Você está na página 1de 10

FACULDADE BRASILEIRA DO RECÔNCAVO-FBBR

CURSO BACHAREL EM DIREITO

DA SENTENÇA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Atividade apresentada à Faculdade Brasileira do Recôncavo -


FBBR, como exigência de nota complementar para a disciplina
Direito Processual Penal sob a orientação do Docente Dr. Felipe
Ghiraldelli, pelos Discentes: Caio Mata, Christie Juliana,
Francicléia Santos, Gilson dos Santos, Igor Araújo, Mariane de
Jesus, Marcos Antônio, Milena de Oliveria, Raissa Silva,
Rafaella Gusmão, Thamiris Santana.

Cruz das Almas-BA


2024
INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa, exploraremos o artigo 381 ao 392 do Código de Processo Penal (CPP) O
presente estudo propõe uma análise minuciosa sobre a classificação das decisões judiciais no
sistema processual penal brasileiro, com ênfase nas sentenças definitivas de condenação ou
absolvição, decisões interlocutórias simples e mistas, decisões executáveis e não executáveis, e
decisões subjetivamente simples, plúrimas e complexas.

A classificação das decisões judiciais é amplamente reconhecida pela doutrina e jurisprudência


majoritárias como de importância fundamental para a definição do recurso cabível diante de uma
determinada decisão judicial, especialmente quando a lei não é expressa a respeito.

No que concerne às sentenças definitivas de condenação ou absolvição, estas representam o


desfecho do processo penal, pondo fim ao procedimento após esgotadas todas as etapas. Por sua
vez, as decisões interlocutórias, divididas em simples e mistas, desempenham um papel crucial na
condução do processo, resolvendo incidentes processuais ou questões atinentes à regularidade do
procedimento.

Destaca-se ainda a distinção entre decisões executáveis e não executáveis, levando em


consideração a eficácia produzida pela decisão no sentido de admitir ou não sua execução
imediata. Por fim, a classificação das decisões quanto à sua subjetividade - simples, plúrimas e
complexas - considera a condição do órgão prolator e sua composição.

No contexto das decisões judiciais, também são abordadas as categorias de decisões suicidas e
vazias, embora estas sejam consideradas por alguns doutrinadores como sem finalidade prática.

Portanto, este estudo busca aprofundar o entendimento sobre as diferentes modalidades de


decisões judiciais no processo penal brasileiro, explorando suas características, importância e
repercussões no contexto jurídico.
1

1
NDRADE, Mauro Fonseca. Sistemas processuais penais e seus princípios reitores. 2. ed. Paraná: Juruá, 2013. Cruz
das Almas: Faculdade Brasileira do Recôncavo- FBBR, 2023.
ARTIGO 381 AO ART. 384 DO CPP: REQUISITOS DA SENTENÇA PENAL

Esses artigos estabelecem os elementos que devem compor a sentença penal, incluindo os nomes
das partes, a exposição sucinta da acusação e defesa, os motivos de fato e de direito que
fundamentam a decisão, a indicação dos artigos de lei aplicados, o dispositivo (parte decisória), a
data e a assinatura do juiz.

O Art. 382 prevê a possibilidade de correção de obscuridades, ambiguidades, contradições ou


omissões por meio de embargos de declaração.

O Art. 383 autoriza o juiz a atribuir uma definição jurídica diversa aos fatos narrados na denúncia
ou queixa.

O Art. 384 permite o aditamento da denúncia pelo Ministério Público após o encerramento da
instrução probatória.

Art. 385 ao Art. 393 do CPP: Procedimentos Após a Prolação da Sentença Penal
Esses artigos tratam dos procedimentos posteriores à prolação da sentença.
O Art. 385 permite que o juiz profira sentença condenatória mesmo que o Ministério Público
tenha opinado pela absolvição.

O Art. 386 estabelece as hipóteses de absolvição do réu.

O Art. 387 determina o conteúdo da sentença condenatória, incluindo a imposição das penas.

O Art. 388 dispõe sobre a forma de apresentação da sentença e a necessidade de rubrica do juiz
em todas as folhas.

Os artigos 389, 390, 391 e 392 tratam dos procedimentos de publicação, intimação e ciência da
sentença às partes envolvidas no processo.

O Art. 393 foi revogado pela Lei nº 12.403/2011.

Podemos observar que esses artigos são fundamentais para garantir a justiça e a equidade no
sistema penal brasileiro. Que estabelecem os requisitos formais para uma sentença penal,
permitem que as partes peçam esclarecimentos sobre a sentença e permitem que o juiz atribua uma
definição jurídica diferente ao fato descrito na denúncia ou queixa. No entanto, é importante
lembrar que essas disposições devem ser aplicadas de maneira a respeitar o direito de defesa do
réu.
SENTENÇAS DEFINITIVAS DE CONDENAÇÃO OU DE ABSOLVIÇÃO: REQUISITOS
FORMAIS

As sentenças definitivas de condenação ou absolvição representam o desfecho do processo penal,


determinando a culpabilidade ou a inocência do réu. No entanto, para garantir a validade e a
justiça dessas decisões, é fundamental que atendam aos requisitos formais estabelecidos pelo
Código de Processo Penal (CPP). O artigo 381 e seguintes do CPP disciplinam esses requisitos,
estabelecendo diretrizes específicas que devem ser observadas pelos magistrados ao proferirem
suas sentenças.

A importância dos requisitos formais na sentença penal reside no fato de que a ausência dessas
formalidades pode comprometer a validade da decisão. De acordo com o dispositivo legal
mencionado, a falta de observância dos requisitos formais pode tornar a decisão viciada, variando
de uma simples irregularidade até a inexistência do ato, a depender do caso concreto. Isso significa
que a não conformidade com as formalidades estabelecidas pelo CPP pode acarretar
consequências que vão desde a anulação parcial até a total invalidação da sentença.

Dentre os principais requisitos formais das sentenças definitivas de condenação ou absolvição,


destacam-se:

Relatório: A sentença deve conter um relatório que resuma as principais etapas do procedimento e
dos incidentes ocorridos durante o processo. Esse relatório deve incluir a identificação das partes
envolvidas no processo e uma exposição sucinta da acusação e da defesa.

Motivação: A motivação é um requisito essencial da sentença penal, exigido tanto pela


Constituição Federal quanto pelo CPP. O magistrado deve fundamentar sua decisão, explicando os
motivos que o levaram a condenar ou absolver o réu. A motivação da sentença contribui para a
transparência e justificação do julgamento.

Observância aos Princípios da Correlação e da Congruência: A sentença penal deve observar os


princípios da correlação e da congruência, garantindo que a decisão esteja em conformidade com
os fatos e pedidos apresentados pelas partes durante o processo. Isso evita julgamentos citra petita
(aquém do pedido), ultra petita (além do pedido) ou extra petita (fora do pedido), que podem levar
à nulidade da sentença.
Por favor como como citação

“Na verdade, julgamentos despidos de motivação apenas são admitidos quando se tratar de
questões afetas ao Tribunal do Júri, já que, neste caso, os juízes, que são os jurados, decidem pela
íntima convicção, sem se atrelar, necessariamente, aos elementos de convicção angariados ao
processo. Tanto é assim que a apelação contra decisões do Tribunal do Júri sob o fundamento de
que o veredicto foi manifestamente contrário à prova dos autos é cabível apenas uma vez, não
podendo ser novamente deduzida caso, em novo julgamento, tornem os jurados a decidir contra a
prova carreada ao processo (art. 593, III, d, e § 3.º, do CPP). A motivação deverá abranger tanto as
matérias de fato relativas à autoria e à materialidade como as matérias jurídicas que constituem as
teses de acusação e defesa. Além disso, devem ser indicados os dispositivos de lei incidentes no
caso concreto. A ausência dessa indicação implica em nulidade absoluta da decisão, salvo se,
apesar de não mencionados expressamente tais artigos, houver referência implícita a eles.”
(ANDRADE, 2013, p. 1081 )

De acordo com Andrade (2013, p. 97-98), a questão da motivação ad relationem, também


conhecida como fundamentação por referência, é objeto de dois entendimentos distintos no âmbito
do Poder Judiciário.

Segundo o primeiro entendimento, não há vedação ao uso da motivação ad relationem, sendo este
o posicionamento majoritário. No entanto, é necessário ressaltar que simplesmente fazer referência
a outra decisão judicial não é suficiente para atender à exigência de fundamentação das decisões
judiciais. É imprescindível que o juiz indique de forma expressa quais partes da decisão anterior
foram invocadas para justificar o novo julgamento.

Por outro lado, o segundo entendimento argumenta que o uso da fundamentação ad relationem é
inconstitucional, pois viola o disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal. Segundo essa
perspectiva, transferir o ônus de motivar a uma parte diversa daquela que proferiu a decisão
compromete a imparcialidade do julgamento, uma vez que não se garante que os motivos do
provimento sejam apresentados de forma imparcial.

Por fim, Andrade ressalta que a sentença deve aderir ao objeto do processo, evitando julgamentos
citra petita, ultra petita ou extra petita. A sentença citra petita ocorre quando não são analisados
todos os fatos apresentados na denúncia ou queixa. Apesar de nula, essa omissão pode ser sanada
por meio da oposição de embargos declaratórios. Já a sentença ultra petita acontece quando
ultrapassa o pedido formulado pelo autor da ação, sendo nula na parte que excede a imputação.
Por fim, a sentença extra petita ocorre quando reconhece um objeto diferente daquele pleiteado na
inicial, sendo absolutamente nula e impossível de ser corrigida até mesmo por meio de embargos
de declaração, pois representa uma desobediência flagrante ao princípio da correlação entre o fato
imputado e a decisão judicial (ANDRADE, 2013).

Dispositivo: O dispositivo é a parte da sentença que contém a decisão do juiz. É aqui que o juiz
expressa sua decisão de condenar ou absolver o réu, e indica os dispositivos legais que
fundamentam essa decisão. Na sentença condenatória, o juiz deve indicar o tipo penal que se
aplica à conduta do réu. A falta dessa indicação pode levar à nulidade da sentença. No caso de
uma sentença absolutória, o juiz deve indicar o fundamento legal para a absolvição, que pode ser,
por exemplo, a atipicidade da conduta, a ausência de provas de autoria, ou a presença de uma
excludente de ilicitude.

Autenticação: A autenticação é a assinatura do juiz na sentença. A assinatura do juiz é o que dá


autenticidade à sentença, e a falta dela torna a sentença inexistente. Quando a sentença é proferida
oralmente em audiência e registrada por estenotipia ou gravada por sistemas de informática, ela só
tem valor como decisão judicial quando o juiz, após conferir e revisar o registro, assina a sentença.
Esses requisitos são fundamentais para a validade da sentença. A ausência de qualquer um deles
pode levar à nulidade da sentença, o que significa que a sentença é considerada inválida e sem
efeito legal. Portanto, é crucial que o juiz observe esses requisitos ao proferir uma sentença.

No Código de Processo Penal (CPP), existem diferentes tipos de sentenças, cada uma com
características específicas.

Sentença Condenatória:

• Reconhece a responsabilidade do réu em relação à infração penal cometida.


• Impõe uma pena ao acusado.
• Exige prova cabal para a condenação.

Sentença Absolutória:

• Julga improcedente a acusação.


• Absolve o réu.
• Pode ser

 Própria: Não acolhe a pretensão punitiva e não impõe sanção ao acusado.


 Imprópria: Não acolhe a pretensão punitiva, mas impõe medida de segurança

Sentença Terminativa de Mérito:

• Julga o mérito, mas não condena nem absolve o réu.


• Exemplo: Declaração de extinção da punibilidade.

Efeitos da Sentença:

• Penais: Incluem a inclusão do nome do réu no rol dos culpados e efeitos reflexos que
afetam outras relações jurídicas.
• Extrapenais: Previstos no Código Penal e na Constituição Federal, como perda da função
pública e confisco de bens adquiridos com o proveito da infraçã

A sentença penal vai além da aplicação da pena, gerando consequências que impactam a vida do
condenado e são essenciais para compreender o alcance completo da decisão judicial.

A sentença penal absolutória, conforme prevista no art. 386 do Código de Processo Penal (CPP), é
de fundamental importância para o sistema jurídico brasileiro, pois declara a improcedência da
acusação em um processo criminal. Essa decisão pode ocorrer por diversos motivos, cada um com
suas implicações e reflexos jurídicos.

Primeiramente, a absolvição pode ocorrer quando o juiz constata a inexistência do fato imputado
na denúncia ou queixa. Nesse caso, não há dúvidas quanto à inocência do réu, o que implica em
uma absolvição que produz coisa julgada no âmbito cível, afastando a possibilidade de ações
posteriores para reparação de danos.

Além disso, a absolvição pode se dar pela falta de prova da existência do fato, o que não gera
efeitos cíveis, permitindo que eventuais danos sejam discutidos em uma ação civil subsequente.

Outra hipótese de absolvição é quando o fato imputado não constitui infração penal, ou seja, não
configura um crime segundo a legislação vigente. Essa absolvição também pode ser discutida no
âmbito civil, especialmente em casos de danos decorrentes da conduta alegada como criminosa.

A comprovação de que o réu não concorreu para a infração penal ou a falta de prova de sua
participação no crime são fundamentos distintos de absolvição. Enquanto o primeiro gera coisa
julgada no âmbito cível, o segundo não produz esse efeito.

Por fim, a existência de circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena pode
fundamentar a absolvição. Nesse caso, são consideradas as excludentes de ilicitude previstas no
Código Penal, como legítima defesa e estado de necessidade. Essa absolvição também pode gerar
coisa julgada no âmbito cível, mas não prejudica o direito de terceiros lesados.
E quando se tratar de sentença absolutória imprópria? Entende-se por absolvição imprópria
aquela que, reconhecendo a inimputabilidade do acusado em virtude de doença mental ao tempo
do fato, impõe a ele medida de segurança (art. 26, caput, do CP, e art. 386, VI, 2.ª parte e
parágrafo único, III, do CPP).

A sentença penal condenatória possui efeitos que se desdobram em principais e secundários.:


Aplicação da Pena: Isso inclui a fixação da pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos ou
multa) e a imposição de medida de segurança ao acusado.
Imputáveis e Inimputáveis: Os inimputáveis, como aqueles com doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não estão sujeitos à condenação penal.
Efeitos Secundários:
Penais: Incluem a inclusão do nome do réu no rol dos culpados e os efeitos reflexos da sentença,
que se projetam em relações jurídicas distintas.
Extrapenais: São previstos no Código Penal e na Constituição Federal. Exemplos incluem a perda
da função pública e o confisco de bens adquiridos com o proveito da infração.
A sentença condenatória não apenas aplica a pena, mas também gera uma série de consequências
que afetam a vida do condenado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa apresentada pelos estudantes do 8º semestre de Direito uma análise detalhada e


abrangente do sistema processual penal brasileiro, com foco na classificação das decisões
judiciais e nos requisitos formais para uma sentença penal. A importância dessa classificação é
enfatizada, pois ela é fundamental para determinar o recurso apropriado em resposta a uma
decisão judicial.

Os artigos 381 a 384 do Código de Processo Penal (CPP) são explorados, destacando os
elementos que devem compor uma sentença penal e as possibilidades de correção e redefinição
jurídica dos fatos. Além disso, os procedimentos após a prolação da sentença penal são
discutidos, incluindo a possibilidade de o juiz proferir uma sentença condenatória mesmo que o
Ministério Público tenha opinado pela absolvição.

A pesquisa também destaca a importância de respeitar o direito de defesa do réu em todas as


etapas do processo. Portanto, este estudo contribui significativamente para a compreensão das
diferentes modalidades de decisões judiciais no processo penal brasileiro e suas implicações no
contexto jurídico.

Por tanto, pesquisa fornece uma visão abrangente e detalhada do sistema processual penal
brasileiro, destacando a importância da classificação das decisões judiciais e os requisitos
formais para uma sentença penal. Isso contribui para um melhor entendimento do sistema
jurídico e pode servir como um recurso valioso para profissionais do direito e estudantes.
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NDRADE, Mauro Fonseca. Sistemas processuais penais e seus princípios reitores. 2. ed.
Paraná: Juruá, 2013. Cruz das Almas: Faculdade Brasileira do Recôncavo- FBBR, 2023.

Projuris. Código de Processo Penal (CPP): Art. 381 ao Art. 393 do CPP. Disponível em:
<https://www.projuris.com.br/cpp/art-381-ao-art-393-do- Acesso em: [ 20 de Março de
2024].

BORGES, Breno. Dos efeitos da condenação. Jusbrasil, publicado há 8 anos. Disponível


em: Dos efeitos da condenação. Acesso em: 21 mar. 2024.

Você também pode gostar