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LUCAS DE CASTRO BRITO – 201804072.

1 – RESPOSTA DO RÉU:

A resposta do réu, também chamada de resposta à acusação, é a peça processual


defensiva que se localiza processualmente no momento posterior ao recebimento da
denúncia, precedendo a audiência de instrução e julgamento. Nesse sentido, o réu será
citado e terá o prazo de 10 dias para apresentar a resposta em questão, de acordo com o
artigo 396 e 396-A do código de processo penal.

Desse modo, percebe-se que a resposta do réu é o primeiro momento em que a defesa
técnica atuará no processo criminal. Além disso, vale salientar que nos casos em que a
citação ocorre por edital, ocorre a suspensão do processo no que se refere ao prazo
prescricional, ficando nesse estado de suspensão até que o acusado ou seu defensor se
manifestem.

Torna-se importante destacar também que a referida peça processual é o momento em


que deve-se argumentar em favor da absolvição sumária do acusado, fundamentando-se
com o artigo 397 do código de processo penal, seja por atipicidade do fato ou manifesta
excludente de ilicitude ou culpabilidade. Além disso, é o momento ideal para alegar
preliminares e arrolar testemunhas antes de falar sobre o mérito em si, devendo este ser
abordado somente quando estritamente necessário.

Nesse sentido, pode-se alegar na resposta a acusação a extinção da punibilidade, a


incompetência do órgão julgador, a nulidade da citação, a nulidade de qualquer prova que
tenha sido produzida na fase pré-processual ou até mesmo argumentar pela rejeição da
denúncia, seja por inépcia, falta de justa causa ou falta de condições e pressupostos da
ação penal. Já no que tange às testemunhas, é possível arrolar 8 testemunhas para cada
réu e por cada fato imputado no procedimento comum ordinário.

Ainda deve-se dar relevância ao artigo 396-A do Código de Processo Penal, visto que o
mesmo elenca tudo o que pode ser arguido pelo advogado na resposta à acusação, sob
pena de preclusão, como, por exemplo, a apresentação de documentos, a alegação de
nulidades, o arrolamento de testemunhas e o protesto pela produção das provas
pretendidas. Assim sendo, tais possibilidades de defesa estarão preclusas caso não sejam
alegadas na resposta do réu, não podendo ser arguidas em momento posterior, de modo
que a defesa do réu ficará prejudicada ao não poder produzir determinada prova a seu
favor, por exemplo.
Por fim, salienta-se que a resposta à acusação não é o momento oportuno para se pleitear
a absolvição do acusado por falta de provas ou para discorrer sobre atenuantes ou causas
de diminuição da pena, pois o juiz não proferirá decisão de mérito neste momento
processual, de acordo com o artigo 386 do código de processo penal. Entretanto, ainda é
possível pleitear nessa fase do processo, conforme já dito anteriormente, a absolvição
sumária do réu ou a rejeição da denúncia.

2 – DECISÃO DE PRONÚNCIA:

A decisão de pronúncia é a que aceita a acusação oferecida contra o acusado de um crime


doloso contra a vida e encaminha tal acusado para ser julgado pelo tribunal do júri. Na
referida decisão, de acordo com o artigo 413 do código de processo penal, precisam estar
presentes os indícios suficientes de autoria e materialidade para que o acusado seja
pronunciado. Desse modo, pode-se salientar que a decisão de pronúncia funcione como
uma proteção ao acusado, visto que tal mecanismo impede que acusações sem indícios de
autoria e materialidade cheguem ao júri popular, estabelecendo assim um filtro de
admissibilidade prévio e evitando que os jurados condenem um inocente devido a
pensamentos e convicções próprios.

Além disso, de acordo com o parágrafo primeiro do artigo 413 do código de processo penal,
o conteúdo da decisão de pronúncia deverá ser sucinto, limitando-se à indicação da
materialidade e dos indícios de autoria, visando não influenciar na convicção e no
entendimento dos jurados convocados. Há também o fato de que a decisão de pronúncia
limita a atuação da acusação a seus termos e se configura como base dos quesitos.

A decisão de pronúncia possui natureza interlocutória mista não terminativa, pois põe fim
apenas ao juízo preliminar de admissibilidade, encaminhando o processo ao tribunal do júri,
onde será julgado o mérito. Vale ressaltar que a pronúncia possui como estrutura a
presença do relatório, da fundamentação e do dispositivo e gera apenas coisa julgada
formal, pois o crime ainda pode ser desclassificado no posterior júri popular (não gera coisa
julgada material).

De acordo com o artigo 581, inciso IV, do código de processo penal, o recurso cabível para
reformar a decisão de pronúncia é o recurso em sentido estrito, sendo que tal recurso é o
adequado porque a decisão de pronúncia é uma decisão interlocutória que não põe fim ao
processo, representando apenas um juízo de admissibilidade.
Na pronúncia, prevalece o princípio chamado in dubio pro societate em casos de dúvida em
relação aos indícios suficientes de autoria e materialidade do crime em questão, ou seja, o
juiz deve sempre decidir em favor da sociedade nesses casos, pronunciando o réu. Desse
modo, há uma série de críticas por parte da doutrina em relação ao uso desse princípio, pois
o mesmo não seria resguardado pela constituição federal de 1988, sendo incompatível com
as garantias constitucionais previstas na carta magna brasileira, como, por exemplo, ao
violar o princípio da presunção de inocência. Assim sendo, é inadmissível que se decida em
desfavor do acusado em casos em que não existam indícios suficientes de autoria e
materialidade.

A decisão de pronúncia possui um efeito preclusivo e saneador, encerrando as discussões


acerca das nulidades relativas arguidas anteriormente, além de sanear o processo e
prepará-lo para o julgamento perante o tribunal do júri. Além disso, de acordo com o artigo
417 do código de processo penal, em caso de surgimento de provas de uma eventual
participação ou coautoria, haverá o aditamento subjetivo da denúncia antes de se emitir a
decisão de pronúncia.

Uma vez que a pronúncia tenha precluído, caso ocorra o surgimento de uma questão
superveniente no sentido de alterar a capitulação da pronúncia, há o aditamento da
denúncia e, posteriormente, uma nova decisão do juiz, nos termos do artigo 421, parágrafo
primeiro e segundo, do código de processo penal.

Outro ponto importante a ser destacado é a possibilidade de aplicação da emendatio libelli


(artigo 383 do código de processo penal) na decisão de pronúncia, caso o Ministério Público
narre os fatos e os capitule de maneira distinta, visto que o juiz julga os fatos narrados.

Importante destacar também que a pronúncia funciona como um marco interruptivo da


prescrição, nos termos do artigo 117 do código penal, passando a contar do zero a partir da
data da decisão. Por fim, a intimação da decisão de pronúncia ao réu deve ser feito de
forma pessoal ou por edital, caso o mesmo não seja encontrado.

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