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Confúcio
Ex.:
As citações
Quando eu for citar algum autor, jurisprudência, notícias, etc, eu seguirei padrões
para facilitar a identificação do que esta sendo lendo.
Quando eu fizer um comentário pessoal, ele estará escrito dessa forma, como
anotações em um caderno.
Você pode ajudar na confecção desse resumo notificando quaisquer erros que
você encontre ou me enviando material para complementarmos a aula. Estarei disponível
24/7 no email: rommel.andriotti@outlook.com
Bons estudos!
Rommel An!io"i
Aula 01 e 02 (ago/2013) - Das Provas
Em razão de minha ausência, a confecção destas aulas só foi possível graças a gentil
contribuição de Bárbara Ferreira de Bonis e Alini Mormino, a quem eu externo minha
profunda gratidão.
Provas
Continuada será testes sem consultas.
Regimental será dissertativa com consulta à lei "seca", ou seja, sem comentários
ou anotações.
Bibliografia
Guilherme Nucci. Manual de processo e execução penal.
As Provas
A regulamentação das provas foi alterada em 2008 pela lei 11.690 (2008)
Prova é todo o ato praticado pelas partes, pelo juiz, ou por terceiro (peritos,
testemunhas, etc) com a finalidade de levar ao magistrado a convicção sobre a existência
ou não de um fato.
Fatos ocorrem no mundo exterior ao processo, e por isso são necessários meios
de levar tais fatos ao conhecimento do juiz, com o fim de criar o convencimento dele,
permitindo assim o julgamento da lide.
Fundamentalmente o objeto da prova são os fatos, pois são esses que o juiz
desconhece. Espera-se, claro, que o direito o juiz saiba.
• Os fatos axiomáticos ou intuitivos - são aqueles que por si mesmo demonstrem algo.
Ex.: Cadáver em decomposição não necessita de prova de falecimento. Dãããã
Um professor em uma aula tem cerca de 40 testemunhas que afirmam que ele ali
estava. Obviamente, em razão disso, ele não precisará complementar este alibi com outras
provas.
• Fatos notórios - são fatos que são de conhecimento geral, e não necessitam de prova.
Ex.: provar que segunda vem após domingo, ou que tinha luz solar ao meio dia.
Dããããããã
• Os fatos presumidos pela lei - Fatos que a lei considera existentes dependendo de
certas circunstancias. Ex.: a inimputabilidade do menor de dezoito anos não precisa ser
provada, ela é uma presunção legal.
• Os fatos inúteis - são os fatos que não dizem respeito ou não são necessários para a
resolução da lide criminal. Ex.: o sujeito acusado de roubo não precisa provar para qual
time que ele torcia (mesmo que fosse para o Corinthians!!!).
Fatos Incontroversos
Fatos incontroversos são aqueles ditos por uma parte e admitidos ou não
contestados pela outra. No entanto, observe que se o fato é relevante para a causa, no
direito penal o juiz é obrigado a produzir provas sobre ele, em razão do princípio da
Busca da Verdade Real. Em razão desse princípio, no processo penal o juiz é obrigado a
apurar tanto quanto possível aquilo que realmente aconteceu, e nao uma verdade
meramente formal.
O juiz no processo penal não pode julgar presumidamente, mas sim buscar o que
realmente ocorreu. O fato incontroverso então não significa que é uma verdade real, e
ainda obriga as partes a prova-lo.
Prova de Direitos
O direito EM REGRA não é objeto de prova, pois na teoria o juiz sabe o direito, e
precisa meramente que as partes lhe dêem os fatos. Excepcionalmente no entanto é
possível que direito seja objeto de prova, quando, por exemplo, a aplicação de uma
norma alienígena seja necessária ao caso.
Meios de prova
Meios de prova são os instrumentos aptos a trazer ao processo a convicção sobre
os fatos.
Em regra as partes podem usar qualquer meio de prova que elas desejarem, em
razão do princípio da liberdade de prova, que se coaduna também à busca pela verdade
real, o que implica que a verdade deve ser alcançada.
O código de processo penal, nos seus artigos 158 a 250, traz a relação dos meios
de prova. Por isso, essas são chamadas de provas nominadas. Essa relação no entanto não
é taxativa, até porque tal vedação impediria a apreciação de provas que surgissem
posteriormente com novas tecnologias.
Ex.: um juiz de 1988 não poderia imaginar que em 40 anos haveriam serviços de
vídeos online potencialmente usados como prova (YouTube).
O estado das pessoas diz respeito ao casamento e parentescos. Diz o código civil
que:
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela
certidão do registro.
São duas as respostas para essa pergunta, cada uma oriunda de uma corrente
doutrinária distinta:
Prova ilícita
É inadmissível no processo penal o uso de provas consideradas ilícitas.
CF. Art. 5º. LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos;
Então, prova ilícita é aquela obtida por meio de uma violação de uma norma legal
ou constitucional. Ex.: confissão mediante tortura, violação de sigilo de ligações
telefônicas sem autorização judicial competente, etc.
Provas ilícitas stricto senso - São provas que violam qualquer norma de direito
material. Ex.: confissão mediante tortura, violação de sigilo de ligações telefônicas sem
autorização judicial competente, etc.
Provas ilegítimas - São provas que violam normas de direito processual. Ex.:
CPP. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
testemunho.
Portanto, a prova ilícita poderá ser admitida quando o direito que ela viola for
menos relevante que o direito que ela assegura. Ex.: uma pessoa injustamente acusada de
latrocínio que junta uma prova que ela obteve furtando um documento de uma casa após
invadir o domicilio pode ser admitida, pois o direito da liberdade do réu é superior que o
da inviolabilidade ao domicilio.
Esse princípio, quando usado em favor do réu é sempre permitido, mas contra
ele não, dependendo muito do caso concreto. Nesses casos, tal prova só é admissível
contra o réu em situações de urgência. Ex.: um indivíduo coloca uma bomba relógio na
sala de aula e os demais, sem ter como sair da sala, o torturam para que ele revele onde
ela está. Como a finalidade é salvar a todos, isso seria admitido. Da mesma forma, se no
mesmo exemplo a finalidade fosse meramente garantir a punição do réu a confissão dele
não seria mais válida.
O CPP adota com isso uma corrente doutrinaria norte americana, não admitindo
as provas derivadas. Como sempre, teremos exceções a essa regra:
Exceção 01. As provas derivadas podem ser admitidas quando não demonstrado
o nexo de causalidade entre a prova ilícita anterior e as provas licitas posteriores. Na
duvida sobre a derivação o juiz aceita a prova. Cabe ao polo passivo provar que a prova se
deu ilicitamente.
O ônus da prova
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício:
A defesa por sua vez recebe o ônus da prova secundariamente, tendo por
exemplo que provar a incidência de uma excludente de ilicitude ou culpabilidade. Ex.: a
prova dos alibis esta a cargo da defesa.
O ônus da prova para a acusação é considerado qualificado, uma vez que ela tem
de incutir no juízo a certeza de que o crime ocorreu. A defesa por sua vez tem meramente
de estabelecer a dúvida, pois in dúbio pro réu (na duvida, favorece-se o réu).
O juiz não pode fundamentar sua decisão exclusivamente nas provas produzidas
em fase de inquérito. Em outras palavras, as provas da investigação não podem ser o
fundamento exclusivo da decisão.
A razão disso é que as provas produzidas nessa fase não passaram pelo
contraditório. O juiz pode usar essas provas de maneira complementar.
Exceções
O próprio artigo 155 apresenta exceções à regra, estabelecendo provas que
podem fundamentar a decisão e que foram produzidas em inquérito. São elas as provas
antecipadas, as cautelares e as não repetíveis.
PERÍCIA
Arts. 158 - 184
Exame realizado por pessoa que tenha conhecimento técnico específico.
Onde não houver perito oficial, as perícias serão realizadas por no mínimo dois
peritos particulares.
Particulares
Peritos particulares são pessoas idôneas, com curso superior preferencialmente na
área demandada, nomeadas pelo juiz para realizar o exame. Eles deverão prestar
compromisso de imparcialidade para desempenhar as funções. Dos peritos oficiais não é
requerido tal compromisso pois eles já são juramentados quando da posse do cargo.
Determinação da perícia
As perícias podem ser determinadas:
Na fase da investigação
Pelo delegado ou pelo juiz.
Na fase da ação
Somente pelo juiz (de ofício ou a pedido das partes).
QUESITOS
Determinadas a perícia, as partes podem oferecer quesitos, que são perguntas a
serem respondidas pelo perito.
Na fase da ação as partes podem nomear assistentes técnicos (Art. 159). Esses são
peritos particulares, nomeados pela(s) parte(s) com a finalidade de criticarem
(comentarem, opinarem) a perícia do juízo no interesse da(s) parte(s) que requereu a
assistência técnica.
Não. O juiz é Peritus Peritorium. Ele é o perito dos peritos. Ele poderá discordar
das perícias, desde que ele fundamente, em conformidade com o principio do livre
convencimento do juiz. Ele valorará como desejar as provas a sua disposição.
Corpo de delito
Corpo de delito é o conjunto de vestígios
materiais deixados pela infração. É aquilo que
materialmente foi modificado pela infração penal. É
aquilo que era de um jeito antes da infração, e
passou a ser de outro jeito após a infração.
Exemplos:
Por isso, se o exame de corpo de delito é possível mas não é realizado, essa
ausência acarretará a nulidade da ação, ainda que haja confissão.
O interrogatório judicial do
acusado é o ato judicial que consiste em
se ouvir o acusado sobre a acusação. A
natureza desse ato é ao mesmo tempo
meio de auto defesa e meio de prova. É
meio de auto defesa pois o réu dirá sua
versão do fato imputado, e é meio de prova pois pode ser levado em conta pelo juiz para a
decisão. O interrogatório em juízo é contraditório, sendo as partes intimadas para
acompanharem. O defensor tem de obrigatoriamente estar presente. Caso o réu não
houver trazido um defensor próprio, caberá ao já nomear um defensor para ele. Além
disso, antes do interrogatório, o réu tem o direito de se entrevistar com o seu defensor
sigilosamente.
Na próxima aula: continuação do interrogatório.
O réu pode mentir no interrogatório, mas esse direito tem limites, pois ele só
pode mentir na medida da necessidade de sua defesa. O réu não pode, por exemplo,
mentir sobre a sua qualificação ou imputar a outrem o crime que fora imputado a ele
(salvo se for verdade).
As partes do interrogatório
Art. 187, CPP
O interrogatório se divide em duas partes:
1ª parte - interrogar o réu sobre sua pessoa, como sua vida social, sua condição
financeira, profissão, oportunidades na vida, etc.
Local do interrogatório
Art. 185, parágrafo 1º
Se o réu está solto, é realizado em juízo, na sala de audiências. Se ele estiver
preso, a regra é que ele seja interrogado no presídio. É claro que essa regra esta fora da
realidade. Felizmente o legislador abriu exceções: a audiência poderá ser fora do presidio
quando não houver segurança para o juiz e as partes, bem como se não houver garantia
de publicidade. Como na pratica nunca tem nem uma e nem outra, as audiências são
sempre realizadas nos fóruns.
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada
suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de
que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
É para evitar o perigo do translado de ida e volta do preso. Esse dispositivo foi
inserido especialmente por causa do PCC.
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual,
quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento
em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
Ou seja, para quando o réu tem uma circunstancia ou contingência de saúde que
o impeça ou dificulte sua participação no processo que integra.
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou
da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento
destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste
Código;
Observações importantes
Para haver a conferencia, as partes deverão ser intimadas com dez dias de
antecedência, sempre se justificando o porquê da conferencia ser digital (conforme as
situações acima).
Uma sala reservada deve ser usada pelo o réu para a vídeo conferencia.
Obrigatoriedade do interrogatório
Art. 564, III, e
Renovação do interrogatório
Art. 196, CPP
O interrogatório pode ser renovado, o juiz reinterrogando o réu de oficio ou a
pedido das partes.
CONFISSÃO
Arts. 197 a 200, CPP
É outro meio de prova nominada. É a admissão voluntária pelo indiciado ou réu
dos fatos contidos na acusação. Existem dois tipos:
A confissão é divisível e retratável. Divisível significa que o juiz pode aceitar parte
da confissão, rejeitando outra parte.
A confissão não é "a rainha das provas", como se dizia antigamente. No nosso
sistema do livre convencimento, não há prova que valha mais do que outra.
Prova testemunhal
Testemunha é toda a pessoa estranha ao processo chamada a depor sobre fatos
relevantes para a decisão da causa.
Auto-explicativo.
Auto-explicativo.
Como vimos, se nao houver outro meio para esclarecer o fato, o juiz pode
determinar mesmo assim o depoimento, mas sempre sem compromisso.
Proibidos de depor
São pessoas que em razão de sua profissão ou atividade devem guardar sigilo, e
portanto estão proibidos de depor. Ex.: o advogado, o padre, o medico, etc.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
seu testemunho.
SUSPEIÇÃO DE TESTEMUNHA
É uma construção doutrinaria. É suspeita a testemunha que, por ter um interesse
no processo, tem a sua credibilidade afetada. A testemunha suspeita pode depor, mas o
juiz valorará tal testemunho considerando a suspeição.
Procedimento
Chamada a testemunha, antes do inicio do depoimento a parte pede a palavra e
oferece a testemunha. O juiz então perguntará a contradita sobre o caso. Na hipótese de
dispensa, o juiz pergunta à testemunha se ela deseja depor. Se for afirmativo procede-se
o depoimento, se negativo, o juiz dispensará, salvo se ela for o único meio de
esclarecimento. Se a testemunha for suspeita, o juiz ouvirá com ressalvas.
Quando isso é realizado na policia, é possível fazer com que o reconhecido não
veja o reconhecedor. Em juízo, embora a lei diga o contrario, também não se permite que
o reconhecido veja o reconhecedor, para evitar possíveis represálias.
Busca e apreensão
Arts. 240 a 250, CPP
A busca domiciliar
Esta subordinada ao respeito à constituição:
Cf. Art. 5º. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Interceptação telefônica
É regulada pelo art. 5º, X, XII e lei 9296/96
Requisitos
Ordem judicial
A ordem de quebra de sigilo telefônico deve ser emanada pelo juízo competente,
que fundamentará a decisão.
Captação de conversas
Interceptação
Interceptação é a gravação de uma conversa realizada por um terceiro. A
interceptação pode ser telefônica ou ambiental (presencial). Ela pode ser feita sem o
conhecimento dos participantes (sentido estrito) ou com o conhecimento de um dos
participantes.
Gravação clandestina
É a gravação de uma conversa entre pessoas realizada por um de seus
participantes. A gravação clandestina pode ser telefônica ou ambiental (presencial, física).
O TSF tem entendido que se a gravação foi feita em ambiente aberto (ex.:
restaurante), ela poderá ser usada como prova.
Lei 9296/96
Regula as interceptações telefônicas e de dados. No entanto, a parte de dados tem
a constitucionalidade contestada, em razão do inciso XII, art. 5º, CF.
A autorização não é indefinida, mas sim por um prazo, que é o do art. 5º da lei:
Uma questão que a lei não trata é que a interceptação é uma gravação (mídia),
salva em CDS, pendrives, etc, sendo muitas e muitas horas de conversa. A praxe é que a
policia ou o MP façam um resumo das conversas que interessam, sendo a transcrição
feita por eles. No entanto, os advogados contestam isso, dizendo que o MP pode ocultar
dessa transcrição partes da conversa que beneficiaria a defesa.
PROCESSO
É uma relação jurídica contraditória com um procedimento. Essa relação é uma
relação triangular que se estabelece entre três partes: O juiz, o autor, e o réu. O autor é o
demandante, o que pede. O juiz é aquele a quem se pede. O réu por sua vez é aquele de
quem se pede.
PROCEDIMENTO
É uma sucessão de atos na ordem e na forma previstas em lei. Existe no
ordenamento uma pluralidade de procedimentos. A razão para isso é a preocupação com
duas coisas: a celeridade vs contraditório e ampla defesa (devido processo legal?)
O problema é que essas duas coisas são contrapostas. Uma se opõe à outra.
Ex2.: o mensalão ocorreu entre 2005 e 2006, mas já estamos em 2013 (8 anos
depois) e ainda não houve julgamento, sendo que este pode demorar ainda mais de dois anos
em decorrência da aceitação dos embargos infringentes. (Excesso de contraditórios)
No CPP:
Júri - crimes dolosos contra a vida e conexos. Lembrando que alguns autores
consideram o júri um procedimento comum e outros especiais (art. 406 - 497, CPP)
Comuns
São procedimentos destinados a infrações genéricas.
Ordinário
Infrações com penas máximas superiores a quatro anos
Art. 394. § 1º - O procedimento comum será ordinário, sumário
ou sumaríssimo:
Sumário
Quando a pena máxima é inferior a quatro anos
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena
privativa de liberdade;
Sumaríssimo
Destinado às infrações de menor potencial ofensivo (contravenções e crimes cuja
pena máxima não ultrapassa dois anos).
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial
ofensivo, na forma da lei.
Este procedimento não está no CPC, mas sim na lei 9099/95, que institui os
juizados especiais:
Lei 9099/95. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
QUADRO SINÓPTICO
Cabimento Testemunhas
A lei não prevê aditamento da denuncia, mas alguns juízes determinam tal
aditamento, uma vez que não há vedação nem previsão à conduta.
RECEBIMENTO DA INICIAL
Quando não presente nenhuma das hipóteses de indeferimento, o juiz receberá a
inicial. Esse recebimento perfaz um juízo positivo de admissibilidade da acusação. Essa
admissibilidade não toca o mérito, mas meramente a forma e requisitos legais da
acusação.
Diz a jurisprudência que essa decisão não precisa ser
03. CITAÇÃO
A citação é o ato pelo qual se da ciência ao réu da acusação e se chama o réu para
que venha se defender.
A citação pode ser pessoal ou ficta, sendo o réu citado pessoalmente na primeira
e sendo citado por edital ou por hora certa na segunda. Até 2008 não havia no processo
penal a citação por hora certa, mas agora ela existe e é aplicada quando o réu se oculta. A
citação por edital se dá quando o réu esta em LINS (lugar incerto e não sabido)!
Além disso, o juiz pode decretar a prisão preventiva, desde que presentes os
requisitos da prisão (art. 312 CPP)
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria.
O réu é citado para oferecer uma resposta prévia em dez dias corridos, contados
da citação.
Absolvição sumaria
A absolvição sumária consiste basicamente em um julgamento antecipado da
lide, ou seja, quando a decisão não depende de provas.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e
parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente
o acusado quando verificar:
VII - Revogado.
VIII - Revogado.
Recurso
Caberia recurso contra a decisão que absolve sumariamente?
A audiência é una e concentrada, pois tudo o que vem depois no processo estará
balizado por esta audiência. Teoricamente, todas as provas (exceto periciais), debates e até
o julgamento será proferida nesta audiência, se possível.
A audiência
A audiência começa com a fase de instrução.
Instrução
É a fase em que se colhem as provas para instruir o juiz sobre os fatos.
Interrogatório
Interrogatório é o ato pelo qual o acusado é ouvido sobre os fatos que lhe foram
imputados. O interrogatório tem natureza jurídica dúplice, simultaneamente é meio de
prova e meio de defesa do réu.
O réu é o ultimo a ser ouvido, para que possa responder a tudo o que já foi
produzido até então.
Após os memoriais, é hora da sentença. Mas antes, vamos ver a outra hipótese do
processo:
Debates orais
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo
indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos,
respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10
(dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
Rito sumário
Art. 531 à 536, CPP
Terminada a fase comum, há a designação de audiência una e intimações
subseqüentes.
A audiência
É idêntica a audiência do rito ordinário, com as seguintes diferenças:
• Na prática, não haver previsão significa que não há vedação. Por isso, especialmente em
casos complexos, o juiz acaba não proferindo sua sentença em audiência
O juiz que colheu as provas deverá proferir a sentença. Esse principio existe pois
acredita-se que o juiz que estava presente na instrução esta mais habilitado para prolatar
sentença.
Há exceções:
Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a
audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado,
afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado,
casos em que passará os autos ao seu sucessor.
Procedimento do júri
A instituição do júri tem garantia constitucional:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
A diferença é que no júri a defesa não esta restrita aos argumentos técnicos.
Então a defesa pode usar argumentos emocionais, religiosos, filosóficos, ou seja, se
qualquer natureza.
A votação não é feita em plenário, mas sim na antiga sala secreta, que hoje é
chamada sala especial.
É até possível apelar de uma sentença do júri, mas os desembargadores não irão
reformar a sentença, mas sim anula-la, para que um novo julgamento pelo júri seja
realizado.
A anulação só pode ser realizada uma vez. Se uma segunda condenação ocorrer
poderá haver uma revisão criminal, que é a equivalente da ação rescisória no processo
civil.
Todos os outros crimes não são da competência do júri, salvo se forem conexos a
um crime doloso contra a vida. Ex.: o Latrocínio não é crime doloso contra a vida, mas
sim contra o patrimônio.
Nesse sentido:
STF Súmula nº 603 - 17/10/1984 - DJ de 29/10/1984, p. 18113;
DJ de 30/10/1984, p. 18201; DJ de 31/10/1984, p. 18285.
Então crimes como extorsão, latrocínio, estupro, e etc, mesmo que terminem com
o resultado morte, não serão da competência do júri.
Estávamos dizendo que essa competência é a mínima. Isso significa que a lei
ordinária pode ampliar a competência do júri, mas nunca restringi-la.
Já existe uma lei ordinária que amplia tal competência: o CPP em seu artigo 78, I.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou
continência, serão observadas as seguintes regras:
PROCEDIMENTO DO JÚRI
É um procedimento bifásico ou escalonado, ou seja, de duas fases: o Judicium
Accusationes (1ª fase) e o Judicium Causae (2ª fase).
O fundamento que permite que uma acusação seja levada aos jurados é prova do
crime (materialidade do fato) e indícios de autoria.
Então, pode-se dizer que, na primeira fase, quem esta sendo julgado não é o réu,
mas sim a acusação! Por isto o nome Judicium Accusationes! Ao final, o magistrado julgará
se a acusação merece ir aos jurados ou não.
Uma vez com a inicial, o juiz poderá receber ou rejeitar (nesse caso as mesmas
causas do procedimento ordinário). Essa parte é igual aos outros procedimentos.
Há duas correntes doutrinarias. Uma aceita que o juiz pode absolver nesse ponto,
sob a premissa de que a lei diz que as disposições do título I do livro II é comum a todos
os procedimentos.
§ 4º - As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código
aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau,
ainda que não regulados neste Código.
A segunda corrente diz que não cabe absolvição sumaria nesse momento pois no
procedimento do júri existe previsão de absolvição sumaria no final da 1ª fase (Judicium
Accusationes).
A fundamentação existe, mas nesse caso deve ser limitada meramente a dizer
onde se encontra a prova do crime e indícios de autoria.
§ 1º - A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à
indicação da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz
declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e
especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de
aumento de pena.
Nessa fase de pronúncia não vigora o chamado in dúbio pro réu, mas sim o in dúbio
pro societate. Ou seja, na duvida o juiz o juiz pronuncia.
Se o juiz pronunciar o réu pelo crime doloso contra a vida, automaticamente ele
manda aos jurados o crime conexo (se houver).
Efeitos da pronúncia
Mandar o réu ao júri - simples assim.
Limita a acusação em plenário - o réu nao pode ser condenado por nada que a
pronúncia não admitiu. Isso se limita na quesitação, ou seja, só se fazem quesitos aos
jurados que estiverem admitidos na pronúncia.
Recurso - caberá RESE (recurso em sentido estrito) do art. 581, IV, CPP.
Se ainda não tiver havido julgamento, o juiz enviará o caso ao MP, que aditará a
denúncia, então a defesa será ouvida, e por fim pronuncia-se novamente o réu, agora por
homicídio consumado.
B) IMPRONÚNCIA
Artigo 414
Se a pronúncia é mandar o réu a julgamento por existência de materialidade e
indícios de autoria, é fácil concluir-se o conceito de Impronúncia.
Impronúncia então é decisão que não manda o réu a julgamento pelos jurados
por ausência de prova do crime ou de indícios de autoria.
C) DESCLASSIFICAÇÃO
Art. 419, CPP: Art. 419. Quando o juiz se convencer, em
discordância com a acusação, da existência de crime diverso
dos referidos no § 1º do art. 74 deste Código e não for
competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o
seja.
É a decisão em que o juiz singular afasta o dolo contra a vida e remete os autos
ao juiz singular. Afastado o dolo contra a vida, desaparece a competência do júri, cabendo
ao juiz singular julgar aquele crime e os conexos.
D) ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
Trata-se de sentença de mérito absolutória.
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o
acusado, quando:
Se está provado que o fato não ocorreu, pode haver a absolvição sumária.
II - provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
Prova de que o réu não foi nem autor e nem partícipe do fato, ou seja, é
manifesto que não foi o autor.
III - o fato não constituir infração penal;
2ª - sessão de julgamento
Despacho saneador
O juiz aprecia eventuais requerimentos das partes, defere ou indefere, se houver
alguma nulidade ele irá sanar a nulidade, e o juiz elaborará nesse momento um relatório
do processo:
Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de provas a
serem produzidas ou exibidas no plenário do júri, e adotadas
as providências devidas, o juiz presidente:
O relatório deve ser sumário e imparcial, pois será entregue aos jurados no inicio
da sessão de julgamento.
É colegiado pois não é monocrático, mas sim composto por vários julgadores. É
composto por vinte e cinco jurados e um juiz togado.
O juiz togado é juiz de direito e juiz do direito, ou seja, ele é um juiz de direito
pois foi investido da jurisdição, e ele é juiz de direito pois no júri ele decide as questões
exclusivamente de direito, pois ele é um técnico do direito e por isso o conhece, e logo
esta apto para julgar questões jurídicas. O juiz togado é o presidente do júri.
Os jurados são juízes de fato, e juízes do fato. O jurado não foi investido no cargo
do juiz, mas naquele momento, durante a sessão de julgamento, de fato, ele é juiz.
Os jurados são juízes do fato pois eles decidem todas as questões que envolvem
fatos, ou seja, decidem como se deu os atos do suposto criminoso.
Então, quanto mais populosa a comarca, maior deve ser a lista. Essa lista é
publicada todos os anos até dez de outubro.
• Alfabetizado
• Notória idoneidade
Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das
respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia
10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à
porta do Tribunal do Júri.
Uma vez publicada, a lista pode ser impugnada, por alguém que esta dentro
pretendendo sair ou alguém que não esta pretendendo retirar alguém.
No ano seguinte, haverá o sorteio (art. 432/433 CPP). Antes do inicio da sessão
periódica (período dentro do ano em que ocorre os julgamentos. Ex.: fev à nov), de dez a
quinze dias antes, há o sorteio, onde se intima o MP, a OAB, e a Defensoria, que
acompanharão o sorteio.
Então o juiz coloca todos os milhares de nomes na urna e retira 25 nomes, que
formarão o tribunal do júri.
INSTALAÇÃO
Art. 464, CPP
O juiz instala a sessão conferindo as presenças. Para haver julgamento é
necessário que estejam presentes pelo menos quinze dos jurados. Se não estiverem o
julgamento será adiado.
Então, se o réu estiver solto, ele é intimado da data do julgamento. Se ele não
comparece e não justifica o julgamento é realizado. Se ele justificar o juiz analisa a
Motivadas - a parte indica o fundamento da recusa, que só pode se dar por uma
das seguintes razoes: impedimento ou suspeição do jurado, que são as mesmas causas de
impedimento e suspeição indicadas para o juiz pelo código (ex.: inimigo capital, parente,
etc). Nesse caso, o juiz indaga o jurado a respeito da motivação apontada. O jurado
responde e então o juiz decide se mantém o jurado ou não. Se o juiz decidir manter o
jurado, a parte poderá recusa-lo imotivadamente se ainda estiver no seu limite. Não há
limite para recusas motivadas.
Se uma parte recusa a testemunha, a outra não tem escolha que não aceita-la.
Estouro de urna
Artigo 469 do CPP:
Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas
poderão ser feitas por um só defensor.
§ 1º - A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em
razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete)
jurados para compor o Conselho de Sentença.
COMPROMISSO
Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente,
levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a
seguinte exortação:
INCOMUNICABILIDADE
Os jurados ficam incomunicáveis. Durante todo o julgamento os jurados não
podem se comunicar com o mundo exterior.
CPP, art. 466, § 1º - O juiz presidente também advertirá os
jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se
entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o
processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma
do § 2º do art. 436 deste Código.
§ 2º - A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo
oficial de justiça.
Além disso, entre eles (os jurados) não pode haver conversas sobre o caso.
Continuando...
Diligencias em plenário
O Art. 473, parágrafo terceiro, prevê as diligencias em plenário, que podem ser
reconhecimentos, acareações, nova oitiva, etc. Dentre as diligencias, é possível requerer a
leitura de peças do processo.
No caso da leitura de peças, só podem ser lidas peças produzidas por precatórias,
ou cautelares, ou antecipadas, ou não repetíveis, ou seja, somente podem ser lidas provas
que não foram produzidas no curso do processo do júri.
INTERROGATÓRIO
Por ultimo, escuta-se o réu, se ele estiver presente.
Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver
presente, na forma estabelecida no Capítulo III do Título VII
do Livro I deste Código, com as alterações introduzidas nesta
Seção.
DEBATES
Primeiramente há a manifestação da acusação. O promotor tem o direito de falar
uma hora e meia se for um só réu ou duas horas e meia se for mais de um réu. Se houver
assistente de acusação, ele divide o tempo com o promotor. Se eles nao chegarem a um
acordo, o juiz dividirá o tempo. O mesmo funciona aos advogados, que terão uma hora e
meia se somente um réu, ou duas horas e meias se mais de um réu, ocasião em que os
advogados dividirão seu tempo também.
Na sua fala, a acusação tem algumas restrições. Não se pode ir além da pronúncia.
Não se pode se referir ao texto da pronúncia. Não se pode fazer referencia ao silencio do
réu no interrogatório. Não pode haver referencias ao uso de algemas.
Possibilidade de replica
CPP. Art. 476. § 4º - A acusação poderá replicar e a defesa
treplicar, sendo admitida a reinquirição de testemunha já
ouvida em plenário.
Há duas correntes:
Apartes
Durante as manifestações podem haver apartes, que são intervenções de uma
parte na fala da outra.
CPP. Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal
do Júri, além de outras expressamente referidas neste Código:
O juiz defere ou não defere, que pode durar até três minutos, que são
acrescentados eventualmente na fala daquele que sofreu o aparte.
Ex.: promotor diz que a testemunha tal disse tal coisa em sua argumentação.
Nenhuma das partes pode apresentar prova da qual a parte contrario não tenha
tido ciência com ao menos três dias de antecedência. GANCHO: ESSA PROVA É
ILEGÍTIMA LEMBRA? POIS VIOLA NORMA DE DIREITO PROCESSUAL. ISSO
CAI NA PROVA!!!
ESCLARECIMENTOS DO JUIZ
Uma vez terminadas as manifestações, o juiz pergunta aos jurados se ficou
alguma duvida ou se eles precisam de algum esclarecimento. Se os jurados fizerem
perguntas a ele, o juiz que responderá imparcialmente.
CPP. Art. 480. § 1º - Concluídos os debates, o presidente
indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou se
necessitam de outros esclarecimentos.
Elaboração do questionário
Questionário é o conjunto de quesitos que serão respondidos pelos jurados.
Quem elabora o questionário é o juiz presidente no plenário, que uma vez pronto será
lido em voz alta.
Haverá series de quesitos para cada crime e um questionário para cada réu. Os
quesitos serão formulados com base na pronúncia, no interrogatório do réu, e nas
alegações das partes em plenário.
Os quesitos são previstos no artigo 483 do CPP. Os quesitos são lidos em voz alta
para permitir a impugnação pelas partes, seja para alegar falta, excesso, ou até má redação
do quesito.
02. Autoria ou participação - ex.: o réu fulano de tal efetuou os disparos contra a
vitima?
02.1. Quesitos de desclassificação (se for o caso e se for tese única da defesa) -
ex.: o réu não consumiu o crime por circunstancias alheias à sua vontade?
Se a tese da desclassificação é subsidiária (ou seja, não é a única), então ela vem
depois do quesito absolutório, transformando-se então o 02.1 em 03.1.
06. Votação
Após isso, vão para a sala especial o juiz presidente, os jurados, as partes, o
escrivão e dois oficiais de justiça. A votação se faz por cédula, escritas uma com um "sim"
e uma com um "não", e se faz quesito a quesito, um de cada vez.
E OS CONEXOS?
Jurados desclassificam
Sempre se vota em primeiro lugar o doloso contra a vida, e não o conexo. Se os
jurados desclassificam o doloso contra a vida, eles não votam os conexos, isso porque, ao
desclassificar, eles reconhecem a incompetência do júri.
Sentença
Uma vez terminada a votação na sala especial, volta-se a plenário para a prolação
da sentença. A sentença do juiz tem que acatar a decisão dos jurados, mesmo que o juiz
ache-a absurda.
Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:
I - no caso de condenação:
a) fixará a pena-base;
II - no caso de absolvição:
a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro
motivo não estiver preso;