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1. Introdução
A sentença é o ato que realiza a própria finalidade da jurisdição, ou seja, dizer o direito
no caso penal concreto. É o momento culminante do processo penal, porquanto tudo
que é realizado no curso do processo, e mesmo antes, na investigação criminal, é
voltado à decisão a ser proferida na sentença.
2. Providências prévias
Como a sentença é o momento culminante do processo, tudo deve estar correto antes
da fase decisória, a fim de não macular essa decisão.
Primeiro, o juiz criminal deve verificar se há simetria oentre os fatos contidos na inicial
acusatória e aqueles verificados na instrução criminal. É uma decorrência do princípio
da adstrição ou correlação entre acusação e sentença.
São vedados os julgamentos citra petita, juiz julga o acusado por quantidade menor de
fatos ou ignora uma circunstância que torna o crime mais grave; ex: acusado por roubo
e lesão corpora, julgado somente por roubo, ou seja, um só fato; ultra petita, juiz julga
o acusado por mais crimes, ex: denunciado por roubo, juiz condena por roubo e lesão
corporal; extra petita, julgado por fato diverso daquele atribuído na denúncia, ex:
denunciado por roubo, julgado por homicídio (obs: a qualificação jurídica atribuída pelo
juiz pode ser diferente, o que é legal, como por exemplo, quando o MP denuncia por
furto e o juiz entende que é roubo. O que não pode ocorrer é o julgamento por fatos
distintos, ex: MP denuncia X narrando que cometeu delito de roubo no dia 29 de abril
de 2018, magistrado condena X com base em roubo cometido no 27 de agosto de 2018).
3. Estrutura
O relatório deve conter a descrição objetiva e detalhada das partes, fatos aduzidos na
inicial, fatos alegados pela defesa e tudo que for relevante no curso do processo. Visa
demonstrar que o magistrado tem conhecimento de tudo que é relevante na causa
penal em questão. Nas sentenças proferidas nos JECrim, o relatório é dispensável.
4. Publicação e intimação
A sentença só gera efeitos no mundo jurídico a partir de sua publicação, ou seja, a partir
do conhecimento dados às partes e terceiros.
Após a publicação, não é possível a alteração da sentença, salvo para corrigir erros
materiais. Ocorre, então, a denominada preclusão pro judicato, ou seja, consuma-se a
faculdade do juiz em relação à prática daquele ato. O réu solto deve ser intimado por
intermédio de seu defensor, conquanto o réu preso deve ser intimado pessoalmente. O
Ministério Público é intimado mediante vista dos autos.
5. Efeitos
7. Hipóteses de absolvição
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que
reconheça:
Não há prova da existência do fato, nem da inexistência do fato. Se desdobra em: (a)
ausência de prova da materialidade (ex: agente processaddo por furto, mas não foi
apreendido o objeto furtado nem há testemunhas); ausência de provas suficientes da
materialidade (ex: agente processado por furto, não há objeto, mas há testemunhas,
contudo, se mostram confusas); ausência de prova legal (ex: inexistência de exame de
corpo de delito em crimes que deixam vestígios). É uma causa objetiva de absolvição.
É a hipótese de não-autoria do acusado. Deve estar provado que o réu não teve
participação material ou intelectual no delito. É uma causa subjetiva de absolvição. Ex:
agente apresenta filmagens demonstrando que estava em outra cidade no horário do
crime.
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21,
22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida
sobre sua existência;
É a hipótese do in dubio pro reo, na qual a dúvida favorece o acusado. Não provado o
fato (tanto a existência quanto a autoria), deve o réu ser absolvido.
A sentença absolutória acarreta o efeito de soltura do acusado (caso não esteja preso
por outro processo, por isso o efeito não é automático), bem como a cessação das
medidas cautelares (reais e pessoais) aplicadas. No caso de absolvição imprópria
(reconhecimento da inimputabilidade) é aplicada medida de segurança.
10. Conceito
A lei processual penal permite que o juiz condene o réu, ainda que o Ministério Público
tenha pedido sua absolvição. Essa possibilidade é criticável, porquanto afeta a estrutura
do sistema acusatório, no qual a atividade persecutória pertence a um órgão que não o
juiz. Além disso, transforma a manifestação do Ministério Público em mera opinião.
O primeiro requisito diz respeito ao fato de que o juiz deve apreciar a causa penal com
base em provas produzidas na instrução criminal. Somente podem ser utilizadas provas
colhidas na fase investigatória quando forem provas técnicas irrepetíveis (Ex. Exame de
DNA).
O segundo requisito determina que a decisão seja clara e completa, ou seja, haja certeza
acerca de quem foi condenado e qual a pena aplicada.
É necessário fixar o valor mínimo da reparação dos danos ocasionados pela conduta
delituosa.
O juiz deve decidir sobre a manutenção das medidas cautelares (reais e pessoais).
RECURSOS
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1. Noções introdutórias
2. Conceito
“É o remédio de natureza processual, previsto em lei, por meio do qual as partes que
tiverem sido contrariadas em suas pretensões formuladas em juízo por uma decisão
judicial podem obter o seu reexame, total ou parcial, geralmente por um outro órgão
judicial hierarquicamente superior, a fim de esclarecê-la, completá-la, reformá-la ou
mesmo anulá-la, isso tudo no curso do mesmo processo penal de conhecimento.”
“O Juízo contra o qual se recorre é denominado de juízo a quo, ou juízo recorrido; o juízo
para o qual se interpõe ou endereça o recurso é o juízo ad quem. Geralmente, o juízo a
quo é diverso do juízo ad quem”. Exceção: embargos de declaração, os quais são
decididos pelo mesmo magistrado.
Fungibilidade: verifica a boa-fé da parte, o recurso errado deve ser recebido como se o
correto fosse.
O terceiro pressuposto recursal é a sucumbência. Deve haver lesão, ainda que potencial,
a uma das partes. Pode ser, quanto à abrangência subjetiva: subjetivamente simples
(afeta uma parte), subjetivamente múltipla (mais de uma pessoa é afetada),
subjetivamente múltipla paralela (afeta interesses idênticos de mais de uma parte) e
subjetivamente múltipla recíproca (afeta interesses opostos de mais de uma parte). A
sucumbência pode ser direta, quando o vencido é parte no processo; indireta ou reflexa,
atinge terceiro.
Quanto à abrangência objetiva, pode ser total (desatende todos os interesses da parte
vencida); parcial (desatende apenas parcialmente os interesses da parte).
Efeito regressivo: possibilita a retratação da decisão por quem a proferiu. Ex: RESE e
Embargos de Declaração.
Efeito extensivo: possibilidade de extensão aos demais corréus, quando o motivo não
seja estritamente pessoal ou subjetivo.
7. Procedimento recursal
RECURSOS EM ESPÉCIE
1. Noções introdutórias
Houve a necessidade de criar um recurso que, por um lado, não paralisasse o processo,
porquanto se cada decisão interlocutória fosse recorrível, o processo demoraria muito
mais tempo do que já dura atualmente; por outro, propiciasse o controle da legalidadde
de algumas situações essenciais ao processo penal. É essa a justificativa do recurso em
sentido estrito, o qual tem efeito apenas devolutivo, ou seja, não suspende o processo,
visando analisar somente o ato impugnado, e não toda a causa penal.
2.1 Conceito
2.2 Espécies
2.3 Cabimento
VI – (Revogado);
VIII – que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
XXI – que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
XXIII – que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a
revogação;
As hipóteses previstas nos incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII e XXIII, foram derrogadas
pelo advento da Lei de Execução Penal, a qual trouxe o recurso de agravo em execução,
cabível para tais hipóteses.
Para as decisões definitivas em que não haja previsão de impugnação por RESE, é cabível
apelação, denominada apelação supletiva.
2.4 Legitimidade
2.5 Prazo
Em regra, o prazo é de 05 (cinco) dias. No caso do inciso XIV, o prazo é de 20 (vinte) dias.
Em seguida, a parte deve indicar as peças que comporão o instrumento, se houver. Após,
a parte recorrente é novamente intimada, a fim de apresentar as razões do recurso, no
prazo de 02 (dois) dias. A parte contrária possui o mesmo prazo para apresentar
contrarrazões.
3. Embargos de declaração
A jurisdição tem função de aplicar o direito ao caso concreto. Para tanto, deve a decisão
judicial ser clara, certa e completa. Na ausência de um ou mais desses requisitos, são
cabíveis os embargos de declaração.
3.1 Conceito
3.2 Requisitos
4. Apelação
A apelação é o recurso que permite uma revisão da decisão de mérito proferida ao final
do processo penal condenatório.
4.1 Conceito
As partes podem apelar de toda a decisão ou apenas de parte dela, devendo delimitar
o conteúdo. O tribunal ad quem fica vinculado a essa delimitação (tantum devolutum
quantum appellatum).
4.2 Espécies
II – das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos
casos não previstos no Capítulo anterior;
Na hipótese (ii) é preciso observar as hipóteses taxativas previstas nas alíneas do inciso
III. Nas hipóteses de apelação em relação às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri, o
órgão jurisdicional não pode substituir o veredito, mas tão somente determinar um
novo julgamento em substituição ao primeiro.
4.3 Efeitos
4.4 Limites
Norteado no princípio do ne eat judex ultra petita partium, não pode o Tribunal ad
quem, aproveitando-se de recurso exclusivo da acusação, em favor do réu reformar a
decisão.Trata-se de uma consequência do princípio da facultatividade, bem como da
devolutividade restrita (tantum devolutum quantum appelatum).”
“Da mesma maneira, o fato do órgão do Ministério Público não ter interposto recurso
de apelação da decisão definitiva, absolutória ou condenatória, proferida pelo juiz de
primeiro grau, impede que o juízo ad quem, julgado apelação interposta pelo acusado,
profira uma decisão mais gravosa a ele. A isso se denomina princípio da ne reformatio
in pejus.”Essa proibição impede que seja declarada de ofício nulidade não arguida pela
acusação, conforme súmula 160 do STF.
4.5 Prazos
4.6 Procedimento
Interposta a apelação ao juízo a quo, no prazo de 05 (cinco dias), o juízo a quo realiza o
exame de admissbilidade. Em seguida, o apelante tem o prazo de 08 (oito) dias para
oferecer suas razões, ao juízo a quo ou ao tribunal ad quem. O prazo para contrarrazões
também é de 08 (oito) dias.
A apelação será julgada deserta quando for intentada por queixa, caso não sejam pagas
as custas ou caso não seja realizado o traslado do processo.
5. Carta testemunhável
Como o tem função precípua de pacificação da ordem social, a jurisprudência deve ser
dotada de coerência, a fim de não gerar a impressão de que a justiça é espécie de jogo
de azar.
6.1 Conceito
6.2 Caracteres
A decisão recorrida deve ter sido proferida por tribunal de apelação. O prazo é de 15
(quinze) dias para interposição.
6.3 Requisitos
7. Recurso Extraordinário
Surgiu em 1890, sem esse nome. Possui dois propósitos: tutelar direitos do recorrente
e, principalmente, tutelar a ordem constitucional.
7.1 Conceito
c) decisão recorrida julga válida uma lei ou um ato de governo local contestado em face
da Constituição (Constituição, art. 102, III, c);
d) decisão recorrida julga válida uma lei local contestada em face de uma lei federal
(Constituição, art. 102, III, d).
7.2 Caracteres
A decisã deve ter sido proferida por tribunal de apelação, tribunal superior ou turma
recursal de juizado especial.
7.3 Requisitos