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01.

Pressupostos processuais

Categoria de aceitaçã o controversa doutrinariamente, mas expressamente referida no


CPP, art. 395, IIjo
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
II - Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal

# Doutrinadores dizem que pressupostos processuais surgem da ideia de processo


como relaçã o jurídica (autor, réu e juiz).

# Paulo Rangel: a relaçã o jurídica processual que se instaura entre os sujeitos


processuais deve estar sujeita, como toda e qualquer relaçã o jurídica, a determinados
requisitos que lhe sã o essenciais (como uma receita), sem os quais nã o haverá processo

“A falta de um pressuposto de existência implica na virtual inexistência do processo, que


será, assim, um nada jurídico. Tal, portanto, é um vício mais grave do que a nulidade, pois,
enquanto esta em alguns casos pode ser sanada, e sempre será exigido um instrumento
legalmente previsto para sua decretação, a inexistência não precisa ser declarada e nem
admite sanatória. Simplesmente aquele ato ou processo nunca existiu no mundo jurídico.
Já a falta de um pressuposto de validade, como é intuitivo, só desafia a nulidade, que
deverá sempre ser declarada, através de provocação de instrumento próprio, sendo certo
que o ato anulável produz efeitos até que se dê a nulidade” (LIMA, Marcellus Polastri.
Manual de processo penal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2009. p. 156).

1.1) Pressupostos processuais de existência: Para a doutrina majoritá ria, sã o


necessá rios as partes, juiz e pedido para a existência do processo.
 Partes (capazes): há doutrina minoritá ria que nã o inclui as partes no
pressuposto de existência (Pacelli), sustentando o argumento de que, em uma
açã o pú blica, por exemplo, o MP apresenta denú ncia em face de determinado
sujeito, mas essa acusaçã o precisa cumprir algumas obrigaçõ es para dar início ao
processo. Ao analisar a queixa, o juiz pode rejeita-la, se nã o cumprir os
requisitos, ou pode recebe-la. Se recebida a denú ncia, o juiz determina a citaçã o
do acusado, mas, se rejeitada, o “processo” se encerra. Para esses autores, mesmo
ocorrendo a inépcia da queixa, ocorreu o processo, pois a petiçã o inicial começa
o processo.
!!!) Art. 363: O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do
acusado.

!!!) Jurisprudência: Se o MP recorre a decisã o de rejeiçã o da denú ncia, o juiz


precisa intimar o acusado para que ele apresente contrarrazõ es - contraditó rio.
 Órgão investido de poder jurisdicional (competente e imparcial): nã o há
pena sem juiz, nã o há pena sem processo - princípio da jurisdicionalidade
(monopó lio da jurisdiçã o sobre o poder penal); supondo, assim, que um nã o juiz
(v.g., juiz aposentado) profira decisõ es em vá rios processos, tais feitos devem ser
tidos por inexistentes (Renato Brasileiro de Lima).

 Demanda veiculada pela peça acusatória, onde se exteriorize uma


pretensão punitiva: diante da adoçã o do sistema acusató rio pela Constituiçã o
Federal (art. 129, I), distinguindo as funçõ es de acusar, defender e julgar, é
necessá ria a iniciativa da parte, através da denú ncia ou queixa, para que se
instaure a atividade jurisdicional. Logo, figurando a necessidade de demanda
como pressuposto processual de existência, conclui-se que a falta de denú ncia ou
queixa nã o caracteriza, tecnicamente, uma nulidade, como prevê o art. 564, II,
alínea “a”, do CPP, mas sim inexistência do processo (Renato Brasileiro de Lima).
!!!) Exceçã o: Habeas Corpus. Cabe concessã o de HC de ofício - o juiz pode conceder a
pessoa mesmo que ela nã o tenha pedido.
!!!) O STJ se posiciona no sentido de que a falta de pedido (“assim sendo, peço que o
condenado seja acusado”) nã o torna, necessariamente, a denú ncia inepta. Ao contar a
histó ria do crime, é ó bvio que o promotor pede a condenaçã o. Já relaçã o a açõ es
privadas, no momento da apresentaçã o das alegaçõ es finais, é necessá rio pedir
expressamente a condenaçã o do acusado.

1.2) Pressupostos processuais de validade subjetivos (ligados ao sujeito - juiz e


partes)
 Juiz: é valido quando tiver competência (positivo) - caso de exemplo é do juiz
moro, ele foi incompetente pelo fato de julgar um caso de Guarujá sendo de
Curitiba
 Juiz: é vá lido quando nã o for parcial (negativo) - o juiz é parcial se ele se associa
a uma parte dando orientaçõ es e dicas, favorecendo essa parte e desfavorecendo
a outra; artigos 252, 253 e 254 CPP
 Partes: sã o validas as partes capazes - capacidade processual: situaçã o em que a
parte nã o pode adotar atos invá lidos pela sua pró pria condiçã o de pessoa
incapaz;
 Partes: sã o validas as partes capazes - capacidade postulató ria: capacidade de
poder pedir em juízo
# Réu: citaçã o vá lida CPP, art. 363 - O processo terá completada a sua formaçã o
quando realizada a citaçã o do acusado.
Observaçã o: Art. 570. A falta ou a nulidade da citaçã o, da intimaçã o ou
notificaçã o estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-
se, embora declare que o faz para o ú nico fim de argui-la. O juiz ordenará , todavia, a
suspensã o ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá
prejudicar direito da parte.

1.3) Pressupostos processuais de validade objetivos (ligados ao objeto - pedido)


 Regularidade da denúncia ou queixa (CPP, art. 41):
A inicial narra as circuncisas determinantes de um processo.

 Originalidade da demanda:
Ausência de litispendência (coexistência de duas ou mais açõ es sobre a mesma causa)
ou coisa julgada.
A causa penal, para se desenvolver, deve ser original, isto é, nã o pode jamais ter sido
objeto de consideraçã o por outros ó rgã os jurisdicionais, seja potencialmente (caso em
que haveria litispendência), seja definitivamente (caso em que haveria coisa julgada).
O fato é que a garantia processual da originalidade da causa, além de também ter raízes
na economia processual, é uma exigência da cidadania. O processo penal condenató rio é
algo muito grave, ao qual o cidadã o nã o deve ser submetido a nã o ser em hipó teses
específicas e com base probató ria suficiente. Daí que ser submetido a um segundo
processo penal condenató rio, pelo mesmo fato, durante a tramitaçã o do primeiro ou
uma vez condenado ou absolvido neste, é algo que deve ser vigorosamente evitado.

02. Procedimentos no processo penal

 Procedimentos especiais: procedimentos aplicá veis especificamente a alguns


crimes ou a funçõ es específicas. Ex.: Jú ri (crimes dolosos contra a vida), acusaçã o
à Deputado que cometeu determinado crime durante seu mandado; Aborto
provocado pela gestante ou com seu consentimento, Infanticídio, etc.

 Procedimentos comuns (art. 394, § 1º): ordiná rio, sumá rio, sumaríssimo.

 Como identificar qual procedimento utilizar?


# Subsidiariedade dos procedimentos comuns: Art. 394, § 2º, CPP: Aplica-se a todos
os processos o procedimento comum, salvo disposiçõ es em contrá rio deste Có digo ou
de lei especial.
Ex.: Se eu for processar alguém por um crime doloso contra a vida, irei utilizara um
procedimento especial pró prio, o jú ri, logo, fica descartado qualquer procedimento
comum.

 Critério de adoção do rito comum: tipos penais simples e isolados (CPP, at.
394)

# Ordinário: Roubo possui pena má xima de 10 anos (art. 154, CP); Furto possui pena
má xima de quatro anos (art. 155, CP).
 Art. 394, 1º, I - ordiná rio, quando tiver por objeto crime cuja sançã o má xima
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade

# Sumário: Abandono de incapaz possui pena má xima de 3 anos (art. 133, CP);
 Art. 394, 1º, II - sumá rio, quando tiver por objeto crime cuja sançã o má xima
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos e maior que 2 (dois) anos de pena
privativa de liberdade

# Sumaríssimo: Juizados especiais; pequenos delitos de trâ nsito, som alto, etc
 Art. 394, 1º, III - sumaríssimo, para as infraçõ es penais de menor potencial
ofensivo, na forma da lei

 O que é infraçã o penal de menor potencial ofensivo? (art. 61, lei extravagante
9.099/95): Consideram-se infraçõ es penais de menor potencial ofensivo, para
os efeitos desta Lei, as contravençõ es penais e/ou os crimes a que a lei comine
pena má xima nã o superior a 2 (dois) anos, cumulada ou nã o com multa.

 Exceções em relação ao procedimento sumaríssimo:


01: Lei de violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei 11.340/06): Art. 41.
Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995.
 Nã o interessa o tamanho da pena, pode até ser contravençã o penal, nã o se
aplicará o procedimento sumaríssimo. Motivo: Interrupçã o do ciclo de violência
contra a mulher. Existe um histó rico social de violência contra a mulher, que
vulnerabiliza e normaliza a mulher neste contexto. Dessa forma, a lei criou
condiçõ es para que essa histó ria fosse quebrada. Muitas vezes, o conjugue
praticante consegue se safar de puniçõ es devido a pró pria lei.
 Quando a Lei 11.340/06 diz que nã o se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro
de 1995, o recado que ela passa é que em casos de acordo julgados através do
juizado, o pagamento de cesta bá sica etc. nã o quebra o ciclo da violência
doméstica e familiar que a lei procura encerrar, logo, nã o há porque ele ser
admitido.

 O que é juizado (Lei 11.340/06)? ACORDO.


01: Transaçã o Penal: O MP tem condiçõ es de denunciar, mas no lugar de oferecer a
denú ncia, ele oferece ao acusado uma proposta e, ele cumprindo, fica livre no processo
acusató rio Ex.: cesta bá sica, prestaçã o de serviço à comunidade, etc.
02: Composiçã o Civil dos Danos: Acordo financeiro que extingue a punibilidade
03: Suspensã o Condicional do Processo (SUSPRO): Também conhecida como sursis
processual, possibilita a extinçã o da punibilidade do agente apó s o cumprimento e
observâ ncia de certos requisitos e determinado lapso temporal. O instituto está previsto
no art. 89 da Lei 9.099/95 e no art. 77 do Có digo Penal: Nos crimes em que a pena
mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou nã o por esta Lei, o
Ministério Pú blico, ao oferecer a denú ncia, poderá propor a suspensã o do processo, por
dois a quatro anos, desde que o acusado nã o esteja sendo processado ou nã o tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a
suspensã o condicional da pena (art. 77 do Có digo Penal).
!!!) Caberá SUSPRO em crimes cuja pena mínima nã o for maior do que um ano. Ex.:
Abandono de incapaz (art. 133, CP) nã o é crime de menor potencial ofensivo, pois a
pena má xima é de três anos, o seu procedimento é sumá rio. Entretanto, a pena mínima é
de seis meses, logo, cabe SUSPRO.

 Sú mula 536/STJ (nã o é vinculante):A suspensã o condicional do processo e a


transaçã o penal nã o se aplicam na hipó tese de delitos sujeitos ao rito da Lei
Maria da Penha.
 Para o STJ, pela sú mula 536, nem SUSPRO cabe.
 Se o MP propor SUSPRO, em casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, e o acusado aceitar, assim como o juiz, a sú mula do STJ nã o interfere. Ou
seja, ainda nã o é totalmente pacífico o entendimento, tendo em vista que a
Sú mula nã o é vinculante.

02: Crimes Militares: Art. 90-A da Lei 9.099/95: As disposiçõ es desta Lei nã o se
aplicam no â mbito da Justiça Militar. Logo, nã o cabe acordo, o procedimento seguirá e o
acusado irá se defender através de provas, etc.

 Por que nã o aplicar a Lei 9.099/95 em Crimes Militares? A norma penal militar
nã o tutela apenas a integridade física da vítima, mas também a disciplina
necessá ria à execuçã o das atividades cotidianas das forças militares, ou seja, a
pró pria regularidade das atividades conferidas à s instituiçõ es militares; vale
dizer, todo aquele militar que ofende a um bem jurídico-penal (sobretudo
militar, segundo os critérios diversos trazidos pela Lei, ratione personae, ratione
loci etc.) é inequivocamente afrontador da disciplina e, em alguns casos, também
da hierarquia, bases fundamentais dessas instituiçõ es. Nã o há como
transacionar, portanto, a disciplina e a hierarquia, valores supremos na estrutura
militar, o que depõ e em favor da nã o aplicabilidade das Leis dos Juizados
Especiais Criminais. Essa, pois, a verdadeira razã o da coexistência dos sistemas.

 As “Justiças Militares” e o julgamento de civis:


# Justiça Militar Estadual: Policiais Militares e Bombeiros. Nã o julga cidadã o comum.
# Justiça Militar da Uniã o: Integrantes Oficiais das Forças Armadas. Julga cidadã o
comum.

 STF, no HC 99.743, em obiter dictum, manifestou-se no sentido da


inconstitucionalidade do art. 90-A em relaçã o ao civil. Apesar de se tratar de um
obiter dictum, o acó rdã o apresenta um indicativo muito claro de que o STF
caminha no sentido de declarar a inconstitucionalidade do art. 90-A da Lei nº.
9.099/95 quando se tratar de réu civil. Apó s uma breve discussã o, os Ministros
entenderam por bem em declarar constitucional a norma prevista no art. 90-A
para o militar, denegando assim a ordem impetrada, entretanto, fornecem um
claro indicativo de que a consideram inconstitucional em relaçã o ao civil. Assim,
está claro como o tema nã o se encontra pacificado, sendo que do ponto de vista
jurídico o cerne da discussã o envolve o princípio da equidade para o réu civil
uma vez que caso fosse denunciado por crime comum de menor potencial
ofensivo teria, em tese, direito ao SUSPRO. Destarte, justamente pela equidade,
nada mais justo do que aplicar, no caso de réus civis perante a Justiça castrense,
o art. 89 da Lei nº. 9.099/95. Como reforço argumentativo, vale dizer que o
instituto do escabinato nã o possui relevâ ncia no caso do acusado civil uma vez
que sua conduta nã o ofende os pilares do militarismo (hierarquia e disciplina),
motivo pelo qual as liçõ es da caserna nã o sã o de relevâ ncia para o seu
julgamento. Assim, com base no princípio da equidade e na inaplicabilidade do
escabinato, entende-se ser possível a proposta de SUSPRO para o réu civil
acusado na Justiça Militar.

 STF, HC 99.743, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ acórdão Min. Luiz Fux,
Plenário, j. 06.10.2011: O art. 90-A, da Lei 9.099/95, com a redaçã o dada pela
Lei 9.839/99, nã o afronta o art. 98, I, § 1º, da Carta da Repú blica no que veda a
suspensã o condicional do processo ao militar processado por crime militar. No
caso, o pedido e a causa de pedir referem-se apenas a militar responsabilizado
por crime de deserçã o, definido como delito militar pró prio, nã o alcançando civil
processado por crime militar. Obter dictum: inconstitucionalidade da norma que
veda a aplicaçã o da Lei 9.099 ao civil processado por crime militar.

 Entendimento da Justiça Militar de MG quanto à proibiçã o do art. 90-A: Só vale


para a Justiça Militar da Uniã o, ou seja, para MG, os militares nã o tem proibiçã o
do 90-A, tendo entã o possibilidade de cumprir a transaçã o penal se cometerem
algum crime.

03: Estatuto do idoso: Lei 10.741/2013


Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena má xima privativa de liberdade nã o
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposiçõ es do Có digo Penal e
do Có digo de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF)
# STF, ADI 3.096: referido dispositivo legal deve ser interpretado em favor do seu
específico destinatá rio - o pró prio idoso - e nã o de quem lhe viole os direitos

Ao contrá rio da violência doméstica e familiar contra a mulher, e também dos crimes
militares, a Lei 9.099 se aplica aos crimes cometidos contra o idoso, desde que a pena
nã o ultrapasse de 04 anos.
A leitura seca da lei, nos leva a interpretar que ela se torna mais generosa para com as
pessoas que agridem contra os idosos, tendo a possibilidade de soluçã o da questã o mais
benéficas do que a justiça comum, pois é possível a resoluçã o através de acordos.
Entretanto, a ADI 3096, propô s que a lei viola a constituiçã o ao beneficiar aquele que
comete o crime. Como resultado da discussã o e, para resolver o problema gerado em
virtude do texto da legislaçã o, o STF se decidiu, conferindo interpretaçã o conforme a
Constituiçã o Federal, que se aplica unicamente o rito sumaríssimo (fase preliminar
do processo) disciplinado na Lei nº 9.099/95, que, especialmente pela celeridade,
beneficia e privilegia uma resposta mais rápida ao idoso. Excluiu-se, no entanto,
qualquer possibilidade de aplicação de medidas despenalizadoras e
interpretação favorável ao autor do crime.

04: Crimes eleitorais: Art. 344, Có digo Eleitoral - Utilizar organizaçã o comercial de
vendas, distribuiçã o de mercadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou
aliciamento de eleitores. Pena – detençã o de seis meses a um ano e cassaçã o do registro
se o responsá vel for candidato.

Crimes eleitorais sã o competência da Justiça Eleitoral e nã o existe Juizado da JE, logo,


em crimes com penas menores de 02 anos, há como se beneficiar da Lei 9.099/95?
# TSE: Segundo o TSE, depende. O tribunal nã o proíbe em absoluto, porém, ele distingue
os crimes de penas comuns (prisã o, multa, etc.) dos crimes de penas específicas para a
esfera eleitoral (cassaçã o do registro de candidatura, por exemplo). Logo, a
jurisprudência do TSE entende que poderá ser beneficiado da lei 9.099/95 somente
aqueles que comentem crimes que possuem penas comuns.
Ex.: “Véio” da Havan se enquadra no benefício da lei supracitada, pois ele nã o é
candidato.

05: Aplicabilidade da Lei 9.099/95 a infrações penais sujeitas a procedimentos


especiais
 Lei 9.099/95: Art. 61 - Consideram-se infraçõ es penais de menor potencial
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravençõ es penais e os crimes a que a lei
comine pena má xima nã o superior a um ano, excetuados os casos em que a lei
preveja procedimento especial. (revogado em 2006).

Até 2006, um crime de potencial ofensivo era todo crime onde a pena má xima fosse
menor ou igual a um ano, desde que nã o tivessem procedimento especial. Mas, em
2006, o artigo teve sua redaçã o editada, e a parte “excetuados os casos em que a lei
preveja procedimento especial” foi subtraída. Ou seja, de 2006 para cá , o conceito de
crime de menor potencial ofensivo nã o depende se existe ou nã o procedimento especial.

06: Hipóteses de deslocamento da competência do JECrim


# Caso 01:
Art. 66. A citaçã o será pessoal e far-se-á no pró prio Juizado, sempre que possível, ou por
mandado.
Pará grafo ú nico. Nã o encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças
existentes ao Juízo comum para adoçã o do procedimento previsto em lei.
O fato de nã o encontrar o acusado no juizado, desloca a competência do Juizado para a
Justiça Comum. O crime continua o mesmo, mas o caso sai do juizado.

# Caso 02:
Art. 77. [...]
§ 2º Se a complexidade ou circunstâ ncias do caso nã o permitirem a formulaçã o da
denú ncia, o Ministério Pú blico poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças
existentes, na forma do pará grafo ú nico do art. 66 desta Lei.
Se o crime apresentar maiores dificuldades, na hora da prova por exemplo, o crime
poderá ser encaminhado a justiça comum. Obs.: Nem todo crime de menor potencial
ofensivo é de baixa complexidade. Por exemplo, o acusado que cometeu calú nia devido
sua deficiência mental. É preciso investigaçã o - prova pericial - para verificar se o grau
da deficiência afeta ou nã o a calú nia cometida.
Observaçã o: o fato de o crime sair da justiça especial e se deslocar para a justiça comum,
nã o faz com que ele deixa de ser um caso de menor potencial ofensivo, ou seja, é
possível adotar no procedimento sumá rio a transaçã o penal. essa situaçã o nã o cabe na
hipó tese de violência doméstica, pois “nã o se aplica a lei 9.099”, logo, nã o se aplica o
artigo 66.

03. Critério de adoção do rito:


A) incidência de circunstâncias especiais com reflexo na pena

Observaçã o: as três fases da dosimetria sã o: 1ª: pena base; 2ª: atenuantes e agravantes;
e 3ª: causas de diminuiçã o e aumento de pena.

a) Qualificadoras: cá lculos que definem novas penas má ximas e a penas mínimas a


partir de fraçõ es da pena.
 Abandono de Incapaz:

Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilâ ncia ou autoridade,
e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detençã o, de seis meses a três anos.
#crime simples: procedimento sumá rio

§ 1º - Se do abandono resulta lesã o corporal de natureza grave:


Pena - reclusã o, de um a cinco anos.
# crime qualificado: procedimento ordiná rio

§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusã o, de quatro a doze anos.
# crime qualificado: procedimento ordiná rio

Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cô njuge, irmã o, tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
# causas de aumento de pena podem elevar a puniçã o pare além de seu patamar.

 Para encontrar um procedimento, onde está sendo atribuído ao acusado uma


causa de aumento de pena, deve-se computar essa causa de aumento de pena
sobre a pena máxima para só então encontrar o procedimento. O mesmo
raciocínio deve ocorrer nos casos de diminuição de pena.

b) Causas de aumento e diminuição (fixas, variáveis): nem sempre a lei atribui


aumento ou diminuiçõ es fixas.

 Tráfico de pessoas:

Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou


acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coaçã o, fraude ou abuso, com a
finalidade de:
II - remover-lhe ó rgã os, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condiçõ es aná logas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidã o;
IV - adoçã o ilegal; ou
V - exploraçã o sexual.
Pena - reclusã o, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:
I - o crime for cometido por funcioná rio pú blico no exercício de suas funçõ es ou a
pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
III - o agente se prevalecer de relaçõ es de parentesco, domésticas, de coabitaçã o, de
hospitalidade, de dependência econô mica, de autoridade ou de superioridade
hierá rquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou funçã o; ou
IV - a vítima do trá fico de pessoas for retirada do territó rio nacional.

§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primá rio e nã o integrar


organizaçã o criminosa.

 Em caso de aumento de pena variável, o cálculo deve ser realizado com a


maior fração (pior cenário) para encontrar o procedimento correto. Mas, em
caso de diminuição de pena variável, é preciso diminuir a menor fração da
diminuição (pior cenário).

c) Agravantes e atenuantes: agravantes e atenuantes nã o têm codificaçã o na lei, ou


seja, nã o colocam em fraçã o.
Art. 61 - Sã o circunstâ ncias que sempre agravam a pena, quando nã o constituem ou
qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fú til ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execuçã o, a ocultaçã o, a impunidade ou vantagem
de outro crime;
c) à traiçã o, de emboscada, ou mediante dissimulaçã o, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmã o ou cô njuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relaçõ es domésticas, de
coabitaçã o ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei
específica;
g) com abuso de poder ou violaçã o de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissã o;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grá vida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteçã o da autoridade;
j) em ocasiã o de incêndio, naufrá gio, inundaçã o ou qualquer calamidade pú blica,
ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.

 Para computar as agravantes, não se pode elevar a pena além do máximo, se


ao calcular a pena e incidir a pena máxima, ela não deve ser computada e não
vai servir para descobrir o procedimento. O mesmo vale para atenuantes. Ou
seja, não são levadas em conta para definição do procedimento, na medida em
que não há critério legal predeterminado de majoração/diminuição.

B) Critério de adoção do rito comum: concurso de crimes

 Concurso material (CP, art. 69)


Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma açã o ou omissã o, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou nã o, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade
em que haja incorrido. No caso de aplicaçã o cumulativa de penas de reclusã o e de
detençã o, executa-se primeiro aquela.
# Considera-se a soma das penas máximas, adequando-se o montante nos
critérios do artigo 394 do CPP.

 Concurso formal (CP, art. 70)


Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só açã o ou omissã o, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou nã o, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais,
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a açã o ou omissã o é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
# Adota-se a pena máxima de um dos crimes, se idênticos, ou do mais grave, se
diversos, aumentando-a em ½ (metade – fração máxima prevista no artigo 70 do
CP).

 Crime continuado (CP, art. 71)


Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma açã o ou omissã o, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condiçõ es de tempo, lugar, maneira de execuçã o e
outras semelhantes, devem os subseqü entes ser havidos como continuaçã o do primeiro,
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
# Adota-se a pena máxima de um dos crimes, se idênticos, ou a pena do mais
grave, se diversos, exasperando-a de 2/3, adequando o resultado final os
parâmetros do artigo 394 do CPP.

C) Critério de adoção do rito comum: concurso entre crimes de procedimento


comum e especial ou crimes de procedimento especial

 Tribunal do Júri:
Se num concurso de crime, os acusados estã o respondendo por três crimes, dentre eles
estupro, ocultaçã o de cadá ver e homicídio, o processo de todos os crimes deverá seguir
no tribunal do jú ri, pois, o homicídio, crime de procedimento especial, exerce “força de
atraçã o” sobre os outros de crime de procedimento comum.

 Demais casos (correntes); ex.: roubo + tráfico de drogas


Nã o há entendimento pacificado.
1º corrente. Deve-se aplicar o princípio da especialidade (CPP, art. 394, §2º), ou seja,
sempre se aplica o procedimento especial daquele caso.
2º corrente. Nã o se deve aplicar o procedimento especial sempre, e sim aplicar o
procedimento do crime mais grave (CPP, art. 78, II, “a” por analogia).
3º corrente (majoritária). Deve-se aplicar, no caso de concurso de crimes, onde há
crime de procedimento comum e especial, sempre o procedimento mais amplo, nã o
importando se ele é o especial ou qual tenha a pena mais grave. No exemplo, o
procedimento mais amplo, é o do roubo, o ordiná rio, entã o aplica-se ele aos dois crimes.

D) Critério de adoção do rito comum: concurso de crimes em infrações de menor


potencial ofensivo

# Majorantes, minorantes e concurso de crimes

1º corrente. STF, HC 80.811: STF, HC 80.811 - "EMENTA – HABEAS CORPUS.


INCOMPETÊ NCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. Havendo concurso de infraçõ es
penais, que isoladamente sejam consideradas de menor potencial ofensivo, deixam de
sê-lo, levando-se em consideraçã o, em abstrato, a soma das penas ou o acréscimo, em
virtude desse concurso. "Habeas Corpus" deferido, para declarar a incompetência do
Juizado Especial Criminal, e determinar que os autos sejam encaminhados à Justiça
Comum.

2º corrente. Doutrina e Enunciado 120 do FONAJE: O concurso de infraçõ es de menor


potencial ofensivo nã o afasta a competência do Juizado Especial Criminal, ainda que o
somató rio das penas, em abstrato, ultrapasse dois anos.

# Concurso com crimes de menor potencial ofensivo sujeitos a outros procedimentos


Na reuniã o de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do jú ri, decorrentes da
aplicaçã o das regras de conexã o e continência, observar-se-ã o os institutos da transaçã o
penal e da composiçã o dos danos civis.

04. Procedimentos em espécies - Ordinário:

 Petição inicial
A petiçã o inicial delimita todo o objeto do processo.

I) Denúncia na ação pública e Queixa-Crime na ação privada:


Art. 41. A denú ncia ou queixa conterá a exposiçã o do fato criminoso, com todas as suas
circunstâ ncias, a qualificaçã o do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá -lo, a classificaçã o do crime e, quando necessá rio, o rol das testemunhas.
# qualificaçã o do autor; fundamentos jurídicos; pedido, etc.

a. Exposição do fato delituoso (imputação): atribuir a alguém uma conduta


 Acusaçã o = imputaçã o + pedido de condenaçã o para aquela conduta
 Exercício da ampla defesa
# o que aconteceu? quando? por que? como? contra quem?
 Linguagem: clara, objetiva, simples (vício - criptoimputaçã o: imputaçã o
contaminada por grave situaçã o de deficiência na narraçã o do fato imputado,
quando nã o contém os elementos mínimos de sua identificaçã o como crime,
como à s vezes ocorre com a simples alusã o aos elementos do tipo penal em
abstrato.)
 Individualizaçã o de condutas (imputaçã o genérica): quando há mais de uma
pessoa acusada numa mesma queixa, ocorre o problema da individualizaçã o, nã o
se pode acusar no “atacado”; a denú ncia, obrigatoriamente, deve indicar a
conduta individualizada dos acusados (nã o pode ser genérico, “nado
sincronizado”). É inadmissível a imputação genérica (individualização de
condutas).

 Agravantes e atenuantes? Art. 385. Nos crimes de açã o pú blica, o juiz poderá
proferir sentença condenató ria, ainda que o Ministério Pú blico tenha opinado
pela absolviçã o, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido
alegada.
# Autoriza que o juiz condene quando o promotor, nas alegaçõ es finais, pede que o
acusado seja absolvido.
 Jurisprudência em teses (STJ):
EDIÇÃ O N. 151: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL - I
7) Sob a normativa anterior à Lei n. 12.015/2009, na antiga redaçã o do art. 224, a, do CP, já era
absoluta a presunçã o de violência nos crimes de estupro e de atentado violento ao pudor
quando a vítima nã o fosse maior de 14 anos de idade, ainda que esta anuísse voluntariamente
ao ato sexual.

 Posicionamentos agrupados do STJ:

HABEAS CORPUS Nº 350.708 - SC (2016/0058616-8) RELATOR : MINISTRO REYNALDO


SOARES DA FONSECA IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚ BLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚ BLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA IMPETRADO :
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA PACIENTE : E A DO N EMENTA
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DOSIMETRIA DA PENA. REVISÃ O.
IMPOSSIBILIDADE. SUPRESSÃ O DE INSTÂ NCIA. DENÚ NCIA. DESCRIÇÃ O DO CRIME DE
ESTUPRO QUALIFICADO PELA LESÃ O CORPORAL GRAVE. CONDENAÇÃ O PELO CRIME DE
LESÃ O CORPORAL DE NATUREZA GRAVE. POSSIBILIDADE. EMENDATIO LIBELLI. PEDIDO DE
EXCLUSÃ O DA QUALIFICADORA NAS ALEGAÇÕ ES FINAIS PELO MINISTÉ RIO PÚ BLICO.
VINCULAÇÃ O DO MAGISTRADO. NÃ O OCORRÊ NCIA. ARTIGO 385 DO CPP. RECEPÇÃ O PELA
CONSTITUIÇÃ O FEDERAL DE 1988. QUALIFICADORA DO PARÁ GRAFO 1º, INCISO I, DO ARTIGO
129 DO CÓ DIGO PENAL. LAUDO COMPLEMENTAR INCONCLUSIVO. DESCLASSIFICAÇÃ O.
INVIABILIDADE. EXISTÊ NCIA DE OUTRAS PROVAS. REVISÃ O DO ACERVO PROBATÓ RIO.
IMPOSSIBILIDADE. LAUDO PERICIAL COMPLEMENTAR EXTEMPORÂ NEO. SUPRESSÃ O DE
INSTÂ NCIA. HABEAS CORPUS NÃ O CONHECIDO.

 É admissível a “imputação alternativa”? Imputaçã o alternativa é uma pratica de


acusar pessoas de uma maneira alternativa. A denú ncia alternativa é aquela na qual
se imputam ao acusado duas ou mais condutas criminosas (imputaçã o alternativa
objetiva), sendo que apenas uma ocorreu ou, ainda, quando, havendo dú vida quanto
à autoria, ela é atribuída a apenas um dos denunciados, cumprindo à instruçã o
probató ria revelar qual deles, efetivamente, é o autor do delito (imputaçã o
alternativa subjetiva). Afranio Silva Jardim (minoria), defende que se deva admitir a
imputação alternativa objetiva, desde que os fatos imputados alternativamente
sejam certos e bem determinados, de modo a nã o prejudicar o exercício, pelo réu, do
mais amplo direito de defesa. Já no que tange à imputação alternativa subjetiva,
acredita ser inviá vel sua admissã o. É que, havendo dú vida quanto à autoria do delito,
nã o parece razoá vel que, de forma quase que aleató ria, o Ministério Pú blico
denuncie um dos supostos autores para somente depois, ao cabo da instruçã o
probató ria, se defina quem, efetivamente, cometeu o crime. Segundo a doutrina
amplamente majoritá ria, nã o é possível a aplicaçã o da imputaçã o alternativa
objetiva, nem a subjetiva, porque para propor uma açã o penal, ou seja, para acusar
uma pessoa, é preciso de justa causa e nã o há como impor imputaçã o alternativa,
porque isso significa que o promotor estava em dú vida e essa situaçã o nã o pode
existir, pois ele deve se certificar as circunstâ ncias e de qual crime o ato ilícito se
trata antes mesmo de denunciar. Ademais, se há dú vidas pela promotoria, nã o há de
ter denú ncias, é preciso que volte para a delegacia investigar e apurar as
circunstâ ncias até que nã o reste mais dú vidas.

b. Qualificação do acusado: A denú ncia deve qualificar uma pessoa, ou seja, obter os
dados de individualizaçã o (nome, cpf, residência, filiaçã o, profissã o, etc.). Quanto
melhor a qualificaçã o, maior possibilidade de evitar erro judiciá rio (documento falso,
homô nimos, etc.).
Art. 41. A denú ncia ou queixa conterá a exposiçã o do fato criminoso, com todas as suas
circunstâ ncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificaçã o do crime e, quando necessá rio, o rol das testemunhas.
# Qualificaçã o direta: colher informaçõ es com o pró prio indivíduo. Mas, e quando a
qualificaçã o for discrepante com a realidade? Por exemplo, quando o indivíduo utiliza
de documentos falsos ou de outra pessoa para apresentar no momento em que leva
dura:
Art. 259. A impossibilidade de identificaçã o do acusado com o seu verdadeiro nome
ou outros qualificativos nã o retardará a açã o penal, quando certa a identidade física. A
qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execuçã o da sentença, se for
descoberta a sua qualificaçã o, far-se-á a retificaçã o, por termo, nos autos, sem prejuízo
da validade dos atos precedentes.
{!!!} Foto: Não é confiável. Além disso, se utilizam de fotos não para identificação e
sim para causar impacto, “mostrar para o juiz que o acusado tem cara de
criminoso”
O direito penal de democracia é o direito penal do fato, onde se busca acusar a pessoa
por algo que aquela pessoa fez e nã o por sua religiã o, sua opçã o sexual, suas escolhas
pessoas etc.
# Qualificaçã o indireta: colher os dados através de terceiros
. os suspeitos de sempre = tribuna de minas

c. Classificação do crime: enquadramento penal da conduta


Exemplo: Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.

A classificaçã o do crime, para a doutrina majoritá ria, nã o é obrigató ria, isso porque,
para essa corrente, o que o autor precisa colocar com precisã o sã o as narraçõ es dos
fatos e quando nã o as coloca, a inicial se torna inepta. “O réu se defende dos fatos.”
Entretanto, Aury Lopes Jr. sustenta que a defesa do acusado abrange tudo que nega a
existência dos fatos. Ou seja, o tipo penal compõ e o cená rio da acusaçã o.
Artigo 383, do CPP (“O juiz, sem modificar a descriçã o do fato contida na denú ncia ou
queixa, poderá atribuir-lhe definiçã o jurídica diversa, ainda que, em consequência,
tenha de aplicar pena mais grave”). Assim, o demandado se defende da imputaçã o fá tica
(imputatio facti) e nã o da sua tipificaçã o legal (imputatio delicti).

d. Rol de testemunhas:
O Có digo de Processo Penal, em seu artigo 41, deixa claro que o rol de testemunhas é
elemento facultativo, apenas quando necessá rio. No entanto, nã o poderá o acusador
suprir referida omissã o depois da propositura da açã o em razã o da preclusã o
consumativa.
No procedimento ordiná rio podem ser computadas até 08 testemunhas (para cada
fato).

# Outros elementos:
a. Pedido de condenaçã o, ainda que implícito na peça.
b. Custas processuais e honorá rios advocatícios somente em açõ es privadas. Paga-se as
custas ou pede a gratuidade de justiça.
c. Proposta de suspensã o condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95): acontece
depois da denú ncia oferecida.
d. Prazo para denú ncia: depende do rito e se o acusado está preso ou nã o.
Observação: Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante (querelado) e a
mençã o do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.

Poderes especiais: Para o oferecimento da queixa na açã o penal privada é necessá rio
que o procurador possua poderes especiais (a procuraçã o deve ser dada especialmente
para que o outorgado possa apresentar queixa-crime), devendo constar do instrumento
o nome do querelado e a mençã o do fato criminoso. Os poderes especiais na procuraçã o
sã o dispensá veis caso o querelante assine junto a queixa-crime. Nã o basta uma
procuraçã o com a clá usula ad judicia (para o foro em geral).
Defensor público e advogado dativo: Defensor pú blico é aquele advogado que
pertence aos quadros da Defensoria Pú blica. Ele nã o atua com procuraçã o. Para firmar
queixa, necessita de procuraçã o com poderes especiais, ou, entã o, que o querelante
assine junto a petiçã o. Advogado dativo é o nomeado pelo magistrado. O dativo, por ser
nomeado, para ingressar com queixa, necessita, assim como o defensor pú blico, ou de
procuraçã o com poderes especiais, ou que o acusado assine junto a queixa.
Somente o advogado pode oferecer queixa em juízo: A queixa-crime é peça
processual. Somente pode ser recebida se for assinada por advogado, pois que o
advogado é indispensá vel à administraçã o da Justiça (artigo 133 da CF).
A menção do fato: É dispensada a narrativa do fato na procuraçã o, basta que faça
mençã o a ele.
Oferecimento de queixa sem procuração: É possível quando para o fim de evitar a
decadência. Aplica-se por analogia o artigo 104 do Có digo de Processo Civil, segundo o
qual o advogado nã o será admitido a postular em juízo sem procuraçã o, salvo para
evitar preclusã o, decadência ou prescriçã o, ou para praticar ato considerado urgente.
Sanabilidade do defeito da procuração: O defeito da procuraçã o pode ser sanado
através da ratificaçã o. Para uma corrente, a ratificaçã o só é viá vel enquanto nã o
decorrido o prazo de decadência. Para outra, o defeito da procuraçã o poderá ser
suprido a qualquer tempo antes da sentença final (artigo 569).

Jurisprudência:
Desnecessidade de narrativa do fato: Basta que a procuraçã o contenha o nome do
querelado e a mençã o do fato criminoso. A lei nã o exige, quanto ao fato, a exposiçã o,
descriçã o ou narrativa, como quando se formaliza a queixa (TARS – RT 585/370). No
mesmo sentido: RT 631/384; RT 660/282.
Defeito da procuração: Só é possível sanar enquanto nã o decorrido o prazo de
decadência (RTJ 57/190). Contra: é possível ainda depois de escoado o prazo
decadencial (RT 631/371).
Oferecimento de queixa sem procuração: É lícito ao advogado, em nome do
querelante, intentar a açã o penal, sem prévia procuraçã o, a fim de evitar a decadência,
obrigando-se, nesse caso, a exibir o instrumento de mandato, no prazo de lei. Aplicaçã o
analó gica do artigo 37 do Có digo de Processo Civil, a teor do artigo 3º do Có digo de
Processo Penal (STJ – Pleno – DJU 09.03.92 – p. 2.526).
Nulidade de queixa-crime por vício de representação: É nula a queixa-crime oferecida
por advogado substabelecido com reserva de direitos por procurador que recebera do
querelante apenas os poderes da clá usula ad judicia et extra – poderes para o foro em
geral –, ainda que ao instrumento de substabelecimento tenha sido acrescido, pelo
substabelecente, poderes especiais para a propositura de açã o penal privada (RHC
33.790-SP, Rel. originá rio Min. Maria Thereza De Assis Moura, Rel. para Acó rdã o Min.
Sebastiã o Reis Jú nior, julgado em 27/6/2014 – Informativo nº 544).

 Juízo de admissibilidade
Observaçã o: Art. 394-A. Os processos que apurem a prá tica de crime hediondo terã o
prioridade de tramitaçã o em todas as instâ ncias.

a. Rejeição liminar da denúncia (CPP, art. 395)


Art. 395. A denú ncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condiçã o para o exercício da açã o penal; ou
III - faltar justa causa (materialidade + indícios de autoria) para o exercício da açã o
penal.

Aos olhos dos tribunais superiores, eventuais vícios da denú ncia ou queixa só podem
ser seguidos até momento da sentença (STF, RHC 98.091); se nada foi dito até entã o,
subentende-se que foi possível o exercício de defesa, de modo que o que deve ser
questionado a partir da sentença é a pró pria sentença.

Condições da ação:

Pressupostos e condiçõ es da açã o: Pressupostos processuais sã o os requisitos


essenciais para que a relaçã o jurídica processual se estabeleça. Entre outros:
inexistência de litispendência, de coisa julgada, de ilegitimidade, de incompetência
absoluta, de suspeiçã o. Sã o três as condiçõ es genéricas da açã o: a possibilidade jurídica
do pedido, o interesse de agir e a legitimidade. As condiçõ es genéricas da açã o sã o
aqueles requisitos que devem estar presentes em toda e qualquer açã o. Condiçõ es
específicas da açã o sã o aquelas exigíveis para apenas algumas açõ es. Sã o exemplos de
condiçõ es específicas a representaçã o, a requisiçã o e o lançamento de crédito tributá rio.
Conteú do da denú ncia: Conforme dispõ e o artigo 41, a denú ncia ou queixa conterá a
exposiçã o do fato criminoso, com todas as suas circunstâ ncias, a qualificaçã o do acusado
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá -lo, a classificaçã o do crime e, quando
necessá rio, o rol das testemunhas.
Jurisprudência
Rejeiçã o de queixa-crime por ausência de justa causa e honorá rios: É possível condenar
o querelante em honorá rios advocatícios sucumbenciais na hipó tese de rejeiçã o de
queixa-crime por ausência de justa causa (EREsp 1.218.726-RJ, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 22/6/2016, DJe 1º/7/2016 – Informativo n. 586). REJEIÇÃ O 395
Ausência de legitimidade ativa dos conselhos indigenistas em matéria penal: Os
conselhos indigenistas nã o possuem legitimidade ativa em matéria penal. Por
consequência, deve ser rejeitada a queixa-crime que busca imputar a prá tica dos crimes
de racismo e de incitaçã o a violência e ó dio contra os povos indígenas a parlamentares
(Inq 3.862 ED/DF, rel. min. Roberto Barroso, julgado em 18-11-2014, acó rdã o publicado
no DJE de 12-12-2014 – Informativo 768, Primeira Turma). LEGITIMIDADE 395

Inépcia da denúncia:

# Inépcia formal - insuficiente narraçã o e demonstraçã o dos fatos


# Inépcia material - ausência de suporte mínimo indiciá rio apto para definir a autoria e
precisar a materialidade (justa causa)
Comentá rios: Inepto, diz Aurélio, é sem nenhuma aptidã o. Incapaz, tolo, idiota. A
denú ncia é tola, idiota, inepta quando (1) estiver ausente condiçã o da açã o ou quando
(2) for nula. No primeiro caso, de inépcia em sentido estrito, falta condiçã o da açã o
(possibilidade jurídica, interesse ou legitimidade). No segundo caso, de nulidade da
denú ncia, faltam os requisitos formais (requisitos de existência ou formalidades
essenciais) na peça acusató ria (artigo 41 do CPP).
Nulidade: A denú ncia nula é inepta. A denú ncia nula é imprestá vel. A denú ncia nula é
aquela à qual falta ou requisito de existência ou formalidade essencial (elementos do
artigo 41 do CPP). A denú ncia nula nã o deve ser recebida pelo juiz, vale dizer – e é o
mesmo dizer -, deve ser rejeitada pelo juiz.

Ausência de justa causa: indícios de autoria e materialidade


Pergunta: É possível rejeitar parcialmente a denúncia ou queixa? Sim. Essa
hipó tese pode acontecer quando, por exemplo, o juiz admite a denú ncia de um ou outro
acusado, mas nã o ver indícios de autoria em relaçã o aos outros.
A decisã o produz coisa julgada formal. Ou seja, nada impede que o querelante venha
apresentar a queixa novamente, entretanto, essa nova denú ncia deve estar com os seus
erros de rejeiçã o corrigidos.
Nã o há o que impeça a rejeiçã o parcial da denú ncia. Poderíamos imaginar um despacho
de recebimento nos seguintes termos: “Rejeito a denú ncia na parte em que imputa ao
denunciado omissã o de socorro, pois que nã o descreve como tal fato se verificou
(nulidade). Rejeito, também, na parte em que imputa ao denunciado ter conduzido o
veículo da vítima na via pú blica em determinado percurso, pois que tal afirmaçã o nã o
constitui delito (impossibilidade jurídica do pedido). Rejeito, por igual, a parte da
denú ncia em que imputa o delito de lesã o corporal ao passageiro, pois que nã o há
nenhum elemento indiciá rio da prá tica deste fato (falta de interesse). Rejeito, por
derradeiro, a parte da denú ncia que imputa ao acusado o delito de calú nia, pois que
nesse se procede apenas mediante queixa (ilegitimidade). Quanto aos demais fatos
articulados e imputados, recebo a denú ncia.
Jurisprudência:
Recebimento parcial da denú ncia: A denú ncia nã o pode ser recebida em partes (RT
685/363).
A denú ncia nã o pode ser recebida e rejeitada em partes: A denú ncia é o ato através do
qual o Ministério Pú blico noticia a ocorrência de uma ou vá rias infraçõ es penais e
requer a instauraçã o da açã o penal. Portanto, nã o pode ser seccionada para ser recebida
e rejeitada em partes, especialmente tratando-se de um ú nico acusado. As possíveis
omissõ es podem ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final. (HC 11600, STJ,
Quinta Turma, Relator Min. Costa Lima, DJU 1.6.92, p. 8.055).

# Impugnação à rejeição: RESPE - recurso em sentido estrito em até 05 dias (CPP,


art. 581, I):
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisã o, despacho ou sentença:
I - que nã o receber a denú ncia ou a queixa;
Observe-se que segundo a Súmula 707 do STF, constitui nulidade a falta de intimação
do denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia,
não a suprindo a nomeação de defensor dativo. Isso significa que o denunciado deve ser
intimado (para constituir seu advogado), e nã o um defensor em seu lugar.
Sobre o tema há , também, a Súmula 709 do STF: Salvo quando nula a decisão de
primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde
logo, pelo recebimento dela. Dessa maneira, com a publicaçã o da decisã o provendo o
recurso fica interrompida a prescriçã o (artigo 117, inciso I, do CP) e o processo segue
normalmente, já para a fase da citaçã o.
Quando o MP recorre ao segundo grau de jurisdiçã o nessa situaçã o, o que ele quer dizer
é que houve um vício de fundamento na decisã o de juiz, ou seja, o juiz “fundamentou
mal”. E, se o tribunal superior validar o vício, ele anula a decisã o que rejeitou a denú ncia
e vai determinar que o juiz refaça a sua decisã o.

b. Recebimento da denúncia
Qual o momento de realização do recebimento da denúncia?
Art. 396. Nos procedimentos ordiná rio e sumá rio, oferecida a denú ncia ou queixa, o
juiz, se nã o a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citaçã o do acusado para
responder à acusaçã o, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 399. Recebida a denú ncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência,
ordenando a intimaçã o do acusado, de seu defensor, do Ministério Pú blico e, se for o
caso, do querelante e do assistente.

# A doutrina majoritária é pacífica no sentido de que o recebimento da denúncia


ocorre conforme o estabelecido no artigo 396, CPP.

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsá vel pelo controle da legalidade da investigaçã o
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à
autorizaçã o prévia do Poder Judiciá rio, competindo-lhe especialmente:
XIV - decidir sobre o recebimento da denú ncia ou queixa, nos termos do art. 399 - lê-se
396 - deste Có digo;

# Recebimento e suspensã o do processo: quando o juiz for fazer o seu juízo de


admissibilidade, ele verificar se é caso ou nã o de aplicaçã o de SUSPRO. Se o MP
aposentou a proposta, deve-se marcar audiência para apresentar a proposta ao acusado
e verificar se ele irá aceitar ou nã o. Mas, se o MP nã o apresentou o SUSPRO:
1º corrente: Sú mula 696 - Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensã o
condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô -la, o Juiz,
dissentindo, remeterá a questã o ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art.
28 do Có digo de Processo Penal.
2º corrente - O SUSPRO é direito subjetivo do acusado e, portanto, ele tem o direito de
receber a proposta. Se ele nã o recebeu, o pró prio juiz deveria propor.
3º corrente - Se nã o houve proposta de SUSPRO, quando caberia, o processo deve ser
tratado com ausência de condiçã o da açã o, ensejando rejeiçã o da denú ncia.
# Motivaçã o e recebimento: Existe jurisprudência que entende que a decisã o de receber
a denú ncia dispensa a motivaçã o.
Observaçã o - De acordo com a jurisprudência do STF, só teremos necessidade de
fundamentaçã o em recebimento de denú ncia quando houver contraditó rio prévio à
defesa.

# Impugnaçã o ao recebimento: nã o há recurso contra decisã o que recebe a denú ncia

# Consequências: fixaçã o de competência (juiz de garantias?); causa interruptiva da


prescriçã o

 primeira prova até aqui

 A citação do acusado
A citaçã o é um ato de comunicaçã o processual. Todo acusado deve saber que está sendo
acusado e por qual motivo está sendo acusado (conteú do da acusaçã o).
Citaçã o vá lida é pressuposto de validade do processo penal.
# Evitar o “processo kafkiano”: processo que alguém sofre e sente a agonia de nã o saber
o motivo de estar sendo acusado.
No processo penal nã o há como nã o procurar o acusado. Diferente do processo civil, que
admite citaçã o através de cartas, por exemplo, no proc. penal, a citaçã o será de forma
pessoal, ou seja, o oficial de justiça tem que ir atrá s do acusado aonde quer que ele
esteja.

Art. 363. O processo terá completada a sua formaçã o quando realizada a citaçã o do
acusado.
# Triangulaçã o perfeita entre acusaçã o, juiz e réu.

Formas:

 Citação pessoal (real): Citaçã o feita na pessoa. Onde o juiz ordena que o oficial de
justiça vá até essa pessoa.
A regra é a citaçã o por mandado, conforme art. 351 do CPP: quando o réu estiver no
territó rio da jurisdiçã o do juiz que ordena a citaçã o.
Nã o há restriçõ es pró prias do processo civil (nã o pode citar a pessoal durante em tal
período, etc.).

# Situações:
a. Preso: CPP, art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.
 Sú mula 351, STF: “É nula a citaçã o por edital de réu preso na mesma unidade da
federaçã o em que o juiz exerce a sua jurisdiçã o”
!!!) Se o Juiz exerce a jurisdiçã o no Rio, nã o pode citar por edital no Rio, mas, conforme a
sú mula, ele pode citar por edital em qualquer outro lugar no país onde nã o exerce sua
jurisdiçã o.
A sú mula 351 é absurdamente violadora da CF, do direito ao contraditó rio e do direito
ao conhecimento sobre uma acusaçã o.

b. Militar (CPP, art. 358): “A citaçã o do militar far-se-á por intermédio do chefe do
respectivo serviço.”
# Preservaçã o da ideia de hierarquia no ambiente militar.

c. Funcionário Público (CPP, art. 359): O dia designado para funcioná rio pú blico
comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua
repartiçã o.

d. Inimputável (CPP, art. 151): Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo
da infraçã o, irresponsá vel nos termos do art. 22 do Có digo Penal, o processo
prosseguirá , com a presença do curador.

e. Pessoas jurídicas: será citado o representante legal, na forma de seus atos


constitutivos.

f. Cartas: Quando o acusado está em local diferente - jurisdiçã o - de onde ocorre o


processo
▫ Precató ria (art. 353, CPP): Pedido de colaboraçã o de um outro ó rgã o de justiça (nã o
serve só para citaçã o). “Pedido de ajuda”.

▫ De ordem: Um juízo pedindo um favor a outro juízo. Quando uma autoridade


judiciá ria determina a outra hierarquicamente inferior a prá tica de determinado
ato processual material necessá rio à continuaçã o do processo que se encontra
perante o ó rgã o superior.

▫ Rogató rias (art. 368, CPP): Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será
citado mediante carta rogató ria, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição
até o seu cumprimento.
Art. 222-A. As cartas rogató rias só serã o expedidas se demonstrada previamente a sua
imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio.
Obs.: No caso de citaçã o, nã o se faz necessá rio demonstrar que a rogató ria é
imprescindível, porque a citaçã o é importante por si só .
Obs.: “auxílio direto.” O auxílio direito propõ e que os países encontrem uma forma de
fazerem pedidos de auxílio mú tuos em termos de cooperaçã o. Para que esse auxílio
direito exista, é preciso que exista um acordo prévio entre os países.
Obs.: Citações em legações estrangeiras (art. 369, CPP): As citaçõ es que houverem de ser
feitas em legaçõ es estrangeiras serã o efetuadas mediante carta rogató ria.
# Convençã o de Viena e imunidades diplomá ticas.

 Citações fictas (não real): Constituem presunçõ es jurídicas de citaçõ es. Nã o me


dã o a certeza de que a pessoa sabe de fato que está s sendo acusada.

# Situações:
a. Edital: Art. 361. Se o réu nã o for encontrado, será citado por edital, com o prazo de
15 (quinze) dias.
Publicaçã o através do diá rio de justiça, jornal, etc. Nã o existe má -fé do acusado, o que
existe é uma desinformaçã o da justiça sobre o seu endereço.
Obs.: Transcrição da inicial. Sú mula 366-STF: Nã o é nula a citaçã o por edital que indica o
dispositivo da lei penal, embora nã o transcreva a denú ncia ou queixa, ou nã o resuma os
fatos em que se baseia.
Até 1996 (Lei 9.271), o processo prosseguia, ou seja, era permitido que as pessoas
fossem acusadas sem saberem que estavam sendo acusadas e que existir processo.
Apó s 1996:
{!!!} Art. 366, CPP. Se o acusado, citado por edital, nã o comparecer, nem constituir
advogado, ficarã o suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz
determinar a produçã o antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisã o preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
§ 1° As provas antecipadas serã o produzidas na presença do Ministério Pú blico e do
defensor dativo.
§ 2° Comparecendo o acusado, ter-se-á por citado pessoalmente, prosseguindo o
processo em seus ulteriores atos.

{!!!} Perguntas relevantes:


01- Por quanto tempo pode a prescrição ficar suspensa?
. I corrente: no má ximo 20 anos; apó s: declaraçã o de extinçã o de punibilidade.
. II corrente: a suspensã o da prescriçã o regula-se pela pena má xima cominada,
de acordo com o artigo 109 do CP; apó s: a prescriçã o volta a correr pelo tempo
restante (corrente majoritá ria).
Sú mula 415, STJ: “O período de suspensã o do prazo prescricional é regulado pelo
má ximo da pena cominada”
. III corrente: para o STF, a suspensã o da prescriçã o de dá por prazo
indeterminado (corrente minoritá ria).
Tema 438 - RE 600.851 (repercussã o geral): Limite temporal para a suspensã o
do processo e do prazo prescricional previstos no art. 366 do CPP.

02 - Apesar da suspensã o, pode o juiz determinar a suspensã o de provas?


“(...) podendo o juiz determinar a produçã o antecipada das provas consideradas
urgentes...”
Sim, sã o aceitos a produçã o de provas urgentes e nã o de qualquer prova. Ex.:
Prova da testemunha que presenciou o crime, mas que corre perigo de vida por
situaçã o periclitante de saú de ou por consequência do pró prio crime.
# Art. 225, CPP. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por
enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instruçã o
criminal já nã o exista, o juiz poderá , de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
{?} A possibilidade da passagem do tempo é uma justificativa para se antecipar a
prova? Conforme a Sú mula 455 do STJ, a decisã o que determina a produçã o
antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente
fundamentada, nã o a justificando unicamente o mero decurso do tempo. Já no
STF há controvérsias, pois a 1º Turma entende que também nã o é justificativa, ao
passo que a 2º Turma acolhe a produçã o de provas com a justificativa do recurso
do tempo.
03 – Pode o juiz, quando da suspensã o do processo, ordenar a prisã o do acusado?
“(...) e, se for o caso, decretar prisã o preventiva, nos termos do disposto no art.
312.”
Art. 312. A prisã o preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pú blica, da ordem econô mica, por conveniência da instruçã o criminal ou para
assegurar a aplicaçã o da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do
imputado.
Ou seja, somente poderá ser decretada a prisã o se houver elementos para isso,
nã o é um procedimento automá tico que deve ser determinado quando a justiça
nã o encontra o acusado e o juiz suspende o processo, mas somente quando
houver elementos.

04 - Há exceçõ es à regra do art. 366?


Lei 9.613/98: Lei de lavagem de dinheiro (reformulada pela Lei 12.683/12)
Art. 2º, § 2º. No processo por crime previsto nesta Lei, nã o se aplica o disposto
no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Có digo de Processo
Penal), devendo o acusado que nã o comparecer nem constituir advogado ser
citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeaçã o de
defensor dativo.
Conforme alguns doutrinadores, esse artigo é inconstitucional, e o disposto nesse
artigo é uma situaçã o que pode ocorrer em hipó tese nenhuma, pois viola os
princípios de ampla defesa, contraditó rio, do devido processo penal, além de
violar também a convençã o americana de direitos humanos.

b. Hora certa: Art. 362. Verificando que o réu se oculta para nã o ser citado, o oficial de
justiça certificará a ocorrência e procederá à citaçã o com hora certa, na forma
estabelecida nos artigos. 227 a 229 da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Có digo de
Processo Civil.
Feita pelo pró prio oficial de justiça. Existe a suspeita de que a pessoa está se ocultando,
ou seja, o acusado age de má -fé. O OJA deixa um recado com alguém (família, vizinho,
porteiro, etc), considerando que ele saberá que está sendo acusado.
{!!!} Foi criada no processo penal em 2008. O problema é que o legislador, em vez de
redigir no pró prio texto da lei o procedimento para a citaçã o por hora certa, ele
menciona o procedimento conforme disposto no CPC. Ocorre que o nosso CPC foi
atualizado em 2015 e, hoje, os artigos que falam sobre a citaçã o por hora certa sã o eles:
252, 523 e 254. O texto da lei do CPP ainda nã o foi reformulado e continua com os
artigos antigos do CPC.
A maior diferença entra a citaçã o por edital e por hora certa, é que nesta o processo
continuará com a nomeaçã o de um defensor, partindo do pressuposto de que o acusado
tem ciência de que está sendo processado, enquanto naquele o processo é suspenso.
Obs.: Gustavo Badaró , doutrinador, entende que a citaçã o por hora certa no processo
penal nã o deveria ser aplicada, pois é uma citaçã o ficta, ou seja, nã o há a certeza de que
o acusado sabe do processo, somente existe a presunçã o.

 Resposta à acusação
- Art. 396. Nos procedimentos ordiná rio e sumá rio, oferecida a denú ncia ou queixa, o
juiz, se nã o a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citaçã o do acusado para
responder à acusaçã o, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

{!!!} O acusado tem 10 dias para responder à acusaçã o a partir da data em foi realizado o
ato de comunicaçã o processual. O primeiro dia começará a ser contado no dia seguinte,
e assim sucessivamente. Lembrando que no processo penal o prazo é contínuo, ou seja,
nã o fica suspenso durante feriados ou finais de semana, entretanto, eles nã o podem
terminar em dia nã o ú teis, tendo que ser postergados para o dia ú til posterior.

- Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argü ir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificaçõ es, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimaçã o, quando
necessá rio.
# Poderá, mas não deve.

 Absolvição Sumária
- Natureza jurídica: sentença de absolviçã o que ocorre antes da audiência; hipó teses
de atipicidade

Art. 397.  Apó s o cumprimento do disposto no art. 396-A, e pará grafos, deste Có digo, o
juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:           

I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;       

II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo


inimputabilidade;           
III - que o fato narrado evidentemente nã o constitui crime; ou           

IV - extinta a punibilidade do agente.

Obs.: inciso IV é sentença declarató ria de extinçã o de punibilidade

- Art. 581, VIII – RESE: que decretar a prescriçã o ou julgar, por outro modo, extinta a
punibilidade;

# O juiz pode usar do in dúbio pro reo para absolver sumariamente?


- A regra nã o é aplicada, pois o grau de convencimento de que o juiz deve ter atingido é
a certeza.

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