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Imperativo ao julgador, por força de tais incisos, promover a integração da dimensão normativa do
dispositivo à dimensão fática, extraída dos autos. Isto é, a hipótese normativa deve ser subsumida
aos fatos constantes do processo, explanando-se a aplicabilidade ou não das normas ao caso
concreto deduzido.
Ainda, compete ao juiz tratar sobre os efeitos de tal incidência normativa, bem como sobre a
compatibilidade desses feitos com a decisão tomada.
No deslinde do julgamento de uma causa, em termos práticos, para estar atendendo a novidade do
comando processual em comento, o competente julgador deverá:
a) Enunciar sua interpretação relativamente sinopse fática da causa de pedir e da causa do réu, e/ou,
se for o caso, a sua interpretação quanto ao fato jurídico processual sobre o qual decide,
apresentando claramente os parâmetros fáticos considerados em sua decisão;
c) Expor as consequências jurídicas oriundas da eventual incidência dessas normas, anotando como e
a razão de tais consequências, ou a ausência delas (no caso de a norma não gerar os efeitos alegados
pela parte) determinarem a decisão proferida pelo juiz.
A presente incidência normativa se vê muito mais reiterada em situações em que se busca fazer
recair sobre os fatos dos autos, princípios ou normas que contenham conceitos jurídicos
indeterminados, dispositivos de baixa densidade normativa.
Releve-se, por outra via, que haverá causas em que se exigirá do julgador fundamentação menos
exigente diante da simplicidade dos fatos e de pouca abertura semântica das normas, o que não
significará descumprimento do preceito legal em apreço.
O inciso III do art. 489, §1º do NCPC normatiza vedação às fundamentações "[...] que se prestariam a
justificar qualquer outra decisão". Ora, com este dispositivo, não quis o legislador outra coisa que
não impedir as conhecidas "decisões prontas", de modo a conduzir o magistrado a enfrentar o
conteúdo dos autos em cotejo com a norma
Não é raro encontrar decisões, a guisa de exemplos, em que apenas se indefere o pedido "porque
ausentes os pressupostos da tutela antecipada", sem que seja oportunizado ao jurisdicionado
conhecer quais os motivos de não estarem, naquele caso específico, presentes referidos
pressupostos. E, de igual modo, decisões que julgam antecipadamente a lide porque presentes os
pressupostos, não necessariamente apresentando quais seriam estes na hipótese dos autos.
A Nova Lei Processual intenciona, reger o magistrado a perfazer análise jurídica dos fatos constantes
do processo sob seu proprio julgamento.
O comando mais emblemático trazido pelo art. 489, § 1º, IV do Novo CPC prever que não se
considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
"[...] não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador".
A Corte superior, sobre a matéria, firmou entendimento de que, conquanto o julgador não esteja
obrigado a rebater, com minúcias, cada um dos argumentos deduzidos pelas partes, o novo Código
de Processo Civil, exaltando os princípios da cooperação e do contraditório, impõe-lhe o dever,
dentre outros, de enfrentar todas as questões capazes de, por si sós e em tese, infirmar a sua
conclusão sobre os pedidos formulados, sob pena de se reputar não fundamentada a decisão
proferida (art. 489, § 1º, IV).
A ratio do decisum é, assim, a de que cumpre ao julgador enfrentar apenas as questões capazes de,
por si sós e em tese, nulificar a sua conclusão sobre os pedidos formulados.
Nesse viés, germina justo e sensato que, se é a parte vencida que tem interesse recursal para se
insurgir contra a decisão adversa, e se é a sua esfera jurídica a prejudicada pelo ato jurisdicional, é
também a ela a quem o Judiciário deve maiores explicações, e não à parte que teve sua pretensão
acolhida.
A teor do inciso V do artigo 489, §1º "Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial [..]
que: se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos".
Por força de tal inciso, se uma decisão fundamenta-se em precedente, limitando-se a citar a ementa
do julgado, ou transcrever o enunciado da súmula, tal fundamento é considerado inexistente.
E nesse passo, a decisão que tenha precedente como único fundamento, seja obrigatório ou
persuasivo, e não realiza o que a doutrina chamou de distinguishing, será nula em razão de sua não
fundamentação.
Na prática do ditame legal em análise, o magistrado não deve buscar a identidade entre os casos,
porquanto isso seja praticamente impossível. É necessário, não obstante, promover a similitude
entre as teses jurídicas do paradigma e do caso concreto.