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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

FACULDADE DE DIREITO – UPF - VIII NÍVEL


Prof.ª Cristiane Beuren Vasconcelos

EM 02/03/2016 O PLENO DO STJ INTERPRETOU O ART. 1.045 DO


CODEX DEFININDO SUA ENTRADA EM VIGOR EM 18/03/2016

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO SEMESTRE:

1. SENTENÇA

2. COISA JULGADA

3. RECURSOS

3.1 Apelação

3.2.1 Instrumento
3.2 Agravo
3.3.2 Interno

3.3 Embargos de Declaração


3.4 Recurso Ordinário
3.5 Recurso Especial
3.6 Recurso Extraordinário
3.7 Agravo em Recurso Especial e Extraordinário
3.8 Embargos de Divergência

4. PRECEDENTES

5. INCIDENTES RECURSAIS

5.1 INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA

5.2 INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

5.3 CONFLITO DE COMPETÊNCIA

5.4 INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

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6. AÇÕES ORIGINÁRIAS AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO DE
DECISÃO

6.1 HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA

6.2 AÇÃO RESCISÓRIA

6.3 AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO PROCESSUAL

6.4 RECLAMAÇÃO

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1. SENTENÇA:

1.1. CONCEITO E GENERALIDADES:

É o ato final do juiz que encerra o procedimento do primeiro grau


de jurisdição, com ou sem o julgamento do mérito da causa.

O mérito é o próprio motivo ou a razão de ser da demanda e sobre


ele é que se funda o pedido do autor.

1.2. ESPÉCIES:

As sentenças, no entanto, podem por fim ao primeiro grau de


jurisdição decidindo ou não o mérito da causa. No primeiro caso, elas são
chamadas de definitivas, e, no segundo, de terminativas.

1.2.1 Sentenças terminativas:

São aquelas que extinguem o processo sem apreciação do mérito da


causa por faltar pressuposto processual (nulidade do processo) ou condição da
ação (carência de ação). O juiz é obrigado a extinguir o processo, sem decidir
a lide, por ser impossível, nessas circunstâncias, apreciar o pedido.

São pressupostos processuais da ação, os elencados nos incisos do


art. 485 do CPC, e ocorrem, quando o juiz:
a) Reconhece a inexistência de pressuposto processual ou condição da ação;
b) Entender existente impedimento processual;
c) Entender que existe pressuposto negativo do litígio; ou,
d) Homologar desistência da ação.

1.2.2 Sentenças definitivas:

São aquelas que exaurem o primeiro grau de jurisdição dando


solução ao litígio, fazendo-o através do acolhimento ou rejeição (parcial ou
total) do pedido formulado pelo autor (art. 490 CPC). Levam em conta,
destarte, o mérito da causa.

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O Código elencou casuisticamente, as hipóteses que ensejam
sentença de mérito, nos incisos do seu art. 487.

Declaratórias
Constitutivas
1.3. CLASSIFICAÇÃO Condenatórias
Mandamentais
Executivas lato sensu

Todas as sentenças têm conteúdo declaratório. No entanto, por


vezes, a prestação da tutela jurisdicional se cinge a essa declaração, dando
origem às sentenças ditas meramente declaratórias, ou seja o Órgão Judicial
apenas “certifica a existência do direito”.

Nas condenatórias, além de declarar o direito estabelece-se uma


sanção ao réu e atribui-se ao vencedor “um título executivo”, passível de
execução caso o vencido não cumpra a prestação a que foi condenado.

Nas constitutivas, também de conteúdo declaratório altera-se, cria-


se ou extingue-se uma situação jurídica. Exs:

Nas mandamentais, o Estado-juiz, ao sentenciar, emite uma ordem a ser


cumprida.

As executivas seriam aquelas que realizam processualmente as


prestações não cumpridas voluntariamente pela parte obrigada ou vencida. 1

1.4. EFEITOS:

Principal: entrega da prestação jurisdicional.

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Humberto Theodoro Jr. considera uma característica do PROCEDIMENTO a classificação das
sentenças em mandamentais e executivas, e não do processo. Este, comporta apenas a tripartição clássica
das sentenças em declaratórias, constitutivas e condenatórias.

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Secundários: Hipoteca Judiciária ou Judicial art. 495 e §§ CPC ;
Dissolução da comunhão de bens, na ação de divórcio ou anulação de
casamento; o art. 486, § 3º do CPC; suprimento de outorga, etc.

1.5. NULIDADE DA SENTENÇA:

O limite da sentença válida é o pedido (limite objetivo previsto no art.141


CPC), de sorte que são nulas as sentenças citra e extra petita (art 492 CPC)

CITRA PETITA – é a sentença em que o juiz não examina todas as questões


propostas pelas partes. É nula.

ULTRA PETITA – é a sentença que não só decide o pedido, mas vai além dele,
dando ao autor mais do que fora pleiteado (art. 460 CPC).

EXTRA PETITA – é a sentença que soluciona causa diversa da que foi


proposta, seja através do deferimento de pedido ou causa diversos do
formulado .

1.6. ESTRUTURA E FORMALIDADES DA SENTENÇA

1.6.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS/INTRÍNSECOS DA SENTENÇA (art.


489)
(sua inobservância é causa de nulidade da decisão)

a) RELATÓRIO (histórico do debate processual) 

b) MOTIVAÇÃO (fundamentos de fato e de direito da decisão – art. 93 IX CF


e 11 CPC) 

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Para tanto, o CPC ainda traz extenso rol de questões que deflagram
a incompletude desse ato (art. 489 e incisos do § 1º CPC):

I–

II –

III –

IV –

V–

VI –

c) DISPOSITIVO (conclusão do julgado)  é o fecho da sentença.

1.6.2 ELEMENTOS EXTRÍNSECOS DA SENTENÇA:

 Clareza –

 Precisão ( art. 492 e § Único CPC – sentença deve ser certa e nos limites
do pedido) – a sentença é incompatível com a dúvida.

 Publicação – com a publicação é que o juiz cumpre o ofício jurisdicional


que lhe incumbe: torna-se pública a prestação jurisdicional e fixa-se o teor
da sentença.

..........................

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2. COISA JULGADA

2.1 CONCEITO:

É a decisão judicial imutável, da qual não caiba mais recurso. O


objetivo da coisa julgada é o pedido. Comporta, no entanto uma diferenciação:
a da coisa julgada formal e coisa julgada material.

A coisa julgada formal consiste no fenômeno da imutabilidade da


sentença pela preclusão dos prazos para recursos. Dentro daquele processo a
sentença é imutável, mas pode, no entanto, se discutido em outro (art. 486
CPC).

É diferente da preclusão.
A preclusão pode ser: TEMPORAL; LÓGICA; ou
CONSUMATIVA.

A coisa julgada material consiste na imutabilidade dos efeitos que


se projetam fora do processo e que impede que nova demanda seja proposta
sobre a mesma lide. Não é mais passível de discussão nem mesmo em outro
processo. Só ocorre nas sentenças de mérito, não obstante com algumas
exceções *.

*sentenças determinativas relativas:

Somente as decisões de mérito (487 CPC) estão acobertadas pela


autoridade da coisa julgada material.

As sentenças de extinção do processo sem julgamento do mérito


(art. 485 CPC) são atingidas apenas pela preclusão (coisa julgada formal).

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2.2 LIMITES DA COISA JULGADA (RES IUDICATA):

Objetivos – que dizer que “a sentença faz coisa julgada sobre o pedido” e se
circunscreve aos limites da lide e das questões expressamente decididas (art.
503 CPC) e referidas na parte dispositiva/decisória da sentença de mérito
(independentemente de prévio pedido das partes).

Esse dispositivo foi ampliado na nova codificação (art. 503 § 1º do


CPC) para abranger as questões prejudiciais incidentais expressamente
decididaS.

Então o limite objetivo da sentença é não só o pedido como as


questões prejudiciais incidentes (da qual dependa o julgamento do mérito) que
a sentença enfrentou com profundidade, respeitados o contraditório e o
aprofundamento da análise jurisdicional sobre referida questão.

Subjetivos – quer dizer que “a sentença faz coisa julgada às partes entre as
quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros” (art. 506 CPC).

NÃO FAZEM COISA JULGADA (art. 504, I, II CPC):

I – os motivos que levaram o juiz a decidir;


II – a verdade dos fatos, como fundamento de sentença.

E o § 2.º ART. 503 

III (REVOGADO) – a apreciação de questões prejudiciais decididas


incidentemente (questões prejudiciais que se relacionam com o domínio da
coisa numa ação de indenização de danos; à sanidade mental do devedor ao
tempo da constituição da dívida numa ação de cobrança; à relação de
paternidade numa ação de alimentos, etc.) – que demandavam ação
declaratória incidental FOI ABOLIDO DO NOVO CPC com previsão do 503,
§§1º e 2º CPC

Dessa forma, temos que somente a parte dispositiva da sentença é


que será alcançado pela res iudicata.

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3. RECURSOS:

Em sentido técnico ou restrito é o poder de provocar o reexame de


uma decisão, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente
superior, visando obter sua reforma ou modificação, antes da formação da
coisa julgada.

Casos em que é proibido recorrer: desistência (art. 501/995NCPC),


renúncia (art. 502/ 996 CPC) ou aceitação (art. 503) da sentença, bem como
de despachos de mero expediente (art. 504/998 CPC).

PRINCÍPIOS RECURSAIS

1. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

2. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE/ADEQUAÇÃO

3. PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE E DA CORRESPONDÊNCIA =


UNIRRECORRIBILIDADE

4. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE

5. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE – previsão expressa da possibilidade


para a dúvida entre REsp e RExtraordinário (arts. 1032 e 1033 CPC); e
recepção de Embargos de Declaração como Agravo Interno (art. 1024, § 3.º
CPC)

6. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE

7. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS

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8. PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO

9. PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE

10. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DE MÉRITO

11. PRINCÍPIO DA COOPERAÇAO PROCESSUAL (Arts. 6º e 5º CPC)


aplicando-se inter partes a todos os envolvidos no processo judicial e do juiz:
deveres de esclarecimento por parte do magistrado; dever de consulta;
dever de prevenção;
dever de auxílio;
juiz tem dever de correção/urbanidade.

12. EFETIVIDADE DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO quanto maior


o grau de contraditório, maior é a qualidade da decisão.

DOS ATOS JUDICIAIS SUSCETÍVEIS DE RECURSO

A) SENTENÇA  (art. 203, § 1.º CPC);

B) DECISÃO INTERLOCUTÓRIA  (art. 203, § 2.º CPC) – conceito por


exclusão.

As interlocutórias tem formas diferentes de recurso: Agravo de


Instrumento para o art. 1015 e incisos e § Único CPC; e a Apelação para as
demais.

C) DECISÃO MONOCRÁTICA  os recursos, em geral, são julgados por


colegiados (com exceção dos embargos de declaração – MONOCRÁTICO).
No entanto, existem situações em que o relator ao verificar o enquadramento
do recurso em parâmetros objetivos previstos em lei, está autorizado a decidir
de forma monocrática, não levando, portanto, o recurso para análise do
colegiado.

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Então sempre que os processos se enquadrarem nos ditames legais
(matérias repetidas, ações idênticas, questões pacificadas adotadas pelos
julgadores da câmara/s ou tribunais superiores,...), por economia processual,
serão julgados singularmente pelo Relator. No CPC, o Relator teve suas
incumbências ampliadas no art. 932 e incisos do codex.

Espécies de DECISÃO MONOCRÁTICA:

c.1) Interlocutória  art, 932;


I;
II e
VI.

c.2) Homologatória  para acordos ocorridos em grau de recurso;

c.3) Terminativa Recursal  932:


III

c.4) Definitiva/resolutiva Recursal  art. 932:


IV (quando o relator apreciar o mérito recursal
ultrapassando os requisitos de admissibilidade para negar o recurso);
V (quando o relator der provimento baseado em
precedentes e entendimentos do tribunal local ou superior(es) .

D) ACÓRDÃO  recurso do julgamento colegiado proferido pelos tribunais


(conceito do art. 204 CPC). Sua parte dispositiva é a somatória de todos os
posicionamentos dos membros do colegiado em torno do tema debatido a que
se chegou a um entendimento jurídico único. O voto de todos deve constar no
documento, inclusive o teor do voto vencido (o art. 941, § 3º exige).

1. Reformar
* Finalidade 2. Invalidar
3. Esclarecer ou integrar

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* Efeitos:
Devolutivo:

 (provocar o reexame de um ato decisório, pela mesma autoridade judiciária


ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter a sua reforma ou
modificação, sem impedir a possibilidade de sua execução provisória.
 Por isso devolve-se ao juízo para o qual se recorre o conhecimento pleno
do material de que se valeu, ou podia ter-se valido, o juiz que proferiu o ato
decisório recorrido.
 Exs.:Apelação.
 Decorre do Princípio da Demanda.

Suspensivo:

 São aqueles que impedem a eficácia do ato decisório desde o momento da


interposição do recurso até que este seja decidido (são os que impedem o
início da execução)
 Exs.:.

Regressivo:

 Para aqueles recursos que, por disposição legal, permitem o juízo de


retratação pelo próprio órgão prolator – Ex: agravos de instrumento e
interno; Apelação nas hipóteses de indeferimento (art. 331 CPC),
improcedência liminar (art. 332, § 3º CPC) ou quaisquer casos de sentença
terminativa (art. 485, § 7º CPC), todos no prazo de 5 dias (art. 485 CPC).

Interruptivo:

 Para aqueles recursos que impedem que a decisão gere efeitos para ambas
as partes, interrompendo o prazo para interposição de outros recursos. Aplica-
se aos Embargos declaratórios e nos Embargos de Divergência .

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a) Recorribilidade da decisão
b) Tempestividade
c) Singularidade ou
Unirrecorribilidade *Pressupostos Objetivos d) Adequação
(admissibilidade recursal) e) Preparo (exceto União, Est., Mun. e
autarq.)
f) Motivação - ver abaixo
g) Forma
h) Decisão judicial inconforme com
Súmula do STJ ou STF

JUÍZOS RECURSAIS:

a) de admissibilidade;

b) de mérito.

 15 DIAS PARA TODOS OS


RECURSOS (art. 1003, § 5º CPC)
PRAZOS RECURSAIS
 Exceção: EMBARGOS
DECLARATÓRIOS (5 dias)

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ESPÉCIES DE RECURSO

3.1. APELAÇÃO:

É o recurso que cabe de toda e qualquer sentença, seja proferida


em processos de conhecimento, cautelar ou de execução, seja de jurisdição
contenciosa ou voluntária.

Pelo novo código, esse recurso serve não só para impugnar as


questões decididas na sentença, como também para impugnar todas aquelas
questões decididas ao longo do procedimento que não comportarem o recurso
de Agravo de Instrumento (art. 1009, § 1º CPC), aproximando-se da regra do
final decision do direito estadunidense.

Assim no seu pedido o recorrente delimita quais serão as matérias


devolvidas ao Tribunal, que estará limitado a elas.

3.1.1 Legitimidade para recorrer:


 a(s) parte(s) sucumbente(s);
 terceiro prejudicado;
 o MP;
 casos de recurso ex officio nos casos do art. 496 CPC. Exceções: 496, §§
3º e 4º CPC.

3.1 2. Requisitos e prazos formais para as razões/contrarrazões de recurso:

 a petição será interposta perante o juiz de primeiro grau e deverá conter


todos os requisitos formais previstos no art. 1010 do CPC;
 se não for caso de cabimento de juízo de retratação em 5 dias - art. 331, art.
332 ou art. 485, § 7º) o juiz manda intimar o Apelado pra contraarrazoar;
 o prazo para apresentação de contrarrazões é igual;
 em caso de Apelação Adesiva o juiz intimará o Apelante para oferecer
contrarrazões art. 1010 § 2º CPC;
 Após, os autos serão remetidos ao 2º Grau para julgamento– § 3º art. 1010
CPC.

3.1.3 OBJETO:

a) erros/vícios formais/procedimento  implicam na anulação do ato pelo


tribunal com a necessidade de devolução do processo para o juízo a quo para

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que profira novo julgamento, dessa vez livre dos erros formais antes
encontrados.;

b) erros/vícios de juízo: implica em simples reforma da decisão pelo tribunal,


reapreciando-se o feito, sem necessidade de retornar o feito para o juízo a quo.

3.1.4 FATOS NOVOS:

Excepcionalmente poderão ser arguidos no recurso, art. 1014.

Ainda outras duas hipóteses permitem a alegação de fatos novos e


que não estão previstas no art. Anterior:
* o 996, § Único do CPC permite ao terceiro prejudicado;

* e as questões de ordem pública.

3.1.5 EFEITOS DA APELAÇÃO: suspensivo (art. 1012 CPC), salvo nos


casos excetuados pelo código em que a sentença começa ,a produzir efeitos a
partir da sua publicação: I -homologar demarcação ou divisão, II - condenar à
prestação de alimentos, III – extinguir s/ resolução do mérito ou julgar
improcedentes os embargos do executado, IV - julgar procedente pedido de
instituição de arbitragem; V – confirma, concede ou revoga tutela provisória,
VI – decreta a interdição.

3.1.6 Prazo (razões e contrarrazões) 15 dias na Justiça Comum;


10 dias JECs.

3.1.7 Forma de interposição:


 dirigido ao órgão prolator da decisão (juízo a quo);
 através de duas petições escritas: uma dirigida ao juízo a quo; e,
outra, dirigida ao tribunal onde o recorrente
expõe os porquês de dever a decisão ser alterada e formula o pedido de
reforma da mesma, fixando os limites dentro dos quais pode decidir o tribunal,
julgando o recurso.

3.1.8 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

3.1.9. JUÍZO DE RETRATAÇÃO (exceção)  para os casos previstos no art.


331, 332 e 485 CPC.

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3.1.10 DESERÇÃO  Efeito produzido sobre o recurso pelo não
cumprimento do pressuposto do preparo no prazo devido.

Art. 1007. Se não fizer nesse momento será intimado para


recolhimento em dobro no prazo de 5 dias; se esse recolhimento for
insuficiente não poderá mais complementar.

Em caso de justo impedimento poderá o relator relevar a deserção


em decisão irrecorrível fixando-lhe prazo para efetuar o preparo; equívoco no
preenchimento da guia de custas enseja possibilidade de saneamento (§ 7º).

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3.2. AGRAVO DE INSTRUMENTO:

É o recurso cabível das decisões


interlocutórias previstas no art. 1015 do CPC, contra os atos pelos quais “o
juiz, no curso do processo, resolve questão incidente”.

3.2.1 ROL TAXATIVO  As decisões interlocutórias que desafiam esse


recurso são aquelas que versarem sobre (rol taxativo do art. 1015 do CPC):

 Tutelas provisórias  todas as tutelas de urgência assim como as de


evidência ...

 Mérito do processo  ...

 Rejeição da alegação de convenção de arbitragem ...

 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica  incidente que


busca citar os sócios da empresa para fazerem parte do processo: art. 133.;

 Rejeição da AJG ou Acolhimento do pedido de sua revogação ...

 Exibição ou posse de documento ou coisa  é agravável tanto a decisão


que determina a exibição como da decisão da recusa... Nesse último caso
pode resultar nas penalidades do art. 400 CPC...

 Exclusão de litisconsorte  o litisconsórcio depende de comunhão de


direitos ou obrigações e conexão entre os pedidos ou causa de pedir. Se o
juiz entender que para uma das parte falte qualquer dos pressupostos, pode
decidir por excluí-la da lide...

 Rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio ....

 Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros ...

 Concessão/modificação/revogação efeito suspensivo aos embargos à


execução  os embargos inauguram novo procedimento de
conhecimento...

 Redistribuição do ônus da prova do art. 373, § 1º CPC  a REGRA


GERAL do ônus da prova prevista no CPC/73 foi mantida pelo atual, no
entanto, de acordo com o caso concreto na busca pela verdade real, pode-
se redistribuir o ônus diante da dificuldade demonstrada por uma das
partes;

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 Contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação ou
cumprimento de sentença, processo de execução e no processo de
inventário ...

 Outros casos expressamente referidos em lei  art. 1037, § 13, I – quando


houver a decisão de afetação em recurso repetitivo.
Assim o juízo, seja em fase recursal como em primeiro grau que proceder à
suspensão do processo pela afetação, deve intimar as partes sobre este
sobrestamento. Com a intimação, se a parte entender que a matéria afeta ao
seu processo não se encaixa no tema do repetitivo afetado , pode utilizar
fazer uso da petição de distinção (com a demonstração dos argumentos
que distinguem a situação de seu processo com aquele afetado)
REQUERENDO sua retirada do rol de processos suspensos  o juiz
deve dar vistas à parte contrária (5 dias) para manifestar-se e decidir
depois. Dessa decisão (manutenção da suspensão ou distinção) cabe
recurso de agravo de instrumento.

3.2.2 PRAZO  15 dias.

3.2.3 FORMA DE INTERPOSIÇÃO  interposto pela parte sucumbente


em petição necessariamente escrita e instruída
.
Ele poderá ser protocolado diretamente no tribunal com o
comprovante do preparo quando for o caso ou enviado por correio, ou ainda,
ser interposto por outra forma (fac-símile), AR ou qualquer outra prevista na
lei (§ 2.º I a V do art. 1017 CPC).

O procedimento está exposto nos artigos 1016 a 1020 do CPC.

3.2.4 RETRATAÇÃO  O juiz prolator da decisão poderá se retratar. Em


caso de retratação a análise do recurso no tribunal fica prejudicada (§ 1.º art.
1018 CPC).

3.2.5 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE:

O juízo de admissibilidade é feito pelo relator, permitindo a lei que


o mesmo obste o prosseguimento do agravo de instrumento, quando (art.
932, III):
* manifestamente inadmissível
, ou
* que não tenha impugnado especificamente os fatos da decisão recorrida;

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E de acórdão (932, IV):

* contrário à súmula STF, STJ ou tribunal local;


* proferido em repetitivos pelo STF ou STJ; ou
* entendimento firmado em IRDR ou assunção de competência.

Cabe também ao relator dar provimento ao agravo caso a decisão


recorrida seja contrária a súmula do STF, STJ ou do próprio.

3.2.6 SUSTENTAÇÃO ORAL  EXCEPCIONALMENTE. Regras para o


procurador que desejar proferir sustentação (art. 937, § 2º CPC).

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3.3 AGRAVO INTERNO:

É o recurso cabível contra a decisão monocrática pelo Relator, em


qualquer tribunal, com a finalidade de levar a matéria nele referida ao
conhecimento do órgão colegiado competente (art. 1021 CPC).

3.3.1 DECISÕES IMPUGNÁVEIS:

1. Decisão monocrática incidental à possibilidade de decisão sobre questões


incidentais não previstas no andar processual normal de um recurso em que
couber ao Relator decidir monocraticamente. Ex.: decisão sobre produção de
prova no tribunal (inciso I); pedido de tutela provisória no tribunal (inciso II);
decidir incidente de desconsideração de personalidade jurídica (inciso VII);

2. Decisão monocrática homologatória à em caso de acordo em sede de


segundo grau de jurisdição;

3. Decisão monocrática terminativa à art. 932, III CPC trata do não


conhecimento do recurso, negativa de admissibilidade por falta de requisito,
prejudicado ou sem dialeticidade;

4. Decisão monocrática definitiva/resolutiva à o Relator aprecia o mérito


recursal para negar ou dar provimento ao recurso;

3.3.2 PRAZO: 15 dias úteis, para apresentação de Razões, com igual prazo
para contrarrazões.

3.3.3 FORMA:

* petição escrita protocolada perante a secretaria/depto do qual o Relator é


vinculado; a petição deve impugnar o conteúdo da decisão agravada – art.
1021, § 1º CPC ;

* não há preparo;

* efeito devolutivo, salvo se o recurso anterior tenha o efeito suspensivo caso


em que este será mantido durante o processamento e julgamento do agravo
interno;

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3.3.4 JUÍZO DE RETRATAÇÃO: também possível, assim como no agravo
de instrumento.

3.3.5 FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO: é necessário que o órgão


fundamente de maneira devida os motivos de improcedência do agravo, sem
utilizar simplesmente o argumento da decisão anterior.

3.3.6 MULTA EM CASO DE INADMISSIBILIDADE/IMPROVIMENTO


UNÂNIME: art. 1021, § 4º CPC à busca desestimular a interposição de
recursos meramente protelatórios.

Em caso de fixação de multa, o próximo recurso a ser interposto


depende do pagamento dessa multa, que passa a ser requisito de
admissibilidade recursal.

3.3.7 PROCESSAMENTO: previsto no Regimento Interno de cada Tribunal .

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3.4. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO:

É o recurso destinado a pedir ao juiz ou


tribunal prolator da decisão o afastamento de obscuridade, suprimento de
omissão ou eliminação de contradição, erro material ou lacuna de
fundamentação existente no julgado.

Cabe em qualquer decisão judicial.

Exs.: obscuridade (uma decisão ininteligível, deve ser esclarecida):

Contradição (eliminar):

Omissão (art. 1022, § Único CPC): sentença citra petita, mais:

* teses firmadas em julgamentos de casos repetitivos ou em incidente de


assunção de competência
* decisão que incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, §
1.º CPC.

Erros materiais em julgados (494, I e II)

3.4.1 Juízo de admissibilidade :


É necessário que se aponte o defeito no julgamento embargado.

3.4.2 Objetivo:
Busca esclarecer, integrar a decisão, revelando seu verdadeiro
sentido (e não modificá-la).

No entanto, no caso de suprimento de erros/vícios materiais, pode


ocorrer a alteração substancial da decisão (hoje previstos expressamente no
art. 1024, § 4º do CPC)..

3.4.3 Pressuposto subjetivo: legitimidade

3.4.4 Procedimento:
Através de petição escrita ao juiz prolator da decisão ou ao relator
do acórdão.

Prazo: 5 dias úteis

Não tem preparo.

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3.4.5 Contraditório

Terá contraditório em caso de possível modificação da decisão


embargada.
Não comporta sustentação oral.
Deve ser julgado, se possível, pelo mesmo relator ou juiz.

3.4.6 Efeitos:
Obstar a coisa julgada.
Não tem efeito suspensivo da executividade, ou seja, não obstam a
eficácia da decisão.

Mas, são interruptivos dos prazos para interposição dos demais


recursos, por quaisquer das partes.

E se forem protelatórios?

3.4.7 Princípio da Complementariedade

Se uma das partes interpõe embargos declaratórios e a outra o


próximo recurso pertinente. Por ato contínuo a decisão dos embargos é
preferencial, já que são julgados pelo próprio juízo recorrido, enquanto os
demais são por outros juízos.

Dependendo do resultado dos embargos, a parte que já interpôs o


recurso anterior aos embargos, terá nova oportunidade de se manifestar.

3.4.8 Fungibilidade dos Embargos de Declaração e o AGRAVO


INTERNO

Permite-se aqui, que o Relator que prolatou uma decisão


monocrática ao receber os embargos declaratórios, caso entenda necessário ou
pertinente, os transforme em agravo interno ao tribunal, desde que o
recorrente seja intimado previamente para regularizar sua peça.

23
3.6. RECURSO ADESIVO:

Aplica-se única e exclusivamente no caso de sucumbência


recíproca, quando uma da partes, conformada com a decisão é surpreendida
por recurso da outra no último instante.
Admite o Código que o recorrido faça sua adesão ao recurso da
parte contrária, após vencido o prazo adequado para o recurso principal – 997,
§ 1.º CPC .

A Fazenda Pública também pode interpor recurso adesivo quando a


parte contrária interpuser recurso principal.

Não cabe à parte em sucumbência recíproca de decisão contra a


Fazenda Pública, pois o duplo grau de jurisdição nas ações contra o Estado é
simples medida de caráter administrativo.

3.6.1 Cabimento:
É cabível na apelação, no recurso especial e extraordinário.
Aplicam-se as mesmas regras do recurso independente quanto às condições de
admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. Depois, o prazo
para contrarrazões será aberto para ambas as partes, que terão prazo igual, art.
997, § 2.º, I CPC.

Como é acessório, o não conhecimentos do recurso principal torna


prejudicado o recurso adesivo.

3.6.2 Julgamento no tribunal superior:

Submetem-se ambos os recursos a um procedimento uno, sendo


apreciados e decididos na mesma sessão.

3.6.3 Legitimidade para interpor:

Autor e réu (art. 997).

24
RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

3.7 RECURSO ORDINÁRIO

Existe, no sistema processual brasileiro, a possibilidade de recursos


extremos ou excepcionais, para dois órgãos superiores que formam a cúpula
do Poder Judiciário Nacional: o STF (que trata de matéria constitucional) e o
STJ (temas infraconstitucionais de direito federal).

Não obstante, existe uma outra espécie de recurso constitucional


que também atribui competência para apreciação de causas em segunda
instância àquelas mesmas casas sem que referidos recursos sejam o
Extraordinário e o Especial já referidos: é o Recurso Ordinário.

Ele se apresenta como se fosse uma apelação para as causas de


competência originária dos Tribunais, sempre que denegatórias as decisões
(art. 1027, I e II, “a” e 1028 CPC) e para as causas mencionadas no art. 1027,
II, “a” e “b” do CPC, de competência originária dos juízes federais e TJs dos
Estados.

Esses recursos recebem o nome de ordinários porque admitem


o reexame da matéria de direito e de pelo Tribunal ad quem .

Pressupostos de admissibilidade  Inclusive os requisitos de


admissibilidade são aqueles gerais.

3.7.1 COMPETÊNCIA PARA SUA APRECIAÇÃO:

STF: acórdãos em MS, HD e MI, decididos em única instância


pelos tribunais superiores (STJ, TST, TSE, STM, TRFs ou TJs) se denegatória
a decisão.
* Para os TRFs e TJs a competência cinge-se ao julgamento de Mandado de
segurança nos artigos 108 e 125 da CF/88, respectivamente.

STJ :

(a) MS decidido em única instância pelos TRFs, Tribunais dos


Estados, Tribunais do DF, desde que denegatória a decisão;

(b) nos processos em que forem partes, de um lado, Estado


Estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa

25
residente ou domiciliada no país. Nesse caso o processo tem um
processamento de primeiro grau normal, como qualquer outro processo, sem
competência especial ou originária de tribunal. Entretanto, , a competência de
segundo grau se desloca para o STJ.

* Das decisões interlocutórias, caberá agravo de instrumento


dirigido ao STJ na mesmas hipóteses do art. 1015;

3.7.2 APLICAÇÃO TEORIA DA CAUSA MADURA  1027, § 2º CPC –


possibilidade que existe quando o recurso de apelação, enfrentar, desde já o
mérito da causa.

3.7.3 EFEITO SUSPENSIVO  o art. anterior refere a aplicabilidade nesse


recurso do art. 1029, § 5º.

26
3.8. RECURSO ESPECIAL E RECURSO EXTRAORDINÁRIO:

3.8.1 Conceito e Generalidades:

São recursos, que pela sua especialidade só poderão ser interpostos


após esgotados todos os recursos ordinários cabíveis.

Ambos são desprovidos do efeito suspensivo – art. 1029, §5.º CPC


apesar de poderem fazer retornar ao statu quo ante a situação anterior.

Em ambos, o Juízo “a quo” é o Tribunal recorrido e o “ad quem”


é o STJ ou STF.

Objetivo: garantir a uniformidade e a efetividade de interpretação


do direito objetivo em âmbito nacional. Pretende-se que o direito federal (CF
e leis federais) seja efetivamente aplicado dando-lhes também interpretação
uniforme.

São cabíveis contra acórdãos proferidos no julgamento de apelação,


e de agravo de instrumento (Súmula 86 STJ aplicável também ao RE).

REQUISITOS COMUNS:

Os gerais de todos os demais recursos e:

* o esgotamento dos recursos nas vias ordinárias na sua


respectiva ordem; Ex.: do julgamento monocrático pelo Relator (art . 932
CPC), cabe Agravo Interno;

* que não visem rediscutir matéria de fato art. 1034 CPC. O


reexame fica circunscrito ao mérito do recurso, que consiste, sempre, direta ou
indiretamente, na alegação de ofensa a regra constitucional ou a dispositivo
infraconstitucional de direito federal;

* Prequestionamento  é necessário que a questão –


constitucional ou federal – tenha sido ventilada nas instâncias inferiores
(Súmula 98 STJ).

O problema é que a lei não regulamenta o prequestionamento,


devendo as partes observar como ele é tratado em cada um dos tribunais. E se
os embargos não apreciarem a questão constitucional ou federal suscitada, por

27
entender que não houve omissão na decisão, ou que a questão não é relevante
ou não diz respeito ao caso examinado? Considera-se suficiente a interposição
ou é necessário o efetivo pronunciamento?

Art. 1025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o


embargante suscitou, para fins de prequestionamento, ainda que os
embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, CASO O
TRIBUNAL SUPERIOR CONSIDERE EXISTENTES ERRO, OMISSÃO,
CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE.

O PREQUESTIONAMENTO pode ser implícito ou deve ser


explícito?

* As regras para interposição estão previstas no art. 1029 CPC


 prazo comum de 15 dias em caso de interposição simultânea de ambos.

* Juízo prévio de admissibilidade  art. 1030 CPC, cabendo a


verificação do preenchimento dos requisitos para determinar a remessa do(s)
recurso(s) aos tribunais superiores.

Da decisão que negar seguimento ou sobrestar o recurso caberá


AGRAVO INTERNO.

* Saneamento de vícios de menor importância  para evitar o


indeferimento de plano ( PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL)
 inovação do atual CPC. Tanto o STJ como o STF poderão desconsiderar
vício formal do recurso tempestivo ou determinar sua correção (desde que não
se repute grave).

Na mesma linha, os art. 1032/1033 prevêem a possibilidade de


conversão do REsp em RE e vice versa, se for o caso, concedendo prazo de 15
dias para a parte adaptar/adequar sua petição de razões aos pressupostos do
recurso convertido.

Ambos são oponíveis contra procedimentos jurisdicionais.

28
3.8.2 RECURSO ESPECIAL

Cabe recurso especial ao STJ nas causas de única ou última


instância, decididas pelos TRFs, ou pelos tribunais dos
Estados/DF/Territórios, em que a decisão recorrida tenha a) contrariado ou
2

negado vigência a tratado ou a lei federal3– art. 105, III, “a”, “b” e “c” da
CF/88 ; b) julgar válido ato de governo local, contestado em face de lei federal
(se a decisão validar ato de governo local e este ato for contestado em face de
lei federal); c) der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja dado
outro tribunal – se não for tribunal superior, podem ser TJs ou TRFs desde
que diferentes entre si. Súmula 13 STJ. A divergência entre julgados do
mesmo tribunal não enseja Recurso Especial.

Objetivo: manutenção da autoridade e unidade das leis federais de natureza


infraconstitucional.

Assim é pressuposto essencial desta espécie recursal, a dúvida a


respeito da interpretação ou aplicação de tratado ou de lei federal, invocado
como fundamento da lide, sob pena de não demonstração da divergência.

Quanto a existência ou não do vício, isso é mérito do recurso.

RITO REPETITIVO NO RECURSO ESPECIAL


(art. 1036, §§ 1º e 5º CPC)

a) Atribuição do efeito: Presidente ou vice-presidente do Tribunal recorrido ou


pelo relator no tribunal superior;

b) Requisitos:

* multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais;


* fundamento em idêntica questão de direito; e
* admissibilidade positiva do recurso analisado.

2
Não se admite REsp. de decisões ou acórdãos prolatados no JEC (pois eles provêm de
Colégio Recursal integrado por juízes de 1.ª instância).
3
O termo lei federal, pelo sentido objetivo insculpido no art. 22 da CF/88, abrange não
só a lei emanada do Congresso Nacional (art. 59), como também os regulamentos
emitidos pelo Poder Executivo (decretos, portarias, resoluções, instruções,...)

29
c) Procedimento:

1º Com o preenchimento dos requisitos é lançada DECISÃO DE


AFETAÇÃO (art. 1037). Sem essa decisão, não há rito repetitivo.

2º Após, o relator deve suspender os processos idênticos, que não


foram escolhidos como representativos da controvérsia em todo o território
nacional.

3º É possível, ainda, até requisitar informações aos presidentes e vice-


presidentes de tribunais estaduais e federais para remessa de um recurso para a
ampliação da representação da controvérsia.

d) Prazo da afetação  1 ano.

Todavia, se o enquadramento for equivocado qualquer das partes pode


requerer a distinção.

O juiz então, após contraditório, ou mantém o sobrestamento ou


retira o processo do sobrestamento, com o devido processamento normal da
demanda.

30
3.8.3 RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Este recurso, no sistema brasileiro, foi criado à semelhança do writ


of error norte-americano.

Este recurso é cabível quando, a decisão recorrida tiver como único


fundamento possível: (a) a contrariedade a dispositivo da CF. Pode-se fazê-lo
(b) declarando-se inconstitucional tratado ou lei federal que não o sejam; (c)
julgando válida lei ou ato de governo local que tenha sido, no curso do
processo, contrastado com a CF e tido como inconstitucional; e, a partir da EC
n.º 45/dez.2004, (d) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em
face de LEI FEDERAL – antes esse controle era feito por meio de REsp.

3.8.4 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E SÚMULAS:

A jurisprudência dos tribunais superiores tem se inclinado a criar


exigências para a admissibilidade dos recursos extraordinários e dos recursos
especiais que acabaram por ser sumulados.

ASSIM é que atua como filtro no STF as SÚMULAS e o requisito


da comprovação da REPERCUSSÃO GERAL.
Algumas possibilidades objetivas encontram-se previstas no art.
1035, § 3.º CPC (não tem o caráter de subjetividade daquelas do § 1º.

O julgamento da repercussão geral é uma decisão colegiada –


impossibilitando-s uma decisão monocrática sobre o tema.

O julgamento da repercussão geral admite o amicus curiae.

A decisão positiva pelo reconhecimento da repercussão geral (com


apenas 4 votos), acarreta, como efeito principal a remessa do recurso ao
Relator para análise e voto. Este a encaminha para o Plenário para votação.

A matéria deve ser então AFETADA – delimitação de quais os


pontos materiais que o STF entendeu relevantes. Os recursos que discutem
aquela matéria serão sobrestados no aguardo da decisão desse recurso
A decisão final terá efeito cascata sobre os demais processos
pendentes de julgamento no STF e indiretamente nos tribunais de todo o
Brasil.

31
A decisão que negar a existência de repercussão geral é irrecorrível
(art. 1035 CPC).

Atualmente temos tbém as Súmulas Vinculantes previstas no art. 103, §§ 1º,


2º e 3º da CF/88.

Súmula 126 do STJ 


Súmula 282 STF;
Súmula 283 STF
Súmula 356
Súmulas 279 do STF
Súmula 13 STJ
Etc...

PROCEDIMENTO  Está delineado nos artigos 1029-1044 do


CPC.

32
3.9 DO AGRAVO DO 1042 DO CPC
– PARA DESTRANCAMENTO DE REsp E/OU RE –
ART. 1042 CPC

Atualmente previsto no art. 1042 e parágrafos do CPC, serve


precipuamente para destrancar os recursos excepcionais caso a decisão
monocrática proferida pelo presidente ou vice-presidente do tribunal a
quo os INADMITIR.

No entanto, não são cabíveis quando a decisão estiver fundada


na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral
(RExtr) ou em julgamento de recursos repetitivos (STF e STJ).

Esse recurso voltou a ser oponível em virtude do retorno ao


sistema de admissibilidade bifásico introduzido pela Lei 13.256/2016.
a) Objeto: decisão monocrática do presidente ou vice-presidente do
tribunal recorrido que negar seguimento a Resp ou RE.

b) O mérito do Agravo em REsp e RE: tem que ficar demonstrado o


prejuízo que o Recorrente teve por causa da denegação monocrática
proferida.

c) Preparo (§ 2.º do art. 1042 CPC);

d) Prazo resposta: 15 dias (§ 3º);

e) Juízo de retratação e efeitos: § 4º.

f) Multiplicidade recursal: (§ 6º).

g) Ordem de julgamento: (§ 8º).

33
3.10 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO
ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO

Cabem os embargos de divergência de decisões proferidas por órgãos


fracionários dos tribunais superiores (STF ou STJ), para dirimir entendimento
s divergentes internos de um mesmo tribunal.

a) Finalidade  uniformizar internamente (interna corporis) a jurisprudência


dos tribunais.

b) Prazo  15 dias.

c) Forma  em petição escrita, geralmente de maneira eletrônica, endereçado


ao presidente do tribunal recorrido, com a necessidade de fundamentação
vinculada à existência do acórdão paradigma.

d) Requisitos  a impugnação deve ser contra acórdão, RG de mérito4


proferido pelo colegiado, tanto de direito material como de direito processual.

Depende de preparo.

e) Efeitos  Por ser um recurso facultativo, no STJ é interruptivo do prazo


para interposição de RExtraordinário por qualquer das partes, aguardando-se,
portanto, sua resolução para só então abrir-se novamente o prazo para a
interposição de eventual RE.

interposição meramente devolutivo, de acordo com os Regimentos


Internos dos Tribunais: art. 266, § 2.º do R.I.S.T.J. de 22/06/89)

f) Processamento  Pelos regimentos internos dos tribunais superiores.

f) E em caso de indeferimento liminar pelo Relator  (ART. 1021 E §§).

..............

4
O art. 1043, II excepciona mencionando eventual confronto de acórdãos (um de mérito
e outro não, desde que este último tenha examinado a controvérsia).

34
4. PRECEDENTES

(FALAR DO PRECEDENTE COMO FONTE PRIMÁRIA DO


DIREITO EM PAÍSES DA COMMON LAW)

Os precedentes são, em regra, formados nos tribunais superiores,


cujo alcance territorial e impacto de aplicabilidade se projetam para
todo o Brasil. Busca-se, através deles, olhar para o futuro a partir de
uma nova visualização da importância judicial para o futuro.

A importância do precedente não está na parte dispositiva,


mas sim, DA FUNDAMENTAÇÃO da tese jurídica, na
construção do julgado como um procedimento com impacto para
utilização em casos análogos futuros.

a) Ratio decidendi  a razão de decidir é a definição do


conteúdo e dos limites da decisão;

b) Obiter dictum É a parte do precedente –


fundamentos, considerações ou comentários –
utilizada para comparar, contrapor ou imaginar
hipóteses para o caso em concreto, tem serventia
apenas suplementar.

ESPÉCIES DE PRECEDENTES JUDICIAIS NO DIREITO


BRASILEIRO

JURISPRUDÊNCIA  sucessão de acórdãos consonantes, sobre


idêntico tema, prolatados de forma reiterada e constante, por órgão
jurisdicional colegiado do mesmo tribunal.

SÚMULAS  edição de verbete contendo o resumo de um


entendimento já pacificado acerca de determinada questão.

Na EC/45, sua sistematização agregou valor vinculante para os


casos relatados no art. 103-A CF, caso em que os demais órgãos do

35
Poder Judiciário e Administração Pública Direta e Indireta nas Três
esferas deverão obedecê-la.

PRECEDENTES FORMADOS EM CASOS REPETITIVOS  o


novo CPC trouxe um novo microssistema para sua base de
“incidentes” utilizando institutos já existentes e acrescentou o
incidente de resolução de demandas repetitivas com início ainda em
segundo grau.

CONTEÚDO DOS PRECEDENTES:

Declarativos  quando se reconhece o enquadramento de uma norma


para aquela situação, declarando-se um posicionamento do tribunal,
formando um precedente.

Criativos  menos usual. Quando se julga uma determinada situação,


sem a existência de uma lei específica para o caso e o judiciário
precisa realizar sua atividade decidindo mesmo na ausência de
disposição legal. O conteúdo desse precedente tem característica
criativa.

EFICÁCIA JURÍDICA: ESPÉCIES DE APLICABILIDADE

VINCULANTES/OBRIGATÓRIOS Hoje temos alguns como a


edição de Súmula vinculante, recursos repetitivos , assunção de
competência, incidente de resolução de demandas repetitivas – IRDR ,
e, arguição de inconstitucionalidade.

PERSUASIVOS  são aqueles que por não possuírem caráter


vinculante, são utilizados pelo caráter de persuasão.

OBSTATIVOS DA REVISÃO DE DECISÕES  nesse caso, de


cunho excepcional, o precedente obsta a interposição de um recurso
ou a revisão de um julgamento.

AUTORIZANTES  autorizantes da revisão da matéria via recurso.

RESCIDENTES  autorizam a rescisão de coisa julgada material, art.


966, V CPC.

36
REVISIONAIS DE COISA JULGADA  quando, numa relação
jurídica de trato continuado, o precedente tem conteúdo diverso da
sentença estatuída, o que permite a revisão da coisa julgada para
adequação ao entendimento jurídico do precedente.

OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E OS PRECEDENTES

1. ISONOMIA os jurisdicionados tem direito de encontrar a


isonomia ao procurar a tutela jurisdiconal para evitar que em situações
id^enticas a resposta estatal seja diferente.

2. SEGURANÇA JURÍDICA  assegura-se o respeito não so


quanto as relações jurídicas consolidadas no passado como também as
legitimas expectativas surgidas e adotadas devido a um
comportamento presente. Dessa forma o precedente garante a
segurança.
3. CONTRADITÓRIO  o contraditório e importante fator na sua
construção, fazendo com que o poder de vinculatividade do
precedente aumente proporcionalmente a sua argumentação contraria.

4. MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES  Na formação do precedente


sua valorização e ainda maior pois, além do disposto no art. 489, § 1º,
quanto maior a identificação dos fatos maior a possibilidade de
adequação ao precedente preexistente ou para a formação de
precedente sobre este caso.

TECNICAS DE APLICAÇÃO E SUPERAÇÃO DE


PRECEDENTES

1. DISTINGUISHING  art. 1037, § 9º.

Se resultar incongruência do resultado da equiparação da


situação processual com o precedente, haverá uma distinção entre os
casos, o que leva à recusa do juízo em aplicar o precedente.

37
O juízo só discorre, na fundamentação da decisão, se houve uma
eventual tentativa de aplicação, com eventual impossibilidade de
utilização.

2. OVERRRULING  quando o tribunal analisa a ratio decidendi e


verifica que não há mais motivos para a manutenção daquele
precedente.

Deve ser feito pelo mesmo tribunal que o estabilizou ou tribunal


superior àquele com tese jurídica e delimitação da ratio decidendi,
abandonando-o para inserir outro entendimento sobre a questão de
direito..
Pode ocorrer de forma antecipada ou prospectiva.

2.1. ANTICIPATORY OVERRULING  caráter extremamente


excepcional em que, um tribunal inferior, não competente para a
superação mas, entendendo que existem características novas sobre os
julgamentos acerca daquela matéria (com argumentos pertinentes e
diferentes daqueles discutidos pela corte que estabilizou o precedente,
com novos posicionamentos em outras demandas) dá a entender que
aquele precedente não guarda mais relação com a atualidade do
entendimento da corte, sinalizando o tribunal inferior com a
antecipatory overruling (superação antecipada).

2.2. PROSPECTIVE OVERRRULING (art. 927, § 3.º CPC) 


Decorre do princípio da segurança jurídica, fixando-se a superação do
precedente para casos futuros ou após o julgamento daquele caso que
gerou a mudança do precedente. É feito pela Corte que havia fixado o
precedente.

3. OVERRIDING  quando há uma revogação parcial do precedente,


decorrente de fato superveniente tornando-o superado parcialmente
em relação à matéria que sua ratio decidendi resolvia.

Quando ocorre a overriding, com a limitação do precedente pela


sua revogação parcial, esta nova decisão, com a ratio decidendi
redefinida, passa a ser o novo conteúdo integral desse novo
precedente, não guardando mais nenhuma relação com o precedente
anterior.

38
5. INCIDENTES RECURSAIS

5.1 ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA

Mecanismo criado pelo CPC para permitir que relevantes questões de


direito, com grande repercussão social, mas sem repetição em múltiplos
processos (que dariam azo ao IRDR), que sejam objeto de recurso, remessa
necessária ou causa de competência originária, sejam examinadas NÃO pelo
órgão fracionário a quem competiria o julgamento, mas por órgão colegiado
indicado pelo Regimento Interno, com força vinculante sobre os juízes e
órgãos fracionários.

Por meio desse incidente, o relator do recurso, de ofício ou a


requerimento da parte, MP ou da DPE proporá o julgamento pelo
colegiado a quem competirá reconhecer se há ou não interesse
público. Em caso afirmativo, o colegiado assumirá a competência e
procederá ao julgamento.

Finalidade: (art. 947, § 4º CPC).

Proferida decisão pelo colegiado (art. 947, § 3º). Os juízes e


órgãos fracionários não poderão dar à questão de direito, solução
distinta nos termos do art. 988, IV CPC.

5.2 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

O controle de constitucionalidade no Brasil é feito de duas


maneiras: através do controle direto/concentrado (ações diretas de
inconstitucionalidade e declaratórias de constitucionalidade),
propostas pelo legitimados, no STF e pelo controle difuso, feito no
caso concreto, por qualquer órgão jurisdicional.

O controle da constitucionalidade das leis é feito de duas maneiras


distintas pelo Poder Judiciário:

a) pelo controle DIRETO:

39
 De competência apenas do STF, para as leis e atos normativos federais ou
estaduais perante a CF (CF art. 102, I, a, pelas partes legitimadas para tal
e previstas no art. 103 CF);
 e dos Tribunais dos Estados , para as leis e atos normativos estaduais e
municipais perante a Constituição Estadual (CF art. 125, § 2.º) e refere-se à
apreciação da lei em tese). Neste último, o vício da inconstitucionalidade é
diretamente declarado, por isso se chama “ação declaratória de
inconstitucionalidade”. ;

b) pelo controle INCIDENTAL/DIFUSO - cuja eficácia, restringe-se às


partes.

5.1 Objeto da argüição de inconstitucionalidade:

Leis ou atos normativos do Poder Público – leis ordinárias,


complementares, delegadas, decretos, resoluções, emenda à Constituição,
Constituições Estaduais, ou qualquer outro ato normativo. TAIS ATOS
DEVERÃO REVESTIR-SE DE INCONSTITUCIONALIDADE ALEGADA
COMO PRELIMINAR DE MÉRITO.

5.2 Efeitos: cisão da competência  1.º ao Plenário/Órgão Especial


caberá resolver a questão da constitucionalidade;
 2.º ao órgão fracionário julgar – à
luz dessa decisão – a matéria restante.

5.3 Iniciativa:
Cabe às partes do processo, ao MP e ex officio pelo relator, revisor
ou outros juízes do tribunal.

5.4 Momento da argüição


Pelas partes
Pelo MP
Pelos juízes componentes do tribunal

Uma vez argüido o incidente, cabe ao órgão fracionária deliberar


quanto a sua admissibilidade (art. 949 CPC).. Em caso negativo, o incidente é
rejeitado voltando ao julgamento do recurso em si.

5.5 Julgamento

40
A matéria de direito sobre a qual repousa o pedido da declaração de
inconstitucionalidade não está adstrita à causa petendi, podendo o tribunal
declará-la fundada em outro dispositivo de natureza constitucional.
A competência para tal declaração é a do Tribunal Pleno ou Órgão
Especial (quando houver). É defeso aos órgãos fracionários de qualquer
Tribunal (Câmaras, Grupos de Câmaras, Turmas e Seção Civil) a declaração
de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Para que a inconstitucionalidade da lei/ato normativo seja
declarada, é necessária a maioria absoluta de seus membros (art. 97 CF/88) e
com votos homogêneos. Nesse caso ela se aplica ao processo em que o
incidente for suscitado e aos demais que versarem sobre a mesma questão (art.
949 § Único CPC).

A decisão do Pleno que acolhe a argüição é irrecorrível, mas é


recorrível a do órgão fracionário que completa o julgamento do feito (Súmula
513 STF).

5.3 CONFLITO DE COMPETÊNCIA

Procedimento de competência originária dos tribunais.


É a dúvida processual que paira em determinado processo,
acerca de qual juízo seria o competente para julgar sua matéria.
O CPC prevê três possibilidades de conflito de competência em
seu art. 66: o positivo, o negativo e a controvérsia sobre a junção de
processos.

REQUISITOS  uma das hipóteses do art. 66 CPC.

LEGITIMIDADE E FORMA  qualquer das partes e o MP, por


requerimento ou o juízo, diretamente ao tribunal, mediante juntada de
documentos comprobatórios da fixação correta ou que motivam a
arguição da incompetência ou do conflito.

PROCEDIMENTO  Relator, este instruirá o procedimento, podendo


ouvir os juízes conflitantes se houver conflito de competência
suscitado por um deles.

JULGAMENTO  presentes qualquer das hipóteses do art. 955, §


Único e seus incisos, caberá decisão monocrática pelo. Se não for caso

41
de julgamento monocrático será julgado em sessão do colegiado, a
quem caberá a determinação da competência com consequente análise
da validade dos atos eventualmente praticados pelo juízo
incompetente.

De forma geral, a decisão desse conflito seria irrecorrível, salvo


existência de questão federal ou constitucional.

COMPETÊNCIA PARA DECIDIR O CONFLITO  depende:


* conflito interno em um tribunal  o protocolo e julgamento caberá
ao órgão fracionário determinado pelo tribunal em seu regimento
interno.
* conflito entre juízos de tribunais diferentes (um estadual e um
regional)  o incidente deve ser suscitado perante o STJ;
* conflito entre câmaras ou turmas de um mesmo tribunal 
geralmente o órgão que o tribunal indicar (geralmente órgão maior
como o pleno ou corte especial);
* conflito entre dois tribunais superiores (pela competência de
demanda originária)  incidente deve ser suscitado no STF;
* conflito entre autoridade judiciária e administrativa  incidente
deve ser suscitado no tribunal em que aquele juízo componente.

5.4 IRDR (INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS


REPETITIVAS)

Tem como propósito combater a


massificação de processos e gerar segurança jurídica promovendo a
unidade do direito e a igualdade entre os jurisdicionados. Teve
inspiração no procedimento-
modelo para o mercado de capitais alemão, mas adquiriu feições
próprias.

De qualquer forma, supõe


múltiplas ações, individuais ou coletivas, com uma ou mais questões
comuns de direito, que constituem o objeto do incidente, que é
processado pelos tribunais regionais ou estaduais, suspensas aquelas
ações até o julgamento do incidente, quando retomam o seu curso,
com aplicação da tese acolhida pelo tribunal.

42
Elege-se uma causa “piloto” onde serão decididos determinados
aspectos gerais e comuns a diversos casos já existentes, sendo que a
solução encontrada será adotada por todas as ações pendentes sobre o
mesmo tema.

REQUISITOS  (art. 976, I e II CPC);

PEDIDO E LEGITIMIDADE DA INSTAURAÇÃO DO


INCIDENTE  pelo juiz, pelo relator, pelas partes, pelo MP e DPE.

PREPARO  isento;

CARACTERÍSTICAS:

* Possibilidade de nova suscitação  não há preclusão;

* Impossibilidade de instauração quando a matéria está afetada por


tribunal superior  (art. 976, § 4º CPC);

* A desistência e a inserção do MP  (art. 976, §§ 1º, 2º CPC) caso a


parte desista do incidente por si suscitado, o MP assume como novo
requerente;

* Juízo de admissibilidade e afetação  o incidente tem


endereçamento ao presidente do tribunal de segundo grau que remete
ao órgão responsável pela pacificação da jurisprudência daquele
tribunal, sorteado um relator para exame da com a conseqüente
suspensão de todos os processos pendentes de julgamento no Estado
ou região, sobre matéria idêntica;

* Possibilidade de ampliação da suspensão  qualquer parte, em todo


o território nacional que tenha um processo com a mesma questão
objeto do incidente, pode pedir a ampliação da suspensão para todo o
Brasil, direcionando este pedido ao tribunal competente para
conhecimento do RE ou REsp.

PROCESSAMENTO DO INCIDENTE:

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* Na data designada, o Relator fará exposição da matéria, podendo
haver sustentação oral do autor e do réu no processo originário e pelo
MP e dos demais interessados pelo tempo de 30 min./todos.

* Resultado do julgamento: VINCULAÇÃO  a tese jurídica


acolhida no incidente deverá ser aplicada a todos os processos
individuais e coletivos, em curso ou futuros, inclusive os Juizados
Especiais do respectivo Estado ou região, sob pena de caber
Reclamação.

* Revisão da tese decidida pelo IRDR  pelo mesmo tribunal, de


ofício ou por requerimento dos legitimados no art. 977, III;

* DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E JULGAMENTO DO IRDR 


do julgamento do mérito do incidente caberá REsp e/ou RE, com
efeito suspensivo. Uma vez decidido pelos tribunais superiores, tem
validade em todo o território nacional o posicionamento.

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6. AÇÕES ORIGINÁRIAS AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO DE
DECISÃO

6.1 RECLAMAÇÃO

Como sabe-se, os tribunais têm sua competência delimitada por


norma.

Com o surgimento dos IRDRs e o Incidente de Assunção de


Competência, invariavelmente constatamos um escopo de vinculação
dos seus precedentes aos tribunais e juízos inferiores.

QUALQUER ATO DOS JUÍZES QUE INVADA A


COMPETÊNCIA DESSES TRIBUNAIS, pode ser objeto de
RECLAMAÇÃO da parte interessada ou do Ministério Público.

FINALIDADE: preservar a obediência às decisões proferidas


pelos tribunais superiores, pelos demais tribunais (superiores e
inferiores)  nos termos do art. 992 do CPC;

NATUREZA JURÍDICA: é uma ação impugnativa contra uma


decisão que viola a autoridade ou a competência de um tribunal.

Depende, portanto, da iniciativa das partes, percorrendo todas as


fases processuais – da postulação até decisão final. Cabe dessa
decisão, até recurso.

Cabimento  nos moldes delineados no art. 988 e incisos do


CPC.
COMPETÊNCIA: deve ser direcionada a reclamação para o
tribunal que a decisão reclamada violou a autoridade ou usurpou a
competência (art. 988, § 1º CPC). Assim:

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* Se um juiz não aplica um precedente vinculante de seu próprio
tribunal de justiça, para este deve ser direcionada a Reclamação;

* SE a decisão ofender a garantia ou usurpar a competência de um


tribunal superior, este é o competente para o endereçamento e
protocolo da Reclamação;

PROCESSAMENTO: o rito da reclamação é o mesmo do


mandado de segurança:

 deve ser instruída com os documentos que comprovem os motivos


elencados pelo Reclamante
Protocolo e distribuição ao Relator que:
* requisita informações à autoridade (em 10 dias) e determina a
citação do beneficiário para apresentação de contestação pelo prazo de
15 dias;
* pode o Relator suspender o processo em que ocorreu a decisão
impugnada,

 com ou sem apresentação de contestação e informações, o MP é


intimado para manifestar-se em 5 dias;

 JULGAMENTO:
* Se não houver correlação com as hipóteses legais, julga-se
improcedente;
* se for procedente, deve o tribunal cassar a decisão e já colmatar a
lacuna (art. 992) antes mesmo da lavratura do acórdão.
* não cabem honorários por seguir os mesmos preceitos do
Mandado de Segurança (a sucumbência ou não está na ação normal)

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