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DIREITO

PROCESSUAL CIVIL

RECURSOS EM
ESPÉCIE

PROFESSORA ALEXIA BROTTO


SUMÁRIO
SENTENÇA e COISA JULGADA ............................................................... 5

I. SENTENÇA ............................................................................................................................. 6

1. CONCEITO ......................................................................................................................... 6

2. NATUREZA JURÍDICA ................................................................................................ 8

3. HÁ RELAÇÃO ENTRE SENTENÇA e MÉRITO DA CAUSA? ............... 9

4. CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................... 9

5. ESPÉCIES.......................................................................................................................... 14

6. CONTEÚDO DA SENTENÇA ................................................................................ 16

7. REQUISITOS DA SENTENÇA .............................................................................. 17

8. PUBLICAÇÃO, ALTERAÇÃO e RETRATAÇÃO .......................................... 17

II. COISA JULGADA .............................................................................................................. 19

1. CONCEITO ....................................................................................................................... 19

2. OBJETO ............................................................................................................................. 19

3. ESPÉCIES.......................................................................................................................... 21

4. CONTEÚDO DA COISA JULGADA ................................................................... 21

5. LIMITES DA COISA JULGADA............................................................................ 22

6. RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA ....................................................... 24

7. RESCISÃO DA COISA JULGADA .......................................................................25

SISTEMA RECURSAL BRASILEIRO ....................................................... 27

I. TEORIA GERAL DO SISTEMA RECURSAL ..................................................... 28


1. FORÇA DOS PRECEDENTES E TÉCNICAS DE UNIFORMIZAÇÃO
DA JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 28

2. PILARES DO SISTEMA RECURSAL ................................................................. 31

II. TEORIA GERAL DOS RECURSOS ............................................................................32

III. RECURSOS EM ESPÉCIE............................................................................................ 38

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ................................................................................... 38

QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO: .............................................................. 47

MODELO DE PEÇA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ............................ 50

APELAÇÃO ..................................................................................................................................53

QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO ................................................................ 61

MODELO DE PEÇA DE APELAÇÃO .......................................................................... 64

MODELO DE PEÇA DE CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE


APELAÇÃO ................................................................................................................................. 68

AGRAVO DE INSTRUMENTO ......................................................................................... 72

MODELO DE PEÇA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO .................................. 84

AGRAVO INTERNO ............................................................................................................... 88

QUESTÃO PARA FIXAÇÃO .............................................................................................. 92

MODELO DE PEÇA DO AGRAVO INTERNO ....................................................... 92

AGRAVO INTERNO ............................................................................................................... 93

RECURSO ORDINÁRIO ...................................................................................................... 94

MODELO DE PEÇA DE RECURSO ORDINÁRIO ............................................... 99

RECUROS ESPECIAL e EXTRAORDINÁRIO ....................................................... 102

QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO: ............................................................. 114

MODELO DE PEÇA DE RECURSO ESPECIAL e EXTRAORDINÁRIO ..116


AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL e EXTRAORDINÁRIO ....................... 120

QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO: ............................................................ 124

MODELO DE PEÇA DE AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL ou


RECURSO EXTRAORDINÁRIO ..................................................................................... 125

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA................................................................................... 133

MODELO DE PEÇA DE EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ...........................139


SENTENÇA e COISA
JULGADA

5
I. SENTENÇA

Para compreender a Tutela Recursal, importante registrar o conceito


de decisão judicial de 1º grau, 2º grau, das instâncias superiores, aptas
ou não à incidência recursal, bem como os efeitos dessa decisão
diante do não cabimento de recursos, tornando-a, portanto,
indiscutível e imutável.

Pois bem, vamos ao conceito de sentença?

1. CONCEITO

A SENTENÇA, no atual CPC, está delineada no art. 203, o qual


compreende a junção dos antigos critérios finalístico e do conteúdo,
anteriormente imputados à sentença, determinando que sentença é
o pronunciamento judicial de 1º grau no qual o juiz aplica o artigo 485
ou 487, encerrando a fase cognitiva ou o processo de execução.

SAIBA MAIS: Quando entrou em vigor o antigo CPC/73, determinava


a legislação que “sentença” era a decisão judicial de 1º grau que
colocava fim ao processo (critério finalístico). Isso porque com a
sentença transitada em julgado, eventual obrigação de pagar, fazer,
não fazer ou entrega de coisa a ser cumprida demandaria a abertura
de um novo processo, o processo de execução que além de cuidar da
execução desses títulos judiciais, também cuidava da execução dos
títulos extrajudiciais. Ou seja, falou em executar = abrir um processo
de execução. Assim, a sentença do processo de conhecimento
colocava realmente fim à relação jurídica processual.

6
Ocorre que, em 2005, por superveniência da Lei n. 11.232/2005, que
entrou em vigor em meados de 2006, o processo de conhecimento
assumiu uma dupla finalidade:

a) Somente conhecer o direito da parte (como já era essa a sua


função);
b) Conhecer o direito da parte e executar as suas próprias decisões.

Com isso, o conceito de sentença também passou por uma


transformação, uma vez que o trânsito em julgado da sentença não
desembocava, necessariamente, no fim do processo. Então o
legislador, alterou o antigo artigo 162 do CPC/73 fazendo constar que
sentença era o pronunciamento judicial no qual o juiz aplica o art. 265
(atual 485) ou o art. 267 (atual 487), adotando-se, portanto, o critério
do conteúdo.

No entanto, a problemática permaneceu. Isso porque nem sempre


quando o juiz aplica o art. 485 (não resolve o mérito) está proferindo,
necessariamente, uma sentença. Pense-se no exemplo de
litisconsórcio passivo no qual os réus alegam ilegitimidade e o juiz
acolhe a ilegitimidade de apenas 1 deles, excluindo-o do feito. Aplicou
o art. 485? Sim! Mas tal decisão é uma sentença? Não!

Assim, desde 2005 a doutrina entendia que o conceito de sentença


deveria ser interpretado tal qual definia o art. 162 do CPC/73, ou seja,
quando o juiz aplica o 265 (atual 485) ou o 267 (atual 487), acrescendo
que: “desde que coloque fim à fase de conhecimento”.

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E assim ficamos nesse sistema até que o CPC/15 resolveu
legislativamente o problema, dispondo no atual art. 203 que:
“Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais,
sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com
fundamento nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução”.

2. NATUREZA JURÍDICA

A SENTENÇA tem natureza jurídica de ato processual emanado pelo


juiz de 1º grau.

Logo, há diferença entre SENTENÇA, DECISÃO INTERLOCUTÓRIA,


DESPACHO, DECISÃO MONOCRÁTICA e ACÓRDÃO?

SIM! O art. 203 do CPC1 define as respectivas diferenças!

1 CPC, Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões


interlocutórias e despachos.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se
enquadre no § 1º.
§ 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de
ofício ou a requerimento da parte.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de
despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando
necessário.
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais.

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Por isso, CUIDADO: em primeiro grau de jurisdição o juiz manifesta-
se por meio de despacho, decisão interlocutória e sentença. Vale a
pena ler os parágrafos do art. 203 para compreender a diferença de
cada pronunciamento judicial.

Além disso, em segundo grau de jurisdição, a decisão emanada pelo


Colegiado NÃO é sentença ou sentença de 2º grau. A decisão
emanada pelos tribunais denomina-se ACÓRDÃO.

3. HÁ RELAÇÃO ENTRE SENTENÇA e MÉRITO DA CAUSA?

Será que sempre que estivermos falando de sentença, falaremos de


mérito?

OU

Toda vez que houver julgamento de mérito, necessariamente


estaremos diante de uma sentença?

Vamos pensar...

4. CARACTERÍSTICAS

A SENTENÇA possui algumas características essenciais, sem as quais,


o provimento se torna viciado, podendo ser anulado em alguns
casos. Veja:

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a) CONGRUÊNCIA ou ADSTRIÇÃO: Princípio da congruência ou
adstrição refere-se à necessidade do magistrado decidir a
lide dentro dos limites objetivados pelas partes, sendo
vedado conhecer questões não suscitadas pelas partes 2 e
não podendo proferir sentença diversa do pedido, ou seja,
sentença ultra ou extra petita3.

Você conhece essas sentenças?


Vamos lá!

◼ ULTRA PETITA: quando o juiz decide acima (a mais) do que o


pedido da parte. A sentença, nesse caso, é NULA de pleno
direito;
◼ EXTRA PETITA: quando o juiz decide diversamente (fora do
objeto do pedido da parte). A sentença, nesse caso, é NULA de
pleno direito, salvo nas hipóteses de obrigações de fazer, não
fazer e entrega de coisa, que são marcadas pela necessidade
de cumprimento do fazer, do entregar, ou seu resultado
prático equivalente. Logo, nessas hipóteses, o juiz poderá
decidir diversamente do pleito da parte, desde que
objetivando o cumprimento da obrigação.
◼ INFRA PETITA: muitos autores entendem que a sentença infra
petita confunde-se com a citra petita. Mas uma outra parcela
da doutrina confere a seguinte diferença: a sentença infra
petita NÃO é uma sentença eivada de vício, pois é aquela na
qual o juiz decide abaixo do pedido da parte. E, nesse sentido,
a decisão pode ir até o limite pleiteado pela parte, mas nada

2 CPC, Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
3 CPC, Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como

condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

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impede que o juiz entenda que a parte tem direito a menos ou
a uma menor parte.
◼ CITRA PETITA: para os que entendem pela distinção entre a
sentença infra petita e a citra petita, esta última é aquela
decisão omissa, na qual o juiz não se pronunciou acerca de um
ponto ou um pedido. Esta sentença, muito embora eivada de
vício, não será anulada automaticamente. Para reverter a
omissão, basta a parte oferecer o recurso denominado
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO que, dentre outras finalidades,
também se destina a suprir omissão de decisões judiciais.
◼ EXATA PETITA: uma parte da doutrina ainda traz essa última
modalidade de sentença, que não pressupõe qualquer vício. É
aquela na qual o juiz concede exatamente o pedido da parte.

IMPORTANTE: os pedidos implícitos (juros,


correção monetária, condenação em honorários
advocatícios e prestações periódicas) não estão
sujeitas à congruência, pois o juiz poderá
conceder tais pedidos ainda que não requeridos
pela parte. Igualmente, o Supremo Tribunal
Federal também admite o afastamento do
princípio da congruência quando declarar outra
norma inconstitucional.

b) CERTEZA: nos termos do art. 492, parágrafo único, do CPC4, a


decisão deve ser certa, colocando fim ao juízo de incerteza ou
insegurança jurídica.

4CPC, Art. 492. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica
condicional.

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OBS.: Decisão de DUPLO DISCURSO: um discurso para a
solução do caso, dirigido às partes, e um discurso para a
formação do precedente, dirigido para à coletividade (Daniel
Mitidiero)

c) PONDERAÇÃO e BOA-FÉ: a sentença deve atender ao


princípio da boa-fé5 e, toda vez que houver colisão de normas,
o juiz deverá aplicar o princípio da ponderação, justificando
suas razões6.

d) FUNDAMENTAÇÃO/MOTIVAÇÃO: o princípio da motivação


foi inserido no ordenamento jurídico pela EC 45/2004,
acrescendo-se o inciso IX no art. 93 da Constituição Federal.
No plano infraconstitucional, tal princípio vem estampado nos
arts. 11 7 e 489, parágrafo 1º 8 do CPC. Inclusive, este último
dispositivo funciona como um verdadeiro “alerta” para o
magistrado, informando as hipóteses nas quais sentença

5 CPC, Art. 489. § 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos
os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.
6 CPC, Art. 489. § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os

critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência


na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
7 CPC, Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e

fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.


8 CPC, Art. 489. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela

interlocutória, sentença ou acórdão, que:


I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua
incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar
a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento.

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NÃO se considera fundamentada, sendo, portanto, NULA, de
pleno direito. Veja as hipóteses (exemplificativas9):

◼ sentenças que apenas indicam o dispositivo de lei, sem


relacionar com a causa decidida;
◼ sentenças que empregam conceitos jurídicos
indeterminados; sem explicar o motivo da sua incidência;
◼ sentenças que invocam motivos “padrão” que
justificariam qualquer outra decisão;
◼ sentenças que não enfrentam todos os argumentos
capazes de infirmar a decisão do juiz;
◼ sentenças que invocam precedentes, sumulas, sem
justificar seus fundamentos e onde se encaixam com o
caso concreto;
◼ sentenças que deixam de seguir precedentes, sumulas,
sem explicar a razão de não aplica-los.

Sobre a MOTIVAÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO incide o PRINCÍPIO DA


INTEGRIDADE E COERÊNCIA:

Dworkin – o direito como uma integridade

Sistema integro, respeitando o histórico institucional, aquilo que já


vem sendo decidido. Sem engessar o Sistema, pode sim decidir de
forma diversa, mas desde que supere aqueles argumentos.

9ENUNCIADO 303 FPPC: “As hipóteses descritas nos incisos do §1º do art. 489 são
exemplificativas”.

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5. ESPÉCIES

As sentenças podem ser classificadas em 2 espécies: terminativas ou


definitivas. As primeiras NÃO resolvem o mérito, viabilizando a
repropositura da demanda em algumas hipóteses, haja vista
estarem abarcadas pela coisa julgada formal, tão somente. Já as
segundas são aquelas em que o juiz resolve o mérito, pondo fim, de
forma definitiva ao pleito da parte, apto a fazer coisa julgada material,
portanto.

a) TERMINATIVAS: quando o juiz NÃO resolve o mérito,


estão descritas no art. 485 do CPC:
◼ sentença que indefere a petição inicial;
◼ sentença em que o processo ficou parado por mais de 1
ano por negligencia das partes;
◼ sentença em que o autor abandonou a causa por mais
de 30 dias;
◼ sentença em que o processo não tem pressupostos de
constituição e desenvolvimento válido;
◼ sentença que reconhece perempção, litispendência ou
coisa julgada;
◼ sentença em que as partes não têm legitimidade ou
interesse processual;
◼ sentença que acolhe a convenção de arbitragem;
◼ sentença que homologa a desistência da ação;
◼ sentença quando há o falecimento da parte em ação
intransmissível;
◼ nos demais casos previstos em lei.

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MAS, o CPC/15 trouxe o princípio da PRIMAZIA DO JULGAMENTO DO
MÉRITO, estampado nos arts. 4 10, 139, inciso IX11 317 12, dentre outras
passagens, entendendo que SEMPRE que possível, o juiz deve
oportunizar a correção de eventuais vícios, a fim de que a sentença
seja sempre de mérito, pois é o julgamento de mérito que importa
para as partes e para a solução do litígio.

Por essa razão, o legislador determinou que no caso do processo ficar


parado por negligencia ou abandono, o juiz deverá intimar
pessoalmente a parte para suprir a falta em 5 dias.

OBS.1: As sentenças terminativas do art. 485 do CPC, por não


resolverem o mérito, operam a formação da coisa julgada formal,
apenas e, em tese, autorizam a repropositura da demanda, EXCETO
se não for sanado o vício e igualmente nos casos de perempção,
litispendência, coisa julgada, ação instransmissível e convenção de
arbitragem.

OBS.2: O juiz somente poderá conhecer de ofício os vícios descritos


nos incisos IV, V, VI e IX do art. 485 do CPC, ou seja, ausência de
pressupostos, perempção, litispendência, coisa julgada, ausência de
legitimidade ou interesse, e morte da parte em ação instransmissivel.
As demais hipóteses necessitam de provocação da parte.

b) DEFINITIVAS: quando o juiz resolve o mérito, estão


descritas no art. 487 do CPC:

10 CPC, Art. 4. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.
11 CPC, Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,

incumbindo-lhe: [...]. IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o


saneamento de outros vícios processuais;
12 CPC, Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder

à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.

15
◼ sentença em que o juiz dá procedência ou
improcedência dos pedidos do autor (ou do réu, na
reconvenção);
◼ sentença que reconhece a decadência ou prescrição;
◼ sentença que homologa: a) o reconhecimento da
procedência do pedido; b) a transação; c) a renúncia.

6. CONTEÚDO DA SENTENÇA

Toda sentença, seja em processo de conhecimento ou em processo


de execução terá uma determinada eficácia (ou conteúdo)
preponderante. Trata-se, igualmente, da classificação trinária (ou
terciária) de sentenças, desenvolvida por Pontes de Miranda, que,
posteriormente se transformou na classificação quinaria da
sentença. São elas:

a) Sentença Declaratória;
b) Sentença Constitutiva;
c) Sentença Condenatória;
d) Sentença Mandamental;
e) Sentença Executiva lato sensu.

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7. REQUISITOS DA SENTENÇA

Nos termos do art. 489 do CPC 13 , a sentença deve apresentar 3


requisitos:

a) RELATÓRIO (dispensado nas sentenças dos Juizados


Especiais14);
b) FUNDAMENTAÇÃO;
c) DISPOSITIVO.

8. PUBLICAÇÃO, ALTERAÇÃO e RETRATAÇÃO

A SENTENÇA pode ser proferida na própria audiência de instrução e


julgamento, ao final, ou após a audiência, dependendo das
circunstâncias do caso concreto. A sentença é publicada, seguindo-
se da intimação das partes. Nos termos do art. 494 do CPC15, após
publicada a sentença, o juiz somente poderá ALTERÁ-LA:

a) Para corrigir erros materiais (erros de grafia, erros de


cálculos, por exemplo), de ofício ou á requerimento das partes;

13 CPC, Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do
pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do
processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe
submeterem.
14 Lei 9.099/95, Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com

breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.


15 CPC, Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:

I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de


cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.

17
b) Mediante o oferecimento de Embargos de Declaração
pelas partes, para correção de eventual omissão, contradição,
obscuridade ou erro material.

MAS, há casos nos quais o juiz pode voltar atrás da própria decisão
proferida. Trata-se da RETRATAÇÃO ou JUÍZO DE RETRATAÇÃO que
ocorre em hipóteses específicas, a saber:

a) Quando há a sentença de indeferimento da petição


inicial (hipóteses do art. 330 do CPC 16 ) e o autor apelar da
sentença, pode o juiz ao receber a apelação, SE RETRATAR DA
SENTENÇA (art. 331 do CPC17);

b) Quando há a sentença de improcedência liminar do


pedido (art. 332 do CPC18) e o autor apelar da sentença, pode o
juiz ao receber a apelação, SE RETRATAR DA SENTENÇA (art. 332,
parágrafo 3º do CPC19);

16 CPC, Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 .
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido
genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
17 CPC, Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo

de 5 (cinco) dias, retratar-se.


18 CPC, Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da

citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:


I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção
de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo,
a ocorrência de decadência ou de prescrição.
19 CPC, Art. 332. [...]. § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

18
c) Quando há a sentença fundada no art. 485 do CPC, ou
seja, sem resolução do mérito e o autor apelar da sentença, pode
o juiz ao receber a apelação, SE RETRATAR DA SENTENÇA (art.
485, parágrafo 7º do CPC20).

Em qualquer das 3 hipóteses, o prazo para o juiz se retratar é de 5


dias! (Obs.: são 5 dias úteis, pois o prazo é processual, nos termos do
art. 219 do CPC21)

II. COISA JULGADA

Vamos conversar sobre a coisa julgada e seus efeitos?

1. CONCEITO

Nos termos do art. 502 do CPC22, a coisa julgada é o efeito da decisão


que a torna INDISCUTÍVEL e IMUTÁVEL.

2. OBJETO

20 CPC, Art. 485. [...]. § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os
incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
21 CPC, Art. 219. Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz,

computar-se-ão somente os dias úteis.


Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
22 CPC, Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e

indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.

19
O objetivo da formação da coisa julgada é proteger a segurança
jurídica, a fim de que em algum momento do processo (quando
ocorrer o trânsito em julgado) a decisão não possa mais ser revista
ou modificada.

Aliás, você sabe quando ocorre o trânsito em julgado da decisão?

SE VOCÊ respondeu, automaticamente, que o trânsito em julgado


ocorre quando NÃO CABE MAIS RECURSO NO PROCESSO, vamos
ampliar esse conceito!

Ocorre o trânsito em julgado da decisão:

a) Quando não cabe mais recurso da decisão;

OU

b) Cabendo recurso, a parte NÃO interpõe;

OU

c) Cabendo recurso, a parte PERDE O PRAZO para interpor.

Assim, o objetivo da coisa julgada é assentado em 2 pilares: a)


estabilidade das decisões judiciais; b) previsibilidade das decisões.

É a dimensão objetiva do princípio da segurança jurídica.

20
3. ESPÉCIES

Há 2 espécies de coisa julgada: a coisa julgada formal e a coisa


julgada material.

◼ COISA JULGADA FORMAL: refere-se apenas ao processo em si


(CONCEITO DOUTRINÁRIO – efeitos somente no processo). É o
efeito que ocorre nas sentenças terminativas (que não
resolvem o mérito).
◼ COISA JULGADA MATERIAL: refere-se a imutabilidade dentro
e fora do processo (CONCEITO LEGAL – efeitos no direito
material (Não são os efeitos que se tornam imutáveis, mas a
norma jurídica concreta). É o efeito que ocorre nas sentenças
definitivas (as que resolvem o mérito).

A coisa julgada material, no entanto, tem determinados


pressupostos:

a) deve ser decisão jurisdictional;


b) o provimento deve versar sobre o mérito da causa;
c) o mérito deve ter sido analisado em cognição exauriente; e
d) deve ter acontecido a coisa julgada formal.

4. CONTEÚDO DA COISA JULGADA

O que faz coisa julgada e o que não faz coisa julgada? O que está
abarcado pela coisa julgada?

21
Nos termos do art. 504 do CPC23, NÂO fazem coisa julgada:

a) Os motivos;
b) A verdade dos fatos.

5. LIMITES DA COISA JULGADA

LIMITE OBJETIVO: como regra, o limite objetivo da coisa julgada é a


questão principal.

Exemplo: QUESTÃO PRINCIPAL: lide principal (ex. Cobrança de


contrato)

QUESTÃO INCIDENTAL: acessório (ex. cobrança contrato. O réu diz


que não pagou porque o contrato é inválido: prejudicial)

Mas há exceções ao limite objetivo da coisa julgada, ou seja, situações


nas quais a questão prejudicial também será acobertada pela coisa
julgada SALVO SE tiver restrições probatórias ou limitações
cognitivas, independente de provocação específica24. Veja artigo 503
do CPC25:

23 CPC, Art. 504. Não fazem coisa julgada:


I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da
sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
24 ENUNCIADO 165 FPPC: “A análise de questão prejudicial incidental, desde que preencha

os pressupostos dos parágrafos do art. 503, está sujeita à coisa julgada, independentemente
de provocação específica para o seu reconhecimento”.
25 CPC, Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos

limites da questão principal expressamente decidida.


§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e
incidentemente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

22
a) Quando da resolução da questão incidental depender o
julgamento do mérito;
b) Se houver contraditório prévio e efetivo;
c) Se o juízo tiver competência para resolver a prejudicial
como questão incidental.

LIMITE SUBJETIVO: como regra, a sentença faz coisa julgada ENTRE


AS PARTES, não prejudicando terceiros, nos termos do art. 506 do
CPC26.

Mas também há exceções ao limite subjetivo da coisa julgada:

a) EFEITO ULTRA PARTES: quando a coisa julgada atinge


terceiros determinados (ex. substituição processual, como no
caso do MP substituindo menor em ação de guarda/alimentos),
ou quando a coisa julgada beneficia terceiros (No CPC/73 a coisa
julgada não poderia prejudicar nem beneficiar terceiros. No
CPC/15 não pode prejudicar. Ex. A empresta $ para B e C.
Inadimplentes, A ajuiza ação contra B, apenas, e o juiz julga
improcedente, em razão da nulidade do contrato.
Posteriormente A ingressa em juízo contra C. “C” pode alegar
coisa julgada);

b) EFEITO ERGA OMNES: ações coletivas, controle de


constitucionalidade.

II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de
revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão
principal.
26 CPC, Art. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando

terceiros.

23
LIMITE TEMPORAL: nos termos do art. 505 do CPC, nenhum juiz
decidirá questões já decididas relativas à mesma lide, SALVO se:

a) Relação jurídica de trato continuado teve alteração;


b) Demais casos previstos em lei.

6. RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA

Há tendência de se relativizar a coisa julgada, afirmando-se que a


segurança jurídica (e consequentemente a coisa julgada) poderia
ceder frente a outros direitos fundamentais.

Ex. Sentença de improcedência da ação de paternidade sem que se


tenha feito prova pericial, não impede a apresentação do mesmo
pedido com base em outra prova

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA prevalece sobre a SEGURANÇA


JURÍDICA?

Vamos pensar…

Do ponto de vista doutrinário, a sentença relativizada é: inexistente


(Teresa Arruda Alvim); inválida (Humberto Theodoro Jr.), ineficaz
(Dinamarco).

24
7. RESCISÃO DA COISA JULGADA

Rescindir a coisa julgada é “apagar” os efeitos da imutabilidade e


indiscutibilidade, proferindo-se nova decisão.

Mas isso não fere a segurança jurídica?

Qualquer sentença pode ser rescindida?

Como fica a estabilidade do sistema processual?

Calma, vamos conhecer esse instituto chamado AÇÃO RESCISÓRIA

a) CONCEITO: a ação rescisória NÃO é recurso! É uma ação


autônoma de impugnação
b) NATUREZA: constitutiva (desconstitutiva) + pedido de
rejulgamento (pedido de natureza da causa originária)
c) EFICÁCIA: ex tunc (retroage)
d) ATINGE DECISÕES DE MÉRITO (como regra), inclusive
podendo representar apenas algum CAPÍTULO DA SENTENÇA
(art. 966, par. 3 do CPC)
e) COMPETÊNCIA: 2. Grau de jurisdição
f) HIPÓTESES:

Nos termos do art. 966 do CPC27, a decisão de mérito transitada em


julgado pode ser rescindida quando:

27 CPC, Art. 966. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida
quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda,
de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;

25
◼ se verificar que foi proferida por força de prevaricação,
concussão ou corrupção do juiz;
◼ for proferida por juiz impedido (NÃO CABE JUIZ SUSPEITO) ou
por juízo absolutamente incompetente;
◼ resultar de dolo (DOLO PROCESSUAL) ou coação da parte
vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de
simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
◼ ofender a coisa julgada;
◼ violar manifestamente norma jurídica (NORMA GERAL, NÃO
NORMA INDIVIDUAL);
◼ for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em
processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação
rescisória;
◼ obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova
nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso,
capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
◼ for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
◼ for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em
processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação
rescisória;
◼ obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova
nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso,
capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
◼ for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

V - violar manifestamente norma jurídica;


VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha
a ser demonstrada na própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência
ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento
favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

26
SISTEMA RECURSAL
BRASILEIRO

27
I. TEORIA GERAL DO SISTEMA RECURSAL

1. FORÇA DOS PRECEDENTES E TÉCNICAS DE


UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA

Antes mesmo de identificar quais são os recursos do nosso Código


de Processo Civil de 2015, é importante, rapidamente, identificarmos
importantes questões sobre nosso sistema recursal.

E permeando esse sistema recursal, encontramos como objetivos do


Código de Processo Civil, descrito, inclusive na exposição de motivos,
a ideia de uniformização da jurisprudência, força dos precedentes e
da jurisprudência consolidada (IRDR – Incidente de Resolução de
Demandas Repetitivas e IAC – Incidente de Assunção de
Competência), devendo os precedentes (vinculantes ou não)
conferirem estabilidade, uniformidade e imposição (aos vinculantes),
bem como, a modulação dos efeitos da decisão m alguns casos 28,
minimizando a jurisprudência defensiva e lotérica, própria do antigo
código.

QUAIS SÃO AS FORMAS OU TÉCNICAS DE SE UNIFORMIZAR A


JURISPRUDENCIA?

28Sobre a modulação dos efeitos dos precedentes e das decisões dos tribunais, leitura
obrigatória: ALVIM, Teresa Arruda. Modulação na alteração da jurisprudência firme ou de
precedentes vinculantes. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.

28
1. SÚMULAS VINCULANTES: interpretação pacífica, majoritária
sobre um tema. Editadas pelo Supremo Tribunal Federal – STF

EXEMPLO: Súmula n. 11 – algemas

Súmula n. 22 – justiça do trabalho - danos morais/matérias


decorrentes de acidente de trabalho

Súmula n. 25 – falta de estabelecimento prisional adequado não


autoriza a manutenção no regime mais gravoso

2. RECURSOS REPETITIVOS: grupo de recursos especiais ou


extraordinários que possuem teses (questões de direito) idênticas.
Regulados pelo art. 1.036 e seguintes do CPC, gera decisão de
afetação.

3. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS –


IRDR: regulamentado pelo art. 976 e seguintes do CPC, refere-se à
multiplicidade de ações sobre a mesma questão de direito em
determinado estado ou região. O ENUNCIADO n. 87 do FPPC
determina que não é a grande quantidade de processos, mas o risco
de quebrar a isonomia e a segurança jurídica. Pode ser requerido
pelo juiz, pelas partes, pelo MP, e seu julgamento – feito pelo Tribunal
de 2º grau (estadual ou federal, conforme definição no Regimento
Interno) – deve ocorrer no prazo de ate 1 ano após a suspensão dos
demais processos.

EXEMPLOS: cobrança indevida de telefonia, concessão de vale


transporte, aumento do COFINS, plus salarial para

29
motorista/cobrador, possibilidade de PSS exercer as mesmas
funções que concursado.

4. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA – IAC:


regulamentado pelo art. 947 e seguintes do CPC, refere-se à
relevante questão de direito de grande repercussão social,
geralmente com audiências públicas, amicus curiae etc., sem
repetição em múltiplos processos. Pode ser manejado pelo relator,
pelas partes ou MP, reunindo-se 1 ou mais turmas do tribunal para
julgamento.

Em 2016, o STJ publicou Emenda Regimental n. 24/2016 que


identificou o IAC como “precedentes qualificados” (art. 121-A do
Regimento Interno) – dever de estrita observância.

Assim, é de suma importância que você esteja atento à


jurisprudência dominante dos tribunais e eventuais alterações.

Pensando nisso, você, advogado, ao redigir suas petições, não


exclusivamente recursos, mas toda peça processual, deve se atentar
à existência não só da legislação sobre o caso, mas também de
súmulas, vinculantes ou não, Incidentes e entendimentos dos
tribunais superiores.

Para tanto, imprescindível passar pelos sites do STJ (www.stj.jus.br) e


STF (www.stf.jus.br) e buscar essa análise jurisprudencial.

No site do STJ, você pode buscar por “Jurisprudência em teses”,


“revista de súmulas”, “pesquisa de temas repetitivos e IAC”.

30
No site do STF, você pode buscar por “Temas de repercussão geral”,
“Súmulas vinculantes”, “Súmulas do STF”.

DE OLHO NA DICA: Uma boa maneira de ficar


bem informado sobre o que acontece nos
Tribunais Superiores é assinar a newsletter para
receber informações diárias em seu e-mail e
acessar os Informativos de cada órgão superior.

2. PILARES DO SISTEMA RECURSAL

O sistema recursal está ancorado em 3 pilares:

a) RECURSOS: todos os 9 recursos previstos no art. 994 do CPC;


b) AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO: ação rescisória (art.
996 do CPC); Ação de revisão, reforma ou invalidação dos
efeitos da estabilização da tutela antecipada antecedente
(art. 334 do CPC); Mandado de Segurança (Lei n.
12.016/2009); Querella Nulitatis; Reclamação.

CUIDADO!!! A RECLAMAÇÃO, prevista no art. 988 do CPC, não é


recurso! É ação autônoma de impugnação destinada a preservar a
competência do tribunal e garantir a autoridade das decisões do
tribunal, bem como a observância de súmulas vinculantes, IRDR
(Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas) e IAC (Incidente
de Assunção de Competência).

31
Por exemplo, um juiz de primeiro grau que realiza o exame de
admissibilidade de uma apelação está usurpando a competência do
tribunal de 2º grau. Logo, caberá RECLAMAÇÃO ao Tribunal
apontando tal irregularidade praticada pelo juízo de 1º. grau.

c) SUCEDÂNEOS RECURSAIS: juízo de retratação (arts. 331, 332,


485, parágrafo 7º do CPC) e remessa necessária (art. 496 do
CPC)

II. TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1. CONCEITO: remédio voluntário idôneo a ensejar, no mesmo


processo, a REFORMA, a INVALIDAÇÃO, o ESCLARECIMENTO ou a
INTEGRAÇÃO da decisão judicial (Barbosa Moreira)

2. NATUREZA JURÍDICA: extensão do próprio direito subjetivo de


ação

3. OBJETIVOS

◼ Reforma
◼ Invalidação
◼ Esclarecimento / Integração

4. CLASSIFICAÇÃO

◼ Quanto à extensão: TOTAL ou PARCIAL


◼ Quanto ao momento: PRINCIPAL/INDEPENDENTE ou
ADESIVO (art. 997, parágrafo 2º, 3º, CPC)
◼ Quanto à fundamentação: LIVRE ou VINCULADA

32
◼ Quanto ao objeto tutelado: ORDINÁRIOS ou
EXTRAORDINÁRIOS
◼ Quanto aos efeitos: SUSPENSIVOS ou NÃO SUSPENSIVOS
◼ Quanto aos vícios: ERROR IN JUDICANDO ou ERROR IN
PROCEDENDO

5. PRINCÍPIOS RECURSAIS

◼ Acesso à justiça (art. 5, XXXV, CF e art. 3º, CPC)


◼ Duplo Grau de Jurisdição (art. 5, LV, CF)
◼ Legalidade ou taxatividade (art. 994, CPC)
◼ Unicidade ou singularidade
◼ Dialeticidade
◼ Complementariedade ou Consumação
◼ Fungibilidade ou (efetividade)
◼ Voluntariedade
◼ Proibição da “reformatio in pejus”

6. EFEITOS DOS RECURSOS

◼ Devolutivo
◼ Suspensivo
◼ Impeditivo
◼ Interruptivo
◼ Substitutivo
◼ Translativo
◼ Regressivo/Retratação

7. EXAME DE ADMISSIBILIDADE e EXAME DE MÉRITO

Todos os recursos passam por DUAS ETAPAS:

33
a) EXAME DE ADMISSIBILIDADE: refere-se à análise de
aspectos processuais dos recursos (requisitos intrínsecos e
extrínsecos). São eles: cabimento; legitimidade (só pode interpor
recurso, além do MP nas hipóteses do art. 178 do CPC e do
terceiro prejudicado, a parte, desde que sucumbente – total ou
parcialmente); interesse recursal; tempestividade; preparo
(exceto para aqueles recursos que dispensam preparo como é o
caso dos Embargos de Declaração, Agravo Interno e Agravo no
Recurso Especial e Extraordinário); regularidade formal;
inexistência de fato impeditivo ao recurso.

OBS.1: Há recursos que além desses requisitos de admissibilidade


demandam outros requisitos específicos como é o caso do Recurso
Especial no qual se deve comprovar o requisito do
prequestionamento e o Recurso Extraordinário no qual se deve
comprovar o prequestionamento e a repercussão geral.

OBS.2: A respeito do preparo, importante analisar que os recursos,


exceto Embargos de Declaração, Agravo Interno e Agravo no
Recurso Especial e Extraordinário precisam de preparo e, se forem
interpostos na modalidade física dependem, igualmente, de porte
de remessa e de retorno. No entanto, a INSUFICIÊNCIA ou AUSÊNCIA
do preparo não apontam a deserção do recurso automaticamente.
Deve o relator intimar a parte para complementar o preparo, no caso
de insuficiência ou efetuar o pagamento em dobro, no caso de
ausência do preparo. É a expressão do princípio da primazia do
mérito29, descrito nos arts. 4º, 6º, 76, 139, inciso IX, 317, 932 do CPC.

29“O art. 4º diz que as partes têm direito à “solução integral de mérito”. O inc. IX do art. 139,
por sua vez, diz que incumbe ao juiz “determinar o suprimento de pressupostos processuais
e o saneamento de outros vícios processuais”. O art. 352, ao seu turno, estabelece que
cabe ao juiz determinar a correção de “irregularidades ou de vícios sanáveis”. O art. 317,

34
OBS.3: A respeito da tempestividade, importante ressaltar que o
CPC/15 unificou os PRAZOS RECURSAIS PARA 15 DIAS ÚTEIS – prazos
processuais e por essa razão contados em dias úteis – exceto em
relação aos Embargos de Declaração que possuem o prazo de 5 dias
úteis. Ou seja, conta-se o prazo excluindo sábados, domingos e
feriados.

Mas como fica a comprovação dos feriados?

Bom, os feriados nacionais, regulamentados por lei nacional não


necessitam de comprovação. Já os feriados locais, por força do art.
1.003, parágrafo 6º do CPC devem sem comprovados no ato da
interposição do recurso (diferentemente do CPC/73 que viabilizava a
comprovação quando da interposição do Agravo sobre o Recurso
Especial ou Extraordinário).

E, informação importante: o feriado correspondente ao Carnaval


NÃO é considerado feriado nacional por ser regulamentado por leis
locais. E, portanto, deve ser comprovado!

em especial, pronuncia que “antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz
deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício”. O art. 488, ainda
mais amplo, diz que “desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão
for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485”.
A norma que se extrai do texto legal é a de que, mesmo que não seja possível a sol ução
do vício, desde que este diga respeito apenas ao interesse das partes, deve o juiz, ao invés
de proferir sentença sem resolução de mérito, emitir pronunciamento com fundamento no
art. 487. É condição para atuação com fundamento no art. 488 que a decisão de mérito seja
favorável àquele a quem aproveitaria eventual pronunciamento judicial com fundamento no
art. 485. Pois bem, esses – e tantos outros dispositivos – do CPC/2015 demonstram a clara
opção legislativa de, em regra, assegurar às partes o julgamento do mérito do processo. A
decisão sem julgamento do mérito é hipótese residual e somente pode ser proferida quando:
(a) o vício realmente for insuperável e disser respeito ao interesse da jurisdição; ou, (b) a
parte não sanar o vício e não for possível decidir o mérito a seu favor (CAMARGO, Luiz
Henrique Volpe. Dos elementos e dos efeitos da sentença. In: SCARPINELLA BUENO,
Cassio. (Org.). Comentários ao Código de Processo Civil Parte Especial. São Paulo:
Saraiva, 2017, v. 2, p. 401-402)

35
IMPORTANTE: Os requisitos intrínsecos ou extrínsecos do
exame de admissibilidade quando puderem ser sanados,
por força dos arts. 4º, 6º, 76, 139, inciso IX, 317 e 932
parágrafo único, devem ser sanados. Antes do juiz
extinguir o processo sem resolução do mérito ou não
conhecer do recurso por ser deserto deve conceder
à parte a oportunidade para regularizar o vício. O
processo deve se tornar um ambiente onde possa
ser proferida uma decisão de mérito sem ser viciada.
É o princípio da primazia do mérito.

Esse exame de admissibilidade, como regra é


realizado pelo juízo ad quem, ou seja, o órgão responsável pelo
julgamento. Assim, em uma apelação, por exemplo, muito embora
seja interposta perante o juízo a quo (juízo que proferiu a decisão da
qual se recorre), este juízo apenas deverá exercer o juízo de
retratação (se for o caso), intimar a parte contrária para oferecer
contrarrazões e encaminhar ao 2º grau. O Tribunal deverá realizar o
exame de admissibilidade e, se o recurso for conhecido, realizar em
seguida o exame de mérito.

Ocorre que, quando o CPC/15 ainda estava em período de vacatio


legis, entrou em vigor a Lei n. 13.256/2016 que alterou o sistema de
admissibilidade. Manteve o regime de exame de admissibilidade e
de mérito para o juízo ad quem, exceto em relação aos Recursos
Especial e Extraordinário, cujo exame de admissibilidade permanece
duplo: um primeiro exame de admissibilidade no juízo a quo e, após
subir aos tribunais superiores (juízo ad quem), um segundo exame
de admissibilidade – hoje exercido por meio da Inteligência Artificial,

36
o programa Sócrates 2.0 no STJ e o robô Victor no STF30 –, seguido do
exame de mérito.

b) EXAME DE MÉRITO: refere-se ao julgamento


propriamente dito do recurso (geralmente por meio de decisão
colegiada, salvo, por exemplo, a hipótese de Embargos de
Declaração que são julgados pelo próprio juiz prolator da
decisão). Como regra, o relator elabora o voto e inclui o recurso
na pauta de julgamento. Os outros desembargadores votam
favoráveis ou contrários ao relator, produzindo o resultado do
julgamento. Claro que cada recurso possui sua particularidade –
há recursos que admitem sustentação oral, recursos à exemplo
da Apelação que podem acarretar a ampliação do julgamento31,
recursos nos quais um dos julgadores pede vista e desloca o
julgamento para a próxima sessão etc., mas genericamente
falando, é isso que ocorre.

Então, a partir de agora vamos conhecer cada um dos 9 recursos


previstos no art. 994 do CPC!

30 O Tribunal de Justiça do Paraná foi convidado em 02 de dezembro de 2019 pelo Exmo. Sr.
Ministro Dias Toffoli, Presidente do Supremo Tribunal Federal - STF, a participar como um
dos Tribunais parceiros no desenvolvimento do MJE – Módulo de Jurisdição Extraordinário.
Referido projeto é a primeira contratação do STF voltada para o incentivo à inovação
tecnológica no serviço público e é voltado para a interposição, tramitação e monitoramento
de todos os recursos extraordinários e especiais do país. Embora a contratação esteja sob a
responsabilidade do STF, o desenvolvimento será feito em parceria com o Superior Tribunal
de Justiça (STJ), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Tribunais de Justiça considerados
“parceiros” para seu desenvolvimento e integração a âmbito nacional (Fonte: STJ).
31 CPC, Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá

prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão
convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente
para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a
eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.

37
III. RECURSOS EM ESPÉCIE

No atual Código de Processo Civil há previsão de 9 espécies recursais:


Embargos de Declaração, Apelação, Agravo de Instrumento, Agravo
Interno, Recurso Ordinário, Recurso Especial, Recurso Extraordinário,
Agravo no Recurso Especial e Extraordinário, Embargos de
Divergência.

IMPORTANTE: O CPC/15 aboliu os recursos de


Agravo Retido e Embargos Infringentes do
antigo CPC/73. Portanto, esses modelos
recursais não mais existem no sistema
processual civil.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

1. CONCEITO: recurso para suprir irregularidade formal de


alguma decisão judicial. Não possui caráter de reforma ou anulação,
mas sim de integração da decisão judicial.

É um recurso sui generis, especial, pois deve ser dirigido ao próprio


juiz que proferiu a decisão judicial da qual se recorre, independe de
preparo e tem prazo diferenciado (5 dias).

38
2. CABIMENTO: nos termos do art. 1.022 32, cabem embargos de
declaração contra qualquer decisão judicial (sentença, acórdão,
decisão interlocutória, decisão dos tribunais superiores) para:

◼ esclarecer obscuridade;
◼ eliminar contradição;
◼ suprir omissão;
◼ corrigir erro material

MAS NO QUE CONSISTEM CADA UMA DESSAS HIPÓTESES?

◼ OBSCURIDADE refere-se à decisão incompreensível ou que


admite várias interpretações.
◼ CONTRADIÇÃO refere-se à controvérsia interna, dentro da
própria decisão.
◼ OMISSÃO refere-se à decisão em que o juiz deixou de se
pronunciar sobre um ponto ou questão. Também se considera
omissa a decisão nos casos do parágrafo único do art. 1.022,
quais sejam: decisão que não acolhe tese firmada em recurso
repetitivo ou em incidente de assunção de competência; e
decisão que incorra em qualquer das hipóteses do art. 489, §1º
do CPC – ausência de fundamentação da decisão judicial.
◼ ERRO MATERIAL é o erro grosseiro, visível de imediato, por
exemplo: erro de grafia. Lembrando que o erro material pode

32 CPC, Art. 1.022. Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão
judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
III - corrigir erro material.

39
ser corrigido de ofício pelo juiz (não sofre preclusão pro-
judicato), mas caso o juiz não corrija de ofício cabem Embargos
de Declaração.

OBS.: Importante sempre verificar a sua área de atuação, pois os


Embargos de Declaração, além de presentes no Código de Processo
Civil, estão presentes no direito do trabalho, no direito penal,
constitucional etc., podendo ter hipóteses diferentes, como é o caso
do Código de Processo Penal que no seu art. 619 compreende
embargos de declaração contra decisão obscura, omissa,
contraditória ou ambígua.

CUIDADO: Os Embargos de Declaração também são previstos no


âmbito dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/95), das sentenças e dos
acórdãos proferidos pelo microssistema. No código antigo, os
embargos de declaração nos Juizados poderiam ser oferecidos
diante de obscuridade, omissão, contradição ou dúvida. Com a
superveniência do CPC/15, o art. 48 da Lei n. 9.099/95 foi modificado
para conceber que nos juizados caberão embargos de declaração
contra sentença ou acórdão nos casos previstos no Código de
Processo Civil, ou seja, nas hipóteses de OMISSÃO, CONTRADIÇÃO,
OBSCURIDADE ou ERRO MATERIAL (este último, igualmente,
podendo ser corrigido de ofício).

3. EFEITOS: efeitos básicos: a) efeito devolutivo (para o próprio


juiz que proferiu a decisão), b) efeito translativo (possibilidade do juiz
conhecer de ofício matérias de ordem pública, ainda que não
impugnadas); c) efeito impeditivo (impede a formação da coisa
julgada enquanto se recorre); d) efeito substitutivo (a decisão

40
originada pelo julgamento do recurso substitui a decisão anterior –
impugnada).

Há também efeitos específicos dos Embargos de Declaração, a saber:

a) EFEITO INTERRUPTIVO: a propositura dos Embargos de


Declaração interrompe 33
o prazo para interposição de outros
recursos eventualmente cabíveis contra a decisão (exemplo: diante
de uma sentença omissa, primeiro embargos de declaração para
suprir omissão e depois, diante da interrupção do prazo, apelação).

OBS.1: Lembre-se que o efeito interruptivo aplica-se a qualquer das


partes, e não apenas àquela que embargou, aplica-se a todos os
capítulos da decisão, e não apenas aos capítulos impugnados.

OBS.2: O efeito interruptivo aplica-se, igualmente, no âmbito dos


Juizados Especiais (com a atual redação do art. 1.065 do CPC,
alterando-se o art. 50 34
da lei n. 9.099/95). No CPC antigo, o
oferecimento dos Embargos no âmbito dos Juizados Especiais
suspendia o prazo para o recurso Inominado (recurso contra a
sentença proferida no JEC) causando um contrassenso legislativo: se
os embargos fossem oferecidos no Juizado Especial tinham o condão
de suspender o prazo de interposição do recurso de mérito; já se

33 A interrupção do prazo se difere da suspensão do prazo porque a parte terá de volta


o prazo inicial para a interposição de qualquer outro recurso. Exemplo: a partir da intimação
da sentença, tenho 15 dias úteis para interpor Recurso de Apelação. Ocorre que a sentença
é contraditória e ofereço os Embargos de Declaração no 5º dia (lembrando que o prazo dos
embargos é de 5 dias úteis). Com o oferecimento dos embargos, haverá a interrupção do
prazo para a respectiva Apelação, de forma que após a decisão dos embargos, a parte terá
os mesmos 15 dias úteis para apelar. Já na suspensão o prazo inicial não volta a ser contado
do início, mas do momento em que parou (conta o que sobra do prazo).
34 JEC, Art. Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de

recurso.

41
fossem oferecidos na Justiça Comum tinham o condão de
interromper respectivo prazo.

A celeuma foi dirimida com a superveniência do CPC/15 que alterou


o art. 50 da Lei n. 9.099/95 determinando que o oferecimento dos
Embargos no âmbito dos Juizados Especiais também INTERROMPE
o prazo para oferecimento de recurso de mérito posterior.

OBS.3: O efeito interruptivo aplica-se mesmo quando os embargos


não são conhecidos e mesmo quando procrastinatórios, exceto
quando se tratar da terceira interposição sucessiva (art. 1.026,
parágrafo 4º do CPC).

b) EFEITO MODIFICATIVO (também chamado de EFEITO


INFRINGENTE): Os Embargos de Declaração como regra não tem
efeito modificativo, pois seu objetivo é apenas a integração da
decisão judicial impugnada. No entanto, ao se suprir a omissão,
eliminar a contradição, esclarecer a obscuridade ou corrigir o erro
material, é sempre possível que a decisão de resposta aos embargos
altere substancialmente o teor da decisão embargada. Por exemplo,
o juiz havia julgado procedente o pedido condenatório de dano
material. No entanto, não se pronunciou a respeito do pedido de
dano moral. Quando a parte oferecer embargos de declaração para
suprir omissão, a resposta dos embargos irá conceder dano moral ou
negar o dano moral solicitado, alterando-se o conteúdo da decisão.
Nessas hipóteses os embargos de declaração terão efeito
modificativo.

MAS E O EFEITO SUSPENSIVO? OS EMBARGOS TÊM O CONDÃO DE


SUSPENDER A DECISÃO IMPUGNADA?

42
Os Embargos de Declaração não tem efeito suspensivo como regra
(art. 1.026) mas eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá
ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a
fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil
reparação. Ou seja, efeito suspensivo somente ope judis (concedido
pelo juiz quando do seu convencimento).

4. TEMPESTIVIDADE: de acordo com o art. 1.023 do CPC os


Embargos de Declaração devem ser opostos no prazo de 5 dias úteis,
para o próprio juiz que proferiu a decisão.

ATENÇÃO: Aplica-se aos embargos o art. 229 do


CPC que determina a prerrogativa de prazo em
dobro no caso de litisconsortes com diferentes
procuradores, de escritórios diferentes e em autos
físicos. Para autos eletrônicos não incide tal
prerrogativa.

5. PREPARO: de acordo com o art. 1.023 do CPC os Embargos de


Declaração não se sujeitam ao preparo.

6. PROCEDIMENTO: Recebidos os Embargos de Declaração em


petição escrita no prazo de 5 dias para o juízo que proferiu a decisão,
apontando a irregularidade formal (omissão, obscuridade,
contradição ou erro material), o juiz intimará o embargado para,
querendo, manifestar-se sobre os embargos no prazo de 5 dias, em
caso de modificação da decisão embargada, apenas. O juiz julgará s
embargos em 5 dias.

43
OBS.1: PODE SER QUE O JUIZ CONSIDERE SEUS EMBARGOS SEM
FUNDAMENTO E, PORTANTO, PROTELATÓRIOS.

Trata-se de Embargos sem fundamento, que buscam analisar o


mérito, reapreciar a decisão e não apontar uma decisão omissa,
contraditória ou obscura.

Como é o procedimento?

Sobre EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS é importante


saber que nos termos do parágrafo 2º do art. 1.026 do CPC, quando os
embargos forem manifestamente protelatórios, o juiz ou o tribunal,
declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao
embargado, multa não excedente de 2% sobre o valor da causa.

E no caso de reiteração de embargos protelatórios, a multa pode ser


elevada a até 10%, ficando condicionada a interposição de qualquer
outro recurso ao depósito do valor respectivo, exceto no caso da
Fazenda Pública e do beneficiário da justiça gratuita, que poderão
recolhê-la no final (art. 1.026, §§ 2º e 3º do CPC). O §4º do art. 1.026 do
CPC limita o número de embargos protelatórios em até 2, impedindo
a interposição dos terceiros embargos.

Seguem recentes decisões do Tribunal de Justiça do Estado do


Paraná acerca dos Embargos de Declaração protelatórios:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – APELAÇÃO CÍVEL –


AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO –
RECURSO PROVIDO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO
QUANTO A MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS – AUSÊNCIA DE

44
VÍCIOS – QUESTÃO TRAZIDA NOS EMBARGOS, NÃO
PLEITEADA EM MOMENTO OPORTUNO - INOVAÇÃO
RECURSAL – RECURSO QUE BUSCA APENAS A
REAPRECIAÇÃO DO MÉRITO – MERO
INCONFORMISMO – MEIO PROCESSUAL
INADEQUADO – OMISSÃO NÃO CONFIGURADA –
ADVERTÊNCIA SOBRE MULTA DE ATÉ 10% DOS
ARTIGOS 77, 80, 81, 496 E 1.026, §§ 2º E 4º DO CPC -
PRECEDENTES DO STJ E DESSA CORTE E DOUTRINA
– DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR – ART. 932, III,
DO CPC - 2 - PODER JUDICIÁRIO - TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ DEFEITO
INSANÁVEL NO RECLAMO APRESENTADO - RECURSO
MANIFESTAMENTE INADMISSÍVEL – PRECEDENTES
DA CÂMARA – EMBARGOS NÃO CONHECIDOS.

(TJPR - 17ª C.Cível - 0065022-15.2018.8.16.0014 -


Londrina - Rel.: Juiz Fabian Schweitzer - J. 11.09.2020)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE

DECLARAÇÃO. FILHA MAIOR INVÁLIDA –


INVIABILIDADE DE CUMULAÇÃO DE DUAS PENSÕES
POR MORTE, AINDA QUE DISTINTOS OS FATOS
GERADORES – POSSIBILIDADE, NO ENTANTO, DE
ESCOLHE DA QUE A ELA MELHOR INTERESSAR –
ALEGADAS
“OBSCURIDADE/CONTRADIÇÃO/OMISSÃO” NÃO
VERIFICADOS. PRETENSÃO DE REDISCUTIR A

45
MATÉRIA – inviabilidade. embargos evidentemente
protelatórios – multa aplicada. ACLARATÓRIOS
CONHECIDOS E REJEITADOS.1. Nos termos do artigo
1.022 do Código de Processo Civil, cabem embargos de
declaração para esclarecer obscuridade, eliminar
contradição, suprir omissão ou corrigir erro material
encontrado na decisão. 2. “Não se revelam cabíveis os
embargos de declaração quando a parte recorrente –
a pretexto de esclarecer uma inexistente situação de
obscuridade, omissão ou contradição – vem a utilizá-
los com o objetivo de infringir o julgado e de, assim,
viabilizar um indevido reexame da causa” (STF, MI 1311
AgR-ED, Relator Min. CELSO DE MELLO, Tribunal
Pleno, j. 19/08/2015, p. 02/10/2015).3. A mera reiteração
das alegações já apresentadas e exaustivamente
examinadas na decisão recorrida revela a manifesta
intenção protelatória da parte e, por isso, autoriza a
aplicação da reprimenda do artigo 1.026 do CPC.

(TJPR - 6ª C.Cível - 0003592-29.2017.8.16.0004 - Curitiba


- Rel.: Desembargador Renato Lopes de Paiva - J.
09.09.2020)

IMPORTANTE: Os Embargos Declaratórios para fins


de prequestionamento (lembrando que o CPC/15
firmou o entendimento do prequestionamento
ficto no art. 1.025) não são considerados
protelatórios (Súmula n. 98/STJ).

46
Outro elemento importante do PROCEDIMENTO dos EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO diz respeito ao princípio da complementariedade.

Imagine a seguinte situação: o juiz de primeiro grau profere uma


sentença omissa. Uma das partes oferece Embargos de Declaração
para suprir a omissão e a outra interpõe Recurso de Apelação para
discutir o mérito. Com o oferecimento dos embargos, ocorre a
interrupção do prazo para eventual Apelação, mas a parte contrária
já interpôs sua apelação.

O QUE ACONTECE?

Com o julgamento dos Embargos de Declaração, caso impliquem


em modificação da decisão, será facultado à parte contrária
complementar o recurso de Apelação já interposto. Veja, não é
oferecer NOVO recurso de Apelação, mas apenas complementar as
razões do recurso anteriormente interposto.

QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO:

1. (XXIV EOAB) Arthur ajuizou ação perante o Juizado Especial Cível


da Comarca do Rio de Janeiro, com o objetivo de obter reparação por
danos materiais, em razão de falha na prestação de serviços pela
sociedade empresária Consultex. A sentença de improcedência dos
pedidos iniciais foi publicada, mas não apreciou juridicamente um
argumento relevante suscitado na inicial, desconsiderando, em sua
fundamentação, importante prova do nexo de causalidade. Arthur
pretende opor embargos de declaração para ver sanada tal omissão.
Diante de tal cenário, assinale a afirmativa correta.

47
a) Arthur poderá opor embargos de declaração, suspendendo o
prazo para interposição de recurso para a Turma Recursal.

b) Os embargos não interrompem ou suspendem o prazo para


interposição de recurso para a Turma Recursal, de modo que
Arthur deverá optar entre os embargos ou o recurso, sob pena
de preclusão.

c) Eventuais embargos de declaração interpostos por


Arthur interromperão o prazo para interposição de recurso
para a Turma Recursal.
d) Arthur não deverá interpor embargos de declaração pois estes
não são cabíveis no âmbito de Juizados Especiais.

2. (TRF 2019) Em ação de obrigação de fazer movida pela União


contra Francisco, o juiz proferiu sentença acolhendo o pedido e
deferindo, no mesmo ato, a antecipação dos efeitos da tutela, para
que o réu desse cumprimento à obrigação no prazo de dez dias, sob
pena de multa diária. O réu então interpôs, tempestivamente,
embargos de declaração, arguindo omissão da sentença acerca da
ocorrência de prescrição, matéria que até então não fora suscitada
no processo. Nesse caso, os embargos declaratórios

a) não são cabíveis, pois não poderia haver omissão quanto a


matéria que nem mesmo fora invocada pelas partes; ainda
assim, a mera interposição dos embargos suspende o prazo para
a interposição do recurso de apelação, bem como a eficácia da
sentença embargada.

48
b) não são cabíveis, pois não poderia haver omissão quanto a
matéria que nem mesmo fora invocada pelas partes; ainda
assim, a mera interposição dos embargos interrompe o prazo
para a interposição do recurso de apelação, mas não suspende
a eficácia da sentença embargada.

c) são cabíveis, pois a prescrição é matéria sobre a qual o juiz deve


se pronunciar de ofício; ademais, a mera interposição dos
embargos interrompe o prazo para a interposição do recurso de
apelação, mas não suspende a eficácia da sentença embargada.

d) são cabíveis, pois a prescrição é matéria sobre a qual o juiz deve


se pronunciar de ofício; ademais, a mera interposição dos
embargos suspende o prazo para a interposição do recurso de
apelação, mas não a eficácia da sentença embargada e) são
cabíveis, pois a prescrição é matéria sobre a qual o juiz deve se
pronunciar de ofício; ademais, a mera interposição dos
embargos interrompe o prazo para a interposição do recurso de
apelação, além de suspender a eficácia da sentença embargada.

3. (Procurador do Município 2019) Marli propôs ação contra uma loja


de eletrodomésticos na cidade onde reside. Na petição inicial, pediu
a indenização por danos materiais causados pela explosão do
equipamento adquirido na loja. A loja de eletrodomésticos
apresentou contestação e a ação foi julgada procedente pelo juiz. Na
sentença publicada, o juiz condenou a loja à indenização por R$
10.000,00 (dez mil reais) a serem pagas em 8 (oito) parcelas de R$
1.000,00 (mil reais), bem como omitiu-se em relação ao nome da
parte autora. Diante da situação hipotética, assinale a alternativa
correta em relação às possibilidades de correção da sentença.

49
a) O juiz poderá corrigir de ofício a omissão do nome da parte
autora, mas só poderá corrigir o número de parcelas a pedido da
parte.

b) Para correção do nome da parte autora, Marli poderá opor


embargos de declaração, mas, para corrigir o número de
parcelas, é necessária a interposição de apelação.

c) Depois de publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la por


meio de embargos de declaração.

d) O juiz só poderá corrigir a omissão do nome da parte autora a


pedido de uma das partes, mas poderá corrigir de ofício o
número de parcelas.

e) O juiz pode corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, tanto


a omissão do nome da autora quanto o número de parcelas.

MODELO DE PEÇA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

JUÍZO DE DIREITO DA ___VARA CÍVEL DA COMARCA DE .... DO


ESTADO

DE .... (se decisão proferida pelo 1º grau de jurisdição)

(ou)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

50
______________, RELATOR DA APELAÇÃO CÍVEL Nº _____________, EM
TRÂMITE NA ____ª CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA

DO ESTADO DE..... (se decisão proferida pelo 2º grau de jurisdição)

Autos n. ........

Fulano de Tal, já qualificado nos Autos da Ação ........., em

que contende com Beltrano de Tal, igualmente já qualificado nos


autos em epígrafe, em atenção à intimação de mov..... (fls...) da r.
sentença (ou decisão interlocutória, ou acórdão) de fls. ...., vem, por
seu advogado que esta subscreve, com fundamento nos arts. 1.022 a
1.026 do Código de Processo Civil, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
(COM EFEITOS INFRINGENTES, se for o caso de conceder efeito
modificativo) pelas razões a seguir:

I. PRELIMINARMENTE – DA CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO (se


for o caso, demonstrar os requisitos do §1º do art. 1.026, CPC)

II. DA OMISSÃO ou DA OBSCURIDADE ou DA CONTRADIÇÃO, ou


DO ERRO MATERIAL)

Conforme se depreende da r. decisão de mov. .... (fls...), notadamente


na parte dispositiva (ou na fundamentação), ao julgar a causa,
entendeu este douto Juízo que ....

51
Porém, ocorre na r. decisão (sentença, decisão interlocutória ou
acórdão) manifesta omissão (ou obscuridade, ou contradição, ou
erro material) no julgamento quanto ao tópico relativo a ..... (indicar o
ponto omisso, ou, se for o caso, o erro, a obscuridade ou a contradição
porventura existentes na decisão).

Com efeito, a mencionada (indica-se: omissão, contradição,


obscuridade ou) é tanto real e verdadeira que necessário se faz
proferir sentença (ou decisão interlocutória, ou acórdão) que
esclareça a anterior, de forma a integrar a r. sentença (ou decisão
interlocutória, ou acórdão).

III. DO REQUERIMENTO

Diante do exposto, requer-se o recebimento e provimento dos


presentes Embargos de Declaração para o fim de que esclareça a r.
decisão, desfazendo a (contradição, obscuridade, omissão ou erro
material).

(ou, se os embargos forem modificativos):

Diante do exposto, requer-se o recebimento e provimento dos


presentes Embargos de Declaração para o fim de sanar a
(contradição, obscuridade, omissão ou erro) acima apontada, para,
atribuindo efeitos infringentes aos presentes embargos, reforme a
sentença (ou decisão interlocutória, ou acórdão) de mov... (fls...) no
sentido de......

Requer-se, ainda, que o embargado seja intimado para, no prazo de


5 dias úteis, possa oferecer as devidas contrarrazões.

52
Termos em que pede e espera deferimento.

Local, data.

Assinatura do advogado/ OAB.

APELAÇÃO

1. CONCEITO: recurso contra decisão judicial de 1º grau, visando


tanto a reforma da decisão inteira ou de alguns capítulos da decisão
(“error in judicando”) ou a nulidade da decisão por ter desrespeitado
o procedimento legal (“error in procedendo”).

Mas o que significa?

◼ ERROR IN JUDICANDO: Objetiva a reforma da decisão. Há um


erro de interpretação da decisão. É o famoso “não gostei da
decisão”, ou “acho que o tribunal vai ver que eu tenho direito”
◼ ERROR IN PROCEDENDO: Objetiva a invalidação da decisão.
Há um erro no procedimento. Exemplo do juiz que profere uma
sentença “ultra petita”, ou impede a manifestação da parte,
cerceando seu direito de defesa sobre um laudo pericial.

OBSERVAÇÃO: Entende-se por sentença o comando previsto no


parágrafo 1º do art. 203 do CPC: “Ressalvadas as disposições expressas
dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por
meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
execução”

53
Ou seja, SENTENÇA não é aquilo que encerra o processo! Há uma
junção do critério do conteúdo e critério finalístico para identificação
do provimento como sentença.

2. CABIMENTO: nos termos do art. 1.009, cabe apelação contra


sentença de 1º grau (terminativa – art. 485 do CPC ou definitiva – art.
487 do CPC)

EXCEÇÕES:

a) sentenças proferidas no âmbito dos Juizados Especiais (caso


em que caberá “recurso inominado” para a respectiva Turma
Recursal do Juizado Especial - art. 41 da Lei n. 9.099/95);
b) sentenças envolvendo de um lado estado estrangeiro ou
organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa física
domiciliada no País, caso em que caberá Recurso Ordinário (art.
105, II, “c” da CF/88);
c) sentenças proferidas em Execução Fiscal, cujo valor seja igual
ou inferior a 50 OTN – Obrigações do Tesouro Nacional (caso
em que não caberá recurso algum, salvo Embargos de
Declaração – art. 34 da Lei n. 6.830/80).

3. EFEITOS: efeitos básicos: a) efeito devolutivo (para o próprio


juiz que proferiu a decisão), b) efeito translativo (possibilidade do juiz
conhecer de ofício matérias de ordem pública, ainda que não
impugnadas); c) efeito impeditivo (impede a formação da coisa
julgada enquanto se recorre); d) efeito substitutivo (a decisão
originada pelo julgamento do recurso substitui a decisão anterior –
impugnada).

54
OBSERVAÇÃO 1: sobre o EFEITO DEVOLUTIVO segue a regra do
tantum devolutum quantum appellatum (art. 1.013 do CPC), quando
a devolução pode ser total ou parcial (devolutividade sob a dimensão
horizontal ou quanto à extensão). Todavia, TODAS as questões
(pedidos) e fundamentos (de fato e de direito – argumentações)
adstritos à parcela da impugnação são devolvidas ao tribunal, ainda
que não tenham sido apreciadas uma ou algumas delas, são
devolvidas ao tribunal (devolutividade sob a dimensão vertical, ou
quanto à profundidade, que é sempre integral, também conhecido
como efeito translativo - §§ 1º, 2º e 3º do art. 515/ art. 1.013 do CPC).

Há também os efeitos específicos da Apelação:

a) EFEITO REGRESSIVO: correspondente ao JUÍZO DE


RETRATAÇÃO, que é um sucedâneo recursal previsto nas
hipóteses do art. 331 do CPC (sentença de indeferimento da
petição inicial), parágrafo 3º do art. 332 do CPC (sentença de
improcedência liminar do pedido) e parágrafo 7º do art. 485
do CPC (todas as sentenças terminativas – sem resolução do
mérito).
b) EFEITO SUSPENSIVO: ou seja, suspende os efeitos da decisão
de 1º grau impugnada, até que seja decidida a Apelação em
grau recursal.

Sobre o efeito SUSPENSIVO trata-se de efeito suspensivo ex lege,


delineado no art. 1.012 do CPC, ou seja, como regra, a Apelação terá
efeito suspensivo.

Porém, excepcionalmente, nas hipóteses do parágrafo primeiro do


art. 1.012, a Apelação terá apenas efeito devolutivo, caso em que a
decisão impugnada produzirá seus efeitos normalmente. São as

55
seguintes hipóteses: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II
- condena a pagar alimentos; III - extingue sem resolução do mérito
ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga
procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma,
concede ou revoga tutela provisória; e, VI - decreta a interdição.

Mas o fato dessas hipóteses determinarem a incidência apenas do


efeito devolutivo, nada impede que tal efeito possa ser obtido, desde
que se requeira e prove os requisitos do §4º do art. 1.012 do CPC. Trata-
se do efeito suspensivo ope judicis (concedido pelo juiz quando do
seu convencimento).

IMPORTANTE: A Apelação é o único recurso que


possui efeito suspensivo automático, ex lege,
decorrente da lei. O que é bastante curioso pois
desde o Anteprojeto do Código de Processo Civil
em 2009 e Projeto do Código de Processo Civil n.
166/2010 já se discutia a supressão do efeito
suspensivo da Apelação.

Isso porque o efeito suspensivo automático da Apelação é prejudicial,


uma vez que desprestigia a sentença de 1º grau, não implementando
seu devido valor. E, na prática, mais de 60% das sentenças de 1º grau
são mantidas. E 20% reformas em questões pontuais. Então, não se
justifica a mantença desse efeito.

No entanto, a Lei n. 13/105/2015 (CPC/15) manteve o efeito suspensivo


automático da Apelação, EXCETO nas hipóteses do parágrafo 1º do
art. 1.012 do CPC.

56
Para Cassio Scarpinella Bueno, de qualquer sorte, a concessão da
tutela provisória da evidência será de enorme valia para "tirar" ou
evitar o efeito suspensivo do recurso de apelação lamentavelmente
preservado como regra pelo CPC de 2015 (art. 1,012, caput), tal qual já
era possível (e correto) sustentar no CPC de 1973 com fundamento no
inciso II (reproduzido no inciso I do art. 311) e, sobretudo, no §6° do art.
273 daquele mesmo Código35.

MAS SERÁ QUE EXISTE ALGUMA FORMA DE MUDAR ISSO? Alguma


forma de não atribuir efeito suspensivo automático à Apelação?

E a resposta é POSITIVA! Bastante timidamente, vem crescendo na


Jurisprudência brasileira o pedido de tutela de evidência, inclusive
nas razões finais, uma vez que a tutela pode ser concedida na
sentença. Neste ponto, se a tutela provisória de evidência for deferida
na própria sentença, hipótese que caberá apelação, o capítulo
relativo ao deferimento desta medida não estará sujeito ao efeito
suspensivo36, conforme dispõe o art. 1.012, § 1º, V, do CPC.

4. TEMPESTIVIDADE: nos termos do art. 1.003, parágrafo 5º do


CPC, o prazo para interposição da Apelação é de 15 dias úteis
contados da intimação da decisão (em audiência, se prolatada; ou
por mandado, se proferida), o qual poderá ser em dobro nas
hipóteses dos arts. 180, 183 e 229 do CPC.

35 BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturado à


luz do novo CPC, São Paulo: Saraiva, 2015.
36 “as hipóteses novas de tutela de evidência – aquela que trata de situações já definidas em

julgamento de casos repetitivos ou súmula vinculante e, bem assim, prova documental


suficiente diante da inconsistência da defesa – ampliam muitíssimo a possibilidade de que
seja deferidas tutelas provisórias sem urgência e, se isso ocorrer, as apelações opostas
contra as sentenças proferidas nesses processos não terão efeito suspensivo. Trata-se, sem
dúvida, de um avanço”. (RIBEIRO, Leonardo Ferres, Tutela Provisória - Tutela de urgência e
Tutela da Evidência - Do CPC/1973 ao CPC/2015, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015,
p. 193).

57
ATENÇÃO: Aplica-se à Apelação o art. 229 do CPC
que determina a prerrogativa de prazo em dobro no
caso de litisconsortes com diferentes procuradores,
de escritórios diferentes e em autos físicos. Para
autos eletrônicos não incide tal prerrogativa.

5. PREPARO: de acordo com o art. 1.007 do CPC a Apelação está


sujeita ao preparo.

OBSERVAÇÃO 1: Nos termos do parágrafo 1º do art. 1.007 do CPC,


estão dispensados do preparo inclusive porte de remessa e de
retorno (em autos físicos – art. 1.007, parágrafo 3º), os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal,
pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que
gozam de isenção legal.

OBSERVAÇÃO 2: A ausência ou insuficiência do preparo é um vício de


admissibilidade sanável, cabendo ao juízo ad quem intimar o
Apelante para recolhimento em dobro (no caso de ausência) ou
complementação (no caso de insuficiência), nos termos dos
parágrafos 2º e 4º do art. 1.007 do CPC.

6. PROCEDIMENTO: A apelação deverá ser proposta em petição


escrita, da seguinte forma:

A primeira folha da peça, denominada folha de rosto, deverá ser


endereçada ao juízo que proferiu a decisão (juízo a quo), indicando as
partes Apelante e Apelada e suas respectivas qualificações, a

58
referência ao recurso interposto, o fundamento legal, bem como a
intimação do Apelado para querendo, oferecer contrarrazões, com a
consequente remessa dos autos ao juízo ad quem (tribunal). Note
que o juízo a quo NÃO faz exame de admissibilidade, apenas recebe
a Apelação, podendo exercer juízo de retratação e, caso contrário,
intima a parte contrária para oferecimento das contrarrazões,
remetendo tudo ao juízo ad quem.

No juízo ad quem, a Apelação será distribuída para uma Câmara Cível,


e o relator realizará o exame de admissibilidade. Pode o relator
decidir, nos termos do art. 932, incisos III a V, declarando, em decisão
monocrática, ser a Apelação inadmissível, contrária à Súmula ou
IRDR.

Se não for esse o caso, passará ao exame de mérito. As razões de


Apelação (da segunda folha em diante da peça) devem identificar as
partes e trazer os fundamentos (error in judicando ou error in
procedendo), requerendo-se, ao final, que o recurso seja conhecido e
provido para o fim de reformar a decisão ou invalidá-la. Após a
elaboração do voto pelo relator, a Apelação será incluída em pauta
para julgamento, designando-se sessão na qual caberá sustentação
oral das razões de Apelação. Ao final, os demais desembargadores
poderão votar conforme o relator, divergente do relator ou, ainda,
pedir vistas dos autos, designando-se próxima sessão para
julgamento.

O resultado do julgamento é o acórdão, proferido por decisão


colegiada do tribunal.

OBSERVAÇÃO 1: Existindo sucumbência recíproca das partes, ou seja,


diante de uma sentença de procedência parcial, ambas as partes

59
podem interpor independentemente suas respectivas Apelações. No
entanto, caso apenas uma das partes interponha Apelação, a outra
será intimada para oferecer contrarrazões e, nesse mesmo prazo das
contrarrazões, poderá interpor Apelação de forma Adesiva.

É o chamado “RECURSO ADESIVO”, previsto no art. 997 do CPC, que,


na realidade, NÃO É MAIS UMA MODALIDADE DE RECURSO, e sim
uma forma de se recorrer quando houver sucumbência recíproca.

Mas CUIDADO!!! O Recurso Adesivo é subordinado ao recurso


principal e apenas cabível na Apelação, Recurso Especial e Recurso
Extraordinário.

OBSERVAÇÃO 2: O CPC/15 criou a chamada “Técnica de Ampliação


do Colegiado” ou “Ampliação do Julgamento”, prevista no art. 942.
Consiste a técnica basicamente em suspender a sessão do
julgamento até que se convoque novos julgadores em quantidade
apta a alterar a decisão atacada. Deve ser aplicada de ofício,
independentemente de requerimento das partes, com o objetivo de
aprofundar a discussão a respeito da controvérsia fática ou jurídica
sobre a qual houve dissidência. Mas só é cabível quando a decisão for
não unânime, proferida pelo colegiado de uma turma do tribunal,
exceto decisão do Plenário e da Corte Especial. O novo julgamento
“ampliado” permite, igualmente, a sustentação oral do recurso.

É cabível na Apelação não unânime e, igualmente, na ação rescisória


não unânime, quando o resultado for a rescisão da sentença,
devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior
composição previsto no regimento interno; e no agravo de
instrumento não unânime, quando houver reforma da decisão que
julgar parcialmente o mérito.

60
OBSERVAÇÃO 3: O CPC/15 trouxe a positivação da “Teoria da Causa
Madura”, no parágrafo 3º do art. 1.013 do CPC, segundo a qual, se o
processo estiver em condições de imediato julgamento pelo tribunal
– juízo ad quem – o próprio tribunal deverá JULGAR desde logo o
MÉRITO quando: I - reformar sentença fundada no art. 485 ; II -
decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os
limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no
exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV -
decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

A causa madura é aquela que está pronta, completamente instruída,


apta para julgamento.

Nesse caso, conforme Daniel Assumpção Neves, sendo anulada a


sentença terminativa (sem resolução do mérito), poderá o tribunal
passar ao julgamento originário do mérito da ação. Nesse caso, a
sentença é anulada e não reformada como previsto no dispositivo
legal ora comentado, cabendo ao tribunal, após julgar o mérito
recursal, passar a julgar, de forma originária, o mérito da ação.

Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a regra não


afronta o princípio da ampla defesa, nem mesmo impede a parte de
obter o prequestionamento, o que poderá ser conseguido com a
interposição de embargos de declaração, conforme já vimos.

QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO

1. (XXIV EOAB) Arthur ajuizou ação perante o Juizado Especial Cível


da Comarca do Rio de Janeiro, com o objetivo de obter reparação por

61
danos materiais, em razão de falha na prestação de serviços pela
sociedade empresária Consultex. A sentença de improcedência dos
pedidos iniciais foi publicada, mas não apreciou juridicamente um
argumento relevante suscitado na inicial, desconsiderando, em sua
fundamentação, importante prova do nexo de causalidade. Arthur
pretende opor embargos de declaração para ver sanada tal omissão.
Diante de tal cenário, assinale a afirmativa correta.

a) Arthur poderá opor embargos de declaração, suspendendo o


prazo para interposição de recurso para a Turma Recursal.

b) Os embargos não interrompem ou suspendem o prazo para


interposição de recurso para a Turma Recursal, de modo que
Arthur deverá optar entre os embargos ou o recurso, sob pena
de preclusão.

c) Eventuais embargos de declaração interpostos por Arthur


interromperão o prazo para interposição de recurso para a
Turma Recursal.

d) D) Arthur não deverá interpor embargos de declaração pois


estes não são cabíveis no âmbito de Juizados Especiais.

2. José ajuizou ação de indenização por danos morais, materiais e


estéticos em face de Pedro. O juiz competente, ao analisar a petição
inicial, considerou os pedidos incompatíveis entre si, razão pela qual
a indeferiu, com fundamento na inépcia. Nessa situação hipotética,
assinale a opção que indica o recurso que José deverá interpor.

62
a) Apelação, sendo facultado ao juiz, no prazo de cinco
dias, retratar-se do pronunciamento que indeferiu a petição
inicial.

b) Apelação, sendo os autos diretamente remetidos ao


Tribunal de Justiça após a citação de Pedro para a apresentação
de contrarrazões.

c) Apelação, sendo que o recurso será diretamente


remetido ao Tribunal de Justiça, sem a necessidade de
intimação do réu para apresentação de contrarrazões.

d) Agravo de Instrumento, inexistindo previsão legal de


retratação por parte do magistrado.

3. Juma de Oliveira propôs demanda contra Epitácio da Silva, que


tramita numa das Varas comuns de São Paulo, cujo objeto é a
condenação do réu por danos materiais e morais. Um dos pedidos da
petição inicial foi a concessão de liminar de tutela provisória de
urgência antecipada incidental, que restou indeferida pelo juiz. Mais
adiante, na audiência de instrução e julgamento, Epitácio ofereceu
contradita a uma das testemunhas de Juma, o que foi indeferido. Ao
final, a ação foi julgada parcialmente procedente. Juma recorreu e
Epitácio não. Na data de hoje, Epitácio foi intimado para oferecer o
contraditório ao recurso interposto por Juma. Diante dos fatos, nos
termos do texto processual de 2015, assinale a alternativa correta

63
a) O recurso contra a sentença de parcial procedência interposto
por Juma é o de Apelação, que se no Tribunal for provida por
maioria de votos, poderá ser objeto de Embargos Infringentes.

b) O recurso que Epitácio pode interpor contra o indeferimento da


contradita na audiência de instrução e julgamento é o Agravo
Retido.

c) Contra a decisão que indeferiu a liminar, Epitácio poderá


interpor o recurso de Agravo de Instrumento, sendo-lhe vedado,
no entanto, interpor Recurso Adesivo à Apelação.

d) No caso apresentado, Epitácio poderá oferecer Contrarrazões


de Apelação, e se for de seu interesse, interpor Recurso de
Apelação na forma adesiva.

e) O novo CPC não autoriza o ingresso de Agravo de Instrumento


contra o indeferimento da liminar dado o rol taxativo que se
impõe a este recurso.

MODELO DE PEÇA DE APELAÇÃO

1ª FOLHA: PEÇA DE INTERPOSIÇÃO

AO JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


APUCARANA

DO ESTADO DO PARANÁ

64
FULANO de TAL (apelante), já qualificado nos autos da Ação Tal,
processo em epígrafe, que move em face de (ou que lhe move)
BELTRANO de TAL (apelado), também já qualificado nos autos, vem,
por via de seu procurador que esta subscreve, não se conformando
com a sentença proferida às fl... (mov. ...), interpor o presente
RECURSO DE APELAÇÃO, com base nos arts. 1.009 a 1.014 do Código
de Processo Civil, requerendo, na oportunidade, que o recorrido seja
intimado para, querendo, ofereça as contrarrazões e, ato contínuo,
sejam os autos, com as razões anexas, remetidos ao Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para os fins de mister.

Termos em que pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB.....

2ª FOLHA: RAZÕES RECURSAIS

Apelante: Fulano

Apelado: Beltrano

Origem: processo nº XXXXXX, 1ª Vara Cível (Comarca de Apucarana-


PR)

65
EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÃMARA.

Eméritos Desembargadores,

I – DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS

1.1 Da tempestividade (provar feriados locais)

1.2 Do preparo (salvo se beneficiário da Justiça Gratuita)

1.3 Do cabimento (especial se for o caso de insurgir


também contra decisões interlocutórias não
agraváveis – art. 1.009, §1º, CPC)

1.4 Da Legitimidade

II - BREVE SÍNTESE

Trata-se de ação de cobrança em que o autor, ora apelante,


requer que...... Requer ainda......, tendo juntado provas
documentais....e requerido prova testemunhal.

Em sede de contestação, o requerido, ora apelado,

alegou.......

Intimado, o autor apresentou réplica, às fls....., apontando.....

66
e reiterando os termos da exordial.

Sem êxito a tentativa de acordo, passou-se a instrução,

onde foram ouvidas as testemunhas do autor e do réu, às


fls......, e, findos os debates orais, o nobre magistrado
prolatou a sentença, julgando totalmente improcedentes
os pedidos formulados pelo requerente.

No entanto, como será demonstrado a seguir, a sentença


não merece prosperar, devendo ser reformada (ou cassada).

III – RAZÕES DA REFORMA (OU DA NULIDADE)

A r. sentença proferida pelo juiz a quo na Ação de Cobrança


proposta pela apelante em face do apelado, julgando o seu
pedido improcedente, deve ser modificada na sua
totalidade (ou parcialmente), uma vez que a importância
reivindicada na inicial traduz-se em uma obrigação de
única e inteira responsabilidade do comprador, conforme
previsão contratual.

A afirmação acima evidenciada, nos termos dos


documentos acostados aos autos, encontra respaldo no
fato de que vigoram no direito brasileiro, como vigas
mestras de sustentação das relações jurídicas, os princípios
da liberdade de contratar e do efeito vinculante dos
contratos, entendimento este corroborado pela
jurisprudência pátria, in verbis:

67
“........”.

Ainda, no mesmo sentido, são lícitas, em geral, todas as


condições que a lei não vedar expressamente, daí não
havendo outro entendimento para o caso em questão, deve
a sentença atacada ser REFORMADA (ou nulidade,
depende do que se alegar) nos termos do pedido contido
na inicial.

IV – REQUERIMENTO

Diante do exposto, o Apelante requer que o presente


recurso de apelação seja CONHECIDO e, quando de seu
julgamento, seja totalmente PROVIDO para reformar (ou
anular) a sentença recorrida, no sentido de ....

Termos em que pede deferimento.

Loca e data

Advogado

OAB...

MODELO DE PEÇA DE CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE


APELAÇÃO

OBS.: Contrarrazões é a resposta do recurso. Ocorre em decorrência


do princípio do contraditório e ampla defesa. Deve ser apresentada
no prazo de 15 dias úteis após a intimação.

68
AO DOUTO JUÍZO DE DIREIRO DA ...... VARA CÍVEL DA COMARCA DE
........ ESTADO DE ............

Autos nº. ...........

FULANO DE TAL (“Recorrido”), já devidamente qualificado nos autos


em epígrafe, em que contende com BELTRANO DE TAL, igualmente
qualificado, vem, com o devido respeito a Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado que ao final assina, com fundamento
no art. 1.010, § 1º, do Código de Processo Civil, tempestivamente,
apresentar

CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO,

que segue anexo, requerendo que após a juntada aos autos sejam
remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado .......

Termos em que pede deferimento.

Local, data

Advogado/OAB

Obs.: na segunda folha....

EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .....

69
CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO

Processo de origem.....

Vara de origem....

APELANTE: .........

APELADO: ......

Egrégio Tribunal

Nobres Julgadores,

I. BREVE RELATO

O Apelado moveu Ação ..... em desfavor do Apelante, ação que restou


procedente, condenando o Apelante ao pagamento de .......

O Apelante foi condenado, ainda, ao pagamento de custas


processuais, bem como honorários advocatícios fixados em
.......

Da sentença sobreveio Apelação, a qual se contrarrazoa.

II. TEMPESTIVIDADE (CPC, art. 1.010, § 1º)

70
A presente Contraminuta ao Recurso de Apelação deve ser
considerada como tempestiva. Considerando que a
intimação foi realizada em.....

Portanto, à luz do que rege o art. 1.010, § 1º do CPC é


plenamente tempestiva a presente.

III. A DECISÃO AGRAVADA NÃO MERECE REPARO

O Apelante, não satisfeito com a condenação que lhe fora


imposta, interpôs Recurso de Apelação, com suporte no art.
1.009 do CPC, almejando a reforma da r. decisão de 1º grau
e, no plano de fundo, a improcedência dos pedidos
formulados.

No entanto, a pretensão de reforma do Apelante não


merece prosperar.

Como sabiamente proferida a sentença, o valor a título de


dano material..........

Isso porque, conforme ressalva o art.....

Igualmente, a condenação aos honorários advocatícios


deve ser mantida, pois não houve condenação em valores
exorbitantes, conforme manifesta o Apelante.

Conforme preceitua o art. 85, parágrafo 8º do CPC.....

71
Assim, os honorários advocatícios fixados em sentença não
se mostram exorbitantes, devendo ser levada em
consideração o tempo de tramitação da demanda e as
diversas intervenções das partes.

Corroborando o acima exposto, colaciona-se algumas


decisões proferidas por este egrégio Tribunal....

Deste modo, não assiste razão à Apelante pois....

IV. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, à luz das razões de fato e de direito antes


expostas, postula o Apelado pelo acolhimento destas
contrarrazões a fim de confirmar a decisão de 1º grau, na
íntegra.

Termos em que pede deferimento.

Local, data

Advogado/OAB

AGRAVO DE INSTRUMENTO

1. CONCEITO: recurso contra decisão interlocutória


(pronunciamento judicial de natureza decisória que não é sentença
– art. 203, parágrafo 2º do CPC).

72
MAS O QUE É UMA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA?

Não dá para definir uma decisão interlocutória como a decisão


proferida no meio do processo, no curso do processo.

Pois se analisarmos a temática temporal do processo, verificamos


que logo no início, o juiz pode proferir tanto decisão interlocutória,
como é o caso do deferimento/indeferimento de uma tutela
antecipada, por exemplo, mas também pode proferir sentença,
como é o caso da sentença de indeferimento da petição inicial ou da
sentença de improcedência liminar do pedido. E tudo isso ocorre
sem que o réu seja citado...

Também não podemos conceitua-la, e isso JAMAIS mesmo, como


única e exclusivamente uma decisão provisória. A decisão
interlocutória até pode ser provisória quando é proferida à título de
tutela antecipada ou cautelar, uma vez que referidas tutelas de
urgência (art. 300 do CPC) deverão ser confirmadas/revogadas por
uma decisão definitiva.

Mas há também decisão interlocutória definitiva. É o caso, por


exemplo, da decisão de julgamento antecipado parcial do mérito
(art. 356 do CPC), a decisão de saneamento, a decisão proferida na
impugnação do cumprimento de sentença, e tantas outras.

73
IMPORTANTE: O fato da decisão interlocutória
ser definitiva ou provisória NÃO significa que não
caiba recurso, ok? Como regra, de toda e
qualquer decisão, em homenagem ao princípio
do contraditório e ampla defesa é possível
impugnação.

E o recurso cabível contra decisão interlocutória é o Agravo de


Instrumento. MAS...

Antes de adotarmos essa máxima como uma regra, é importante


conhecer as hipóteses de cabimento, pois vamos ver que não são de
todas as decisões interlocutórias que podem ser interposto Agravo
de Instrumento.

2. CABIMENTO: nos termos do art. 1.015 do CPC, cabe agravo de


instrumento contra as decisões previstas nos onze incisos e
parágrafo único do respectivo artigo.

São elas: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da


alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de
desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de
gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI
- exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de
litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX
- admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão,
modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à

74
execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373,
§1º; além de outros casos previstos em lei. outros casos
expressamente referidos em lei.

Também caberá agravo de instrumento contra decisões


interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo
de inventário.

IMPORTANTE: A ideia do legislador foi no


sentido de criar um ROL TAXATIVO no art.
1.015, ao mesmo tempo em que criou um
sistema de ausência de preclusão das
decisões interlocutórias não previstas no do

Dessa forma, as decisões interlocutórias com previsão no art. 1.015


podem ser, de imediato, atacáveis por agravo de instrumento e, as
demais decisões interlocutórias sem previsão no art. 1.015 podem ser
alegadas ao final do processo em eventual recurso de Apelação
contra a sentença.

No entanto, desde a entrada em vigor do CPC/15, em 18 de março de


2016, tal sistemática trouxe muita polêmica, justamente pelo art. 1.015
não abarcar todas as hipóteses que talvez devessem ser impugnadas
imediatamente pela via do agravo de instrumento.

Assim, os autores Fredie Didier Jr e Leonardo da Cunha entenderam,


num primeiro momento, que o rol do art. 1.015 é taxativo, porém cada

75
uma das suas hipóteses seria exemplificativa, citando-se como
exemplo a decisão interlocutória que trata da competência. Não se
encontra nenhum inciso do art.

1.015 que verse sobre competência, mas para os autores, a decisão


interlocutória que trata da competência seria exemplificativa do
inciso III, que trata da rejeição da convenção de arbitragem.

Apenas em 05 de dezembro de 2018, o Superior Tribunal de Justiça,


ao julgar os Recursos Especiais n. 1.696.396 e n. 1.704.520, entendeu,
por maioria (7x5) que o rol do art. 1.015 é taxativo, não admitindo
interpretação extensiva ou exemplificativa.

A relatora, Ministra Nancy Andrigui entendeu que “Um rol que


pretende ser taxativo raramente enuncia todas as hipóteses
vinculadas a sua razão de existir, pois a realidade, normalmente,
supera a ficção, e a concretude torna letra morta o exercício de
abstração inicialmente realizado pelo legislador". Por outro lado,
“uma interpretação extensiva ou analógica mostra-se igualmente
ineficaz”.

Portanto, decidiu-se pela TAXATIVIDADE MITIGADA, ou seja, o rol é


taxativo, apenas aquelas hipóteses previstas no art. 1.015 podem ser
atacadas por meio de agravo de instrumento. Porém, caso haja
alguma outra hipóteses não prevista no art. 1.015, mas que em razão
da urgência, seja imprescindível decidi-la agora, tornando-se
absolutamente inócua sua arguição posterior, é possível interpor
agravo de instrumento, com fundamento na taxatividade mitigada.

Esse entendimento igualmente foi a tese adotada no Tema n. 988 de


recursos repetitivos: “O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade

76
mitigada, por isso admite a interposição de agravo de instrumento
quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do
julgamento da questão no recurso de apelação.”

Veja, é diferente de tentar encaixar hipótese dentro do artigo. Não


são hipóteses. São situações analisadas caso a caso, dentro de cada
particularidade. Leia a decisão do recurso Especial n. 1.704.520:

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/document
o/mediado/?componente=ITA&
sequencial=1731786&num_registro=201702719246
&data=20181219&formato=PDF

O mesmo entendimento se verifica consolidado no Informativo n.


639 do Superior Tribunal de Justiça. Portanto, fica assentada a tese
da taxatividade mitigada. Para toda decisão interlocutória com
previsão no art. 1.015 deve-se ingressar com agravo de instrumento,
invocando o respectivo inciso ou parágrafo único, sob pena de
preclusão. Para aquelas hipóteses cuja urgência não justifique
arguição posterior, deve-se interpor agravo de instrumento
invocando a tese da taxatividade mitigada, justificando a situação.

E, por fim, para todas as decisões interlocutórias que não têm


previsão no art. 1.015, tampouco justificam a taxatividade mitigada,
deve-se aguardar o trâmite normal do processo e, se for o caso,
arguir em preliminar do Recurso de Apelação, em razão da ausência
de preclusão das decisões interlocutórias.

77
OBSERVAÇÃO 1: Para essas decisões interlocutórias que não estão
inseridas no art. 1.015, tampouco guardam um apelo urgente a
justificar a interposição de Agravo de Instrumento pela Teoria da
Taxatividade Mitigada, o seu questionamento poderá ser realizado
tanto pelo Apelante, na preliminar de seu recurso de Apelação,
quanto pelo Apelado, nas suas contrarrazões.

OBSERVAÇÃO 2: Para as decisões agraváveis imediatamente, por


via do Agravo de Instrumento, deve-se comprovar,
IMPRETERIVELMENTE:

Dessa forma, deve-se comprovar no Agravo de Instrumento:

a) a hipótese de incidência de um dos incisos do art. 1.015 do


CPC; ou
b) se for o caso de hipótese sem previsão no art. 1.015 mas que
se tornaria inócuo seu questionamento quando de eventual
Recurso de Apelação, ao final, deve-se justificar a teoria da
taxatividade mitigada ao caso.

Contemporaneamente e, a partir da fixação do entendimento da


teoria da taxatividade mitigada, QUESTIONA-SE SUA
APLICABILIDADE EM OUTRAS HIPÓTESES, como o caso de caber ou
não Agravo de Instrumento de decisões interlocutórias proferidas no
curso de ações de recuperação judicial e falência. Esse é o Tema
Repetitivo n. 1.022 do Superior Tribunal de Justiça, exarado pela
Proposta de Afetação no Recurso Especial n. 1.717.213, incluído em
pauta de julgamento em 28/10/2020.

Nesse caso, o curioso é que a doutrina entende que CABE SIM Agravo
de Instrumento das decisões proferidas em recuperação judicial e

78
falência. Mas não em razão da previsão dos incisos do art. 1015 ou da
aplicação da taxatividade mitigada.

Cabe Agravo de Instrumento porque a hipótese se enquadra no


parágrafo único do art. 1.015 do CPC, ou seja, a decisão proferida nas
ações de recuperação judicial ou falência são decisões que encerram
o procedimento e das quais geralmente não se recorrem.

Por isso mesmo o parágrafo único do art. 1.015 determina que


também cabe Agravo de Instrumento das decisões proferidas em
liquidação de sentença, cumprimento e impugnação ao
cumprimento de sentença, bem como das decisões proferidas em
processo de execução.

3. EFEITOS: efeitos básicos: a) efeito devolutivo (para o próprio


juiz que proferiu a decisão), b) efeito translativo (possibilidade do juiz
conhecer de ofício matérias de ordem pública, ainda que não
impugnadas); c) efeito impeditivo (impede a formação da coisa
julgada enquanto se recorre); d) efeito substitutivo (a decisão
originada pelo julgamento do recurso substitui a decisão anterior –
impugnada).

ATENÇÃO: Embora o recurso de agravo de


instrumento seja, a princípio, desprovido do
EFEITO SUSPENSIVO (ou seja, não possui efeito
suspensivo ex lege), que impediria a eficácia da
decisão, o recorrente pode requerer que o relator,
ao recebê-lo, atribua-lhe efeito suspensivo (efeito
suspensivo ope judis) ou deferir, em antecipação
de tutela, total ou parcialmente, a pretensão
recursal, o chamado “efeito ativo” (art. 1.019, I, CPC).

79
4. TEMPESTIVIDADE: nos termos do art. 1.003, parágrafo 5º do
CPC, o prazo para interposição do Agravo de Instrumento é de 15 dias
úteis contados da intimação da decisão, o qual poderá ser em dobro
nas hipóteses dos arts. 180, 183 e 229 do CPC.

ATENÇÃO: Aplica-se à Apelação o art. 229 do CPC


que determina a prerrogativa de prazo em dobro
no caso de litisconsortes com diferentes
procuradores, de escritórios diferentes e em autos
físicos. Para autos eletrônicos não incide tal
prerrogativa.

5. PREPARO: de acordo com o art. 1.007 do CPC o Agravo de


Instrumento está sujeita ao preparo.

OBSERVAÇÃO 1: Nos termos do parágrafo 1º do art. 1.007 do CPC,


estão dispensados do preparo inclusive porte de remessa e de
retorno (em autos físicos – art. 1.007, parágrafo 3º), os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal,
pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que
gozam de isenção legal.

OBSERVAÇÃO 2: A ausência ou insuficiência do preparo é um vício


de admissibilidade sanável, cabendo ao juízo ad quem intimar o
Agravante para recolhimento em dobro (no caso de ausência) ou
complementação (no caso de insuficiência), nos termos dos
parágrafos 2º e 4º do art. 1.007 do CPC.

80
6. PROCEDIMENTO: O Agravo de Instrumento deverá ser
proposto em petição escrita, diretamente para o Tribunal (juízo ad
quem). Será protocolado no Tribunal apenas o Agravo, o processo
permanece no juízo de origem.

A petição deve conter o nome e qualificação das partes, a exposição


do fato e do direito, as razões da reforma da decisão interlocutória e
o nome e endereço dos advogados do processo (art. 1.016 do CPC).

Além disso, SE FOREM AUTOS FÍSICOS (art. 1.017, parágrafo 5º), o


Agravo deverá ser instruído com peças obrigatórias: petição inicial,
contestação, petição da decisão agravada, decisão agravada,
intimação da decisão agravada e procurações dos advogados das
partes (art. 1.017, I do CPC), tendo que justificar a ausência de
eventuais peças. Além disso, podem ser juntadas peças facultativas,
a critério do Agravante (art. 1.017, III do CPC).

ATENÇÃO: Ainda em se tratando de AUTOS FÍSICOS,


cumpre ao Agravante, nos 3 dias subsequentes à
interposição do Agravo de Instrumento, peticionar
ao juízo a quo (juízo de 1º grau) informando que
interpôs Agravo de Instrumento e juntando,
inclusive, uma cópia do recurso (art. 1.018 do CPC).
Tal regramento objetiva a possibilidade do juiz de
origem reconsiderar sua decisão interlocutória (art.
1.019 do CPC). Contra essa decisão monocrática
caberá Agravo Interno.

81
Protocolado o Agravo de Instrumento e distribuído para uma das
Câmaras Cíveis, o relator recebe o recurso e, se não for o caso de
decidir nos termos do art. 932, incisos III e V, realiza o exame de
admissibilidade. Em 5 dias, intima o Agravado para querendo,
oferecer contrarrazões. Após, o relator solicita dia para julgamento
colegiado em prazo não superior a 1 mês da intimação do Agravado
(art. 1.020 do CPC).

O resultado do julgamento é o acórdão, proferido por decisão


colegiada do tribunal.

ATENÇÃO: Não é cabível Agravo de


Instrumento na modalidade adesiva (art. 997
do CPC).

QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO:

1. (XXII EOAB) Carlos ajuizou, em 18/03/2016, ação contra o Banco


Sucesso, pelo procedimento comum, pretendendo a revisão de
determinadas cláusulas de um contrato de abertura de crédito.

Após a apresentação de contestação e réplica, iniciou-se a fase de


produção de provas, tendo o Banco Sucesso requerido a produção de
prova pericial para demonstrar a ausência de abusividade dos juros
remuneratórios. A prova foi indeferida e o pedido foi julgado

82
procedente para revisar o contrato e limitar a cobrança de tais juros.
Sobre a posição do Banco Sucesso, assinale a afirmativa correta.

a) Ele deve permanecer inerte em relação à decisão de


indeferimento de produção de prova, mas poderá rediscutir a
questão em preliminar de apelação.

b) Ele deve interpor recurso de agravo de instrumento


contra a decisão que indeferiu a produção de prova. Não o tendo
feito, a questão está preclusa e não admite rediscussão.

c) Ele deve apresentar petição de protesto contra a decisão


que indeferiu a produção de prova, evitando-se a preclusão, com
o objetivo de rediscuti-la em apelação.

d) Ele deve interpor recurso de agravo retido contra a


decisão que indeferiu a produção de prova, evitando-se a
preclusão, com o objetivo de rediscuti-la em apelação.

2. Analise as proposições abaixo, a respeito dos recursos.

I. É recebida apenas no efeito devolutivo a apelação interposta


contra a sentença que confirma a antecipação dos efeitos da tutela.

II. Das decisões interlocutórias proferidas em audiência cabe


agravo retido, o qual deve ser interposto oralmente ou por escrito,
dele devendo o Tribunal conhecer, por ocasião do julgamento do
recurso de apelação, independentemente de requerimento nesse
sentido.

83
III. O agravo de instrumento será dirigido ao juiz que proferiu a
decisão recorrida, o qual, depois de analisar os requisitos para sua
admissibilidade, remeterá o recurso ao Tribunal.

IV. Os embargos de declaração suspendem o prazo para a


interposição de outros recursos apenas para a parte que houver
interposto o recurso. De acordo com o Código de Processo Civil, é
correto o que se afirma APENAS em:

a) I e IV

b) apenas I

c) Apenas II

d) II e IV

e) II e III

MODELO DE PEÇA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

1ª folha: FOLHA DE INTERPOSIÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE

84
DO TRIBUNAL ...

Processo de Origem: nº XXXXXXXXXX

Espécie: Ação de XXXXXXXX

Agravante: XXXXXXXXX

Advogado: XXXXXXXXX

Agravado: XXXXXXXXX

Advogado: XXXXXXXX

AGRAVANTE...., qualificação completa, representado por seu


advogado (qualificação, não se conformando com decisão
interlocutória de fls., (mov....) do Douto Juízo de Direito da Vara... da
Comarca ... proferida nos autos da ação ... vem, nos termos do art. 1.015,
inciso ....., do CPC, interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO...com pedido
de antecipação de tutela (efeito ativo), ou efeito suspensivo,
observando-se o rito previsto nos artigos 1.019 e 1.020 do CPC.

Requer a juntada das guias de preparo nos termos do art. .... e das
seguintes peças...

Informa que o subscritor desta tem escritório ..... (endereço do


advogado)

85
Requer seja o recurso recebido, conhecido e provido para o fim de...

Termos em que pede deferimento

Local, data

Advogado

OAB

2ª folha em diante: RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...

Processo de Origem: nº XXXXXXXXXX

Espécie: Ação de XXXXXXXX

Agravante: XXXXXXXXX

Advogado: XXXXXXXXX

Agravado: XXXXXXXXX

Advogado: XXXXXXXX

86
Cumprimentos à Câmara

1. BREVE RELATO

O agravante propôs ...

O digníssimo juízo ...

2. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

Cabimento

Legitimidade

Preparo

Tempestividade

3. DA DECISÃO RECORRIDA

Às fls... foi proferida pelo MM Juízo a seguinte decisão...

4. DAS RAZÕES DO INCONFORMISMO

Embasamento legal e razões

5. DO PEDIDO

87
Conhecimento do recurso...

Deferimento da antecipação de tutela ou efeito suspensivo

Intimação da agravada

Provimento do recurso para o fim de ....

Termos em que pede deferimento

Local, data

Advogado

OAB

AGRAVO INTERNO

1. CONCEITO: recurso para atacar as decisões monocráticas do


Tribunal. Em regra, as decisões dos tribunais são tomadas de forma
colegiada, mas em determinadas situações, o relator pode tomar
decisões monocraticamente, ou seja, de forma isolada.

88
ATENÇÃO: O Agravo Interno é regulamentado
apenas no art. 1.021, mas pode ter regulamentação
nos Regimentos Internos dos Tribunais.

2. CABIMENTO: nos termos do art. 1.021, aliado ao disposto no art.


932, IV do CPC, caberá agravo interno contra:

a) decisão que nega seguimento ao recurso de Apelação ou


Agravo de Instrumento por faltar algum requisito de
admissibilidade;
b) decisão que nega efeito suspensivo solicitado;
c) decisão que nega provimento a recurso que for contrário à
súmula do STJ ou STF ou do próprio tribunal, acórdão proferido
pelo STJ ou STF em recursos repetitivos, ou ainda, contrário à
entendimento firmado em Incidente de Resolução de
Demandas Repetitivas ou Assunção de Competência.

OBSERVAÇÃO 1: Note que a redação do art. 1.021 não elenca todas


as hipóteses de cabimento do Agravo Interno. Apenas diz “caberá
agravo interno contra decisão proferida pelo relator, para o mesmo
órgão colegiado...”.

OBSERVAÇÃO 2: Nos termos do Enunciado n. 464 do Fórum


Permanente de Processualistas Civis, o Agravo Interno pode ser
utilizado perante as Turmas Recursais dos Juizados Especiais: “A
decisão unipessoal (monocrática) do relator em Turma Recursal é
impugnável por agravo interno”.

89
3. EFEITOS: efeitos básicos: a) efeito devolutivo (para o próprio
juiz que proferiu a decisão), b) efeito translativo (possibilidade do juiz
conhecer de ofício matérias de ordem pública, ainda que não
impugnadas); c) efeito impeditivo (impede a formação da coisa
julgada enquanto se recorre); d) efeito substitutivo (a decisão
originada pelo julgamento do recurso substitui a decisão anterior –
impugnada).

4. TEMPESTIVIDADE: nos termos do art. 1.003, parágrafo 5º do


CPC, o prazo para interposição do Agravo de Instrumento é de 15 dias
úteis contados da intimação da decisão, o qual poderá ser em dobro
nas hipóteses dos arts. 180, 183 e 229 do CPC.

ATENÇÃO: Aplica-se à Apelação o art. 229 do CPC


que determina a prerrogativa de prazo em dobro
no caso de litisconsortes com diferentes
procuradores, de escritórios diferentes e em autos
físicos. Para autos eletrônicos não incide tal
prerrogativa.

5. PREPARO: de acordo com o art. 1.023 do CPC o Agravo Interno


não se sujeita ao preparo.

6. PROCEDIMENTO: O Agravo Interno deverá ser protocolado


dentro dos autos, no próprio processo, por isso seu nome “Interno”.
Deve ser dirigido ao próprio relator que proferiu a decisão
monocrática da qual se quer recorrer, com impugnação especificada
dos fundamentos da decisão agravada.

90
O relator, recebendo o Agravo Interno intimará o Agravado para,
querendo, oferecer contrarrazões ao Agravo em 15 dias uteis. O
relator poderá retratar-se da decisão, caso contrário, deverá levar o
Agravo Interno para julgamento pelo colegiado com inclusão em
pauta.

Fica vedado ao relator, ao julgar improcedente o agravo, limitar-se à


reprodução dos fundamentos da decisão agravada.

Em julgamento colegiado, o Agravo Interno será admitido ou


inadmitido e poderá ser provido ou não, o que influenciará aquela
Apelação ou aquele Agravo de Instrumento que eventualmente não
foram conhecidos ou tiveram seu seguimento negado pela decisão
monocrática do relator, da qual se agravou.

ATENÇÃO: AGRAVO INTERNO INADMISSÍVEL OU


IMPROCEDENTE EM JULGAMENTO UNÂNIME: Nos
termos dos parágrafos 4º e 5º do art. 1.021 do CPC,
quando o Agravo Interno for declarado
manifestamente inadmissível ou improcedente em
votação unânime, o órgão colegiado, em decisão
fundamentada, condenará o agravante a pagar ao
agravado MULTA fixada entre 1% e 5% do valor
atualizado da causa, ficando condicionada a
interposição de qualquer outro recurso ao depósito
do valor respectivo, exceto no caso da Fazenda
Pública e do beneficiário da justiça gratuita, que
poderão recolhê-la no final (art. 1.021, § 5º do CPC).

91
QUESTÃO PARA FIXAÇÃO

1. (XXIV EOAB) O advogado Jonas interpôs Recurso Especial contra


acórdão do Tribunal de Justiça do Estado X.

Ocorre que, no corrente ano, a Vice-Presidência/Presidência do


referido Tribunal negou seguimento ao recurso interposto,
afirmando que o acórdão recorrido se encontra no mesmo sentido
de precedente do STJ, julgado sob o rito dos recursos repetitivos.

Nessa hipótese, caso deseje impugnar a referida decisão, o advogado


deverá interpor

a) Agravo de Instrumento, direcionado ao Ministro Presidente do


STJ.

b) Agravo em Recurso Especial, direcionado ao Ministro Presidente


do STJ.

c) Agravo em Recurso Especial, direcionado ao Vice- Presidente do


Tribunal de Justiça do Estado X.

d) Agravo Interno, direcionado ao órgão colegiado competente


para revisar as decisões do Presidente/Vice-Presidente do
Tribunal de Justiça.

MODELO DE PEÇA DO AGRAVO INTERNO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

92
______________, RELATOR DA APELAÇÃO CÍVEL Nº _____________, EM
TRÂMITE NA ____ª CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE.....

Autos n. ........

Fulano de Tal, já qualificado nos Autos da Ação ........., em

que contende com Beltrano de Tal, igualmente já qualificado nos


autos em epígrafe, vem, por seu advogado que esta subscreve, com
fundamento no art.

1.021 interpor

AGRAVO INTERNO

Em face da decisão de fls. (mov...) que indeferiu/concedeu etc.,


requerendo desde já a retratação nos termos do art. 1.021, parágrafo
2º do CPC, haja vista que ..... (explicar a razão).

Caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer a


intimação do Agravado para, querendo, oferecer contrarrazões,
sendo conduzido a julgamento pelo órgão colegiado, com a
respectiva inclusão em pauta.

Termos em que pede e espera deferimento.

Local, data.

93
Assinatura do advogado/ OAB.

RECURSO ORDINÁRIO

1. CONCEITO: recurso previsto no art. 1.027 e 1.028 do CPC, com


remissão aos dispositivos dos arts. 102 e 105 da Constituição Federal
e, por essa razão também recebe o nome de “Recurso Ordinário
Constitucional”. Tem aplicabilidade nas decisões geralmente
proferidas em única instância pelos tribunais de segundo grau (ou
seja, ações que já começam no segundo grau – competência
originária do segundo grau) ou decidas em última instancia pelo
segundo grau, quando denegadas.

NÃO é o mesmo Recurso Ordinário lá da Justiça do Trabalho! Fique


ligado!

ATENÇÃO: A expressão “decisão denegatória”


deve ser compreendida como aquela decisão
desfavorável ao autor, independentemente se de
conteúdo material ou processual (Cássio
Scarpinella Bueno, Manual de Direito Processual
Civil, São Paulo: Saraiva, 2019, p. 637).

2. CABIMENTO: As hipóteses de cabimento tem previsão nos arts.


102, inciso II e 105, inciso II, da Constituição Federal.

Art. 102, inciso II – compete ao STF julgar, em recurso ordinário:

94
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data
e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

c) o crime político.

Art. 105, inciso II – compete ao Superior Tribunal de Justiça


julgar, em recurso ordinário:

a) os habeas corpus decididos em única ou última instância


pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância


pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória
a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou


organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município
ou pessoa residente ou domiciliada no País.

OBSERVAÇÃO 1: No caso de Recurso Ordinário contra decisão


envolvendo, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo
internacional e, de outro, um município ou pessoa residente no País,
sendo a decisão uma sentença, proferida pelo Juízo Federal (pois
essa modalidade de ação é de competência da Justiça Federal – art.
109 da Constituição Federal), caberá Recurso Ordinário ao STJ.

95
Porém, nessa mesma situação, sendo a decisão uma decisão
interlocutória, caberá Agravo de Instrumento para o STJ.

OBSERVAÇÃO 2: Se um Recurso Ordinário é interposto no STJ contra


decisão de Tribunal de Justiça que julgou Habeas Corpus, por
exemplo, não cabe outro Recurso Ordinário ao STF da decisão que
denegou o primeiro Recurso Ordinário. Ou seja, não cabe Recurso
Ordinário de Recurso Ordinário.

3. EFEITOS: efeitos básicos: a) efeito devolutivo (para o próprio


juiz que proferiu a decisão), b) efeito translativo (possibilidade do juiz
conhecer de ofício matérias de ordem pública, ainda que não
impugnadas); c) efeito impeditivo (impede a formação da coisa
julgada enquanto se recorre); d) efeito substitutivo (a decisão
originada pelo julgamento do recurso substitui a decisão anterior –
impugnada).

ATENÇÃO: Muito se discute na doutrina acerca


do EFEITO SUSPENSIVO do Recurso Ordinário.

No CPC/73 muito se utilizava o processo cautelar (haja vista que no


CPC/73 existiam 3 tipos processuais, um deles o cautelar) para obter
efeito suspensivo no Recurso Ordinário e em outros recursos
endereçados aos Tribunais Superiores.

Com o CPC/15, não há mais processo cautelar e tal efeito suspensivo


não pode ser requerido nem por “medida cautelar” do art. 305 e

96
seguintes do CPC. Ocorre que por ausência de previsão legal nos arts.
1.027 e 1.028 do CPC a doutrina diverge no sentido da atribuição ou
não de efeito suspensivo ao Recurso Ordinário. Fredie Didier Jr e
Leonardo da Cunha, bem como Daniel Amorim Assumpção Neves
defendem que o art. 1.012 do CPC (efeito suspensivo ex lege da
Apelação) aplica-se à Apelação, não se estendendo ao Recurso
Ordinário, por ser regra excepcional, devendo, portanto, ser
interpretada restritivamente. Em sentido contrário e, portanto,
defendendo a existência de efeito suspensivo ao Recurso Ordinário
estão Teresa Arruda Alvim e Alexandre Freitas Câmara.

4. TEMPESTIVIDADE: nos termos do art. 1.003, parágrafo 5º do


CPC, o prazo para interposição do Recurso Ordinário é de 15 dias úteis
contados da intimação da decisão (em audiência, se prolatada; ou
por mandado, se proferida), o qual poderá ser em dobro nas
hipóteses dos arts. 180, 183 e 229 do CPC.

ATENÇÃO: O prazo do Recurso Ordinário é de 15


dias uteis. Porém, na hipótese do art. 105, inciso II,
alínea “a”, da CF/88 (Habeas Corpus decididos em
única ou última instância pelos tribunais de
segundo grau, quando denegatória sua decisão) o
prazo será de 5 DIAS, dada a regra do art. 30 da Lei
n. 8.038/90, que não foi revogado pelo CPC/15.

5. PREPARO: de acordo com o art. 1.007 do CPC o Recurso


Ordinário está sujeito ao preparo.

97
OBSERVAÇÃO 1: Nos termos do parágrafo 1º do art. 1.007 do CPC,
estão dispensados do preparo inclusive porte de remessa e de
retorno (em autos físicos – art. 1.007, parágrafo 3º), os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal,
pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que
gozam de isenção legal.

OBSERVAÇÃO 2: A ausência ou insuficiência do preparo é um vício


de admissibilidade sanável, cabendo ao juízo ad quem intimar o
Recorrente para recolhimento em dobro (no caso de ausência) ou
complementação (no caso de insuficiência), nos termos dos
parágrafos 2º e 4º do art. 1.007 do CPC.

OBSERVAÇÃO 3: Nos casos de Habeas Corpus e Habeas Data, em que


há gratuidade das ações por disposição constitucional (art. 5º, inciso
LXXVII da CF/88) NÃO haverá recolhimento de preparo.

6. PROCEDIMENTO: O Recurso Ordinário deverá ser proposto em


petição escrita, da seguinte forma:

A primeira folha da peça, denominada folha de rosto ou folha de


interposição, deverá ser endereçada ao juízo que proferiu a decisão
(juízo a quo), que intimará o recorrido para, querendo, oferecer
contrarrazões (art. 1.028, parágrafo 2º do CPC). Note que o juízo a quo
NÃO faz exame de admissibilidade, apenas recebe o Recurso
Ordinário, intima a parte contrária para oferecimento das
contrarrazões, remetendo tudo ao juízo ad quem.

No juízo ad quem, o Recurso Ordinário será distribuído para uma


Turma, e o relator realizará o exame de admissibilidade. Conhecendo
o recurso, passará a análise das razões recursais (segunda folha em

98
diante da peça) que deverá expor os motivos da necessidade de
reforma da decisão denegatória, requerendo-se, ao final, que o
recurso seja conhecido e provido. Após a elaboração do voto pelo
relator, o Recurso Ordinário será incluído em pauta para julgamento,
nos termos do disposto no Regimento Interno do STJ e STF.

ATENÇÃO: Não há previsão legal de Recurso


Ordinário na modalidade adesiva!

MODELO DE PEÇA DE RECURSO ORDINÁRIO

1ª FOLHA: PEÇA DE INTERPOSIÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE

DO TRIBUNAL XXXXX

99
FULANO de TAL, já qualificado nos autos da Ação

Tal, processo em epígrafe, que move em face de (ou que lhe move)
BELTRANO de TAL (apelado), também já qualificado nos autos, vem,
por via de seu procurador que esta subscreve, não se conformando
com a decisão denegatória proferida às fl... (mov. ...), interpor o
presente RECURSO ORDINÁRIO, com base nos arts. 102, inciso II, “a”,
da CF/88 e art. 1027, inciso II, “a”, do CPC (ou outra hipótese,
dependendo do caso), requerendo, na oportunidade, que o recorrido
seja intimado para, querendo, ofereça as contrarrazões e, ato
contínuo, sejam os autos, com as razões anexas, remetidos ao
Egrégio Superior Tribunal de Justiça para os fins de mister.

Termos em que pede deferimento.

Local e data.

Advogado

OAB.....

2ª FOLHA: RAZÕES RECURSAIS

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (ou STF)

100
Recorrente: Fulano

Recrrido: Beltrano

Origem: processo nº XXXXXXXXXX

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA TURMA.

Eméritos Ministros,

I – DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS

1.1 Da tempestividade (provar feriados locais)

1.2 Do preparo (salvo se HC ou HD que são gratuitos)

1.3 Do cabimento (art. 102, II e 105, II da CF c/c art. 1.027 e 1.028


do CPC)

1.4 Da Legitimidade

II – BREVE RELATO

III – DAS RAZÕES RECURSAIS

101
Expor os fundamentos da reforma da decisão denegatória

IV – REQUERIMENTO

Diante do exposto, o Recorrente requer que o presente


Recurso Ordinário seja CONHECIDO e, quando de seu
julgamento, seja totalmente PROVIDO para reformar ....

Termos em que pede deferimento.

Local e data

Advogado

OAB...

RECUROS ESPECIAL e EXTRAORDINÁRIO

1. CONCEITO: Recurso Especial e Extraordinário muito embora


tenham hipóteses de cabimento distintas são recursos bastante
parecidos. Utilizados contra decisões proferidas em última ou única
instância (o Recurso especial exige que seja decisão proferia por
Tribunal, já o Recurso Extraordinário não) com a finalidade de
analisar questões de direito, adequando a decisão judicial à norma
jurídica.

102
Não são recursos de reapreciação de matéria fática (Súmulas 7/STJ e
Súmula 279/STF), exigem o esgotamento das vias ordinárias e
possuem alguns requisitos de admissibilidade específicos como o
prequestionamento (para ambos os recursos) e a repercussão geral
(para o Recurso Extraordinário)

PARA CONHECIMENTO: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi


criado pela Constituição Federal de 1988, é composto por 33 ministros
e subdividido em Turmas e Seções. O STJ possui 3 sessões
especializadas que julgam mandados de segurança, reclamações e
conflitos de competência. Elas também são responsáveis pelo
julgamento dos recursos repetitivos. Cada Seção reúne ministros de
duas Turmas, também especializadas. As Seções são compostas por
dez ministros e as Turmas por cinco ministros cada.

Nas Turmas são julgados os recursos especiais sem caráter repetitivo,


habeas corpus criminais, recursos em habeas corpus, recursos em
mandado de segurança, entre outros tipos de processo. A Corte
Especial é composta pelos 15 ministros mais antigos do Tribunal e
julga as ações penais contra governadores e outras autoridades. A
Corte também é responsável por decidir recursos quando há
interpretação divergente entre os órgãos especializados do Tribunal.
Já o Plenário é composto por todos os ministros do STJ.

Os magistrados convocados não participam de suas reuniões. O


órgão possui competência administrativa: elege membros para os
cargos diretivos e de representação, vota mudanças no regimento e
elabora listas tríplices de indicados a compor o tribunal.

O Supremo Tribunal Federal (STF) é composto por 11 ministros e


subdividido em duas Turmas. Cada uma das duas Turmas é

103
constituída por cinco Ministros e presidida pelo mais antigo dentre
seus membros, por um período de um ano, vedada a recondução, até
que todos os seus integrantes hajam exercido a Presidência,
observada a ordem decrescente de antiguidade (art. 4º, § 1º, do
RISTF/1980). Também conta com a formação do Tribunal Pleno para
julgamento de algumas demandas.

O Presidente do Supremo Tribunal Federal é também o Presidente


do Conselho Nacional de Justiça (art. 103-B, inciso I, da CF/1988, com
a redação dada pela EC 61/2009).

2. CABIMENTO: As hipóteses de cabimento do Recurso Especial


e do Recurso Extraordinário estão previstas na Constituição Federal.

◼ RECURSO ESPECIAL: Nos termos do art. 105, inciso III, da


Constituição Federal, compete ao Superior Tribunal de Justiça
julgar em sede de Recurso Especial, as causas decididas em
única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
ou Tribunais dos Estados e territórios, quando a decisão
recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em
face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente
da que lhe haja atribuído outro tribunal

104
ATENÇÃO: Na alínea “c”, do inciso III do art. 105 da
CF/88, a divergência deve ser externa, pois se for
divergência interna não caberá Recurso Especial.
Eis o teor da Súmula n. 13/STJ: “A divergência entre
julgados do mesmo Tribunal não enseja recurso
especial”.

◼ RECURSO EXTRAORDINÁRIO: Nos termos do art. 102, inciso III,


da Constituição Federal, compete ao Supremo Tribunal Federal
julgar em sede de Recurso Extraordinário, as causas decididas
em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta
Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou
lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada
em face de lei federal.

OBSERVAÇÃO 1: Para manejo do Recurso Extraordinário não é


necessário que a decisão recorrida seja oriunda de Tribunal e,
portanto, é cabível Recurso Extraordinário contra a decisão proferida
pelas Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis (2º grau dos
Juizados Especiais). Já para utilização do Recurso Especial é exigido
que a decisão seja oriunda de Tribunal e, portanto, não cabe Recurso
Especial no âmbito dos Juizados Especiais.

105
OBSERVAÇÃO 2: A unicidade da jurisprudência e a conformação das
decisões judiciais com a norma jurídica é tão relevante que o
Enunciado n. 604 do Fórum Permanente de Processualistas Civis
determina que: “É cabível recurso especial ou extraordinário ainda
que tenha ocorrido a desistência ou abandono da causa que deu
origem ao incidente”.

4. EFEITOS: efeitos básicos: a) efeito devolutivo (para o próprio


juiz que proferiu a decisão), b) efeito translativo (possibilidade do juiz
conhecer de ofício matérias de ordem pública, ainda que não
impugnadas); c) efeito impeditivo (impede a formação da coisa
julgada enquanto se recorre); d) efeito substitutivo (a decisão
originada pelo julgamento do recurso substitui a decisão anterior –
impugnada).

NÃO há efeito suspensivo ex lege, mas a parte poderá requerer na


modalidade ope judis.

OBSERVAÇÃO 1: sobre o EFEITO SUSPENSIVO, nos termos do art.


1.029, parágrafo 5º do CPC, o pedido de concessão de efeito
suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser
formulado por requerimento dirigido: I – ao tribunal superior
respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão
de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator
designado para seu exame prevento para julgá-lo; II - ao relator, se já
distribuído o recurso; III – ao presidente ou ao vice-presidente do
tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do
recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim
como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art.
1.037.

106
5. TEMPESTIVIDADE: nos termos do art. 1.003, parágrafo 5º do
CPC, o prazo para interposição do Recurso Especial e do Recurso
Extraordinário é de 15 dias úteis contados da intimação da decisão, o
qual poderá ser em dobro nas hipóteses dos arts. 180, 183 e 229 do
CPC.

OBSERVAÇÃO 1: Aplica-se ao Recurso Especial e Extraordinário o art.


229 do CPC que determina a prerrogativa de prazo em dobro no caso
de litisconsortes com diferentes procuradores, de escritórios
diferentes e em autos físicos. Para autos eletrônicos não incide tal
prerrogativa.

OBSERVAÇÃO 2: É possível que a mesma decisão recorrida viole


alguma disposição do art. 102, inciso III e, ao mesmo tempo uma
disposição do art. 105, inciso III, caso em que caberá simultaneamente
um Recurso Especial e um Recurso Extraordinário contra a mesma
decisão e ambos no prazo de 15 dias.

Nesse caso, os autos serão remetidos ao STJ para julgamento do


recurso especial primeiro e, posteriormente para o STF para
julgamento do recurso extraordinário (art. 1.031 do CPC).

6. PREPARO: de acordo com o art. 1.007 do CPC tanto o Recurso


Especial quanto o Recurso Extraordinário estão sujeitos ao preparo.

OBSERVAÇÃO 1: Nos termos do parágrafo 1º do art. 1.007 do CPC,


estão dispensados do preparo inclusive porte de remessa e de
retorno (em autos físicos – art. 1.007, parágrafo 3º), os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal,
pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que
gozam de isenção legal.

107
OBSERVAÇÃO 2: A ausência ou insuficiência do preparo é um vício de
admissibilidade sanável, cabendo ao juízo ad quem intimar o
Recorrente para recolhimento em dobro (no caso de ausência) ou
complementação (no caso de insuficiência), nos termos dos
parágrafos 2º e 4º do art. 1.007 do CPC.

7. PROCEDIMENTO: Os Recursos Especial e Extraordinário serão


interpostos perante o Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal
recorrido (juízo a quo) em petições contendo: I - a exposição do fato
e do direito; II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão
recorrida.

Se o recurso se fundar em dissídio jurisprudencial, o Recorrente


deverá fazer a prova da divergência (art. 1.029, parágrafo 1º do CPC).

O juízo a quo intimará a parte contrária para, querendo, oferecer


contrarrazões. Após, o Presidente ou Vice-presidente do Tribunal fará
o primeiro exame de admissibilidade (exame de admissibilidade
provisório), podendo:

a) negar seguimento;
b) encaminhar os autos para juízo de retratação;
c) sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter
repetitivo ainda não decidida pelos tribunais superiores;
d) selecionar o recurso como representativo de controvérsia (o
que não vincula a escolha/seleção do STJ ou STF, que podem
escolher outros recursos representativos da controvérsia);
e) realizar o juízo de admissibilidade que, se positivo, remeterá os
autos ao STJ ou STF para julgamento (desde que não seja,

108
repetitivo, selecionado para julgamento da controvérsia ou
desde que não tenha havido juízo de retratação no juízo a quo).

Lembre-se que o juízo de admissibilidade


dos Recursos Especial e Extraordinário
devem preencher os requisitos gerais de
admissibilidade e também:

a) o PREQUESTIONAMENTO para ambos os recursos


(prequestionamento significa que o objeto do recurso especial
ou extraordinário já deve ter sido enfrentado na origem, por
isso, “pré questionado”. Caso não tenha sido ventilado pelo
tribunal é possível o manejo de embargos de declaração para
fins de prequestionar a matéria.

O CPC/15, em que pese a divergência entre o STJ e STF, adotou o


posicionamento do STF, qual seja o prequestionamento ficto,
previsto no art. 1.025 do CPC, segundo o qual, ainda que os embargos
de declaração opostos para suprir o prequestionamento sejam
inadmitidos os improcedentes, presume-se o prequestionamento da
matéria, preenchendo-se, assim, o requisito do prequestionamento
para interpor Recurso Especial ou Extraordinário;

b) a REPERCUSSÃO GERAL, apenas para o Recurso Extraordinário


(a repercussão geral foi inserida pela EC 45/2004 e significa que
o objeto do Recurso Extraordinário deve ter relevância jurídica,
política, social ou econômica, que transcenda a relação
intersubjetiva das partes.

109
Lembre-se, também, que diante de um juízo
negativo de admissibilidade, porém que seja o
vício passível de correção, deve o juízo a quo
intimar o requerente para sanar o vício. Somente
se não for corrigido após intimado para tal, aí
sim, o recurso será inadmitido.

Esse é o entendimento do CPC e também previsto no Enunciado n.


220 do fórum Permanente de Processualistas Civis: “O Supremo
Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça inadmitirá o
recurso extraordinário ou o recurso especial quando o recorrente não
sanar o vício formal de cuja falta foi intimado para corrigir”.

No caso juízo positivo de admissibilidade, remetendo-se os autos


para os tribunais Superiores, o Recurso especial ou extraordinário
passará por novo exame de admissibilidade (exame de
admissibilidade definitivo) e, se positivo, passará ao julgamento do
mérito, nos termos do Regimento Interno dos Tribunais Superiores.

OBSERVAÇÃO 1: Existindo sucumbência recíproca das partes, ou seja,


diante de uma sentença de procedência parcial, ambas as partes
podem interpor independentemente seus respectivos Recursos
Especial e/ou Extraordinário. No entanto, caso apenas uma das partes
interponha RE ou REsp, a outra será intimada para oferecer
contrarrazões e, nesse mesmo prazo das contrarrazões, poderá
interpor RE ou REsp de forma Adesiva. É o chamado “Recurso
Adesivo”, previsto no art. 997 do CPC, que, na realidade, não é mais
uma modalidade de recurso, e sim uma forma de se recorrer quando
houver sucumbência recíproca.

110
Mas CUIDADO: o Recurso Adesivo é subordinado ao recurso principal
e apenas cabível na Apelação, Recurso Especial e Recurso
Extraordinário.

OBSERVAÇÃO 2: Nos termos do art. 1.032, se o relator, no Superior


Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre
questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 dias para que o
recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se
manifeste sobre a questão constitucional.

Trata-se do “reenvio” do recurso para adequação com os requisitos


próprios do Recurso pertinente.

O tema já foi objeto do Enunciado n. 565 do Fórum Permanente de


Processualistas Civis: “Na hipótese de conversão de recurso
extraordinário em recurso especial ou vice-versa, após a
manifestação do recorrente, o recorrido será intimado para, no prazo
do caput do art. 1.032, complementar suas contrarrazões”. E no
Enunciado n. 566 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Na
hipótese de conversão do recurso extraordinário em recurso especial,
nos termos do art. 1.033, cabe ao relator conceder o prazo do caput
do art. 1.032 para que o recorrente adapte seu recurso e se manifeste
sobre a questão infraconstitucional”.

OBSERVAÇÃO 3: Os artigos 1.036 a 1.041 do Código de Processo Civil


tratam dos Recursos Especial e Extraordinário Repetitivos. Sempre
que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais
com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação
para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção,
observado o disposto no Regimento Interno dos Tribunais
Superiores. O juízo a quo selecionará 2 ou mais recursos

111
representativos da controvérsia, sobrestando os demais. Tal seleção,
não vincula os Tribunais Superiores, que poderão selecionar outros,
proferindo a respectiva decisão de afetação, identificando a questão
submetida a julgamento e determinando a suspensão do
processamento dos demais processos pendentes que versem sobre
a mesma questão.

Essa sistemática tem como objetivo concretizar os princípios da


celeridade na tramitação de processos, da isonomia de tratamento
às partes processuais e da segurança jurídica. O CPC/15 ressalta a
importância do precedente firmado pelos Tribunais Superiores no
julgamento de recursos repetitivos e prevê providências
administrativas relacionadas à divulgação e à publicidade desses
dados.

FIQUE ATUALIZADO:

Nossos Tribunais Superiores e uma boa porta dos tribunais estaduais


estão crescendo e investindo em tecnologia e INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL.

No STF, por exemplo, o robô Victor, implementado desde 2018, atua


na leitura dos Recursos Extraordinários que sobem para o STF, e
identifica quais estão vinculados a determinados temas de
repercussão geral. Igualmente realiza o exame de admissibilidade
recursal em 5 segundos (enquanto tal exame pela via humana
depende de pelo menos 45 minutos).

112
No STJ, circulam dois programas: o Programa Athos, que realiza o
agrupamento automático de recursos, dentre outras atividades, e o
Programa Sócrates 2.0 que faz a análise e triagem dos Recursos
Especiais e Extraordinários, pesquisa a jurisprudência aplicável ao
caso e preenche automaticamente os relatórios das decisões.

Em parceria com Universidade Federal do Rio Grande do Norte


(UFRN), o Tribunal de Justiça do estado criou três robôs: Clara,
Jerimum e Poti. Eles têm ajudado o estado a reduzir o acúmulo de
ações judiciais. Entre as agilidades proporcionadas pela tecnologia, o
robô Poti já está trabalhando para promover, automaticamente, a
penhora online de valores em contas bancárias de devedores.

Elis, a IA do Tribunal de Justiça de Pernambuco, viabiliza a triagem de


processos de execução fiscal. Uma responsabilidade referente a 53%
dos trâmites no estado. A implantação do uso de Inteligência Artificial
serve como recurso para combater a escassez de mão de obra, que
ocasiona um bloqueio para o andamento das ações processuais.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais também conta com auxílio de


robô. A leitura de processos, identificação do que é requerido e qual
o entendimento a ser aplicado no caso. Radar, como é chamado,
consegue identificar a qual tribunal pertence determinado
entendimento, se é do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Supremo
ou do próprio TJ-MG.

Em Rondônia também há um núcleo de desenvolvimento de


Inteligência Artificial. Criado em 2018, o núcleo desenvolveu o
Sinapse. A expectativa é que o robô reduza em até 60% o tempo gasto
com as tramitações no Estado.

113
O Tribunal de Justiça do Paraná na realização do evento “Innovation
Today” apresentou ao público as funcionalidades do robô Larry. De
acordo com ele, a integração do robô ao sistema Projudi deve ser
iniciada em agosto. Com isso, será possível auxiliar e otimizar o
trabalho dos Juízes paranaenses.

Outros cases da Incubadora de Soluções Tecnológicas de Londrina


foram apresentados no evento, como o Projeto Jarbas, a Central de
Mandados automatizada, a Minuta Expressa, as Ferramentas de
Similaridade e Auto Similaridade que, em breve, estarão à disposição
dos servidores da Justiça estadual.

QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO:

1. (XXIX EOAB) O Tribunal de Justiça do Estado X, em mandado de


segurança de sua competência originária, denegou a ordem em ação
dessa natureza impetrada por Flávio. Este, por seu advogado,
inconformado com a referida decisão, interpôs recurso especial.
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.

a) O Superior Tribunal de Justiça poderá conhecer do recurso


especial, por aplicação do princípio da fungibilidade recursal.

b) O recurso especial não é cabível na hipótese, eis que as decisões


denegatórias em mandados de segurança de competência
originária de Tribunais de Justiça somente podem ser
impugnadas por meio de recurso extraordinário.

114
c) As decisões denegatórias de mandados de segurança de
competência originária de Tribunais são irrecorríveis, razão pela
qual o recurso não deve ser conhecido.

d) O recurso especial não deve ser conhecido, na medida em que


o recurso ordinário é que se mostra cabível no caso em tela.

2. (XXVIII) Mariana ajuizou ação de cobrança em face do Banco


Racional S/A, para buscar a restituição de valores pagos a título de
“Tarifa de Manutenção de Conta”, cobrados durante o período em
que era titular de conta corrente perante tal Banco.

O juízo de primeiro grau, após a apresentação de contestação pelo


Banco Racional S/A, determinou que, em razão de o Superior Tribunal
de Justiça ter afetado para julgamento, sob o rito de “Recursos
Especiais Repetitivos”, a questão concernente à legalidade da “Tarifa
de Abertura de Conta”, o processo ajuizado por Mariana deveria ficar
suspenso até a publicação do acórdão paradigma.

Após ser intimado da decisão de suspensão, o(a) advogado(a) de


Mariana analisou o processo afetado para julgamento pelo STJ, e
entendeu que a questão debatida sob o rito de Recursos Repetitivos
não era a mesma debatida no processo ajuizado por Mariana, porque
discutia outra tarifa bancária. Diante disso, pretende insurgir-se
contra a suspensão do processo, para que ele volte a tramitar
regularmente.

Sobre o procedimento a ser adotado por Mariana, assinale a


afirmativa correta.

115
a) Deverá peticionar ao Superior Tribunal de Justiça,
demonstrando a distinção de seu caso e requerendo o
prosseguimento; caso seja negado o pedido, poderá interpor
Agravo Interno.

b) Deverá peticionar ao juízo de primeiro grau, demonstrando a


distinção de seu caso e requerendo o prosseguimento; caso
seja negado o pedido, poderá interpor Agravo de Instrumento.

c) Deverá impetrar Mandado de Segurança em face da decisão de


suspensão.

d) Deverá peticionar ao juízo de primeiro grau, demonstrando a


distinção de seu caso e requerendo o prosseguimento; caso seja
negado o pedido, poderá interpor Agravo Interno.

MODELO DE PEÇA DE RECURSO ESPECIAL e EXTRAORDINÁRIO

1ª folha: PEÇA DE INTERPOSIÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE DO ESTADO DE ........

Processo n.º ...........

116
FULANO DE TAL (qualificação), por seu advogado infra-assinado,
não se conformando com a decisão exarada no Acórdão de fls. ....,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos autos da
AÇÃO DE ............... que move em face de ......................., interpor
RECURSO ESPECIAL

(ou EXTRAORDINÁRIO), com fundamento nos artigos 1.029 e


seguintes do Código de Processo Civil, combinados com o artigo 105,
inciso III, alínea “.....” (ou 102, inciso III, alínea “...”se Recurso
Extraordinário) da Constituição Federal e com os artigos ........... do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça (ou do STF),
conforme as razões de fato e de direito abaixo, requerendo que se
digne de recebe-las, processá-las e remetê-las ao Superior Tribunal
de Justiça (ou ao STF, se Recurso Extraordinário), nos termos do
artigo 1.030 do Código de Processo Civil.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data

Advogado

OAB

117
2ª folha: RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL ou EXTRAORDINÁRIO

RECORRENTE: FULANO DE TAL

RECORRIDO: ........

TRIBUNAL DE ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE .........

RECURSO DE APELAÇÃO NÚMERO: .......

Egrégio Tribunal

Colenda Corte

Nobres Julgadores

I - DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS E DO DIREITO

II – DA DEMONSTRAÇÃO DO CABIMENTO DO RECURSO


INTERPOSTO

III – DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

Cabimento

118
Legitimidade

Preparo

Tempestividade

Regularidade formal

Prequestionamento

(* Repercussão geral para o Recurso Extraordinário)

IV – DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO


RECORRIDA

V – DO PEDIDO

Diante do exposto, o presente recurso extremo merece


conhecimento e provimento, o que se espera dos Eminentes
Ministros sobre os quais recairá a decisão sobre tão relevante questão
a fim de ......, julgando procedente o recurso e condenando o recorrido
nas custas, despesas e honorários advocatícios.

Termos em que pede deferimento.

Local, data

Advogado

OAB

119
AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL e
EXTRAORDINÁRIO

1. CONCEITO: recurso que tem como objetivo combater a


decisão da primeira admissibilidade (juízo de admissibilidade
provisório) que inadmite o Recurso Especial ou o Recurso
Extraordinário no juízo a quo.

Ou seja, busca-se fazer com que seja processado um recurso (RE ou


REsp) que teve seu segmento negado.

2. CABIMENTO: nos termos do art. 1.042, cabe agravo contra


decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido
que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo
quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime
de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos.

OBSERVAÇÃO 1: se a inadmissão do RE ou REsp é em razão de:


ausência dos pressupostos de admissibilidade (legitimidade,
cabimento, tempestividade, preparo, regularidade formal,
prequestionamento e, no caso do Recurso Extraordinário,
repercussão geral) caberá Agravo no RE ou no REsp (art. 1.042 do
CPC).

Se a inadmissão do RE ou REsp é em razão do Tribunal aplicar


entendimento firmado em repercussão geral ou recurso repetitivo,
caberá Agravo Interno (art. 1.021 do CPC) para diferenciar o caso
julgado do precedente aplicado.

120
O resultado desse Agravo Interno será um acórdão decidindo se o RE
ou REsp é ou não admissível. Esse acórdão será atacável por RE ou
REsp. Então, esse RE ou REsp tratará sobre a admissibilidade do
outro RE ou REsp, que foi negada no agravo interno. Dessa forma,
forma-se um ciclo, na medida em que esse segundo RE ou REsp, que
impugna o acórdão que negou a admissibilidade do primeiro RE ou
REsp, também será submetido ao juízo de admissibilidade do juízo a
quo, que poderá ser atacado por agravo interno e assim por diante.

OBSERVAÇÃO 2: Nos termos do Enunciado n. 77 do Conselho de


Justiça Federal, “para impugnar decisão que obsta trânsito a recurso
excepcional e que contenha simultaneamente fundamento
relacionado à sistemática dos recursos repetitivos ou da repercussão
geral (art. 1.030, I, do CPC) e fundamento relacionado à análise dos
pressupostos de admissibilidade recursais (art. 1.030, V, do CPC), a
parte sucumbente deve interpor, simultaneamente, agravo interno
(art. 1.021 do CPC) caso queira impugnar a parte relativa aos recursos
repetitivos ou repercussão geral e agravo em recurso
especial/extraordinário (art. 1.042 do CPC) caso queira impugnar a
parte relativa aos fundamentos de inadmissão por ausência dos
pressupostos recursais”.

OBSERVAÇÃO 3: Na hipótese de interposição simultânea de RE e


REsp contra uma mesma decisão proferida pelo Tribunal e, sendo
ambos os recursos inadmitidos, o Agravante deverá interpor um
agravo para cada recurso inadmitido (art. 1.042, parágrafo 6º do CPC).

3. EFEITOS: efeitos básicos: a) efeito devolutivo (para o próprio


juiz que proferiu a decisão), b) efeito translativo (possibilidade do juiz
conhecer de ofício matérias de ordem pública, ainda que não

121
impugnadas); c) efeito impeditivo (impede a formação da coisa
julgada enquanto se recorre); d) efeito substitutivo (a decisão
originada pelo julgamento do recurso substitui a decisão anterior –
impugnada).

NÃO HÁ EFEITO SUSPENSIVO!!!

4. TEMPESTIVIDADE: nos termos do art. 1.003, parágrafo 5º do


CPC, o prazo para interposição do Agravo Interno é de 15 dias úteis
contados da intimação da decisão, o qual poderá ser em dobro nas
hipóteses dos arts. 180, 183 e 229 do CPC.

ATENÇÃO: Aplica-se à Apelação o art. 229 do CPC


que determina a prerrogativa de prazo em dobro no
caso de litisconsortes com diferentes procuradores,
de escritórios diferentes e em autos físicos. Para
autos eletrônicos não incide tal prerrogativa.

5. PREPARO: nos termos do art. 1.042, parágrafo 2º do CPC, o


Agravo no RE ou REsp independe do pagamento de custas e
despesas postais.

NÃO ESTÃO SUJEITOS AO PREPARO!

6. PROCEDIMENTO: O Agravo no RE ou REsp deverá ser


interposto por petição dirigida ao Presidente ou Vice-presidente do

122
tribunal de origem, aplicando-se o mesmo regime da repercussão
geral e de recursos repetitivos.

Nos termos do Enunciado n. 225 do Fórum Permanente de


Processualistas Civis “o Agravo em recurso especial ou extraordinário
será interposto nos próprios autos”.

O Presidente ou Vice-presidente do Tribunal, sem exercer qualquer


juízo de admissibilidade, intimará a parte contrária para, querendo,
oferecer contrarrazões em 15 dias. Findo esse prazo é possível ao juízo
a quo exercer juízo de retratação, caso em que, dará razão ao
Agravante, remetendo-se o RE ou o REsp anteriormente inadmitidos
para o STF ou STJ, respectivamente.

No STJ ou STF, o recurso seguirá o comando delineado no Regimento


Interno dos Tribunais Superiores. O respectivo tribunal (STJ ou STF)
realizará o exame de admissibilidade do Agravo no RE ou REsp,
decidindo o agravo. Caso o Agravo seja procedente, ou seja,
acolhendo as razões do Agravante, dará provimento ao Agravo e, ato
contínuo, realizará a admissibilidade definitiva (exame de
admissibilidade definitivo) do respectivo Recurso Especial ou
Extraordinário (que subiu juntamente com o Agravo).

Sendo positivo o juízo de admissibilidade do RE ou REsp, o respectivo


Tribunal Superior passará ao exame de mérito.

123
QUESTÕES OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO:

1. XXVII EOAB) Pedro ajuizou ação indenizatória contra Diego, tendo


o juiz de primeira instância julgado integralmente improcedentes os
pedidos formulados na petição inicial, por meio de sentença que veio
a ser mantida pelo Tribunal em sede de apelação. Contra o acórdão,
Pedro interpôs recurso especial, sob o argumento de que teria
ocorrido violação de dispositivo da legislação federal. A Presidência
do Tribunal, no entanto, inadmitiu o recurso especial, ao fundamento
de que o acórdão recorrido se encontra em conformidade com
entendimento do Superior Tribunal de Justiça exarado no regime de
julgamento de recurso repetitivo. Diante dessa situação hipotética,
assinale a opção que indica o recurso que Pedro deverá interpor.

a) Agravo em recurso especial, para que o Superior Tribunal de


Justiça examine se o recurso especial preenche ou não os
requisitos de admissibilidade.

b) Agravo interno, para demonstrar ao Plenário do Tribunal, ou ao


seu Órgão Especial, que o acórdão recorrido versa sobre
matéria distinta daquela examinada pelo Superior Tribunal de
Justiça no regime de julgamento do recurso repetitivo.

c) Agravo interno, para demonstrar ao Superior Tribunal de Justiça


que o acórdão recorrido versa sobre matéria distinta daquela
examinada pelo mesmo Tribunal Superior no regime de
julgamento do recurso repetitivo.

d) Recurso Extraordinário, para demonstrar ao Supremo Tribunal


Federal que o recurso especial deveria ter sido admitido pela
Presidência do Tribunal de origem.

124
MODELO DE PEÇA DE AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL ou
RECURSO EXTRAORDINÁRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE (OU


VICE-PRESIDENTE) (…) DO COLENDO (…) (Tribunal que inadmitiu o
RE ou REsp)

Autos n. ...

FULANO DE TAL (qualificação), por seus advogados subscritores, nos


autos do Recurso Especial (ou Extraordinário) em epígrafe, em que
são partes Agravante acima qualificado e o Agravado BELTRANO DE
TAL (qualificação) vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
diante da r. decisão monocrática de fls.(…), que inadmitiu o Recurso
Especial (ou Extraordinário), interpor o presente

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL (OU EXTRAORDINÁRIO)

o que faz com fundamento no artigo 1.042 do Código de Processo


Civil e pelas razões a seguir aduzidas:

125
I. DO OBJETO DESTE RECURSO

O presente recurso tem por objeto a reforma da r. decisão que não


admitiu o Recurso Especial (ou Extraordinário) oportunamente
interposto (fls… dos autos), aduzindo, para tanto, a ausência de
tempestividade, decidindo nos seguintes termos...

........

Nada obstante, resta evidente a tempestividade do respectivo


recurso especial (ou extraordinário) eis que..., razão pela qual, o
presente Agravo deve ser remetido ao Superior Tribunal de Justiça
(ou STF) para admissibilidade e consequente julgamento de mérito.

II. DA EXPOSIÇÃO DO DIREITO

...

III. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, pede-se e espera-se que essa Eg. Presidência,


diante da admissibilidade e procedência do Recurso Especial (ou
Extraordinário), , intimese a agravada para responder, querendo, no
prazo de 15 dias, sendo que, ao depois sejam os autos remetidos ao
Egrégio Superior Tribunal de Justiça (ou Supremo Tribunal Federal)
para conhecimento e provimento nos exatos termos do art. 1.042, §
5º, do CPC, cumpridas as necessárias formalidades legais.

Termos em que pede deferimento.

126
Loca e data

Advogado

OAB...

MODELO DE CONTRARRAZÕES AO AGRAVO NO RE E NO RESP

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES:

A Lei 13.256/2016 alterou a redação originária do atual Código de


Processo Civil (CPC) relativamente ao processamento dos recursos
especiais e extraordinários, revigorando a sistemática processual
anterior quanto à submissão dos recursos de natureza excepcional a
um duplo juízo de admissibilidade.

Assim, interposto o recurso especial e oferecidas as contrarrazões ou


transcorrido sem manifestação o prazo de impugnação, o presidente
ou o vice-Presidente do tribunal de origem procederá o juízo
provisório de admissibilidade do apelo extremo, de acordo com o
artigo 1.030, V, do CPC.

Caso o juízo de admissibilidade do recurso especial seja negativo,


única hipótese de recorribilidade, cabe a interposição de agravo
(artigo 1.042 do CPC), o qual, contraminutado e sem juízo de
retratação, será encaminhado ao tribunal superior.

127
O agravo em recurso especial tem, assim, como única finalidade,
possibilitar que o apelo obstado seja apreciado pela instância
superior.

Assim, interposto o Agravo no Recurso Especial, a parte contrária será


intimada para oferecer suas contrarrazões.

Nas contrarrazões deve a parte se limitar a enfatizar como correta a


decisão do tribunal de origem que inadmitiu o Recurso Especial.
Mencionar que o vício de fato existe, que não admite sanabilidade, ou
seja, que a decisão do tribunal de origem foi acertada no sentido de
inadmitir o Recurso Especial.

É bem mais simples, pois se está ancorada na decisão do tribunal.

Segue modelo:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ..........

Ref.: Agravo no REsp nº. ...........

FULANO DE TAL (“Recorrido”), já devidamente qualificado no recurso


de Agravo no Recurso Especial em destaque, vem, com o devido
respeito a Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que ao
final assina, com fundamento no art. 1.042, § 3º, do Código de
Processo Civil, tempestivamente, apresentar

CONTRARRAZÕES ao AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL,

128
no qual figura como recorrente BELTRANO DE TAL, igualmente
qualificado, em face da decisão que não admitiu o Recurso Especial,
antes interposto, razão qual fundamenta-o com as Razões ora
acostadas.

Termos em que pede deferimento.

Local, data

Advogado/OAB

Obs.: na segunda folha....

CONTRARRAZÕES

AO AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL

RECORRENTE: .........

RECORRIDA: ......

ILUSTRÍSSIMO RELATOR

129
I. TEMPESTIVIDADE (CPC, art. 1.042, § 3º)

A presente Contraminuta ao Agravo no Resp deve ser considerada


como tempestiva. Considerando que a intimação foi realizada em.....

Portanto, à luz do que rege o art. 1.042, § 3º do CPC é plenamente


tempestiva a presente.

II. A DECISÃO AGRAVADA NÃO MERECE REPARO

A Recorrida ajuizara ação ..........

Os pedidos foram julgados parcialmente procedentes.

Inconformada, a Recorrente apelou da sentença. O Tribunal,


contudo, negou provimento à apelação, mantendo a....

Não satisfeita com a condenação que lhe fora imposta, interpôs


Recurso Especial, com suporte no art. 105, inc. III, letras “a” e “c”, da
Constituição Federal, almejando, no plano de fundo, a
improcedência dos pedidos formulados. .

Todavia, o senhor Presidente do Tribunal de Justiça de origem, ao


examinar os pressupostos de admissibilidade do REsp em estudo,
ventilou sua inadmissibilidade.

Na ocasião, destacara como inviável a revisão do tema por meio da


via recursal almejada, por demandar reexame de matéria fática,
defeso em Recurso Especial, nos termos da Súmula nº 7/STJ.

130
Ademais, afirmou que, tocante à divergência jurisprudencial, não
existiu o cotejo analítico do julgado. Para além, apontou ofensa ao
princípio da dialeticidade recursal (STJ, Súmula 182), abordagem sob
tema constitucional e a inexistência do contemporâneo Recurso
Extraordinário (STJ, Súmula 126), contrariedade à tema firmado
perante esta Corte (STJ, Súmula 83).

III. EXAME DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE


RECURSAL

a) “Não conhecimento” deste Recurso Especial

b) Pretensão de reexame de provas – STJ, Súmula 07

A decisão recorrida destacou, acertadamente, que a análise da


pretensão recursal demandaria revolvimento fático.

De fato, plenamente acertada a decisão do tribunal, uma vez que .....

Dessa forma, é defeso, nesta fase recursal, revolver o conjunto


probatório.

c) Ofensa ao princípio da dialeticidade recursal – STJ, Súmula 182

Não é preciso qualquer esforço para perceber que recurso não faz
contraposição à decisão monocrática hostilizada.

131
É flagrante que as Razões, sobremaneira confusa, não ataca,
especificamente, os fundamentos lançados na decisão, inexistindo
confronto direto ao mérito da decisão. .....

Portanto, igualmente acertada a decisão que inadmitiu o recurso


especial da parte, eis que inexiste confronto ao mérito da decisão.

d) Matéria de ordem eminentemente constitucional

Além disso, inoportuno o REsp quando almeja tratar tema


eminentemente constitucional.

Isso porque ....

Assim, não compete a este tribunal – STJ – decidir acerca de questões


constitucionais.

e) Não há prova da interposição do Recurso Extraordinário – STJ,


Súmula 126

Como antes afirmado, a recorrente debatera, também, tema com


enfoque em matéria de ordem constitucional, sem contudo, utilizar-
se da via adequada, qual seja, o recurso extraordinário.

Assim....

IV. DO PEDIDO DE MANUTENÇÃO DA DECISÃO DE INADMISSÃO DO


RESP

Diante do exposto, à luz das razões de fato e de direito antes


expostas, postula o Requerente pelo acolhimento destas
contrarrazões para que o Agravo respondido não seja conhecido.

132
Ultrapassado o acima exposto, o que não se aguarda, diante da
perfeição processual e acerto da decisão recorrida, dignem-se Vossas
Excelências em negar provimento ao vertente Agravo, findando por
confirmar, em todos os seus termos, a irreprochável decisão
proferida pela insigne Vice-Presidência do E. Tribunal de Justiça do
Estado do ....

Termos em que pede deferimento.

Local, data

Advogado/OAB

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

1. CONCEITO: os Embargos Divergência têm a função de uniformizar


a jurisprudência interna das Cortes Superiores (STJ e STF). Cabem os
embargos de divergência quando no STJ ou STF um órgão
fracionário decide a mesma questão anteriormente enfrentada por
outro órgão do mesmo tribunal, dando-lhe solução diferente.

A intenção do recurso é a de resolver o problema interno do tribunal,


a fim de uniformizar sua interpretação.

133
OBSERVAÇÃO 1: Fala-se em divergência interna (dentro do órgão),
analisada tanto do ponto de vista do direito material quanto
processual, pois quando há divergência externa, ou seja, uma Turma
do STJ ou outro órgão fracionário, por exemplo, diverge do
posicionamento de uma Turma do STF, será o caso de divergência
externa e, portanto, cabimento de Recurso Especial (art. 105, inciso III
da CF/88).

Somente são permitidos Embargos de Divergência quando a


controvérsia for da mesma Turma do mesmo órgão quando a
composição da Turma tenha sofrido alteração de mais de metade de
seus membros.

OBSERVAÇÃO 2: Nos Embargos de Divergência é irrelevante a


existência ou não de unanimidade nas decisões confrontadas.

OBSERVAÇÃO 3: órgão fracionário são as Turmas, diferentemente


do Plenário.

2. CABIMENTO: nos termos do art. 1.043, os Embargos de


Divergência são cabíveis contra decisões colegiadas que:

I – em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do


julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo
os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;

II - (revogado);

III – em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir


do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal,

134
sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido
do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;

IV – (revogado).

ATENÇÃO: Em que pese o Enunciado n. 230 do


Fórum Permanente de Processualistas Civis
determine que “Cabem embargos de divergência
contra acórdão que, em agravo interno ou agravo
em recurso especial ou extraordinário, decide
recurso especial ou extraordinário”, a corrente
majoritária entende que não são cabíveis
Embargos de Divergência contra decisões
monocráticas ou decisões tomadas em Agravos,
ou ainda, decisões de causas de competência
originária dos Tribunais.

3. EFEITOS: efeitos básicos: a) efeito devolutivo (para o próprio


juiz que proferiu a decisão), b) efeito translativo (possibilidade do juiz
conhecer de ofício matérias de ordem pública, ainda que não
impugnadas); c) efeito impeditivo (impede a formação da coisa
julgada enquanto se recorre); d) efeito substitutivo (a decisão
originada pelo julgamento do recurso substitui a decisão anterior –
impugnada).

NÃO POSSUEM EFEITO SUSPENSIVO ex lege, porém é possível


requerer tal efeito na modalidade ope judis.

MAS, há um efeito específico dos Embargos de Divergência: O


EFEITO INTERRUPTIVO. Os Embargos de Divergência ainda podem

135
possuir efeito interruptivo. Isso porque se interpostos perante o STJ
haverá interrupção do prazo para eventual Recurso Extraordinário.

4. TEMPESTIVIDADE: nos termos do art. 1.003, parágrafo 5º do


CPC, o prazo para interposição dos Embargos de Divergência é de 15
dias úteis contados da intimação da decisão (em audiência, se
prolatada; ou por mandado, se proferida), o qual poderá ser em dobro
nas hipóteses dos arts. 180, 183 e 229 do CPC.

5. PREPARO: de acordo com o art. 1.007 do CPC os Embargos de


Divergência estão sujeitos ao preparo.

OBSERVAÇÃO 1: Nos termos do parágrafo 1º do art. 1.007 do CPC,


estão dispensados do preparo inclusive porte de remessa e de
retorno (em autos físicos – art. 1.007, parágrafo 3º), os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal,
pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que
gozam de isenção legal.

OBSERVAÇÃO 2: A ausência ou insuficiência do preparo é um vício


de admissibilidade sanável, cabendo ao juízo intimar o Embargante
para recolhimento em dobro (no caso de ausência) ou
complementação (no caso de insuficiência), nos termos dos
parágrafos 2º e 4º do art. 1.007 do CPC.

6. PROCEDIMENTO: O art. 1.044 do CPC delega ao Regimento


Interno do STJ a regulação do procedimento dos Embargos de
Divergência.

Na peça, haverá necessidade de comprovação da divergência com


certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de

136
jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o
acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na
rede mundial de computadores, indicando a respectiva fonte, e
mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os
casos confrontados.

Trata-se do cotejo analítico, exigido pelo Regimento Interno. Não


basta, assim, referir a decisão da qual divergiu a embargada. É
necessária a explicitação do porquê de uma decisão haver divergido
da outra, analiticamente. E a divergência deve, ainda, abranger todos
os fundamentos do acórdão recorrido.

Os Embargos de Divergência devem ser dirigidos ao Presidente da


Seção ou da Corte Especial (dependendo da competência).
Distribuído a um relator, os autos irão conclusos para a realização do
juízo de admissibilidade. Aqui, muito embora a Lei n. 13.256/2016
tenha alterado a sistemática do juízo de admissibilidade dos
Recursos Especial e Extraordinário, nada mencionando sobre s
Embargos de Divergência, permanece o entendimento de juízo de
admissibilidade duplo também para os Embargos de Divergência (o
primeiro pelo relator e o segundo pelo colegiado).

Admitidos os embargos, os autos serão encaminhados para que a


secretaria abra vista ao embargado para impugnação.

Após a impugnação, os autos deverão ser levados a julgamento no


colegiado, dependendo da designação de pauta, nos termos do
Regimento Interno.

Se os embargos não forem admitidos pelo relator (quando


intempestivos, contrariarem súmula do tribunal ou não comprovada

137
a divergência jurisprudencial), cabível agravo regimental para o
colegiado, que independe de pauta (pode ser levado em mesa a
qualquer tempo). Ao julgar o agravo, não sendo caso de
desprovimento, o colegiado poderá desde logo julgar o recurso
principal (embargos indeferidos pelo relator) ou apenas mandar
processar os embargos para melhor julgamento.

Entre acórdãos de 2 turmas: quem julga é a sessão; entre acórdão de


2 sessões: quem julga é o plenário.

ATENÇÃO: Direito de COMPLEMENTAÇÃO das


razões do Recurso Extraordinário: Nos termos do
art. 1.044, parágrafo 2º do CPC, Se os embargos de
divergência forem desprovidos ou não alterarem a
conclusão do julgamento anterior, o recurso
extraordinário interposto pela outra parte antes da
publicação do julgamento dos embargos de
divergência será processado e julgado
independentemente de ratificação.

Por outro lado, caso os Embargos de Divergência impliquem


alteração das conclusões do julgamento anterior, o recorrido que já
tiver interposto o recurso extraordinário terá o direito de
complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
modificação, no prazo de quinze dias, contados da intimação da
decisão dos embargos de divergência (Enunciado n. 83 do Conselho
de Justiça Federal).

138
MODELO DE PEÇA DE EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO

EGRÉGIO ... (STJ ou STF)

Origem: …

Processo: …

Recurso Especial (ou Extraordinário) n. …

FULANO DE TAL (qualificação), por seu advogado ao final assinado,


no Recurso Especial (ou Extraordinário) extraído da ação …, que move
em face de BELTRANO DE TAL (qualificação), vem, respeitosamente,
nos termos do art. 1.043 do CPC e nos artigos 266 e 267 do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça (OU nos artigos 330 a 336 do
Regimento Interno do Supremo

Tribunal Federal), interpor

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

o que faz tempestivamente, pelas razões a seguir aduzidas:

139
I. DO ACÓRDÃO EMBARGADO

O Embargante interpôs Recurso … em face de acórdão do


Tribunal de Justiça do Estado …, cuja decisão pode ser assim
resumida:

(…)

Nada obstante, o presente Recurso …, que se fundamentou na


violação dos arts. …. não foi provido sob a seguinte
fundamentação:

(…)

O acórdão recebeu a seguinte ementa: ….

Na fundamentação, destaca-se o seguinte: …

Em que pese as razões apontadas, o fato é que o acórdão é


diametralmente oposto a outro da ….... Turma (ou: da mesma
turma, nos termos do § 3º do art. 1.043 do CPC, tendo em vista
a alteração de sua composição), que julgou a idêntica matéria
da seguinte forma: (...)

II. DO ACÓRDÃO PARADIGMA

Divergência a ensejar a admissibilidade destes embargos


refere-se a ....

O acórdão paradigma está assim ementado, com a citação


do repositório oficial de jurisprudência:

140
(…)

Nas razões da decisão, sustentou o relator ….

É possível, portanto, verificar claramente que, tanto no acórdão


recorrido quanto naquele aqui trazido à colação como
paradigma, a questão girou em tono …

No entanto, no acórdão embargado decidiu-se que ….

Por outro lado, de forma absolutamente oposta, no acórdão


paradigma, a solução foi …

Dessa forma, faz-se necessária a uniformização da presente


controvérsia.

III. PEDIDO

Diante do exposto, os presentes Embargos de Divergência


merecem conhecimento e provimento na exata medida em
que resta amplamente comprovada a semelhança fática entre
os acórdãos embargado e paradigma, bem como a divergência
total das consequências em ambos os acórdãos.

Portanto, espera e requer o embargante provimento do seu


recurso para que prevaleça a tese do acórdão paradigma para
que (…)

141
Requer-se, por fim, a intimação do embargado para, querendo,
apresentar contrarrazões aos presentes embargos nos termos
do art. 1.003, § 5º do CPC.

Termos em que pede deferimento.

Loca e data

Advogado

OAB...

142

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