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Nº do processo:
NOME DO RECORRENTE, já qualificada nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado que ao final
subscreve, vem, com o devido respeito, perante Vossa Excelência, interpor o seu RECURSO INOMINADO [OU
DE APELAÇÃO, em caso de Justiça Comum] contra a respeitável sentença do evento 70, requerendo que sejam
remetidos os autos para a Colenda Turma Recursal para que lá seja realizada a anulação do decisum em razão da
presença de error in procedendo [ou a reforma do decisum em razão da presença de error in iudicando].
[SE NO JUIZADO NÃO HÁ GRATUIDADE DEFERIDA] Além disso, requer a concessão da gratuidade de justiça
a fim de ser isenta do preparo, em vista a documentação acostada que comprova se enquadrar no conceito de
hipossuficiente, de forma que não tem condições financeiras de suportar o pagamento das custas sem prejuízo do seu
sustento ou de sua família.
[SE FOR O CASO DE GRATUIDADE] Informa, por fim, a desnecessidade do recolhimento de preparo, em razão da
gratuidade de justiça deferida [tacitamente, com base no REsp 1.721249] no ID XXXXXX.
[SE NÃO FOR O CASO DE GRATUIDADE] Informa, por fim, o recolhimento do preparo.
BRUNO MEDRADO
OAB/BA 47716
COLENDA TURMA RECURSAL
PROCESSO: 0002448-12.2022.8.05.0146
RECORRENTE: MARIA LÚCIA REGO DA SILVA
RECORRIDO: ADNORIA CAMPINAS NOGUEIRA
Nobres Julgadores.
RAZÕES DO RECURSO
1. DOS FATOS
Durante esse tempo, os valores das compras dos produtos da ACAJ feitas no cartão
de crédito/débito iam direto para a conta jurídica da ACAJ e, como o procedimento no
cartório tramitava, o banco não autorizava que a Presidente movimentasse a conta
enquanto não atualizada a informação de sua legitimidade.
2. DO MÉRITO
Por tal razão que a decisão não fundamentada configura nulidade, nos termos do
Art. 1.013, §3º, in IV do CPC, amplamente reforçado pela doutrina:
Com isso, quer-se dizer que se uma decisão judicial não é fundamentada, carece
dos requisitos legais de eficácia e validade, pois ilegal! Este entendimento predomina
nos tribunais:
Está claro que nos presentes autos não há relação de consumo, mas sim relação
jurídica regulada pelo Código Civil e este diploma normativo exige que se faça a
exposição e prova da Teoria Maior, nos termos do artigo 50, com a redação dada pela
Lei 13.874/19, do Código Civil, que dispõe:
Ocorre que a recorrida não trouxe nenhuma evidência sobre qualquer um dos
requisitos acima mencionados, não podendo se presumir o dolo ou desvio de finalidade.
Para se ter uma ideia, poderia colacionar aos autos fotografias da evolução do
patrimônio da recorrente durante os meses de agosto a dezembro, sinais aparentes de
riqueza, vídeos demonstrando o desvio de finalidade, fotografias de lojas em outros
endereços que não aqueles cadastrados nos órgãos fazendários, mas não o fez. E por
uma razão simples: porque não consegue comprovar qualquer indício de fraude.
Pelo contrário mente em juízo ao dizer que a recorrente retirou quantias da conta da
associação e as depositou na do seu pai, na tentativa falha de induzir este juízo a erro,
pois durante esse período a conta bancária da associação só recebia valores das vendas,
não era possível a movimentação em razão da necessidade exigida pelas normas do
Sistema Financeiro Nacional.
Portanto, deve ser de plano indeferido o pedido, uma vez que não restou
demonstrados os requisitos legais acima referidos, bem como a desconsideração da
personalidade jurídica trata-se de exceção admitida somente em casos extremos,
conforme remansosa jurisprudência:
Não produziu prova, quando do protocolo, nem pugnou pela produção posterior,
a exemplo da prova oral.
O mais absurdo, com o devido respeito é que o juízo instaura uma regra de
instrução do processo na sentença, quando insinua que a recorrente deveria provar o
direito da recorrida.
Por todo exposto, a sentença é nula nesse ponto seja por julgar em
desconformidade com a prova dos autos, como vaticina o art. 371, do CPC/15, seja por
criar uma espécie de regra de instrução no momento da sentença. Por isso, requer a sua
anulação e avançando no mérito, com base na teoria da causa madura, seja julgado
improcedente o pedido de indenização por danos materiais.
Dessa forma, a saída mais correta seria a improcedência dos pedidos, o que fica
desde já requerida pelos motivos alhures expostos.
A recorrida ora falseia, ora omite a verdade dos fatos. Em sua narrativa, não foi
pontuado que os valores arrecadados com as vendas dos produtos postos à exposição na
loja, sede da ACAJ, de todos os associados e da própria associação, foram utilizados
pela ACAJ para pagar despesas para o seu funcionamento, de modo a viabilizar o
trabalho da recorrida e das demais associadas, além da própria existência da Associação,
que cumpre um importante papel social difundindo a cultura local.
Ainda de acordo com a norma regimental, todos devem zelar pelo patrimônio
físico e moral da Associação e conservar os equipamentos de uso coletivo e contribuir
para a limpeza e manutenção das áreas internas e externa:
Não se pode esquecer que os últimos dois anos foram atípicos em decorrência da
pandemia causada pelo Novo Coronavírus e, quando a ACAJ estava voltando à
normalidade, veio esse bloqueio da sua conta e, durante esse período diversas despesas
iam se implementando. A recorrente não poderia tirar do seu próprio patrimônio pessoal
e arcar com as dívidas de natureza contínua, pois, do contrário, haveria confusão
patrimonial e, aí sim, responderia pessoalmente. Quem pagaria essas dívidas senão os
próprios associados e a ACAJ? De outra forma não entende o STJ, mutatis mutandis:
Por todo exposto, a sentença é nula nesse ponto seja por julgar em
desconformidade com a prova dos autos, como vaticina o art. 371, do CPC/15, seja por
criar uma espécie de regra de instrução no momento da sentença. Por isso, requer a sua
anulação e avançando no mérito, com base na teoria da causa madura, seja julgado
improcedente o pedido de indenização por danos materiais.
3. DOS REQUERIMENTOS
Ante o exposto, requer o conhecimento do presente recurso para que seja provido
no sentido de anular a sentença, por desrespeito à regra do art. 371 e 489, e, avançando
no julgamento da causa, com base na teoria da causa madura, seja acolhida a preliminar
de ilegitimidade passiva ou, subsidiariamente, caso não acolhida, julgado improcedente
o pedido de indenização por danos materiais.
São os termos em que pede deferimento.
Juazeiro/BA, 10 de janeiro de 2023.
BRUNO MEDRADO
OAB/BA 47716