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CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – NCPC/2015

JURISDIÇÃO

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Sumário

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................... 3

1. Conceito de jurisdição: ............................................................................................................................. 3


1.2. Características/princípios da jurisdição: ................................................................................................. 4
2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS......................................................................................................................... 9

2.1. Autotutela: ........................................................................................................................................... 9


2.2. Autocomposição: .................................................................................................................................10
2.3. Mediação: ...........................................................................................................................................15
2.4. Conciliação: .........................................................................................................................................16
2.5. Princípios que regem a conciliação/mediação: ......................................................................................16
2.6. Arbitragem: .........................................................................................................................................18
a) Conceito: ............................................................................................................................................20
b) Limites da arbitragem: ........................................................................................................................24
c) Constitucionalidade da arbitragem: .....................................................................................................25
d) Espécies de arbitragem: ......................................................................................................................26
e) Convenção de arbitragem: ..................................................................................................................28
f) Sentença arbitral: ................................................................................................................................35
g) Prescrição: ..........................................................................................................................................43
h) Tutelas de urgência: ............................................................................................................................44
3. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA ................................................................................................................................ 46

3.1. Conceito: .............................................................................................................................................46


3.2. Distinções entre jurisdição voluntária e contenciosa: ............................................................................47
3.3. Características da jurisdição voluntária: ................................................................................................48
3.4. Natureza jurídica: ................................................................................................................................49
3.5. Regras gerais do procedimento: ...........................................................................................................50
3.6. Legitimidade: .......................................................................................................................................51
3.7. Intervenção do Ministério Público: .......................................................................................................51
4. PRINCIPAIS JULGADOS ..................................................................................................................................... 51

5. ENUNCIADOS NCPC:......................................................................................................................................... 54

6. JURISPRUDÊNCIA EM TESES- STJ ...................................................................................................................... 46

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7. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO .................................................................................................... 60

8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA................................................................................................................................. 60

ATUALIZADO EM 23/01/20231

JURISDIÇÃO2

1. INTRODUÇÃO

A jurisdição é uma das funções do Estado. O poder do Estado é um só, mas ele o exercita por meio de diversas
funções, das quais nos interessa aqui, a jurisdicional. Por meio dela, o Estado solucionará os conflitos.

A jurisdição é inerte, em regra. A sua movimentação depende de prévio acionamento pela parte interessada.
Com ele, instaurar-se-á um processo, que instituirá uma relação entre juiz-autor-réu, por certo tempo e de acordo
com um procedimento previamente estabelecido por lei.

Assim, o poder jurisdicional foi atribuído ao Estado-juiz, que tem capacidade de impor as suas decisões, com
força obrigatória.

1. Conceito de jurisdição:

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
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Por Tássia Neumann Hammes e Bruna Daronch.

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O conceito de jurisdição se fragmenta em várias partes. Segundo Fredie Didier, jurisdição é função atribuída
a um terceiro imparcial, para, mediante um processo, reconhecer, proteger e efetivar situações jurídicas
concretamente deduzidas, de modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível de controle externo e com
aptidão para coisa julgada.

Há tempos se compreende que o poder jurisdicional não se limita a dizer o direito (juris-dicção), mas também
de impor o direito (juris-satisfação).

#SELIGA: A imparcialidade do juiz é pressuposto de validade do processo, devendo o juiz colocar-se entre as
partes, de forma equidistante, para decidir a causa.

1.2. Características/princípios da jurisdição:

a) Substitutividade: Desde que o Estado assumiu para si a incumbência de, por meio da jurisdição, aplicar a
lei para solucionar os conflitos em caráter coercitivo, pode-se dizer que ele substituiu as partes na resolução dos
litígios para corresponder à exigência da imparcialidade. É a substituição das partes pelo Estado-juiz que permite
uma solução imparcial, muito mais adequada para a pacificação social.

b) Definitividade: Somente as decisões judiciais adquirem, após certo momento, caráter definitivo, não
podendo mais ser modificadas. Os atos jurisdicionais tornam-se imutáveis e não podem mais ser discutidos.

#OLHAOGANCHO¹: Diferença entre coisa julgada material e coisa julgada formal

- Coisa julgada material: É a eficácia que torna imutável e indiscutível a decisão, não mais sujeita a recurso,
gerando efeitos fora do processo. A doutrina moderna afirma que é uma das qualidades da sentença que torna
imutável a norma jurídica concreta que irá disciplinar a relação.

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Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito
não mais sujeita a recurso.

- Coisa julgada formal: É a impossibilidade de modificação da sentença dentro do processo, como consequência
da preclusão dos recursos. Gera efeitos apenas dentro do processo.

Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a
preclusão.

#OLHAOGANCHO²: Quais os limites da coisa julgada?

Limites objetivos da coisa julgada:

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.

§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no


processo, se:

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;

III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal.

§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que
impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.

- Limites subjetivos da coisa julgada:

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.

- Inexistência de coisa julgada material (#CASCADEBANANA):

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Art. 504. Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;

II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

c) Imperatividade: As decisões judiciais têm força coativa e obrigam os litigantes.

d) Inafastabilidade: A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a
direito (CF, art. 5º, inciso XXXV). Mesmo que não haja lei que se possa aplicar, de forma específica, a determinado
caso concreto, o juiz não se escusa de julgar invocando lacuna.

#SELIGA: Tanto a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) quanto o Código de Processo Civil
brasileiro vedam o que se convencionou chamar de non liquet, ou seja, de não resolver a causa. Com efeito, o
art. 4º da LINDB estabelece que: Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito.

Já o art. 140 do Código de Processo Civil brasileiro, por sua vez, prescreve que: Art. 140. O juiz não se exime de
decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade.

Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência costumam apontar como fundamento constitucional para a vedação
do non liquet o princípio da inafastabilidade da jurisdição, previsto no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição
Federal, que estabelece que: XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.

#OUSESABER: Jurisdição, no conceito tradicional, é o poder atribuído a autoridade judiciária de dizer o direito
de modo imperativo através de decisões insuscetíveis de controle externo e com aptidão de se tornarem
indiscutíveis. Já a jurisdição condicionada, também chamada de instância administrativa de curso forçado, é a
imposição do exaurimento das instâncias administrativas previamente ao ajuizamento da ação. O acesso à

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jurisdição é uma garantia fundamental assegurada no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal: “a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. O texto constitucional não impõe qualquer ressalva
ou restrição ao acesso à jurisdição, assim as imposições que restrinjam esta garantia devem ter previsão
constitucional ou passarem pelo crivo da proporcionalidade e respeitarem os princípios da máxima efetividade
e mínima restrição dos direitos fundamentais. Um exemplo de jurisdição condicionada na Constituição está
previsto no artigo 217, parágrafo primeiro, o qual determina o prévio esgotamento das instâncias da justiça
desportiva para que seja possível o ajuizamento de ações que envolvam lides esportivas. Outros dois exemplos
de jurisdição condicionada são encontrados na jurisprudência do STF e STJ, são eles: a constitucionalidade da
necessidade de recusa administrativa ao acesso ou retificação da informação para que seja impetrado Habeas
Data (HD 87 AgR, rel. a Min. Carmem Lúcia, j. em 25/11/2009) e a prévia negativa do pedido de benefício
previdenciário ou omissão na análise do requerimento pelo INSS por mais de 45 dias, cumpre destacar que o
Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que nesses casos o requerimento administrativo prévio
somente será dispensado se a pretensão fundada em tese notoriamente rejeitada pelo INSS, quando será
dispensado o requerimento administrativo prévio. Outra exceção compreende as penas disciplinares aplicadas
aos militares (Art. 142, § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares3).

e) Indelegabilidade: A função jurisdicional só pode ser exercida pelo Poder Judiciário, não podendo haver
delegação de competência, sob pena de ofensa ao princípio constitucional do juiz natural.

f) Inércia: Em regra, a jurisdição é inerte, isto é, ela não se mobiliza senão mediante provocação do
interessado. O caráter substitutivo da jurisdição, do qual decorre a imparcialidade do juiz, exige que assim seja: é
preciso que um dos envolvidos no conflito leve a questão à apreciação do Judiciário, para que possa aplicar a lei,
apresentando a solução adequada.

#SELIGA #UMPOUCODEDOUTRINA: De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves, existem 03 motivos que
justificam a inércia da jurisdição:

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*(Atualizado em 08.05.2020): Atenção: Não há que se falar em violação ao art. 142, 2º, da CF, se a concessão de habeas
corpus, impetrado contra punição disciplinar militar, volta-se tão-somente para os pressupostos de sua legalidade, excluindo
a apreciação de questões referentes ao mérito.

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(i) O juiz não deve transformar um conflito jurídico em um conflito social, ou seja, ainda que exista uma lide
jurídica, as partes envolvidas, em especial a titular do direito material, podem não pretender, ao menos por hora,
jurisdicionalizar tal conflito, mantendo uma convivência social pacífica com o outro sujeito. Tudo isso,
naturalmente, poderá deixar de existir na hipótese de demanda instaurada de ofício pelo juiz;

(ii) Seriam sacrificados os meios alternativos de solução dos conflitos, porque a ausência de demanda judicial
pode significar que o interessado, apesar de pretender resolver o conflito em que está envolvido, prefere fazê-
lo longe da jurisdição. Com a propositura da demanda de ofício, haveria automaticamente sua vinculação à
jurisdição;

(iii) Perda da indispensável imparcialidade do juiz, considerando-se que um juiz que dá início a um processo de
ofício tem a percepção, ainda que aparente, de existência do direito, o que o fará pender em favor de uma das
partes. É natural que, se o juiz, desde o início, desacreditasse na existência de direito material violado ou
ameaçado, não ingressaria com a demanda de ofício.

Além dessas, podem ser acrescentadas mais duas características, que não é propriamente da jurisdição, mas
daqueles que a exercem e a concretizam, os juízes.

g) Investidura: Só exerce jurisdição quem ocupa o cargo de juiz, tendo sido regularmente investido nessa
função por meio de concurso público ou de nomeação de ordem pública. A ausência de investidura implica óbice
intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual da própria existência do processo.

h) Territorialidade: O princípio da aderência ao território diz respeito a uma forma de limitação do exercício
legítimo da jurisdição. O juiz devidamente investido de jurisdição só pode exercê-la dentro do território nacional,
como consequência da limitação da soberania do Estado brasileiro ao seu próprio território.

#CASCADEBANANA: O princípio, ora analisado, tem diversas exceções previstas em lei, havendo diversas hipóteses
nas quais o juízo tem permissão legal para a prática de atos fora de sua comarca ou de sua seção judiciária. Ex: A
citação pelo correio (regra no sistema atual) pode ser feita para qualquer comarca ou seção judiciária do País (art.
247, caput, do Novo CPC); a citação, intimação, notificação, penhora ou qualquer outro ato executivo por oficial de

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justiça pode ser feita em comarca ou seção judiciária contígua, de fácil comunicação, ou nas que se situem na
mesma região metropolitana (art. 255 do Novo CPC); etc.

*#DOUTRINA: Os escopos da jurisdição são os principais objetivos perseguidos com o exercício da função
jurisdicional. Seu escopo social é a pacificação das pessoas mediante a eliminação dos conflitos com justiça4. Além
do escopo social a jurisdição tem escopos educacional, político e jurídico. O escopo educacional é ensinar aos
jurisdicionados seus direitos e deveres; o político é dar amparo à estabilidade das instituições políticas e o escopo
jurídico é atuação da vontade concreta do direito (Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de Direito Processual
Civil, 10ª Ed., JusPodivm, 2018, p. 59).

2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS

2.1. Autotutela:

É a forma mais antiga de solução dos conflitos, sendo definida como o sacrifício integral do interesse de uma
das partes envolvida no conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora. Vale mencionar que o
fundamento dessa força não se limita ao aspecto físico, podendo-se verificar nos aspectos afetivo, econômico,
religioso, etc.

Ainda, a autotutela em nosso ordenamento jurídico é excepcional, sendo raras as previsões legais que a
admitem. Como exemplos, é possível lembrar a legítima defesa (art. 188, I, do CC); apreensão do bem com penhor
legal (art. 1.467, I, do CC); desforço imediato no esbulho (art. 1.210, § 1.º, do CC).

Insta salientar que a autotutela é a única forma de solução alternativa de conflitos que pode ser amplamente
revista pelo Poder Judiciário, de modo que o derrotado sempre poderá judicialmente reverter eventuais prejuízos
advindos da solução do conflito pelo exercício da força de seu adversário. Trata-se, portanto, de uma forma

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CAIU no concurso da Magistratura Federal do TRF3, em 2018.

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imediata de solução de conflitos, mas que não recebe os atributos da definitividade, podendo ser revista
jurisdicionalmente.

#COMOFOICOBRADO:

(CESPE – 2013 – TRF1)5 (d) A autotutela é forma alternativa de solução de conflitos caracterizada pela submissão
voluntária de uma parte à pretensão manifestada pela outra.

(CESPE – 2014 – TJDF)6 (d) o direito de retenção é exemplo de aplicação autorizada do equivalente jurisdicional
denominado auto composição.

2.2. Autocomposição:

É a solução negocial do conflito entre as partes. A auto composição é um gênero, do qual são espécies a
transação, a submissão e a renúncia.

#FOCONATABELA:

AUTOCOMPOSIÇÃO HETEROCOMPOSIÇÃO

As partes solucionam o litígio Um terceiro soluciona o litígio

#OLHAOGANCHO:

O artigo 3º, parágrafo 2º, do Novo Código de Processo Civil traz o Princípio da Promoção pelo Estado da Solução
de Conflitos por Autocomposição. O incentivo à conciliação judicial, em detrimento da construção de uma
solução estatal impositiva ao conflito, o estímulo à utilização de técnicas alternativas de composição de conflitos
(não judiciais), revela-se tônica do novel sistema, que, expressamente, convoca os personagens do foro a, sempre
que possível, estimulá-las.

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ERRADO. Trata-se de autocomposição.
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ERRADA. Hipótese de autotutela autorizada.

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Esta nova norma fundamental processual consagra a Resolução nº 125/2010/CNJ, que instituiu a Política
Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução
dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade. Estas inovações trazidas pelo novo código
têm a finalidade de favorecer o acesso à justiça, possibilitando às partes eleger uma alternativa apta a afastar a
morosidade processual, além de buscar uma maior efetividade para a atividade jurisdicional.

Art. 3º (...) § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.

a) Transação: Há um sacrifício recíproco de interesses, sendo que cada parte renuncia parcialmente de sua
pretensão para que se atinja a solução do conflito.

b) Renúncia: O titular do pretenso direito renuncia a este, fazendo desaparecer o direito pretendido e o
conflito.

c) Submissão/reconhecimento: O sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que fosse legítima sua
resistência.

Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização
de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar,
orientar e estimular a autocomposição.

Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com
atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da
administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) III - homologar:

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a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

#SELIGA¹ #PROCURADORIAS #AGU: O Poder Público também pode realizar a autocomposição. É o que prevê o
art. 174 do NCPC e o art. 32 e seguintes, da Lei nº. 13.140/2015:

Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com
atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:

I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;

II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da
administração pública;

III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução
administrativa de conflitos, no âmbito dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, com
competência para:

I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública;

II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de
controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público;

III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

#SELIGA²: A instauração de processo administrativo nesse caso suspende a prescrição: Art. 34. A instauração de
procedimento administrativo para a resolução consensual de conflito no âmbito da administração pública
suspende a prescrição.

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(Atualizado em 06/10/2022)*

#APROFUNDANDO

TEORIA DOS JOGOS E OS MÉTODOS AUTOCOMPOSITIVOS

A teoria dos jogos pode ser definida como um dos ramos da matemática aplicada e da economia onde se
estudam situações estratégicas nas quais um dos participantes toma suas decisões tentando analisar o
comportamento e possível decisão da outra pessoa em questão.

#UMPOUCODEHISTÓRIA John Nash trouxe novos horizontes para a teoria dos jogos com o seu conceito de
equilíbrio, e ainda rompeu com o paradigma econômico, criado por Adam Smith, que se baseia puramente na
competição. Para Adam Smith se cada um lutar para garantir uma melhor parte para si, os competidores mais
qualificados ganhariam um maior quinhão.

Ainda, para John Von Neumann, professor de John Nash, um dos competidores para ganhar, deveria
necessariamente levar o adversário a derrota, de certa forma concordando com a teoria de Adam Smith.

Porém, John Nash introduziu o elemento cooperativo na teoria dos jogos, ideia que não é totalmente
incompatível com o pensamento de ganho individual, já que o entendimento é de que é possível maximizar os
ganhos individuais cooperando com o adversário, assim os jogadores devem pensar no individual e no coletivo
ao formular sua estratégia.

O objeto do estudo é conflito em si. Nós sabemos que o conflito ocorre quando temos duas situações
incompatíveis e que precisam ser resolvidas. Então, nessa teoria, a conflito é a situação onde duas pessoas têm
que desenvolver uma estratégia para conseguir alcançar seus objetivos.

Se fizermos uma analogia ao pôquer, podemos ver como a teoria dos jogos pode ser aplicada. Por exemplo:
No pôquer você tem o blefe, que é utilizado para que você induza a jogada do adversário e assim ele jogue de
acordo com o seu planejado, visando o seu ganho. Essa ideia é importante aqui: basear suas ações no pensamento

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que eu tenho a respeito da jogada do meu concorrente, que também se baseia nas ideias das minhas possíveis
jogadas.

Isso pode ser chamado de “Equilíbrio de Nash”, que nada mais é do que fazer com que as pessoas entendam
que, se ambas cooperarem, ambas terão um resultado positivo. Diferente do que acontece quando se há
competição e o resultado não é o esperado. Com esse entendimento, “vencer a dinâmica” deixou de ser ganhar
mais do que o oponente” para tornar se “otimizar ou maximizar os ganhos diante de um determinado contexto”.

A teoria dos jogos se mostra especialmente importante para a mediação e demais processos
autocompositivos por apresentar respostas a complexas perguntas, como se a mediação produziria bons
resultados apenas quando as partes se comportam de forma ética ou ainda se a mediação funciona apenas quando
há boa intenção das partes.

A mediação, em especial, produz bons resultados quando as partes se comportam de forma ética, e com boa
intenção, visando a solução rápida e eficiente e deixando de lado o puro interesse individual embora não seja sob
este prisma que a questão deva ser encarada. A cooperação trata-se de fato racional e voltado para a otimização
dos resultados.

Destaca-se que em relações continuadas o equilíbrio de Nash e a otimização de resultados a ele inerente
encontra-se na cooperação. Assim, o papel do mediador não consiste em apresentar soluções para as partes, mas
sim em agir de forma a estimular as partes a considerarem desenvolvimentos da relação conflituosa, e dessa
forma entrarem em um consenso para que abas sejam beneficiadas.

Portanto, a relação de cooperação com competição em um processo de resolução de disputas não deve ser
tratada como um aspecto ético da conduta dos envolvidos e sim por um prisma de racionalidade voltada à
otimização de resultados. Assim, se em uma relação continuada uma das partes age de forma não cooperativa, esta
demonstra que desconhece a forma mais eficiente de resolução para o seu conflito, e tal fato pode ocorrer por
envolvimento emocional muito alto com a causa, ou ainda por ausência de um processo maduro de racionalização.

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A maneira como cooperação e competição se relaciona em um processo de resolução de disputas deve ser
vista através do pensamento de racionalidade que visa otimizar resultados e não deve ser entendida como um
aspecto ético da conduta das pessoas envolvidas.

Isto é, se em uma relação continuada uma das partes age de forma não cooperativa, esta postura deve ser
examinada como um desconhecimento da forma mais eficiente de ação para seu conflito – seja por um alto
envolvimento emocional ou seja pela ausência de um processo concreto de onde se usar o racional e a ação
executar tal tarefa. Importante mencionar que a negociação deve ser justa e sensata e deve envolver o interesse
de ambas as partes.

Pode se afirmar então, que nas dinâmicas conflituosas de relações continuadas as a tendência é que as partes
sempre ganhem com soluções cooperativas. Merece destaque também que, por um prisma puramente racional, as
partes tendem a cooperar não por razões altruístas, mas visando a otimização de seus ganhos individuais.

Podemos concluir que a teoria dos jogos aplicada na mediação faz com que as partes entendam que basear
suas decisões na decisão do outro é um método de cooperação, para que no final o seu resultado seja satisfatório.

As partes têm a ganhar com soluções cooperativas para os seus litígios, ao invés de utilizar-se da competição
para tentar resolvê-los. Merece destaque também que, pensando de forma puramente racional, as partes tendem
a cooperar, não por razões altruístas, mas sim visando a otimização de seus ganhos individuais.

Com base na teoria dos jogos, pode se perceber que nos conflitos de relações contínuas as partes tendem a
ganhar com soluções cooperativas. É importante perceber também a racionalidade envolvida nisto, pois
independentemente de questões éticas, as partes que auferem ganhos ao cooperar estão, acima de tudo,
otimizando os seus ganhos individuais.

2.3. Mediação:

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A mediação é forma alternativa de solução de conflitos fundada no exercício da vontade das partes. Na
mediação, o mediador facilita o diálogo entre as pessoas para que elas mesmas proponham soluções. Para conflitos
subjetivos, nos quais exista relação entre os envolvidos ou desejo de que tal relacionamento perdure, indica-se a
mediação.

Art. 165 § 3o: O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as
partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam,
pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios
mútuos.

2.4. Conciliação:

Na conciliação, o terceiro facilitador da conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode sugerir
opções de solução para o conflito. Para conflitos objetivos, mais superficiais, nos quais não existe relacionamento
duradouro entre os envolvidos, aconselha-se o uso da conciliação.

§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes,
poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou
intimidação para que as partes conciliem.

2.5. Princípios que regem a conciliação/mediação:

a) Independência: Rege a atuação do mediador e do conciliador, que têm o dever de atuar com liberdade,
sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se
ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento.

b) Imparcialidade: O mediador/conciliador fica impedido de advogar para uma das partes durante 01 (um)
ano. A lei traz essa proibição para conferir caráter ético à conciliação/mediação.

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c) Autonomia/Autorregramento da vontade: Quem vai resolver o conflito, no fim das contas, são as partes,
sendo que o mediador e o conciliador são apenas instrumentos.

d) Confidencialidade: Dispõe o §1º, do art. 166 que a confidencialidade estende-se a todas as informações
produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por
expressa deliberação das partes.

e) Oralidade: a regra é utilizar linguajar acessível. Tem por objetivo que tudo se faça oralmente e não por
escrito. A mediação/conciliação devem se desenvolver em um ambiente pessoal/presencial, para proporcionar a
comunicação oral entre as partes. As regras de experiência revelam que o diálogo oral é muito mais apto à
manutenção de um consenso.

f) Informalidade: todos vestidos da mesma maneira, mesa circular, etc.

g) Decisão informada: O mediador/conciliador tem que cuidar para que o processo de negociação permita a
colheita de informações para que as partes decidam de forma esclarecida e justa. Segundo Daniel Amorim Neves,
o referido princípio "cria o dever ao conciliador e ao mediador de manter o jurisdicionado plenamente informado
quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido". Assim, é uma forma de permitir que as partes
celebrem acordos tendo plena ciência do ato que estão praticando.

Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da
autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.

#OBS¹: Solução de conflitos por Tribunais Administrativos: Uma das características do direito administrativo atual
é a multiplicação dos Tribunais Administrativos. Ex: Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) – resolve
conflitos relacionados à proteção à concorrência; TED da OAB; Tribunal de Contas; Tribunal de Contribuintes;
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Todos resolvem o problema por heterocomposição e nesse ponto se
assemelham muito à jurisdição. Porém, o que lhes falta é a definitividade, ou seja, a aptidão para a coisa julgada e
insuscetibilidade de controle externo.

#OBS²: Tribunal Marítimo: Localizado no Rio de Janeiro, sua lei data de 1964 e este tribunal decide fatos e

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acidentes da navegação. O NCPC foi aprovado em dezembro/2015 com a previsão de que as decisões deste
tribunal teriam caráter jurisdicional. O dispositivo, todavia, foi vetado pelo Chefe do Executivo, tendo por base o
fato de o Tribunal Marítimo ser puramente Administrativo (não jurisdicional). Suas decisões servem, entretanto,
como meio de prova para o processo jurisdicional.

#DEOLHONOCONCEITO #OUSESABER #CONCEITOSIMPORTANTESDONCPC:


O QUE É SISTEMA DE JUSTIÇA MULTIPORTAS?
Mediação, Conciliação e Arbitragem, cada dia mais, vem ganhando atenção da doutrina e da legislação como meios
para diminuir a sobrecarga de ações sobre o Judiciário! Em regra, tais meios são tratados como ALTERNATIVAS à
Jurisdição, por isso, costumam ser chamados de meios ALTERNATIVOS de solução de conflitos. Uma visão
contemporânea, contudo, sustenta que esses meios não são alternativas, mas que, na verdade, devem estar
INTEGRADOS à Jurisdição, por isso, compõem um sistema de múltiplos meios de solução de conflitos, de modo que
as diferentes espécies de conflitos sociais encontrem solução no ordenamento jurídico. A expressão SISTEMA
MULTIPORTAS DE JUSTIÇA é assim utilizada pelo grande Processualista Leonardo Carneiro da Cunha em alusão à
metáfora do átrio do fórum em que haveria várias portas e "a depender do problema apresentado, as partes seriam
encaminhadas para a porta da mediação, ou da conciliação ou da arbitragem, ou da própria justiça estatal" (Fazenda
Pública em Juízo. P. 637). Desse modo, ante a integração de mediação e da conciliação como etapas do
procedimento comum no Novo CPC, pode-se afirmar que a nova ordem processual civil brasileira adotou um
SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA!

2.6. Arbitragem:

*Nesse ponto, vale ressaltar que não há um consenso na doutrina acerca da natureza jurisdicional da
arbitragem. Fredie Didier afirma que é jurisdição, entretanto não aquela exercida pelo Estado. Trata-se de
jurisdição de modo geral. Ademais, utiliza como argumento o fato de o próprio CPC considerar a decisão arbitral
como título judicial. Já Marinoni entende que a jurisdição somente pode ser exercida por uma pessoa investida na
autoridade de juiz, após concurso público de provas e títulos. Para o autor, “a mistura da atividade do árbitro com
a atividade da jurisdição, ou o superdimensionamento do conceito de jurisdição, além de desqualificar a essência
da jurisdição no quadro do Estado Constitucional, coloca no mesmo patamar objetivos que nada têm em comum,
pois não há como relacionar o dever estatal de dar tutela aos direitos com a necessidade de se conferir a
determinados conflitos julgadores dotados de conhecimentos técnicos particulares”.

18
O STJ vem entendendo que a arbitragem é jurisdição, nos seguintes termos:

#DEOLHONAJURIS #STJ: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO ESTATAL E JUÍZO ARBITRAL. AJUIZAMENTO DE AÇÃO
EXECUTIVA PERANTE O JUÍZO ESTATAL, COM O DEFERIMENTO DE MEDIDAS CONSTRITIVAS E ANTERIOR PEDIDO DE
INSTAURAÇÃO DE ARBITRAGEM PARA, EM OBSERVÂNCIA À CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA, SEJA DIRIMIDA
CONTROVÉRSIA EXISTENTE EM RELAÇÃO AO CRÉDITO REPRESENTADO PELO TÍTULO QUE LASTREIA A EXECUÇÃO.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ARBITRAL E SOBRESTAMENTO DOS ATOS
EXECUTIVOS. NECESSIDADE.

1. De acordo com o atual posicionamento sufragado pela Segunda Seção desta Corte de Justiça, compete ao
Superior Tribunal de Justiça dirimir conflito de competência entre Juízo arbitral e órgão jurisdicional estatal,
partindo-se, naturalmente, do pressuposto de que a atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem possui
natureza jurisdicional.

2. Afigura-se absolutamente possível a imediata promoção da ação de execução de contrato que possua cláusula
compromissória arbitral perante o Juízo estatal (única Jurisdição, aliás, dotada de coercibilidade, passível de
incursionar no patrimônio alheio), não se exigindo, para esse propósito, a existência de prévia sentença arbitral.
Afinal, se tal contrato, por si, já possui os atributos de executibilidade exigidos pela lei de regência, de todo
despiciendo a prolação de anterior sentença arbitral para lhe conferir executividade. Todavia, o Juízo estatal, no
qual se processa a execução do contrato (com cláusula compromissória arbitral), não possui competência para
dirimir temas próprios de embargos à execução e de terceiros, atinentes ao título ou às obrigações ali consignadas
(existência, constituição ou extinção do crédito) e das matérias que foram eleitas pelas partes para serem
solucionadas pela instância arbitral (kompetenz kompetenz).

3. Cabe ao Juízo arbitral, nos termos do art. 8º da Lei n. 9.307/1996 que lhe confere a medida de competência
mínima, veiculada no Princípio da kompetenz kompetenz, deliberar sobre a sua competência, precedentemente a
qualquer outro órgão julgador, imiscuindo-se, para tal propósito, sobre as questões relativas à existência, validade
e eficácia (objetiva e subjetiva) da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória.

4. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo arbitral, a obstar o prosseguimento da
execução perante o Juízo estatal, enquanto não definida a discussão lá posta ou não advir deliberação em sentido
contrário do Juízo arbitral reputado competente.

(CC 150.830/PA, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/10/2018, DJe

19
16/10/2018)

*No mesmo sentido, foi fixada a tese de jurisprudência: “A atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem possui
natureza jurisdicional, o que torna possível a existência de conflito de competência entre os juízos estatal e arbitral,
cabendo ao Superior Tribunal de Justiça - STJ o seu julgamento.”

a) Conceito:

A arbitragem é regida pela Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, que trouxe grandes novidades,
modificando o seu panorama no Brasil. Essa lei sofreu importantes modificações com a Lei nº 13.129, de 26 de
maio de 2015, que autorizou a utilização da arbitragem pela administração pública direta e indireta, desde que
versando sobre direitos patrimoniais disponíveis, e que regulamentou a concessão de tutela provisória nos
procedimentos de arbitragem.

#COLANARETINA: Arbitragem é o acordo de vontades entre pessoas maiores e capazes que, preferindo não se
submeter à decisão judicial, confiam a árbitros a solução de litígios, desde que relativos a direitos patrimoniais
disponíveis.

Atualmente, a arbitragem mantém as principais características de seus primeiros tempos, sendo uma forma
alternativa de solução de conflitos fundada basicamente em dois elementos:

(i) As partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito de interesses;

(ii) A decisão desse terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade
das partes.

#OBS: Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz, não necessariamente formada em Direito, escolhida pelas partes.
Há a possibilidade de exercer a arbitragem um árbitro ou um Tribunal deles.

20
#AJUDAMARCINHO #APROFUNDANDO:

Regras para a escolha dos árbitros

As regras relacionadas com a escolha dos árbitros estão previstas nos arts. 13 a 18 da Lei n.° 9.307/96.

Quem pode ser árbitro?

Qualquer pessoa civilmente capaz e que tenha a confiança das partes (art. 13).

As partes que escolhem quem elas querem como árbitro.

As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, também, suplentes.

E se as partes nomearem árbitros em número par?

Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes (os árbitro) estão autorizados a nomear mais um
árbitro (para ficar ímpar).

Não havendo acordo, requererão as partes ao órgão do Poder Judiciário a que tocaria, originariamente, o
julgamento da causa a nomeação do árbitro.

Órgão arbitral institucional ou entidade especializada

Em vez de as partes escolherem individualmente os árbitros que irão julgar a causa, elas podem escolher um órgão
arbitral institucional ou entidade especializada.

Órgão arbitral institucional ou entidade especializada é uma pessoa jurídica constituída para a solução extrajudicial
de conflitos por meio da mediação, negociação, conciliação e arbitragem.

Desse modo, as partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros ou adotar as
regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada (art. 13, § 3º).

Escolha de árbitros caso as partes optem por um órgão arbitral institucional ou entidade especializada

21
Se as partes escolherem um órgão arbitral institucional ou entidade especializada para solucionar a causa, a seleção
dos árbitros será feita, em princípio, pelas regras previstas no estatuto da entidade.

Normalmente, tais entidades possuem uma lista de árbitros previamente cadastrados e a escolha recai sobre esses
nomes.

A Lei n.° 13.129/2015, com o objetivo de conferir maior liberdade aos envolvidos, incluiu um parágrafo ao art. 13
da Lei n.° 9.307/96 prevendo que as partes podem, de comum acordo, afastar algumas regras do regulamento do
órgão arbitral ou entidade especializada a fim de terem maior autonomia na escolha dos árbitros: § 4º As partes,
de comum acordo, poderão afastar a aplicação de dispositivo do regulamento do órgão arbitral institucional ou
entidade especializada que limite a escolha do árbitro único, coárbitro ou presidente do tribunal à respectiva lista
de árbitros, autorizado o controle da escolha pelos órgãos competentes da instituição, sendo que, nos casos de
impasse e arbitragem multiparte, deverá ser observado o que dispuser o regulamento aplicável.

Em outras palavras, o que o § 4º quis dizer foi que as partes, mesmo tendo escolhido um órgão arbitral institucional
ou entidade especializada que trabalhe com lista fechada de árbitros, poderão escolher outros que não estejam
previstos naquela relação.

Trata-se de inovação desarrazoada considerando que, se as partes escolheram aquele órgão arbitral ou entidade
especializada é porque confiam (ou deveriam confiar) na sua expertise e em trabalhos anteriormente por eles
realizados. Assim, não há sentido em escolher um órgão pelo seu bom desempenho em arbitragens anteriores e
querer mudar a essência, o âmago dessa entidade, que é justamente a qualidade e o conhecimento técnico de seus
árbitros credenciados. Andou mal, portanto, o legislador neste ponto.

Impedimento e suspeição dos árbitros

Aplicam-se aos árbitros as mesmas causas de impedimento e suspeição previstas para os juízes no CPC (amizade
íntima, inimizade, interesse na causa etc.) (art. 14).

No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência,
diligência e discrição.

22
Equiparação à funcionário público para fins penais

Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos,
para os efeitos da legislação penal (art. 17).

#COMOFOICOBRADO: (Titular dos Serviços de Notas e Registros — TESES — TJPA) Julgue as assertivas
relacionadas ao instituto da arbitragem:

I. As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de
arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

II. A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a
direitos patrimoniais indisponíveis.

III. A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.

IV. A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da
publicidade.

A sequência correta é7:

a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.

b) Apenas a assertiva II está correta.

c) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

d) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.

(Titular dos Serviços de Notas e Registros — VUNESP — TJSP — 2016)8 A arbitragem, como meio para dirimir
conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis, poderá ser utilizada:

a) pelos entes da Administração Pública direta, desde que não envolva matéria de direito.

7
Letra D.
8
Letra D.

23
b) pelos particulares, em geral, sem qualquer restrição, inclusive quanto à capacidade.

c) pelas entidades paraestatais, excluídas as empresas públicas.

d) pela Administração Pública direta e indireta.

#CASCADEBANANA #SELIGA: Não é necessária a participação de advogado no procedimento de arbitragem.


Mas nada impede que as partes possam constituir um para que as acompanhe.

Art. 3o, NCPC - Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.

Art. 1o (…)

§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a
direitos patrimoniais disponíveis.

§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de


arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.

Art. 2o (…)

§ 3oA arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da
publicidade.

b) Limites da arbitragem:

(i) Subjetivo: Somente pessoas capazes podem valer-se da arbitragem. Pessoas físicas, jurídicas, administração
direta ou indireta.

(ii) Objetivo: Somente pode versar sobre direitos patrimoniais disponíveis.

24
Art. 25. Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia acerca de direitos indisponíveis e verificando-se que de
sua existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o tribunal arbitral remeterá as partes à autoridade
competente do Poder Judiciário, suspendendo o procedimento arbitral. Parágrafo único. Resolvida a questão
prejudicial e juntada aos autos a sentença ou acórdão transitados em julgado, terá normal seguimento a
arbitragem.

*#ATENÇÃO: esse artigo foi REVOGADO pela lei 13.129/2015.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Superior Tribunal de Justiça afastou as dúvidas quanto à aplicabilidade da Lei


de Arbitragem a contratos celebrados antes da sua vigência, editando a Súmula 485, que assim estabelece: “A
Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua
Edição”.

c) Constitucionalidade da arbitragem:

Desde a edição da Lei nº 9.307/96, surgiu grande controvérsia acerca da constitucionalidade da arbitragem,
em razão da dispensa de homologação do Judiciário, para que a sentença arbitral adquira eficácia executiva.

O primeiro fundamento seria a ofensa ao art. 5º, XXXV, da CF: A lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Mas não há ofensa à Constituição, porque a arbitragem não é obrigatória, de sorte que a lei não exclui a
questão da apreciação do Poder Judiciário. São as partes que preferem que a solução seja dada pelos árbitros. Além
disso, as partes podem recorrer ao Judiciário para obter a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos
previstos no art. 32 da lei. É o que diz o art. 33, caput: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder
Judiciário competente a declaração da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta lei.

25
Um segundo fundamento seria a violação ao princípio do Juiz natural, já que a questão seria decidida por um
órgão de escolha dos próprios interessados. Mas isso não ocorre, porque a arbitragem é instituída antes do
conflito entre eles.

#PACIFICOU #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão, em definitivo, no RE


5.206-7. Em sessão plenária, foi declarada a constitucionalidade da lei por maioria de votos, vencidos os Mins.
Sepúlveda Pertence, Sydney Sanches, Néri da Silveira e Moreira Alves.

d) Espécies de arbitragem:

(i) Arbitragem de direito: Obriga os árbitros a decidirem de acordo com as normas que integram o ordenamento
jurídico pátrio. O § 1º do art. 2º prevê que poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão
aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública, e o § 2º autoriza que
a arbitragem se realize com base nos princípios gerais do direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais
de comércio.

(ii) Arbitragem de equidade: Autoriza o árbitro a dar à controvérsia a solução que lhe pareça mais justa, mais
razoável, mais equânime ainda que sem amparo no ordenamento jurídico. Isso só é possível porque os direitos em
disputa são patrimoniais e disponíveis. Aqui, os árbitros terão uma liberdade de julgamento mais elástica, já que
não estarão obrigados a seguir o que diz a lei, podendo conferir solução contrária às regras do direito se isso, no
caso concreto, parecer mais justo e adequado.

#UMPOUCODEDOUTRINA: Apesar de parecer “estranha” para quem tem contato com ela uma primeira vez, a
arbitragem por equidade pode ser muito útil para determinados tipos de lide envolvendo conhecimentos técnicos
muito especializados, os quais a legislação ainda não conseguiu regular de forma satisfatória. Alexandre Freitas
Câmara aponta seus benefícios: “a arbitragem de equidade terá, sobre a de direito, a imensa vantagem da
especialização do árbitro. Basta pensar, por exemplo, numa arbitragem de equidade envolvendo conflito que diga
respeito a uma questão de engenharia, ou química. A se levar tal lide ao Judiciário, o juiz fatalmente convocaria um
perito no assunto para assessorá-lo, e dificilmente sua sentença teria orientação diversa, quanto aos fatos, daquela
apontada pelo perito em seu laudo. Neste caso, com a arbitragem se poderá entregar a solução da controvérsia

26
diretamente nas mãos do especialista, retirando-se da composição do conflito o juiz, que funcionaria aqui, em
verdade, como um mero intermediário entre as pessoas e o expert”. (CAMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. Lei
n.º 9.307/96. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997).

#ATENÇÃO #AGU #PROCURADORIAS: A arbitragem que envolva a Administração Pública Direta ou Indireta será
sempre de direito, não havendo a possibilidade de os interessados optarem pela equidade em razão do princípio
da legalidade. Ademais, deverá ser observado o princípio da publicidade.

Vejamos o histórico sobre a arbitragem no âmbito da Administração Pública (#AJUDAMARCINHO):

Há alguns anos, o legislador vem inserindo em determinados diplomas legislativos a possibilidade de arbitragem
em contratos administrativos. Como um primeiro exemplo, podemos citar a Lei n.° 11.079/2004, que previu
expressamente que seria possível instituir arbitragem nos contratos de parceria público-privada (art. 11, III).

Em seguida, foi editada a Lei n.° 11.196/2005, que acrescentou o art. 23-A, à Lei n.° 8.987/95, estabelecendo
que o contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para resolução de disputas
decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa,
nos termos da Lei n.° 9.307/96.

Outros exemplos: Lei nº 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicações), Lei 9.478/97 (Lei de Petróleo e Gás), Lei nº
10.233/ 2001 (Lei de Transportes Aquaviários e Terrestres), Lei nº 10.438/2002 (Lei do Setor Elétrico), Lei nº
11.196/2005 (Lei de Incentivos Fiscais à Pesquisa e Desenvolvimento da Inovação Tecnológica), Lei nº
11.909/2009 (Lei de Transporte de Gás Natural), entre outras.

Mesmo assim, eram previsões específicas e que encontravam ainda grande resistência por parte dos
administrativistas mais tradicionais.

27
Pensando nisso, o legislador foi mais ousado e, por meio da Lei n.°13.129/2015, ora comentada, previu, de forma
genérica, a possibilidade de a Administração Pública valer-se da arbitragem quando a lide versar sobre direitos
disponíveis. Foram acrescentados dois parágrafos ao art. 1º da Lei n.°9.307/96, com a seguinte redação:

Art. 1º (...)

§ 1º A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a
direitos patrimoniais disponíveis.

§ 2º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de


arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.

Desse modo, atualmente, existe uma autorização genérica para a utilização da arbitragem pela Administração
Pública para todo e qualquer conflito que envolva direitos patrimoniais disponíveis. Isso vale para os três entes
federativos: União, Estados/DF e Municípios.

A autoridade que irá celebrar a convenção de arbitragem é a mesma que teria competência para assinar acordos
ou transações, segundo previsto na legislação do respectivo ente. Ex: se o Secretário de Estado é quem tem
competência para assinar acordos no âmbito daquele órgão, ele é quem poderá firmar a convenção de
arbitragem.

Como a Administração Pública deve obediência ao princípio da legalidade (art. 37, da CF/88) e, a fim de evitar
questionamentos quanto à sua constitucionalidade, a Lei n.° 13.129/2015 determinou que a arbitragem, nestes
casos, não poderá ser por equidade, devendo sempre ser feita com base nas regras de direito. Confira:

Art. 2º (...) § 3º A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o
princípio da publicidade.

e) Convenção de arbitragem:

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(i) Cláusula compromissória: Trata-se de uma cláusula inserida em contrato. Por meio dela, fica preestabelecido
que, se vier a surgir um conflito, virá a ser resolvido pela arbitragem. É sempre preexistente ao litígio.

#SELIGA: O § 5º do art. 337 proíbe ao juiz conhecer de ofício da convenção de arbitragem. Se uma das partes for
a juízo e a outra não invocar a convenção, reputar-se-á que ambas renunciaram tacitamente à arbitragem, e que
preferiram a solução judicial. Caso, no entanto, o réu invoque a convenção e o juiz verifique que tem razão,
julgará o processo extinto sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, VII, do CPC.

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...)

§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias
enumeradas neste artigo.

§ 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica
aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

*#SELIGA:

REGRA: A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA É VÁLIDA.

Peculiaridade 1: Peculiaridade 2: Peculiaridade 3:

Contratos de ADESÃO Contratos de CONSUMO Dissídios individuais de TRABALHO

29
É válida, desde que o aderente: Não é válida. O CDC Não é válida arbitragem nos dissídios individuais
estipula que é nula de de trabalho, conforme entendimento pacífico do
• tenha tomado a iniciativa de
pleno direito a cláusula TST. Obs: é permitida a arbitragem no caso de
instituir a arbitragem; ou
que determina a dissídios coletivos de trabalho (art. 114, § 1º da
• concorde, expressamente, com utilização compulsória de CF/88). Exceção: prevista pela Reforma
a sua instituição, por escrito, em arbitragem (art. 51, VII). Trabalhista: Art. 507-A. Nos contratos individuais
documento anexo ou em negrito, de trabalho cuja remuneração seja superior a
com a assinatura ou visto duas vezes o limite máximo estabelecido para os
especialmente para essa cláusula Vale ressaltar, no benefícios do Regime Geral de Previdência
(art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96). entanto, que é possível Social, poderá ser pactuada cláusula
compromisso arbitral nas compromissória de arbitragem, desde que por
relações deconsumo iniciativa do empregado ou mediante a sua
(REsp 1.169.841-RJ). concordância expressa, nos termos previstos na
Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

O Poder Judiciário pode decretar a nulidade de cláusula arbitral (compromissória) sem que essa questão tenha
sido apreciada anteriormente pelo próprio árbitro? Regra: NÃO. Segundo o art. 8º, parágrafo único da Lei de
Arbitragem (Lei nº 9.307/96), antes de judicializar a questão, a parte que deseja arguir a nulidade da cláusula
arbitral deve formular esse pedido ao próprio árbitro. Exceção: compromissos arbitrais patológicos. O Poder
Judiciário pode, nos casos em que prima facie é identificado um compromisso arbitral "patológico", isto é,
claramente ilegal, declarar a nulidade dessa cláusula, independentemente do estado em que se encontre o
procedimento arbitral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info
591).

É válida a cláusula compromissória que excepcione do juízo arbitral certas situações especiais a serem
submetidas ao Poder Judiciário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.331.100-BA, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para
acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 17/12/2015 (Info 577).

30
Imagine que um contrato preveja uma confissão de dívida (líquida, certa e exigível). Neste mesmo contrato, há
uma cláusula compromissória dizendo que eventuais divergências sobre o ajuste deverão ser dirimidas via
arbitragem. Se a parte que se obrigou a pagar o valor confessado mostrar-se inadimplente, a parte credora
poderá executar o contrato na via judicial ou terá que instaurar o procedimento arbitral? Poderá propor
diretamente a execução na via judicial. Ainda que possua cláusula compromissória, o contrato assinado pelo
devedor e por duas testemunhas pode ser levado a execução judicial relativamente à cláusula de confissão de
dívida líquida, certa e exigível. Isso porque o juízo arbitral não possui poderes coercitivos (executivos). Ele não
pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem levá-los à hasta pública. Em outras palavras, o árbitro até
decide a causa, mas se a parte perdedora não cumprir voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora
terá que executar esse título no Poder Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a arbitragem para exigir o valor
que já está líquido, certo e exigível por força uma confissão de dívida. Portanto, SENDO TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL, DEVE-SE AJUIZAR DIRETAMENTE UMA EXECUÇÃO. JUÍZO ARBITRAL NÃO TEM COMPETÊNCIA
PARA EXECUTAR. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.710-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015
(Info 560).

A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta
à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça,
independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema. STJ. Corte Especial. SEC
9.412-EX, Rel. Min. Felix Fischer, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/4/2017 (Info
605)

A instituição arbitral, por ser simples administradora do procedimento arbitral, não possui interesse processual
nem legitimidade para integrar o polo passivo da ação que busca a sua anulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.433.940-
MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/09/2017 (Info 613)

*(Atualizado em 25/09/2022) #DEOLHONAJURIS - Quando houver cláusula arbitral, em regra, submete-se ao


tribunal arbitral qualquer questão que envolva a existência, validade e eficácia da cláusula compromissória.
Com a celebração da convenção de arbitragem que pode se dar por meio da estipulação de compromisso
arbitral ou de cláusula compromissória, tem-se que aos contratantes é dada a possibilidade de submeter suas

31
controvérsias, desde que relativas a direitos patrimoniais disponíveis, a um juízo arbitral (art. 1º da Lei n.
9.307/1996).

As espécies de convenção distinguem-se entre si apenas quanto ao objeto submetido à arbitragem: enquanto
o compromisso arbitral terá por objeto controvérsia concreta e atual, a cláusula compromissória terá por objeto
demanda eventual, indeterminada e futura (SEC 1.210/GB, Corte Especial, julgado em 20/06/2007, DJ de
06/08/2007).

No particular, a questão deve ser abordada com enfoque específico na cláusula compromissória, uma vez que
foi pactuada entre as partes, constando expressamente do instrumento contratual entre elas firmado.

Vale lembrar que a pactuação válida de cláusula compromissória possui força vinculante, obrigando as partes
da relação contratual a respeitar, para a resolução dos conflitos daí decorrentes, a competência atribuída ao
árbitro (REsp 1.277.725/AM, Terceira Turma, julgado em 12/03/2013, DJe de 18/03/2013).

Como regra, diz-se, então, que a celebração de cláusula compromissória implica a derrogação da jurisdição
estatal, impondo ao árbitro o poder-dever de decidir as questões decorrentes do contrato e, inclusive, decidir
acerca da própria existência, validade e eficácia da cláusula compromissória (princípio da Kompetenz-
Kompetenz).

Segundo aponta a doutrina, "o estado de falência superveniente ao processo arbitral não representa obstáculo
ao desenvolvimento da arbitragem já instaurada. Como visto, a decretação da falência não foi considerada
motivo suficiente para o sobrestamento da arbitragem, sendo razoável se entender que o mesmo entendimento
também seria aplicado em caso de processamento ou mesmo concessão de recuperação judicial incidental à
arbitragem".

Importante mencionar que, mesmo que a situação submetida à arbitragem envolva demanda líquida,
pretendendo o procedimento arbitral a formação de título executivo capaz de fundamentar uma futura
execução, ganhando a arbitragem ares de ação de cobrança, eventuais "questionamentos sobre a possibilidade
de aplicação da exceção prevista no art. 6.º, § 1.º, da Lei n. 11.101/2005, que só se refere a 'quantia ilíquida' [...]
é aconselhável que o credor requeira ao árbitro ou ao tribunal arbitral que determine a reserva da importância
que estimar devida na recuperação judicial, conforme lhe autoriza o art. 6.º, § 3.º, da Lei 11.101/2005".

É possível inferir que o princípio da Kompetenz-Kompetenz deve prevalecer, até mesmo diante de situações em
que se coloque em dúvida o procedimento arbitral, posto que é dado ao árbitro esta função de solucionar os
questionamentos acerca da existência, validade e eficácia da própria cláusula compromissória.

32
Imperioso mencionar que o juízo arbitral prevalece até mesmo para análise de medidas cautelares ou urgentes,
sendo instado o Poder Judiciário a atuar apenas em situações excepcionais que possam representar o próprio
esvaimento do direito ou mesmo prejuízo às partes, a exemplo da ausência de instauração do juízo arbitral, que
se sabe não ser procedimento imediato.

STJ, REsp 1.959.435-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 30/08/2022,
Info. 747.

(ii) Compromisso arbitral: O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à
arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. É sempre posterior ao litígio.

Diferença entre a cláusula compromissória e o compromisso arbitral (#AJUDAMARCINHO):

Cláusula compromissória Compromisso arbitral

É uma convenção de arbitragem em que as partes É uma convenção de arbitragem posterior ao conflito.
dizem que qualquer conflito futuro será resolvido por O conflito surgiu e as partes decidem resolvê-lo por
arbitragem. arbitragem.

É uma cláusula prévia e abstrata, que não se refere a É feito após o conflito ter surgido e se refere a um
um conflito específico. problema concreto, já instaurado.

Em regra, mesmo havendo a cláusula compromissória Mesmo que não exista cláusula compromissória no
no contrato, as partes ainda precisarão de um contrato, as partes poderão decidir fazer um
compromisso arbitral para regular como a arbitragem compromisso arbitral para resolver o conflito.
será feita.

Exceção: Fredie Didier ressalta que não será necessário


o compromisso arbitral se a cláusula compromissória
for completa, ou seja, contiver todos os elementos para
a instauração imediata da arbitragem (exs: quem serão
os árbitros, o direito a ser aplicável, o tempo de
duração etc.).

33
#OUSESABER: O que é carta arbitral? Atenção, trata-se de NOVIDADE do NCPC. Além das conhecidas cartas de
ordem, rogatória e precatória, o NCPC previu também a carta arbitral! Cuida-se, assim como as demais cartas,
de uma modalidade de comunicação dos atos processuais. É um instrumento jurídico onde formalmente se
darão os pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros.

Art. 237. Será expedida carta: (...) IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o
cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária
formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.

#RECORDARÉVIVER: A Lei n.° 13.129/2015 criou uma quarta espécie: a carta arbitral.

Por meio da carta arbitral, o árbitro ou o tribunal arbitral solicita que um órgão jurisdicional nacional (juiz de
direito ou juiz federal) pratique ou determine o cumprimento de algum ato que seja necessário para o
procedimento arbitral. Ex: o árbitro que está solucionando uma controvérsia envolvendo duas partes que moram
em Salvador (BA) expede uma carta arbitral para que o juízo de direito de Manaus (AM) intime um diretor de
empresa que reside na capital amazonense. Veja a previsão legal que foi inserida na Lei n.° 9.307/96:

Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o órgão jurisdicional nacional
pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro.

Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral será observado o segredo de justiça, desde que
comprovada a confidencialidade estipulada na arbitragem.

Desse modo, magistrados não se assustem quando começarem a receber cartas expedidas por árbitros e
tribunais arbitrais requerendo a prática de atos processuais.

Vale ressaltar que novo CPC também já trouxe expressamente a existência das cartas arbitrais determinando que
elas deverão atender, no que couber, aos requisitos das demais cartas (precatória, de ordem, rogatória)

34
e exigindo que ela seja instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de
sua aceitação da função (art. 260, § 3º do CPC 2015).

#RECORDARÉVIVER #COLANARETINA #NOMENCLATURASIMPORTANTES:

Carta de ordem Carta rogatória Carta precatória Carta Arbitral

Serve para que um Ocorre quando um juízo Ocorre quando um juízo Por meio da carta arbitral,
Tribunal delegue a juízo solicita que outro juízo solicita que outro juízo, de o árbitro ou o tribunal
inferior “subordinado” a pratique determinado ato igual hierarquia, pratique arbitral solicita que um
ele a prática de processual fora do país. determinado ato órgão jurisdicional
determinado ato processual nos limites de nacional (juiz de direito ou
processual. sua competência, dentro juiz federal) pratique ou
Ex: juízo de Belém (PA) do Brasil. determine o cumprimento
expede uma carta de algum ato que seja
Ex: o Ministro do STF rogatória para que seja necessário para o
expede carta de ordem ouvida uma testemunha Ex: o juízo da comarca de procedimento arbitral.
para que o juízo federal residente na Alemanha, Niterói (RJ) expede uma
ouça uma testemunha pela autoridade judiciária carta precatória para que
localizada em Natal (RN). alemã. o juízo da comarca de
Búzios (RJ) ouça uma
testemunha que lá reside.

f) Sentença arbitral:

A solução do litígio será dada pelo árbitro, por meio de sentença arbitral, que constituirá título executivo
JUDICIAL. O prazo para que a profira pode ser estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, mas no
silêncio será de seis meses, contados da instituição da arbitragem ou substituição do árbitro.

Vale ressaltar que a sentença arbitral, para produzir seus efeitos, não precisa de homologação judicial:

35
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação
pelo Poder Judiciário.

Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida
pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.

Vale destacar que não há recurso contra a sentença arbitral, mas, de acordo com o art. 30 da lei de
arbitragem:

Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou ciência pessoal da sentença arbitral,
salvo se outro prazo for acordado entre as partes, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte, poderá
solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:

I — corrija qualquer erro material da sentença arbitral;

II — esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se pronuncie sobre ponto
omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão. Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá,
no prazo de dez dias ou em prazo acordado pelas partes, aditará a sentença arbitral e notificará as partes na forma
do art. 29.

A sentença arbitral terá os mesmos efeitos que a produzida pelo Poder Judiciário, inclusive o da coisa julgada
material, constituindo ainda, se condenatória, título executivo judicial.

#NÃOESQUECER #UMPOUCODEDOUTRINA: A sentença arbitral pode ser invalidade pelo Poder Judiciário. Fredie
Didier explica que há possibilidade de controle judicial da sentença arbitral, mas somente quanto à sua validade
(arts. 32 e 33, caput, da Lei n.°9.307/96), ou seja, ela pode ser anulada se tiver vícios formais. O Poder Judiciário
não pode, por outro lado, revogar ou modificar a sentença arbitral quanto ao seu mérito por entendê-la injusta ou
errada. A parte prejudicada que desejar anular a sentença arbitral por vícios formais deverá ajuizar a ação de
nulidade no prazo máximo de 90 dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento
(art. 33, § 1º). Ultrapassado esse prazo, a decisão arbitral torna-se imutável pela coisa julgada material. (DIDIER,
Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 171).

36
f.1) Ação de declaração de nulidade da sentença arbitral: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder
Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos no art. 32 da Lei
n.° 9.307/96.

Prazo: 90 dias, após o recebimento da notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do
pedido de esclarecimentos.

Procedimento a ser aplicado: Procedimento comum previsto no CPC. Compare a mudança operada pela Lei
n.° 13.129/2015 no art. 33 da Lei n.°9.307/96:

Redação original da Lei 9.307/96 Alteração promovida pela Lei 13.129/2015

Art. 33 (...) Art. 33 (...)

§ 1º A demanda para a decretação de nulidade § 1º A demanda para a declaração de nulidade


da sentença arbitral seguirá o procedimento da sentença arbitral, parcial ou final, seguirá
comum, previsto no Código de Processo Civil, as regras do procedimento comum, previstas
e deverá ser proposta no prazo de até noventa na Lei n.°5.869, de 11 de janeiro de 1973
dias após o recebimento da notificação da (Código de Processo Civil), e deverá ser
sentença arbitral ou de seu aditamento. proposta no prazo de até 90 (noventa) dias
após o recebimento da notificação da
respectiva sentença, parcial ou final, ou da
decisão do pedido de esclarecimentos.

Aqui, o legislador cometeu um equívoco, porque aprovou este § 1º fazendo menção ainda ao CPC 1973,
quando, na verdade, já tínhamos um novo Código aprovado e que se encontrava apenas aguardando o fim do prazo
de vacatio legis para entrar em vigor.

37
A pergunta que surgiu diante deste impasse era a seguinte: quando o CPC 2015 entrasse em vigor em março
de 2016, qual seria o procedimento a ser aplicado para a ação declaratória de nulidade da sentença arbitral?
Aplicar-se-ia o CPC 1973 ou o CPC 2015? CPC-2015.

O CPC 2015, quando entrou em vigor, em março de 2016, acarretou a revogação do CPC 1973, conforme
previsto em seu art. 1.046: Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos
processos pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.

O fato de a Lei n.º 13.129/2015 ter mencionado o procedimento do CPC 1973 não deu uma sobrevida nem
evitou a revogação deste, considerando que não foi esta a intenção do legislador e o CPC 2015 somente revogou o
Código de 73 em março de 2016.

Para que a Lei n.º 13.129/2015 tivesse evitado a revogação de parte do CPC 1973, ela teria que ter se referido
expressamente ao art. 1.046 do CPC 2015, o que não foi o caso.

O projeto que deu origem à Lei n.º 13.129/2015 tramita há anos no Congresso Nacional e a sua intenção era
simplesmente manter a regra de que a ação de declaração de nulidade da sentença arbitral deve ser regida pelo
procedimento ordinário do CPC vigente, seja ele o de 1973, seja o de 2015.

Além disso, como um último argumento, veja o que diz o § 4º do art. 1.046 do CPC 2015: § 4º As remissões
a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras leis, passam a referir-se às que lhes são
correspondentes neste Código.

Dessa forma, após o CPC 2015 entrar em vigor, onde se lê CPC 1973, no § 1º do art. 33 da Lei n.º 9.307/96,
passa a ser lido CPC 2015.

38
Comandos da sentença que julgar procedente a anulação: Agora, se o juiz considerar procedentes os
argumentos do autor, ele irá declarar a nulidade da sentença arbitral, em todas as hipóteses do art. 32 da Lei
n.º 9.307/96:

Redação original da Lei 9.307/96 Alteração promovida pela Lei 13.129/2015

Art. 33 (...) Art. 33 (...)

§ 2º A sentença que julgar procedente o § 2º A sentença que julgar procedente o


pedido: pedido declarará a nulidade da sentença
arbitral, nos casos do art. 32, e determinará,
I - decretará a nulidade da sentença arbitral,
se for o caso, que o árbitro ou o tribunal
nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII;
profira nova sentença arbitral.
II - determinará que o árbitro ou o tribunal
arbitral profira novo laudo, nas demais
hipóteses.

f.2) Impugnação incidental da sentença arbitral: Em vez de ajuizar uma ação autônoma pedindo a nulidade da
sentença arbitral, a parte poderá alegar esse vício como uma matéria de defesa no momento em que a outra parte
estiver executando a sentença arbitral. Essa alegação é feita mediante IMPUGNAÇÃO, já que a sentença arbitral é
título executivo judicial, não havendo que se falar, portanto, em embargos do devedor, que é uma defesa típica da
execução de títulos extrajudiciais. Compare a mudança:

Redação original da Lei 9.307/96 Alteração promovida pela Lei 13.129/2015

Art. 33 (...) Art. 33 (...)

§ 3º A decretação da nulidade da sentença § 3º A declaração de nulidade da sentença


arbitral também poderá ser arguida mediante arbitral também poderá ser arguida
ação de embargos do devedor, conforme o mediante impugnação, conforme o art. 475-L
art. 741 e seguintes do Código de Processo e seguintes da Lei n.° 5.869, de 11 de janeiro
Civil, se houver execução judicial. de 1973 (Código de Processo Civil), se houver
execução judicial.

39
Aqui, o legislador cometeu o mesmo equívoco do § 1º e a Presidente da República, a fim de evitar discussões
estéreis, deveria ter vetado esse § 3º. Isso porque o CPC 2015 já traz uma regra muito semelhante alterando este
mesmo § 3º do art. 33 da Lei n.° 9.307/96. Vamos comparar:

Redação original da Alteração feita na Lei 9.307/96 pela Alteração feita na Lei
Lei 13.129/15 9.307/96 pelo CPC 15
Lei 9.307/96

Art. 33 (...) Art. 33 (...) Art. 33 (...)

§ 3º A decretação da nulidade da § 3º A declaração de nulidade da § 3º A decretação da nulidade


sentença arbitral também poderá sentença arbitral também poderá ser da sentença arbitral também
ser arguida mediante ação de arguida mediante impugnação, poderá ser requerida
embargos do devedor, conforme o conforme o art. 475-L e seguintes da na impugnação ao
art. 741 e seguintes do Código de Lei n.°5.869, de 11 de janeiro de 1973 cumprimento da sentença,
Processo Civil, se houver execução (Código de Processo Civil), se houver nos termos dos arts. 525 e
judicial. execução judicial. seguintes do Código de
Processo Civil, se houver
execução judicial.

Como já explicado nos comentários ao § 1º, com a entrada do CPC em vigor, em março de 2016, a redação
dada pela Lei n.° 13.129/2015 foi revogada.

Assim, a partir de março de 2016, a redação que está em vigor no § 3º do art. 33 da Lei n.° 9.307/96 é aquela
que foi dada pelo CPC 2015 (terceiro quadro).

f.3) Sentença arbitral complementar: Como visto mais acima, agora é possível a prolação de sentença arbitral
parcial. Ocorre que poderia acontecer de os árbitros proferirem uma sentença parcial e, mesmo passado tempo
razoável, não decidissem o restante da controvérsia. A fim de evitar esta indesejável situação, a Lei n.° 13.129/2015
acrescentou um parágrafo ao art. 33 trazendo a possibilidade de a parte ajuizar ação exigindo que os peritos
complementem a sentença arbitral caso esta tenha sido apenas parcial. Veja:

40
Art. 33 (...) § 4º A parte interessada poderá ingressar em juízo para requerer a prolação de sentença arbitral
complementar, se o árbitro não decidir todos os pedidos submetidos à arbitragem.

Repare que a parte interessada não irá requerer que Poder Judiciário complete a sentença arbitral. A ação é
proposta com o objetivo de que Poder Judiciário determine aos árbitros que decidam todos os pedidos submetidos
à arbitragem.

O § 4º foi omisso quanto ao prazo desta ação, razão pela qual deve-se aplicar o mesmo prazo de 90 dias
previsto no § 1º deste art. 33. Ora, se a ação objetivando a declaração de nulidade segue o prazo de 90 dias, com
mesma razão deve ser este o prazo para a ação visando apenas a complementação da sentença arbitral parcial.

#SELIGA: A sentença estrangeira poderá ser reconhecida pela jurisdição brasileira!

Art. 34. A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade com os
tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os
termos desta Lei.

Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida fora do território nacional.

Art. 35. Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita, unicamente, à
homologação do Superior Tribunal de Justiça.

#CASCADEBANANA¹: É possível que o(s) árbitro(s) profira(m) sentença arbitral PARCIAL, ou seja, decidindo
apenas parte do litígio que foi submetido à sua apreciação?

Redação original da Lei 9.307/96: Havia #POLÊMICA

41
1ª corrente: NÃO. Segundo entendiam alguns doutrinadores, a Lei n.°9.307/96, em sua redação original, vedava a
prolação de sentença parcial (art. 29). Caso o árbitro proferisse sentença parcial, esta seria nula, nos termos do art.
32, V:

Art. 29. Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem (...).

(...)

Art. 32. É nula a sentença arbitral se:

V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;

2ª corrente: SIM. Mesmo antes da alteração promovida pela Lei nº 13.129/2015, era possível a prolação de
sentença arbitral parcial. Posição defendida por Carlos Alberto Carmona (Arbitragem e Processo: Um Comentário
à Lei nº 9.307/96. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 355-356).

O STJ possui precedente nesse sentido: (...) No âmbito do procedimento arbitral, nos termos da Lei n. 9.307/96
(antes mesmo das alterações promovidas pela Lei n. 13.129/2015), inexiste qualquer óbice à prolação de sentença
arbitral parcial, especialmente na hipótese de as partes signatárias assim convencionarem (naturalmente com a
eleição do Regulamento de Arbitragem que vierem a acordar), tampouco incongruência com o sistema processual
brasileiro, notadamente a partir da reforma do Código de Processo Civil, veiculada pela Lei n. 11.232/2005, em que
se passou a definir "sentença", conforme redação conferida ao § 1º do art. 162, como ato do juiz que redunde em
qualquer das situações constantes dos arts. 267 e 269 do mesmo diploma legal. (STJ. 3ª Turma. REsp 1519041/RJ,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 01/09/2015).

Alteração promovida pela Lei 13.129/2015: Acabou com qualquer polêmica que ainda pudesse existir (#UFA).

A Lei n.° 13.129/2015 acrescentou o § 1º ao art. 23 da Lei nº 9.307/96 afirmando expressamente que é possível a
sentença arbitral parcial:

Art. 23 (...) § 1º Os árbitros poderão proferir sentenças parciais.

42
Além disso, o inciso V do art. 32 acima transcrito foi revogado.

A mudança é salutar, sendo aplaudida pela doutrina, considerando que há situações em que é melhor que os
árbitros profiram a sentença parcial, resolvendo os pontos controvertidos da lide, como infrações contratuais, culpa
pelo término da relação contratual e dever de indenizar. Em um segundo momento, na sentença arbitral final, os
árbitros poderão decidir sobre liquidação de créditos e débitos recíprocos e a estipulação de eventual determinação
de compensação da verba de sucumbência. (BAPTISTA, Luiz Olavo. Sentença parcial em arbitragem. Revista de
Arbitragem e Mediação. Ano 5, n.° 17, abr-jun/2008, RArb 17, p. 189).

Com isso, resolve-se também um grave problema. Isso porque muitos Tribunais arbitrais ao longo do mundo
permitem e proferem sentenças arbitrais parciais, como é o caso do Regulamento da Câmara de Comércio
Internacional de Paris (CCI) e do Regulamento Arbitral da Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio
Internacional (CNUDCI). O direito norte-americano do Estado de Nova Iorque, grande centro de arbitragem,
igualmente permite sentenças parciais. Assim, algumas empresas brasileiras participavam de arbitragens
internacionais em que eram proferidas sentenças parciais e depois, se sucumbentes, poderiam, em tese, buscar a
anulação desta sentença no Poder Judiciário brasileiro com fundamento no art. 32, V, da Lei n.° 9.307/96, o que
gerava grande risco à segurança jurídica e à credibilidade do instituto.

Além disso, a sentença parcial, mesmo quando apresentar este vicio por um equívoco dos árbitros, não pode ser
tida como nula, sendo apenas “incompleta”. Assim, não há sentido de se anular uma sentença incompleta, sendo
o mais lógico exigir que ela seja completada, o que é feito pelo art. 33, § 4º da Lei n.° 9.307/96, com redação dada
pela Lei n.° 13.129/2015.

g) Prescrição:

A Lei de Arbitragem (Lei n.° 9.307/96) não traz prazos de prescrição. No entanto, apesar disso, a doutrina
majoritária afirma que essa omissão foi proposital, já que os prazos de prescrição são previstos nas leis de direito
material e a lei de arbitragem é uma norma processual.

43
Assim, para a corrente majoritária, aplicam-se os prazos prescricionais previstos na legislação também para
a arbitragem. Ex: imagine que determinado engenheiro foi contratado para uma obra e no contrato preveja a
cláusula compromissória; o prazo prescricional para pretensões decorrentes deste contrato é de 5 anos, nos termos
do art. 206, § 5º, II, do CC. Logo, este engenheiro teria o prazo de 5 anos para pedir a instituição da arbitragem.

E quando se considera instituída a arbitragem? Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação
pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários (art. 19).

O que a Lei n.° 13.129/2015 alterou sobre a prescrição? Foram inseridos prazos prescricionais na Lei de
Arbitragem? NÃO. A Lei n.° 9.307/96 continua sem prever prazos de prescrição, até porque, como visto acima, isso
é matéria atinente às leis de direito material. No entanto, a Lei n.° 13.129/2015 acrescentou um parágrafo ao art.
19 fixando um marco interruptivo da prescrição. Veja: § 2º A instituição da arbitragem interrompe a prescrição,
retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição.

Desse modo, os prazos de prescrição continuarão a observar as regras previstas na legislação extravagante
(Código Civil, Lei de Propriedade industrial etc.), mas, agora, a Lei de Arbitragem traz a regra de que a instituição
da arbitragem interrompe o prazo prescricional.

h) Tutelas de urgência:

O Poder Judiciário. A Lei n.° 13.129/2015 estabeleceu que, se for necessária alguma medida cautelar ou de
urgência e ainda não houver sido instituída a arbitragem, as partes poderão requerê-las junto ao Poder Judiciário.
Veja a novidade:

Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de
medida cautelar ou de urgência.

44
Assim, em nosso exemplo, a empresa prejudicada poderá pedir ao juiz que conceda uma medida de urgência
no sentido de que a outra empresa continue fornecendo a matéria-prima ajustada no contrato até que a disputa
contratual seja resolvida pelos árbitros, sob pena de multa diária.

Depois de conseguir a medida pleiteada junto ao Poder Judiciário, a parte terá que requerer a instituição da
arbitragem em até 30 dias, sob pena de a medida ser cessada:

Art. 22-A (...) Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de urgência se a parte interessada não
requerer a instituição da arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação da respectiva
decisão.

#SELIGA¹: Depois de instituída a arbitragem, os árbitros poderão revogar a medida concedida pelo Judiciário?
SIM. A medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário é provisória e, depois de instituída a
arbitragem, os árbitros irão reexaminá-lo e poderão mantê-la, modificá-la ou revogá-la. Veja: Art. 22-B. Instituída a
arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo
Poder Judiciário.

#SELIGA²: Poderão ser concedidas medidas cautelares ou de urgência depois de instaurado o procedimento
arbitral? SIM, mas neste caso tais medidas serão concedidas pelos próprios árbitros que já estarão escolhidos: Art.
22-B (...) Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida
diretamente aos árbitros.

Antes da Lei n.° 13.129/2015, a Lei n.° 9.703/96 determinava que tais medidas deveriam ser requeridas pelo
árbitro ao Poder Judiciário, conforme previsto no art. 22, § 4º: § 4º Ressalvado o disposto no § 2º, havendo
necessidade de medidas coercitivas ou cautelares, os árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que
seria, originariamente, competente para julgar a causa. Esse § 4º foi, contudo, revogado pela Lei n.° 13.129/2015,
deixando claro que é o próprio árbitro quem determina a medida deferida.

45
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É possível a penhora no rosto dos autos de procedimento de arbitragem
para garantir o pagamento de dívida cobrada em execução judicial. A penhora no rosto dos autos consiste apenas
numa averbação, cuja finalidade é atingida no exato momento em que o devedor do executado toma ciência de
que o pagamento - ou parte dele - deverá, quando realizado, ser dirigido ao credor deste, sob pena de responder
pela dívida, nos termos do art. 312 do Código Civil. Assim, é possível aplicar a regra do art. 860 do CPC ao
procedimento de arbitragem a fim de permitir que o juiz oficie o árbitro para que este faça constar em sua decisão
final, acaso favorável ao executado, a existência da ordem judicial de expropriação. Ex: a empresa “A” ajuizou
execução de título extrajudicial contra a empresa “B”; a exequente sabia que a empresa “B” estava em
procedimento de arbitragem com a empresa “C” discutindo um contrato; diante disso, a exequente pediu e o juiz
decretou a penhora dos direitos, bens e valores que a empresa “B” eventualmente venha a receber caso seja
vencedora no procedimento arbitral; assim, se a empresa “C” perder a arbitragem, ela irá pagar os valores não para
a empresa “B”, mas sim para a empresa “A”. STJ. 3ª Turma. REsp 1.678.224-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 07/05/2019 (Info 648). #IMPORTANTE

3. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

3.1. Conceito:

A questão mais discutida a respeito da jurisdição voluntária é a da sua natureza, pois forte corrente
doutrinária nega-lhe a qualidade de jurisdição, atribuindo-lhe a condição de administração pública de interesses
privados, cometida ao Poder Judiciário. Pode-se dizer que tem prevalecido, entre nós, a corrente administrativista,
que pressupõe que nesse tipo de jurisdição, o juiz não é chamado a solucionar um conflito de interesses.

Apesar disso, mais modernamente, a tendência tem sido por considerá-la como verdadeira jurisdição, entre
outras razões, porque:

(i) Administração é tutela de interesse público, e jurisdição voluntária, de interesse privado;

(ii) Também na jurisdição voluntária, em regra, há uma situação conflituosa, capaz de gerar insatisfação, que será
solucionada pelo Judiciário. Nem sempre há interesses contrapostos, embora muitas vezes haja.

46
#COMOFOICOBRADO:

(Ministério Público/SP) A sentença no procedimento de jurisdição voluntária poderá ser modificada, sem
prejuízo dos efeitos já produzidos9:

a) De ofício pelo juiz, a qualquer tempo, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

b) A requerimento do interessado, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

c) A requerimento do interessado, por haver esquecido de juntar prova documental relevante.

d) A requerimento do Ministério Público, na condição de fiscal da lei.

e) A requerimento das partes, no prazo recursal, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

(Juiz de Direito — TJ/MG) No procedimento de jurisdição voluntária, por provocação do interessado10:

a) serão citados, sob pena de nulidade, todos os demais interessados;

b) não haverá citação por ser o respectivo ato incompatível com o procedimento;

c) serão apenas intimados, por via postal, todos os demais interessados;

d) não haverá citação pelo fato de que todos os interessados devem constar da inicial;

e) a citação ocorrerá, apenas, se os demais interessados residirem em outra comarca.

3.2. Distinções entre jurisdição voluntária e contenciosa:

#FOCONATABELA #COLANARETINA:

JURISDIÇÃO CONTENCIOSA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

9
Letra B.
10
Letra A.

47
Não serve para que o juiz diga quem tem razão, mas
para que tome determinadas providências necessárias
O juiz deve dizer qual parte tem razão
para a proteção dos sujeitos da relação processual

Busca-se obter uma determinação que obrigue a parte


contrária.
Busca-se uma situação que valha para o próprio autor
Pode beneficiar uma ou ambas as partes

O juiz resolve uma situação conflituosa, cuja solução


exige uma alteração das circunstâncias que só pode
O juiz resolve uma situação de confronto
ser propiciada pelo Judiciário

3.3. Características da jurisdição voluntária:

(i) Não é apropriado falar em “partes”, como nos processos de jurisdição contenciosa, mas em “interessados”, pois
nem sempre há conflito;

(ii) O procedimento, como regra geral, é mais sumário que o dos processos de jurisdição contenciosa;

(iii) O princípio da demanda é mitigado, pois o juiz pode, em muitos casos, dar início aos processos de ofício, como
na abertura e cumprimento de testamentos e arrecadação de herança jacente;

#IMPORTANTE: Em regra, a jurisdição voluntária é necessária (não opcional). É um atributo bem generalizado,
por isso se questiona se ela é mesmo voluntária. Há casos excepcionais de jurisdição voluntária opcional, como na
homologação de divórcio consensual sem incapazes envolvidos, celebrável extrajudicialmente, perante os
Cartórios.

(iv) Não se aplica o critério da legalidade estrita, como estabelece o art. 723, parágrafo único, do CPC: O juiz não
é obrigado a observar o critério da legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais
conveniente ou oportuna;

48
#OLHAOGANCHO: Os processos de jurisdição voluntária possuem uma carga maior de inquisitoriedade,
estruturados a dar certo protagonismo ao juiz. Alguns processos de jurisdição voluntária podem ser instaurados
de ofício (arts. 723, p.ú., 738, 744 e 746, todos do NCPC). O juiz pode, inclusive, ajustar o procedimento conforme
as peculiaridades do caso.

(v) As sentenças definitivas não se revestem da autoridade da coisa julgada material, como nos processos de
jurisdição contenciosa, e podem ser modificadas se ocorrerem circunstâncias supervenientes, desde que
justificadas.

3.4. Natureza jurídica:

a) Corrente Tradicional ou Escola Paulista (concepção majoritária): Defende que a jurisdição voluntária não tem
natureza jurisdicional, e sim de atividade administrativa exercida pelos juízes. Partem da premissa de que não há
lide, e, portanto, inexiste a jurisdição. De modo semelhante, também não se fala em ação, e sim em requerimento;
não se fala em processo e sim procedimento.

#OBS: A afirmação de que na jurisdição voluntária não há processo, tão somente procedimento, é inadmissível,
afinal, mesmo que se trate de atividade administrativa, ainda assim haverá processo e contraditório. Não há partes
e sim interessados. Não haveria coisa julgada e sim preclusão.

b) Corrente minoritária (Ovídio Batista, Calmon de Passos, Leonardo Grecco, Fred Didier): A jurisdição voluntária
é considerada uma atividade jurisdicional. Não é correta a afirmação que não há lide em jurisdição voluntária; isto
porque pode ser que a lide não exista. O que há é uma lide potencial: pode não haver como pode haver. Tanto a
lide pode existir em jurisdição voluntária que os interessados são citados. Dessa forma, há ação, há processo, há
partes e coisa julgada.

#OBS¹: Acerca da coisa julgada, o NCPC não trouxe nenhum indicativo de que a jurisdição voluntária não a faça.

49
Do contrário, prevê a existência de coisa julgada em decisão processual, ou seja, que sequer adentra no mérito da
questão, o que reforçaria a discutida corrente.

#OBS²: Nos autos do REsp 1.412.260, apreciado pelo STJ em 2014, a Corte fixou que jurisdição voluntária não faz
coisa julgada, adotando a concepção teórica tradicional, todavia proibiu a rediscussão da mesma questão algum
tempo depois. Tratava-se de caso de mudança de nome.

3.5. Regras gerais do procedimento:

Art. 720. O procedimento terá início por provocação do interessado, do Ministério Público ou da Defensoria
Pública, cabendo-lhes formular o pedido devidamente instruído com os documentos necessários e com a indicação
da providência judicial.

Art. 721. Serão citados todos os interessados, bem como intimado o Ministério Público, nos casos do art. 178, para
que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 722. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse.

Art. 723. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias.


Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a
solução que considerar mais conveniente ou oportuna.

Art. 724. Da sentença caberá apelação.

Art. 725. Processar-se-á na forma estabelecida nesta Seção o pedido de:


I - emancipação;
II - sub-rogação;
III - alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou adolescentes, de órfãos e de interditos;
IV - alienação, locação e administração da coisa comum;
V - alienação de quinhão em coisa comum;

50
VI - extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do usufrutuário, do termo da sua duração ou da
consolidação, e de fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes do evento que caracterizar
a condição resolutória;
VII - expedição de alvará judicial;
VIII - homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer natureza ou valor.
Parágrafo único. As normas desta Seção aplicam-se, no que couber, aos procedimentos regulados nas seções
seguintes.

3.6. Legitimidade:

Em regra, o processo origina-se por iniciativa da parte. Mas há procedimentos que podem ser desencadeados
pelo Ministério Público, Defensoria Pública (interdição, por exemplo) ou de ofício pelo juiz (abertura e cumprimento
de testamento e arrecadação de herança jacente, bens de ausentes ou coisas vagas).

3.7. Intervenção do Ministério Público:

O Ministério Público não intervirá em todos os procedimentos de jurisdição voluntária, mas apenas naqueles
em que estiverem presentes as hipóteses do art. 178 do CPC. Caso isso ocorra, ele será intimado a manifestar-se
no prazo de 30 dias.

4. PRINCIPAIS JULGADOS

PROCESSO CIVIL. ARBITRAGEM. NATUREZA JURISDICIONAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA FRENTE A JUÍZO ESTATAL.
POSSIBILIDADE. MEDIDA CAUTELAR DE ARROLAMENTO. COMPETÊNCIA. JUÍZO ARBITRAL. 1. A atividade
desenvolvida no âmbito da arbitragem tem natureza jurisdicional, sendo possível a existência de conflito de
competência entre juízo estatal e câmara arbitral. 2. O direito processual deve, na máxima medida possível, estar
a serviço do direito material, como um instrumento para a realização daquele. Não se pode, assim, interpretar uma
regra processual de modo a gerar uma situação de impasse, subtraindo da parte meios de se insurgir contra uma
situação que repute injusta. 3. A medida cautelar de arrolamento possui, entre os seus requisitos, a demonstração
do direito aos bens e dos fatos em que se funda o receio de extravio ou de dissipação destes, os quais não

51
demandam cognição apenas sobre o risco de redução patrimonial do devedor, mas também um juízo de valor ligado
ao mérito da controvérsia principal, circunstância que, aliada ao fortalecimento da arbitragem que vem sendo
levado a efeito desde a promulgação da Lei nº 9.307/96, exige que se preserve a autoridade do árbitro como juiz
de fato e de direito, evitando-se, ainda, a prolação de decisões conflitantes. 4. Conflito conhecido para declarar a
competência do Tribunal Arbitral. (CC 111.230/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
08/05/2013, DJe 03/04/2014)

RECURSO ESPECIAL. CONTRATO. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. CONFISSÃO DE DÍVIDA. EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. JURISDIÇÃO ESTATAL. POSSIBILIDADE. 1. Trata-se, na origem, de embargos à execução de título
extrajudicial, aparelhada em contrato com cláusula compromissória. 2. Mesmo em contrato que preveja a
arbitragem, é possível a execução judicial de confissão de dívida certa, líquida e exigível que constitua título
executivo nos termos do art. 585, inciso II, do Código de Processo Civil, haja vista que o juízo arbitral é desprovido
de poderes coercitivos. Precedente do STJ. 3. A existência de título executivo extrajudicial prescinde de sentença
arbitral condenatória para fins de formação de um outro título sobre a mesma dívida. 4. Recurso especial provido.
(REsp 1373710/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/04/2015, DJe
27/04/2015)

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA - ACÓRDÃO ESTADUAL DANDO PROVIMENTO A AGRAVO


DE INSTRUMENTO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA EXECUTADA, POR CONSIDERAR DESCABIDA A INCIDÊNCIA DA
MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC NO ÂMBITO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ARBITRAL. INSURGÊNCIA
DOS EXEQUENTES. 1. Para efeitos do artigo 543-C do CPC: No âmbito do cumprimento de sentença arbitral
condenatória de prestação pecuniária, a multa de 10% (dez por cento) do artigo 475-J do CPC deverá incidir se o
executado não proceder ao pagamento espontâneo no prazo de 15 (quinze) dias contados da juntada do mandado
de citação devidamente cumprido aos autos (em caso de título executivo contendo quantia líquida) ou da intimação
do devedor, na pessoa de seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial (em havendo prévia liquidação
da obrigação certificada pelo juízo arbitral). 2. O Código de Processo Civil, assim como a Lei da
Arbitragem, confere a natureza de título executivo judicial à sentença arbitral, distinguindo apenas o instrumento
de comunicação processual do executado. Com efeito, em se tratando de cumprimento de sentença arbitral, a
angularização da relação jurídica processual dar-se-á mediante citação do devedor no processo de liquidação ou de
execução em vez da intimação promovida nos processos sincréticos (nos quais ocorrida a citação no âmbito de
precedente fase de conhecimento). Eis, portanto, a única diferença procedimental entre o cumprimento da
sentença proferida no processo civil e o da sentença arbitral. 3. Nessa ordem de ideias, à exceção da ordem de

52
citação (e não de intimação atinente aos processos sincréticos), a execução da sentença arbitral condenatória de
obrigação de pagar quantia certa observa o mesmo procedimento previsto para as sentenças civis de idêntico
conteúdo, qual seja, o regime previsto nos artigos 475-J a 475-R do CPC. 4. A multa de 10% (dez por
cento) prevista no artigo 475-J do CPC (aplicável no âmbito do cumprimento de título representativo de obrigação
pecuniária líquida) tem por objetivo garantir a maior efetividade e celeridade na prestação jurisdicional, tornando
onerosa a recalcitrância do devedor em desobedecer o comando sentencial ao qual submetido. 5.
Consequentemente, o afastamento da incidência da referida sanção no âmbito do cumprimento de sentença
arbitral de prestação pecuniária representaria um desprestígio ao procedimento da arbitragem (tornando-a um
minus em relação à jurisdição estatal), olvidando-se de seu principal atrativo, qual seja, a expectativa de célere
desfecho na solução do conflito. 6. Caso concreto. 6.1. Em que pese a executada (ora recorrida) tenha afirmado
"questionável" o procedimento arbitral levado a termo no presente caso "sob graves aspectos" (fl. e-STJ 92), não
consta dos autos a notícia de existência de demanda na busca de invalidação do instrumento conclusivo daquele
procedimento, a atual sentença arbitral. 6.2. O adimplemento voluntário da obrigação pecuniária (certificada no
título executivo judicial) somente ocorre quando o valor a ela correspondente ingressa no campo de disponibilidade
do exequente. Assim, permanecendo o valor em conta judicial ou mesmo indisponível ao credor, por opção do
devedor, mantém-se, por evidente, o inadimplemento da prestação de pagar quantia certa, o que autoriza a
imposição da multa de 10% (dez por cento) sobre a condenação (REsp 1.175.763/RS, Rel. Ministro Marco Buzzi,
Quarta Turma, julgado em 21.06.2012, DJe 05.10.2012). 6.3. Desse modo, sendo certo que a indicação de crédito
para penhora não configura pagamento voluntário, mas, sim, mera garantia para fins de futura impugnação da
sentença exequenda, restou inobservado o prazo quinzenal previsto no artigo 475-J do CPC, razão pela qual se
afigura impositiva a reforma do acórdão estadual, devendo ser restaurada a incidência da multa de 10% (dez por
cento) cominada pela magistrada de primeiro grau. 7. Recurso especial provido. Acórdão
submetido ao rito do artigo 543-C do CPC e da Resolução STJ 8/2008. (REsp 1102460/RJ, Rel. Ministro MARCO
BUZZI, CORTE ESPECIAL, julgado em 17/06/2015, DJe 23/09/2015)

O art. 32 da Lei nº 9.307/96 elenca hipóteses nas quais a sentença arbitral é nula. Essa nulidade é declarada pelo
Poder Judiciário. Verificando alguma das situações do art. 32, a parte interessada poderá propor ação de declaração
de nulidade da sentença arbitral. A ação de declaração de nulidade deve ser proposta em, no máximo, 90 dias
após o recebimento da notificação da sentença arbitral. Imagine agora a seguinte situação: em fevereiro de 2014
foi proferida sentença arbitral parcial; em abril de 2014, foi prolatada sentença arbitral final. Suponhamos que a
parte interessada deseja anular a sentença arbitral parcial. O prazo para a ação anulatória começou a correr em
fevereiro ou em abril? Em fevereiro. O prazo decadencial de 90 dias para o ajuizamento de ação anulatória (art.
33, § 1º, da Lei nº 9.307/96) em face de sentença arbitral parcial conta-se a partir do trânsito em julgado desta

53
(sentença parcial), e não do trânsito em julgado da sentença arbitral final. Obs: neste julgado o STJ afirmou que,
mesmo antes da alteração promovida pela Lei 13.129/2015, era possível a prolação de sentença arbitral parcial,
especialmente na hipótese de as partes signatárias assim convencionarem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.519.041-RJ, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 1º/9/2015 (Info 568).

*(Atualizado em 27/01/2023) #DEOLHONAJURIS - Em procedimento de jurisdição voluntária, quando a parte ré


concorda com o pedido formulado na inicial, mas formula pedido autônomo: (I) se o Juiz não admitir o pedido
autônomo como reconvenção e julgar apenas a pretensão autoral, não serão devidos honorários de sucumbência;
(II) se o Juiz admitir o pedido autônomo como reconvenção e julgar ambas as pretensões, serão devidos honorários
de sucumbência apenas na reconvenção e desde que configurado litígio quanto à pretensão reconvencional. REsp
2.028.685-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 22/11/2022, DJe
24/11/2022. (Info 761 - STJ)

5. ENUNCIADOS NCPC:

Galera, para finalizar, no estilo #QUEBRANDOABANCA, vamos ler aquilo que está despencando em prova?

#FOCONOSENUNCIADOS #VAICAIR #CEREJADOBOLO

ENUNCIADO 25 – As audiências de conciliação ou mediação, inclusive dos juizados especiais, poderão ser realizadas
por videoconferência, áudio, sistemas de troca de mensagens, conversa online, conversa escrita, eletrônica,
telefônica e telemática ou outros mecanismos que estejam à disposição dos profissionais da autocomposição para
estabelecer a comunicação entre as partes.

ENUNCIADO 56 – A legitimidade conferida à Defensoria Pública pelo art. 720 do CPC compreende as hipóteses de
jurisdição voluntária previstas na legislação extravagante, notadamente no Estatuto da Criança e do Adolescente.

ENUNCIADO 4. (art. 69, § 1º) A carta arbitral tramitará e será processada no Poder Judiciário de acordo com o
regime previsto no Código de Processo Civil, respeitada a legislação aplicável. (Grupo: Arbitragem)

54
ENUNCIADO 5. (art. 69, § 3º) O pedido de cooperação jurisdicional poderá ser realizado também entre o árbitro e
o Poder Judiciário. (Grupo: Arbitragem – Enunciado aprovado por aclamação)

ENUNCIADO 13. (art. 189, IV) O disposto no inciso IV do art. 189 abrange todo e qualquer ato judicial relacionado
à arbitragem, desde que a confidencialidade seja comprovada perante o Poder Judiciário, ressalvada em qualquer
caso a divulgação das decisões, preservada a identidade das partes e os fatos da causa que as identifiquem. (Grupo:
Arbitragem; redação revista no III FPPC-Rio)

ENUNCIADO 15. (art. 189) As arbitragens que envolvem a Administração Pública respeitarão o princípio da
publicidade, observadas as exceções legais (vide art. 2º, § 3º, da Lei n. 9.307/1996, com a redação da Lei n.
13.129/2015)12. (Grupo: Arbitragem; aprovado por aclamação)

ENUNCIADO 24. (art. 237, IV) Independentemente da sede da arbitragem ou dos locais em que se realizem os atos
a ela inerentes, a carta arbitral poderá ser processada diretamente pelo órgão do Poder Judiciário do foro onde se
dará a efetivação da medida ou decisão, ressalvadas as hipóteses de cláusulas de eleição de foro subsidiário20 .
(Grupo: Arbitragem; redação revista no III FPPC- RIO21 e no V FPPCVitória)

ENUNCIADO 26. (art. 260; art. 267, I) Os requisitos legais mencionados no inciso I do art. 267 são os previstos no
art. 260. (Grupo: Arbitragem – Enunciado aprovado por aclamação) 27. (art. 267) Não compete ao juízo estatal
revisar o mérito da medida ou decisão arbitral cuja efetivação se requer por meio da carta arbitral. (Grupo:
Arbitragem – Enunciado aprovado por aclamação)

ENUNCIADO (art. 485, VII) A competência do juízo estatal deverá ser analisada previamente à alegação de
convenção de arbitragem41 (Grupo: Arbitragem; redação revista no III FPPC-Rio)

ENUNCIADO (art. 485, VII) A alegação de convenção de arbitragem deverá ser examinada à luz do princípio da
competência-competência. (Grupo: Arbitragem – enunciado aprovado por aclamação)

55
ENUNCIADO 85. (arts. 960 a 965) Deve prevalecer a regra de direito mais favorável na homologação de sentença
arbitral estrangeira em razão do princípio da máxima eficácia51. (art. 7º da Convenção de Nova York – Decreto nº
4.311/2002). (Grupo: Arbitragem; redação revista no III FPPC-Rio)

ENUNCIADO 86. (art. 964; art. 960, § 3º) Na aplicação do art. 964 considerar-se-á o disposto no § 3º do art. 960.
(Grupo: Arbitragem; enunciado aprovado por aclamação; redação revista no V FPPC-Vitória)52

ENUNCIADO 136. (art. 240, § 1º; art. 485, VII) A citação válida no processo judicial interrompe a prescrição, ainda
que o processo seja extinto em decorrência do acolhimento da alegação de convenção de arbitragem. (Grupo:
Arbitragem)

ENUNCIADO 153. (art. 485, VII) A superveniente instauração de procedimento arbitral, se ainda não decidida a
alegação de convenção de arbitragem, também implicará a suspensão do processo, à espera da decisão do juízo
arbitral sobre a sua própria competência. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 164. (art. 496) A sentença arbitral contra a Fazenda Pública não está sujeita à remessa necessária.
(Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 203. (art. 966) Não se admite ação rescisória de sentença arbitral. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 417. (arts. 260, caput e §3º, 267, I) São requisitos para o cumprimento da carta arbitral: i) indicação
do árbitro ou do tribunal arbitral de origem e do órgão do Poder Judiciário de destino; ii) inteiro teor do
requerimento da parte, do pronunciamento do árbitro ou do Tribunal arbitral e da procuração conferida ao
representante da parte, se houver; iii) especificação do ato processual que deverá ser praticado pelo juízo de
destino; iv) encerramento com a assinatura do árbitro ou do presidente do tribunal arbitral conforme o caso.
(Grupo: Arbitragem)

56
ENUNCIADO 429. (art. 359) A arbitragem a que se refere o art. 359 é aquela regida pela Lei 9.307/1996. (Grupo:
Arbitragem)

ENUNCIADO 434. (art. 485, VII) O reconhecimento da competência pelo juízo arbitral é causa para a extinção do
processo judicial sem resolução de mérito. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 435. (arts. 485, VII, 1015, III) Cabe agravo de instrumento contra a decisão do juiz que, diante do
reconhecimento de competência pelo juízo arbitral, se recusar a extinguir o processo judicial sem resolução de
mérito. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 489. (art. 144; art. 145; arts. 13 e 14 da Lei 9.307/1996) Observado o dever de revelação, as partes
celebrantes de convenção de arbitragem podem afastar, de comum acordo, de forma expressa e por escrito,
hipótese de impedimento ou suspeição do árbitro. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 543. (arts. 914-920) Em execução de título executivo extrajudicial, o juízo arbitral é o competente para
conhecer das matérias de defesa abrangidas pela convenção de arbitragem. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 544. (arts. 914-920) Admite-se a celebração de convenção de arbitragem, ainda que a obrigação esteja
representada em título executivo extrajudicial. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 553. (art. 961, §1º; art. 23 da Lei 9.307/1996) A sentença arbitral parcial estrangeira submete-se ao
regime de homologação. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 571. (art. 1º, §§1º e 2º, da Lei 9.307/1996) A previsão no edital de licitação não é pressuposto para
que a Administração Pública e o contratado celebrem convenção arbitral. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 572. (art. 1º, § 1º, da Lei 9.307/1996) A Administração Pública direta ou indireta pode submeter-se a

57
uma arbitragem ad hoc ou institucional. (Grupo: Arbitragem)

ENUNCIADO 580. (arts. 190; 337, X; 313, II) É admissível o negócio processual estabelecendo que a alegação de
existência de convenção de arbitragem será feita por simples petição, com a interrupção ou suspensão do prazo
para contestação. (Grupo: Negócios processuais)

6. JURISPRUDÊNCIA EM TESES- STJ11

1) A convenção de arbitragem, tanto na modalidade de compromisso arbitral quanto na modalidade de cláusula


compromissória, uma vez contratada pelas partes, goza de força vinculante e de caráter obrigatório, definindo ao
juízo arbitral eleito a competência para dirimir os litígios relativos aos direitos patrimoniais disponíveis, derrogando-
se a jurisdição estatal.

2) Uma vez expressada a vontade de estatuir, em contrato, cláusula compromissória ampla, a sua destituição deve
vir através de igual declaração expressa das partes, não servindo, para tanto, mera alusão a atos ou a acordos que
não tenham o condão de afastar a convenção das partes.

3) A previsão contratual de convenção de arbitragem enseja o reconhecimento da competência do Juízo arbitral


para decidir com primazia sobre Poder Judiciário, de ofício ou por provocação das partes, as questões relativas à
existência, à validade e à eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula
compromissória.

4) O Poder Judiciário pode, em situações excepcionais, declarar a nulidade de cláusula compromissória arbitral,
independentemente do estado em que se encontre o procedimento arbitral, quando aposta em compromisso
claramente ilegal.

11
Edição nº 122. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/jt/toc.jsp

58
5) A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua
edição. (Súmula n. 485/STJ)

6) O prévio ajuizamento de medida de urgência perante o Poder Judiciário não afasta a eficácia da cláusula
compromissória arbitral.

7) O árbitro não possui poder coercitivo direto, sendo-lhe vedada a prática de atos executivos, cabendo ao Poder
Judiciário a execução forçada do direito reconhecido na sentença arbitral.

8) No âmbito do cumprimento de sentença arbitral condenatória de prestação pecuniária, a multa de 10% (dez por
cento) do artigo 475-J do CPC deverá incidir se o executado não proceder ao pagamento espontâneo no prazo de
15 (quinze) dias contados da juntada do mandado de citação devidamente cumprido aos autos (em caso de título
executivo contendo quantia líquida) ou da intimação do devedor, na pessoa de seu advogado, mediante publicação
na imprensa oficial (em havendo prévia liquidação da obrigação certificada pelo juízo arbitral). (Tese julgada sob o
rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 893)

9) A atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem possui natureza jurisdicional, o que torna possível a existência
de conflito de competência entre os juízos estatal e arbitral, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça - STJ o seu
julgamento.

10) Não configura óbice à homologação de sentença estrangeira arbitral a citação por qualquer meio de
comunicação cuja veracidade possa ser atestada, desde que haja prova inequívoca do recebimento da informação
atinente à existência do processo arbitral.

11) A legislação consumerista impede a adoção prévia e compulsória da arbitragem no momento da celebração do
contrato, mas não proíbe que, posteriormente, em face de eventual litígio, havendo consenso entre as partes, seja
instaurado o procedimento arbitral.

59
12) Diante da força coercitiva de convenção condominial com cláusula arbitral, qualquer condômino que ingressar
no agrupamento condominial está obrigado a obedecer às normas ali constantes, de modo que eventuais conflitos
condominiais deverão ser resolvidos por meio de arbitragem, excluindo-se a participação do Poder Judiciário.

13) Não existe óbice legal na estipulação da arbitragem pelo poder público, notadamente pelas sociedades de
economia mista, para a resolução de conflitos relacionados a direitos disponíveis.

14) A legitimidade para a impetração de mandado de segurança objetivando assegurar o direito ao cumprimento
de sentença arbitral relativa ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS é somente do titular de cada conta
vinculada, e não da Câmara Arbitral ou do próprio árbitro.

7. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO

Lei nº. 9.307/1996 Todos os dispositivos

Código de Processo Civil Art. 1º até o art. 41

8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Anotações de aula.

Direito Processual Civil Esquematizado - Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2017)

Cavalcante, Márcio André Lopes, Informativos esquematizados do Dizer o Direito.

60
Manual de Direito Processual Civil – Daniel Amorim Assumpção Neves (2017).

Comentários da Lei de Arbitragem: https://www.dizerodireito.com.br/2015/05/comentarios-lei-131292015-


reforma-da.html

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