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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO


CAMPUS RIBEIRÃO PRETO

UNIVERSIDADE DE DIREITO “LAUDO DE


CAMARGO”
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

DIREITO PROCESSUAL PENAL II

Confissão e Atenuante, Interrogatório da Vítima e do Acusado,


Formação do Livre Convencimento do Juiz

Trabalho apresentado ao Departamento de Ciências


Jurídicas do Curso de Graduação em Direito da
Universidade de Ribeirão Preto, como requisito
obrigatório de Avaliação de Exame Final da
Disciplina Direito Processual Penal II.

Nome: Carlos Gustavo Monteiro Cherri Código: 764943

ETAPA: 8º SALA: 30B PERÍODO: Noturno

Ribeirão Preto
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Julho/2020
Confissão e Atenuante, Interrogatório da Vítima e do Acusado, Formação do Livre
Convencimento do Juiz

Resumo
O presente texto tem o objetivo de esclarecer um problema processual penal, no referente à
não aplicação da atenuante de confissão, à recusa de desclassificação do crime de roubo pelo
crime de furto, mesmo com a inexistência de violência e/ou grave ameaça, assim como a
formação da livre convicção do juiz por motivos diversos daqueles constados nos autos.
Doutrina e Jurisprudência serão os fundamentos para a devida análise.

Introdução
Partindo de um exemplo de caso concreto, no qual o acusado confirma a
subtração do bem, mas não do emprego de violência e grave ameaça, confirmado pela vítima
em interrogatório e, mesmo assim, na formação do livre convencimento do magistrado, o juiz
reconhece a ocorrência do roubo, deixando de aplicar a atenuante de confissão e requisita a
apuração de eventual falso testemunho da vítima, argumentando de que o ofendido teria
tentado esconder a verdade para a proteção do réu, o presente texto objetiva esclarecer, sob a
luz do princípio da instrumentalidade das formas, da correlação e do devido processo legal,
que abrange os princípios do contraditório e da ampla defesa, será possível a revisão da
sentença do caso em tela, pelo exame dos institutos do interrogatório, tanto do acusado,
quanto da vítima, do instituto da confissão e as regras para a aplicação de sua atenuante, bem
como a análise dos critérios para a formação do livre convencimento do juiz, o desfecho do
estudo de caso seria diferente do que se apresentou.
Para a fundamentação da argumentação que apresentar-se-á em seguida, a
doutrina processual penal de Renato Brasileiro de Lima, Aury Lopes Júnior, Fernando Capez
e Eugênio Pacelli Oliveira serão as fontes do embasamento do caso em análise, seja dos
princípios processuais penais, seja do entendimento conceitual dos institutos. A jurisprudência
também será utilizada para demonstrar que o desfecho do estudo de caso caminha em direção
contrária das decisões pacificadas, por meios dos casos apreciados pelo Judiciário brasileiro
que trataram de litígios semelhantes ou que se debruçaram especificamente sobre um ou mais
dos institutos elencados.
A exposição observará a seguinte ordem: a) definição conceitual dos institutos;
b) critérios da nulidade; c) confronto conceitual dos institutos sobre o estudo de caso com
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fundamentação doutrinária e jurisprudencial. Nas considerações finais, a sistematização dos


resultados obtidos e posicionamento crítico sobre a lide em tela.
Confissão e Atenuante, Interrogatório da Vítima e do Acusado, Formação do Livre
Convencimento do Juiz

O ordenamento jurídico estabelece um modelo legal, um parâmetro que, sem a


devida observância, acarreta risco para o objetivo do processo, e ainda, para os direitos
fundamentais do acusado e da vítima, considerando a relevância dos interesses e dos bens
jurídicos envolvidos na atividade processual. Por isso é inadmissível depender do critério do
juiz e das partes descoberta da verdade real, pois estariam ameaçadas à subjetividade e à
arbitrariedade, razão pela qual criou-se uma consequência jurídica para a inobservância da
tipicidade das formas, que constitui a possibilidade de invalidação do ato imperfeito, a
denominada nulidade.
Os atos processuais eivados de vício são considerados válidos até que tenham a
ineficácia declarada por órgão jurisdicional competente. Assim, em direito processual penal,
não tem aplicação o axioma segundo o qual o ato nulo não produz efeitos, ao contrário,
produz efeitos até que seja decretada a nulidade. Essa é uma das diferenças entre o Processo
Penal e o Processo Civil. Os artigos 154 e 244 do CPC/1973, ou no título III, entre os artigos
276 e 283 do NCPC/2015, no caso da nulidade, os dispositivos mencionados estabelecem as
regras. Porém, no Processo Penal, não há que se falar em nulidade, já que o art. 563 do CPP
não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, o que faz da nulidade um instituto de
direito material penal, ou seja, disciplinado pelo Código Penal.
Mas isso não quer dizer que atos viciados produzirão seus efeitos, ou que são
incorrigíveis ou irreformáveis os atos processuais penais. A diferença aqui reside em apontar
a violação do direito material que acarreta nulidade do ato processual. Quando a atipicidade
do ato viola norma, seja constitucional ou legal depara-se com uma determinada situação que
implica em nulidade absoluta. Situação na qual a gravidade do ato eivado de vício é notória e,
geralmente, demonstrado o prejuízo que sua permanência produz em relação ao contraditório
ou para a justa decisão, o vício afronta o próprio interesse público, exigindo a correta
aplicação do direito.
Constatada a nulidade, no caso de nulidade absoluta, não se convalida pelo
decurso do tempo, portanto, não se fala em preclusão. A nulidade absoluta pode ser decretada
de ofício pelo juiz ou pelo tribunal, com observância das regras de hierarquia e mediante a
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utilização dos instrumentos processuais adequados. Isso quer dizer que, uma sentença sem
fundamentação, que seja absolutamente nula, sua invalidade só poderá ser decretada pela
instância superior, por ocasião da apreciação de recurso ou de ação de impugnação, por
exemplo o habeas corpus ou revisão criminal, mas, em nenhuma hipótese, pelo juízo prolator,
ou seja, a sentença eivada de vício, passível de nulidade, produzirá seus efeitos até a
declaração da nulidade.
O próprio juiz, todavia, poderá decretar a invalidade de ato processual
absolutamente nulo, desde que o faça antes de proferir a sentença. Ora, a nulidade não será
nula, ou será nula a nulidade reconhecida de ofício como nula? A nulidade reconhecida como
nulidade será eivada de nulidade? Em outras palavras, não poderá ser reconhecida de ofício,
assim disciplina a Súmula n. 160 do Supremo Tribunal Federal, que afirma “é nula a decisão
do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação,
ressalvados os casos de recurso de ofício”. Se o ato processual reconhecido como nulo não
pode ser reformado pelo próprio juiz que proferiu a sentença nula e, ainda em hábil para evitar
a produção de efeitos, que possam restringir direitos do condenado obsta na hierarquia das
competências, o que acaba inchando o judiciário com recursos que poderiam ser evitados,
atrasa a jurisdição, pois tais recursos levam determinado tempo para sua apreciação e, mesmo
com a ciência de injusta decisão, impõem ao condenado a espera para a reforma da decisão, já
evidentemente equivocada, produzindo efeitos que escapam à mera formalidade processual,
bem como prejuízo irreparável ou, na melhor das hipóteses, será reparado por nova
propositura, arrastando a devida prestação judicial no tempo e sobrecarregando o judiciário
em apreciações apartadas que já poderiam ter encontrado sua solução antes mesmo de
produzir tais efeitos.
A dinâmica processual tem duas faces. De um lado, o reconhecimento da
nulidade é impedido de ser reconhecido de ofício. Por outro lado, se a defesa recorre
pleiteando somente redução da pena, mas o tribunal, ao analisar os autos, verifica a existência
de nulidade absoluta cuja decretação favoreça ao acusado, deverá declará-la de ofício. Isso se
explica a partir da competência dos Tribunais, já que os Tribunais incumbidos da competência
para reformar as decisões podem se manifestar por todo conteúdo da sentença, não se
limitando somente sobre o pedido do recurso, no caso da nulidade, já que esta deve ser
notória, flagrante e evidente. As situações que a lei atribui caráter sanatório são mecanismos
destinados a evitar que as etapas processuais já vencidas sejam revisitadas, permitindo que se
alcance o ponto culminante do processo, isto é, a prolação da sentença.
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Todavia, se a decisão proferida em primeira instância, eivada de nulidade,


fosse reformada de ofício ainda na primeira instância, a decisão ultrapassaria sua competência
jurisdicional, já que não possui competência recursal ou competência para reformar suas
decisões, já que tal finalidade é competência da segunda instância, o que ultrapassaria sua
esfera jurisdicional.
O art. 566 do Código de Processo Penal, traz em seu bojo o princípio da
instrumentalidade das formas, delimitando sua aplicação, segundo o qual, dispõe o referido
artigo “não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração
da verdade substancial ou na decisão da causa”. O dispositivo orienta a analisar as questões
que envolvam juízo sobre a invalidade do processo ou de atos processuais de acordo com a
concepção de que as exigências e formas procedimentais não são um fim em si mesmo, pois
têm natureza instrumental, ou seja, são meios destinados a garantir determinada finalidade.
Isso quer dizer que se a forma não foi adequada, mas alcançou a sua finalidade sem prejuízo
das partes ou da formação da convicção do juiz, pois o meio empregado não implicou na
obstrução da extração da verdade, o meio é válido.
O art. 573, § 1º, do CPP traz em si a forma de aplicação do princípio da
causalidade, que rege o alcance dos efeitos da decretação de invalidade de determinado ato,
nos termos do dispositivo, “a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que
dele diretamente dependam ou sejam consequência”. Aqui se constata caso típico da “teoria
da árvore envenenada”, ou seja, se a árvore é envenenada, seus frutos também o são, a
analogia se refere aos atos eivados de vícios que, ao serem admitidos, estendem o vício a tudo
que dele decorre.
A lei processual penal determina que serão consideradas sanadas as nulidades
que não forem arguidas, em tempo oportuno, assim é o enunciado do art. 572, I, do CPP, de
acordo com as regras dispostas no art. 571i do CPP, cujas previsões, embora não totalmente
adaptadas às alterações introduzidas pela Reforma de 2008, permitem concluir quais são as
etapas procedimentais em que devem ser alegadas as nulidades relativas, a saber, as ocorridas
após a sentença, nas razões de recurso, em preliminar, ou logo depois de anunciado o
julgamento do recurso e apregoadas as partes, se posteriores aos arrazoados.
Por último, a respeito da nulidade, tomemos o princípio do juiz natural. A
suspeição do juiz também é causa de nulidade dos atos praticados antes do reconhecimento da
necessidade de seu afastamento do processo, na medida em que a imparcialidade é atributo
indispensável ao exercício da função jurisdicional. No caso em tela, imparcialidade do juiz
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não existe, já que foi parcial tanto em relação ao acusado, quanto em relação à vítima. No
entanto, é necessário deter-se ainda neste ponto.
Admite-se a revisão quando a decisão se apresenta, flagrantemente, em
descompasso com o direito material penal, extrapenal ou processual. É compreendido como
sentença contrária à lei quando esta condena o réu por prática de conduta atípica ou que
impõe pena acima do limite máximo cominado, salvo no caso de alegação de modificação do
entendimento jurisprudencial dominante que ensejou a condenação. A segunda parte do
dispositivo se refere à decisão que ostenta erro evidente do juiz na apreciação da prova. Tem
lugar nas hipóteses em que sentença não encontra fundamento em qualquer elemento de prova
dos autos. Nesse sentido, por exemplo, a decisão do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia
traz manifesta aplicação dos institutos mencionados sobre o caso concreto:
APELAÇÃO CRIMINAL. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. ARTIGOS
304, C/C ART. 297, AMBOS DO CP. SENTENÇA PROLATADA EM 12/08/2014, POR
MEIO DA QUAL O RÉU FOI ABSOLVIDO DA IMPUTAÇÃO DO DELITO DE USO
DE DOCUMENTO PÚBLICO FALSIFICADO. RECURSO MINISTERIAL. PLEITO
DE REFORMA DO DECISUM, SOB A ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE LASTRO
PROBATÓRIO SUFICIENTE PARA A CONDENAÇÃO. DESCABIMENTO.
INVALIDADE DA PROVA PRODUZIDA EM JUÍZO. MM JUÍZA A QUO QUE
SUSPENDEU O FEITO E O CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL SEM TER,
ENTRETANTO, FUNDAMENTADO A DECISÃO QUE DETERMINOU A
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. MEDIDA EXCEPCIONAL QUE DEVE
SER FUNDAMENTADA EM DADOS CONCRETOS EXISTENTES NOS AUTOS.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 455 DO STJ. PRECEDENTES DO STJ E DO STF.
EMBORA A REFERIDA NULIDADE NÃO POSSA SER RECONHECIDA DE
OFÍCIO, NOS TERMOS DA SÚMULA Nº 160 DO STF, FORÇOSO SE MOSTRA O
AFASTAMENTO DOS ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO PRODUZIDOS POR
ANTECIPAÇÃO, DIANTE DA SUA PATENTE INVALIDADE COMO MEIO DE
PROVA. INEXISTÊNCIA NOS AUTOS DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA
IDÔNEOS E APTOS A EMBASAREM A CONDENAÇÃO DO ACUSADO ,
MORMENTE CONSIDERANDO A IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO APENAS
DA PROVA PRODUZIDA EM SEDE INQUISITORIAL PARA TAL FIM.
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA QUE SE IMPÕE. APELO
CONHECIDO E IMPROVIDO. (Classe: Apelação,Número do Processo: 0094209-
80.1999.8.05.0001, Relator (a): Joao Bosco De Oliveira Seixas, Segunda Câmara
Criminal - Segunda Turma, Publicado em: 06/05/2016 )
(TJ-BA - APL: 00942098019998050001, Relator: Joao Bosco De Oliveira Seixas,
Segunda Camara Criminal - Segunda Turma, Data de Publicação: 06/05/2016).

Apresentados os requisitos de nulidade e o momento em que deve ser revisada, analisar-se-á,


agora, o interrogatórioii. Aberta a audiência, o juiz passará a colher os depoimentos. Em
primeiro lugar, será ouvida a vítima ou as vítimas. Em seguidas, serão ouvidas as testemunhas
de acusação. Por fim, prestarão depoimento as testemunhas de defesa. O art. 400 do CPP
exige que os depoimentos ocorram nesta ordem. Assim, se faltar alguma testemunha de
acusação e o promotor insistir em sua oitiva, o juiz não poderá ouvir as testemunhas de defesa
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que estejam presentes, redesignando a audiência para que primeiro seja ouvida a testemunha
de acusação faltante e, somente, depois, as de defesa.
De acordo com o art. 401, na instrução poderão ser inquiridas até 8
testemunhas arroladas pela acusação e 8, pela defesa, não se incluindo, porém, nessa conta,
aquelas que não prestam compromisso e as referidas no art. 401, § 1°, do CPP. Vale lembrar
que as testemunhas de acusação devem ter sido arroladas na denúncia ou queixa e as de
defesa na resposta escrita. As partes poderão desistir do depoimento de qualquer das
testemunhas por ela arroladas se já considerarem suficientes as provas produzidas iii. Caso se
trate de testemunha comum deve haver a anuência da parte contrária para que a desistência
seja válida. Em qualquer caso, a desistência deve ser homologada pelo juiz, pois este pode
considerar relevante o depoimento faltante e determinar a oitiva da testemunha, tudo na busca
da verdade realiv. As testemunhas de acusação serão inquiridas individualmente, de modo que
uma não saiba do depoimento da outra.
O último ato instrutório é o interrogatório, em que o juiz ouve o réu acerca de
sua versão sobre os fatos descritos da denúncia ou queixa, acerca da imputação que lhe é feita,
bem como a respeito de sua vida pessoal. O interrogatório é presidido pelo juiz, porém as
partes podem fazer reperguntas ao final do interrogatório, como disciplina o art. 188 do CPP v.
Essas perguntas serão feitas por intermédio do juiz, que as indeferirá se as entender
impertinentes ou irrelevantes.
O acusado comparecerá perante a autoridade judiciária vi e será devidamente
qualificado. Após a sua completa qualificação será informado de seus direitos, por exemplo, o
de permanecer calado que, nessa hipótese, não implicará em confissão presumida vii. O
interrogatório versará sobre duas finalidades, a pessoa do acusado e sobre os fatos.
Considerando que o acusado se defende dos fatos criminosos a ele imputados, deve existir
correlação entre o fato narrado na denúncia ou queixa e o teor da sentença, ou seja, o juiz
poderá julgar aquilo que está sendo submetido à sua apreciação, não podendo extrapolar os
limites da acusação com julgamentos ultra e extra petita. É claro, contudo, que em alguns
casos o juiz pode reduzir o alcance da acusação, desclassificando o delito ou reconhecendo a
forma tentada.
O princípio da correlação está regulamentado no Código de Processo Penal em
seus arts. 383 e 384 por meio dos institutos conhecidos respectivamente como emendatio e
mutatio libelli. Ao oferecer a denúncia ou a queixa, o acusador deve necessariamente
descrever um fato criminoso e, ao final, dar a ele uma classificação jurídica. O réu defende-se
da descrição fática, e não da classificação a ele dada. Assim, pode acontecer de o juiz
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entender efetivamente provado o fato descrito na peça, mas discordar da classificação dada
pelo acusador. Nessa hipótese, o art. 383 do Código de Processo Penal prevê que o juiz pode
diretamente condenar o réu na classificação que entenda ser a correta, sendo dispensável
qualquer formalidade como aditamento da denúncia ou queixa.
É necessário, porém, para garantir o contraditório em sua plenitude, que se
observem as regras previstas nos arts. 9° e 10 do Novo Código de Processo Civil, que
proíbem ao magistrado proferir decisões sem que as partes tenham prévia oportunidade de
influenciarem no julgamento, motivo pelo qual o órgão acusador e, notadamente, a defesa,
deverão ser instados a manifestar-se sobre a classificação jurídica que o juiz vislumbra aplicar
por meio da emendatio, já que o interrogatório é valido como prova, na medida que dele pode
ser extraída a confissão e, por meio dela, a aplicação de suas consequências:
Num sistema inquisitorial, em que o acusado é objeto de prova, a tendência é considerar o
interrogatório como meio de prova. Como tal, o acusado não pode deixar de responder às
indagações que lhe forem feitas, está obrigado a responder e não pode invocar em seu
beneficio o direito ao silêncio. Confirmando seu viés inquisitorial, o Código de Processo
Penal em vigor sempre considerou o interrogatório como meio de prova. A própria posição
topográfica que o interrogatório ocupa no CPP, dentro do Capítulo III (“Do interrogatório
do acusado”) do Título VII (“Da prova”) reforça esse entendimento. Além disso, antes da
Lei n° 11.719/08 e da Lei n° 11.689/08, o interrogatório era o primeiro ato da instrução
processual penal (LIMA, 2019. p. 691).

Se, no momento do interrogatório, o réu confessar espontaneamente, é preciso


destacar dois dispositivos, o art. 190., que determina “se confessar a autoria, será perguntado
sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração, e
quais sejam”. Feita a extração dos motivos e circunstâncias da infração, a questão se transfere
ao direito material, ou seja, a aplicação do art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP, com efeito,
disciplina “são circunstâncias que sempre atenuam a pena: “[...] III - ter o agente: [...] d)
confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime”. Assim, não cabe ao
arbítrio do magistrado atenuar mediante confissão ou não, isto é, se o réu confessou, a
atenuante deve ser aplicada, mesmo que a confissão seja parcial, sobre parte dos fatos que
envolvem a infração, não necessita ser total. Nesse sentido, decidiu o STJ:
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
ROUBO. ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. CONFISSÃO PARCIAL.
RÉU QUE ADMITE A SUBTRAÇÃO, MAS NÃO A VIOLÊNCIA OU GRAVE
AMEAÇA. POSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. 1. A confissão parcial, em que
o réu admite parte dos fatos a ele imputados, deve ser considerada para atenuar a
pena, nos termos do art. 65, III, d, do Código Penal, bastando que tenha servido para
embasar a condenação. Precedentes. 2. Embora a mera subtração tipifique o crime de
furto, também constitui uma das elementares do delito de roubo, crime complexo,
consubstanciado no furto associado ao constrangimento - violência ou grave ameaça -,
daí a configuração da confissão parcial . 3. Agravo improvido.
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(STJ - AgRg no REsp: 1681917 MG 2017/0161653-0, Relator: Ministro NEFI


CORDEIRO, Data de Julgamento: 24/10/2017, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 06/11/2017).

Do texto do art. 65 do CP é preciso observar dois requisitos para o reconhecimento da


atenuante, ou seja, a confissão espontânea de autoria de crime e que seja feito perante
autoridade. Preenchidos os dois requisitos, em tese, o agente tem sua sanção penal atenuada,
vez que se trata de "direito público subjetivo do réu" (STF. HC 106.376/MG. Rel. Carmen
Lúcia. T1. Julg. 01.03.2011).
Com relação à confissão espontânea como atenuante de pena, é possível
classifica-la das seguintes formas, quanto ao momento, local ou autoridade; à natureza; à
forma; e ao conteúdo ou efeitos. Dessa forma, quanto ao momento, ao local ou autoridade
perante a qual é feita, a confissão pode ser judicial, quando feita em juízo, perante o juiz, em
regra, no interrogatório; extrajudicial, por exemplo, no inquérito policial. O segundo requisito
é que a confissão espontânea deve ser realizada perante autoridade. Isto quer dizer que não é
válido outro meio de confissão, senão àquela realizada diante de autoridade, por exemplo, o
Delegado de Polícia, o Juiz ou o representante do Ministério Público. Portanto, pode ser
realizada tanto na fase judicial quanto na fase pré-processual.
Com efeito, quanto à natureza, pode ser real ou expressa, ou seja, realizada
pelo acusado perante a autoridade, reconhecendo a responsabilidade penal; pode ser implícita,
mas no âmbito do processo penal, não tem qualquer valor; e ficta ou presumida, no entanto,
“não se verifica no âmbito do processo penal, por falta de amparo legal. Ainda que o acusado
deixe o processo correr a sua revelia, esse fato não importa na presunção da veracidade
daquilo que foi alegado pela acusação” (CAPEZ, 2018, p. 152/153). Pelo princípio da
presunção de inocência, portanto, não há que se falar em confissão implícita e ficta na esfera
criminal.
Em relação à forma, a confissão pode ser escrita, por exemplo, cartas, bilhetes
ou qualquer documento escrito, ou então, por meio de petições redigidas pelo advogado.
Além disso, pode ser oral, isto é, verbalizada, ou seja, falada e ocorre nos casos de
interrogatório ou registradas por interceptações telefônicas ou ambientais.
Por último, quanto ao conteúdo ou efeitos, pode ser simples, quando o réu
admite a imputação sem fazer qualquer ressalva, também chamada de confissão plena. Pode
ser complexa, se ocorre quando o réu reconhece vários fatos delituosos, objetos do processo-
crime pelo qual responde; ou qualificada, ou seja, quando o réu reconhece a acusação, mas
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apresenta em seu favor circunstâncias que excluam ou atenuem sua responsabilidade. Nesse
sentido, proferiu a Sexta turma do STJ em duas oportunidades:
HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. DOSIMETRIA DA
PENA. ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. RECONHECIMENTO.
SÚMULA N.º 545 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. COMPENSAÇÃO DA
AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO
ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA. 1.
"Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador , o
réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal". 2. Segundo
orientação pacificada no Superior Tribunal de Justiça, firmada no julgamento do REsp n.º
1.341.370/MT, julgado sob o rito dos recursos repetitivos, a atenuante da confissão
espontânea e a agravante da reincidência devem ser compensadas. 3. Ordem de habeas
corpus concedida para, reformando o acórdão impugnado, reconhecer a atenuante da
confissão e compensá-la com a agravante da reincidência, redimensionando as
penas, nos termos explicitados no voto.
(STJ - HC: 467819 SP 2018/0229204-7, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de
Julgamento: 06/11/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/11/2018).

PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE


RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO. ROUBO SIMPLES. PLEITO DE
APLICAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. RÉU QUE
ADMITIU A SUBTRAÇÃO, MAS NÃO A GRAVE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA.
CONFISSÃO PARCIAL CONFIGURADA. CRIME COMPLEXO. SUBTRAÇÃO
(FURTO) ASSOCIADA A OUTRA FIGURA TÍPICA (CONSTRANGIMENTO,
AMEAÇA OU VIOLÊNCIA). HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. CONCESSÃO
DA ORDEM DE OFÍCIO. 1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o
Superior Tribunal de Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e
ordinário, ou de revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a
constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 2. A jurisprudência
desta Corte firmou-se no sentido da incidência da atenuante da confissão espontânea,
prevista no art. 65, III, d, do Código Penal, sendo irrelevante o fato de a confissão ter
sido espontânea ou não, total ou parcial - em que o réu admite parte dos fatos a ele
imputados - deve ser considerada para atenuar a pena , ou mesmo que tenha havido
retratação, bastando que tenha servido para embasar a condenação . Precedentes. 3.
Embora a simples subtração configure crime diverso - furto -, também constitui uma das
elementares do delito de roubo - crime complexo, consubstanciado na prática de furto,
associado à prática de constrangimento, ameaça ou violência, daí a configuração de
hipótese de confissão parcial. 4. Habeas corpus não conhecido, mas concedida a ordem
de ofício para reduzir as penas a 2 anos e 4 meses de reclusão e 5 dias-multa.
(STJ - HC: 348607 SP 2016/0029692-6, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 26/04/2016, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 03/05/2016).

No caso de depoimento da vítima, primeiro a acusação faz as perguntas e, em


seguida, a defesa. Ao magistrado cabe ainda indeferir as perguntas feitas de forma a induzir as
respostas os que não tenham relação com a causa, ou que importem em repetição de pergunta
já respondida. Após as partes encerrarem as perguntas, o juiz poderá complementar a
inquirição sobre pontos que entenda que ainda não foram suficientemente esclarecidos. Na
audiência, dependendo do crime, também serão feitos reconhecimentos de coisas ou pessoas.
Art. 155 - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).
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Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições
estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).

Sob pena de nulidade, o juiz deve analisar todas as teses e argumentos levantados pela
acusação e pela defesa, sendo, porém, evidente que determinadas conclusões, implicitamente,
afastam outras. Por exemplo, se a defesa requereu o reconhecimento da tentativa e a acusação
sustentou que o crime está consumado, caso o juiz tenha constado no corpo da sentença os
motivos pelos quais entende que o crime se consumou, automaticamente estará afastada a tese
da defesa.
Ao contrário, se a defesa alega, por exemplo, crime impossível por absoluta
ineficácia do meio, não basta ao juiz que existem provas de autoria e materialidade. Deverá
expressamente justificar porque a consumação era possível, sob pena de nulidade. Se o
acusado cometeu furto, mas foi condenado por roubo e, o caso da única prova ser o
depoimento da vítima, o qual o juiz rejeitou, o conteúdo fático probatório será reexaminado:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. DESCLASSIFICAÇÃO DE ROUBO PARA FURTO SIMPLES.
MATÉRIA NÃO PREQUESTIONADA. SÚMULA N. 282 DO STF. NECESSIDADE
DE REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
N. 7 DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. De acordo com a firme
jurisprudência desta Corte, para que se atenda ao requisito do prequestionamento, é
necessário que a questão tenha sido objeto de debate pelo Tribunal de origem, à luz da
legislação federal indicada, com emissão de juízo de valor acerca do dispositivo legal
apontado como violado, situação que não ocorreu nos autos. Incidência da Súmula n. 282
do STF. 2. Para afastar a conclusão das instâncias ordinárias de que a conduta praticada
pelo agravante se revestiu da violência necessária para a configuração do roubo e
desclassificar o crime para furto simples, seria necessário o revolvimento do suporte
fático-probatório delineado nos autos , procedimento vedado nesta esfera, a teor da
Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça. 3. Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg no AREsp: 726700 SP 2015/0141073-3, Relator: Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 05/11/2015, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 23/11/2015).

Considera-se insuficientemente motivada, nos termos do disposto no art. 489, §


1° do Novo Código de Processo Civil, a decisão judicial que apresente alguma das
características elencadas nesse referido dispositivo legal.
É nula a sentença, por falta de fundamentação exigida pelo texto constitucional
(art. 93, IX, CF), A insuficiência da fundamentação pode gerar também a nulidade dos
julgamentos dos recursos, devendo outra decisão ser proferida quando não for analisado
algum dos requerimentos dos recorrentes ou quando este for denegado sem qualquer
justificativa.

Considerações Finais
11

Retomando o caso de que o acusado condenado por roubo quando, de


acordo sua confissão e o depoimento da vítima praticou, na verdade, o crime de furto, já que
não empregou violência e grave ameaça, deveria ocorrer a desclassificação do crime de roubo
para o crime de furto, ignorado pelo juiz. Além disso, o acusado confessou livre e
espontaneamente, o que implica na aplicação da atenuante do art. 65, III, “d”, do CP, o que
não ocorreu na sentença do magistrado. Por último, o juiz não extraiu a formação de sua livre
convicção dos autos, mas de modo arbitrário, rejeitando o depoimento da vítima e ainda a
acusando de falso testemunho, argumentando sem lastros nos autos. Em suam, decisão
totalmente infeliz e eivada de vício, passível de nulidade.
A nulidade da decisão em tela é absoluta, pois se constata flagrante equívoco,
de um lado, e resulta em prejuízo para ambas as partes, por outro lado, na medida em que o
acusado recebe uma condenação mais gravosa do que a que seria cabível pela sua infração,
bem como incrimina a vítima sem provas. Em suma, conclui-se por nulidade absoluta da
sentença.
Referências
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 25ª. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 7ª. ed. rev., ampl. e
atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2019.

________________. Código de Processo Penal comentado. 2ª. ed. rev. e atual. Salvador:
Juspodivm, 2017.

LOPES JUNIOR, Aury. Direito processual penal. 17ª. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2020.

_______________. Fundamentos do processo penal: introdução crítica. 3ª. ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.

OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 10ª. ed. Rio de Janeiro: Editora
Lumen Juris, 2008.

REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado. Alexandre


Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves. 2ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

(STF. HC 106.376/MG. Rel. Carmen Lúcia. T1. Julg. 01.03.2011).

(STJ - AgRg no REsp: 1681917 MG 2017/0161653-0, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO,


Data de Julgamento: 24/10/2017, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
06/11/2017).

(STJ - HC: 467819 SP 2018/0229204-7, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de


Julgamento: 06/11/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/11/2018).
12

(STJ - HC: 348607 SP 2016/0029692-6, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS


MOURA, Data de Julgamento: 26/04/2016, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe
03/05/2016).

(STJ - AgRg no AREsp: 726700 SP 2015/0141073-3, Relator: Ministro ROGERIO


SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 05/11/2015, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 23/11/2015).

(TJ-BA - APL: 00942098019998050001, Relator: Joao Bosco De Oliveira Seixas, Segunda


Camara Criminal - Segunda Turma, Data de Publicação: 06/05/2016).

Notas
i
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas: I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos
prazos a que se refere o art. 406; II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos
processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 500; III - as
do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta a
audiência e apregoadas as partes; IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de
aberta a audiência; V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as
partes (art. 447); VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500; VII - se verificadas após a decisão da primeira instância,
nas razões de recurso ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes; VIII - as do
julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.
ii
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. (Redação dada
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades
sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em
caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a
cumpriu e outros dados familiares e sociais. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre: I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; II - não sendo verdadeira a
acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a
prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; III - onde estava ao
tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; IV - as provas já apuradas; V - se conhece as vítimas e
testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas;
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha
sido apreendido; VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e
circunstâncias da infração; VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).
iii
Cf. art. 401, § 2°, do CPP
iv
Cf. art. 401, § 2°, e 209 do CPP.

v
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido,
formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
1º.12.2003).
vi
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).
vii
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo
juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem
formuladas. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003).

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