação inicial (art. 883 da CLT). Efetuar-se-á a

271
penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que sob a
posse, a detenção ou a guarda de terceiros (art. 845 e 846 do
CPC).
Isto porque, o devedor responde com todos os seus
bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obriga-
ções, salvo as restrições estabelecidas em lei (art. 789 do CPC),
de modo que estão sujeitos à execução os bens do sócio, nos
termos da lei, que pode arguir o benefício de ordem (art. 795
do CPC); do devedor, ainda que em poder de terceiros; do côn-
juge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou
de sua meação respondem pela dívida; alienados ou gravados
com ônus real em fraude à execução; cuja alienação ou grava-
ção com ônus real tenha sido anulada em razão do reconheci-
mento, em ação autônoma, de fraude contra credores; do res-
ponsável, nos casos de desconsideração da personalidade ju-
rídica (art. 790 do CPC).
O Supremo Tribunal Federal firmou tese jurídica
(ADPF nº 588/PB, relator Min. ROBERTO BARROSO, julga-
mento virtual finalizado em 26/4/2021 – Informativo STF
1.014) no sentido de que “os recursos públicos vinculados ao
orçamento de estatais prestadoras de serviço público essencial,
em regime não concorrencial e sem intuito lucrativo primário

272
não podem ser bloqueados ou sequestrados por decisão judicial
para pagamento de verbas trabalhistas, em virtude do disposto
no art. 100 da CF/1988, e dos princípios da legalidade orça-
mentária (art. 167, VI, da CF), da separação dos poderes (arts.
2º, 60, § 4º, III, da CF) e da eficiência da administração pública
(art. 37, ‘caput’, da CF)”. O fundamento da tese é de que são
inconstitucionais os atos de constrição do patrimônio de estatal
prestadora de serviço público essencial prestado em regime não
concorrencial e sem finalidade lucrativa, de modo que o blo-
queio e a penhora dos recursos dessas empresas violam o siste-
ma constitucional de precatórios e os princípios da legalidade
orçamentária, da separação dos Poderes e da eficiência admi-
nistrativa.
O executado pode se valer da exceção de pré-executi-
vidade, sem necessidade de oferecer garantia, para alegar em
sua defesa matéria de ordem pública que o juiz do trabalho
pode conhecer de ofício, como a prescrição, a decadência, a ile-
gitimidade, a incompetência absoluta, a impenhorabilidade, e a
nulidade da execução (art. 803 do CPC). O Tribunal Superior
do Trabalho possui julgado admitindo que a exceção de pré-
executividade possa “albergar situações em que a execução
com exigência de garantia do juízo trouxer excepcional grava-

273
me ao executado e o título executivo extrajudicial for de duvi-
dosa legalidade ou calcado em procedimento administrativo vi-
ciado” (TST-RR-478-48.2017.5.10.0021, 4ª Turma, rel. Min.
IVES GANDRA MARTINS FILHO, julgado em 29/6/2021).
Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os fru-
tos e os rendimentos dos bens inalienáveis (art. 834 do CPC). A
penhora observará, preferencialmente a ordem do artigo 835 do
Código de Processo Civil, tendo em conta o que determina o
artigo 882 da Consolidação das Leis do Trabalho, sendo priori-
tária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóte-
ses, alterar a ordem de acordo com as circunstâncias do caso
concreto, e para fins de substituição da penhora, equiparam-se
a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde
que em valor não inferior ao do débito constante da inicial,
acrescido de 30% (art. 835, §§ 1º e 2º, do CPC e art. 15, inc. I,
da lei 6.830/80).
Não fere direito líquido e certo a ensejar a impetração
de mandado de segurança o ato judicial que determina a penho-
ra em dinheiro do executado para garantir crédito exequendo,
pois é prioritária e obedece à gradação prevista no artigo 835
do Código de Processo Civil (súmula 417 do TST).

274
A penhora pode ser realizada por meio eletrônico (art.
837 do CPC), pelos sistemas BacenJud e RenaJud, e quando
feita pelo oficial de justiça será lavrado auto ou termo que con-
terá os requisitos do artigo 838 do Código de Processo Civil,
procedendo-se ao seu registro na forma do artigo 14 da lei
6.830/80, para conhecimento de terceiros (art. 844 do CPC).
Após o registro da penhora, os atos de disposição do bem cons-
trito são considerados como fraude à execução (art. 792, inc.
III, do CPC).
O reconhecimento da fraude à execução pode ser feita
de ofício pelo juiz ou a requerimento do exequente por meio de
petição simples no processo de execução, demonstrando-se a
ocorrência de seus pressupostos legais elencados no artigo 792
do Código de Processo Civil. Antes de declarar a fraude à exe-
cução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se qui-
ser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze)
dias (art. 792, § 4º, do CPC), o que não impede a sua propositu-
ra em momento posterior, desde que dentro do prazo do artigo
675 do Código.
Quem, não sendo parte no processo de execução, so-
frer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua
ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constri-

275
tivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por
meio de embargos de terceiro, na forma dos artigos 674 a 681
do Código de Processo Civil. Conforme assentado na súmula
419 do Tribunal Superior do Trabalho na execução por carta
precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo
deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem cons-
trito ou se já devolvida a carta (art. 676, parágrafo único, do
CPC).
Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que
tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no inte-
resse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de pre-
ferência sobre os bens penhorados (art. 797 do CPC), cabendo
ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa,
indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena
de manutenção dos atos executivos já determinados (art. 805,
parágrafo único, do CPC).
O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para de-
pósito judicial, em qualquer fase do processo, quando necessá-
rio para a guarda e conservação do bem, observando-se o dis-
posto no artigo 840 do Código de Processo Civil.
A avaliação é feita após o transcurso do prazo para
embargos à execução, ou após o julgamento de improcedência

276
quando interpostos os embargos (art. 886, § 2º e 887 da CLT).
Entretanto, o juiz pode determinar a alienação antecipada dos
bens penhorados quando se tratar de veículos automotores, de
pedras e metais preciosos e de outros bens móveis sujeitos à
depreciação ou à deterioração; e quando houver manifesta van-
tagem, ouvindo as partes no prazo de 3 (três) dias (art. 21 da lei
6.830/80 c/c art. 852 e 853 do CPC).
3. Prescrição intercorrente
A lei 13.467/17 introduziu o artigo 11-A na Consolida-
ção das Leis do Trabalho (DL 5.452/43) para disciplinar a pres-
crição intercorrente no processo do trabalho que ocorre no pra-
zo de 2 (dois) anos, cuja fluência se inicia quando o exequente
deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução, o
que caracteriza a inércia do titular do crédito trabalhista em
promover os atos processuais de sua incumbência para impulsi-
onar o processo, após ser devidamente comunicado.
O fluxo da prescrição intercorrente conta-se a partir do
descumprimento da determinação judicial a que alude o § 1º do
artigo 11-A da Consolidação, desde que feita após 11 de no-
vembro de 2017. Para evitar futura alegação de prejuízo e con-
sequente nulidade da declaração da prescrição importante que o

277
exequente seja cientificado da tentativa infrutífera de localiza-
ção do devedor ou de bens penhoráveis.
Deste modo, fica superada a jurisprudência sedimenta-
da na súmula 114 do Tribunal Superior do Trabalho que enten-
dia ser inaplicável a prescrição intercorrente na Justiça do Tra-
balho, ainda que a paralisação do processo se desse por culpa
das partes, visto que cabia ao juízo zelar pela rapidez processu-
al, como assentado no voto exarado no recurso de revista
4362/75. A jurisprudência consolidou-se na década de 70 e não
se coaduna mais com o processo moderno que demanda a parti-
cipação das partes com boa-fé e responsabilidade processual,
de modo que não se pode admitir a inexistência de sanção pela
paralisação infundada da execução trabalhista de modo a per-
petuar no tempo uma situação de falta de zelo do exequente.
Como se trata de evidente caso de superação da jurisprudência,
agora pela positivação da prescrição intercorrente, o juiz do tra-
balho não está adstrito a sua observância (art. 489, inc. VI, do
CPC/15 c/c art. 769 da CLT) na hipótese do Tribunal Superior
do Trabalho não proceder ao cancelamento ou modificação da
súmula 114.
A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho ha-
via se consolidado de forma contrária ao que havia sido assen-

278
tado na súmula 327 do Supremo Tribunal Federal que admitia a
prescrição intercorrente no direito do trabalho, editada na épo-
ca que tinha competência para apreciação de recursos extraor-
dinários em dissídios trabalhistas quando a decisão recorrida
fosse contrária à lei federal, conforme artigo 101, inciso III, da
CF de 1946. Com a promulgação da Constituição Federal de
1988 somente compete ao Supremo Tribunal Federal julgar re-
curso extraordinário de decisão que violar o texto constitucio-
nal e não mais a legislação infraconstitucional, âmbito no qual
se compreende a prescrição intercorrente, motivo pelo qual não
foi conhecida a repercussão geral do tema 583 (ARE 697514).
O Código de Processo Civil de 2015 também discipli-
na a prescrição intercorrente para os processos sujeitos à juris-
dição civil (art. 921, § 4º a 6º), dizendo que o termo inicial da
prescrição no curso do processo será a ciência da primeira ten-
tativa infrutífera de localização do devedor ou de bens penho-
ráveis, e será suspensa, por uma única vez, pelo prazo máximo
de 1 (um) ano, cabendo ao juiz, depois de ouvidas as partes, no
prazo de 15 (quinze) dias, reconhecer, de ofício, a prescrição e
extinguir o processo sem ônus para as partes.
Com a nova regra da prescrição intercorrente na exe-
cução trabalhista deve-se aplicar subsidiariamente o disposto

279
no artigo 40 da lei 6.830/80, por força do que determina o arti-
go 889 da CLT, de modo que decorrido o prazo prescricional
de 2 (dois) anos contados do arquivamento da execução pela
falta de localização do devedor ou de bens penhoráveis sem
que haja manifestação do exequente, deve ser declarada a pres-
crição e consequentemente extinto o processo.
É importante que o exequente peça a suspensão da
execução trabalhista, pelo prazo de 1 (um) ano, mediante a de-
monstração de que não foi possível localizar o devedor ou bens
penhoráveis, pois ganha mais um 1 (um) ano além dos 2 (dois)
de prescrição que somente se inicia a partir da decisão judicial
que ordenar o arquivamento dos autos após o transcurso do
prazo de suspensão do processo. Após o período de suspensão
no qual não corre a prescrição, o exequente deve realizar novas
diligências para localizar o devedor ou seus bens, como o pedi-
do de penhora de dinheiro via sistema BacenJud, evitando o ar-
quivamento da execução e o início do prazo prescricional.
Deve se ressaltar que mesmo que a execução traba-
lhista não tenha sido suspensa, ocorrendo a inércia injustificada
do exequente em promover os atos que lhe incumbe para im-
pulsionar o processo, incide a prescrição intercorrente, tendo
em vista que a inércia processual é causa de sanção processual,

280
como são exemplos a extinção do processo que ficar parado
durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes e quan-
do o reclamante não promover os atos e as diligências que lhe
incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias
(art. 485, inc. II e III, do CPC/15 c/c art. 769 da CLT). Por esta
razão é que a prescrição intercorrente do artigo 11-A da CLT se
restringe as execuções trabalhistas.
A declaração da prescrição intercorrente pode ser re-
querida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição
trabalhista, mas somente depois de ouvidas as partes.
Portanto, trata-se de regra introduzida no processo do
trabalho para assegurar o regular trâmite das execuções traba-
lhistas, impedindo a perpetuação de execuções paralisadas por
inércia do exequente, em detrimento da administração da justi-
ça
4. Embargos à execução
Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o
executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos à execução,
contados do depósito; da juntada da prova da fiança bancária
ou do seguro garantia; ou da intimação da penhora mediante
publicação, no órgão oficial, do ato de juntada do termo ou do
auto de penhora (art. 12 c/c art. 16 da lei 6.830/80), de modo

281
que não são admissíveis embargos antes de garantida a execu-
ção, exceto para as entidades filantrópicas e/ou àqueles que
compõem ou compuseram a diretoria dessas instituições (art.
884, § 6º, da CLT).
Não será exigido depósito para a oposição dos embar-
gos quando estiver suficientemente garantida a execução por
depósito recursal já existente nos autos, efetivado no processo
de conhecimento, que permaneceu vinculado à execução, e/ou
pela nomeação ou apreensão judicial de bens do devedor, ob-
servada a ordem preferencial estabelecida em lei (IN 3/93, item
IV, al. b, do TST).
Na execução por carta, os embargos do executado se-
rão oferecidos no juízo deprecado, que os remeterá ao juízo de-
precante, para instrução e julgamento, salvo quando os embar-
gos tiverem por objeto vícios ou irregularidades de atos do pró-
prio juízo deprecado, a quem caberá unicamente o julgamento
dessa matéria (art. 20 da lei 6.830/80).
A matéria de defesa será restrita às alegações de cum-
primento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da
dívida, de modo que o executado deverá alegar toda matéria
útil à defesa (arts. 525, 535, 910, § 2º e 917 do CPC), requerer
provas e juntar aos autos os documentos e rol de testemunhas

282
para serem inquiridas em audiência, e as exceções, salvo as de
suspeição e incompetência (art. 799 da CLT), serão arguidas
como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os
embargos.
As causas extintivas, modificativas ou impeditivas da
obrigação contida no título executivo podem ser alegadas nos
embargos, como o pagamento, a novação, a compensação, a
transação, a decadência e a prescrição, e no caso de título exe-
cutivo judicial as causas devem ser supervenientes a decisão
exequenda.
Considera-se inexigível o título judicial fundado em
lei ou ato normativo declarado inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por in-
compatíveis com a Constituição Federal. A decisão do Supre-
mo Tribunal Federal deve ser anterior ao trânsito em julgado da
decisão exequenda, visto que se a decisão for proferida após o
trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisó-
ria, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal (art. 525, §§ 14 e 15,
do CPC).
Somente nos embargos poderá o executado impugnar
a sentença de liquidação, cabendo ao exequente impugnar à li-

283
quidação no mesmo prazo que o executado tem para apresentar
embargos, de modo que após a intimação da penhora abre-se o
prazo de 5 (cinco) dias para o executado oferecer os embargos
e o exequente impugnar a liquidação. Impugnada a liquidação
pelo executado nos embargos, caberá ao exequente se manifes-
tar sobre ela na impugnação aos embargos; e quando impugna-
da pelo exequente, o juiz ordenará a intimação do executado
para se manifestar sobre ela, também no prazo de 5 (cinco)
dias.
O juiz rejeitará liminarmente os embargos quando
apresentados após o decurso do prazo legal (embargos intem-
pestivos); nos casos de indeferimento da petição inicial e de
improcedência liminar do pedido (arts. 330 e 332 do CPC); e
quando manifestamente protelatórios (art. 918 do CPC), que
são aqueles interpostos sem nenhum embasamento legal, com
fim único de protelar a marcha do processo, e que configuram a
litigância de má-fé (art. 793-B, inc. VII, da CLT).
Recebidos os embargos, o juiz mandará intimar o exe-
quente, para impugná-los no prazo de 5 (cinco) dias, designan-
do, em seguida, audiência de instrução e julgamento, quando
necessário, de modo que não se realizará audiência, se os em-

284
bargos versarem sobre matéria de direito, ou, sendo de direito e
de fato, a prova for exclusivamente documental.
São julgados na mesma sentença os embargos e as im-
pugnações à liquidação, apresentadas pelos credores trabalhista
e previdenciário. Na sentença dos embargos é cabível a conde-
nação em honorários advocatícios de sucumbência, na forma
do artigo 791-A da Consolidação (TRT1- AP-0100467-
08.2016.5.01.0055, Rel. MARCIA LEITE NERY, Julgado em
13/11/2018). Da sentença proferida no julgamento dos embar-
gos cabe o recurso de agravo de petição, no prazo de 8 (oito)
dias (art. 897, al. a, da CLT).
5. Julgamento e trâmites finais da execução
Caso não sejam oferecidos os embargos, o exequente
poderá se manifestar sobre a garantia da execução, requerendo
a substituição dos bens penhorados por outros, ou o prossegui-
mento da execução com a avaliação dos bens para posterior ali-
enação ou adjudicação.
Não opostos embargos à execução trabalhista contra a
Fazenda Pública ou transitada em julgado a decisão que os re-
jeitar, expedir-se-á precatório ou requisição de pequeno valor
em favor do exequente, observando-se o disposto no artigo 100
da Constituição Federal de 1988 (art. 535, § 3º, incs. I e II, e

285
art. 910, § 1º, do CPC). Isto porque, os pagamentos devidos pe-
las Fazendas Públicas Federal, Estadual, Distrital ou Munici-
pal, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, se-
rão realizados exclusivamente na ordem de apresentação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, na forma da lei,
ressalvados os pagamentos de obrigações definidas em lei
como de pequeno valor (art. 1º da IN 32/2007 do TST).
Como firmado na jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal e do Tribunal Superior do Trabalho é válida a penhora
em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteri-
ormente à sucessão pela União ou por Estado-membro, não po-
dendo a execução prosseguir mediante precatório, ante a ine-
xistência de violação do artigo 100 da Constituição Federal de
1988 (OJ-SDI1-343/TST e RE 693112/MG, Rel. Min. GIL-
MAR MENDES, DJe 25/05/2017).
Oferecidos os embargos e não tendo sido arroladas
testemunhas na defesa, os autos serão conclusos ao juiz para
proferir a sua decisão, dentro de 5 (cinco) dias, julgando sub-
sistente ou insubsistente a penhora, sem necessidade de desig-
nação de audiência (art. 885 da CLT).
Por outro lado, se tiverem sido arroladas testemunhas,
finda a sua inquirição em audiência, o escrivão ou chefe de se-

286
cretaria fará, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, conclusos os
autos ao juiz, que poderá proferir a sua decisão ou determinar a
realização de outras provas se entender necessário.
Proferida a decisão, de procedência ou improcedência
dos embargos, serão notificadas pelo correio as partes interes-
sadas, que terão o prazo de 8 (oito) dias para interpor o recurso
de agravo de petição (art. 897, al. a, da CLT).
Julgado improcedentes os embargos e subsistente a
penhora, o juiz determinará que se proceda logo à avaliação
dos bens penhorados, por avaliador escolhido de comum acor-
do pelas partes, que receberá as custas arbitradas pelo juiz, ou,
de conformidade com a tabela a ser expedida pelo Tribunal Su-
perior do Trabalho (art. 887 CLT).
Não se procederá à avaliação quando se tratar de títu-
los ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa, compro-
vada por certidão ou publicação no órgão oficial; se tratar de tí-
tulos da dívida pública, de ações de sociedades e de títulos de
crédito negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação ofi-
cial do dia, comprovada por certidão ou publicação no órgão
oficial; se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo
preço médio de mercado possa ser conhecido por meio de pes-
quisas realizadas por órgãos oficiais ou de anúncios de venda

287
divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a
quem fizer a nomeação o encargo de comprovar a cotação de
mercado (art. 871 do CPC).
Não acordando as partes quanto à designação de avali-
ador, dentro de 5 (cinco) dias após o despacho que o determi-
nou a avaliação, será o avaliador designado livremente pelo
juiz, que apresentará o laudo no prazo fixado com especifica-
ção dos bens, com as suas características, e o estado em que se
encontram; e o respectivo valor (art. 872, incs. I e II, do CPC).
Concluída a avaliação, dentro de 10 (dez) dias, conta-
dos da data da nomeação do avaliador, o juiz decidirá de plano
sobre a avaliação, podendo determinar a realização de nova
avaliação, a redução ou ampliação da penhora (arts. 873 e 874
do CPC), ou o início dos atos de expropriação. Antes de adju-
dicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo,
remir a execução, pagando ou consignando a importância atua-
lizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advo-
catícios (art. 826 do CPC).
A arrematação em hasta pública eletrônica ou presen-
cial, deve ser precedida de edital, que conterá os requisitos do
artigo 886 do Código de Processo Civil, afixado na sede do juí-
zo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a an-

288
tecedência de 20 (vinte) dias (art. 888 da CLT), far-se-á em dia,
hora e lugar anunciados e os bens serão vendidos pelo maior
lance, tendo o exequente preferência para a adjudicação.
O juiz da execução estabelecerá o preço mínimo, as
condições de pagamento e as garantias que poderão ser presta-
das pelo arrematante, não sendo aceito lance que ofereça preço
vil, assim considerado o preço inferior ao mínimo estipulado
pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço
mínimo, considera-se vil o preço inferior a 50% (cinquenta por
cento) do valor da avaliação (art. 885 c/c art. 891 do CPC).
Não havendo licitante na arrematação realizada na
própria sede da Justiça do Trabalho (praça pública), e não re-
querendo o exequente a adjudicação dos bens penhorados, po-
derão os mesmos ser vendidos por leilão judicial eletrônico ou
presencial, procedendo-se a nomeação do leiloeiro público pelo
juiz do trabalho.
O exequente pode requerer que a alienação seja feita
por iniciativa particular, na forma do artigo 880 do Código de
Processo Civil, cabendo ao juiz fixar o prazo em que a aliena-
ção deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço míni-
mo, as condições de pagamento, as garantias e, se for o caso, a
comissão de corretagem. Os Tribunais Regionais do Trabalho

289
poderão editar disposições complementares sobre o procedi-
mento da alienação por iniciativa particular, a fim de normati-
zar o procedimento no âmbito de sua jurisdição.
Pode oferecer lance quem estiver na livre administra-
ção de seus bens, com exceção das pessoas indicadas no artigo
890 do Código de Processo Civil, devendo o arrematante ga-
rantir o lance com o sinal correspondente a 20% (vinte por cen-
to) do seu valor, admitindo-se a arrematação em prestações, na
forma do artigo 895 do referido Código. Será suspensa a arre-
matação logo que o produto da alienação dos bens for suficien-
te para o pagamento do credor e para a satisfação das despesas
da execução (art. 889 do CPC). A arrematação prosseguirá no
dia útil imediato, à mesma hora em que teve início, indepen-
dentemente de novo edital, se for ultrapassado o horário de ex-
pediente forense (art. 900 do CPC).
Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de
24 (vinte e quatro) horas o preço da arrematação, perderá, em
benefício da execução, o sinal, voltando à praça os bens execu-
tados. Frustradas as tentativas de alienação do bem, será rea-
berta oportunidade para requerimento de adjudicação, caso em
que também se poderá pleitear a realização de nova avaliação
(art. 878 do CPC c/c art. 24, inc. II, al. a, da lei 6.830/80).

290
A arrematação será considerada perfeita, acabada e ir-
retratável, com a assinatura do auto pelo juiz, pelo arrematante
e pelo leiloeiro, qualquer que seja a modalidade de leilão, ele-
trônico ou presencial (art. 901 c/c art. 903 do CPC). Entretanto,
a arrematação poderá ser invalidada de ofício pelo juiz ou a re-
querimento das partes ou do arrematante, formulado nos pró-
prios autos do processo de execução em até 10 (dez) dias após
a lavratura do auto de arrematação, quando realizada por preço
vil (art. 891 do CPC) ou com outro vício, como a nulidade do
edital do leilão; quando for considerada ineficaz pela não inti-
mação dos credores indicados no artigo 804 do Código de Pro-
cesso Civil, que podem exercer o direito de preferência; quan-
do for resolvida, se não for pago o preço do lance ou se não for
prestada a caução, no prazo estabelecido no edital.
As pessoas indicadas no artigo 889 do Código de Pro-
cesso Civil devem ser intimadas da alienação judicial com an-
tecedência de 5 (cinco) dias, para que possam remir a execução
(art. 826 e art. 902 do CPC) ou exercer o direito de preferência
na aquisição do bem penhorado (art. 908 do CPC).
Passado o prazo de 10 (dez) dias da lavratura do auto
sem que tenha havido alegação de invalidade da arrematação,
será expedida a carta de arrematação do bem imóvel, e o man-

291
dado de imissão na posse, ou a ordem de entrega do bem mó-
vel. Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de
entrega, a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada pe-
los interessados por ação autônoma, em cujo processo o arre-
matante figurará como litisconsorte necessário.
A satisfação do crédito na execução por quantia certa,
que se dá pela entrega do dinheiro após a alienação do bem pe-
nhorado (art. 879 do CPC) ou pela adjudicação do bem ao exe-
quente, quando este houver requerido (art. 876 do CPC). O di-
nheiro é o produto da alienação, que pode ser realizada por ini-
ciativa particular ou por leilão judicial. Nas demais espécies de
execução, como a entrega de coisa, a de obrigação de fazer ou
não fazer, contra a Fazenda Pública, a satisfação do crédito se
dá de forma diferente, pela entrega da coisa, pelo cumprimento
da prestação ou pelo desfazimento do ato praticado, e pelo pa-
gamento do precatório.
Pela adjudicação o exequente recebe em pagamento o
próprio bem penhorado, e pela alienação o exequente recebe o
dinheiro obtido com a arrematação do bem do executado, me-
diante a expedição de mandado de levantamento (IN 36/2012
do TST) que poderá ser substituído pela transferência eletrôni-

292
ca do valor depositado em conta vinculada ao juízo para outra
indicada pelo exequente (arts. 905 e 906 do CPC).
A regra do artigo 908 do Código de Processo Civil, se-
gundo a qual a satisfação dos créditos, em caso de concorrência
de credores, deve observar a anterioridade das respectivas pe-
nhoras somente pode ser observada quando nenhum desses
créditos ostente preferência fundada em direito material. Isso
porque impossível sobrepor uma preferência de direito proces-
sual a uma de direito material. No concurso particular de cre-
dores, o crédito trabalhista prefere aos de outra natureza inde-
pendentemente da data em que registradas as respectivas pe-
nhoras (STJ, REsp. 1.454.257/PR, Min. MOURA RIBEIRO, 3ª
Turma, DJe 11/05/2017).

293
CAPÍTULO 7 - RECURSOS
1. Disposições gerais
A Consolidação das Leis do Trabalho dispõe no artigo
893 que das decisões proferidas no processo do trabalho são
admissíveis os embargos infringentes (art. 894, inc. I, al. a, da
CLT), os embargos de divergência (art. 894, inc. II, da CLT) e
os embargos de declaração (art. 897-A da CLT), o recurso ordi-
nário (art. 895 da CLT), o recurso de revista (art. 896 da CLT) e
o agravo, que pode ser de instrumento e de petição (art. 897 da
CLT). Os incidentes são resolvidos pelo próprio juiz ou pelo
tribunal quando do julgamento do recurso interposto da decisão
definitiva, consagrando a irrecorribilidade das decisões interlo-
cutórias.
Além destes recursos elencados pela Consolidação são
cabíveis os recursos elencados na legislação processual do tra-
balho, como os agravos previstos nos regimentos internos dos
tribunais (art. 3º, inc. II, al. a, e inc. III, al. c, da lei 7.701/88), e
o recurso extraordinário de previsão constitucional (art. 102,
inc. III, al. a, b, c, e d, da CRFB/88).
Nos casos de violação de direito líquido e certo por
decisão interlocutória ilegal ou abusiva a jurisprudência traba-
lhista admite a impetração da ação de mandado de segurança,

294
ante a ausência de recurso cabível para proteger o direito do
impetrante (art. 5º, inc. II, da lei 12.016/09).
A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte
(art. 1.002 do CPC), cabendo a execução provisória da parte
não impugnada no recurso.
Os recursos são interpostos pela parte vencida; pelo
terceiro prejudicado, quando demonstrar a possibilidade de a
decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial
atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em
juízo como substituto processual, como os sindicatos; e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídi-
ca, por simples petição dirigida ao juízo competente, no prazo e
com observância das exigências legais (art. 996 e 997, caput,
do CPC). A Fazenda Pública possui o prazo em dobro para re-
correr, como disposto no Decreto-lei 779/69.
Como assentado na súmula 385 do Tribunal Superior
do Trabalho, incumbe à parte o ônus de provar, quando da in-
terposição do recurso, a existência de feriado local que autorize
a prorrogação do prazo recursal (art. 1.003, § 6º, do CPC). No
caso de o recorrente alegar a existência de feriado local e não o
comprovar no momento da interposição do recurso, cumpre ao
relator conceder o prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado

295
o vício (art. 932, parágrafo único, do CPC de 2015), sob pena
de não conhecimento se da comprovação depender a tempesti-
vidade recursal; e na hipótese de feriado forense, incumbirá à
autoridade que proferir a decisão de admissibilidade certificar o
expediente nos autos; admitindo-se a reconsideração da análise
da tempestividade do recurso, mediante prova documental su-
perveniente, em agravo de instrumento, agravo interno, agravo
regimental, ou embargos de declaração, desde que, em momen-
to anterior, não tenha havido a concessão de prazo para a com-
provação da ausência de expediente forense.
Os recursos terão efeito meramente devolutivo, salvo
as hipóteses de concessão de efeito suspensivo pelo relator (art.
995, parágrafo único, do CPC), permitida a execução provisó-
ria até a penhora (art. 893, § 2º, e art. 899, caput, da CLT), e
devem ser instruídos com o depósito recursal feito em conta
vinculada ao juízo e corrigido monetariamente (súmula 245 do
TST), que pode ser substituído por fiança bancária ou seguro
garantia judicial, sob pena de deserção.
O Ato Conjunto nº 1/TST.CSJT.CGJT, de 16/10/2019,
regulamentou a utilização do seguro garantia judicial em subs-
tituição ao depósito recursal no âmbito do Processo do Traba-
lho, estabelecendo em seu artigo 3º os requisitos de aceitação

296
que deverão estar expressos nas cláusulas da respectiva apóli-
ce.
Provando o recorrente justo impedimento, o relator re-
levará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe
prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo (art. 1.007, § 6º,
do CPC). No caso de recolhimento insuficiente do depósito re-
cursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o
prazo de 5 (cinco) dias, previsto no § 2º do artigo 1.007 do
Código de Processo Civil, o recorrente não complementar e
comprovar o valor devido (OJ-SDI1-140-TST), e no caso de
equívoco no preenchimento da guia de depósito recursal, o re-
lator deverá conceder o prazo de 5 (cinco) dias para o recorren-
te sanar o vício, sob pena de deserção (art. 1.007, § 7º, do
CPC).
As entidades filantrópicas, os beneficiários da gratui-
dade de justiça, a massa falida e as empresas em recuperação
judicial (súmula 86 do TST), os entes de direito público exter-
no e as pessoas de direito público contempladas no Decreto-Lei
779/69 (TST - Ag-RR: 1572-32.2017.5.13.0026, 5ª Turma, rel.
Min. BRENO MEDEIROS, julgado em 3/6/2020 – Informativo
TST nº 220), o Ministério Público do Trabalho (art. 1.007, § 1º,
do CPC), bem como a herança jacente, estão isentos do depósi-

297
to recursal (art. 899, § 10º, da CLT e IN 3 do TST). No julga-
mento do RE 607.447 (Tema 679), foi afastada a obrigatorieda-
de de depósito prévio para a admissibilidade de recurso extra-
ordinário sobre matéria trabalhista.
O valor do depósito recursal será reduzido pela meta-
de para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésti-
cos, microempreendedores individuais, microempresas e em-
presas de pequeno porte (art. 899, § 9º, da CLT). O depósito re-
cursal no agravo de instrumento corresponde a 50% (cinquenta
por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende
destrancar (art. 897, al. b, da CLT).
O artigo 40 da lei 8.177/91, com redação dada pelo ar-
tigo 8º da lei 8.542/92, disciplina os limites do depósito recur-
sal na Justiça do Trabalho, cabendo ao Tribunal Superior do
Trabalho atualizar os valores, atualmente regulados pela Instru-
ção Normativa nº3/93 e pelo Ato nº 247/SEGJUD.GP/2019.
O depósito recursal não têm natureza jurídica de taxa
de recurso, mas de garantia do juízo recursal, que pressupõe
decisão condenatória ou executória de obrigação de pagamento
em pecúnia (súmula 161 do TST), com valor líquido ou arbitra-
do, de modo que transitada em julgado a decisão recorrida, or-

298
denar-se-á o levantamento imediato da importância de depósi-
to, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.
Como disposto na súmula 128 do Tribunal Superior do
Trabalho, é ônus da parte recorrente efetuar o depósito recursal,
integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob
pena de deserção. No caso de condenação solidária de duas ou
mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas
aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito
não pleiteia sua exclusão da lide. Atingido o valor da condena-
ção, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso.
Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a com-
plementação da garantia do juízo. Garantido o juízo, na fase
executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer
decisão viola os incisos II e LV do artigo 5º da CF/1988.
Far-se-á a distribuição dos recursos de acordo com o
regimento interno do tribunal, observando-se a alternatividade,
o sorteio eletrônico e a publicidade. Interposto o recurso, será
notificado o recorrido para oferecer as suas razões, em prazo
igual ao que tiver tido o recorrente (art. 900 da CLT). O recurso
adesivo, do artigo 997 do Código de Processo Civil, é compatí-
vel com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito)
dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de

299
agravo de petição, de revista e de embargos de divergência,
sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relaci-
onada com a do recurso interposto pela parte contrária (súmula
283 do TST).
O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos
aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses, e no
caso de solidariedade passiva, o recurso interposto por um de-
vedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao cre-
dor lhes forem comuns (art. 1.005 do CPC).
Sem prejuízo dos prazos para recorrer, terão as partes
vistas dos autos em cartório ou na secretaria, salvo quando esti-
ver correndo prazo comum, aos procuradores das partes será
permitido ter vista dos autos fora do cartório ou secretaria (art.
901 da CLT).
Conforme dispõe o item II da súmula 383 do TST,
“verificada a irregularidade de representação da parte em fase
recursal, em procuração ou substabelecimento já constante dos
autos, o relator ou o órgão competente para julgamento do re-
curso designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o
vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do
recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará
o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber

300
ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015)”, de modo que a
concessão do prazo de 5 (cinco) dias para a parte recorrente sa-
nar o vício, somente é cabível quando verificada irregularidade
no instrumento de procuração ou substabelecimento que já
consta nos autos, não se conhecendo de recurso interposto com
assinatura digital de advogado sem procuração nos autos, reve-
lando-se inexistente o ato praticado por irregularidade de repre-
sentação (TST-AIRO: 154-58.2019.5.17.0000, SBDI-II, rel.
Min. MARIA HELENA MALLMANN, julgado em 5/5/2020 –
Informativo TST nº 218).
Se, durante o prazo para a interposição do recurso, so-
brevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer
motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será
tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do su-
cessor, contra quem começará a correr novamente depois da in-
timação (art. 1.004 do CPC). Como os atos praticados antes do
período de suspensão são considerados válidos, o prazo é resti-
tuído somente pelo tempo que faltava para sua complementa-
ção.
Nos termos do artigo 998 do Código de Processo Ci-
vil, aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho, o re-
corrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido

301
ou dos litisconsortes, desistir do recurso (TST-RR-1339-
14.2014.5.08.0015, Min. MAURÍCIO GODINHO DELGADO,
3ª Turma, DEJT 31/03/2017). Entretanto, a desistência do re-
curso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já
tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de re-
curso extraordinário ou recurso de revista repetitivo. Isto por-
que, no caso de repercussão geral reconhecida ou de julgamen-
to de recurso repetitivo (art. 1.035 e 1.036 do CPC/2015) as
questões discutidas ultrapassam o interesse subjetivo do recor-
rente, de modo que o seu julgamento afetará terceiros.
Diferentemente da desistência do recurso, a renúncia
atinge o próprio direito de recorrer (art. 999 do CPC), de modo
que a parte não pode interpor o recurso após ter renunciado a
ele, operando-se a preclusão ou o trânsito em julgado da deci-
são recorrida. Deve ser formalizada dentro do prazo para inter-
por o recurso e por procurador com poderes especiais.
A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão
proferida nos dissídios trabalhistas não poderá recorrer (TST-
ARR-18470320115150101, Min. KÁTIA MAGALHÃES AR-
RUDA, 6ª Turma, DEJT 16/03/2018), considerando-se aceita-
ção tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível
com a vontade de recorrer (art. 1.000 do CPC).

302
O julgamento proferido pelo tribunal substitui a deci-
são recorrida no que tiver sido objeto de recurso (art. 1.008 do
CPC), tendo em conta que é um novo pronunciamento judicial
proferido pelo relator ou pelo órgão colegiado, em acórdão, que
ao reexaminar a matéria objeto do recurso, reforma, modifica
ou confirma a decisão impugnada, totalmente ou apenas parci-
almente. Portanto, o acórdão que analisa o mérito do recurso
substitui a decisão recorrida, diferentemente da decisão de
inadmissibilidade por falta de algum dos pressupostos recur-
sais, que apenas acarreta a preclusão da decisão recorrida.
No caso de acórdão que anula a decisão recorrida não
há evidentemente substituição, mas extinção da decisão impug-
nada, com a remessa dos autos ao juízo de origem para julgar
novamente a causa, se possível.
1.1. Atribuições do relator
Nos termos da súmula nº 435 do Tribunal Superior do
Trabalho, aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o
artigo 932 do Código de Processo Civil, para autorizar o relator
a não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que
não tenha impugnado especificamente os fundamentos da deci-
são recorrida; negar seguimento a recurso interposto de decisão
fundamentada em súmula do respectivo Tribunal Regional do

303
Trabalho, do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior
do Trabalho, em acórdão proferido pelo Tribunal Superior do
Trabalho ou pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento de
recursos repetitivos, em entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de assunção de compe-
tência; e dar provimento a recurso interposto de decisão profe-
rida em desrespeito a entendimento sumulado pelo respectivo
Tribunal Regional do Trabalho, pelo Supremo Tribunal Federal
e pelo Tribunal Superior do Trabalho, a acórdão proferido pelo
Tribunal Superior do Trabalho ou pelo Supremo Tribunal Fede-
ral em julgamento de recursos repetitivos, a entendimento fir-
mado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência.
Como o artigo 932 do Código de Processo Civil não
contempla a hipótese de negativa de seguimento de recurso que
contrarie a jurisprudência dominante do respectivo Tribunal, do
Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, nem a hi-
pótese de provimento do recurso quando a decisão recorrida es-
tiver de acordo com jurisprudência dominante do respectivo
Tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superi-
or, como autorizava o artigo 557 do CPC/73, não pode o relator
no processo do trabalho negar seguimento a recurso que con-

304
trarie orientação jurisprudencial ou precedente normativo, nem
dar provimento a recurso quando a decisão recorrida tiver apli-
cado orientação jurisprudencial ou precedente normativo.
O inciso II, do artigo 932, do Código de Processo Ci-
vil de 2015, que contempla a possibilidade do relator apreciar o
pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de
competência originária do tribunal, tem aplicação subsidiária
no processo do trabalho em decorrência da efetividade da pres-
tação jurisdicional nos casos em que se demonstre a probabili-
dade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo, que se entende pela provável existência de um di-
reito a ser tutelado e um provável perigo em face do dano ao
possível direito pedido.
Contra a decisão monocrática proferida pelo relator
caberá agravo interno, no prazo de 8 (oito) dias, para o respec-
tivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as
regras do regimento interno do tribunal, na forma do artigo
1.021 do Código de Processo Civil. No Tribunal Superior do
Trabalho, cabe agravo interno contra decisão dos Presidentes
do Tribunal e das Turmas, do Vice-Presidente, do Corregedor-
Geral da Justiça do Trabalho ou de relator, nos termos da legis-
lação processual, no prazo de 8 (oito) dias úteis, pela parte que

305
se considerar prejudicada, ressalvando-se os casos em que haja
recurso próprio ou decisão de caráter irrecorrível, nos termos
do regimento ou da lei (art. 265 e 266 do RITST).
1.2. Arguição de inconstitucionalidade
É aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho o
incidente de arguição de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder público (arts. 948, 949 e 950 do CPC), pro-
posto ao relator, que após determinar a manifestação do Minis-
tério Público e das partes, submeterá a questão ao órgão colegi-
ado em que tramita o processo.
Não cabe a Seção ou a Turma decidir a arguição de in-
constitucionalidade, mas verificar se é caso de admissibilidade
do referido controle difuso de constitucionalidade a ser subme-
tido a julgamento pelo plenário do tribunal ou ao seu órgão es-
pecial (art. 949 do CPC), na forma que dispuser o regimento
interno, pois como determina o artigo 97 da Constituição Fede-
ral somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou
dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Po-
der Público.
Neste sentido é o enunciado da súmula vinculante no
10 do Supremo Tribunal Federal, que sedimentou o entendi-

306
mento de que “viola a cláusula de reserva de plenário (CF, arti-
go 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou
em parte”.
No artigo 4º, al. a, da lei 7.701/88, está prevista a
competência do pleno do Tribunal Superior do Trabalho para a
declaração de inconstitucionalidade ou não de lei ou de ato nor-
mativo do Poder Público.
A instauração do incidente se dá para que a questão
acerca da inconstitucionalidade vincule os demais órgãos fraci-
onários do tribunal, visto que os juízes podem em controle di-
fuso reconhecer no caso concreto a constitucionalidade ou a in-
constitucionalidade de lei ou ato normativo, como questão de
direito relacionada ao mérito, que obviamente só terá efeito en-
tre as partes, diferentemente da decisão proferida no incidente
de arguição de inconstitucionalidade que vinculará os demais
juízes e órgãos fracionários do tribunal.
O incidente é cabível nos recursos, na remessa neces-
sária e nos processos de competência originária dos tribunais, e
pode ser arguida a qualquer tempo antes do julgamento, por
iniciativa de qualquer das partes, do Ministério Público do Tra-

307
balho, da Defensoria Pública da União, e suscitada de ofício
pelo relator ou por qualquer dos julgadores.
O resultado do julgamento, apurado pelo voto da mai-
oria absoluta dos membros do tribunal ou dos membros do res-
pectivo órgão especial, poderá ser de declaração de inconstitu-
cionalidade da lei ou do ato normativo do Poder Público, ou de
improcedência do incidente, que vinculará o órgão fracionário.
Portanto, resolvido o incidente o processo retorna ao órgão co-
legiado de origem para julgamento do mérito, com observância
do acórdão proferido pelo plenário ou pelo órgão especial.
Como assentado na súmula de jurisprudência no 513 do Supre-
mo Tribunal Federal, a decisão que enseja a interposição de ex-
traordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de in-
constitucionalidade, mas a do órgão colegiado que completa o
julgamento do feito.
1.3. Uniformização da jurisprudência
No Código de Processo Civil existe norma dispondo
sobre o dever dos tribunais de uniformizar a sua jurisprudência,
de modo a mantê-la estável, íntegra e coerente (art. 926 caput),
dando publicidade aos seus precedentes, preferencialmente por
meio digital (internet), organizados por questão jurídica decidi-
da (§ 5º do art. 927 do CPC). O objetivo é o de identificar quais

308
julgados devem ter força de precedentes obrigatórios, qual a
parte do julgado que possui a função persuasiva ou vinculativa
(súmulas vinculantes e decisões em Adin e Adcon do STF), e
quais as hipóteses de mitigação ou superação do precedente.
Isto porque a divergência jurisprudencial é normal num sistema
em que há pluralidade de órgãos judicantes que tem que decidir
iguais questões de direito, podendo ocorrer que num mesmo
contexto histórico e cultural, a mesma regra jurídica seja apli-
cada de forma diferente pelos tribunais. Ocorre que a divergên-
cia de entendimentos acerca da mesma regra pode comprome-
ter a unidade e a certeza do direito, o que gera a necessidade de
uniformização jurisprudencial.
Do mesmo modo, os Tribunais Regionais do Trabalho
e o Tribunal Superior do Trabalho deverão proceder, a unifor-
mização de sua jurisprudência, mediante a edição de súmulas,
precedentes, e orientações jurisprudenciais. No âmbito do Tri-
bunal Superior do Trabalho, cabe ao pleno estabelecer súmulas
de jurisprudência, na forma prescrita no regimento interno (art.
702, I, f, da CLT).
As súmulas podem ser revistas ou canceladas pelo
próprio Tribunal, em decorrência da modificação do texto le-
gislativo que deu origem ao entendimento consolidado, ou até

309
mesmo pela mudança na jurisprudência que originou a súmula.
Isto porque, a súmula espelha a jurisprudência pacificada a res-
peito de um texto legal, sendo dotada, normalmente, da vida
que esse texto tenha. Modificado o texto, ipso facto, a súmula
deve ser cancelada, salvo se a modificação em nada afetar o
conteúdo da súmula, pois muitos dos enunciados das súmulas
contêm um quid a mais além da interpretação do direito posto,
transcendendo do texto legal (ARRUDA ALVIM, Arguição de
relevância no recurso extraordinário, 1988, pág. 34/35).
Por ausência de conflito com a Consolidação das Leis
do Trabalho e sendo esta omissa no ponto, podem ser aplicados
subsidiariamente os § 2º, 3º e 4º do artigo 927 do Código de
Processo Civil, para determinar que a alteração de tese jurídica
adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos
repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da
participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam con-
tribuir para a rediscussão da tese, que na hipótese de alteração
de jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho
ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode
haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e
no da segurança jurídica, que a modificação de enunciado de
súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em jul-

310
gamento de casos repetitivos observará a necessidade de funda-
mentação adequada e específica, considerando os princípios da
segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. A
razão para a referida aplicação subsidiária é a de garantir a cer-
teza e a segurança dos direitos trabalhistas.
Como instrumentos de uniformização de jurisprudên-
cia são aplicáveis subsidiariamente ao processo do trabalho o
incidente de assunção de competência (art. 947 do CPC), o in-
cidente de resolução de demandas repetitivas (art. 976 a 987 do
CPC) e a reclamação (art. 988 a 993 do CPC). Isto porque os
procedimentos dos incidentes e da reclamação não são confli-
tantes com as normas celetistas, além de terem como objetivo
evitar o surgimento de divergências na jurisprudência do tribu-
nal. São instrumentos adequados para a correta aplicação do di-
reito ao lado do recurso de revista.
No caso do incidente de assunção de competência este
poderá ser admissível no processo do trabalho quando o julga-
mento de recurso ou de processo de competência originária do
Tribunal Regional do Trabalho envolver relevante questão de
direito, com grande repercussão social o que equivale a trans-
cendência de natureza social, sem repetição em múltiplos pro-
cessos. O regimento interno do tribunal deverá indicar o órgão

311
que julgará o recurso ou o processo de competência originária,
e o acórdão proferido em assunção de competência vinculará
todos os juízes do trabalho, exceto se houver revisão da tese.
São legitimados para a instauração do incidente o relator do re-
curso ou do processo de competência originária do tribunal,
qualquer das partes e o Ministério Público do Trabalho.
Não havendo afetação de recurso de revista represen-
tativo de controvérsia para o Tribunal Superior do Trabalho,
para decidir idêntica questão de direito, será cabível a instaura-
ção do incidente de resolução de demandas repetitivas, para os
casos em que se verifique a existência de efetiva repetição de
processos que versem sobre a mesma questão de direito e re-
presente risco de ofensa à isonomia e a segurança jurídica, nos
termos dos incisos I e II do artigo 976 do Código de Processo
Civil. Estes são os pressupostos para a admissibilidade do inci-
dente (§ 3º e 4º do art. 976 do CPC), que deve ser dirigido ao
presidente do tribunal pelo juiz ou relator mediante ofício, pe-
las partes e pelo Ministério Público mediante petição, com os
documentos que demonstrem a existência dos pressupostos do
incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 977 do
CPC). O regimento interno dos Tribunais Regionais do Traba-
lho é que disporá sobre o órgão competente para julgar o inci-

312
dente e de fixar a tese jurídica, bem como julgar o recurso ou o
processo de competência originária que deu origem ao inciden-
te.
O acórdão proferido no incidente deverá abranger a
análise de todos os fundamentos suscitados concernentes a tese
jurídica discutida (§ 2º do art. 984 do CPC). Julgado o inciden-
te a tese jurídica adotada será aplicada a todos os dissídios indi-
viduais que versem sobre idêntica questão de direito e que tra-
mitem na área de jurisdição do respectivo tribunal e aos casos
futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a
tramitar na jurisdição do tribunal (art. 985 do CPC). A inobser-
vância da tese jurídica firmada no incidente enseja a possibili-
dade de propositura de reclamação (art. 985, § 1º e art. 988,
inc. IV).
A reclamação do Código de Processo Civil (art. 988 a
993), que não se confunde com a reclamação contra atos admi-
nistrativos do presidente do Tribunal Regional do Trabalho ou
de qualquer de seus membros, assim como de juízes de primei-
ra instância e seus funcionários, prevista na Consolidação das
Leis do Trabalho (art. 678, I, d, 2), será cabível para: I - preser-
var a competência do tribunal; II - garantir a autoridade das de-
cisões do Tribunal Regional do Trabalho e do Tribunal Superi-

313
or do Trabalho; III - garantir a observância de enunciado de sú-
mula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em
controle concentrado de constitucionalidade; IV - garantir a ob-
servância de acórdão proferido em julgamento de incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção
de competência. As hipóteses III e IV compreendem a aplica-
ção indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos casos que
a ela correspondam. Os legitimados são as partes ou o Ministé-
rio Público do Trabalho. Julgando procedente a reclamação, o
tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou deter-
minará medida adequada à solução da controvérsia. É inadmis-
sível a reclamação: I – proposta após o trânsito em julgado da
decisão reclamada; II – proposta para garantir a observância de
acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reco-
nhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recurso ex-
traordinário ou recurso de revista repetitivo, quando não esgo-
tadas as instâncias ordinárias. A inadmissibilidade ou o julga-
mento do recurso interposto contra a decisão proferida pelo ór-
gão reclamado não prejudica a reclamação.
2. Recurso Ordinário
O artigo 895 da Consolidação das Leis do Trabalho,
trata do recurso ordinário para a instância superior, cabível das

314
decisões definitivas ou terminativas das Varas do Trabalho, no
prazo de 8 (oito) dias contados da intimação da decisão que
pode ser feita pela sua publicação no Diário de Justiça; e das
decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais do
Trabalho, em processos de sua competência originária (súmulas
158 e 201 do TST), também no prazo de 8 (oito) dias, quer nos
dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.
Não publicado o acórdão proferido nos dissídios cole-
tivos, nos 20 (vinte) dias subsequentes ao julgamento, poderá
qualquer dos litigantes ou o Ministério Público do Trabalho in-
terpor recurso ordinário, fundado, apenas, na certidão de Julga-
mento, inclusive com pedido de efeito suspensivo ao presidente
do Tribunal Superior do Trabalho (IN 24/2003 do TST). Publi-
cado o acórdão, reabrir-se-á o prazo para o aditamento do re-
curso interposto (art. 7º, § 2º e art. 9º, da lei 7.701/88).
As questões resolvidas na fase de conhecimento de-
vem ser suscitadas em preliminar no recurso ordinário, ou nas
contrarrazões, hipótese em que o recorrente será intimado para
se manifestar sobre elas no prazo de 8 (oito) dias.
O recurso ordinário deve ser interposto por petição di-
rigida ao juízo que proferiu a decisão recorrida, contendo o
nome e a qualificação das partes do processo de origem; a ex-

315
posição do fato e do direito discutido no processo; as razões do
pedido de reforma ou de decretação de nulidade da sentença ou
acórdão, que são as razões recursais, indispensáveis para a ad-
missibilidade do recurso; e o pedido de nova decisão.
Recebido o recurso, o juiz determinará a intimação do
recorrido para apresentar contrarrazões no prazo de 8 (oito)
dias contados da intimação. Se o recorrido interpuser recurso
adesivo (art. 997 do CPC), o juiz intimará o recorrente para
apresentar contrarrazões, no prazo de 8 (oito) dias.
Após as contrarrazões os autos serão remetidos ao tri-
bunal competente, independentemente de juízo de admissibili-
dade recursal, que fica a cargo exclusivo do tribunal, em decor-
rência da aplicação subsidiária do § 3º, do artigo 1.010 do
Código de Processo Civil. Essa remessa pura e simples somen-
te não tem aplicabilidade se a hipótese comportar juízo de re-
tratação do magistrado, como nos casos de indeferimento limi-
nar da petição inicial e de improcedência liminar do pedido
(arts. 330 e 332 do CPC).
Recebido o recurso ordinário no tribunal este será dis-
tribuído e os autos serão imediatamente conclusos ao relator
que poderá decidir monocraticamente nas hipóteses do artigo
932, incisos III a V, do Código de Processo Civil. Não sendo

316
caso de decisão monocrática o relator elaborará o seu voto para
julgamento do recurso pelo órgão colegiado, restituindo os au-
tos à secretaria para que o presidente possa designar a data para
a sessão de julgamento, com a publicação da pauta.
O recurso ordinário devolve ao tribunal o conhecimen-
to da matéria impugnada, que pode ser a impugnação total ou
parcial da sentença ou acórdão, como disposto nas razões re-
cursais que delimitam o objeto do recurso. Serão, porém, obje-
to de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido
solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. Por-
tanto, mesmo que o juiz não tenha decidido questão controver-
tida, por considerar como suficientes outras questões para a re-
solução da causa, a matéria o reexame da matéria é submetida
ao tribunal quando relativa às razões recursais.
Neste sentido a súmula 393 do Tribunal Superior do
Trabalho diz que o efeito devolutivo em profundidade do recur-
so ordinário, que se extrai do § 1º do artigo 1.013 do Código de
Processo Civil, transfere ao Tribunal a apreciação dos funda-
mentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença,
ainda que não renovados em contrarrazões, desde que relativos
ao capítulo impugnado, e se o processo estiver em condições, o

317
tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde
logo o mérito da causa, nos termos do § 3º do artigo 1.013 do
Código, inclusive quando constatar a omissão da sentença no
exame de um dos pedidos.
Deste modo, quando a causa versar sobre questão de
direito e não necessitar da produção de outras provas (art. 355,
inc. I, do CPC), além das já produzidas nos autos do processo,
o tribunal pode julgar o mérito mesmo que o juiz que proferiu a
sentença não o tenha analisado, ressalvados os casos de vícios
que ensejem a restituição dos autos ao juízo de origem para que
seja proferida nova sentença.
O recorrente poderá suscitar no recurso ordinário as
questões de fato que não foram propostas no juízo inferior por
motivo de força maior, desde que prove a escusa nas suas ra-
zões recursais (art. 1.014 do CPC). Portanto, quando o recor-
rente provar que deixou de alegar as questões de fato por ra-
zões alheias a sua vontade, como os fatos dos quais não tinha
como ter conhecimento por obstáculos criados pela parte ad-
versa ou por circunstâncias naturais, e os surgidos ou conheci-
dos posteriormente a sentença. A juntada de documentos na
fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimen-

318
to para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior
à sentença (súmula 8 do TST).
Reconhecida a necessidade de produção de prova em
razão dos novos fatos suscitados, o relator converterá o julga-
mento em diligência, que se realizará no tribunal ou em primei-
ro grau de jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão
da instrução (art. 938, § 3º, do CPC).
Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssi-
mo (art. 852-A da CLT), o recurso ordinário será imediatamen-
te distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator
liberá-lo no prazo máximo de 10 (dez) dias, e a Secretaria do
Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para jul-
gamento, sem revisor; o Ministério Público do Trabalho na ses-
são de julgamento, se este entender necessário, poderá apresen-
tar parecer que será registrado na certidão de julgamento; o
acórdão consistirá unicamente na certidão de julgamento, com
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das ra-
zões de decidir do voto vencedor. Se a sentença for confirmada
pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, regis-
trando tal circunstância, servirá de acórdão.
Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, pode-
rão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários

319
interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao
procedimento sumaríssimo, visando a especialização e celeri-
dade no julgamento das reclamações de menor valor.
O inciso V, do artigo 1º, do Decreto-lei 779/69, asse-
gura à União, Estados, Distrito Federal, Municípios e autarqui-
as ou fundações de direito público, federais, estaduais ou muni-
cipais, o recurso ordinário ex officio das decisões proferidas no
processo do trabalho que lhe sejam total ou parcialmente con-
trárias. Entretanto, se a Fazenda Pública não interpuser recurso
ordinário voluntariamente, será incabível recurso de revista do
acórdão proferido no julgamento da remessa necessária, ressal-
vada a hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a
condenação imposta (OJ-SDI1-334-TST).
3. Agravo
A Consolidação das Leis do Trabalho dispõe sobre
dois tipos de agravo cabíveis no processo do trabalho, o pri-
meiro é o agravo de petição das decisões proferidas no proces-
so de execução, e o segundo é o agravo de instrumento dos
despachos denegatórios de seguimento dos recursos (art. 897,
al. a e b).

320
3.1. Agravo de petição
As decisões definitivas e terminativas proferidas no
processo de execução podem ser impugnadas por agravo de pe-
tição, no prazo de 8 (oito) dias contados da intimação, devol-
vendo ao tribunal o reexame das questões discutidas e decidi-
das, como ocorre no recurso ordinário. Portanto, as decisões
proferidas no julgamento da liquidação de sentença, dos embar-
gos à execução, dos embargos de terceiro e na exceção de pré-
executividade, ensejam a impugnação pelo vencido por meio
do agravo de petição (súmula 266 do TST).
A jurisprudência tem admitido a aplicação do princí-
pio da fungibilidade para receber o recurso ordinário como
agravo de petição, quando interposto erroneamente desde que
contenha os requisitos necessários para o seu julgamento pelo
tribunal (TST-AIRR-6640-64.2007.5.15.0120, 1ª Turma, Min.
LELIO BENTES CORRÊA, DEJT 17/06/2011).
O agravo de petição deve ser interposto por meio de
petição dirigida ao juízo que proferiu a decisão recorrida, con-
tendo os nomes das partes; a exposição do fato e do direito; as
razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o
próprio pedido. O agravo de petição que tiver como objeto ex-
cesso de execução ou os cálculos de liquidação somente será

321
recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as
matérias e os valores impugnados, permitida a execução imedi-
ata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por
carta de sentença.
Como disposto na súmula 416 do Tribunal Superior do
Trabalho não fere direito líquido e certo o prosseguimento da
execução quanto aos tópicos e valores não especificados no
agravo, visto que o agravante deve delimitar justificadamente a
matéria e os valores objeto de discordância.
Garantida integralmente a execução nos embargos à
execução, só haverá exigência de depósito recursal no agravo
de petição do devedor se tiver havido elevação do valor do
débito, hipótese em que o depósito recursal corresponderá ao
valor do acréscimo, sem qualquer limite (IN 3/93, item IV, al.
c, do TST e súmula 128, II, do TST).
Recebido o agravo de petição, o agravado será intima-
do para oferecer contrarrazões no prazo de 8 (oito) dias, poden-
do interpor recurso adesivo (súmula 283 do TST). No caso de
juízo negativo de admissibilidade do agravo de petição, o agra-
vante pode ser socorrer do agravo de instrumento.
O julgamento do agravo de petição interposto de deci-
são de juiz do trabalho de 1ª Instância é de competência das

322
Turmas dos Tribunais Regionais do Trabalho a que estiver su-
bordinado o prolator da sentença, a quem serão remetidas as
peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em
autos apartados, ou nos próprios autos, se tiver sido determina-
da a extração de carta de sentença. Tratando-se de agravo de
petição interposto das decisões proferidas pelos tribunais na
execução dos processos de competência originária, a compe-
tência para julgamento do agravo de petição é do próprio tribu-
nal.
Quando o agravo de petição versar apenas sobre as
contribuições sociais, o juiz da execução determinará a extra-
ção de cópias das peças necessárias, que serão autuadas em
apartado, e remetidos os autos à instância superior para apreci-
ação, após o oferecimento das contrarrazões.
3.2. Agravo de instrumento
O agravo de instrumento no processo do trabalho é ca-
bível dos despachos que negarem seguimento a recurso, sendo
competente para o seu julgamento o tribunal que seria compe-
tente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.
Tratando-se de despacho que não admite o recurso extraordiná-
rio o agravo de instrumento é o do artigo 1.042 do Código de

323
Processo Civil, e não o do artigo 897 da Consolidação (IN
16/99, item XIII, do TST).
Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão
a formação do instrumento do agravo de modo a possibilitar,
caso provido, o imediato julgamento do recurso denegado, ins-
truindo a petição de interposição, obrigatoriamente, com cópias
da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação, das
procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agra-
vado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária,
do depósito recursal referente ao recurso que se pretende des-
trancar, da comprovação do recolhimento das custas e do de-
pósito recursal a que se refere o § 7º do artigo 899 da Consoli-
dação; e facultativamente, com outras peças que o agravante
reputar úteis ao deslinde da matéria de mérito controvertida.
O agravo de instrumento será dirigido à autoridade ju-
diciária prolatora do despacho agravado e processado em autos
apartados (IN 16/99, item II, do TST), contendo os nomes das
partes; a exposição do fato e do direito; as razões do pedido de
reforma do despacho para admitir o recurso denegado.
Para o recurso de agravo de instrumento, o valor do
depósito recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento)
do valor do depósito do recurso ao qual se pretende destrancar,

324
não havendo obrigatoriedade de se efetuar o depósito recursal
quando o agravo tiver como objeto destrancar recurso de revis-
ta que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência
uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada
em súmulas ou em orientação jurisprudencial (art. 899, §§ 7º e
8º, da CLT).
Protocolizado e autuado, será concluso ao juiz prolator
do despacho agravado, para reforma ou confirmação da decisão
impugnada, mantida a decisão agravada o agravado será inti-
mado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso principal,
instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julga-
mento de ambos os recursos (OJ-SDI1-283-TST).
Para conhecimento do recurso é suficiente que o agra-
vo de instrumento procure infirmar o óbice processual que nor-
teou a decisão agravada, a fim de acessar a violação ou a diver-
gência jurisprudencial apontada no recurso de revista, resultan-
do atendida a orientação da Súmula nº 422 do TST (TST-E-ED-
ED-RR-291-13.2016.5.08.0124, Tribunal Pleno, red. p/ acór-
dão Min. LUIZ PHILIPPE VIEIRA DE MELLO FILHO,
19/4/2021 – Informativo TST nº 235).
Provido o agravo, a Turma do Tribunal deliberará so-
bre o julgamento do recurso principal, observando-se, se for o

325
caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso. Da
certidão de julgamento do agravo provido constará o resultado
da deliberação relativa à apreciação do recurso destrancado.
4. Embargos de declaração
São cabíveis os embargos de declaração da sentença
ou acórdão, nos casos de omissão e contradição no julgado e
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos de
admissibilidade de recurso, como a tempestividade, a regulari-
dade formal e o depósito recursal. Os erros materiais poderão
ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das par-
tes, mesmo após a publicação da decisão.
Como o processo do trabalho orienta-se pelos critérios
da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual
e celeridade, as decisões interlocutórias, assim consideradas
aquelas que resolvem as questões no decurso do processo, so-
mente podem ser impugnadas no momento da interposição do
recurso da decisão definitiva, de modo que os embargos de de-
claração somente podem ser manejados para corrigir os defei-
tos da sentença ou acórdão, para não criar tumulto processual,
ressalvada a hipótese de oposição dos embargos contra os des-
pachos proferidos no exame da admissibilidade dos recursos,
tanto do que admite quanto o de inadmissibilidade. Nestes ca-

326
sos, os embargos interrompem o prazo para a interposição do
agravo de instrumento (art. 897, al. b c/c art. 897-A, § 3º, da
CLT).
Como ressaltado na súmula 421 do Tribunal Superior
do Trabalho, cabem embargos de declaração da decisão mono-
crática do relator prevista no artigo 932 do Código de Processo
Civil, se a parte pretende tão somente juízo integrativo retifica-
dor da decisão e, não, modificação do julgado, e se a parte pos-
tular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao re-
lator converter os embargos de declaração em agravo interno,
em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processu-
al, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a inti-
mação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, comple-
mentar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências
do artigo 1.021, § 1º, do Código.
A decisão contraditória é aquela que contém incoerên-
cia, discrepância, ou incompatibilidade entre as questões ou
pontos decididos na fundamentação, ou entre os elementos da
decisão, como entre os fundamentos e o dispositivo, a ementa e
o voto do acórdão, o relatório e os fundamentos, de forma a im-
possibilitar a compreensão do julgado. Evidentemente que a
contradição tem que ser interna, no texto de determinada deci-

327
são, ou seja, não há contradição entre decisões no mesmo pro-
cesso para efeito de cabimento de embargos de declaração.
A omissão ocorre quando o juiz não se pronuncia de
forma expressa sobre determinado ponto ou questão alegada
pelas partes, deixando de analisá-la. O parágrafo único do arti-
go 1.022 do Código de Processo Civil considera omissa a deci-
são que deixe de se manifestar sobre tese firmada em julga-
mento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de
competência aplicável ao caso sob julgamento (art. 927, inc.
III, do CPC/2015) e que incorra em qualquer das condutas des-
critas no seu artigo 489, § 1º, que considera não fundamentada
a decisão que se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfra-
se de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a
questão decidida; empregar conceitos jurídicos indeterminados,
sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; in-
vocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra de-
cisão; não enfrentar todos os argumentos deduzidos no proces-
so, capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo jul-
gador; se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demons-
trar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou prece-

328
dente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de dis-
tinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Os embargos de declaração devem ser opostos, no pra-
zo de 5 (cinco) dias contados da intimação da decisão, em peti-
ção dirigida ao juiz que proferiu a decisão, com indicação da
contradição, da omissão ou do manifesto equívoco que se pre-
tende corrigir. Recebidos os embargos o juiz ordenará a intima-
ção do embargado para, querendo, se manifestar, no prazo de 5
(cinco) dias, sobre os embargos opostos, quando seu eventual
acolhimento acarretar a modificação da decisão embargada.
Deste modo, a princípio, os embargos de declaração não têm
resposta do embargado, pois sua finalidade não é modificar a
decisão, mas apenas aperfeiçoá-la ou integrá-la, com supressão
de uma omissão ou eliminação de uma contradição, além da
eliminação de um equívoco. Entretanto, é possível, que o juiz
ao decidir os embargos, acabe por modificar a decisão, nessa
hipótese, deverá ser assegurado o contraditório e a ampla defe-
sa, com intimação da parte contrária para que tenha oportunida-
de de apresentar suas contrarrazões.
Deste modo, é passível de nulidade decisão que acolhe
embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja

329
concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrá-
ria (OJ-SDI1-TST).
Os embargos interrompem o prazo para a interposição
de recurso, por qualquer das partes, de modo que opostos os
embargos o prazo para a interposição dos demais recursos cabí-
veis da mesma decisão é interrompido e após o julgamento dos
embargos o prazo se inicia por inteiro, salvo quando intempes-
tivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua assi-
natura (art. 897-A da CLT), hipóteses em que o recurso não é
recebido por falta de seus pressupostos de admissibilidade. En-
tretanto, nos casos de irregularidade de representação da parte
em procuração ou substabelecimento já constante dos autos, ou
de total ausência de assinatura da petição dos embargos de de-
claração, o órgão julgador ou relator, antes de considerar inad-
missível ou não conhecer do recurso, concederá prazo de 5
(cinco) dias úteis para que seja sanado o vício.
Justifica-se que a interrupção do prazo para a interpo-
sição dos demais recursos, pois a decisão embargada poderá ser
aperfeiçoada, integrada, ou até modificada pela correção da
contradição ou da omissão, de modo que o outro recurso cabí-
vel poderá impugnar os pontos ou as questões não analisadas
anteriormente.

330
Os embargos devem ser levados a julgamento na pri-
meira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação, in-
dependentemente de inclusão em pauta.
Como assentado na súmula 297 do Tribunal Superior
do Trabalho a parte deve opor embargos declaratórios visando
pré-questionar (súmula 184 do TST) a matéria em relação a
qual o acórdão recorrido quedou-se omisso, embora sobre ele
devesse se pronunciar. Considera-se incluído no acórdão os
elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questio-
namento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmiti-
dos ou rejeitados, bastando que no recurso de revista ou nos
embargos de divergência o recorrente alegue a existência de
omissão ou contradição, não suprida pelo tribunal de origem,
de modo a permitir que no julgamento do recurso o tribunal su-
perior considere existentes a omissão ou a contradição, para
considerar como pré-questionada a matéria.
Quando manifestamente protelatórios os embargos de
declaração o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, con-
denará o embargante ao pagamento de multa por litigância de
má-fé (art. 793-B e 793-C da CLT).

331
5. Recurso de revista
No artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho
estão elencados os pressupostos para o cabimento do recurso
de revista, de modo que cabe recurso de revista para o Tribunal
Superior do Trabalho (art. 111, inc. I da CF e 690 a 709 da
CLT) das decisões proferidas no recurso ordinário (art. 895 da
CLT), em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do
Trabalho (art. 111, inc. II da CF e 670 a 689 da CLT), quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação di-
versa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Tra-
balho, no seu pleno ou turma, ou a Seção de Dissídios Indivi-
duais do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmu-
la de jurisprudência uniforme do TST ou súmula vinculante do
Supremo Tribunal Federal; b) derem ao mesmo dispositivo de
lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coleti-
vo, sentença normativa ou regulamento empresarial de obser-
vância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição
do Tribunal Regional do Trabalho prolator da decisão recorri-
da, interpretação divergente da que lhe houver dado outro Tri-
bunal Regional do Trabalho, no seu pleno ou turma, ou a Seção
de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (sú-
mula 312 do TST); e c) proferidas com violação literal de dis-

332
posição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição
Federal.
O conhecimento do recurso de revista, quanto a preli-
minar de nulidade, por negativa de prestação jurisdicional,
supõe indicação de violação do artigo 832 da Consolidação, do
artigo 489 do Código de Processo Civil ou do artigo 93, inciso
IX, da Constituição Federal de 1988 (súmula 459 do TST).
Como pressuposto específico exige a demonstração da
transcendência de natureza econômica, política, social ou ju-
rídica, previamente a aferição da divergência jurisprudencial e
da violação a lei ou a Constituição Federal (art. 896-A da CLT).
O referido pressuposto foi inserido na Consolidação pela Medi-
da Provisória nº 2.226/2001, que é objeto de Ação Direta de In-
constitucionalidade nº 2527/DF em trâmite no Supremo Tribu-
nal Federal. Deste modo, é necessário que se demonstre a im-
portância da decisão da causa para o público e não apenas em
relação as partes.
A transcendência no recurso de revista é pressuposto
recursal similar ao da repercussão geral para a admissibilidade
do recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal (§
3º do art. 102 da CF), dispondo o artigo 1.035 do Código de
Processo Civil que para efeito de repercussão geral, será consi-

333
derada a existência ou não de questões relevantes do ponto de
vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os
interesses subjetivos do processo. Haverá repercussão geral
sempre que o recurso impugnar acórdão que contrarie súmula
ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e
que tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de
lei federal, nos termos do artigo 97 da Constituição Federal
(inc. I e III do § 3º do art. 1.035 do CPC/2015). Do mesmo
modo, é correto afirmar que haverá transcendência de natureza
jurídica quando o recurso de revista impugnar decisão que con-
trarie súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal Superi-
or do Trabalho, súmula e súmula vinculante ou jurisprudência
dominante do Supremo Tribunal Federal, e acórdão do STF que
tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado internaci-
onal relativo a direitos trabalhistas e de lei federal.
O relator pode, monocraticamente, denegar seguimen-
to ao recurso de revista que não demonstrar transcendência, ca-
bendo agravo interno desta decisão para o colegiado. Por outro
lado, a CLT (art. 896-A, §§ 2º e 5º) dispõe que é irrecorrível a
decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumento
em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da
matéria, sendo que o Tribunal Superior do Trabalho possui

334
acórdão do seu pleno declarando a inconstitucionalidade do §
5º do artigo 896-A da CLT, em sede de arguição de inconstitu-
cionalidade, por considerar que ele viola os princípios da cole-
gialidade, da segurança jurídica, do devido processo legal, da
isonomia e da proteção da confiança, admitindo-se, no caso
concreto, a interposição de agravo interno contra a decisão mo-
nocrática do relator que denegou seguimento ao agravo de ins-
trumento em recurso de revista, por ausência de transcendência
da causa (TST-ArgInc-1000845-52.2016.5.02.0461, Tribunal
Pleno, rel. Min. CLÁUDIO MASCARENHAS BRANDÃO,
6/11/2020 – Informativo TST nº 228).
Quando o agravo interno for declarado manifestamen-
te inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão
colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a
pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do
valor atualizado da causa, de modo que a interposição de qual-
quer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do va-
lor da referida multa, à exceção da Fazenda Pública e do bene-
ficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao fi-
nal (art. 1.021, § 4º e 5º do CPC/15). Deste modo, a comprova-
ção do recolhimento da multa do artigo 1.021, §§ 4º e 5º, do
CPC/15 é requisito objetivo de admissibilidade do recurso pos-

335
terior ao agravo interno e a intempestividade da comprovação
implica deserção, na forma da Orientação Jurisprudencial nº
389 da SBDI-1 do TST (TST-Ag-E-Ag-AIRR-249-
43.2015.5.05.0621, SBDI-I, rel. Min. ALBERTO LUIZ BRES-
CIANI DE FONTAN PEREIRA, 29/10/2020 – Informativo
TST nº 228).
O objetivo do recurso de revista é o de uniformizar a
jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho mediante a
superação da divergência apontada nas razões recursais, sendo
que o objeto do recurso se limita ao controle, aplicação e inter-
pretação da legislação trabalhista e das normas constitucionais,
não se discutindo, portanto, matéria de fato ou apreciação de
prova realizada pelo tribunal de origem. A exemplo do recurso
especial e do recurso extraordinário é um recurso de fundamen-
tação vinculada que só permite a discussão de certas situações,
e, assim, possui âmbito restrito. O cabimento dessa espécie re-
cursal exige a presença, na decisão recorrida, de alguma con-
trovérsia a respeito da aplicação ou da interpretação de lei fede-
ral, lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Co-
letivo, sentença normativa, regulamento empresarial ou de dis-
positivo da Constituição Federal. Sem que se tenha presente
uma dessas questões, fica o interessado impedido de socorrer-

336
se desta via recursal, sendo incabível o recurso de revista para
reexame de fatos e provas (súmula 126 do TST).
Cumpre ao recurso de revista (art. 896, b da CLT) re-
solver os desentendimentos quanto a aplicação e a interpreta-
ção das fontes formais do direito do trabalho, que são: a Cons-
tituição, a lei, o regulamento, a sentença normativa da Justiça
do Trabalho, a convenção coletiva de trabalho e o costume. “A
Constituição, a lei, o regulamento e a sentença normativa são
fontes heterônomas do Direito do Trabalho, porque as normas
delas resultantes provêm de órgãos estatais. A convenção cole-
tiva é fonte do direito autônomo do trabalho. As normas, nesse
caso, são estabelecidas pelos próprios destinatários: é a auto-
disciplina das relações do trabalho” (ARNALDO SÜS-
SEKIND, DÉLIO MARANHÃO, SEGADAS VIANNA,
LIMA TEIXEIRA. Instituições de direito do trabalho, volume
I. 21ª ed. São Paulo: LTr: 2003, pág. 153).
O recurso de revista possui efeito apenas devolutivo e
deve ser interposto por petição dirigida ao presidente do Tribu-
nal Regional do Trabalho, que fará o juízo de admissibilidade
para verificar se os pressupostos recursais foram atendidos. O
juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela
Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limita-se à

337
análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do recurso,
não abrangendo o critério da transcendência das questões nele
veiculadas, não obstando que o relator do recurso de revista de-
negue seguimento, em decisão monocrática, nas hipóteses de
intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou
de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco ou intrín-
seco de admissibilidade (art. 896, § 14 e 896-A, § 6º, da CLT).
Da decisão denegatória do recurso de revista é cabível a inter-
posição do agravo de instrumento para destrancar o recurso
(art. 897, b da CLT).
Na petição recursal (IN 23/2003 do TST) deve a parte:
a) demonstrar o prequestionamento da controvérsia objeto do
recurso de revista; b) indicar, de forma clara e fundamentada, a
divergência jurisprudencial sobre dispositivo de lei, súmula ou
orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho,
ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, adotado na
decisão recorrida (súmula 23 do TST); c) expor as razões re-
cursais para a reforma da decisão recorrida, demonstrando de
forma analítica a contrariedade a dispositivo de lei, da Consti-
tuição Federal, de súmula ou de orientação jurisprudencial. A
súmula nº 221 do TST dispõe que a admissibilidade do recurso
de revista por violação tem como pressuposto a indicação ex-

338
pressa do dispositivo de lei ou da Constituição Federal tido
como violado.
Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados,
incumbe ao recorrente o ônus de produzir prova da divergência
jurisprudencial (súmula 337 do TST), mediante certidão, cópia
ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenci-
ado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publi-
cada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado
disponível na internet, com indicação da respectiva fonte, men-
cionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem
ou assemelhem os casos confrontados (art. 896, § 8º da CLT).
A divergência jurisprudencial que enseja a interposi-
ção do recurso de revista deve ser atual, não se considerando
como tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por ite-
rativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Traba-
lho (§ 7º do art. 896 da CLT). É o que dispõe a súmula nº 333
do TST cujo enunciado diz que não ensejam recurso de revista
as decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudên-
cia do Tribunal Superior do Trabalho. A divergência que enseja
a admissibilidade, o prosseguimento e o conhecimento do re-
curso há de ser específica, revelando a existência de teses di-

339
versas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora
idênticos os fatos que as ensejaram, e não viola o artigo 896 da
Consolidação a decisão de Turma que, examinando premissas
concretas de especificidade da divergência colacionada no ape-
lo revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento
do recurso (súmula nº 296 do TST).
Não serve como divergência jurisprudencial acórdão
do mesmo Tribunal Regional do Trabalho, salvo se o recurso
houver sido interposto anteriormente a lei 9.756/98 (Orientação
jurisprudencial nº 111 do TST – SDI-I), que alterou a redação
do artigo 896 da CLT, posteriormente alterado pela lei nº
13015/2014. É necessário que a parte recorrente invoque de
forma expressa no recurso de revista os preceitos legais ou
constitucionais tidos como violados (Orientação jurisprudenci-
al nº 257 do TST – SDI1).
Deve constar da decisão proferida no recurso ordinário
a análise explicita acerca dos dispositivos legais cuja aplicação
e interpretação tenha sido contrariada por outro Tribunal (TRT
e TST), ou seja, o prequestionamento explicito da matéria.
Neste sentido ensina o Ministro MARCO AURÉLIO MEN-
DES DE FARIAS MELLO do Supremo Tribunal Federal, ao
dizer que “os permissivos legais cogitam do cabimento por di-

340
vergência jurisprudencial, violência a literalidade de preceito
de lei ou sentença normativa – alienas “a” e “b”, do artigo 896,
da Consolidação das Leis do Trabalho. Ora, conclusão a respei-
to demanda cotejo. Somente comparação do que decidido com
os arestos paradigmas, ou com o texto de lei ou sentença nor-
mativa, pode convencer sobre o atendimento a um dos referi-
dos pressupostos objetivos e específicos de recorribilidade. Se
em relação à matéria veiculada na revista não houve emissão
de juízo pelo órgão prolator da decisão impugnada, forçoso é
concluir pela impossibilidade material de proceder-se ao con-
fronto, sempre a pressupor duas ou mais coisas e, no caso, di-
versidade de enfoques (O prequestionamento e o recurso de re-
vista. Disponível em: www.tst.jus.br. Acesso em: 07/04/2016).
No mesmo sentido é o entendimento de LUIZ JOSÉ GUIMA-
RÃES FALCÃO, ao dizer que “sem o juízo explicito do Tribu-
nal Regional sobre a matéria objeto do Recurso de Revista, é
impossível dizer que o TRT contrariou o interesse público. Por
que teria contrariado se o tema não foi explicitamente decidi-
do? Isso é muito importante porque o Recurso de Revista não
tem a função imediata de atender às pretensões dos litigantes,
função que é exclusiva das instâncias ordinárias. Sem a de-
monstração do interesse público, no que concerne à prevalência

341
da autoridade e da exata aplicação da lei federal e da Constitui-
ção, não cabe Recurso de Revista, ou seja, sem que isso tudo
esteja claramente demonstrado, o Recurso de Revista não se vi-
abiliza” (Recurso de Revista – Objetivos – Prequestionamento
– Hipóteses de cabimento. Revista do TST, Brasília, 63, 29-35,
1994).
Existem casos expressos em que não é admissível a in-
terposição do recurso de revista, como das decisões proferidas
pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em
execução de sentença, inclusive em processo incidente de em-
bargos de terceiro (art. 674 a 681 do CPC), salvo nas hipóteses
de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal (art.
896, § 2º da CLT). Em outros casos, a sua admissibilidade é
restrita, como nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo
(art. 852-A a 852-I da CLT), em que somente será cabível o re-
curso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência
uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vincu-
lante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da
Constituição Federal (§ 9º do art. 896 da CLT); nas execuções
fiscais para cobrança de multas por violação a legislação do
trabalho (lei nº 6.830/80) e nas controvérsias da fase de execu-
ção que envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas

342
do artigo 642-A da CLT (CNDT) instituída pela lei nº
12.440/2011 (§ 10 do art. 896 da CLT).
A súmula nº 442 do TST estabelece que “nas causas
sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de re-
curso de revista está limitada à demonstração de violação direta
a dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmu-
la do Tribunal Superior do Trabalho, não se admitindo o recur-
so por contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste Tribu-
nal (Livro II, Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência
de previsão no art. 896, § 6º, da CLT”. A súmula nº 266 do
TST, por sua vez, diz que a admissibilidade do recurso de re-
vista interposto de acórdão proferido em agravo de petição, na
liquidação de sentença ou em processo incidente na execução,
inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração
inequívoca de violência direta à Constituição Federal.
Aplica-se ao processo do trabalho o parágrafo único
do artigo 1034 do Código de Processo Civil, de modo que ad-
mitido o recurso de revista por um fundamento, devolve-se ao
Tribunal Superior do Trabalho o conhecimento dos demais fun-
damentos para a solução apenas do capítulo impugnado. Co-
nhecido o recurso de revista por qualquer dos seus fundamen-
tos, opera-se a abertura de instância, de modo que, ao julgá-lo,

343
poderá o Tribunal Superior do Trabalho conhecer de ofício, ou
por provocação, de todas as matérias que podem ser alegadas a
qualquer tempo, bem como, de todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, mesmo que não tenham sido enfrenta-
das no acórdão recorrido.
O acórdão proferido no julgamento do recurso de re-
vista, pela Turma do Tribunal Superior do Trabalho (art. 5º, al.
a, da lei 7.701/88), pode ser impugnado por embargos de diver-
gência (art. 894, inc. II, da CLT) e por recurso extraordinário
quando a decisão resolver questão constitucional (art. 102, inc.
III, al. a, b, c, e d, da CRFB/88 e art. 1.029 do CPC).
5.1. Recurso de revista repetitivo
Conforme determina o artigo 896-B da Consolidação
aplicam-se ao recurso de revista as normas do Código de Pro-
cesso Civil (art. 1.046, §4º, do CPC), relativas ao julgamento
dos recursos extraordinários e especiais repetitivos. A Instrução
Normativa 38/2015 do Tribunal Superior do Trabalho regula-
menta o procedimento do julgamento dos recursos de revista
repetitivos.
Atualmente a disciplina dos recursos extraordinários e
especiais repetitivos está contida nos artigos 1.036 a 1.041 do
Código de Processo Civil, e são aplicáveis ao recurso de revista

344
repetitivo no que não conflitar com as normas do artigo 896-C
da Consolidação. É o caso da regra do § 6º do artigo 1.036 do
Código em que somente podem ser selecionados recursos ad-
missíveis que contenham abrangente argumentação e discussão
a respeito da questão a ser decidida, e a regra do inciso I do ar-
tigo 1.037 que determina ao relator, no tribunal superior, identi-
ficar com precisão a questão a ser submetida a julgamento, na
decisão de afetação para julgamento como recurso repetitivo.
Justifica-se a aplicação subsidiária do Código de Processo Ci-
vil, nestes casos, em razão da perfeita formação do precedente
para sua aplicação nos dissídios que versem sobre idêntica
questão de direito, pois a ratiodecidendi do acórdão paradigma
publicado pelo Tribunal Superior do Trabalho, em sede de re-
curso de revista repetitivo, é a interpretação e a aplicação da le-
gislação trabalhista dada pelo tribunal superior.
Quando houver multiplicidade de recursos de revista
fundados em idêntica questão de direito material ou processual,
a questão poderá ser afetada à Seção Especializada em Dissí-
dios Individuais ou ao Tribunal Pleno, por decisão da maioria
simples de seus membros, mediante requerimento de um dos
Ministros que compõem a Seção Especializada, considerando a
relevância da matéria ou a existência de entendimentos diver-

345
gentes entre os Ministros dessa Seção ou das Turmas do Tribu-
nal (art. 986-C, caput, da CLT).
O objetivo desta técnica de julgamento dos recursos
extraordinários é a de proporcionar a razoável duração do pro-
cesso, além de descongestionar os tribunais superiores, na me-
dida em que a tese jurídica firmada valerá para os demais re-
cursos que versem sobre idêntica controvérsia jurídica.
O presidente ou o vice-presidente do Tribunal Regio-
nal do Trabalho selecionará 2 (dois) ou mais recursos represen-
tativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Tribunal
Superior do Trabalho para fins de afetação, determinando a
suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, indivi-
duais ou coletivos, que tramitem na região. Somente podem ser
selecionados recursos admissíveis que contenham abrangente
argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida
(art. 896-C, § 4º, da CLT).
Independentemente da iniciativa dos presidentes dos
tribunais, a afetação da questão para ser julgada sob a siste-
mática de recurso repetitivos pode decorrer de requerimento
fundamentado de um dos Ministros da Subseção I da Seção Es-
pecializada em Dissídios Individuais, que deverá indicar um ou
mais recursos de revista representativos da controvérsia e ser

346
formulado por escrito diretamente ao Presidente da Subseção I
da Seção Especializada em Dissídios Individuais ou, oralmen-
te, em questão preliminar suscitada quando do julgamento de
processo incluído na pauta de julgamentos da Subseção.
O Presidente do Tribunal Superior do Trabalho oficia-
rá os Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho para que
suspendam os recursos interpostos em casos idênticos aos afe-
tados como recursos repetitivos, até o pronunciamento definiti-
vo do Tribunal Superior do Trabalho, comunicando aos demais
Presidentes de Turma ou de Seção Especializada, que poderão
afetar outros processos sobre a questão para julgamento con-
junto, a fim de conferir ao órgão julgador visão global da ques-
tão.
O Presidente da Subseção submeterá a proposta de
afetação ao colegiado, se formulada por escrito, no prazo máxi-
mo de 30 (trinta) dias de seu recebimento, ou de imediato, se
suscitada em questão preliminar quando do julgamento de de-
terminado processo pela Subseção I da Seção Especializada em
Dissídios Individuais, após o que: I - acolhida a proposta, por
maioria simples, o colegiado decidirá em seguida se a questão
será analisada pela própria Subseção I da Seção Especializada
em Dissídios Individuais ou pelo Tribunal Pleno, salvo quando

347
se tratar de matéria disciplinada em súmula ou orientação juris-
prudencial, caso em que o incidente será necessariamente afeta-
do ao Tribunal Pleno; II - acolhida a proposta, a desistência da
ação ou do recurso não impedirá a análise da questão objeto de
julgamento de recursos repetitivos; III - na hipótese do inciso I,
o processo será autuado e distribuído a relator e a revisor do ór-
gão jurisdicional correspondente, para sua tramitação nos ter-
mos do artigo 896-C da Consolidação, não concorrendo a sor-
teio, quando possível, os Ministros que, previamente, tenham
recebido processo da mesma classe; IV - rejeitada a proposta,
se for o caso, os autos serão devolvidos ao órgão julgador res-
pectivo, para que o julgamento do recurso prossiga regular-
mente (art. 281, § 3º, do RITST).
O relator no Tribunal Superior do Trabalho poderá de-
terminar a suspensão dos recursos de revista ou de embargos
que tenham como objeto controvérsia idêntica à do recurso afe-
tado como repetitivo; poderá solicitar, aos Tribunais Regionais
do Trabalho, informações a respeito da controvérsia, a serem
prestadas no prazo de 15 (quinze) dias; admitir manifestação de
pessoa, órgão ou entidade com interesse na controvérsia, inclu-
sive como assistente simples.

348
O Ministério Público do Trabalho terá vista do recur-
so, após o recebimento das informações pelo tribunal de ori-
gem, pelo prazo de 15 (quinze) dias. Transcorrido o prazo para
o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais
Ministros, o processo será incluído em pauta na Seção Especia-
lizada ou no Tribunal Pleno, devendo ser julgado com preferên-
cia sobre os demais feitos (art. 896-C, §§ 9º e 10, da CLT).
Publicado o acórdão do Tribunal Superior do Traba-
lho, cujo conteúdo abrangerá a análise dos fundamentos rele-
vantes da tese jurídica discutida, os recursos de revista sobres-
tados na origem:
I - terão seguimento denegado na hipótese de o acór-
dão recorrido coincidir com a orientação a respeito da matéria
no Tribunal Superior do Trabalho;
II - serão novamente examinados pelo Tribunal de ori-
gem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação
do Tribunal Superior do Trabalho a respeito da matéria, que po-
derá manter o entendimento, com demonstração da existência
de distinção, por se tratar de caso particularizado por hipótese
fática distinta ou questão jurídica não, hipótese em que será re-
alizado novo exame de admissibilidade do recurso de revista,
com prosseguimento do processo; ou poderá ocorrer a retrata-

349
ção, com alteração do acórdão divergente, hipótese em que o
tribunal de origem, se for o caso, decidirá as demais questões
ainda não decididas, cujo exame se tornou necessário em de-
corrência da alteração;
III - os processos suspensos em primeiro e segundo
graus de jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplica-
ção da tese firmada pelo tribunal superior (art. 927, inc. III, do
CPC). Os processos que versarem sobre outras questões além
da decidida no julgamento de recurso de revista repetitivo se-
rão julgados com observância da tese firmada no recurso afeta-
do.
Caso a questão afetada e julgada sob o rito do recurso
de revista repetitivo também contiver questão constitucional, a
decisão proferida pelo Tribunal Pleno poderá ser impugnada
por recurso extraordinário.
Portanto, decididos os recursos afetados, os órgãos co-
legiados declararão prejudicados os demais recursos versando
sobre idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese fir-
mada.
A decisão firmada em recurso repetitivo somente pode
atingir os processos com fundamento em idêntica questão fáti-
ca ou jurídica, não sendo aplicada aos casos em que se demons-

350
trar que a situação de fato ou de direito é distinta das presentes
no processo julgado sob o rito dos recursos repetitivos. A parte
poderá requerer ao juiz ou ao relator o prosseguimento de seu
processo se demonstrar a intempestividade do recurso nele in-
terposto ou a existência de distinção entre a questão de direito a
ser decidida no seu processo e aquela a ser julgada sob o rito
dos recursos repetitivos, na forma do artigo 1.037, §§ 9º a 12,
do Código de Processo Civil.
A parte poderá desistir da reclamação em curso no pri-
meiro grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a
questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso de
revista representativo da controvérsia. Evidentemente que o in-
teresse na desistência ocorrerá quando a causa de pedir e o pe-
dido forem contrários a tese jurídica firmada pelo Tribunal Su-
perior do Trabalho, visto que a sentença será de improcedência
do pedido.
Caberá revisão da decisão firmada em julgamento de
recursos repetitivos quando se alterar a situação econômica, so-
cial ou jurídica, caso em que será respeitada a segurança jurídi-
ca das relações firmadas sob a égide da decisão anterior, po-
dendo o Tribunal Superior do Trabalho modular os efeitos da
decisão que a tenha alterado.

351
6. Embargos de divergência
Como disciplina o artigo 894, inciso II, da Consolida-
ção das Leis do Trabalho, no Tribunal Superior do Trabalho ca-
bem embargos de divergência das decisões das Turmas que di-
vergirem entre si ou divergirem das decisões da Seção de Dissí-
dios Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurispru-
dencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante
do Supremo Tribunal Federal.
Como dispõe a súmula 353 do Tribunal Superior do
Trabalho não cabem embargos para a Seção de Dissídios Indi-
viduais de decisão de Turma proferida em agravo, salvo: a) da
decisão que não conhece de agravo de instrumento ou de agra-
vo pela ausência de pressupostos extrínsecos; b) da decisão que
nega provimento a agravo contra decisão monocrática do Rela-
tor, em que se proclamou a ausência de pressupostos extrínse-
cos de agravo de instrumento; c) para revisão dos pressupostos
extrínsecos de admissibilidade do recurso de revista, cuja au-
sência haja sido declarada originariamente pela Turma no jul-
gamento do agravo; d) para impugnar o conhecimento de agra-
vo de instrumento; e) para impugnar a imposição de multas
previstas nos artigos 1.021, § 4º, ou 1.026, § 2º, ambos do
Código de Processo Civil; f) contra decisão de Turma proferida

352
em agravo em recurso de revista, nos termos do artigo 894, in-
ciso II, da Consolidação das Leis do Trabalho.
Os embargos devem ser opostos no prazo de 8 (oito)
dias contados da publicação da decisão recorrida, instruídos
com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou creden-
ciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, em que
foi publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de
julgado disponível na rede mundial de computadores, indican-
do a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias que iden-
tificam ou assemelham os casos confrontados.
Isto porque, a divergência apta a ensejar os embargos
deve ser atual, não se considerando tal a ultrapassada por sú-
mula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribu-
nal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência
do Tribunal Superior do Trabalho.
Compete a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal
Superior do Trabalho julgar os embargos interpostos contra de-
cisões divergentes das Turmas, ou destas que divirjam de deci-
são da Seção de Dissídios Individuais, de súmula ou de orienta-
ção jurisprudencial (art. 3º, inc. III, al. b, da lei 7.701/88).
O Presidente da Turma procederá ao exame prévio de
admissibilidade do recurso de Embargos, proferindo despacho

353
fundamentado. Recebido o recurso de Embargos, deverá ser
enviado à Secretaria da Turma, com o fim de intimação da par-
te embargada para oferecer contrarrazões (art. 2º da IN 35/2012
do TST).
Do despacho que não admitir o recurso de Embargos,
caberá agravo de instrumento, prosseguindo-se a autuação do
agravo em embargos pela secretaria da turma e intimação ao
embargado para contrarrazões aos embargos e contrarrazões ao
Agravo. Após exaurido o prazo para contrarrazões, os autos de-
verão ser remetidos para a distribuição.
O Ministro Relator denegará seguimento aos embar-
gos se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula
da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho ou do Su-
premo Tribunal Federal, ou com iterativa, notória e atual juris-
prudência do Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo-lhe in-
dicá-la; e nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregula-
ridade de representação ou de ausência de qualquer outro pres-
suposto extrínseco de admissibilidade.
O relator também poderá dar provimento aos embar-
gos, se a decisão recorrida estiver contrária à tese fixada em
julgamento de casos repetitivos ou de repercussão geral, com
entendimento firmado em incidente de assunção de competên-

354
cia, súmula, orientação jurisprudencial ou precedente normati-
vo do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do
Supremo Tribunal Federal, ou com iterativa, notória e atual ju-
risprudência do Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo-lhe
indicá-la.
Da decisão denegatória dos embargos caberá agravo
interno, no prazo de 8 (oito) dias.
Aos embargos para a Seção de Dissídios Individuais
pode ser aplicada a sistemática de julgamento dos recursos re-
petitivos (IN 38/2015 do TST), assim como ocorre com o re-
curso de revista, por se tratar de recurso que visa uniformizar a
jurisprudência do tribunal.
7. Embargos infringentes
Cabem embargos infringentes no Tribunal Superior do
Trabalho das decisões não unânimes proferidas pela Seção Es-
pecializada em Dissídios Coletivos (art. 894, inc. I, al. a, da
CLT), no prazo de 8 (oito) dias úteis, contados da publicação
do acórdão no Órgão Oficial, nos processos de Dissídios Cole-
tivos de competência originária do Tribunal.
Os embargos infringentes são cabíveis da decisão não
unânime de julgamento que conciliar, julgar ou homologar con-
ciliação em dissídios coletivos que excedam a competência ter-

355
ritorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou re-
ver as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho
(art. 894, inc. I, al. a, da CLT e art. 2º, inc. I, al. a, da lei
7.701/88), restritos à cláusula em que há divergência, e, se esta
for parcial, ao objeto da divergência.
Compete a Seção Especializada em Dissídios Coleti-
vos do Tribunal Superior do Trabalho julgar os embargos in-
fringentes. O procedimento dos embargos é regulado no regi-
mento interno do Tribunal Superior do Trabalho (arts. 262 a
264), de modo que registrado o protocolo na petição a ser enca-
minhada à Secretaria do órgão julgador competente, esta junta-
rá o recurso aos autos respectivos e abrirá vista à parte contrá-
ria, para impugnação, no prazo de 8 (oito) dias. Transcorrido o
prazo, o processo será remetido a unidade competente, para ser
imediatamente distribuído.
Não atendidas as exigências legais relativas ao cabi-
mento dos embargos infringentes (art. 894, §§ 3º, da CLT), o
relator denegará seguimento ao recurso, facultada à parte a in-
terposição de agravo interno (art. 894, § 4º, da CLT). Admiti-
dos os embargos serão julgados de acordo com as normas regi-
mentais.

356
8. Recurso Extraordinário
Cabe recurso extraordinário das decisões do Tribunal
Superior do Trabalho proferidas em única ou última instância,
nos termos da Constituição Federal de 1988 (art. 102, inc. III,
al. a, b, c, e d, da CRFB/88) e do Código de Processo Civil (art.
1.029). O recurso será interposto em petição fundamentada, no
prazo de 15 (quinze) dias úteis da publicação do acórdão ou de
suas conclusões no órgão oficial.
No recurso extraordinário o recorrente deve demons-
trar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas
no caso, nos termos do § 3º do artigo 102 da Constituição Fe-
deral de 1988 e do artigo 1.035, § 2º, do Código de Processo
Civil, a fim de que o tribunal examine a admissão do recurso,
somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de
seus membros.
A petição do recurso extraordinário será juntada aos
autos após transcorrido o prazo legal sem a interposição de re-
curso de competência do Tribunal Superior do Trabalho,
abrindo-se, de imediato, vista dos autos à parte contrária para
apresentação de contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias
úteis. Findo o prazo das contrarrazões, os autos serão conclusos

357
ao Vice-Presidente do Tribunal para exame da admissibilidade
do recurso.
Como o recurso extraordinário é cabível das decisões
de única ou última instância, é necessário o esgotamento de to-
das as instâncias recursais, sob pena de inadmissibilidade do
recurso. Neste sentido, é a súmula no 281 do Supremo Tribunal
Federal, com o entendimento de que é inadmissível o recurso
extraordinário, quando couber na Justiça de origem, recurso or-
dinário da decisão impugnada.
Interposto o recurso extraordinário por mais de um
dos fundamentos indicados no artigo 102, inciso III, da Consti-
tuição, a admissão apenas por um deles não prejudica o seu co-
nhecimento por qualquer dos outros (súmula no 292 do STF).
Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário
(súmula 279 do STF). Por ofensa a direito local não cabe recur-
so extraordinário (súmula no 280 do STF). É inadmissível o re-
curso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamenta-
ção não permitir a exata compreensão da controvérsia (súmula
no 284 do STF).
O Supremo Tribunal Federal exige o pré-questiona-
mento da questão constitucional objeto do recurso extraordiná-
rio, de modo que a decisão recorrida deve ter enfrentado a ma-

358
téria. Neste sentido é o entendimento consolidado na súmula no
282 do Supremo, em que é inadmissível o recurso extraordiná-
rio, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão fede-
ral suscitada,
Quando o recurso tiver como fundamento dissídio ju-
risprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a
certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, ofi-
cial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que
houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a re-
produção de julgado disponível na rede mundial de computado-
res, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qual-
quer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou as-
semelhem os casos confrontados. Neste sentido, é o entendi-
mento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal na súmula
no 291.
Não se conhece do recurso extraordinário fundado em
divergência jurisprudencial, quando a orientação do plenário do
Supremo Tribunal Federal já se firmou no mesmo sentido da
decisão recorrida (súmula no 286 do STF).
Os processos julgados pelo Tribunal Superior do Tra-
balho só serão restituídos à instância originária quando findo o
prazo de interposição do recurso extraordinário para o Supremo

359
Tribunal Federal. Entretanto, a interposição de recurso para o
Supremo Tribunal Federal não prejudicará a execução do julga-
do (art. 893, § 2º, da CLT).
Aos recursos extraordinários interpostos perante o Tri-
bunal Superior do Trabalho poderá ser aplicado o procedimento
previsto no artigo 1.036 do Código de Processo Civil, cabendo
ao Presidente do Tribunal Superior do Trabalho selecionar um
ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-
los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o
pronunciamento definitivo da Corte, comunicando os Tribunais
Regionais do Trabalho e os Presidentes das Turmas e da Seção
Especializada do Tribunal para que suspendam os processos
idênticos aos selecionados como recursos representativos da
controvérsia e encaminhados ao Supremo Tribunal Federal, até
o seu pronunciamento definitivo.

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TOSTES MALTA, Christóvão Piragibe. Prática de Processo
Trabalhista. São Paulo: LTr, 2012.

369
APÊNDICE

1. A PROVA DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

A relação jurídica entre empregado (art. 3º da CLT) e


empregador (art. 2º da CLT) se dá pela prestação de um serviço
específico de forma subordinada e não eventual (art. 4º da
CLT) em contrapartida ao recebimento de um salário, firmada
mediante acordo tácito ou expresso entre as partes contratantes,
o que configura a existência de um negócio jurídico que pode
ser celebrado de forma verbal ou escrita, como dispõem os arti-
gos 442 e 443 da Consolidação das Leis do Trabalho. Portanto,
como em regra não se exige forma especial para a celebração
do contrato de trabalho, aplica-se o artigo 212 do Código Civil
(art. 8º, § 1º, da CLT) para admitir que a relação de emprego
possa ser provada por meio da confissão, de documentos, de
testemunhas, de presunções e de perícia.
Neste sentido é a autorização contida no artigo 456 da
Consolidação das Leis do Trabalho para que a prova do contra-
to individual de trabalho possa ser feita pelas anotações cons-
tantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e su-
prida por todos os meios permitidos em direito, como os elen-
cados no citado artigo 212 do Código Civil. Isto porque, como

370
explica EVARISTO DE MORAES FILHO “inclui-se o contra-
to de trabalho entre os pactos consensuais, isto é, aquêles em
que basta o simples consentimento para se aperfeiçoar o víncu-
lo obrigacional. Normalmente, no comum dos casos de todos
os dias, não se exige forma especial para a validade do contrato
de trabalho” (Tratado elementar de direito do trabalho, Vol. I,
1960, pág. 426).
Como a relação contratual de trabalho pode ser objeto
de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não
contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contra-
tos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autori-
dades competentes (art. 444 da CLT), a prova do contrato de
trabalho refere-se a sua existência, data de início e das condi-
ções de trabalho estipuladas, sendo que na falta de acordo ou
prova sobre condição essencial ao contrato verbal, esta se pre-
sume existente, como se a tivessem estatuído os interessados na
conformidade dos preceitos jurídicos adequados à sua legitimi-
dade (art. 447 da CLT).
A legislação trabalhista dispõe sobre determinados do-
cumentos que são meios legítimos de prova do contrato de tra-
balho, como a carteira de trabalho e previdência social (art. 40
da CLT), seja ela digital ou em papel (art. 14 da CLT), os livros

371
e registros de empregados (art. 41 da CLT), o registro de horá-
rio (art. 74 da CLT), os exames médicos de admissão (art. 168
da CLT), e o registro das convenções e acordos coletivos no
Ministério do Trabalho (art. 614 da CLT).
A Carteira de Trabalho e Previdência Social que iden-
tifica o profissional é obrigatória para o exercício de qualquer
emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter tem-
porário, e para o exercício por conta própria de atividade pro-
fissional remunerada, como determina o artigo 13 da Consoli-
dação das Leis do Trabalho, servindo para fazer prova nos ca-
sos de dissídio na Justiça do Trabalho entre o empregador e o
empregado por motivo de salário, férias ou tempo de serviço e
para cálculo de indenização por acidente do trabalho ou molés-
tia profissional.
Geralmente é por meio dela que o contrato de trabalho
é firmado, mediante a anotação pelo empregador da data de ad-
missão, da remuneração e das condições especiais de trabalho
(art. 29 da CLT), que geram a presunção relativa de veracidade
do que foi anotado. Entretanto, a falta da anotação da carteira
profissional pode ser suprida por outros meios de prova, como
a testemunhal e a existência de outros documentos que provem
a relação de trabalho, até porque as anotações podem ser feitas

372
a qualquer tempo a requerimento do empregado (art. 29, § 2º,
al. b, da CLT), inclusive judicialmente por meio da reclamação
trabalhista por falta ou recusa de anotação (art. 39 da CLT).
Como assentado na súmula de jurisprudência nº 12 do
Tribunal Superior do Trabalho as anotações apostas pelo em-
pregador na carteira profissional do empregado não geram pre-
sunção absoluta, mas apenas relativa de veracidade dos fatos
anotados, de modo que admite-se prova em contrário, como,
por exemplo, para comprovar a data de início do contrato de
trabalho diversa da anotada pelo empregador. No mesmo senti-
do é a súmula de jurisprudência nº 225 do Supremo Tribunal
Federal.
Como documentos que podem servir de prova do con-
trato de trabalho e suas condições destacam-se o livro de regis-
tro de empregados (art. 41 da CLT), obrigatório para o empre-
gador em todas as atividades, que devem conter a qualificação
civil ou profissional de cada empregado, os dados relativos à
sua admissão no emprego, duração e efetividade do trabalho
(art. 74 da CLT), as férias, acidentes e demais circunstâncias
que interessem à proteção do trabalhador; e o registro de ponto
(art. 74, § 4º, da CLT). Neste caso, aplica-se o disposto no arti-
go 226 do Código Civil, de modo que o livro de registro de em-

373
pregados do empregador empresário ou sociedade faz prova
contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, es-
criturados sem vício extrínseco ou intrínseco, e forem confir-
mados por outros subsídios, podendo ser ilidida pela compro-
vação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
O juiz do trabalho pode determinar a exibição parcial
ou integral (arts. 396 a 404 e arts. 420 e 421 do CPC) do livro
de registro do empregado reclamante que pretende comprovar a
existência da relação de trabalho e as respectivas condições
pactuadas, como a jornada de trabalho e a remuneração. A não-
apresentação injustificada dos controles de frequência gera pre-
sunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual
pode ser elidida por prova em contrário (súmula 338 do TST e
art. 400 do CPC).
O recibo de pagamento do salário ou o comprovante
de depósito em conta bancária, aberta para esse fim em nome
de cada empregado, com o consentimento deste, em estabeleci-
mento de crédito próximo ao local de trabalho (art. 464 da
CLT), o cartão de vale transporte (art. 1º da lei 7.418/85) con-
cedido pelo empregador (TST – AIRR-760-85.2010.5.24.0007,
Min. RENATO DE LACERDA PAIVA, DEJT 18/05/2012), e

374
os e-mails corporativos (art. 413 do CPC), também servem
como prova documental do contrato de trabalho.
Outro documento que pode comprovar o contrato de
trabalho é o resultado do exame médico obrigatório comunica-
do ao empregado e os exames complementares, exigidos a cri-
tério do médico, para apuração da capacidade ou aptidão física
e mental do empregado para a função que deva exercer, como
determina o artigo 168 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Isto porque, os referidos exames são realizados pelo emprega-
dor na forma das condições legais e normativas do Ministério
do Trabalho que estabelece de acordo com o risco da atividade
e o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos.
A prova testemunhal é admissível para demonstrar a
existência do contrato de trabalho (art. 442 do CPC), podendo
ser utilizada em conjunto com outros documentos quando não
juntado aos autos o contrato escrito, ressalvados os casos em
que a legislação trabalhista exige que o pacto laboral observe a
forma especial escrita (TST – RR-31100-56.2009.5.04.0022,
Min. MAURÍCIO GODINHO DELGADO, DEJT 31/10/2012),
como nos contratos de trabalho intermitente (art. 452-A da
CLT), nos contratos de aprendizagem (art. 428 da CLT), dos
atletas profissionais (art. 28 §5º da lei 9.615/98) e outros.

375
Embora não seja admissível a prova testemunhal para
provar o contrato cuja forma escrita é da substância do ato, “as
modificações posteriores ao ato, novas convenções, a extinção
das obrigações dele resultantes, os erros materiais, os fatos que
expliquem cláusulas obscuras ou ambíguas, assim como qual-
quer vício de vontade, que o invalide, podem ser provados com
testemunhas” (DÉLIO MARANHÃO. Instituições de direito
do trabalho, Vol. 1, 2003, pág. 252). Neste sentido é o artigo
446 do Código de Processo Civil.
A confissão real, judicial ou extrajudicial, que ocorre
quando a parte admite oralmente ou por escrito a existência do
contrato de trabalho (art. 389 do CPC), e a ficta, que ocorre
quando a parte que, expressamente intimada com cominação de
pena de confesso, não comparece à audiência na qual deveria
depor ou se recusa a fazê-lo (art. 844 da CLT, súmula 74 do
TST e art. 385, § 1º, do CPC), também são meios de prova do
contrato de trabalho, ressalvando-se que a confissão extrajudi-
cial, quando feita oralmente, só terá eficácia nos casos em que
a lei não exija prova literal, como nas relações de emprego cuja
forma escrita não é da substância do ato.
Deste modo, as partes têm o direito de empregar todos
os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que

376
não especificados na legislação processual, para provar o con-
trato de trabalho que fundamenta o pedido ou a defesa de modo
a influir eficazmente na convicção do juiz (art. 369 do CPC),
cabendo a este dirigir o processo com liberdade para determi-
nar as provas a serem produzidas, considerado o ônus probató-
rio de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que conside-
rar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para
apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum
ou técnica (art. 852-D da CLT e art. 371 do CPC). Portanto, o
contrato de trabalho pode ser provado por todos os meios legais
e legítimos, como os citados anteriormente, que têm igual força
probatória.
No tocante ao ônus da prova, cabe ao reclamante a
prova do contrato de trabalho (fato constitutivo de seu direito),
enquanto que à reclamada incumbe a prova dos fatos impediti-
vos, extintivos ou modificativos, como determina a regra geral
do artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho. Como ex-
plica PEDRO PAULO TEIXEIRA MANUS “na hipótese de
controvérsia sobre a existência ou não de vínculo de emprego,
caso a reclamada negue sua existência e também negue qual-
quer tipo de prestação de serviços pelo reclamante, o ônus da
prova é do autor, que deverá demonstrar o fato constitutivo de

377
seu direito. Neste caso, à reclamada não se poderia imputar a
prova de fato negativo (o não trabalho), pois este não há como
ser provado” (Compreensão do ônus da prova no processo do
trabalho e o vínculo de emprego, Revista Consultor Jurídico,
11 de janeiro de 2019). Nestes casos, o juiz não poderá atribuir
de forma diversa o ônus da prova (§§ 1º, 2º e 3º, do artigo 818
da CLT), por ser excessivamente difícil para a reclamada se de-
sincumbir do encargo.
Entretanto, quando a reclamada não nega a prestação
de serviços nem o vínculo empregatício, tornando incontrover-
so o contrato de trabalho (art. 374, inc. III, do CPC), mas ape-
nas contesta algumas condições de trabalho alegadas pelo re-
clamante como por exemplo a jornada de trabalho, é possível
atribuir de forma diversa o ônus da prova (súmula 338 do
TST).
Essas são apenas algumas considerações acerca da
prova do contrato de contrato, tema recorrente nos dissídios in-
dividuais na Justiça do Trabalho.

378

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