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II – DA TEMPESTIVIDADE
Tem-se que os Embargos Declarató rios sã o tempestivos, uma vez que sã o apresentados
dentro do prazo de 5 dias a contar da publicaçã o da decisã o atacada. Desta feita,
indiscutível sua tempestividade.
III – MÉ RITO
a) DA OBSCURIDADE
O termo obscuridade, no uso e na ciência do direito, está associada a uma qualificaçã o da
lide por falta de clareza ou sentido, falta de certeza ou quaisquer outros defeitos que
possam comprometer uma decisã o jurídica, como se faz presente no caso em comento. Pois
bem!
Tudo elide no motivo concreto que acarretou o indeferimento da justiça gratuita a parte
Autora, dado que os termos usados na decisã o sã o extremamente genéricos, pois é
impossível se enxergar o que de fato convenceu este respeitá vel Juízo a indeferir o
requerimento.
Ressalte-se ainda que a existência de 4 imó veis, nã o faz prova de riqueza, ou que nesse
momento a parte Autora esteja em condiçõ es de arcar com as custas processuais, já que
restou demonstrado que a ú nica quantia liquida foi usada para pagamento do ITCMD.
Afastando por inteiro qualquer possibilidade de indeferimento.
Na linha de ideias, a existência de decisã o obscura prejudica até mesmo o ingresso do
recurso cabível, dado que a ausência das razõ es, critérios e requisitos estabelecidos por
este Juízo nã o restou cabalmente demonstrado, tendo simplesmente dito que a parte
Autora nã o faz jus, baseado nas particularidades descritas na peça exordial, sem com tudo
elidir seu convencimento quanto ao choque de provas, argumentos e critérios tã o bem
estabelecidos no có digo processual.
Assim, equipare-se a decisã o obscura ao recurso inepto por ausência de impugnaçã o
especifica, pois ambos nã o possuem o dialogo necessá rio para especificar o vício. Sendo
que da decisã o, prejudica o entendimento de qual requisito nã o foi cumprido para o
deferimento. E quanto ao recurso, prejudica o entendimento adequado a despeito do error
in iudicando ou error in porcedendo.
Logo, demonstrado que a decisã o vergastada nã o veio com o costumeiro acerto, medida
que se impõ e é a correçã o, sendo o presente aclarató rio o meio adequado para dar uma
melhor interpretaçã o da decisã o ao Embargante. Para que entã o possa verificar a possível
existência do error in iudicando ou error in procedendo a embasar o recurso cabível na
forma do art. 1.015, inc. V do CPC.
b) Omissão
Diferentemente do Antigo CPC, o Novo CPC define o que seria a omissã o de que trata o art.
1.022, inciso II. De acordo com o pará grafo ú nico do artigo 1.022, NCPC, incorre em
omissã o a decisã o que:
• Nã o se manifeste sobre entendimento firmado em julgamento de casos repetitivos ou
em incidente de assunçã o de competência aplicá vel ao caso;
• ou se trate de uma das condutas do art. 489, § 1º.O inciso I do pará grafo ú nico se
refere à necessidade de uniformizaçã o da jurisprudência já prevista no art. 926, Novo
CPC. Acerca das condutas prescritas no art. 489, § 1º, NCPC, o texto do dispositivo diz
assim:
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa
ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Como se vislumbra, o art. 489, NCPC, dispõ e sobre os elementos essenciais da sentença
(decisã o), e seu pará grafo primeiro aborda seis hipó teses de nã o fundamentaçã o.
Por sua vez, a decisã o que nã o citou absolutamente nenhum dos documentos que
subsidiaram o pedido de gratuidade judiciá ria, sem sombra de dú vida nã o houve a
costumeira triangulaçã o sistemá tica (pedido -> lei -> provas) a embasar uma decisã o
aceitá vel conforme previsto no art. 93, inc. IX da CF/88 e do art. 489 do CPC.
Firme nas razõ es esposadas, clama a este respeitá vel Juízo que receba e processe o
presente aclarató rio, sanando os vícios apresentados, dando o cará ter infringente ao
julgado, para entã o deferir a gratuidade judiciá ria a parte Autora, ou justificar o seu
indeferimento na forma prevista em nosso ordenamento jurídico, sanando os vícios da
decisã o vergastada.
OAB/AM xx.xxx