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LL.

M EM DIREITO:
ESTADO E REGULAÇÃO

SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE CONTROVÉRSIAS NO


SETOR PÚBLICO

SESSÃO III

PROCESSO ARBITRAL

FGV LAW PROGRAM


RIO DE JANEIRO, 2017
Todos os direitos reservados à Fundação Getulio Vargas.

Organizadores
Assistente de pesquisa: LOBATO, Cristina;
MAIA, Cristiana.
Professora: CARNEIRO, Cristiane; VERÇOSA,
Fabiane.

Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor


Público

Atualizada em: janeiro de 2017.

Verificação de plágio pelo sistema EPHORUS

Bibliografia, Editora FGV, Rio de Janeiro.

A presente apostila tem por intuito orientar o


estudo individual acerca do tema de que trata,
antecipando-se à aula que lhe é correspondente,
com a estrita finalidade de oferecer diretrizes
doutrinárias e indicações bibliográficas
relacionadas aos temas em análise. Nesse sentido,
este trabalho não corresponde necessariamente à
abordagem conferida pelo professor em sala de
aula, tampouco tenciona esgotar a temática sobre
a qual versa, prestando-se exclusivamente à
função de base para estudo preliminar e
referência de consulta.

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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
SUMÁRIO

ROTEIRO DE ESTUDO....................................................................................... 4
1 Jurisdição e arbitragem...................................................................................... 4
2 Convenção de arbitragem .................................................................................. 6
2.1 Cláusula cheia e cláusula vazia ....................................................................... 7
2.2 Termo de Arbitragem ...................................................................................... 8
3 Procedimento na Lei de Arbitragem ................................................................. 9
3.1 O Árbitro ........................................................................................................ 11
3.1.1 Impedimento e suspeição............................................................................ 13
3.2 Revelia ............................................................................................................. 14
3.3 Sentença arbitral ............................................................................................ 16
3.3.1 Homologação de sentença arbitral estrangeira ........................................ 17
4 Princípios do CPC e a arbitragem................................................................... 18
5 Regulamento de instituições arbitrais ............................................................. 20
QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO ................................................. 22
SUGESTÃO DE CASO GERADOR.................................................................. 22
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 23
Bibliográficas ........................................................................................................ 23
Utilizadas .............................................................................................................. 23
Eletrônicas ............................................................................................................ 24
Jurisprudenciais ................................................................................................... 24
Legislativas ........................................................................................................... 25

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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
ROTEIRO DE ESTUDO
1 Jurisdição e arbitragem
Fredie Didier Jr. conceitua jurisdição como a função atribuída a terceiro
imparcial de “realizar o Direito de modo imperativo e criativo,
reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas,
em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para tornar-se
indiscutível”.1
Considerando o conceito acima referido, o autor afirma:

A decisão arbitral fica imutável pela coisa julgada material. Poderá ser
invalidada a decisão, mas, ultrapassado o prazo nonagesimal, a coisa
julgada torna-se soberana. É por conta dessa circunstância que se pode
afirmar que a arbitragem, no Brasil, não é equivalente jurisdicional: é
propriamente jurisdição, exercida por particulares, com autorização do
Estado e como consequência do exercício do direito fundamental de
autorregramento (autonomia privada).2

Esclarece Cândido Dinamarco que:

O poder jurisdicional confinado ao árbitro não tem toda a dimensão


daquele exercido pelos juízes, pois só lhe permite exercer atividades
em processo de conhecimento ou eventualmente em um cautelar,
excluídos a execução e todos os atos de constrição pessoal ou
patrimonial; mas nem por isso deixa de ser poder.3

Em sentido contrário, porém, afirma Luiz Guilherme Marinoni ser a


arbitragem “manifestação da autonomia da vontade e a opção por árbitro implica
renúncia à jurisdição, tanto que essa escolha só pode ser feita por pessoas capazes
e para a tutela de direitos patrimoniais disponíveis”. 4
Daniel Mitidiero, defendendo essa mesma posição, conclui que “a
arbitragem não é jurisdição, pois a validade de suas decisões pode ser controlada
pelo Poder Judiciário (‘outra estrutura que não aquela que lhe deu origem’)”. 5

1
DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 15. ed. Salvador: Juspodivm, 2013.p.105.
2
Ibidem. p. 120-124
3
DINAMARCO, Cândido Rangel. A Arbitragem na Teoria Geral do Processo. São Paulo:
Malheiros, 2013. p.47.
4
MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. São Paulo: RT, 2006. p.147.
5
MITIDIERO, Daniel Francisco. Elementos para uma Teoria Contemporânea do Processo Civil
Brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. p. 88.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
Todavia, é majoritária a doutrina que reputa jurisdicional a arbitragem,
pautando-se na combinação dos seguintes dispositivos legais: art. 31 e art. 33,
§1º,6 da Lei de Arbitragem (Lei nº. 9.307/96).
Nesse sentido, é imperioso citar o julgamento de Conflito de Competência
nº 113.260/SP, no qual os Ministros ponderaram que apesar de não ser possível
negar o caráter jurisdicional da atividade das cortes arbitrais, trazer à apreciação
do STJ um conflito entre duas delas implicaria ampliar indevidamente o rol
constitucional de atribuições desse Tribunal.
Já no julgamento do Conflito de Competência nº 111.230/DF, foi
reconhecida a existência de conflito de competência entre uma câmara arbitral e
um órgão jurisdicional do Estado, conforme se verifica na ementa abaixo:

PROCESSO CIVIL. ARBITRAGEM. NATUREZA


JURISDICIONAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA FRENTE A
JUÍZO ESTATAL. POSSIBILIDADE. MEDIDA CAUTELAR DE
ARROLAMENTO. COMPETÊNCIA. JUÍZO ARBITRAL.
1. A atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem tem natureza
jurisdicional, sendo possível a existência de conflito de competência
entre juízo estatal e câmara arbitral.
2. O direito processual deve, na máxima medida possível, estar a
serviço do direito material, como um instrumento para a realização
daquele. Não se pode, assim, interpretar uma regra processual de
modo a gerar uma situação de impasse subtraindo da parte meios de se
insurgir contra uma situação que repute injusta.
3. A medida cautelar de arrolamento possui, entre os seus requisitos, a
demonstração do direito aos bens e dos fatos em que se funda o receio
de extravio ou de dissipação destes, os quais não demandam
cognição apenas sobre o risco de redução patrimonial do devedor,
mas também um juízo de valor ligado ao mérito da controvérsia
principal, circunstância que, aliada ao fortalecimento da
arbitragem que vem sendo levado a efeito desde a promulgação
da Lei nº 9.307/96, exige que se preserve a autoridade do árbitro
como juiz de fato e de direito, evitando-se, ainda, a prolação de
decisões conflitantes.
4. Conflito conhecido para declarar a competência do Tribunal
Arbitral.

6
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da
sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título
executivo.
Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação
da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.
§ 1º A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o procedimento comum,
previsto no Código de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo de até noventa dias após o
recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
Nesse mesmo sentido, a decisão monocrática no Conflito de Competência
nº 139.519 – RJ, de 09 de abril de 2015, por meio da qual foi concedida a liminar
pleiteada, atribuindo, provisoriamente, competência ao Tribunal Arbitral até o
julgamento definitivo do conflito de competência.7

2 Convenção de arbitragem
A convenção de arbitragem é negócio jurídico pactuado entre dois ou mais
sujeitos com o objetivo de reger por meio da arbitragem pretensões advindas de
litígio atuais ou futuros (art. 3º, da Lei nº. 9.307/968). Nesse sentido, constituem
espécies do gênero convenção de arbitragem o compromisso arbitral (litígio atual)
e a cláusula compromissória (litígio futuro).
O compromisso arbitral é o acordo de vontades mediante o qual as partes
submetem à arbitragem a controvérsia já existente (art. 9º, da Lei 9.307/19969 c/c
art. 851 do CC/200210).
A cláusula arbitral ou compromissória, por sua vez, é a convenção
inserida em um contrato, mediante a qual as partes comprometem-se a resolver
futuros litígios derivados desse negócio jurídico à arbitragem (art. 4º, da Lei
9.307/199611 c/c art. 853 do CC/200212).
Em decorrência da convenção de arbitragem, opera-se efeito da exclusão
da jurisdição estatal (efeito negativo) em benefício da arbitral para a atribuição da
causa aos árbitros (efeito positivo):

Operacionalmente, a convenção de arbitragem serve de fundamento


para a instauração da arbitragem, mas antes disso, em caso de
propositura da demanda perante o Poder Judiciário, ela constitui
fundamento para a negativa de sua própria jurisdição pelo juiz estatal.

7
Autos conclusos para decisão ao Ministro Relator Napoleão Nunes Maia Filho em 07 de
dezembro de 2015.
8
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral
mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso
arbitral.
9
Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à
arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.
10
Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas
que podem contratar.
11
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato
comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal
contrato.
12
Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergências
mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
O processo instaurado em juízo será extinto em caso de haver uma
convenção de arbitragem válida e eficaz desde que o réu, em
contestação, suscite uma preliminar de arbitragem e ela seja acolhida
pelo juiz (CPC, art. 267, inc. VII, c/c art. 301, inc. IX – infra, n. 27).13

Portanto, a convenção de arbitragem fundamenta tanto a instauração da


arbitragem, quanto a negativa da jurisdição pelo juiz estatal caso haja propositura
de demanda perante o Poder Judiciário.
Dentre as hipóteses previstas no rol do art. 1.015, do Novo Código de
Processo Civil, cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
versarem sobre rejeição da alegação de convenção de arbitragem (inc. III).

2.1 Cláusula cheia e cláusula vazia


A cláusula compromissória pode ser cheia ou vazia. A cláusula cheia é
aquela que contém regras suficientes para a instauração e desenvolvimento de
eventual arbitragem, seja em razão de detalhamento das normas que regerão o
litígio, seja pela remissão às regras de alguma instituição arbitral (art. 5º,14 da Lei
9.307/96). Portanto:
O compromisso será mera formalidade se a cláusula compromissória
for completa: nesse caso, por conta do disposto no art. 5º da Lei,
bastará acionar os mecanismos predeterminados pelas partes na
convenção de arbitragem para que se instaure o juízo arbitral, que se
considera instituído com a aceitação, pelo árbitro, do encargo,
independentemente de compromisso.15

A cláusula vazia é aquela que apresenta a vontade das partes de submeter


futuras controvérsias à arbitragem, mas não há acordo prévio sobre a forma de
instituí-la, não contendo ainda todos os elementos necessários para tanto, tais
como modo de escolha dos árbitros e o procedimento arbitral (art. 6º,16 da Lei
9.307/96).

13
DINAMARCO, Cândido Rangel. A arbitragem na teoria geral do processo. Ed. Malheiros, São
Paulo: 2013. p.74.
14
Art. 5º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum órgão arbitral
institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e processada de acordo com
tais regras, podendo, igualmente, as partes estabelecerem na própria cláusula, ou em outro
documento, a forma convencionada para a instituição da arbitragem.
15
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei 9.307/96. 2.ed. São
Paulo: Atlas, 2004. p. 35.
16
Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada
manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio
qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia,
hora e local certos, firmar o compromisso arbitral.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
Na hipótese da cláusula vazia, qualquer das partes terá o direito de exigir
que seja respeitada a obrigação de submeter controvérsia à arbitragem, sendo
necessário para tanto a celebração de um compromisso arbitral. Caso haja
resistência, poderá a parte interessada requerer a citação da outra para comparecer
em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial
para tal fim, nos moldes do art. 7º, da Lei de Arbitragem.

Já a cláusula cheia e o compromisso arbitral revestem-se de uma


eficácia positiva plena. Uma vez que tais convenções já contêm todos
os elementos necessários para o implemento e a tramitação da
arbitragem, o processo arbitral poderá ser diretamente instaurado e
desenvolvido de acordo com tais regras, ainda que uma das partes se
recuse a iniciá-lo ou dele participar (arts. 5º e 6º, da Lei 9.307/1996, a
contrario sensu).17

No que tange ao aspecto formal, a Lei de Arbitragem disciplina no art. 4º,


§ 1º, e art. 9º, § 1º, tão somente que a cláusula compromissória e o compromisso
arbitral devem ser estipulados por escrito.
Cumpre destacar, ainda, que em razão da autonomia da cláusula arbitral, a
nulidade do contrato no qual esteja inserida não implica necessariamente na sua
invalidação (art. 8º, da Lei nº 9.307/96).

2.2 Termo de Arbitragem


O Termo de Arbitragem, também conhecido como “Termo de Referência”
ou “Ata de Missão”, está previsto no artigo 19, § 1º da Lei nº 9.307/96.18 Trata-se
de um importante instrumento processual empregado na arbitragem. Ele é mais
utilizado quando a arbitragem é instaurada com base em cláusula compromissória,
sendo menos comum quando a arbitragem é instaurada mediante compromisso
arbitral. O Termo de Arbitragem permite às partes efetuar adaptações nos
regulamentos das Câmaras de Arbitragem, ajustando-as às suas necessidades e
especificidades do caso, desde que não violem as normas obrigatórias, como o
respeito ao princípio da igualdade de tratamento das partes e do contraditório.

17
TALAMINI, Eduardo. Arguição de Convenção Arbitral no Projeto de Novo Código de Processo
civil (Exceção de Arbitragem). In: Doutrinas Essenciais Arbitragem e Mediação, v. 2, set/2014,
p.145.
18
Art. 19. § 1º Instituída a arbitragem e entendendo o árbitro ou o tribunal arbitral que há
necessidade de explicitar questão disposta na convenção de arbitragem, será elaborado, juntamente
com as partes, adendo firmado por todos, que passará a fazer parte integrante da convenção de
arbitragem.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
Outra função do Termo de Arbitragem é delimitar a controvérsia,
estabilizando a demanda.
Ademais, no Termo de Arbitragem as partes têm a oportunidade de alterar
alguma disposição que consta da convenção de arbitragem que havia sido
pactuada entre as partes.
Assim, o Termo de Arbitragem é um importante instrumento processual
organizador da arbitragem que visa a fornecer às partes e aos árbitros as regras
que deverão ser seguidas para a solução da celeuma apresentada.
Portanto, apesar de ser a Convenção de Arbitragem o instrumento
originário da arbitragem, tem-se o Termo de Arbitragem como limitador da
controvérsia e definidor da missão dos árbitros diante da lide apresentada,
devendo os árbitros ater-se à sua missão, a fim de evitar a anulação da sentença
arbitral.

3 Procedimento na Lei de Arbitragem


O Capítulo IV da Lei de Arbitragem refere-se ao Procedimento Arbitral, o
qual é marcado pela flexibilidade e informalidade, sendo dividido em três fases:19

a) Antes da aceitação da proposta pelos árbitros, em uma fase


preliminar alguns atos preparatórios da arbitragem se realizam, mas
esta não se considera ainda instaurada e, portanto, não existe ainda
sequer uma relação obrigacional entre árbitros e partes (LA, art. 19).
Trata-se, em primeiro lugar, da comunicação feita por uma das partes
à outra, por via idônea, de “sua intenção de dar início à arbitragem”
(LA, art. 6º), ou do requerimento dirigido a uma instituição arbitral.
Em caso de resistência, uma outra providência a cargo do interessado
será o ingresso em juízo, do qual poderá obter uma sentença
substitutiva da vontade do recalcitrante, valendo por sua assinatura em
um compromisso arbitral (execução específica – LA, art. 7º, esp. § 6º).
Depois é que o caso chegará aos árbitros nomeados, seja pela via do
termo de arbitragem, seja da sentença emanada pelo juiz estatal.
b) Aceita a proposta pelos árbitros, a instauração da arbitragem (art.
19) tem o significado do início de uma fase pré-processual, durante a
qual ainda falta a propositura da demanda pelo autor (ou por ambos os
sujeitos conflitados, mediante pedidos contrapostos). Não existe ainda
qualquer relação processual com os árbitros. Ainda não existe um
processo pendente. Ainda não teve início o exercício da jurisdição.
Nessa fase os árbitros já se acham investidos de poderes, mas nada
têm a decidir ou realizar diretamente sobre a causa, que ainda não foi
proposta. Poderão determinar algumas diligências esclarecedoras,

19
O autor Pedro Antonio Batista Martins na obra “As três fases da arbitragem” utiliza as seguintes
expressões: fase pré-arbitral, arbitral e pós-arbitral.

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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
inclusive mediante a convocação das partes a melhor especificar
“alguma questão disposta na convenção de arbitragem” (art. 19, par.),
mas a demanda que rompe a inércia do juiz e vincula o futuro
julgamento aos seus três elementos constitutivos (partes, causa de
pedir e pedido) ainda é um fato futuro.
c) Depois disso, quando deduzida perante o árbitro ou árbitros a
demanda com todas as suas especificações, o que se faz mediante as
alegações iniciais, nesse momento haverá um processo ou uma
relação processual arbitral. Essa será a fase processual da arbitragem.
A partir daí o árbitro será efetivamente um judex e atuará como tal,
recebendo as alegações iniciais, mandando notificar o réu,
comandando todo o procedimento, instrução inclusive, e, no fim,
sentenciando e com sua sentença vinculando as partes. Estará então
investido de todos os poderes-deveres não constritivos que tem o juiz
togado no processo de conhecimento, especialmente os de instruir o
processo e julgar a causa. E as partes, como sujeitos dessa relação
processual, terão todas as faculdades, deveres e ônus inerentes ao
contraditório que têm em todo e qualquer processo.20

Estes atos, portanto, são ordenados lógica e cronologicamente, compondo


o procedimento conduzido pelos árbitros, com o objetivo de dirimir a controvérsia
e prolação da sentença arbitral. A lei brasileira não estabelece procedimento
específico para o desenvolvimento da arbitragem, deixando ao alvitre dos
interessados e árbitros ou do regulamento da instituição de arbitragem a eleição do
rito a ser seguido.
A Lei 13.129, de 26 de maio de 2015, promoveu relevantes alterações no
procedimento da arbitragem, inserindo, inclusive o Capítulo IV-A, sobre as tutelas
cautelares e de urgência, e o Capítulo IV-B, sobre a carta arbitral.
Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder
Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de urgência, cuja eficácia
cessará se a parte interessada não requerer a instituição da arbitragem no prazo de
trinta dias, contado da data de efetivação da respectiva decisão (art. 22-A).
Por outro lado, instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter,
modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder
Judiciário (art. 22-B).
A carta arbitral, ao seu turno, é um instrumento de cooperação entre o
Poder Judiciário e os árbitros, com vistas a conferir maior efetividade ao
procedimento arbitral. É a forma de comunicação do árbitro ou do tribunal arbitral
com o órgão jurisdicional nacional para que este pratique ou determine o

20
DINAMARCO, Cândido Rangel. A arbitragem na teoria geral do processo. Ed. Malheiros, São
Paulo: 2013. p.110-111.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
cumprimento de ato solicitado pelo árbitro (art. 22-C), conforme o previsto para
as cartas precatórias e as rogatórias (§ 3º, art. 260, NCPC21).
Ainda, nos termos do parágrafo único, do art. 22-C, “no cumprimento da
carta arbitral será observado o segredo de justiça, desde que comprovada a
confidencialidade estipulada na arbitragem”.
De mesmo modo, o inciso IV, do art. 189, do Novo Código de Processo
Civil, prevê que tramitarão em segredo de justiça os processos “que versem sobre
arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo”.
Outro importante dispositivo introduzido pela Lei nº 13.129/15 foi o § 2º
do art. 19, regrando que “a instituição da arbitragem interrompe a prescrição,
retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a
arbitragem por ausência de jurisdição”, conferindo maior segurança jurídica ao
instituto.

3.1 O Árbitro
Conforme disciplina o art. 18, da Lei nº 9.307/96, o “árbitro é juiz de fato e
de direito”, bem como é explicitamente equiparado a servidor público para efeitos
penais.22
Nas palavras de Selma Lemes “a flexibilidade é uma característica
indispensável a um bom árbitro. Ele deve ter a iniciativa, a habilidade e o objetivo

21
Art. 260. São requisitos das cartas de ordem, precatória e rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao
advogado;
III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
§ 1o O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer outras peças, bem como instruí-la com mapa,
desenho ou gráfico, sempre que esses documentos devam ser examinados, na diligência, pelas
partes, pelos peritos ou pelas testemunhas.
§ 2o Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será remetido em original,
ficando nos autos reprodução fotográfica.
§ 3o A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a que se refere o caput e será instruída
com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação da
função.
22
Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados
aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
de seguir uma linha, estabelecer o ritmo do procedimento. A flexibilidade do
procedimento e a diligência do árbitro caminham juntas.”23 Assim:

Nos limites da convenção, da autorização legal a exercer a jurisdição


(LA, art. 1º) e dos elementos da demanda posta sob a arbitragem, o
árbitro exerce no processo todos os poderes ordinariamente conferidos
a todo juiz, e que melhor qualificam como poderes-deveres, entre os
quais o de zelar (a) pela igualdade das partes, (b) pela inteireza na
aplicação do princípio do contraditório efetivo e equilibrado, (c) pela
celeridade, destinada a chegar tão cedo quanto possível à tutela
jurisdicional e (d) pela observância das regras inerentes ao devido
processo legal (CPC, art. 125) etc.24

Destarte, o árbitro ou o tribunal arbitral poderá colher o depoimento das


partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas
que julgar necessárias, mediante requerimento ou de ofício, nos termos do art. 22,
da Lei nº 9.307/96:
A interpretação desse dispositivo, com base na melhor doutrina, é no
sentido da consagração da inteira amplitude do poder jurisdicional do
árbitro competente para decidir a matéria que lhe foi submetida pelas
partes, lançando mão da instrução probatória que considere suficiente
para a formação de seu convencimento, bem como da concessão de
medidas cautelares ou coercitivas visando à preservação dos direitos
das partes envolvidas na arbitragem, haja vista ser o juiz de fato e de
direito da causa (art. 18 da Lei de Arbitragem), detendo, portanto, a
exclusividade na apreciação da lide, tanto que, se pleiteada a medida
perante órgão jurisdicional estatal, deve ser extinto esse processo sem
resolução de mérito (art. 267, VII, do CPC (LGL\1973\5)).25

O consagrado princípio da kompetenz-kompetenz assegura ao árbitro a sua


competência para decidir sobre a concreta existência da jurisdição arbitral diante
de controvérsia quanto à submissão de matéria à arbitragem, cabendo ao juiz
togado apreciar somente a razoabilidade da interpretação do árbitro.

23
LEMES, Selma M. Ferreira. O Papel do Árbitro. Disponível em:
http://ccbc.org.br/download/o_papel_do_arbitro_selma_lemes.pdf. Acesso em: 19 de dezembro de
2016.
24
DINAMARCO, Cândido Rangel. A Arbitragem na Teoria Geral do Processo. São Paulo:
Malheiros, 2013. p.49.
25
WALD, Aroldo. Conflito de competência entre o Poder Judiciário e o Tribunal Arbitral.
Cabimento. Competência constitucional (art. 105, I, D, Do CPC) e legal (art.115, I, do CPC) do
STJ para resolvê-lo. Decisão majoritária que consolida a jurisprudência na matéria. In: Revista de
Arbitragem e Mediação, ano 11, v.40, jan-mar, 2014, p. 372.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
3.1.1 Impedimento e suspeição
O art. 13 da Lei nº. 9.307/96 declara que “pode ser árbitro qualquer pessoa
capaz e que tenha a confiança das partes” e no dispositivo seguinte expõe que:

Art. 14. Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que


tenham, com as partes ou com o litígio que lhes for submetido,
algumas das relações que caracterizam os casos de impedimento ou
suspeição de juízes, aplicando-se-lhes, no que couber, os mesmos
deveres e responsabilidades, conforme previsto no Código de
Processo Civil.

Portanto, depois de instituída a arbitragem, a parte deverá arguir questões


relativas à competência, suspeição ou impedimento do árbitro ou dos árbitros na
primeira oportunidade que tiver de se manifestar.
Selma Lemes complementa que

[...] da relação jurídica entabulada entre as partes e os árbitros


decorrem direitos e deveres. Entre os deveres do árbitro, está o de
velar pela aplicação do devido processo legal, tal como estipulado no
art. 21, § 2° da LA. O árbitro tem o dever de ser e manter-se
independente e imparcial, antes e durante o procedimento arbitral,
reitere-se. Na eventualidade de surgir um impedimento ou caso de
suspeição, o árbitro deve declarar tal fato e renunciar ao seu mister,
sendo substituído por um suplente ou outro árbitro indicado. Neste
caso o novo árbitro deve decidir quanto às provas já produzidas (art.
22, § 5° da LA).26

O dever de revelar refere-se a fatos capazes de influenciar o julgamento


dos árbitros, ferindo a sua isenção, seja quanto à matéria tratada na arbitragem
seja quanto às partes envolvidas.
O Novo Código de Processo Civil prevê novas hipóteses de impedimento e
suspeição nos artigos 144 e 145,27 hipóteses que podem servir de baliza para o
procedimento arbitral.

26
LEMES, Selma M. Ferreira. O Papel do Árbitro. Disponível em:
http://ccbc.org.br/download/o_papel_do_arbitro_selma_lemes.pdf. Acesso em: 10 de janeiro de
2017.
27
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do
Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta
ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
_______________________________________________________________ 13
Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
3.2 Revelia
A revelia, de acordo com art. 344 do Novo Código de Processo Civil, resta
configurada quando o réu devidamente citado a contestar demanda contra si
ajuizada permanece inerte, reputando-se verdadeiros os fatos afirmados pelo
autor.
Na Lei de Arbitragem, todavia, afirma-se apenas que a “revelia da parte
não impedirá que seja proferida a sentença arbitral” (§ 3º, art. 22). Sendo assim,
entende-se que aquele que não oferecer defesa em relação à demanda não
suportará o efeito da revelia, qual seja: presunção relativa de veracidade das
alegações de fato, sendo indispensável a fase instrutória.
Nesse sentido, segue trecho de decisão prolatada em sede de agravo de
instrumento de decisão proferida nos autos de impugnação ao cumprimento de
sentença arbitral:

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no
processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou
decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo
que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o
advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade
judicante do juiz.
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a
membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente
ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o
processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios
para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou
de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas
razões.
§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.

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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
Em que pese o art. 22, § 3º, da Lei nº 9.307/96, fazer menção à revelia
da parte, os efeitos jurídicos dessa contumácia, no procedimento
arbitral, não são idênticos àqueles previstos na lei processual. Por isso,
caberia ao árbitro designar audiência para a produção de provas,
podendo se valer da contumácia dos agravantes para, em conjunto
com outros elementos de prova, afirmar o seu convencimento, mas
não como único fundamento da decisão arbitral.28

Esclarece Cândido Dinamarco que:


Nada há, portanto, de peculiar na arbitragem em relação ao sistema
processual comum, a não ser quanto à intensidade da participação
franqueada ao revel no processo arbitral, o qual, por seu informalismo,
é menos sujeito a preclusões e, portanto, mais aberto a
encaminhamentos e soluções mais aderentes às realidades do litígio.29

Carlos Alberto Carmona, por outro lado, propõe uma leitura diversa desse
dispositivo, defendendo que:
O legislador utilizou o conceito de revelia para apontar situação
diferente daquela vislumbrada no processo judicial: trata-se aqui de
identificar a hipótese de um dos contendentes simplesmente não
praticar ato algum durante o juízo arbitral (não comparece audiências,
não formula pedido, não apresenta defesa, não produz provas).30

No bojo da apelação cível nº 0066288-73.2010.8.19.0001, julgada pela 29ª


Vara Cível da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro em 27 de maio de
2014, sentença arbitral foi anulada em razão das tentativas de intimação para
audiência no juízo arbitral e de notificação de sentença arbitral terem sido
realizadas por meio de Aviso de Recebimento no endereço residencial da
representante legal da empresa, que foram recebidas por pessoas estranhas à
sociedade. Nesse caso, entendeu-se que não foi comprovada qualquer informação
no sentido de deliberação para que as intimações fossem encaminhadas à
representante legal da sociedade, e não à sua sede. Concluiu-se,
consequentemente, pela inaplicabilidade da Teoria da Aparência, pois os atos
foram realizados fora da sede da empresa, sob pena de cerceamento de defesa e de
afronta ao devido processo legal.

28
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Agravo de Instrumento
nº2014.012189-5. Relator: Luiz Zanelato. Jaraguá do Sul, julgado em 28 de maio de 2014.
29
DINAMARCO, Cândido Rangel. A Arbitragem na Teoria Geral do Processo. São Paulo:
Malheiros, 2013. p.155
30
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei 9.307/96. 2.ed. São
Paulo: Atlas, 2004, nota 8 ao art. 22, pp-332-333.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
3.3 Sentença arbitral
A sentença arbitral tem eficácia própria, equivalente à sentença de juiz
togado, conforme art. 31, Lei nº 9.307/96:

Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores,


os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder
Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.

A Lei de Arbitragem prevê que a sentença arbitral será proferida no prazo


estipulado pelas partes, mas caso nada tenha sido convencionado, o prazo legal
para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da
arbitragem ou da substituição do árbitro (art. 23).
O § 2º incluído pela Lei nº 13.129/15 admite que “as partes e os árbitros,
de comum acordo, poderão prorrogar o prazo para proferir a sentença final”.
Outra novidade é a inclusão do § 1º, preenchendo uma lacuna na Lei de
Arbitragem brasileira, incorporando posição já defendida na doutrina,31 segundo a
qual “os árbitros poderão proferir sentenças parciais”.
Há previsão legal também dos requisitos obrigatórios da sentença arbitral,
enumerados no art. 26:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio;


II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de
fato e de direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros
julgaram por equidade;
III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes
forem submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da
decisão, se for o caso; e
IV - a data e o lugar em que foi proferida.

A importância desses elementos mínimos é assegurar a higidez da sentença


arbitral, com vista a evitar que a sua nulidade seja declarada pelo Poder Judiciário
(Inc. III, art., 32, Lei de Arbitragem).
A demanda para a declaração de nulidade da sentença arbitral, parcial ou
final deverá ser proposta no prazo de até noventa dias após o recebimento da
notificação da respectiva decisão (§ 1º, do art. 33).

31
Ver: FICHTNER, José Antonio; MONTEIRO, André Luís. Sentença parcial de mérito na
arbitragem. In: Temas de arbitragem: primeira série. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
3.3.1 Homologação de sentença arbitral estrangeira
A sentença arbitral estrangeira, assim como a sentença judicial estrangeira,
para produzir seus efeitos no Brasil deve ser homologada pelo Superior Tribunal
de Justiça (art. 35, Lei de Arbitragem).
Nos termos do art. 34 da Lei nº 9.307/96 “a sentença arbitral estrangeira
será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade com os tratados
internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência,
estritamente de acordo com os termos desta Lei”. Esse artigo evidencia a
prevalência do direito internacional no reconhecimento da sentença arbitral
estrangeira, visto que há aplicação subsidiária da Lei de Arbitragem. Conclui-se,
conforme argumenta Pedro Batista Martins que “impera na arbitragem a doutrina
monista radical que advogada a efetiva e constante supremacia do direito
internacional”.32
Enquanto a homologação tem como objeto atribuir à decisão arbitral a
mesma eficácia de uma sentença proferida pelo Estado que examina o pedido, o
objeto da execução é o exercício de um direito concreto. Carlos Alberto Carmona
aponta que

[...] a primeira, então constituiria providência defensiva (faria valer na


ordem interna do Estado requerido a autoridade da coisa julgada que
emana da decisão, impedindo nova discussão sobre a matéria),
enquanto a segunda teria caráter coercitivo (permitindo à parte
utilização dos meios coercitivos necessários à satisfação do direito
reconhecido na decisão).33

Portanto, o reconhecimento de sentença estrangeira é condição para a sua


execução na ordem jurídica interna.
A Lei de Arbitragem brasileira adota o critério da territorialidade para a
identificação da nacionalidade da sentença. Nos termos do parágrafo único do art.
34: “considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida fora do
território nacional”. Por isso, o elemento geográfico é essencial para a
caracterização da sentença como nacional ou alienígena.

32
MARTINS, Pedro Batista. A recepção nacional às sentenças arbitrais prolatadas no exterior. In:
CARMONA, Carlos Alberto; LEMES, Selma; MARTINS, Pedro Batista. Aspectos fundamentais
da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 440.
33
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei 9.307/96. 2.ed. São
Paulo: Atlas, 2004. p. 349.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
José Antonio Fichtner e André Luís Monteiro ensinam que a prolação de
sentença arbitral estrangeira “confere um direito de natureza processual ao
interessado consistente na possibilidade de, demonstrado o interesse processual,
requerer o seu reconhecimento em outros sistemas jurídicos”.34
Em julgamento realizado em 24 maio de 2011 (REsp nº 1.231.554-RJ, Rel.
Min. Nancy Andrighi), a Terceira Turma do STJ corroborou o previsto no
supracitado artigo 34, parágrafo único da Lei de Arbitragem, ao reconhecer como
brasileira uma sentença prolatada no Brasil ao cabo de uma arbitragem
administrada pela Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio
Internacional (CCI), a qual é sediada em Paris. O STJ reformou a decisão da
Décima Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro,35 que
considerou que a referida sentença era estrangeira apenas pelo fato de a câmara
arbitral (no caso, a CCI) ter sede em Paris.
O Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça foi alterado em 2014,
pela Emenda Regimental nº 18, inserindo o Título VII-A, dos Processos Oriundos
de Estados Estrangeiros, disciplinando o tema.

4 Princípios do CPC e a arbitragem


Os princípios do Código de Processo Civil (CPC) norteiam a prestação da
tutela jurisdicional, tanto por meio das normas processuais, quanto como
ferramenta interpretativa para que seja alcançada a finalidade do ordenamento
processual civil.
Para Rinaldo Mouzalas “os princípios fundamentais são normas
principiológicas contextuais, aplicando-se a ordenamentos jurídicos específicos e
orientando a elaboração legislativa conforme os seus preceitos”36 e considera
como essenciais ao regramento do processo civil os seguintes: a) princípio do
devido processo legal; b) princípio do contraditório e o da ampla defesa; c)
princípio da isonomia; d) princípio da motivação das decisões judiciais; e)
princípio do juiz natural; f) publicidade dos atos processuais; g) princípio da

34
FICHTNER, José Antonio; MONTEIRO, André Luís. Aspectos processuais da ação de
homologação de sentença arbitral estrangeira no Brasil. In: Temas de arbitragem: primeira série.
Rio de Janeiro: Renovar, 2010. p. 249.
35
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Agravo de Instrumento nº 0062827-
33.2009.8.19.0000. Relator: Des. Antonio Iloizio B. Bastos. Julgado em 23 de fevereiro de 2010.
36
SILVA, Rinaldo Mouzalas de Souza e. Processo Civil. Salvador: Juspodivm, 2011. p. 30.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
inafastabilidade do controle judicial; h) princípio da celeridade processual e
duração razoável do processo; i) princípio do duplo grau de jurisdição; j) princípio
da boa-fé e lealdade processual.
Eduardo Arruda Alvim e André Ribeiro Dantas ao discorrerem sobre o
Direito Processual Arbitral afirmam que:

A tão propalada flexibilidade do processo arbitral realmente contribui


para que o mesmo possa ser melhor amoldado conforme as
circunstâncias do caso concreto o exijam, contribuindo para uma
rápida e melhor solução do litígio arbitral. Mas, a principiologia que
está por trás do Código de Processo Civil se aplica e deve iluminar o
atuar do árbitro [...]37

Nas palavras de Cândido Rangel Dinamarco:

A própria Lei de Arbitragem, ao proclamar que “serão respeitados no


procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das
partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento”
(art. 21, § 2º), está a explicitar a consciência que teve o legislador de
que o processo arbitral, sendo um processo, se sujeita aos ditames do
direito processual constitucional, no qual reside o comando supremo
do exercício da jurisdição e da realização de todo o processo,
jurisdicional ou não.38

Selma Lemes, sustentando esta mesma posição, afirma que os princípios


do Código de Processo Civil constituem uma

[...]parte simbólica de onde se originam os princípios que se aplicam a


todas as ordens de jurisdição, dos quais grande parte ressoa na
instância da arbitragem, tais como o princípio dispositivo, o princípio
do contraditório, liberdade de defesa, direito de ser ouvido,
conciliação etc.39

O princípio dispositivo refere-se ao poder das partes no desenvolvimento


do processo. Assim, na instrução da causa, o árbitro depende da iniciativa das
partes quanto às provas e às alegações que fundamentarão a sentença arbitral.

37
ALVIM, Eduardo Arruda; DANTAS, André Ribeiro. Direito Processual Arbitral: natureza
processual da relação jurídica arbitral e incidência do Direito Constitucional Processual. In:
Revista de Processo, v. 234/2014, ago, 2014, p. 370.
38
DINAMARCO, Cândido Rangel. A Arbitragem na Teoria Geral do Processo. São Paulo:
Malheiros, 2013. p.17.
39
LEMES, Selma M. Ferreira. Os princípios jurídicos da Lei de Arbitragem. In: CARMONA,
Carlos Alberto; LEMES, Selma; MARTINS, Pedro Batista. Aspectos Fundamentais da Lei de
Arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 89.
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
Para tanto, os sujeitos interessados têm direito de participar do processo,
tanto no aspecto formal, que é o processo devido em contraditório, mas também
na dimensão substancial do contraditório, em que é preciso que essa participação
formalmente garantida seja apta a poder influenciar a decisão, assegurando a
ampla defesa.
O princípio da igualdade processual ou isonomia evidencia o tratamento
igualitário que deve ser proporcionado às partes, para que tenham as mesmas
oportunidades de fazer valer as suas razões no âmbito da arbitragem.

5 Regulamento de instituições arbitrais


No que tange à questão da flexibilidade do processo arbitral em
comparação ao processo judicial, as regras aplicadas na arbitragem são, no caso
de arbitragens institucionais, o regulamento e quando nada estipulado, no caso de
arbitragens ad hoc, as regras fixadas pelos árbitros (art. 21, § 1°, da Lei nº
9.307/96). Todavia, o Código de Processo Civil será invocado sempre
supletivamente de acordo com a necessidade do caso.
As instituições arbitrais são organizações privadas responsáveis pela
administração do procedimento arbitral e através de seus regulamentos
disciplinam as regras aplicáveis à arbitragem, garantindo o cumprimento de um
processo de acordo com a ordem jurídica vigente.
De tal modo, dispõem de corpo de profissionais capacitados para o
desenvolvimento da função de árbitro. As partes poderão, contudo, em caso de
comum acordo, escolher outros árbitros cuja indicação fica condicionada à
apreciação da instituição, gestora que é de todo o procedimento.
É imperioso destacar a atualização legislativa nesse aspecto, tendo em
vista que atualmente, nos moldes do § 4º do art. 13, inserido pela Lei 13.129/15:

As partes, de comum acordo, poderão afastar a aplicação de


dispositivo do regulamento do órgão arbitral institucional ou entidade
especializada que limite a escolha do árbitro único, coárbitro ou
presidente do tribunal à respectiva lista de árbitros, autorizado o
controle da escolha pelos órgãos competentes da instituição, sendo
que, nos casos de impasse e arbitragem multiparte, deverá ser
observado o que dispuser o regulamento aplicável.

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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
A inserção desse dispositivo representa ampliação da autonomia privada
das partes, permitindo que no campo de suas escolhas seja assegurada a decisão
consensual sobre como conduzir a arbitragem.
A remuneração do árbitro – ou dos árbitros quando for constituído um
Tribunal Arbitral – é fruto de uma negociação entre estes e as partes, dispondo a
instituição de parâmetros remuneratórios a serem observados.
Após a edição da Lei de Arbitragem várias entidades administradoras de
procedimentos arbitrais iniciaram suas atividades no país, dentre estas a Câmara
FGV de Conciliação e Arbitragem, que em seu regulamento prevê o seguinte
procedimento arbitral:

Art. 43 – Assinado o termo de arbitragem, o tribunal concederá ao


requerente da arbitragem prazo não superior a 15 (quinze) dias para
apresentar razões, acompanhadas dos documentos que entender
necessários.
Parágrafo único – As razões e os documentos deverão ser
apresentados em tantas vias quantos forem os requeridos, os membros
do tribunal arbitral e uma via destinada à Câmara FGV.
Art. 44 – Recebidas às razões do requerente serão elas encaminhadas
aos requeridos, que terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar
resposta, à qual deverão anexar à documentação que entenderem
necessária.
Parágrafo 1º – Havendo mais de um requerido é facultada a
apresentação de resposta por todos eles dentro do prazo comum de 15
(quinze) dias.
Parágrafo 2º – Os requeridos apresentarão as razões da reconvenção,
quando houver, no prazo da resposta.
Parágrafo 3º – Apresentada as razões da reconvenção, o requerente
será notificado para respondê-la no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 45 – Em suas razões deverão as partes indicar as provas que
desejam produzir.
Art. 46 – Esgotado o prazo para a apresentação das razões pelas
partes, o tribunal arbitral, nos 20 (vinte) dias subsequentes, se
entender desnecessárias a produção de provas e a realização de
audiência, decidirá de plano a questão.
Art. 47 – Entendendo necessária a produção de provas, o tribunal
arbitral determinará o modo pelo qual devam ser produzidas e assinará
prazo de 10 (dez) dias para a sua produção.
Parágrafo único – Às partes é assegurado o direito de acompanhar a
produção das provas, inclusive inquirindo testemunhas e, em caso de
perícia, o de apresentar quesitos.
Art. 48 – Encerrada a fase probatória, o tribunal arbitral por meio de
ordem processual, fixará prazo para que as partes apresentem
alegações finais escritas, na ausência de previsão no termo de
arbitragem.

Conclui-se que as instituições arbitrais devem funcionar como gestoras do


procedimento, auxiliando as partes e seus advogados a compreenderem e atuarem
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
de acordo com as particularidades do procedimento arbitral, viabilizando a
celeridade e eficiência da prestação jurisdicional.

QUESTÕES DE AUTOMONITORAMENTO
1. Após ler a apostila, você é capaz de resumir o caso gerador, identificando as
partes envolvidas, os problemas atinentes e as possíveis soluções cabíveis?
2. É possível o STJ reconhecer a existência de conflito de competência entre uma
câmara arbitral e um órgão jurisdicional do Estado?
3. E o conflito de competência entre duas câmaras arbitrais?
4. O que é cláusula cheia e a cláusula vazia?
5. Os princípios do CPC são aplicáveis ao processo arbitral?
6. Pense e descreva, mentalmente, outras alternativas para a solução do caso
gerador.

SUGESTÃO DE CASO GERADOR


Em um contrato de empreitada firmado entre a Progresso S/A e um
consórcio de empresas para a construção de uma pequena Central Hidrelétrica no
Estado do Pará, havia cláusula compromissória elegendo a Câmara FGV de
Conciliação e Arbitragem para administrar eventual controvérsia.
Quando o barramento construído pelo Consórcio se rompeu e causou
significativos prejuízos, a Progresso S/A manifestou seu interesse em instaurar o
procedimento arbitral com o objetivo de apurar a extensão dos danos.
Após instaurada a arbitragem nesses termos, as partes apresentaram suas
alegações e documentos comprobatórios, quando então foi agendada a realização
de audiência.
Nessa oportunidade, os árbitros consideraram que a Progresso S/A deveria
dispor de mais tempo do que o ofertado ao consórcio de empresas para oralmente
provar o alegado, sob o argumento de ser necessário esclarecer aspectos do
documento apresentado pela Progresso S/A contendo perícia realizada por
engenheiro para a apuração da responsabilidade pelo rompimento do barramento e
aproveitada para basear a extensão do dano.
Todavia, o consórcio de empresas ponderou que seria fundamental a
realização de perícia contábil específica para o objeto da arbitragem, qual seja:
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Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
apurar os danos financeiros nos termos indicados em suas razões como prova
necessária a ser produzida. Alegaram que os valores não poderiam ser definidos
unilateralmente por meio de laudo cujo objetivo era diverso da demanda.
O pedido, todavia, foi negado pelo Tribunal Arbitral, sob o fundamento de
ser a perícia de engenharia suficiente para resolver a questão, optando por decidir
de plano a questão.
Em face do caso acima, pergunta-se:
1. A condução da audiência pelos árbitros violou algum princípio da Lei de
Arbitragem?
2. Quais princípios da Lei de Arbitragem podem ser aplicados à questão?
3. Diante da negativa do pedido de realização de perícia pelo Tribunal Arbitral, o
Poder Judiciário poderia ser instado a se manifestar?

REFERÊNCIAS
Bibliográficas
Utilizadas
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natureza processual da relação jurídica arbitral e incidência do Direito
Constitucional Processual. In: Revista de Processo, v. 234/2014, ago, 2014.
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9.307/96. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2004.
DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 15. ed. Salvador:
Juspodivm, 2013
DINAMARCO, Cândido Rangel. A Arbitragem na Teoria Geral do Processo. São
Paulo: Malheiros, 2013.
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ação de homologação de sentença arbitral estrangeira no Brasil. In: Temas de
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________. Sentença parcial de mérito na arbitragem. In: Temas de arbitragem:
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CARMONA, Carlos Alberto; LEMES, Selma; MARTINS, Pedro Batista.
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MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria Geral do Processo. São Paulo: RT, 2006.
MARTINS, Pedro Batista. A recepção nacional às sentenças arbitrais prolatadas
no exterior. In: MARTINS, Pedro Batista; LEMES, Selma; CARMONA, Carlos
Alberto. In: Aspectos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense,
1999.
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Processo Civil Brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
SILVA, Rinaldo Mouzalas de Souza e. Processo Civil. Salvador: Juspodivm,
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TALAMINI, Eduardo. Arguição de Convenção Arbitral no Projeto de Novo
Código de Processo civil (Exceção de Arbitragem). In: Doutrinas Essenciais
Arbitragem e Mediação, v. 2, set/2014.
WALD, Aroldo. Conflito de competência entre o Poder Judiciário e o Tribunal
Arbitral. Cabimento. Competência constitucional (art. 105, I, D, Do CPC) e legal
(art.115, I, do CPC) do STJ para resolvê-lo. Decisão majoritária que consolida a
jurisprudência na matéria. In: Revista de Arbitragem e Mediação, ano 11, v.40,
jan-mar, 2014.

Eletrônicas
LEMES, Selma M. Ferreira. O Papel do Árbitro. Disponível em:
http://ccbc.org.br/download/o_papel_do_arbitro_selma_lemes.pdf. Acessado em
20 de dezembro de 2016.

Jurisprudenciais
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Conflito de Competência nº 139.519/RJ.
Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Decisão Monocrática, julgado em
09 de abril de 2015. In: DJe: 13 de abril de 2015.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Conflito de Competência nº 111.230/DF.
Relator: Ministra Nancy Andrighi. Segunda Seção, 08 de maio de 2013. In: DJe
03 de abril de 2014.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Conflito de Competência nº 113.260/SP.
Relator: Ministra Nancy Andrighi. Segunda Seção, julgado em 08 de setembro de
2010. In: DJe 07 de abril de 2011.
_______________________________________________________________ 24
Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Apelação Cível nº
0066288-73.2010.8.19.0001. Relator: Cezar Augusto Rodrigues Costa. Julgado
em 27 de maio de 2014.
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Agravo de Instrumento
nº2014.012189-5. Relator: Luiz Zanelato. Jaraguá do Sul, julgado em 28 de maio
de 2014.

Legislativas
BRASIL. Lei nº 13.129, de 26 de maio, de 2015.
BRASIL. Lei n° 13.105, de 16 de março de 2015.
BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002.
BRASIL. Lei n° 9.307, de 23 de setembro de 1996.

_______________________________________________________________ 25
Soluções Alternativas de Controvérsias no Setor Público

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