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Universidade Metodista de Angola – U.M.

A
Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais
Curso de Direito

Princípios relativos à iniciativa processual e princípios relativos à forma

Paula Nunes Pereira, número 15903;


Paulo Gustavo Marcos de Almeida Cardoso, número 24252;
Solange Ambrósio António, número 25023;
Tiar Alexandre Vaz Ferreira, número 27211;
Tonelson de Sousa da Silva, número 28174;
Wilder da Fonseca Gomes, número 26557.
Turno da manhã.

Docente
Cosme do Rosário.

Luanda
Novembro de 2020.
No presente trabalho abordaremos sobre os princípios relativos à iniciativa processual,
e por conseguinte, os princípios relativos à forma. Servindo assim como critério de
avaliação para a disciplina de Direito Processual Penal.

Iniciativa processual
Abordar sobre a iniciativa processual, é falar como se dá início ao processo penal em
sede do Tribunal, e as respectivas formalidades que devem ser observadas para que o
processo decorra no seu trâmite habitual.
O princípio em apreço (princípio da iniciativa processual) concretiza-se quando há a
observância dos princípios abaixo citados:

1° Princípio da oficialidade ou da oficiosidade;


2° Princípio da Legalidade;
3° Princípio do acusatório.

Princípio da oficialidade ou da oficiosidade


De acordo com este princípio, a iniciativa ou impulso processual compete, no Processo
Penal, ao Estado, uma entidade oficial, coincida ela ou não com o interesse e a vontade
dos particulares ofendidos.
O Estado constituiu o Ministério Público como o órgão com competência para a
instrução do Processo, nos termos do artigos 12° e 14°. Do Decreto-Lei 35. 007 de 13
de Outubro de 1945. Concretamente no artigo 14°. do Decreto-Lei supracitado, onde
parte do trecho diz que a direcção da instrução preparatória cabe ao Ministério
Público
A acção penal é pública de acordo ao artigo 1°. do mesmo Decreto- Lei 35. 007 e
compete ao Ministério Público, e em casos especiais, as entidades também públicas
indicadas no artigo 2°. do mesmo Decreto - Lei 35. 007.
No novo Código de Processo Penal, o Princípio da oficialidade ou da oficiosidade, está
consagrado na a) do número 2 do artigo 48°. em que resumidamente diz que,
compete em especial ao Ministério público promover o processo penal, recebendo
denúncias e ordenando a abertura da correspondente instrução.
O Processo penal não é disponível, não está a disposição dos particulares. Não
obstante as suas regras gerais, este princípio não é absoluto. Tem excepções e limites
que derivam da natureza do crime em apreço(crimes semi-públicos e particulares).
Limites
Derivados da existência de crimes semi-públicos e de crimes particulares que para
serem punidos necessitam de ser denunciados pelos ofendidos ou outras pessoas
ligadas aos ofendidos ou é necessário que os ofendidos se constituam no processo
assistentes, deduzem acusação, exerçam elas próprias a acção penal.

Nos crimes semi-públicos


O Ministério Público só pode instaurar o processo após apresentação de queixa,
denúncia, ou participação por parte dos respectivos titulares (artigo 3°. do Decreto
35007), sob pena de não poder tomar a iniciativa processual.
O crime semi-público é um crime cujo o procedimento criminal depende de queixa do
ofendido ou de outras pessoas, e é necessário que estas pessoas dêem conhecimento
do facto ao Ministério público, para que este promova o processo. Assim, o Ministério
Público somente investiga e abre inquérito, quando o ofendido, ou o seu
representante legal apresenta a devida queixa.

Nos crimes particulares


Para além da apresentação da queixa ou participação por parte do respectivo titular, a
intervenção do Ministério Público encontra-se ainda dependente da acusação
particular deduzida pelo assistente, conjugado como artigo 4.° do Decreto-Lei 35007.
Tanto nos crimes semi-públicos como nos crimes particulares, a falta de denúncia ou
acusação particular torna o Ministério Público parte legítima e determina a absolvição
do réu da instância.
Nos crimes particulares, as penas nunca são superiores a dois (2) anos, as penas vão
de três (3) dias a dois (2) anos, também admitem pagamento de multas.
O crime particular é um crime cujo o procedimento criminal depende de acusação
particular do ofendido ou de outras pessoas, e é necessário que estás pessoas se
lembrem, se constituam como assistentes e deduzam acusação particular. Logo, é o
ofendido constituído assistente do processo, que deve realizar a acção penal,
sustentando a acusação do julgamento.
Após a apresentação da queixa inicia- se a fase da instrução. No entanto, se o
assistente não deduzir acusação particular, o Ministério Público arquiva o processo por
falta de legitimidade para prosseguir com o mesmo, isso podemos observar no n°6 do
artigo 331.° do novo código de Processo Penal.
O ofendido tem que denunciar e se constituir no processo como assistente do
Ministério público, para deduzir a acusação. – Artigo 4.° do Decreto Lei 35007.
Excepções
O artigo 27.° do decreto Lei 35007, parágrafo único, regula a reclamação hierárquica
dos denunciantes do crime, sempre que o Ministério público se abstenha de acusar.

Princípio da legalidade
Este princípio da legalidade obriga o Ministério Público na sua actividade de promoção
processual, a determinar-se exclusivamente por critérios de natureza legal.
Tal princípio vem consagrado no código de processo penal antigo, no artigo 1.°, bem
como no novo código de processo penal novo no seu artigos 1°. e 2.°
Tem consagração legal na Constituição da República de Angola nos artigos 186 n. ° 2 e
do artigo 185.°
O “jus puniendi", de que é titular o Estado, concretiza-se através de um processo
penal, e não pode ser exercido sem esse processo. Artigo 1°. do código de processo
penal.
O princípio da legalidade opõe-se ao princípio da oportunidade e determina que as
autoridades são obrigadas a investigar o crime, sempre que dele tenham
conhecimento e o Ministério Público, como o titular da acção tem o dever funcional de
formular acusação sempre que haja indícios suficientes da sua existência, e conheça a
pessoa que o practicou. O Ministério Público é obrigado a exercer a acção penal. –
Artigo 349.° do Código de Processo Penal cessante / artigo 7°. do Decreto-Lei 35007.

Consequências do princípio da legalidade


a) O direito dos denunciantes: com a faculdade de se constituírem assistentes no
processo, de reclamarem para o superior hierárquico, sempre que o Ministério Público
se abstenha de acusar.
b) Princípio da imutabilidade da acusação- o Ministério Público não pode modificar a
acusação renunciar ou desistir dela por força da suspensão ou por o processo ter sido
arquivado. Artigo 125. ° do Código Penal antigo e parágrafo único do artigo 3°. do
Decreto-Lei 35.007.

Princípio do acusatório
Este princípio do acusatório traz a ideia de que só se pode ser julgado por um crime
precedendo a acusação por esse crime por parte de um órgão distinto do julgador, isto
é, atribui-se a função de acusar a uma entidade diferente daquela a quem está
conferida a função de julgar- n°2 do artigo 174.° da Constituição da República de
Angola.
Assim, em harmonia com este princípio, cada uma das fases processuais penais deve
ser presidida por entidades diferentes, existindo claramente uma separação de
poderes entre esses órgãos.
Este princípio também não é absoluto, porquanto é enfraquecido ou mitigado pela
possibilidade de, em certos casos de abstenção da acusação, o juiz poder ordenar que
o processo volte ao Ministério Público para deduzir a acusação- artigos 346.° 351.° do
Código de Processo Penal cessante e artigo 44.° do Decreto- Lei n° 35. 007.
A objectividade, a imparcialidade, e até a independência, condições indispensáveis a
obtenção de uma sentença justa, ficariam comprometidas pela intervenção do
julgador na investigação do crime, na perseguição do criminoso, e na instrução do
processo – artigo 159.° do Código de Processo Penal cessante, revogado pelo artigo.
14.° e seguintes do Decreto-Lei 35007.
Consequências do princípio do acusatório.
1- O tribunal não tem iniciativa de instauração e instrução de um processo crime ;
2- A fase judicial inicia-se com a acusação;
3- A acusação delimita e fixa o objecto do processo.

Princípios relativos à forma

1° Princípio da publicidade;
2° Princípio da oralidade;
3° Princípio da imediação.
Princípio da publicidade
O campo de aplicação do princípio da publicidade é essencialmente o da fase da
audiência da discussão e julgamento, uma vez que apenas o julgamento é público. A
instrução preparatória é secreta e presidida por uma das partes processuais.
A publicidade do processo constitui factor importantíssimo de realização da prevenção
criminal, de educação e disciplina social, de defesa e de ordem de legalidade, do
prestígio da função jurisdicional e da formação da consciência jurídica popular,
constituindo simultaneamente uma garantia de defesa para o arguido. Este princípio
vem consagrado no artigo 407.° do Código de Processo Penal cessante, já no novo
Código de Processo Penal está consagrado no artigo 95.°.
Princípio da Oralidade
O Julgamento em Processo Penal é dominado pelo princípio da oralidade. Quer isto
dizer que a decisão sobre o objecto do processo deve ser formado com base na
discussão oral da causa, em audiência do julgamento. Todas as provas e todos os
factos terão de ser objecto de discussão oral.
O carácter oral da discussão não prejudica, no entanto, a redução a escrito ou a registo
magnético dos depoimentos do réu, das testemunhas e dos declarantes, para efeito,
nomeadamente de recurso – artigo 532.° do Código de processo penal cessante que,
não obstante a essa redução a escrito, o juiz recolhe-as oralmente, assistindo ao
debate oral entre as partes e é com base em tal recolha e em tal debate que forma a
sua convicção. Tal princípio está consagrado no artigo 109.° do novo código de
Processo Penal.

Princípio da Imediação
Significa este princípio que, entre os meios de prova submetidos a apreciação do
tribunal devem ser escolhidos os mais próximos e são, os imediatos, e deve ser o
tribunal da causa, na medida do possível, a recolha da prova. Entre uma testemunha
que viu e uma que ouviu dizer deve preferir a primeira. Só na impossibilidade de
recolha directa será admissível a recolha indirecta da prova – artigos 438.° e 439.° do
Código de Processo Penal cessante. A título de citação, observar os artigos 317.° 361.°
e 389.° do novo Código de processo Penal.

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