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DIREITO PROCESSUAL PENAL

ATIVIDADE PERSECUTÓRIA:
AULA 02: ATOS JUDICIAIS
1) ATOS PROCESSUAIS DO JUIZ
▪ Todo o desenvolvimento processual se destina a conferir ao magistrado a
possibilidade de proferir uma decisão de mérito ao final, condenando ou
absolvendo o acusado.
▪ Para se chegar a essa decisão definitiva é preciso que o juiz emane várias
outras decisões ao longo do processo.
▪ OS ATOS PROCESSUAIS DO JUIZ subdividem-se em:
❑ ATOS REAIS (OU MATERIAIS): não solucionam questões, nem
tampouco determinam quaisquer providências, subdividindo-se em:
a) ATOS INSTRUTÓRIOS: consistem na realização de inspeções em
pessoas ou coisas; b) ATOS DE DOCUMENTAÇÃO: ato de rubricar
folha dos autos, subscrever termos de audiência, etc.
❑ PROVIMENTOS JUDICIAIS: abrangem os despachos de mero
expediente, as decisões interlocutórias e as sentenças.
2) PROVIMENTOS JUDICIAIS
▪ Art. 203 CPC/15: “Os pronunciamentos do juiz consistirão em SENTENÇAS,
DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS e DESPACHOS”.
▪ Não há no CPP/41 uma sistematização dos atos processuais praticados pelo
magistrado. Portanto, a classificação abaixo é doutrinária.
▪ OS PROVIMENTOS JUDICIAIS EM MATÉRIA PENAL classificam-se em:
I. DESPACHOS DE MERO EXPEDIENTE: são decisões tendentes a
impulsionar (dar andamento) o processo dotados de baixo teor
decisório (EXEMPLO: designação de audiência).
II. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: são aqueles provimentos judiciais
que, embora possuam carga decisória, não enfrentam o mérito
principal do processo (com a consequente declaração de culpa ou
inocência do acusado). Podem ser:
II. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: Podem ser:
1) SIMPLES: são aquelas que resolvem determinada questão
incidental do processo, mas que não acarreta a sua extinção
ou de uma de suas etapas ou resolvem determinadas
questões referentes à marcha processual, sem penetrar no
mérito do causa. Em regra, são irrecorríveis.
2) MISTAS: são aquelas em que, embora não haja
enfrentamento direto da questão de mérito, há extinção do
processo ou de uma de suas etapas. O recurso cabível será o
RESE (Art. 581 CPP/41) caso a decisão em seu rol taxativo ou
APELAÇÃO (Art. 593 CPP/41) caso a decisão não conste no
referido rol do RESE. As Decisões Interlocutórias Mistas
podem ser:
a) NÃO TERMINATIVAS: não põem fim a uma fase
do processo (EXEMPLO : pronúncia).
b) TERMINATIVAS: põem fim a uma fase do
processo, sem dirimir o mérito (EXEMPLO:
impronúncia).
III. DECISÕES COM FORÇA DE DEFINITIVAS: julgam o mérito da
causa, extinguindo o processo sem apreciar a imputação feita ao réu
(EXEMPLO: extinção da punibilidade pela prescrição).
IV. SENTENÇAS: julgam o mérito da causa.
3) SENTENÇA PENAL
1) INTRODUÇÃO:

➢ CONCEITO: a sentença é o provimento judicial que JULGA O MÉRITO


DO PROCESSO, CONDENANDO ou ABSOLVENDO o acusado. Possui
cunho eminentemente decisório, afetando de alguma forma a esfera
individual do sujeito. Por essa razão, contra a sentença será cabível o
RECURSO DE APELAÇÃO.

➢ PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (Art. 399, § 2º,


CPP/41): “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”.
Esse princípio é uma garantia ao acusado na medida em que prevê que
o juiz que teve contato direto com a prova será o competente para
proferir a sentença.
2) CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS:
1) DECLARATÓRIAS: força preponderante de declaração. (EXEMPLO:
sentença que declara a reabilitação ou extinta a punibilidade).
2) CONSTITUTIVA: eficácia preponderante de modificação de situação
jurídica. (EXEMPLO: sentença em HC que determina o trancamento de
IP).
3) MANDAMENTAL: determina a realização de um ato. (EXEMPLO:
expedição de salvo-conduto em HC).
4) EXECUTIVA: determina a execução de uma medida. (EXEMPLO:
medida assecuratória de sequestro que, após o trânsito, torna possível
a venda dos bens).
5) (*) CONDENATÓRIA: tem lugar quando reconhecida a procedência
da inicial acusatória, aplicando uma pena que posteriormente é objeto
de execução penal.
6) (**) ABSOLUTÓRIA: é fundada em um juízo de certeza ou em um
juízo de dúvida, sendo certo que, neste caso, deve-se julgar
favoravelmente ao réu (in dubio pro reo).
3) CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS QUANTO AO ÓRGÃO PROLATOR:
a) SENTENÇAS SUBJETIVAMENTE SIMPLES: proferidas por órgão
singular.
b) SENTENÇAS SUBJETIVAMENTE PLÚRIMAS: emanadas de órgão
colegiado homogêneo (EXEMPLO. TJ/SP).
c) SENTENÇAS SUBJETIVAMENTE COMPLEXAS: proferidas por
órgão colegiado heterogêneo, a exemplo do Tribunal do Júri.

✓ É POSSÍVEL A FUNDAMENTAÇÃO POR REMISSÃO OU PER


RELATIONEM? Sim, contudo “É nulo o acórdão que se limita a ratificar a
sentença e a adotar o parecer ministerial, sem sequer transcrevê-los,
deixando de afastar as teses defensivas ou de apresentar fundamento
próprio.” (STJ - HC 214.049-SP, Rel. originário Min. Nefi Cordeiro, DJe
10/3/2015.)
✓ O QUE SÃO SENTENÇAS SUICIDAS? Aquelas em que há uma
nulidade decorrente da contradição entre a parte dispositiva e a
fundamentação.

✓ O QUE SÃO SENTENÇAS VAZIAS? Aquelas em há deficiência na


fundamentação.

✓ O que são sentenças autofágicas ou absolutórias anômalas?


Aquelas que reconhecem a imputação, mas declaram extinta a
punibilidade (EXEMPLO: perdão judicial).
4) ESTRUTURA DA SENTENÇA:
I. RELATÓRIO: traduzindo-se num RESUMO DO PROCESSO. Por meio
dele o juiz demonstra que tomou conhecimento de todas as questões
atinentes ao caso e ao processo e que está apto a julgar. Deverá,
assim, identificar as partes, descrever minuciosamente o caso e os
principais atos praticados ao longo do processo. Consoante a doutrina
majoritária, a ausência do relatório constitui nulidade absoluta
(dispensado nas sentenças proferidas na esfera dos juizados).
II. FUNDAMENTAÇÃO, MOTIVAÇÃO OU FUNDAMENTOS: são as
razões de decidir. Na sentença o juiz deverá enfrentar todas as
questões de fato e de direito apresentadas pelas partes, proferindo
sua decisão conforme as provas produzidas nos autos. A ausência de
fundamentação é causa de nulidade absoluta, devendo o processo ser
remetido ao juízo de 1º grau para que profira nova sentença
III. DISPOSITIVO OU CONCLUSÃO: é a conclusão alcançada pelo juiz
acerca da culpabilidade (ou não) do acusado, após o exame dos fatos
e como uma decorrência lógica da fundamentação. A sua ausência
gera inexistência do ato (doutrina majoritária).
5) SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA:
❖ REQUISITOS: Art. 387 do CPP/41.
Art. 387. O juiz, ao proferir SENTENÇA CONDENATÓRIA:
I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência
reconhecer;
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da
pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal;
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões;
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos
pelo ofendido; (mesmo sem pedido expresso – STF)
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no
Título XI deste Livro;
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será
feita a publicação (art. 73, § 1o, do Código Penal).
§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão
preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será
computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.
5) SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA:
❖ EFEITOS: Arts. 91 e 92 do CPP/41.
a) Art. 91, INCISO I, CP/40: “Tornar certa a obrigação de indenizar o
dano causado pelo crime“.

b) Art. 91, INCISO II, CP/40: A perda em favor da União dos


produtos do crime ou de bem decorrente do proveito do delito,
bem como dos instrumentos do crime cujo porte, fabrico, uso,
alienação ou detenção constitua fato ilícito. Ressalte-se que há
outras hipóteses de perda de bens tanto na Constituição quanto na
legislação extravagante.

c) Art. 92, INCISO I, CP/40: a perda de cargo ou função pública ou


mandato eletivo quando sentença aplica pena superior a quatro
anos ou, nos crimes contra a administração pública, se a pena for
igual ou superior a um ano.
d) Art. 92, INCISO II, CP/40: a incapacidade para o exercício do
pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena
de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado.

e) Art. 92, INCISO III, CP/40: a inabilitação para dirigir veiculo,


quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.

OBS: Existem ainda outras hipóteses na legislação extravagante de perda de


cargo ou função pública:
o LEI N° 9.455/1997: que, tratando da TORTURA, prevê como efeito
automático a perda do cargo do agente público.
o LEI N° 7.716/1989: define os CRIMES RESULTANTES DE
PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR, estabelecendo a perda do
cargo ou função pública como efeito não automático da condenação.
✓ AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS EXTRAPENAIS, PREVISTAS NO
ART. 91 DO CP/40, DECORRENTES DE SENTENÇA PENAL
CONDENATÓRIA, INCIDEM QUANDO HÁ TRANSAÇÃO PENAL?
Não, pois “a sentença tem natureza meramente homologatória, sem
qualquer juízo sobre a responsabilidade criminal do aceitante. As
consequências geradas pela transação penal são essencialmente aquelas
estipuladas por modo consensual no respectivo instrumento de acordo”
(STF, RE 795.567).
✓ O QUE É “EFEITO PRODRÔMICO DA SENTENÇA“? expressão
cunhada para designar o princípio non reformatio in pejus direta ou
indireta da sentença penal condenatória.
✓ REFORMATIO IN PEJUS DE FORMA DIRETA: o órgão para o qual foi
dirigido o recurso exclusivo da defesa do réu, não pode reformar a sentença
impugnada para, por exemplo, majorar a pena do acusado.
✓ REFORMATIO IN PEJUS DE FORMA INDIRETA: quando o órgão recursal,
em recurso exclusivo do acusado, anula a sentença condenatória para
determinar um novo julgamento. Nesse novo julgamento, não pode o juiz
proferir sentença que implique situação mais gravosa ao réu do que aquela
primeira sentença que foi invalidada em razão de recurso da sentença penal
exclusivo da defesa.
✓ A VEDAÇÃO À REFORMATIO IN PEJUS INCIDE QUANDO A
DECISÃO FOR PROLATADA POR JUIZ ABSOLUTAMENTE
INCOMPETENTE? A) Sim (STF); B) Não, pois o juiz natural não pode
sofrer limitações de pena fixada por juiz absolutamente incompetente
(RENATO BRASILEIRO e EUGÊNIO PACCELLI).

✓ TRIBUNAL DO JÚRI E REFORMATIO IN PEJUS: o STJ e o STF


pacificaram a questão, assentando o EFEITO PRODRÔMICO da decisão
dos jurados e da sentença penal anulada.
5) SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA:
❖ CONCEITO: a sentença condenatória é aquela em que se conclui pela
TIPICIDADE e ILICITUDE da conduta, bem como pela CULPABILIDADE
do agente, impondo-lhe, via de consequência, uma pena privativa de
liberdade, restritiva de direito ou multa.
A sentença condenatória funda-se tão somente num JUÍZO DE
CERTEZA, de modo que, se pairar dúvida sobre algum elemento do
crime, o réu deverá ser absolvido (in dubio pro reo).Concluindo pela
procedência do pedido, o juiz deverá passar à FIXAÇÃO DA PENA.
❖ CRITÉRIO TRIFÁSICO DE APLICAÇÃO DA PENA (NELSON
HUNGRIA):
o 1ª FASE: aplicação da pena-base observando, para tanto, as CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS (Art. 59 CP/40).
o 2ª FASE: aplicação das CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES (Art. 61 CP/40) e as
CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES (Art. 65 CP/40).
o 3ª FASE: aplicação das CAUSAS DE AUMENTO (MAJORANTE) e das CAUSAS DE
DIMINUIÇÃO DE PENA (MINORANTE) previstas tanto na parte especial como na
parte geral do Código Penal.
❖ REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA: aplicação do
regime inicial de cumprimento de pena (FECHADO, SEMIABERTO OU
ABERTO - Art. 33 CP/40). Para fins de determinação do regime o juiz
deverá computar o período já cumprido pelo acusado de prisão
provisória ou de internação (DETRAÇÃO).
❖ SUBSTITUIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERTDADE POR
RESTRITIVAS DE DIREITO: caso as condições previstas no (Art. 44
CP/40) sejam preenchidas as condições.
❖ SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA: não sendo cabível a
substituição prevista pelo art. 44, deverá então ser analisado a
possibilidade de concessão da suspensão condicional da pena (Art. 77
CP/40).
❖ PENA DE MULTA: fixação da pena de multa, cujo cálculo seguirá o
critério bifásico (Arts. 49 e seguintes do CP/40).
❖ MEDIDA CAUTELAR: o magistrado deverá decidir
fundamentadamente pela manutenção ou pela decretação de prisão
preventiva ou outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de
apelação que vier a ser interposta.
6) SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA:
❖ CONCEITO: a sentença penal absolutória é fundada em um juízo de
certeza ou em um juízo de dúvida sendo certo que, neste caso, deve-se
julgar favoravelmente a réu (in dubio pro reo).Vejamos os casos:
❖ SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art.
28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação.

❖ EFEITOS DA SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA:


Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz:
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
III - aplicará medida de segurança, se cabível.
❖ ESPÉCIES DE SENTENÇA ABSOLUTÓRIA:
a) PRÓPRIA: é aquela em que é julgado improcedente o pleito
acusatório, reconhecendo a inocência do acusado. O principal
efeito dessa sentença é a imediata colocação do réu em
liberdade se estiver preso.
b) IMPRÓPRIA: é aquela em que se reconhece a prática de
conduta típica e ilícita pelo inimputável, impondo-lhe medida de
segurança.
c) ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA: fundada no art. 397 (procedimento
comum) ou 415 (procedimento do Júri), do CPP/41.
d) ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA IMPRÓPRIA: ocorre quando há um
julgamento antecipado da demanda com o fim de absolver o réu
inimputável, impondo-lhe medida de segurança. É incabível no
procedimento comum, porém mostra-se possível no
procedimento do júri, desde que a inimputabilidade seja a única
tese defensiva.
e) ABSOLUTÓRIA ANÔMALA: é aquela que concede o perdão
judicial ao réu.
✓ A SENTENÇA ABSOLUTÓRIA CRIMINAL IMPEDE A
PROPOSITURA DE AÇÃO REPARATÓRIA NO ÂMBITO CÍVEL? Em
regra não, salvo quando:1) implicar em reconhecimento da inexistência
do fato; ou 2) ficar provado que o réu não concorreu para a infração
penal; e 3) agir amparado em excludente de ilicitude (salvo quando
existir legítima defesa com aberratio ictus ou estado de necessidade
agressivo).
✓ A SENTENÇA ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA AFASTA O DEVER DE
INDENIZAR? Não.
✓ EFEITOS DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA: levantamento do sequestro;
cancelamento da hipoteca e a restituição integral da fiança.
✓ SENTENÇA DECLARATÓRIA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:
trata-se de decisão com força de definitiva que encerra a relação
processual, julga o mérito, mas não condena nem absolve. (TOURINHO
FILHO)
✓ LEI DE REPATRIAÇÃO DE ATIVOS (LEI N° 13.254/16): criou nova
causa de extinção da punibilidade, que incide até mesmo para
condenados, desde que não tenha havido o trânsito em julgado da
sentença (art. 5º, 1º). O ingresso no RERCT antes desse marco temporal
afasta a aplicação da pena dos crimes:
a) TRIBUTÁRIOS (art. 1º e art. 2º, I, II e V da Lei 8.137/90 e Lei 4.729/65) e de
SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (art. 337-A do CP);
b) FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO, FALSIFICAÇÃO DE
DOCUMENTO PARTICULAR, FALSIDADE IDEOLÓGICA, USO DE
DOCUMENTO FALSO (art. 297, 298, 299 e 304 do CP);
c) EVASÃO DE DIVISAS (art. 22 da Lei 7.492/86);
d) LAVAGEM DE CAPITAIS (art. 1º da Lei 9.613/98), quando o objeto do crime
derivar dos delitos já citados.

✓ A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ABRANGE OS CRIMES


ANTECEDENTES E QUE DERAM ORIGEM À REMESSA DOS
ATIVOS AO EXTERIOR? Não. Daí porque, em tendo sido praticado
tráfico de drogas, nada impede a instauração da persecução penal.
✓ PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA: “em mão do escrivão, que lavrará nos
autos o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado
a esse fim" (art. 389, CPP/41).
✓ PUBLICAÇÃO: é a transformação do ato individual do juiz, sem valor
jurídico, em ato do processo, com validade para toda a sociedade.
✓ EFEITO DA PUBLICAÇÃO: interrupção da prescrição (art. 117, IV, do
CPP/41).
✓ INTIMAÇÃO DA SENTENÇA:
i. INTIMAÇÃO DA PARTE AUTORA NAS AÇÕES PENAIS
PRIVADAS: Art 391 CPP/41.
ii. INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO DEFENSOR
PÚBLICO E DO DATIVO: sempre pessoalmente. Na hipótese
do dativo, deve ser intimado por mandado, sem carga dos autos.
iii. INTIMAÇÃO DO RÉU E DEFENSOR CONSTITUÍDO:
Art. 392, do CPP/41.
iv. INTIMAÇÃO DO OFENDIDO: Art. 201, § 2º, do CPP/41.
4) PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA OU CORRELAÇÃO
➢ CONCEITO: Pelo princípio da congruência ou correlação, a sentença
penal deve guardar correspondência com a peça acusatória. Esse
princípio visa assegurar o PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO e também a
INÉRCIA DA JURISDIÇÃO. O acusado deve conhecer integralmente todas
as alegações formuladas em seu desfavor para que possa efetivamente se
defender, sob pena de nulidade absoluta.

➢ Dessa forma, não existe a possibilidade de o juiz condenar o acusado por


uma qualificadora cujas elementares não tenham sido descritas na
denúncia ou queixa, por exemplo. Haverá violação ao princípio da
congruência ou correlação quando ocorrer a MUTATIO LIBELLI.
1) EMENDATIO LIBELLI (Art. 383 CPP/41): corresponde à possibilidade do
juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa,
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha
de aplicar pena mais grave.
o MOMENTO: prolação da sentença, salvo quando vier em benefício
do réu ou para fixar adequadamente o procedimento/competência.
o EXEMPLO: MP narra uso de arma de fogo de uso restrito e pede a
condenação por arma de uso permitido.
o PROCEDIMENTO: o magistrado altera o tipo penal, ainda que o
delito seja mais grave.
o EXISTE PREJUÍZO PARA A DEFESA? Não, pois o réu se defende
dos fatos narrados na exordial acusatória.
o É POSSÍVEL SUA APLICAÇÃO EM SEDE RECURSAL? Sim.
o EFEITOS:
A. Artigo 383, § 1º: Se, em consequência de definição jurídica
diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão
condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o
disposto na lei. – Súmula 337, do STJ.
B. Artigo 383, § 2º: Tratando-se de infração da competência
de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.

o É POSSÍVEL A SUA APLICAÇÃO NO MOMENTO DO


RECEBIMENTO DA DENÚNCIA? Apenas em situações
excepcionais, quando a capitulação repercutir em direitos do réu,
no procedimento ou na competência (STF, HC 115831).
2) MUTATIO LIBELLI (Art. 384 CPP/41): ocorre quando, encerrada a
instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato,
em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação,
independentemente de importar agravamento ou atenuação da pena a ser
aplicada ao acusado. Ou seja, é a oportunidade de inclusão de nova
circunstância fática em razão dos fatos apurados durante a instrução (não
abrange agravantes).
o MOMENTO: ao encerramento da instrução.
o EXEMPLO: MP narra homicídio simples e, durante a instrução, fica
constatada a presença de qualificadora.
o PROCEDIMENTO: MP oferece aditamento em 05 dias. Defesa oferece
manifestação em 05 dias. Oitiva de testemunhas e novo interrogatório.
o DEFESA: indispensável a sua manifestação.
o APLICAÇÃO EM SEDE RECURSAL: vedada, sob pena de supressão de
instância (SÚMULA 453 STF).
o CONSEQUÊNCIAS: as mesmas da EMENDATIO.
✓ E SE O MP NÃO OFERECER O ADITAMENTO? Não procedendo o órgão do
Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código (Art. 384, § 1º,
CPP/41).
✓ E SE O JUIZ NÃO RECEBER O ADITAMENTO? Não recebido o aditamento, o
processo prosseguirá (Art. 384, § 5º, CPP/41).
✓ APÓS O RECEBIMENTO DO ADITAMENTO, O JUIZ PODE CONDENAR
PELA IMPUTAÇÃO ORIGINAL? A) Sim, com fundamento na imputação
alternativa objetiva superveniente restrita (AFRÂNIO SILVA JARDIM); B) Não, em
razão do teor do artigo 384, § 4°, do CPP - Havendo aditamento, cada parte poderá
arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na
sentença, adstrito aos termos do aditamento.
✓ QUANDO NA DENÚNCIA NÃO HOUVER DESCRIÇÃO SEQUER IMPLÍCITA
DE CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR DA MODALIDADE CULPOSA DO TIPO
PENAL, O MAGISTRADO, AO PROFERIR A SENTENÇA, PODE
DESCLASSIFICAR A CONDUTA DOLOSA DO AGENTE - ASSIM DESCRITA
NA DENÚNCIA - PARA A FORMA CULPOSA DO CRIME? Não, é indispensável
observar o regramento previsto no art. 384, caput, do CPP. (STJ - REsp 1.388.440-
ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 5/3/2015, DJe 17/3/2015.)
✓ AO FAZER A EMENDATIO OU A MUTATIO, O JUIZ DEVE SEMPRE
CONSIDERAR A POSSIBILIDADE DE OFERECER A SUSPENSÃO
CONDICIONAL DO PROCESSO.
5) COISA JULGADA
➢ CONCEITO: Ocorrerá a coisa julgada quando a decisão judicial não
comportar mais nenhum recurso, tornando-se imutável. A coisa julgada
ocorre nas situações em que há sentença propriamente dita, com
julgamento da pretensão punitiva em seu mérito (condenatória,
absolutória própria ou absolutória imprópria).
➢ EXISTE COISA SOBERANAMENTE JULGADA EM RELAÇÃO À
SENTENÇA CONDENATÓRIA? Não, pois está sujeita à Revisão Criminal
de forma indefinida no tempo.
➢ A SENTENÇA ABSOLUTÓRIA PASSADA EM JULGADO PODE SER
OBJETO DE REVISÃO CRIMINAL? A depender do fundamento, não,
formando a coisa soberanamente julgada.
➢ QUAL A NATUREZA DA DECLARAÇÃO DE EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE PAUTADA EM ATESTADO DE ÓBITO FALSO? Segundo
o STF, o ato é inexistente, cabendo ao juiz retomar o processo de onde
parou, decidindo a causa.
➢ ESPÉCIES: A coisa julgada pode ser formal ou material.
a) COISA JULGADA FORMAL: Haverá a coisa julgada formal quando
não houver mais a possibilidade de recurso naquele mesmo processo
em que foi proferida a decisão, não havendo óbice, contudo, para o
ajuizamento de nova ação dispondo sobre os mesmos fatos, já que não
houve julgamento definitivo de mérito. Nesse caso, não tendo sido
extinta a punibilidade e havendo prova nova, nada impede a
propositura de nova denúncia em face do acusado.
b) COISA JULGADA MATERIAL: A coisa julgada material ocorrerá
quando não houver nenhuma possibilidade de recurso no processo ou
fora dele, sendo que os efeitos do trânsito em julgado da sentença
condenatória serão projetados para além do feito. Nesse caso, a coisa
julgada fundamenta-se na impossibilidade de bis in idem, isto é, de o
sujeito se ver processado e condenado novamente por um mesmo
fato que já foi objeto de discussão. Indubitavelmente, no processo
penal, a coisa jugada é uma garantia do réu na medida em que não
poderá ser processado novamente por um fato já julgado em
definitivo.
✓ QUAL O LIMITE OBJETIVO DA COISA JULGADO NO ÂMBITO
PENAL? O fato nuclear criminoso (causa de pedir).
✓ INCIDE A COISA JULGADA SE O RÉU TIVER SIDO
RESPONSABILIZADO NA QUALIDADE DE AUTOR E,
POSTERIORMENTE, DENUNCIADO COMO PARTÍCIPE? Não (STF
e STJ).
✓ PRECLUSÃO: pode ocorrer de diferentes maneiras, especialmente
sobre as decisões ou "sentenças" que encerram uma fase processual,
mas que não têm força de coisa julgada, notadamente porque seu
conteúdo não afeta o mérito da demanda (sem aplicação de pena).
✓ É POSSÍVEL A REAPRECIAÇÃO DE DECISÃO PRECLUSA? Sim,
quando verificada circunstância superveniente (ex. morte da vítima,
quando o agente foi pronunciado por tentativa de homicídio).
✓ O QUE É PRECLUSÃO EXAUSTIVA? Quando se esgotam os recursos
passíveis de serem interpostos contra uma determinada decisão que
não transita em julgado.

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