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DA SENTENÇA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Nesta pesquisa, exploraremos o artigo 381 ao 392 do Código de Processo Penal (CPP) O
presente estudo propõe uma análise minuciosa sobre a classificação das decisões judiciais no
sistema processual penal brasileiro, com ênfase nas sentenças definitivas de condenação ou
absolvição, decisões interlocutórias simples e mistas, decisões executáveis e não executáveis, e
decisões subjetivamente simples, plúrimas e complexas.
No contexto das decisões judiciais, também são abordadas as categorias de decisões suicidas e
vazias, embora estas sejam consideradas por alguns doutrinadores como sem finalidade prática.
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NDRADE, Mauro Fonseca. Sistemas processuais penais e seus princípios reitores. 2. ed. Paraná: Juruá, 2013. Cruz
das Almas: Faculdade Brasileira do Recôncavo- FBBR, 2023.
ARTIGO 381 AO ART. 384 DO CPP: REQUISITOS DA SENTENÇA PENAL
Esses artigos estabelecem os elementos que devem compor a sentença penal, incluindo os nomes
das partes, a exposição sucinta da acusação e defesa, os motivos de fato e de direito que
fundamentam a decisão, a indicação dos artigos de lei aplicados, o dispositivo (parte decisória), a
data e a assinatura do juiz.
O Art. 383 autoriza o juiz a atribuir uma definição jurídica diversa aos fatos narrados na denúncia
ou queixa.
O Art. 384 permite o aditamento da denúncia pelo Ministério Público após o encerramento da
instrução probatória.
Art. 385 ao Art. 393 do CPP: Procedimentos Após a Prolação da Sentença Penal
Esses artigos tratam dos procedimentos posteriores à prolação da sentença.
O Art. 385 permite que o juiz profira sentença condenatória mesmo que o Ministério Público
tenha opinado pela absolvição.
O Art. 387 determina o conteúdo da sentença condenatória, incluindo a imposição das penas.
O Art. 388 dispõe sobre a forma de apresentação da sentença e a necessidade de rubrica do juiz
em todas as folhas.
Os artigos 389, 390, 391 e 392 tratam dos procedimentos de publicação, intimação e ciência da
sentença às partes envolvidas no processo.
Podemos observar que esses artigos são fundamentais para garantir a justiça e a equidade no
sistema penal brasileiro. Que estabelecem os requisitos formais para uma sentença penal,
permitem que as partes peçam esclarecimentos sobre a sentença e permitem que o juiz atribua uma
definição jurídica diferente ao fato descrito na denúncia ou queixa. No entanto, é importante
lembrar que essas disposições devem ser aplicadas de maneira a respeitar o direito de defesa do
réu.
SENTENÇAS DEFINITIVAS DE CONDENAÇÃO OU DE ABSOLVIÇÃO: REQUISITOS
FORMAIS
A importância dos requisitos formais na sentença penal reside no fato de que a ausência dessas
formalidades pode comprometer a validade da decisão. De acordo com o dispositivo legal
mencionado, a falta de observância dos requisitos formais pode tornar a decisão viciada, variando
de uma simples irregularidade até a inexistência do ato, a depender do caso concreto. Isso significa
que a não conformidade com as formalidades estabelecidas pelo CPP pode acarretar
consequências que vão desde a anulação parcial até a total invalidação da sentença.
Relatório: A sentença deve conter um relatório que resuma as principais etapas do procedimento e
dos incidentes ocorridos durante o processo. Esse relatório deve incluir a identificação das partes
envolvidas no processo e uma exposição sucinta da acusação e da defesa.
“Na verdade, julgamentos despidos de motivação apenas são admitidos quando se tratar de
questões afetas ao Tribunal do Júri, já que, neste caso, os juízes, que são os jurados, decidem pela
íntima convicção, sem se atrelar, necessariamente, aos elementos de convicção angariados ao
processo. Tanto é assim que a apelação contra decisões do Tribunal do Júri sob o fundamento de
que o veredicto foi manifestamente contrário à prova dos autos é cabível apenas uma vez, não
podendo ser novamente deduzida caso, em novo julgamento, tornem os jurados a decidir contra a
prova carreada ao processo (art. 593, III, d, e § 3.º, do CPP). A motivação deverá abranger tanto as
matérias de fato relativas à autoria e à materialidade como as matérias jurídicas que constituem as
teses de acusação e defesa. Além disso, devem ser indicados os dispositivos de lei incidentes no
caso concreto. A ausência dessa indicação implica em nulidade absoluta da decisão, salvo se,
apesar de não mencionados expressamente tais artigos, houver referência implícita a eles.”
(ANDRADE, 2013, p. 1081 )
Segundo o primeiro entendimento, não há vedação ao uso da motivação ad relationem, sendo este
o posicionamento majoritário. No entanto, é necessário ressaltar que simplesmente fazer referência
a outra decisão judicial não é suficiente para atender à exigência de fundamentação das decisões
judiciais. É imprescindível que o juiz indique de forma expressa quais partes da decisão anterior
foram invocadas para justificar o novo julgamento.
Por outro lado, o segundo entendimento argumenta que o uso da fundamentação ad relationem é
inconstitucional, pois viola o disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal. Segundo essa
perspectiva, transferir o ônus de motivar a uma parte diversa daquela que proferiu a decisão
compromete a imparcialidade do julgamento, uma vez que não se garante que os motivos do
provimento sejam apresentados de forma imparcial.
Por fim, Andrade ressalta que a sentença deve aderir ao objeto do processo, evitando julgamentos
citra petita, ultra petita ou extra petita. A sentença citra petita ocorre quando não são analisados
todos os fatos apresentados na denúncia ou queixa. Apesar de nula, essa omissão pode ser sanada
por meio da oposição de embargos declaratórios. Já a sentença ultra petita acontece quando
ultrapassa o pedido formulado pelo autor da ação, sendo nula na parte que excede a imputação.
Por fim, a sentença extra petita ocorre quando reconhece um objeto diferente daquele pleiteado na
inicial, sendo absolutamente nula e impossível de ser corrigida até mesmo por meio de embargos
de declaração, pois representa uma desobediência flagrante ao princípio da correlação entre o fato
imputado e a decisão judicial (ANDRADE, 2013).
Dispositivo: O dispositivo é a parte da sentença que contém a decisão do juiz. É aqui que o juiz
expressa sua decisão de condenar ou absolver o réu, e indica os dispositivos legais que
fundamentam essa decisão. Na sentença condenatória, o juiz deve indicar o tipo penal que se
aplica à conduta do réu. A falta dessa indicação pode levar à nulidade da sentença. No caso de
uma sentença absolutória, o juiz deve indicar o fundamento legal para a absolvição, que pode ser,
por exemplo, a atipicidade da conduta, a ausência de provas de autoria, ou a presença de uma
excludente de ilicitude.
No Código de Processo Penal (CPP), existem diferentes tipos de sentenças, cada uma com
características específicas.
Sentença Condenatória:
Sentença Absolutória:
Efeitos da Sentença:
• Penais: Incluem a inclusão do nome do réu no rol dos culpados e efeitos reflexos que
afetam outras relações jurídicas.
• Extrapenais: Previstos no Código Penal e na Constituição Federal, como perda da função
pública e confisco de bens adquiridos com o proveito da infraçã
A sentença penal vai além da aplicação da pena, gerando consequências que impactam a vida do
condenado e são essenciais para compreender o alcance completo da decisão judicial.
A sentença penal absolutória, conforme prevista no art. 386 do Código de Processo Penal (CPP), é
de fundamental importância para o sistema jurídico brasileiro, pois declara a improcedência da
acusação em um processo criminal. Essa decisão pode ocorrer por diversos motivos, cada um com
suas implicações e reflexos jurídicos.
Primeiramente, a absolvição pode ocorrer quando o juiz constata a inexistência do fato imputado
na denúncia ou queixa. Nesse caso, não há dúvidas quanto à inocência do réu, o que implica em
uma absolvição que produz coisa julgada no âmbito cível, afastando a possibilidade de ações
posteriores para reparação de danos.
Além disso, a absolvição pode se dar pela falta de prova da existência do fato, o que não gera
efeitos cíveis, permitindo que eventuais danos sejam discutidos em uma ação civil subsequente.
Outra hipótese de absolvição é quando o fato imputado não constitui infração penal, ou seja, não
configura um crime segundo a legislação vigente. Essa absolvição também pode ser discutida no
âmbito civil, especialmente em casos de danos decorrentes da conduta alegada como criminosa.
A comprovação de que o réu não concorreu para a infração penal ou a falta de prova de sua
participação no crime são fundamentos distintos de absolvição. Enquanto o primeiro gera coisa
julgada no âmbito cível, o segundo não produz esse efeito.
Por fim, a existência de circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena pode
fundamentar a absolvição. Nesse caso, são consideradas as excludentes de ilicitude previstas no
Código Penal, como legítima defesa e estado de necessidade. Essa absolvição também pode gerar
coisa julgada no âmbito cível, mas não prejudica o direito de terceiros lesados.
E quando se tratar de sentença absolutória imprópria? Entende-se por absolvição imprópria
aquela que, reconhecendo a inimputabilidade do acusado em virtude de doença mental ao tempo
do fato, impõe a ele medida de segurança (art. 26, caput, do CP, e art. 386, VI, 2.ª parte e
parágrafo único, III, do CPP).
Os artigos 381 a 384 do Código de Processo Penal (CPP) são explorados, destacando os
elementos que devem compor uma sentença penal e as possibilidades de correção e redefinição
jurídica dos fatos. Além disso, os procedimentos após a prolação da sentença penal são
discutidos, incluindo a possibilidade de o juiz proferir uma sentença condenatória mesmo que o
Ministério Público tenha opinado pela absolvição.
Por tanto, pesquisa fornece uma visão abrangente e detalhada do sistema processual penal
brasileiro, destacando a importância da classificação das decisões judiciais e os requisitos
formais para uma sentença penal. Isso contribui para um melhor entendimento do sistema
jurídico e pode servir como um recurso valioso para profissionais do direito e estudantes.
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NDRADE, Mauro Fonseca. Sistemas processuais penais e seus princípios reitores. 2. ed.
Paraná: Juruá, 2013. Cruz das Almas: Faculdade Brasileira do Recôncavo- FBBR, 2023.
Projuris. Código de Processo Penal (CPP): Art. 381 ao Art. 393 do CPP. Disponível em:
<https://www.projuris.com.br/cpp/art-381-ao-art-393-do- Acesso em: [ 20 de Março de
2024].