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Ribeirão Preto
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Julho/2020
Confissão e Atenuante, Interrogatório da Vítima e do Acusado, Formação do Livre
Convencimento do Juiz
Resumo
O presente texto tem o objetivo de esclarecer um problema processual penal, no referente à
não aplicação da atenuante de confissão, à recusa de desclassificação do crime de roubo pelo
crime de furto, mesmo com a inexistência de violência e/ou grave ameaça, assim como a
formação da livre convicção do juiz por motivos diversos daqueles constados nos autos.
Doutrina e Jurisprudência serão os fundamentos para a devida análise.
Introdução
Partindo de um exemplo de caso concreto, no qual o acusado confirma a
subtração do bem, mas não do emprego de violência e grave ameaça, confirmado pela vítima
em interrogatório e, mesmo assim, na formação do livre convencimento do magistrado, o juiz
reconhece a ocorrência do roubo, deixando de aplicar a atenuante de confissão e requisita a
apuração de eventual falso testemunho da vítima, argumentando de que o ofendido teria
tentado esconder a verdade para a proteção do réu, o presente texto objetiva esclarecer, sob a
luz do princípio da instrumentalidade das formas, da correlação e do devido processo legal,
que abrange os princípios do contraditório e da ampla defesa, será possível a revisão da
sentença do caso em tela, pelo exame dos institutos do interrogatório, tanto do acusado,
quanto da vítima, do instituto da confissão e as regras para a aplicação de sua atenuante, bem
como a análise dos critérios para a formação do livre convencimento do juiz, o desfecho do
estudo de caso seria diferente do que se apresentou.
Para a fundamentação da argumentação que apresentar-se-á em seguida, a
doutrina processual penal de Renato Brasileiro de Lima, Aury Lopes Júnior, Fernando Capez
e Eugênio Pacelli Oliveira serão as fontes do embasamento do caso em análise, seja dos
princípios processuais penais, seja do entendimento conceitual dos institutos. A jurisprudência
também será utilizada para demonstrar que o desfecho do estudo de caso caminha em direção
contrária das decisões pacificadas, por meios dos casos apreciados pelo Judiciário brasileiro
que trataram de litígios semelhantes ou que se debruçaram especificamente sobre um ou mais
dos institutos elencados.
A exposição observará a seguinte ordem: a) definição conceitual dos institutos;
b) critérios da nulidade; c) confronto conceitual dos institutos sobre o estudo de caso com
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utilização dos instrumentos processuais adequados. Isso quer dizer que, uma sentença sem
fundamentação, que seja absolutamente nula, sua invalidade só poderá ser decretada pela
instância superior, por ocasião da apreciação de recurso ou de ação de impugnação, por
exemplo o habeas corpus ou revisão criminal, mas, em nenhuma hipótese, pelo juízo prolator,
ou seja, a sentença eivada de vício, passível de nulidade, produzirá seus efeitos até a
declaração da nulidade.
O próprio juiz, todavia, poderá decretar a invalidade de ato processual
absolutamente nulo, desde que o faça antes de proferir a sentença. Ora, a nulidade não será
nula, ou será nula a nulidade reconhecida de ofício como nula? A nulidade reconhecida como
nulidade será eivada de nulidade? Em outras palavras, não poderá ser reconhecida de ofício,
assim disciplina a Súmula n. 160 do Supremo Tribunal Federal, que afirma “é nula a decisão
do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação,
ressalvados os casos de recurso de ofício”. Se o ato processual reconhecido como nulo não
pode ser reformado pelo próprio juiz que proferiu a sentença nula e, ainda em hábil para evitar
a produção de efeitos, que possam restringir direitos do condenado obsta na hierarquia das
competências, o que acaba inchando o judiciário com recursos que poderiam ser evitados,
atrasa a jurisdição, pois tais recursos levam determinado tempo para sua apreciação e, mesmo
com a ciência de injusta decisão, impõem ao condenado a espera para a reforma da decisão, já
evidentemente equivocada, produzindo efeitos que escapam à mera formalidade processual,
bem como prejuízo irreparável ou, na melhor das hipóteses, será reparado por nova
propositura, arrastando a devida prestação judicial no tempo e sobrecarregando o judiciário
em apreciações apartadas que já poderiam ter encontrado sua solução antes mesmo de
produzir tais efeitos.
A dinâmica processual tem duas faces. De um lado, o reconhecimento da
nulidade é impedido de ser reconhecido de ofício. Por outro lado, se a defesa recorre
pleiteando somente redução da pena, mas o tribunal, ao analisar os autos, verifica a existência
de nulidade absoluta cuja decretação favoreça ao acusado, deverá declará-la de ofício. Isso se
explica a partir da competência dos Tribunais, já que os Tribunais incumbidos da competência
para reformar as decisões podem se manifestar por todo conteúdo da sentença, não se
limitando somente sobre o pedido do recurso, no caso da nulidade, já que esta deve ser
notória, flagrante e evidente. As situações que a lei atribui caráter sanatório são mecanismos
destinados a evitar que as etapas processuais já vencidas sejam revisitadas, permitindo que se
alcance o ponto culminante do processo, isto é, a prolação da sentença.
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não existe, já que foi parcial tanto em relação ao acusado, quanto em relação à vítima. No
entanto, é necessário deter-se ainda neste ponto.
Admite-se a revisão quando a decisão se apresenta, flagrantemente, em
descompasso com o direito material penal, extrapenal ou processual. É compreendido como
sentença contrária à lei quando esta condena o réu por prática de conduta atípica ou que
impõe pena acima do limite máximo cominado, salvo no caso de alegação de modificação do
entendimento jurisprudencial dominante que ensejou a condenação. A segunda parte do
dispositivo se refere à decisão que ostenta erro evidente do juiz na apreciação da prova. Tem
lugar nas hipóteses em que sentença não encontra fundamento em qualquer elemento de prova
dos autos. Nesse sentido, por exemplo, a decisão do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
traz manifesta aplicação dos institutos mencionados sobre o caso concreto:
APELAÇÃO CRIMINAL. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. ARTIGOS
304, C/C ART. 297, AMBOS DO CP. SENTENÇA PROLATADA EM 12/08/2014, POR
MEIO DA QUAL O RÉU FOI ABSOLVIDO DA IMPUTAÇÃO DO DELITO DE USO
DE DOCUMENTO PÚBLICO FALSIFICADO. RECURSO MINISTERIAL. PLEITO
DE REFORMA DO DECISUM, SOB A ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE LASTRO
PROBATÓRIO SUFICIENTE PARA A CONDENAÇÃO. DESCABIMENTO.
INVALIDADE DA PROVA PRODUZIDA EM JUÍZO. MM JUÍZA A QUO QUE
SUSPENDEU O FEITO E O CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL SEM TER,
ENTRETANTO, FUNDAMENTADO A DECISÃO QUE DETERMINOU A
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. MEDIDA EXCEPCIONAL QUE DEVE
SER FUNDAMENTADA EM DADOS CONCRETOS EXISTENTES NOS AUTOS.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 455 DO STJ. PRECEDENTES DO STJ E DO STF.
EMBORA A REFERIDA NULIDADE NÃO POSSA SER RECONHECIDA DE
OFÍCIO, NOS TERMOS DA SÚMULA Nº 160 DO STF, FORÇOSO SE MOSTRA O
AFASTAMENTO DOS ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO PRODUZIDOS POR
ANTECIPAÇÃO, DIANTE DA SUA PATENTE INVALIDADE COMO MEIO DE
PROVA. INEXISTÊNCIA NOS AUTOS DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA
IDÔNEOS E APTOS A EMBASAREM A CONDENAÇÃO DO ACUSADO ,
MORMENTE CONSIDERANDO A IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO APENAS
DA PROVA PRODUZIDA EM SEDE INQUISITORIAL PARA TAL FIM.
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA QUE SE IMPÕE. APELO
CONHECIDO E IMPROVIDO. (Classe: Apelação,Número do Processo: 0094209-
80.1999.8.05.0001, Relator (a): Joao Bosco De Oliveira Seixas, Segunda Câmara
Criminal - Segunda Turma, Publicado em: 06/05/2016 )
(TJ-BA - APL: 00942098019998050001, Relator: Joao Bosco De Oliveira Seixas,
Segunda Camara Criminal - Segunda Turma, Data de Publicação: 06/05/2016).
que estejam presentes, redesignando a audiência para que primeiro seja ouvida a testemunha
de acusação faltante e, somente, depois, as de defesa.
De acordo com o art. 401, na instrução poderão ser inquiridas até 8
testemunhas arroladas pela acusação e 8, pela defesa, não se incluindo, porém, nessa conta,
aquelas que não prestam compromisso e as referidas no art. 401, § 1°, do CPP. Vale lembrar
que as testemunhas de acusação devem ter sido arroladas na denúncia ou queixa e as de
defesa na resposta escrita. As partes poderão desistir do depoimento de qualquer das
testemunhas por ela arroladas se já considerarem suficientes as provas produzidas iii. Caso se
trate de testemunha comum deve haver a anuência da parte contrária para que a desistência
seja válida. Em qualquer caso, a desistência deve ser homologada pelo juiz, pois este pode
considerar relevante o depoimento faltante e determinar a oitiva da testemunha, tudo na busca
da verdade realiv. As testemunhas de acusação serão inquiridas individualmente, de modo que
uma não saiba do depoimento da outra.
O último ato instrutório é o interrogatório, em que o juiz ouve o réu acerca de
sua versão sobre os fatos descritos da denúncia ou queixa, acerca da imputação que lhe é feita,
bem como a respeito de sua vida pessoal. O interrogatório é presidido pelo juiz, porém as
partes podem fazer reperguntas ao final do interrogatório, como disciplina o art. 188 do CPP v.
Essas perguntas serão feitas por intermédio do juiz, que as indeferirá se as entender
impertinentes ou irrelevantes.
O acusado comparecerá perante a autoridade judiciária vi e será devidamente
qualificado. Após a sua completa qualificação será informado de seus direitos, por exemplo, o
de permanecer calado que, nessa hipótese, não implicará em confissão presumida vii. O
interrogatório versará sobre duas finalidades, a pessoa do acusado e sobre os fatos.
Considerando que o acusado se defende dos fatos criminosos a ele imputados, deve existir
correlação entre o fato narrado na denúncia ou queixa e o teor da sentença, ou seja, o juiz
poderá julgar aquilo que está sendo submetido à sua apreciação, não podendo extrapolar os
limites da acusação com julgamentos ultra e extra petita. É claro, contudo, que em alguns
casos o juiz pode reduzir o alcance da acusação, desclassificando o delito ou reconhecendo a
forma tentada.
O princípio da correlação está regulamentado no Código de Processo Penal em
seus arts. 383 e 384 por meio dos institutos conhecidos respectivamente como emendatio e
mutatio libelli. Ao oferecer a denúncia ou a queixa, o acusador deve necessariamente
descrever um fato criminoso e, ao final, dar a ele uma classificação jurídica. O réu defende-se
da descrição fática, e não da classificação a ele dada. Assim, pode acontecer de o juiz
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entender efetivamente provado o fato descrito na peça, mas discordar da classificação dada
pelo acusador. Nessa hipótese, o art. 383 do Código de Processo Penal prevê que o juiz pode
diretamente condenar o réu na classificação que entenda ser a correta, sendo dispensável
qualquer formalidade como aditamento da denúncia ou queixa.
É necessário, porém, para garantir o contraditório em sua plenitude, que se
observem as regras previstas nos arts. 9° e 10 do Novo Código de Processo Civil, que
proíbem ao magistrado proferir decisões sem que as partes tenham prévia oportunidade de
influenciarem no julgamento, motivo pelo qual o órgão acusador e, notadamente, a defesa,
deverão ser instados a manifestar-se sobre a classificação jurídica que o juiz vislumbra aplicar
por meio da emendatio, já que o interrogatório é valido como prova, na medida que dele pode
ser extraída a confissão e, por meio dela, a aplicação de suas consequências:
Num sistema inquisitorial, em que o acusado é objeto de prova, a tendência é considerar o
interrogatório como meio de prova. Como tal, o acusado não pode deixar de responder às
indagações que lhe forem feitas, está obrigado a responder e não pode invocar em seu
beneficio o direito ao silêncio. Confirmando seu viés inquisitorial, o Código de Processo
Penal em vigor sempre considerou o interrogatório como meio de prova. A própria posição
topográfica que o interrogatório ocupa no CPP, dentro do Capítulo III (“Do interrogatório
do acusado”) do Título VII (“Da prova”) reforça esse entendimento. Além disso, antes da
Lei n° 11.719/08 e da Lei n° 11.689/08, o interrogatório era o primeiro ato da instrução
processual penal (LIMA, 2019. p. 691).
apresenta em seu favor circunstâncias que excluam ou atenuem sua responsabilidade. Nesse
sentido, proferiu a Sexta turma do STJ em duas oportunidades:
HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. DOSIMETRIA DA
PENA. ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. RECONHECIMENTO.
SÚMULA N.º 545 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COMPENSAÇÃO DA
AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA. 1.
"Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador , o
réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal". 2. Segundo
orientação pacificada no Superior Tribunal de Justiça, firmada no julgamento do REsp n.º
1.341.370/MT, julgado sob o rito dos recursos repetitivos, a atenuante da confissão
espontânea e a agravante da reincidência devem ser compensadas. 3. Ordem de habeas
corpus concedida para, reformando o acórdão impugnado, reconhecer a atenuante da
confissão e compensá-la com a agravante da reincidência, redimensionando as
penas, nos termos explicitados no voto.
(STJ - HC: 467819 SP 2018/0229204-7, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de
Julgamento: 06/11/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/11/2018).
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições
estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).
Sob pena de nulidade, o juiz deve analisar todas as teses e argumentos levantados pela
acusação e pela defesa, sendo, porém, evidente que determinadas conclusões, implicitamente,
afastam outras. Por exemplo, se a defesa requereu o reconhecimento da tentativa e a acusação
sustentou que o crime está consumado, caso o juiz tenha constado no corpo da sentença os
motivos pelos quais entende que o crime se consumou, automaticamente estará afastada a tese
da defesa.
Ao contrário, se a defesa alega, por exemplo, crime impossível por absoluta
ineficácia do meio, não basta ao juiz que existem provas de autoria e materialidade. Deverá
expressamente justificar porque a consumação era possível, sob pena de nulidade. Se o
acusado cometeu furto, mas foi condenado por roubo e, o caso da única prova ser o
depoimento da vítima, o qual o juiz rejeitou, o conteúdo fático probatório será reexaminado:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. DESCLASSIFICAÇÃO DE ROUBO PARA FURTO SIMPLES.
MATÉRIA NÃO PREQUESTIONADA. SÚMULA N. 282 DO STF. NECESSIDADE
DE REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
N. 7 DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. De acordo com a firme
jurisprudência desta Corte, para que se atenda ao requisito do prequestionamento, é
necessário que a questão tenha sido objeto de debate pelo Tribunal de origem, à luz da
legislação federal indicada, com emissão de juízo de valor acerca do dispositivo legal
apontado como violado, situação que não ocorreu nos autos. Incidência da Súmula n. 282
do STF. 2. Para afastar a conclusão das instâncias ordinárias de que a conduta praticada
pelo agravante se revestiu da violência necessária para a configuração do roubo e
desclassificar o crime para furto simples, seria necessário o revolvimento do suporte
fático-probatório delineado nos autos , procedimento vedado nesta esfera, a teor da
Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça. 3. Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg no AREsp: 726700 SP 2015/0141073-3, Relator: Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 05/11/2015, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 23/11/2015).
Considerações Finais
11
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 7ª. ed. rev., ampl. e
atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2019.
________________. Código de Processo Penal comentado. 2ª. ed. rev. e atual. Salvador:
Juspodivm, 2017.
LOPES JUNIOR, Aury. Direito processual penal. 17ª. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2020.
_______________. Fundamentos do processo penal: introdução crítica. 3ª. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 10ª. ed. Rio de Janeiro: Editora
Lumen Juris, 2008.
Notas
i
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas: I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos
prazos a que se refere o art. 406; II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos
processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 500; III - as
do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta a
audiência e apregoadas as partes; IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de
aberta a audiência; V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as
partes (art. 447); VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500; VII - se verificadas após a decisão da primeira instância,
nas razões de recurso ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes; VIII - as do
julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.
ii
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. (Redação dada
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades
sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em
caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a
cumpriu e outros dados familiares e sociais. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre: I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; II - não sendo verdadeira a
acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a
prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; III - onde estava ao
tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; IV - as provas já apuradas; V - se conhece as vítimas e
testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas;
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha
sido apreendido; VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e
circunstâncias da infração; VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).
iii
Cf. art. 401, § 2°, do CPP
iv
Cf. art. 401, § 2°, e 209 do CPP.
v
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido,
formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
1º.12.2003).
vi
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).
vii
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo
juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem
formuladas. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).