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DIREITO PROCESSUAL PENAL:

Princípios Constitucionais aplicados ao Processo Penal.

Inquérito Policial.

O inquérito policial faz parte de um processo administrativo do Estado, ou


melhor, da polícia do Estado. É por meio dele que a polícia judiciária apura as
infrações penais e toma as providências cautelares impostas para aquele
delito.

Assim, qualquer indivíduo que cometer uma infração penal será punido pelo
Estado e, para isso, é necessária a realização do inquérito policial, que faz
parte do Direito Processual Penal.

Quer saber mais sobre o assunto? Então, continue lendo e confira as


informações que separamos para você!

O que é o inquérito policial?

O Código de Processo Penal (CPP), no seu Art. 4, explica que o inquérito


policial é realizado pela polícia judiciária “no território de suas respectivas
circunscrições, e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria”.

Ou seja, trata-se de um procedimento preparatório da ação penal, de caráter


administrativo e feito pela polícia judiciária, que visa colher provas
preliminares para apurar a prática e autoria de uma infração penal.

Ele serve como base para a ação penal, pois é um procedimento pré-
processual, utilizado para a apuração. É uma ferramenta de extrema
importância, pois permite avaliar a procedência e evitar que acusações
infundadas sejam realizadas, servindo como um “filtro” do processo.

Como funciona o inquérito policial?

Como vimos, o inquérito policial serve como um filtro processual, por meio do
qual serão apurados todos os fatos e provas para que haja a confirmação da
autoria da infração.

Assim como todo processo, o inquérito policial é dividido por fases.

Ato inicial

É o momento em que o início do inquérito é determinado. Quando um crime é


denunciado, é feita a análise da narrativa dos fatos e das suas circunstâncias,
recolhe-se os documentos e estabelece-se as possíveis testemunhas.
Ato de instrução

Neste ponto, realiza-se o processo investigativo, as análises periciais, o


recolhimento de provas, circunstâncias e fatos esclarecedores, além de
simulações.

Indiciamento do réu

Nesta fase, um suspeito é apontado e passa a ser visto como o possível autor.
Essa etapa é de responsabilidade do delegado que vai presidir as
investigações.

Ato final

Quando se dá o encerramento, descobrindo o culpado e aplicando as


penalidades para a infração cometida.

O objetivo do inquérito policial

O principal objetivo do inquérito policial é apurar a existência de uma infração


penal e sua autoria, dispondo de elementos suficientes para promover a ação e
punir o infrator.

Trata-se de uma instrução provisória e informativa, que recolhe elementos


como auto de flagrante, exames periciais, testemunhas oculares, entre outros.

Principais características do inquérito policial

O inquérito policial pode começar de quatro maneiras:

 requisição do Ministério Público ou do Juiz;


 de ofício, por portaria ou auto de prisão em flagrante;
 por requerimento da vítima;
 mediante representação do ofendido.

Entre as principais características do inquérito policial, estão as formas de


atuação. Assim, ele pode ser:

 discricionário: pois a polícia tem a liberdade de operar ou deixar de


operar dentro de um campo limitado pelo direito;
 escrito: porque ele é destinado ao fornecimento de elementos ao titular
da ação penal;
 sigiloso: pois só assim a polícia pode providenciar as diligências
necessárias para a comprovação do delito sem que haja empecilhos
para coleta de informações ou destruição de provas;
 obrigatório: como consta no inciso I, do Art. 5 do CPP, na hipótese de
crime apurável mediante ação penal pública incondicionada, a
autoridade deverá instaurá-lo de ofício, assim que tenha notícia da
prática da infração.
Qual é o prazo para o inquérito policial?

Os prazos do inquérito variam de acordo com o delito. No caso de prisão


preventiva ou flagrante, por exemplo, o prazo é de 10 dias. Se o suspeito for
solto sob fiança, o prazo é de 30 dias, mas existem exceções.

Ação Penal.
A ação penal faz parte do Direito Processual Penal, sendo o meio legal
utilizado para aplicar penalidades a um infrator. Ela é concedida pelo Poder
Judiciário, visando levar a ele o conhecimento da ocorrência de uma infração,
para serem aplicadas as medidas cabíveis.

Neste artigo, abordaremos os principais pontos sobre o assunto, apresentando


seu conceito, tipos e princípios, a fim de esclarecer como ela funciona no
Código Jurídico Brasileiro. Acompanhe a leitura!

O que é ação penal?

Em seu conceito mais simples, a ação penal equivale ao direito de provocar o


Estado na sua função jurisdicional para a aplicação do Direito Penal em um
caso concreto. Afinal, cabe a ele atender a sua pretensão punitiva, agindo
sobre as determinações do Código Penal.

Por exemplo, quando uma pessoa comete um ato considerado um delito ou


crime, abre-se a possibilidade de o Estado punir aquela pessoa, conforme o
estipulado pela lei que determina se aquela ação é criminosa ou não. É cabível
à ação examinar a ocorrência.

Na nossa Legislação Penal Brasileira e no Código de Processo Penal, estão


previstas as condutas tipificadas como lesivas, que necessitam da intervenção
do Estado na resolução do conflito. Diante dessas infrações, ele tem o dever de
investigar, averiguar a veracidade dos fatos, descobrir a autoria e aplicar a
devida punição ao autor da infração.

De maneira resumida, a ação penal é um direito autônomo, abstrato, subjetivo


e público. Autônomo, porque satisfaz a sua pretensão; abstrato, pois independe
do resultado do processo; subjetivo, porque o titular do direito pode exigir do
Estado a prestação de sua função jurisdicional; e público, porque a prestação
jurisdicional é de natureza pública.

Ela é dividida em suas ações importantes, sendo pública ou privada. Privada


quando é promovida pela pessoa que foi ofendida, que pede a punição do
ofensor, porque o bem violado é exclusivamente dela. E é pública quando os
crimes têm reflexos na sociedade, por isso o próprio Estado tem interesse na
sua punição e repressão.

Quais são os tipos de ação penal?


Como mencionado, ela pode ser pública e privada, dependendo de como a
infração foi cometida. Mas, além desses dois modelos de base, existem os
seguintes tipos:

 Ação Penal Pública Incondicionada;


 Pública Condicionada à Representação;
 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição;
 Privada Exclusiva;
 Privada Subsidiária da Pública;
 Ação Penal Privada Personalíssima.

Quem pode propor uma ação penal?

Ela pode ser iniciada pelo Ministério Público ou pelo particular. São, portanto,
peças fundamentais para a deflagração de um processo e o cumprimento do
dever do Estado, em analisar e punir corretamente as infrações cometidas aos
setores públicos e privados.

Sentença.
Trata-se da decisão definitiva dentro de um processo penal. A sentença penal é
um ato jurisdicional que determina a condenação ou a absolvição de um réu,
finalizando um processo através da argumentação estruturada do juiz que
acompanha o caso.

É importante, porém, frisar que sentença penal não é a mesma coisa que
sentença cível. Enquanto a primeira está diretamente ligada à liberdade de um
cidadão, ou seja, implica em sua restrição de convívio em sociedade, a
segunda está atrelada a outros tipos de desdobramentos, como
obrigatoriedade de pagamentos de multas ou valores em dinheiro ou, ainda,
cumprimento de trabalhos específicos.

Requisitos de uma sentença penal

Uma sentença deve ser composta por relatório, motivação e dispositivo. De


acordo com o artigo 381 do Código de Processo Penal, são partes essenciais
da sentença penal:

 nomes das partes (quando não for possível, as indicações necessárias


para identificá-las);
 exposição sucinta da acusação e da defesa;
 indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
 indicação dos artigos de lei aplicados;
 dispositivo;
 data e assinatura do juiz.

Tipos de sentença penal


As sentenças penais estão classificadas em Condenatórias ou Absolutórias (ou
Declaratórias).

Sentença penal condenatória

É aquela na qual há reconhecimento da responsabilidade do réu, ou seja,


existe comprovação de que determinado crime foi praticado por aquele
cidadão. Ao relatar a sentença de uma pena condenatória, o juiz precisa indicar
esses crimes ou os artigos do Código Penal a que correspondem, bem como
os indicadores de agravante ou atenuantes para o cumprimento da decisão.

Sentença penal absolutória

Neste caso, o réu é absolvido por inexistência de provas suficientes para uma
condenação. Há, ainda, a variável que considera a aplicação de medida de
segurança em situações em que seja comprovada a existência de doença
mental ou de inimputabilidade.

A intimação da sentença

Assim que o escrivão lavra nos autos a sentença proferida pelo juiz, ela é
considerada publicada. A partir da entrada dos autos no Ministério Público – o
que deve acontecer em até três dias após a audiência de sentença –, o período
de recursos de apelação deve ser contado. Estes podem ser feitos em até
cinco dias úteis para sentenças definitivas de condenação ou absolvição
proferidas por um juiz singular ou em decisões do Tribunal do Júri.

Provas.
A prova é o ato que busca comprovar a veracidade dos fatos que concorreram
para a prática de um delito, no qual influenciará diretamente o julgador.

Em seguimento, as provas se dividem em espécies, podendo às vezes, uma ter


maior valor que outra.

Sua origem vem do Latim, probatio, que significa demonstrar, conhecer,


examinar e persuadir todo elemento que leva ao esclarecimento de um fato ou
pessoa.

No Código de Processo Penal, o art. 155 regulamenta a prova do seguinte


modo:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Aprofundando-se no assunto, pode-se dizer que a prova é “a soma dos
motivos geradores da certeza”, atingindo seus aspectos objetivos, subjetivos
e conceitos.

Desse modo, a prova é constituída por todos os fatos e acontecimentos,


coisas, pessoas e circunstâncias úteis para formar a convicção do julgador
acerca do acontecido.

A análise dos meios e objeto das provas no processo penal

A princípio, ressalta-se que meio de prova é diferente de objeto de prova.

Portanto, meio de prova é todo fato documento ou alegação, que sirva direta
ou indiretamente à descoberta da verdade.

Ou seja, é o instrumento que tem como objetivo levar ao processo um


elemento ou informação, que o julgador irá usar para formação de sua
convicção.

Por ser de grande relevância, o Código de Processo Penal, traz em seu texto
os meios de provas, são estes:

 Prova pericial
 Exame de corpo de delito
 Documental
 Testemunhal
 Prova emprestada

O último tipo de meio de prova, a prova emprestada, é o tema que mais vem
sendo discutido nos tribunais, por este motivo gera as maiores dúvidas.

Relativo à prova emprestada, esta consiste no “aproveitamento de atividade


probatória anteriormente desenvolvida, mediante traslado dos elementos que a
documentaram” (TALAMINI, 1998, p. 146).

Isso acontece em nome da economia processual, da celeridade e da difícil (ou


impossível) repetição da prova.

Por este motivo, deve ser atendido os seguintes requisitos:

 Que no processo anterior tenha sido respeitado o princípio do


contraditório;
 A prova no processo anterior tenha sido produzida pelo juiz
natural;
 O réu tenha comparecido no outro processo.

Quanto ao objeto da prova, este se refere aos acontecimentos relevantes para


o esclarecimento da causa, estando relacionado ao que é pertinente provar, ou
seja, aos elementos que a lei não desobriga de provar.
O objeto da prova é a coisa, o fato, o acontecimento que deve ser conhecido
pelo juiz, a fim de que possa emitir um juízo de valor. São os fatos sobre os
quais versa o caso penal.

Ou seja, é o thema probandum que serve de base à imputação penal feita pelo
Ministério Público.

É a verdade dos fatos imputados ao réu com todas as suas circunstâncias.


(RANGEL, 2006, p. 381).

Pelo exposto, para melhor compreensão, tem-se como exemplo o que não é
objeto de prova:

–> os fatos notórios, também conhecidos como “verdade sabida“, pois são
de domínio de grande parte da população medianamente informada.

Das provas em espécie

Os meios de produção de provas previstos em lei, encontram-se nos artigos de


158 a 250, do CPP.

Os principais são:

– Perícia: o juiz se utiliza do exame pericial, que resulta no laudo pericial,


sendo o documento elaborado pelos peritos, resultante do que foi examinado
na perícia.

– Exame de corpo e delito: são elementos materiais ou vestígios que indicam


a existência de um crime.

O exame de corpo de delito é uma importante prova pericial, sua ausência em


caso de crimes que deixam vestígios gera a nulidade do processo.

– Prova documental: é o documento constituído especificamente para servir


de prova para o ato ali representado.

Como exemplo, tem-se uma certidão ou um documento apto a declarar um


direito.

– Interrogatório: quando se ouve o acusado sobre a imputação a ele dirigida;


o interrogatório é considerado um meio de prova porque leva elemento de
convicção ao julgador.

– Testemunho: é qualquer pessoa que narra os fatos de que tenha


conhecimento, acerca do objeto da causa.

– Reconhecimento de pessoas e coisas: uma pessoa admite e indica como


certa, a identidade de outra ou a qualidade de uma coisa.
– Acareação: é quando se colocam frente a frente duas ou mais pessoas que
fizeram declarações divergentes sobre o mesmo fato.

– Confissão: no processo penal, pode ser conceituada como “a expressão


designativa da aceitação, pelo autor da prática criminosa, da realidade da
imputação que lhe é feita” (Mirabete).

Conforme exposto, estes são os tipos de produção de provas admitidos no


processo penal, que tem a finalidade de convencer o juiz através da
comprovação dos fatos alegados, tanto da defesa quanto da acusação.

Das provas ilícitas

Primeiramente, a doutrina diferencia as provas ilícitas, provas


proibidas e provas ilegítimas.

As provas proibidas são o gênero, as demais são as espécies.

Logo, as provas ilícitas são aquelas que se produzem com violação ao


ordenamento jurídico, como a confissão mediante tortura.

Com efeito, prova ilegítima é aquela que viola regra do direito processual no
momento de sua produção em juízo.

Um exemplo de prova ilegítima é o interrogatório do acusado sem a presença


do advogado, com violação ao disposto no art. 185 do CPP.

Desse modo, a diferença entre provas ilícitas e provas ilegítimas é que a


primeira foi alcançada com violação à lei, ou seja, fora do processo.

Já a segunda, provas ilegítimas, foi com violação às regras de direito


processual, dentro do processo em curso.

Outra diferença entre ambas está no fato de que quando se apresenta a


prova ilegítima, ela é desentranhada do processo, sem ocorrer nulidade
processual.

Quanto a prova ilícita, além de ser desentranhada poderá ter efeitos penais,
civis ou administrativos.

Isto decorre por ter violação às normas de direito material, contudo, com a nova
redação do art. 157 do CPP, é ilícita tanto a prova que viole direito material,
quanto o processual.

Igualmente, há também as provas ilícitas por derivação, que trata de prova


lícita em si mesma, mas cuja produção derivou de prova ilícita.

Daí que se origina o princípio dos frutos da árvore envenenada.


À vista disso, diz-se que para essa teoria, quando uma prova lícita for obtida
através de uma prova ilícita, aquela se contamina com a ilicitude desta.

Apesar da proibição da utilização de provas ilícitas por derivação, há


duas exceções:

1. Quando não houver nexo de causalidade entre a prova ilícita e a lícita;


2. Quando de outra maneira for possível obter a prova, independentemente
da primeira fonte.

Da prova pessoal ou Real

De antemão, outro tipo de classificação é em relação ao sujeito da prova, que


se divide em prova real e prova pessoal.

Desta maneira, a prova pessoal é aquela que se obtém por meio de


manifestação humana, onde é feita afirmação pessoal fazendo fé aos fatos
afirmados.

Como exemplo, tem-se o interrogatório, testemunho e o depoimento.

No que corresponde à prova real, esta aflora do próprio fato, ocorre quando se
atesta a exteriorização de uma arma ou fotografia.

Dessa maneira, ao contrário da prova pessoal, a prova real se alcança


mediante a apreciação de elementos físicos.

Da produção antecipada de provas

São as provas produzidas perante o juiz antes do momento processual


adequado, ocorrendo nas situações de emergência e urgência.

Observa-se, nesse caso, o contraditório real, que é a formação da prova na


presença do juiz e das partes. É o caso da prova testemunhal.

Vejamos como dispõe o art. 225 do CPP:

Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por


velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o
juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe
antecipadamente o depoimento.

Apesar disso, cabe ao juiz decidir sobre a conveniência e oportunidade da


antecipação das provas.

Logo, há dois pressupostos a serem observados, um é o fumus boni


iuris (relevância) e periculum in mora (urgência).

Ainda assim, é imperioso destacar que o juiz só pode determinar a produção


antecipada das provas no curso do processo.
Assim sendo, antes de iniciada a ação penal, o juiz não pode fazê-lo de ofício.

Nesse caso, o juiz só poderá agir a partir do requerimento do Ministério


Público, do ofendido, do investigado ou de representação da autoridade
policial.

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