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Processo Penal II
Parte 2

Por Rommel Andriotti

2º Semestre de 2013

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1. As decisões judiciais
Há uma gama enorme de decisões judiciais, com valores muito variados
entre elas. Dentro do processo, o juiz adota decisões de conteúdo variado,
que vão desde decisões de mero andamento (junte-se, intime-se,
designação de audiência) até a decisão de mérito (procedência ou
improcedência do pedido formulado pelo autor na inicial).

Por causa dessa variação é necessária uma classificação das decisões


judiciais. No próprio CPP há um classificação das decisões judiciais quanto
ao conteúdo.

O artigo 800 do CPP trata disso concedendo prazos - os prazos mais longos
ficarão para as decisões mais importantes, enquanto os mais curtos para
as decisões menos importantes.

1.1 Despachos
Art. 800. Os juízes singulares darão seus
despachos e decisões dentro dos prazos
seguintes, quando outros não estiverem
estabelecidos:

1.1.1 Despacho de expediente ou ordinatório


III - de um dia, se tratar de despacho de
expediente.

É um despacho que não resolve nenhuma decisão controvertida, eles


meramente dão andamento ao processo. Ex.: "designo audiência para o
dia ..."; "digam as partes ..."; "junte-se"; "intime-se"; etc.

Como vemos, o prazo é de apenas um dia.

Não cabe recurso.

1.2 Decisões interlocutórias


São aquelas que resolvem questões controvertidas no curso do processo
que são diversas do mérito.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Nesse caso, já há um conflito de interesse entre as partes. As decisões


interlocutórias podem ser simples ou mistas.

1.2.1 Decisão interlocutória simples


II - de cinco dias, se for interlocutória simples;

Decisões interlocutórias simples são aquelas que resolvem a questão


controvertida sem extinguir o processo. Ex.: Recebimento da denúncia;
decretação de prisão preventiva; decretação de sequestro ou restituição
de bens; etc.

O prazo para a decisão é de cinco dias.

Dessas decisões cabe recurso, mas nem sempre...

Essas decisões podem admitir o recurso em sentido estrito (RESE), mas


somente quando estiverem previstas no artigo 581 do código de processo
penal, que traz em seus vinte e quatro incisos todas as decisões que
admitem recurso. Posteriormente estudaremos o RESE detalhadamente.

Recebimento de recurso - Não cabe recurso. Eventualmente poderá


haver uma ação de impugnação contra aquela decisão (como o Habeas
Corpus ou o Mandado de Segurança).

1.2.2 Decisões interlocutórias mistas


I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou
interlocutória mista;

Também chamadas de "com força definitiva". Estão previstas no artigo 800,


I, CPP. As decisões interlocutórias mistas são aquelas que resolvem questão
controvertida diversa do mérito e põe fim ao processo ou a uma fase do
processo, sem julgamento de mérito.

Terminativas - é aquela que põe fim ao processo sem julgamento do


mérito. Ex.: rejeição da denúncia; acolhimento da exceção de
litispendência, coisa julgada, etc.

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Não terminativa - põe fim a uma fase do processo, sem julgamento do


mérito. Ex.: só existe um exemplo, que é a pronúncia, que põe fim ao
sumário de acusação e inicia o Judicium Causae. Há uma divergência
doutrinaria quanto a este ponto. Alguns doutrinadores acreditam que a
pronúncia é sentença pois ela julga

Nesse caso o prazo do juiz é de dez dias.

Dessas decisões cabe recurso, mas depende. Se a decisão estiver prevista


no artigo 581 caberá ReSE. Se não estiver previsto no artigo 581 caberá
apelação, com base no art. 593, II, CPP, que veremos com detalhes depois.

1.3 Sentenças
I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou
interlocutória mista;

O prazo geral é de dez dias, mas procedimentos específicos podem alterar


isso.

A sentença é a decisão que põe fim ao processo ou a um incidente


processual com julgamento do mérito, seja do processo ou seja do
incidente.

Contra a sentença cabe recurso. Mas também depende. Primeiro se


verifica se não é caso de RESE no 581, CPP, e, somente não sendo, será
caso de apelação. Ex.: sentença que concede ordem de Habeas corpus
cabe RESE.

Exercício: vamos classificar as decisões do procedimento do júri -

Pronúncia – Decisão interlocutória mista não terminativa

Impronúncia – Decisão interlocutória mista terminativa ou sentença


(Duas correntes)

Desclassificação – decisão interlocutória simples

Absolvição sumária - Sentença

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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§ 1º - Os prazos para o juiz contar-se-ão do


termo de conclusão.

§ 2º - Os prazos do Ministério Público contar-


se-ão do termo de vista, salvo para a
interposição do recurso (art. 798, § 5º).

§ 3º - Em qualquer instância, declarando


motivo justo, poderá o juiz exceder por igual
tempo os prazos a ele fixados neste Código.

§ 4º - O escrivão que não enviar os autos ao


juiz ou ao órgão do Ministério Público no dia
em que assinar termo de conclusão ou de
vista estará sujeito à sanção estabelecida
no art. 799.

1.3.1 Estudo da sentença


Sentença é a decisão terminativa do juiz que resolve a lide com
julgamento do mérito, aplicando a lei ao caso concreto.

A sentença deve fazer um silogismo. Silogismo é uma forma de raciocínio


em que se tem uma ideia geral (premissa maior), uma ideia particular
(premissa menor), e uma conclusão.

Silogismo na sentença

Então, a sentença deve fazer um silogismo onde a lei é a premissa maior,


o fato é a premissa menor, e a conclusão fará o dispositivo da sentença.

1.3.2 Requisitos formais da sentença


Art. 381. A sentença conterá:

Qualificação

I - os nomes das partes ou, quando não


possível, as indicações necessárias para
identificá-las;

Relatório

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II - a exposição sucinta da acusação e da


defesa;

É um resumo do ocorrido no processo.

Alguns doutrinadores acham que o juiz tem que fazer o relatório para
provar que o juiz leu o processo.

Outra parte acredita que a sentença tem o relatório para que as partes
saibam o que o juiz levou em consideração, e quais os fatos ele julgou
dignos de nota para proferir seu julgamento.

A jurisprudência diz que a falta de relatório é causa de nulidade absoluta


da sentença, exceto em uma hipótese, que é no JECrim, que dispensa o
juiz de fazer o relatório.

Lei 9099/95, art. 81, § 3º - A sentença,


dispensado o relatório, mencionará os
elementos de convicção do Juiz.

Aula 11 (20.09.2013)

Fundamentação

Também chamada motivação. Essa é a parte que o juiz dispõe as razões


de sua decisão, explicitando os motivos de fato e de direito. A
fundamentação é uma imposição constitucional:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do


Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os
seguintes princípios:

IX - todos os julgamentos dos órgãos do


Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou

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somente a estes, em casos nos quais a


preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o
interesse público à informação;

A falta de fundamentação é causa de nulidade absoluta da sentença. O


direito da fundamentação não é só das partes, mas de toda a sociedade.

A única exceção dessa regra é a decisão dos jurados do tribunal do júri.


O jurado decide por razões de foro íntimo, em razão de sua íntima
convicção.

III - a indicação dos motivos de fato e de


direito em que se fundar a decisão;

IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;

Conclusão ou dispositivo

V - o dispositivo;

Essa é a parte que o juiz efetivamente exerce a jurisdição, decidindo a lide.


O que transita em julgado é só o dispositivo. Aquilo que o juiz diz na
fundamentação não faz coisa julgada.

As razões expostas na fundamentação não fazem coisa julgada, e podem


ser contrariadas em outras decisões. Exemplo: Pedro é processado por
receptação de um bem produto de roubo. Na fundamentação o Juiz
afirma a existência de roubo, e no dispositivo condena Pedro por
receptação. Após o trânsito em julgado, em outro processo, Antônio é
processado por aquele roubo. Nada impede que nesse segundo processo
o juiz afirme que o roubo não existiu e absolva Antônio. Pedro poderá
promover ação de revisão criminal.

A conclusão deve ser coerente com a fundamentação. Do contrário, a


sentença será sentença suicida.

Sentença suicida é a sentença cuja fundamentação contradiz o


dispositivo.

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Sentença sem dispositivo é sentença inexistente.

Por fim temos um último requisito meramente formal:

VI - a data e a assinatura do juiz.

1.3.3 Embargos declaratórios


Os embargos declaratórios são cabíveis quando a decisão apresentar um
desses quatro vícios:

 Obscuridade
 Ambiguidade
 Contradição
 Omissão

Os embargos declaratórios contra a sentença são chamados pelo CPP de


pedido de declaração de sentença de 1º grau:

Art. 382. Qualquer das partes poderá, no


prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que
declare a sentença, sempre que nela
houver obscuridade, ambigüidade,
contradição ou omissão.

A doutrina chama esses embargos carinhosamente de "EMBARGUINHOS ".

O prazo dos embarguinhos é de dois dias após a intimação da sentença.

1.3.3.1 Interrupção ou suspensão?


Até 1995 era pacífico que se aplicava por analogia o artigo 538 do CPC:

Art. 538. Os embargos de declaração


interrompem o prazo para a interposição
de outros recursos, por qualquer das partes.

Então, acreditava-se que o prazo era interrompido.

Mas em 95 entrou em vigor a lei 9099/95, que em sua parte processual


penal prevê que os embargos declaratórios no JECrim suspende o prazo
da apelação.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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A partir de então uma corrente doutrinária acredita que o artigo aplicável


por analogia é o da 9099/95 e outra que aplica-se 538.

O fato é que quando os embargos são manifestamente protelatórios eles


não interrompem nem suspendem o prazo.

Cuidado - não confundir os embargos declaratórios contra a sentença


(que estamos vendo) com os embargos declaratórios dos artigos 619, 620.

1.3.4 Tipos de sentença


Aula 12 (26.09.2013)

1.3.4.1 Sentença condenatória


É a sentença que acolhe a
pretensão punitiva parcial ou
totalmente. A condenação
pressupõe a certeza do juiz, pois na
dúvida o réu será absolvido (in
dúbio pro réu). Na sentença, o juiz
indicará:

 A natureza das penas (multa,


reclusão, etc);
 A quantidade das penas (dias
a cumprir, dias multa, valor, etc);
 Na pena privativa de liberdade, é necessário apontar qual o regime
inicial (fechado, semi-fechado, aberto);
 Cabimento ou não de substituição da pena privativa de liberdade
por penas alternativas;
 Cabimento ou não do SURCIR (suspensão condicional da execução
da pena);

Essas hipóteses são previstas pelo CP. O CPP ainda indica mais esses
pontos:

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Indicação de valor mínimo para indenização (art. 387, IV) para vítimas que
sofreram dano, sendo esse valor líquido e certo, executável diretamente
em juízo cível por ser título judicial. Se o valor estabelecido não é suficiente,
é possível liquidação do valor excedente no juízo cível. Diz a jurisprudência
que não cabe o Estabelecimento deste valor mínimo ex officio, sendo
necessário haver pedido ou do MP ou da vítima, além de comprovação
do dano e contraditório;

Prisão ou liberdade (art. 387, par. 1º) - O juiz deve decidir se após a
sentença o réu aguardará a fase recursal preso ou solto, podendo o juiz
manter prisão preventiva anteriormente decretada, ou revogar esta prisão,
ou decretar prisão preventiva não decretada anteriormente. O detalhe
importante é que a prisão que ele está revogando ou mantendo não tem
relação com a sentença condenatória, mas sim com as hipóteses da
prisão preventiva. A jurisprudência entende que se o réu respondeu solto
até a sentença ele permanecerá solto depois, salvo se surgir fato novo que
torne necessária a prisão. Por outro lado, se o réu estava preso antes da
sentença, após a sentença condenatória ele assim se manterá, afinal sua
culpa está até reforçada pela sentença, embora ainda que não
definitivamente;

1.3.4.1.1 Princípio da correlação


Deve haver uma adequação entre os fatos pelos quais o réu foi
condenado e os fatos narrados na petição inicial. O réu não pode ser
condenado por fatos que não constavam na inicial.

Fatos da inicial - são os fatos descritos em inicial (denúncia ou queixa);

Capitulação jurídica - adequar os fatos ao dispositivo da lei penal


correspondente;

Fatos da instrução - são os fatos trazidos pela prova a fase instrutória;

O que ocorre:

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Fatos da condenação - Na sentença, se os fatos da instrução coincidem


com os fatos da inicial, haverá a condenação pelos fatos narrados na
inicial. O juiz também fará uma capitulação jurídica;

A correlação obrigatória de que estamos tratando é entre fatos, e não


entre capitulações jurídicas. Isso significa que o juiz, desde que
condenando pelos mesmos fatos, pode mudar a capitulação jurídica. O
juiz então não está vinculado à capitulação jurídica da inicial. Se o juiz
altera a classificação do crime, então há uma desclassificação.

Não só o juiz pode alterar a capitulação jurídica mas também o tribunal


que estiver julgando o recurso poderá mudá-la novamente.

Mudar a capitulação jurídica de um fato se chama...

1.3.4.1.2 Emendatio Libelli

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição


do fato contida na denúncia ou queixa,
poderá atribuir-lhe definição jurídica
diversa, ainda que, em conseqüência,
tenha de aplicar pena mais grave. (...)

Agora vamos mudar a situação. No caso anterior, nós temos que os fatos
são iguais nas três partes (acusação, instrução, condenação).

Vamos supor agora que a instrução traga um fato novo não previsto em
inicial. Surgido um fato novo na instrução não narrado na inicial, o juiz não
pode simplesmente condena-lo, pois fazê-lo violaria o princípio da
correlação.

Nessa hipótese, aplica-se o artigo 384, que trata da...

1.3.4.1.3 Mutatio Libelli


Há um fato novo não contemplado na inicial. Então, antes da sentença e
depois da instrução, é necessário um aditamento (acréscimo) à inicial,
para que se incluam os fatos novos.

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Se a ação é privada, o juiz não pode provocar o querelante. Se ele não


tiver a iniciativa de aditar a queixa o juiz nada fará. Nas ações públicas o
aditamento pode se dar sem provocação ou com provocação do juízo.

Com o aditamento, a acusação pode arrolar três novas testemunhas para


tratar dos fatos novos. Em seguida, abre-se vista a defesa, que poderá
arrolar até três novas testemunhas. O prazo para a defesa falar é de cinco
dias. Em seguida o juiz designa nova audiência, ouve essas testemunhas,
reinterroga o réu, e por fim proferirá a sentença.

Na ação pública, se o promotor se negar ao aditamento, o juiz mandará


os autos ao procurador, em analogia ao artigo 28 CPP.

A sumula 453 do STF proíbe a Mutatio Libelli em segundo grau.

STF Súmula nº 453 - 01/10/1964 - DJ de


8/10/1964, p. 3646; DJ de 9/10/1964, p. 3666;
DJ de 12/10/1964, p. 3698.

Aplicabilidade à Segunda Instância -


Possibilidade de Nova Definição Jurídica a
Fato Delituoso - Circunstância Elementar na
Denúncia ou Queixa

Não se aplicam à segunda instância o Art.


384 e parágrafo único do Código de
Processo Penal, que possibilitam dar nova
definição jurídica ao fato delituoso, em
virtude de circunstância elementar não
contida, explícita ou implicitamente, na
denúncia ou queixa.

Então o tribunal está adstrito ao que está na denúncia ou em aditamento


feito em primeiro grau.

Isso explica também o porquê de o tribunal não poder condenar um réu


do tribunal do júri por homicídio consumado quando a vítima morre após
a sentença.

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1.3.4.2 Sentença absolutória


É aquela que julga improcedente a pretensão punitiva apresentada na
inicial com fundamento em um dos incisos do artigo 386. O juiz tem de
sempre fundamentar o porquê da absolvição.

1.3.4.2.1 Fundamentos da absolvição

Art. 386. O juiz absolverá o réu,


mencionando a causa na parte dispositiva,
desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

Está provado que o fato narrado na inicial não aconteceu.

II - não haver prova da existência do fato;

É a famosa absolvição por "falta de provas". Segundo este inciso, o fato


até pode ter acontecido, mas não está provado. É como se o juiz dissesse:
- "não sei se aconteceu ou não".

III - não constituir o fato infração penal;

O fato é atípico. Ex.: cola em prova.

IV - estar provado que o réu não concorreu


para a infração penal;

Está provado que o fato existiu, mas que comprovadamente o réu não é
nem autor nem partícipe do mesmo.

V - não existir prova de ter o réu concorrido


para a infração penal;

É o mesmo in dúbio pro réu que já vimos no inciso II.

VI - existirem circunstâncias que excluam o


crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21,
22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código
Penal), ou mesmo se houver fundada
dúvida sobre sua existência;

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Estar provada uma excludente de antijuridicidade ou culpabilidade.

A segunda parte do inciso foi acrescentada depois, e ocorre na dúvida


de uma das excludentes. É o mesmo princípio do in dúbio pro réu que
vimos nos incisos anteriores. O juiz não tem certeza se há uma excludente
ou não, e, na dúvida, ela é considerada existente.

VII - não existir prova suficiente para a


condenação.

É o coringa. Não há prova suficiente para a condenação. A ideia é que


há dúvida do juiz. Esse inciso não seria necessário, mas foi colocado por
precaução do legislador.

1.3.4.2.2 Repercussão jurídica da sentença para o réu


Notem que interessa muito ao réu o inciso aplicado em sua absolvição,
pois alguns incisos ensejam em uma declaração de inocência, enquanto
que outros não.

Declaração de inocência - Os incisos I; IV; VI 1ª parte;

Sem declaração de inocência - Os incisos II; III; V; VI 2ª parte; VII

Como há esses efeitos distintos para absolvição, o réu tem interesse


recursal para apelar de sentença absolutória, buscando alterar o
fundamento da absolvição.

1.3.4.2.3 Efeitos da sentença absolutória


Aula 13 (27.11.2013)

Parágrafo único. Na sentença absolutória,


o juiz:

I - mandará, se for o caso, pôr o réu em


liberdade;

II - ordenará a cessação das medidas


cautelares e provisoriamente aplicadas;

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III - aplicará medida de segurança, se


cabível.

Cessa a prisão cautelar - então, se o réu estava preso quando da sentença


absolutória, essa prisão ser cessada, bem como quaisquer outras
cautelares, como sequestro de bens, fiança, etc.

1.3.4.3 Sentença absolutória imprópria


Também chamada impropriamente absolutória. É aquela que absolve o
réu por inimputabilidade do artigo 26 caput do CP, e impõe a sanção
penal de medida de segurança.

Art. 26. É isento de pena o agente que, por


doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse
entendimento.

1.3.4.4 Sentença terminativa de mérito


É aquela que põe fim ao processo ou a um incidente processual julgando
o mérito do processo ou do incidente, sem condenar ou absolver.

Ex.: sentença que declara extinta a punibilidade.

Notemos que o verdadeiro mérito da ação penal é o direito de punir do


estado.

Ex 2: incidente processual de restituição de coisa apreendida; decisão de


Habeas Corpus.

Alguns autores negam que seja sentença, mas chamam de decisão


terminativa de mérito.

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1.3.5 O PRIC
Publique-se - a sentença é publicada em mãos do escrivão. A sentença
só produz efeitos e torna-se sentença com a publicação. Até então, ela é
meramente uma criação intelectual do juiz.

A publicação da sentença exaure a jurisdição do juiz no processo. Ele


deixa de ser o juiz da causa. Somente será possível alterar a sentença
complementando-a ou esclarecendo-a por ocasião de embargos de
declaração.

Registre-se -

CPP. Art. 389. A sentença será publicada


em mão do escrivão, que lavrará nos autos
o respectivo termo, registrando-a em livro
especialmente destinado a esse fim.

Há um livro para registro de sentenças.

Intime-se - às partes será dada ciência da sentença.

Art. 390. O escrivão, dentro de três dias após


a publicação, e sob pena de suspensão de
cinco dias, dará conhecimento da
sentença ao órgão do Ministério Público.

O querelante e o assistente de acusação são intimados pessoalmente ou


através de advogado.

Art. 391. O querelante ou o assistente será


intimado da sentença, pessoalmente ou na
pessoa de seu advogado. Se nenhum deles
for encontrado no lugar da sede do juízo, a
intimação será feita mediante edital com o
prazo de 10 dias, afixado no lugar de
costume.

A defesa requer intimação ao réu e ao defensor. Se o réu não for


localizado, será intimado por edital. O defensor dativo é intimado

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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pessoalmente, enquanto o constituído é intimado por publicação na


imprensa.

CPP. Art. 370. § 1º - A intimação do defensor


constituído, do advogado do querelante e
do assistente far-se-á por publicação no
órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca, incluindo, sob pena
de nulidade, o nome do acusado.

A ordem da intimação não importa (se réu ou defensor primeiro). O prazo


para a defesa correr conta-se da última dessas duas intimações.

Comunique-se/Cumpra-se - de toda a sentença é feita a comunicação


a determinados órgãos. A sentença absolutória e condenatória é
comunicada ao instituto de identificação.

O instituto de identificação é um órgão da polícia que gera o


antecedente das pessoas.

2. Recursos
A palavra recurso vem do latim: Re Currere; que significa "correr para trás",
pois o recurso faz com que o processo “volte a um estado anterior ao da
sentença”.

O recurso existe por causa da falibilidade humana, já que os homens são


falíveis (As mulheres não!).

O fundamento constitucional da existência do recurso é o princípio do


duplo grau de jurisdição. Por este princípio, todas as decisões judiciais
estão sujeitas a uma revisão por uma instância superior. Este princípio é
implícito, pois a CF cria tribunais para julgar recursos, bem como no artigo
5º, LV, que trata da ampla defesa. Além disso tudo, a existência dos
recursos está explícita no pacto da San José da Costa Rica.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Vicente Greco filho diz que recurso é o pedido de nova decisão judicial, com
alteração de decisão anterior, previsto em lei, dirigido em regra a outro órgão jurisdicional,
dentro do mesmo processo.

Em outras palavras, é uma manifestação voluntária para reforma da


decisão. Por isso, o recurso é provocado pelas partes.

Obs.: Note que existe o chamado "recurso de ofício", que ocorre nos casos
de reexame necessário. Alguns não consideram o reexame como sendo
um recurso.

O recurso é sempre voluntário e, por sê-lo, revela um sentimento de


inconformismo com a decisão.

Os recursos são sempre previstos em lei. Quando não cabe recurso, há


ações autónomas de impugnação, que são ações que impugnam
decisões judiciais. Elas são três:

 Habeas Corpus
 Mandado de Segurança
 Revisão Criminal

O recurso é em regra dirigido a outro órgão jurisdicional, mas há exceções,


como os embargos infringentes.

O recurso se dá dentro do mesmo processo, ou seja, prolonga o mesmo


processo, não inaugurando outro.

2.1 Pressupostos Recursais


São condições de admissibilidade dos recursos. São condições para a
existência do direito de recorrer. O direito de recorrer não é amplo e
irrestrito, mas sim vinculado a determinadas condições.

Qualquer recurso, antes de ser conhecido no mérito, deve ser submetido


a um juízo de admissibilidade, cujo os objetos são os pressupostos recursais.
A ausência dos pressupostos faz com que o recurso não seja conhecido.

Em regra, o juízo de admissibilidade se faz duas vezes, uma pelo juízo a quo
e uma pelo Ad quem.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Se o juízo a quo admitir o recurso, o Ad quem fará novo julgamento da


admissibilidade. A admissão de recurso pelo juízo a quo não vincula o ad
quem.

Ambas as decisões denegatórias são suscetíveis a recursos.

Os pressupostos recursais podem ser objetivos ou subjetivos.

2.1.1 Pressupostos recursais objetivos


Os pressupostos objetivos são aqueles que estão no processo.

2.1.1.1 Cabimento
É a previsão legal de recurso contra a decisão recorrida. Este é o princípio
da taxatividade recursal, pois a lei é taxativa da previsão de recursos.

2.1.1.2 Adequação
Não basta que o recurso seja cabível. É preciso que o recorrente utilize o
recurso adequado para aquela decisão.

O princípio da adequação é no entanto mitigado pelo princípio da


fungibilidade:

Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte


não será prejudicada pela interposição de
um recurso por outro.

Parágrafo único. Se o juiz, desde logo,


reconhecer a impropriedade do recurso
interposto pela parte, mandará processá-lo
de acordo com o rito do recurso cabível.

Isso significa que o recurso inadequado pode ser recebido como se fosse
o adequado, desde que não haja má fé.

Há duas situações em que se presume a má fé:

 Quando o recurso inadequado houver sido interposto fora do prazo


do recurso adequado;
 O erro grosseiro;

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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2.1.1.3 Tempestividade
O recurso deve ser interposto no prazo legal. O prazo do recurso refere-se
à interposição, que é a manifestação de vontade de recorrer. Não se
confunde interposição com oferecimento de razões. Esse oferecimento é
a fundamentação do inconformismo.

Então ficamos assim:

Interposição - manifestação de vontade de recorrer;

Oferecimento das razões - entrega dos fundamentos do inconformismo;

Em alguns recursos, esses prazos são simultâneos, e em outros não.

2.1.1.3.1 Prazos para recorrer


A Tempestividade está ligada aos prazos. Eles começam a correr do
primeiro dia útil após a intimação, e estão previstos no art. 798 CPP.

Art. 798. Todos os prazos correrão em


cartório e serão contínuos e peremptórios,
não se interrompendo por férias, domingo
ou dia feriado.

§ 1º - Não se computará no prazo o dia do


começo, incluindo-se, porém, o do
vencimento.

A sumula 710 do STF trata do tema, simplificando-o e esclarecendo-o:

STF Súmula nº 710 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 6; DJ de 10/10/2003, p. 6; DJ


de 13/10/2003, p. 6.
Processo Penal - Contagem de Prazo
No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos
autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.

A contagem do prazo é processual, ou seja, o prazo inicia a ser contado


no primeiro dia útil posterior à intimação.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Lembrete - Os prazos de direito material são contados com o dia do início,


e não o do final. A contagem de penas, prescrições e decadências são
todos materiais.

Se o prazo processual terminar em dia não útil, prorroga-se ao próximo dia


útil.

A sumula 310 STF diz:

STF Súmula nº 310 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do


Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional,
1964, p. 138.
Intimação ou Publicação com Efeito de Intimação na Sexta-Feira - Início do Prazo
Judicial
Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de
intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo
se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.

2.1.1.4 Regularidade procedimental


O recorrente deve seguir a forma prescrita legalmente para recorrer.

Art. 578. O recurso será interposto por


petição ou por termo nos autos, assinado
pelo recorrente ou por seu representante.

§ 1º - Não sabendo ou não podendo o réu


assinar o nome, o termo será assinado por
alguém, a seu rogo, na presença de duas
testemunhas.

§ 2º - A petição de interposição de recurso,


com o despacho do juiz, será, até o dia
seguinte ao último do prazo, entregue ao
escrivão, que certificará no termo da
juntada a data da entrega.

§ 3º - Interposto por termo o recurso, o


escrivão, sob pena de suspensão por dez a

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


22

trinta dias, fará conclusos os autos ao juiz,


até o dia seguinte ao último do prazo.

Por petição há o simples protocolo. Se por termo, a parte diz ao escrivão


que pretende recorrer, e esse lavra o termo.

A lei 9800/99 permite que o recurso seja interposto por fax.

Alguns recursos admitem outras formas de interposição. A apelação por


exemplo permite interposição por cota. Por outro lado, há recursos que só
admitem petição, como é o caso do recurso especial, extraordinário, e o
ordinário constitucional.

2.1.1.5 Inexistência de fato impeditivo


O fato impeditivo é um fato anterior à interposição que extingue o direito
de recorrer.

Hoje em dia o único fato impeditivo existente é a renúncia, que é a


manifestação de vontade de não recorrer da decisão. A renúncia válida
provoca o trânsito em julgado da decisão na data em que ela foi exarada.
Podem renunciar o querelante, e o assistente de acusação na ação
pública. O MP gera dúvida. O CPP diz que o MP não pode desistir de
recurso já interposto, mas não há previsão se ele pode renunciar ou não.
A posição majoritária é a de que o MP não pode renunciar.

O réu só poderá renunciar com a concordância do defensor. Se o réu


renuncia e o defensor recorre, então o recurso será recebido, pois o
defensor é quem sabe a defesa técnica, e além disso o recurso não piora
a situação, podendo somente melhorar ou manter como esta.

2.1.1.6 Inexistência de fatos extintivos


Fatos extintivos são fatos posteriores a interposição que impedem o
conhecimento do recurso. Neste caso, a parte recorre validamente, e
após isso surge um fato que impede o conhecimento do recurso. São dois
os fatos extintivos:

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


23

Desistência - é manifestação de vontade do recorrente de que o seu


recurso já interposto não tenha prosseguimento. A desistência válida
acarreta o trânsito em julgado da decisão. Não há necessidade de
anuência da outra parte. Podem desistir o querelante, o assistente de
acusação, e o réu desde que assistido pelo advogado. A desistência do
réu com a manifestação do advogado em continuar faz com que o
recurso tenha prosseguimento. O MP não pode desistir do recurso.

Deserção - é uma desistência tácita. É uma omissão da parte que


demonstra a perda do interesse em recorrer. A única hipótese de
deserção é a falta de preparo.

2.1.2 Pressupostos subjetivos


Pressupostos subjetivos estão na parte recorrente.

Aula 14 (03.10.2013)

2.1.2.1 Interesse

CPP. Art. 577. Parágrafo único. Não se


admitirá, entretanto, recurso da parte que
não tiver interesse na reforma ou
modificação da decisão.

Só cabe recurso para a parte que tiver interesse na reforma da decisão.


Esse interesse nasce com a sucumbência. Define-se sucumbência como o
desacolhimento total ou parcial da pretensão da parte.

Quanto ao MP a coisa é diferente. A pretensão do MP é condicionada à


justiça da decisão. Então, a condenação injusta faz com que o MP seja
sucumbente, de modo que o MP em tese pode até recorrer em favor do
réu.

2.1.2.2 Legitimidade

Art. 577. O recurso poderá ser interposto


pelo Ministério Público, ou pelo querelante,
ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


24

Não é qualquer pessoa que pode recorrer. Em primeiro lugar, podem


recorrer as partes. O direito de recorrer do réu é independente do direito
de recorrer do defensor, podendo o réu até recorrer pessoalmente sem
assistência do defensor, e vice-versa.

O assistente de acusação pode recorrer se o MP não recorrer, ou da parte


da sentença que o MP não recorreu. Então o recurso do assistente é
suplementar ao do MP.

O MP não tem legitimidade para recorrer contra o querelado na ação


privada.

2.2 Efeitos dos recursos


São efeitos que os recursos produzem quando eles são admitidos.

2.2.1 Efeito devolutivo


O recurso devolve ao poder judiciário a apreciação da matéria recorrida.
Todos os recursos tem efeito devolutivo.

2.2.1.1 Quanto à extensão


Esse efeito pode ser amplo ou limitado quanto a sua extensão.

Ele é amplo quando a parte recorre contra toda a decisão.

O efeito devolutivo é limitado quanto à extensão quando a parte recorre


contra parte da decisão. Não se devolve ao tribunal matéria não
recorrida: Tantum Devolutum Quantum Appelatum. "Devolve-se tanto
quanto apelou-se".

O limite da devolução é estabelecido pelo pedido de reforma contido na


interposição.

Se a interposição disser apenas que se está apelando, o efeito é amplo,


enquanto que se se individualiza as partes apeladas, o efeito é limitado.
As razões recursais não podem nem ampliar nem restringir o efeito
devolutivo.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


25

Há outra limitação ao efeito devolutivo. Não há permissão ao tribunal para


reformar a decisão para pior: Non Reformatio In Pejus, ou seja, é vedado
o agravamento da situação do recorrente em razão do seu próprio
recurso.

A Reformatio in Pejus pode ser direta ou indireta. A direta é aquela


realizada pelo próprio tribunal quando do julgamento do recurso.

Aula 17 (04.10.2013)

Non Reformatio in Pejus indireta - é o agravamento da situação do réu por


uma nova decisão de primeiro grau proferida em lugar de uma decisão
anterior que foi anulada pelo tribunal em julgamento de recurso exclusivo
da defesa.

Nesses casos, estamos diante de um error in procedendo, ou seja, um vício


no procedimento. Se fosse error in judicando, o tribunal reformaria a
decisão, pois o erro se deu na análise do mérito.

No caso que estamos analisando, há um error in procedendo, e o tribunal


deverá anular a decisão e mandar que o juiz a refaça.

Nesse caso, o juiz, ao proferir a nova decisão não poderá agravar a


situação do réu.

O agravamento é vedado, e poderia inibir o recurso do réu.

Soberania dos veredictos dos jurados - o júri tem soberania em suas


decisões, e por isso o agravamento é lícito.

2.2.1.2 Efeito devolutivo quanto à profundidade


O efeito devolutivo é sempre ilimitado em sua profundidade. Na análise
do pedido do recorrente, o tribunal pode levar em conta qualquer
fundamento, não estando vinculado aos fundamentos do recorrente.

Reformatio in melius

É o favorecimento ao réu em recurso exclusivo da acusação. Não é


pacífico, mas majoritariamente admite-se a Reformatio in melius.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


26

2.2.2 Efeito suspensivo


É o efeito pelo qual, admitido o recurso, a decisão não produz efeitos
enquanto o recurso não for julgado. A admissão do recurso suspende a
eficácia da decisão.

Só tem efeito suspensivo os recursos se houver expressa previsão legal.

A jurisprudência tem admitido que, em situações excepcionais, quando


houver:

 Manifesta ilegalidade da decisão;


 Dano irreparável à parte se a decisão for executada;
 O recurso cabível não tem efeito suspensivo;

A parte, além de recorrer, impetre mandado de segurança, objetivando


dar efeito suspensivo ao recurso.

2.2.3 Efeito extensivo


Art. 580. No caso de concurso de agentes
(Código Penal, art. 25), a decisão do
recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de
caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos outros.

É a possibilidade de se estender em favor de um corréu não recorrente


uma decisão a um corréu recorrente quando esta decisão se
fundamentar em razões objetivas.

Esse efeito se aplica aos casos onde há mais de um réu no processo. Nesses
casos, todos os recursos tem efeito extensivo. Mais ainda, também tem
efeitos extensivos o Habeas Corpus e a revisão criminal.

2.2.4 Efeito regressivo


Também chamado de efeito diferido, ou iterativo. É o efeito pelo qual
antes de o recurso subir ao tribunal, o juízo a quo deve reapreciar a sua
decisão, podendo mantê-la (juízo de sustentação) ou reforma-la (juízo de

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


27

retratação). No processo penal só há esse efeito no agravo à execução e


o RESE.

2.3 Recurso de ofício


Também chamado de recurso necessário, ou reexame necessário. Esse
recurso na verdade não é considerado recurso, pois os recursos são
voluntários, e dependem de um pedido de iniciativa das partes. O
chamado recurso de ofício não é assim, sendo que o juiz sem provocação
recorre.

O reexame necessário portanto não é recurso, mas sim condição para o


trânsito em julgado da decisão. O que transita em julgado nunca é a
decisão de primeiro grau, mas sim o acórdão do tribunal.

O reexame não prejudica o recurso voluntário da parte, já que


voluntariamente as partes podem oferecer razões.

Hipóteses

Art. 574. Os recursos serão voluntários,


excetuando-se os seguintes casos, em que
deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:

I - da sentença que conceder habeas


corpus;

II - da que absolver desde logo o réu com


fundamento na existência de circunstância
que exclua o crime ou isente o réu de pena,
nos termos do art. 411.

Art. 746. Da decisão que conceder a


reabilitação haverá recurso de ofício.

Lei 1521/51. Art. 7º. Os juízes recorrerão de


ofício sempre que absolverem os acusados
em processo por crime contra a economia
popular ou contra a saúde pública, ou

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


28

quando determinarem o arquivamento dos


autos do respectivo inquérito policial.

Notemos que em todas as situações o recurso beneficia a acusação, que


é a interessada em recorrer nessas situações. Existe uma tese que diz que
esse reexame é inconstitucional por desrespeitar a seguinte disposição:

Art. 129. São funções institucionais do


Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal


pública, na forma da lei;

Essa tese não tem sido aceita.

O reexame não tem prazo, sendo que o juiz mandará os autos ao tribunal
na própria decisão, e deixando de fazê-lo poderão os autos serem
remetidos a qualquer tempo, seja de ofício ou com provocação.

O reexame não tem razões ou contra razões, nem prazo.

3. Recurso em Sentido Estrito


Aula 17 (10.10.2013)

É cabível nas hipóteses do artigo 581, CPP

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito,


da decisão, despacho ou sentença:

I - que não receber a denúncia ou a


queixa;

II - que concluir pela incompetência do


juízo;

III - que julgar procedentes as exceções,


salvo a de suspeição;

IV – que pronunciar o réu; (Redação


dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


29

V - que conceder, negar, arbitrar,


cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou
revogá-la, conceder liberdade provisória
ou relaxar a prisão em flagrante; (Redação
dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)

VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de


2008)

VII - que julgar quebrada a fiança ou


perdido o seu valor;

VIII - que decretar a prescrição ou


julgar, por outro modo, extinta a
punibilidade;

IX - que indeferir o pedido de


reconhecimento da prescrição ou de outra
causa extintiva da punibilidade;

X - que conceder ou negar a ordem de


habeas corpus;

XI - que conceder, negar ou revogar a


suspensão condicional da pena;

XII - que conceder, negar ou revogar


livramento condicional;

XIII - que anular o processo da instrução


criminal, no todo ou em parte;

XIV - que incluir jurado na lista geral ou


desta o excluir;

XV - que denegar a apelação ou a


julgar deserta;

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


30

XVI - que ordenar a suspensão do


processo, em virtude de questão
prejudicial;

XVII - que decidir sobre a unificação de


penas;

XVIII - que decidir o incidente de


falsidade;

XIX - que decretar medida de


segurança, depois de transitar a sentença
em julgado;

XX - que impuser medida de segurança


por transgressão de outra;

XXI - que mantiver ou substituir a


medida de segurança, nos casos do art.
774;

XXII - que revogar a medida de


segurança;

XXIII - que deixar de revogar a medida


de segurança, nos casos em que a lei
admita a revogação;

XXIV - que converter a multa em


detenção ou em prisão simples.

Prazo

O prazo é de cinco dias.

Art. 586. O recurso voluntário poderá ser


interposto no prazo de cinco dias.

Os defensores públicos tem prazo em dobro.

Exceção – na hipótese de decisão que inclui ou exclui jurado da lista geral


(XIV):

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


31

Parágrafo único. No caso do art. 581,


XIV, o prazo será de vinte dias, contado da
data da publicação definitiva da lista de
jurados.

O prazo é contado a partir da 2ª publicação.

Procedimento

É interposto perante o juízo a quo, que fará o primeiro juízo de


admissibilidade.

O RESE então pode subir ao tribunal de duas formas:

Nos próprios autos – Os autos da ação recorrida sobem ao tribunal;

Por instrumento – Cria-se um instrumento apartado contendo as peças dos


autos, que é eventualmente enviado ao tribunal.

O RESE por instrumento suspende o andamento do processo. Ex.: Juiz


concede liberdade provisória ao réu e o MP recorre com RESE.

A formação do Instrumento
Nas hipóteses em que o recurso subirá por instrumento o recorrente deve
indicar na interposição as peças que ele quer que constem no instrumento.
Mesmo que a parte recorrente indique, há ao menos três peças
obrigatórias:

 Decisão recorrida;
 Certidão de intimação das partes da decisão;
 Petição ou termo de interposição do RESE (Para se verficar a
tempestividade recursal).

O prazo para a formação do instrumento pelo escrivão é de 05 dias,


podendo ser prorrogado até 10 dias (Artigo 590 CC).

Oferecimento de Razões (Art. 588, CPP)

Nada impede que a parte ofereça o recurso já com as razões. Caso


contrário, o prazo será de dois dias da interposição (Se sobe nos próprios

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


32

autos). Será da vista do instrumento para o recorrente se sobe por


instrumento, mas a jurisprudência tem entendido que o prazo é da
intimação do recorrente sobre a vista.

Intimação do recorrido para contrarrazões

As contrarrazões se dão no prazo de dois dias após a intimação. Na


hipótese em que o recurso subirá por instrumento, o recorrido poderá
indicar peças para compor o instrumento.

Efeitos do RESE
Regressivo (589 CPP)
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou
sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará
o seu despacho, mandando instruir o
recurso com os traslados que Ihe
parecerem necessários.

Parágrafo único. Se o juiz reformar o


despacho recorrido, a parte contrária, por
simples petição, poderá recorrer da nova
decisão, se couber recurso, não sendo mais
lícito ao juiz modificá-la. Neste caso,
independentemente de novos arrazoados,
subirá o recurso nos próprios autos ou em
traslado.

Art. 591. Os recursos serão


apresentados ao juiz ou tribunal ad quem,
dentro de cinco dias da publicação da
resposta do juiz a quo, ou entregues ao
Correio dentro do mesmo prazo.

Dessa forma, há o juízo de retratação, seguindo essas regras. Note que o


novo sucumbente só poderá recorrer da forma descrita acima se o recurso

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


33

cabível for o RESE também. Caso contrário ele tem que se valer da forma
adequada.

Suspensivo
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo
nos casos de perda da fiança, de
concessão de livramento condicional e dos
ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.

§ 1o Ao recurso interposto de sentença


de impronúncia ou no caso do no VIII do art.
581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e
598.

§ 2o O recurso da pronúncia
suspenderá tão-somente o julgamento.

§ 3o O recurso do despacho que julgar


quebrada a fiança suspenderá unicamente
o efeito de perda da metade do seu valor.

Contra decisão que não admite o RESE cabe o recurso carta


testemunhável, do artigo 640, CPP

Apelação
É o recurso contra decisões definitivas ou com força de definitivas que não
admitam RESE.

É recurso amplo pois qualquer matéria pode ser conhecida por apelação,
desde que tenha sido conhecida na sentença atacada.

É recurso preferível se uma parte da apelação comporta apelação e a


outra RESE. O recurso cabível será a apelação, mesmo que o recorrente
só discuta aquela parte que isoladamente caberia RESE.

Aula 18 (11.10.2013)

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


34

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5


(cinco) dias:

I - das sentenças definitivas de condenação


ou absolvição proferidas por juiz singular;

É a hipótese mais comum de apelação.

II - das decisões definitivas, ou com força de


definitivas, proferidas por juiz singular nos
casos não previstos no Capítulo anterior;

Cabe então contra as decisões terminativas de mérito, ou as decisões


interlocutórias mistas de que não caiba ReSE. Ex.: as decisões que julgam
o pedido de restituição de coisa apreendida; decisão que extingue de
oficio por litispendência ou coisa julgada.

III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

A parte que alega uma nulidade posterior à pronúncia e não a tem


reconhecida pode alega-la novamente em sede de apelação da
sentença do tribunal do júri.

b) for a sentença do juiz-presidente


contrária à lei expressa ou à decisão dos
jurados;

Duas hipóteses estão previstas no artigo, sendo a primeira o desrespeito à


lei; e a segunda o desrespeito à decisão dos jurados.

c) houver erro ou injustiça no tocante à


aplicação da pena ou da medida de
segurança;

O juiz é quem aplica a pena, e se ele errar ou for injusto nessa aplicação
cabe a apelação. Ex.: não se valer do sistema trifásico de dosimetria;
imputar a pena mais gravosa desnecessariamente; etc.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


35

Observação - Como essas três primeiras hipóteses se referem à decisão do


juiz presidente, elas podem ser livremente alteradas pelo tribunal de justiça.

d) for a decisão dos jurados


manifestamente contrária à prova dos
autos.

Não é qualquer decisão, mas só aquela que evidentemente contraria as


provas. A jurisprudência interpreta que essa decisão é aquela que não
tem apoio nenhum na prova.

Em razão da soberania dos veredictos, a procedência da apelação não


acarretará a reforma, mas sim a anulação da sessão com estipulação de
novo julgamento com um novo conselho de sentença.

Se no segundo julgamento o mesmo veredicto for emanado não caberá


a apelação.

Prazo
O prazo geral é de Cinco dias. A Defensoria tem o dobro. No Jecrim o
prazo é de dez dias (no sumaríssimo o prazo é dobrado pois as razões
acompanham a interposição).

O assistente não habilitado tem prazo diferente.

Art. 598. Nos crimes de competência do


Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da
sentença não for interposta apelação pelo
Ministério Público no prazo legal, o ofendido
ou qualquer das pessoas enumeradas no
art. 31, ainda que não se tenha habilitado
como assistente, poderá interpor apelação,
que não terá, porém, efeito suspensivo.

Parágrafo único. O prazo para interposição


desse recurso será de quinze dias e correrá
do dia em que terminar o do Ministério
Público.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


36

O assistente pode recorrer subsidiariamente ao MP. Significa que o


assistente só pode recorrer se o MP não recorrer ou da parte da decisão
que o MP não recorreu.

Nesses casos, quando da sentença o assistente pode estar habilitado ou


não. O assistente já habilitado é intimado da sentença, sendo o prazo da
apelação de cinco dias, iniciando-se o prazo a partir da intimação se o
assistente foi intimado após o fim do prazo do MP; ou a partir do fim do
prazo do MP se o assistente foi intimado antes do prazo do MP.

Nos casos de o assistente não for habilitado por ocasião da sentença, ele
pode se habilitar somente para apelar, tendo um prazo de quinze dias a
partir do fim do prazo do MP.

Interposição
A apelação é interposta perante o juízo a quo em primeiro grau. O juiz faz
um juízo de admissibilidade. Se a apelação é admitida, o recorrente é
intimado para apresentar razões. Em seguida, o juiz intima o apelado para
apresentar as contrarrazões. Se houver assistente habilitado, ele pode
oferecer razões ao recurso do MP em três dias a partir da interposição.

Em seguida, oferecidas razões e contrarrazões os autos sobem ao tribunal.


Não gera efeito regressivo.

Efeitos da apelação
Efeito devolutivo
Claro.

Efeito suspensivo
Art. 597. A apelação de sentença
condenatória terá efeito suspensivo, salvo o
disposto no art. 393, a aplicação provisória
de interdições de direitos e de medidas de
segurança (arts. 374 e 378), e o caso de
suspensão condicional de pena.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


37

Em regra a apelação suspende a execução da sentença. A jurisprudência


diz que há exceções. Quando da apelação, se o réu estiver solto, então a
regra realmente vale e ele permanece solto.

No entanto, se o réu está preso preventivamente, a situação muda. Se a


execução não se iniciasse nesses casos, o réu que responde preso ao
processo poderia ser privado de benefícios seus aos quais ele já faria jus se
houvesse execução, como progressão, saída temporária.

Execução provisória
A execução provisória só existe quando o réu já esteja preso quando da
tramitação da apelação, para garantir a concessão de eventuais
benefícios. Nesses casos, antes de mandar os autos ao tribunal, o juiz
expede um documento chamado guia de execução provisória, que é um
documento que contém a pena, o regime, a data da prisão, etc., e com
esse documento a execução começa provisoriamente.

É pacífico que a execução provisória é cabível se o recurso é só da defesa.


Discute-se no entanto se é possível a execução provisória quando o
recurso é do MP para aumentar a pena, pois é impossível calcular os
benefícios ante a possibilidade de a pena aumentar se o recurso for
julgado procedente.

Uma outra corrente diz que isso não pode prejudicar o réu.

Maioritariamente se admite a execução provisória nesses casos também.

Aula 19 (18.10.2013)

Carta testemunhável
Arts. 639 a 646 CPP

É recurso contra a decisão que não recebe RESE ou agravo em execução.

O nome curioso vem do tempo do império.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


38

Prazo
É de 48 horas a partir do despacho, como diz o 640, mas comumente não
funciona assim. Ocorre que o advogado não sabe qual o momento exato
do despacho.

Por isso, a jurisprudência diz que o prazo conta-se da intimação.

Esse recurso não é dirigido ao juiz, mas sim ao escrivão. Esse recurso sempre
sobe por instrumento, e por isso o recorrente deve indicar na interposição
as peças que formam o instrumento.

O escrivão deve formar o instrumento em cinco dias, e deve dar um recibo


da petição ao recorrente. Obviamente que isso não se faz mais em razão
da existência do protocolo.

Intima-se então o recorrente para apresentar razões em dois dias e o


recorrido para apresentar as contra-razões em dois dias. Esse poderá
indicar peças para a formação do instrumento, e então o escrivão
simplesmente remeterá o instrumento para o tribunal.

Esse recurso não tem efeito suspensivo. O mérito da carta testemunhável


é a admissibilidade ou não do RESE ou agravo. Então, se o tribunal julga a
carta procedente, ele admitirá o RESE ou o agravo cujo o seguimento fora
negado.

Se o tribunal der provimento à carta testemunhável, admitindo portanto o


RESE ou o agravo, e verificar que no instrumento já consta tudo o que é
necessário para julgar o RESE ou agravo, ele já julga, por economia
processual.

Agravo em execução
É previsto no artigo 197 da lei de execução penal (LEP), lei 7210/84

Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz


caberá recurso de agravo, sem efeito
suspensivo.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


39

Então contra todas as decisões do juiz da execução caberá agravo em


execução sem efeito suspensivo.

Como essa norma é muito vaga, após muita discussão o stf decidiu o
seguinte na súmula 700:

STF Súmula nº 700 - 24/09/2003 - DJ de


9/10/2003, p. 6; DJ de 10/10/2003, p. 6; DJ
de 13/10/2003, p. 6.

Prazo para Interposição de Agravo -


Execução Penal

É de cinco dias o prazo para interposição


de agravo contra decisão do juiz da
execução penal.

Como o outro recurso que utiliza cinco dias de prazo é o RESE, então para
todas as outras peculiaridades utiliza-se as normas relativas ao RESE.

Correição parcial
É prevista em leis esparsas. A lei federal que prevê a correição é a 5.010/66;
enquanto que a estadual é o decreto lei complementar N 3/63, artigo 94,
do código judiciário do estado de São Paulo.

A atividade correcional é a atividade que visa controlar os abusos de


autoridades públicas. As correições gerais são realizadas pelas
corregedorias.

A correição que tratamos aqui é parcial, ou seja, de apenas um ato da


autoridade. Ela é cabível contra decisão do juiz contra a qual não cabe
recurso e que provoque tumulto processual.

A competência é do tribunal superior ao juiz.

E qual seria a natureza dessa correição?

Há duas correntes.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


40

Para a primeira não é recurso, mas sim um pedido de providências


administrativas com consequência jurisdicional. A parte pede que o
tribunal corrija um tumulto que o juiz causou.

Para a segunda tem natureza de recurso, pois a finalidade é alterar uma


decisão, o que é próprio de recurso.

A correição só é cabível contra erro de procedimento (error in


procedendo).

Exemplos de decisões contra a qual é possível correição:

 Quando o promotor no inquérito requisita diligências ao delegado e


o juiz indefere;
 Quando o promotor pede o arquivamento do inquérito e o juiz pede
diligências à polícia;
 Quando o juiz recebe a denúncia dando outra capitulação ao
crime;
 Quando o juiz admite testemunhas arroladas intempestivamente;

Prazo
A lei federal não diz e o código judiciário diz que se deve aplicar o
procedimento do agravo de instrumento.

No entanto, tem prevalecido que no processo penal adota-se na


correição parcial o prazo e procedimento do RESE. Mas no entanto, ela só
sobe por instrumento e não há efeito suspensivo. O juiz de primeiro grau
não pode rejeitar a correição, não havendo juízo de admissibilidade em
primeiro grau.

Recursos no tribunal
Embargos de declaração
Art. 619 e 620

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


41

O prazo é de dois dias da publicação do acórdão. Os pressupostos são os


mesmos, ou seja, um daqueles quatro vícios: obscuridade, ambiguidade,
contradição ou omissão.

Esses embargos são dirigidos ao relator do acórdão, que fará o juízo de


admissibilidade.

Contra a decisão monocrática do relator que rejeita os embargos de


declaração, caberá agravo regimental.

Embargos infringentes (ou de nulidade)


Art. 609 par. Único, CPP

Cabível contra decisões dos tribunais que desfavorecem a defesa por


maioria de votos, e não por unanimidade. Apenas a defesa pode opor
esses embargos.

Quando há um voto vencido, o autor desse voto fará uma declaração de


voto vencido, para que as partes saibam o que aquele voto concedia, e
com base nele é que caberão os embargos.

A divergência entre os votos vencidos e os vencedores limita o efeito


devolutivo nos embargos.

Os embargos infringentes só cabem contra acórdão que julgou apelação


ou RESE.

Prazo
O prazo desses embargos é de dez dias da publicação do acórdão.

Endereçamento
O relator faz o juízo de admissibilidade, e se ele rejeitar cabe agravo
regimental. Se ele admitir, redistribui-se para outro relator da mesma
câmara.

Contraditório
A parte contrária é intimada para contra razões em dez dias.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


42

Julgamento
Julga aquele que o regimento interno do tribunal daquele TJ indica.

Em São Paulo, é a mesma câmara, mas com a totalidade de seus


membros. Então, os recursos que foram julgados por três, agora serão
julgados por cinco ou seis.

Se houver empate prevalece a posição mais favorável ao réu.

Decisões possíveis
Os embargos podem manter a decisão vencedora, negando provimento
aos embargos;

 Dar provimento total, fazendo prevalecer a outrora decisão


vencida;
 Dar parcial provimento aos embargos, julgando em uma posição
intermediária à decisão vencedora e vencida.

Senhores, faltam duas aulas aqui. Aguardo


contribuições dos colegas. Favor tomar cuidado
com a matéria perdida.

Aula (07.11.2013 e 08.11.2013) - recursos na 9.099/95


A lei 9099 só regula os embargos declaratórios e a apelação, sendo os
recursos restantes iguais aos do CPP.

Apelação
A apelação tem prazo de dez dias, a ser interposta com as razões.

Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia


ou queixa e da sentença caberá apelação,
que poderá ser julgada por turma
composta de três Juízes em exercício no

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


43

primeiro grau de jurisdição, reunidos na


sede do Juizado.

§ 1º - A apelação será interposta no prazo


de dez dias, contados da ciência da
sentença pelo Ministério Público, pelo réu e
seu defensor, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do
recorrente.

§ 2º - O recorrido será intimado para


oferecer resposta escrita no prazo de dez
dias.

§ 3º - As partes poderão requerer a


transcrição da gravação da fita magnética
a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.

§ 4º - As partes serão intimadas da data da


sessão de julgamento pela imprensa.

§ 5º - Se a sentença for confirmada pelos


próprios fundamentos, a súmula do
julgamento servirá de acórdão.

O juiz fará o juízo de admissibilidade, sendo que se ele não admitir cabe
RESE.

Admitindo, intimará a parte contrária para as contra razões em dez dias.


Os autos então sobem ao colégio (ou turma) recursal.

O colégio recursal não é um tribunal, sendo um órgão composto por três


juízes de primeiro grau do próprio JECrim, sendo que o juiz que proferiu a
decisão recorrida não poderá fazer parte do julgamento.

A lei admite expressamente que se o recurso for improvido, o colégio


recursal pode adotar os fundamentos da sentença, ou seja, o acórdão
não precisa ser fundamentado.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Os embargos declaratórios
Art. 83. Caberão embargos de declaração
quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição, omissão ou
dúvida.

§ 1º - Os embargos de declaração serão


opostos por escrito ou oralmente, no prazo
de cinco dias, contados da ciência da
decisão.

§ 2º - Quando opostos contra sentença, os


embargos de declaração suspenderão o
prazo para o recurso.

§ 3º - Os erros materiais podem ser corrigidos


de ofício.

Tem os mesmos pressupostos do CPP (ver embargos de declaração há


muitas folhas atrás).

Aqui, eles cabem tanto em primeiro quanto em segundo grau, ou seja, em


face dos juízes e contra a turma.

O prazo é de cinco dias.

Os embargos contra a sentença suspendem o prazo para a apelação.

Habeas Corpus no JECrim


Cabe Habeas Corpus no JECrim. No entanto, a lei 9099 ignorou sua
existência, não regulando nada sobre ele, o que acabou suscitando
questões.

Se o coator (autoridade) for um juiz, qual seria a autoridade competente


para o julgamento?

Deduz-se que é o colégio recursal, por ser o órgão imediatamente superior.


Em São Paulo, há a lei estadual 851/98, que diz isso com todas as letras:

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Artigo 14 - A Turma Recursal compete, além


do julgamento dos recursos referidos no
artigo anterior, o dos mandados de
segurança e de "habeas corpus", quando a
autoridade coatora for juiz do Sistema dos
Juizados Especiais, e correições parciais,
quando relacionadas a decisão também
emanada do Sistema.

Acesse a lei estadual aqui:


http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislac
ao/lei.complementar/1998/lei.complement
ar-851-09.12.1998.html

Mas e se o coator for o colégio recursal, qual a autoridade responsável


para julgamento do Habeas corpus?

A priori, não deveriam ser os tribunais estaduais (TJs), pois não há hierarquia
entre turma recursal e TJ. Muito pelo contrário, ambos são órgãos
julgadores em segunda instância.

No entanto, o STJ também não seria, pois a CF diz:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de


Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

c) os habeas corpus, quando o coator ou


paciente for qualquer das pessoas
mencionadas na alínea "a", ou quando o
coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
Ministro de Estado ou Comandante da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,
ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;

Perceba que a CF diz "tribunal sujeito a sua jurisdição". No entanto, a turma


não é tribunal!

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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O que sobra então? O STF. Vamos ver o que diz a CF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal


Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

o habeas corpus, quando o coator for


Tribunal Superior ou quando o coator ou o
paciente for autoridade ou funcionário
cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou
se trate de crime sujeito à mesma jurisdição
em uma única instância;

Ora, aqui a alínea não menciona tribunal, mas autoridade. Além disso, o
colégio está na jurisdição do STF. Aliás, isso nem é discutível, pois o próprio
STF já decidiu:

STF Súmula nº 640 - 24/09/2003 - DJ de


9/10/2003, p. 2; DJ de 10/10/2003, p. 2; DJ
de 13/10/2003, p. 2.

Cabimento - Recurso Extraordinário -


Decisão de Juiz de Primeiro Grau - Causas
de Alçada ou Turma Recursal de Juizado
Especial Cível e Criminal

É cabível recurso extraordinário contra


decisão proferida por juiz de primeiro grau
nas causas de alçada, ou por turma
recursal de juizado especial cível e criminal.

Por isso, conclui-se que o STF é o competente pra julgar os Habeas corpus
cuja autoridade coatora seja o colégio recursal. Inclusive o próprio STF
admitiu isso:

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


47

STF Súmula nº 690 - 24/09/2003 - DJ de


9/10/2003, p. 5; DJ de 10/10/2003, p. 5; DJ
de 13/10/2003, p. 5.

Competência Originária - Habeas Corpus


Contra Turma Recursal de Juizados
Especiais Criminais

Compete originariamente ao Supremo


Tribunal Federal o julgamento de habeas
corpus contra decisão de turma recursal de
juizados especiais criminais. (Não
Prevalência pelos HC 86834-DJ de 9/3/2007,
HC 89378 AgR-DJ de 15/12/2006 e HC 90905
AgR-DJ de 11/5/2007 - Determinam
Competência para Tribunais de Justiça dos
Estados)

Muito bem. A questão está pacífica não? Quase! Em razão disso, o STF
ficou lotado de Habeas corpus. Por isso, atualmente, o STF diz que essa
súmula foi "superada", e que o entendimento novo é que o órgão
competente para julgar Habeas corpus em face de colégio recursal é não
outro que não os Tribunais de justiça!

A suspensão condicional do processo


A doutrina chama essa suspensão de SURCIR processual.

Semelhanças entre SURCIR e SURCIR processual

Lembrando, o SURCIR material é a suspensão da execução da pena sob


determinadas condições.

A suspensão condicional do processo, também há uma suspensão, mas


não da pena, e sim do processo.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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O processo então fica suspenso por dois a quatro anos, sendo que durante
esse período o réu deve cumprir determinadas condições. Se ele cumprir,
terminado esse período está extinta a punibilidade.

Se as condições não são cumpridas, revoga-se a suspensão e inicia-se o


processo.

Essas foram semelhanças. E as diferenças? Vejamos:

As diferenças entre SURCIR e SURCIR processual


O SURCIR serve aos já condenados, enquanto o SURCIR processual serve
aos réus antes da sentença.

O SURCIR material é concedido pelo juiz. Aqui, no processual, é um acordo


entre acusação e defesa, eventualmente homologado pelo juiz. Quem
propõe é a acusação, podendo o réu aceitar ou não.

Cabimento
Caberá na infrações com pena mínima até um ano. Cuidado pois alguns
crimes que não são de menor potencial ofensivo, e que nem mesmo são
de competência do JECrim, admitem o SURCIR processual, por ter a pena
mínima até um ano, como é o caso do furto por exemplo.

Em outras palavra, deve-se levar em conta para verificar o cabimento


sempre a pena mínima a que o réu estará sujeito se for condenado por
todos os crimes em que ele é acusado naquele processo, INCLUINDO AS
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO E AUMENTO.

Duas súmulas reforçam esse entendimento:

STJ Súmula nº 243 - 11/12/2000 - DJ


05.02.2001

Suspensão do Processo - Concurso Material


ou Formal ou Continuidade Delitiva -
Somatório ou Incidência de Majorante -
Limite Aplicável

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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O benefício da suspensão do processo


não é aplicável em relação às infrações
penais cometidas em concurso material,
concurso formal ou continuidade delitiva,
quando a pena mínima cominada, seja
pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01)
ano.

E...

STF Súmula nº 723 - 26/11/2003 - DJ de


9/12/2003, p. 1; DJ de 10/12/2003, p. 1; DJ
de 11/12/2003, p. 1.

Suspensão Condicional do Processo - Crime


Continuado - Admissibilidade

Não se admite a suspensão condicional


do processo por crime continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais
grave com o aumento mínimo de um sexto
for superior a um ano.

Requisitos para obtenção do SURCIR processual


Requisito objetivo
O réu não pode estar sendo processado ou já ter sido condenado por outro
crime em outro processo.

Atenção pois o retorno à primariedade pela prescrição da reincidência


não dá direito à suspensão.

Inquérito policial em andamento não impede a suspensão.

Processo ou condenação por contravenção também não impede.

A constitucionalidade deste dispositivo


A primeira parte desta condição é por muitos considerada inconstitucional
por violar a presunção de inocência.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Requisitos subjetivos
É o cumprimento dos mesmos requisitos do SURCIR, ou seja, os do art. 77, II,
CP:

Art. 77. A execução da pena privativa de


liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4
(quatro) anos, desde que:

II - a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias
autorizem a concessão do benefício;

Proposta
O SURCIR processual é considerado acordo, sendo que a iniciativa da
proposta é do autor da ação, ou seja, do MP.

A lei dá a entender que só pode ser na ação pública. No entanto, a


jurisprudência tem admitido que na ação privada o querelante proponha
o SURCIR processual.

Quando o crime admite a suspensão e a acusação se recusa em propô-


la, ela deve fundamentar sua recusa na ausência de um dos requisitos do
instituto.

Se o juiz discordar da recusa, na ação pública, aplica-se a sumula 696, STF:

STF Súmula nº 696 - 24/09/2003 - DJ de


9/10/2003, p. 5; DJ de 10/10/2003, p. 5; DJ
de 13/10/2003, p. 5.

Reunidos os Pressupostos Legais Permissivos


da Suspensão Condicional do Processo -
Propositura Recusada pelo Promotor - Juiz
Dissentido - Remessa ao Procurador-Geral -
Analogia

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional


do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

Então remete-se os autos ao procurador geral de justiça, para que ele


decida.

Na ação privada, se o querelante recusar não se há o que fazer.

Momento da proposta
A proposta é oferecida junto da inicial.

Termos da proposta
A proposta deve conter o seguinte:

 O tempo da suspensão (chamado período de prova, de dois a


quatro anos);
 As condições a serem cumpridas

Aceitação
Oferecida a proposta o juiz designa uma audiência, intimando o réu para
que venha acompanhado de defensor.

Se o réu não comparecer, esta frustrada a proposta. Se o réu vier sem


defensor o juiz nomeia um na hora. Na audiência o juiz explica ao réu o
que é a suspensão e quais as condições.

A aceitação deve ser tanto do réu quanto do defensor. Se houver


divergência, prevalece a vontade do réu.

Se o réu aceitou, o juiz verificará se é o caso de receber a denúncia e


homologar a suspensão.

Obs.: suspendido o processo, suspende-se também a prescrição.

A previsão legal da suspensão condicional do processo está na 9099:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima


cominada for igual ou inferior a um ano,

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério


Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a
suspensão condicional da pena.

Condições obrigatórias
§ 1º - Aceita a proposta pelo acusado e seu
defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender
o processo, submetendo o acusado a
período de prova, sob as seguintes
condições:

I - reparação do dano, salvo


impossibilidade de fazê-lo;

Haverá na proposta um prazo para reparação do dano, devendo o


beneficiado fazê-lo ou apresentar justificativa que o impossibilitou de fazer.

II - proibição de freqüentar determinados


lugares;

III - proibição de ausentar-se da comarca


onde reside, sem autorização do Juiz;

IV - comparecimento pessoal e obrigatório


a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades.

Os demais incisos são auto explicativos.

As condições desse parágrafo são obrigatórias, sendo requisito de


validade do SURCIR.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


53

Condições facultativas
§ 2º - O Juiz poderá especificar outras
condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato
e à situação pessoal do acusado.

As condições desse parágrafo são facultativas, podendo essas serem


exigidas além das obrigatórias.

Note que essas condições são facultativas para o AUTOR DA PROPOSTA, e


não para o réu. Ou seja, se elas forem propostas e aceitas, o cumprimento
será obrigatório pelo aceitante.

Essas condições podem ser pedidas a critério do autor, mas elas devem
guardar relação com o crime.

Causas de revogação da suspensão


Causas obrigatórias
São causas que, acontecendo, o juiz deverá obrigatoriamente revogar a
suspensão.

§ 3º - A suspensão será revogada se, no


curso do prazo, o beneficiário vier a ser
processado por outro crime ou não efetuar,
sem motivo justificado, a reparação do
dano.

Portanto, são duas as causas obrigatórias:

 O réu no curso da suspensão é processado por outro crime


(considera-se outro processo pra esses efeitos o momento a partir do
recebimento da denúncia/queixa.
 O réu, após o prazo para reparação, não reparar o dano e não
apresentar justificativa, ou, apresentada, não for acolhida pelo juiz;

Causas facultativas
São causas de revogação da suspensão que o juiz pode optar entre
revogar ou não.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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§ 4º - A suspensão poderá ser revogada se


o acusado vier a ser processado, no curso
do prazo, por contravenção, ou descumprir
qualquer outra condição imposta.

 Se o réu, no curso da suspensão, vier a ser processado por


contravenção;
 O descumprimento de qualquer outra condição obrigatória ou
facultativa.

Nas causas facultativas, a decisão do juiz deve ser fundamentada.

Extinção da punibilidade
§ 5º - Expirado o prazo sem revogação, o
Juiz declarará extinta a punibilidade.

Se durante o prazo da suspensão não houve notícia de nenhuma infração


ou nenhuma causa de revogação da suspensão, estará extinta a
punibilidade.

Discute-se se após o término do prazo, sobrevindo a notícia de uma causa


de revogação que ocorrera durante o prazo, poderia o juiz revogar a
suspensão. Ex.: terminado o prazo mas ainda não declarada extinta a
punibilidade, vem aos autos uma folha de antecedentes que traz a notícia
de que durante o prazo já terminado fora instaurado contra o réu um
processo por outro crime.

Há duas correntes:

A 1ª entende que o fim do prazo sem revogação é a causa extintiva da


punibilidade. A decisão do juiz que vem depois apenas declara que a
punibilidade estava extinta no momento em que o prazo terminou. Se a
punibilidade já se extinguiu, a suspensão não pode ser revogada.

No entanto, prevalece, inclusive no STJ, um 2º entendimento, de que nesta


hipótese, o juiz pode revogar a suspensão após o termino do prazo desde
que ainda não tenha declarado extinta a punibilidade.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


55

Disposições finais do artigo

§ 6º - Não correrá a prescrição durante o


prazo de suspensão do processo.

§ 7º - Se o acusado não aceitar a proposta


prevista neste artigo, o processo prosseguirá
em seus ulteriores termos.

Auto explicativas.

Procedimento da lei de drogas


É a lei 11.343/2006.

A lei 11.343/2006 vem para regulamentar perante o direito penal os crimes


relacionados às drogas e os procedimentos deles.

A lei ela se subdivide em dois grandes grupos, sendo um para as infrações


menos graves (que atinge os usuários) e outro para as infrações mais
graves (que atinge os traficantes).

Há diferenças procedimentais entre crimes. Nós temos nessa lei crimes


mais graves e outros menos graves.

O procedimento do crime do artigo 28

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em


depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento


a programa ou curso educativo.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


56

§ 1º - Às mesmas medidas submete-se quem,


para seu consumo pessoal, semeia, cultiva
ou colhe plantas destinadas à preparação
de pequena quantidade de substância ou
produto capaz de causar dependência
física ou psíquica. (...)

É um crime de menor potencial ofensivo, relacionado aos usuários de


drogas, aplicando-se, no que couber, o procedimento sumaríssimo.

Principais diferenças
Não há prisão em flagrante, podendo o delegado somente lavrar o termo
circunstanciado.

Remete-se ao JECrim.

Cabe transação penal, havendo aqui uma peculiaridade: na transação


penal, o promotor não poderá sugerir outra pena que não as previstas na
lei para o próprio crime.

O procedimento dos crimes graves


São os crimes dos Arts. 33 a 37.

Ex.: Art. 33. Importar, exportar, remeter,


preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo
ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze)


anos e pagamento de 500 (quinhentos) a
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. (...)

As principais diferença para os procedimentos comuns


Na fase policial

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


57

O laudo de constatação

Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a


autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz
competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão
do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro)
horas.

§ 1º - Para efeito da lavratura do auto de


prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o
laudo de constatação da natureza e
quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

§ 2º - O perito que subscrever o laudo a que


se refere o § 1º deste artigo não ficará
impedido de participar da elaboração do
laudo definitivo.

Quando a investigação se inicia com apreensão de droga, a prisão em


flagrante e o oferecimento da denúncia exigem que tenha sido realizado
um exame provisório da natureza da substância, que é o exame de
constatação. É um exame provisório que se baseia nas características
exteriores da substância (cor, cheiro, etc.). Ele será feito por perito ou
qualquer pessoa idônea.

Depois, já autuada a eventual ação penal, para que haja sentença


condenatória, é preciso que já tenha sido realizado o exame definitivo,
que é um exame laboratorial chamado exame químico-toxicológico.

Possibilidade de flagrante prorrogado ou retardado (art. 53, II)


É semelhante à Ação controlada. É a possibilidade da autoridade policial
retardar a prisão em flagrante, quando se perceber que esse
retardamento possibilitará uma prisão posterior com melhores resultados.

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti


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Para haver isso, é necessária autorização do juiz. A polícia deve conhecer


o provável itinerário da droga para que seja deferida a autorização.

Infiltração policial
A lei permite que a polícia se infiltre em quadrilhas de traficante, fazendo-
se passar por um deles.

Também é necessária prévia autorização policial.

FIM

Por Rommel Andriotti

Processo penal pt. 2 – Rommel Andriotti

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