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Unidade 2
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
O Estado juiz deve nos garantir a prestação jurisdicional – clara e integra. A resposta que
o Estado deve nos dar, em decorrência do exercício do direito de ação, tem que ser clara,
sem vícios que levem a dúvidas, a dificuldades de entender. A decisão proferida deve
permitir que o jurisdicionado entenda o resultado da prestação jurisdicional, para cumprir
a determinação judicial ou para recorrer dela.
Não é só isso: toda decisão judicial deve ser motivada, por força do art. 93, IX, da CF.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre
o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
A prestação jurisdicional deve ser integra, exauriente. A resposta que o Estado dá deve
envolver toda a causa de pedir expostas pelas partes em relação aos fatos e ao direito. Os
pedidos devem ser inteiramente enfrentados. Não se admite a decisão citra petita – que
não aprecia integralmente os pedidos.
2. CABIMENTO
Os Embargos de Declaração têm essa finalidade: dar a oportunidade ao Juízo que proferiu
uma decisão eivada de vícios de complementá-la ou integrá-la.
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
A obscuridade pode dar-se, por exemplo, na forma em que foi escrita a decisão.
“Um dos requisitos da decisão judicial é a clareza; quando esse requisito não é
atendido, cabem embargos de declaração para buscar esse esclarecimento. A
obscuridade é a qualidade do texto de difícil ou impossível compreensão”
(DIDIER JR E CUNHA).
É quando há uma afirmação que colide com outra em uma mesma decisão.
Os embargos de declaração não são cabíveis para corrigir uma contradição entre a
decisão e alguma prova, argumento ou elemento contido em outras peça constantes
dos autos do processo. Não cabem, em outras palavras, embargos de declaração para
eliminação de contradição externa. A contradição que rende ensejo a embargos
de declaração é a interna, aquela havida entre trechos da decisão embargada”
(DIDIER JR E CUNHA).
A contradição externa é matéria que deve ser suscitada por outras vias recursais.
A omissão tem a ver com a não integridade da prestação jurisdicional. Quando houver
omissão, a decisão deverá ser complementada pela via dos Embargos de Declaração.
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma
do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no
andamento do processo;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe
submeterem.
d) Erro material
“Há erro material, quando o que está escrito na decisão não corresponde à intenção
do juiz, desde que isso seja perceptível por qualquer homem médio” (WAMBIER
apud DIDIER JR E CUNHA).
Os ED devem ser interpostos no prazo de 5 dias úteis. Não lhes é aplicável, portanto, o
prazo unificado de 15 dias.
A interposição deve dar-se mediante petição escrita – seja eletrônica, seja em papel. Não
há interposição de ED oralmente. Mesmo que a decisão seja proferida em audiência, a
interposição dos ED será posterior, na forma escrita.
Não pode ser utilizado para sanar error in judicando, que deverá ser impugnado por outras
vias recursais.
Caso o acolhimento dos ED possa modificar a decisão, o juiz intimará o embargado para,
querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos.
Em regra, os ED não têm efeito modificativo. Contudo, a correção do vício pode levar
à modificação da decisão, caso em que os ED têm efeito modificativo (ou infringente).
O professor aponta que é como um efeito indireto dos ED: o recurso visa corrigir a
decisão embargada e, por consequência disto, pode modificá-la.
Havendo a possibilidade de efeito modificativo – seja por requerimento da parte, seja pelo
reconhecimento de ofício do juiz –, deverá o embargado ser intimado para apresentar
contrarrazões.
Caso a parte embargada tenha interposto recurso antes da interposição dos ED, a parte
que já recorrer poderá realizar o aditamento do recurso se houver acolhimento dos ED,
no limite da modificação da decisão embargada. É uma exceção à preclusão
consumativa que caracteriza o recurso.
Em regra, não tem efeito suspensivo. Porém, este efeito poderá ser concedido em
caráter de tutela de evidência (art. 1.026, §1º, primeira parte) ou de urgência (art.
1.026, §1º segunda parte), desde que presentes os requisitos autorizadores.
Também tem efeito interruptivo: interrompe o fluxo do prazo para qualquer outro
recurso para ambas as partes – embargante e embargado. Por se tratar de um recurso
instrumental, o efeito interruptivo visa impedir que o prazo para recorrer da decisão se
esgote. A partir do julgamento dos ED, haverá intimação para fluência do prazo
recursal, devolvendo-se às partes o prazo integral.
Os ED são um recurso que pode ser reiterado por se caracterizar por ser um recurso
instrumental. Pode haver embargos de declaração nos embargos de declaração, desde
que persistam os vícios impugnados ou surja um novo vício na decisão
complementar.
Outra situação é se o órgão julgador dos ED enfrenta as questões trazidas à baila nos ED
e decide que o vício invocado pela parte não está presente, o que impõe o desprovimento
do recurso. Neste caso, se o embargante entender que o vício existe e persiste, deve lançar
mão de outros recursos cabíveis para fazê-lo. Caso contrário, o recurso será abusivo e
poderá incidir a sanção por litigância de má-fé.
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