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Direito Processual Penal

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
O embargo declaratório é o instrumento recursal por meio do qual qualquer das partes pode pedir ao juiz
para declarar a sentença obscura, ambígua, contraditória ou omissa.
 No rito sumariíssimo os embargos também podem ser opostos para sanar dúvidas (art. 83, caput, da
Lei 9.099/95).

A despeito de serem julgados pelo próprio juiz prolator e de serem examinados sem a oitiva da parte
contrária, prevalece na doutrina o entendimento de que os embargos declaratórios possuem natureza jurídica
de recurso.

Os embargos declaratórios que não visarem aclarar obscuridade, ambiguidade, contradição, omissão ou
dúvida (está ultima apenas no rito sumariíssimo) devem ser rejeitados.

Os embargos interpostos com o objetivo de rediscutir a matéria decidida também devem ser rejeitados, posto
que a modificação da sentença deve ser objetivada pela via de recurso de apelação.
 Contudo, é necessário observar que em alguns casos, para manter a coerência da sentença, a
doutrina admite que os embargos sejam recebidos com efeitos infringentes (como ocorre, por
exemplo, na sentença em que o juiz deixa de apreciar tese defensiva relativa à prescrição que, se
admitida, afastaria a condenação originalmente imposta ao réu).

Apesar de a lei só fazer menção aos embargos declaratórios de sentença e de acórdãos, entende a doutrina
que os arts. 382 e 619 do CPP devem ser interpretados de forma extensiva, para o fim de abranger qualquer
decisão judicial em que haja ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.

Eventuais erros materiais e as pequenas omissões da sentença ou do acórdão podem ser corrigidas de ofício
pelo juiz ou pelo relator (conforme o caso), mas as partes devem ser cientificadas de tais correções.
PRAZO E EFEITOS
Os embargos de declaração devem ser interpostos no prazo de 02 (dois) dias, contados da data da publicação
da sentença ou acórdão (art. 382 e art. 619, ambos do CPP).
 No caso de sentença, os embargos devem ser endereçados ao Magistrado Prolator.
o Se os embargos forem opostos e rejeitados pelo Magistrado, a parte ainda poderá ingressar
com recurso de apelação.
o A interposição de embargos declaratórios é uma faculdade da parte que, por isso, pode
deixar de opô-los se julgar mais conveniente o intento de recurso de apelação.
 No caso de acórdão, os embargos devem ser endereçados ao relator dos embargos.
o Parte da doutrina sustenta que a decisão do relator que rejeita liminarmente os embargos é
irrecorrível (Magalhães Noronha); contudo, outra vertente doutrinária aduz ser plenamente
aceitável a interposição de agravo regimental para que não reste prejudicado o princípio da
ampla defesa (Tourinho Filho).
 Embora inexista previsão expressa no CPP, a doutrina entende que a interposição de embargos de
declaração interrompe o prazo para a interposição do recurso de apelação, por analogia ao art. 538,
caput, do CPC. Outras vozes, no entanto, proclamam que neste caso deve ser realizada analogia com
o art. 83, § 2º, da Lei 9.099/95 que, ao tratar dos embargos declaratórios relativos às sentenças
proferidas nos Juizados Especiais Criminais, estabeleceu que a interposição do referido recurso
suspende o prazo do recurso de apelação.
o A suspensão do prazo não ocorrerá na eventualidade de os embargos serem intempestivos
(art. 339. § 2º, do RISFT).

No rito sumariíssimo, os embargos de declaração poderão ser opostos, no prazo de 05 (cinco) dia, contra
sentença ou acórdão em que houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida (art. 83, caput, da Lei
9.099/95).

O conhecimento dos embargos suspende o prazo recursal em relação à todo o julgado, ainda que apenas uma
pequena parte tenha dado azo à interposição deste recurso.

Os embargos se processam inaudita altera pars, ou seja, sem a manifestação da parte contrária. Existe, no
entanto, corrente doutrinária que sustenta ser necessário que a parte contrária seja ouvida nos casos em que
os embargos possuírem caráter infringente em razão da possibilidade de este recurso invadir o mérito da
decisão, alterando a sua parte dispositiva.

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LEGITIMIDADE
Os embargos constituem recurso comum às partes, podendo ser interpostos tanto pela acusação quanto pela
defesa.

Quanto ao assistente de acusação, paira divergência na doutrina. Para uns, tal não lhe é dado a faculdade de
embargar. Outros, como Tourinho Filho e Gustavo Badaró, conferem esta prerrogativa ao assistente.
EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE
Os embargos infringentes e os embargos de nulidade são recursos, previstos no art. 609, parágrafo único, do
CPP, oponíveis contra decisão não unânime de Tribunal (leia-se: tomada por maioria de votos) e que puder
vir a causar gravame para o acusado (leia-se: ser-lhe desfavorável).
 Os embargos infringentes têm por finalidade discutir matéria relacionada ao mérito da ação, ou seja,
ao direito material.
 Os embargos de nulidade objetivam discutir matéria de cunho eminentemente processual, ou seja,
nulidades processuais.

Os embargos em questão são recursos exclusivos da defesa (art. 609, parágrafo único, do CPP).
 A decisão final proferida pela Justiça Militar pode ser atacada por embargos infringentes que podem
ser interpostos tanto pelo réu, quanto pelo Ministério Público (art. 538 do CPPM).
PRAZO E CABIMENTO
Os embargos infringentes e de nulidade devem ser interpostos dentro do prazo de dez dias.

Os referidos recursos podem ser interpostos apenas contra decisões proferidas por Tribunais no julgamento
de Apelação ou Recurso em Sentido Estrito (RT 534/346).
 Admitem embargos infringentes ou de nulidade no caso (1) de julgamento de carta testemunhável
interposta contra decisão que denegou seguimento ao recurso em sentido estrito e (2) no caso de
julgamento de agravo em execução (Resp 336.607/DF – STJ).

No STF, cabem embargos infringentes à decisão não unânime do Plenário ou da Turma:


 Que julgar procedente a ação penal; que julgar improcedente a revisão criminal; que julgar a ação
rescisória; que julgar a representação de inconstitucionalidade; que, em recurso criminal ordinário,
for desfavorável ao acusado.

Não cabem embargos infringentes e de nulidade na revisão criminal, no pedido de desaforamento e no


habeas corpus, pois tais medidas não possuem natureza de recurso (RTJ 46/616 e RT 584/469).

Também não se admitem embargos infringentes e de nulidade contra decisão que julga recurso ordinário
constitucional (AGRHC 9.333/SP – STJ) e contra decisão proferida em ação originária de tribunais (AGA
190.830/SP – STJ).

No STJ não existem embargos infringentes e de nulidade, mas sim, e tão somente, os embargos de declaração
e os embargos de divergência.

Paira divergência na doutrina quanto a possibilidade de os embargos infringentes e de nulidade serem


interpostos pessoalmente pelo réu. Prevalece, no entanto, o entendimento de que tal prerrogativa não é
conferida ao denunciado ante o conhecimento técnico que é reclamado por este recurso (RT 441/328).
PROCESSAMENTO
Perante os tribunais, os embargos infringentes e de nulidade devem ser endereçados ao relator do acórdão e
interpostos juntamente com suas razões.
 Caberá ao relator do acórdão realizar o juízo de admissibilidade dos embargos.
o Se os embargos forem denegados, a parte poderá interpor Agravo Regimental.
o Se os embargos forem recebidos, o querelante e o assistente de acusação (conforme o caso
e se houver) serão intimados para se manifestarem dentro do prazo de 10 (dez) dias.
Vencida a etapa anterior, o colher-se-á o parecer do Ministério Público atuante no Tribunal
dentro do prazo de 10 (dez) dias. Oportunamente, os embargos são julgados por outro
órgão colegiado do próprio Tribunal, do qual participam, além dos julgadores responsáveis
pela decisão embargada, outros mais.
 Proferida nova decisão, ainda que não unânime, não caberão mais embargos.

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 No caso de empate na votação, prevalece a decisão que for mais favorável ao réu
(art. 615,§ 1º, do CPP).

Perante o STF, os embargos infringentes devem ser interpostos dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
 Após a interposição dos embargos, o relator abre vista ao recorrido para a apresentação de
contrarrazões pelo prazo de 15 (quinze) dias.
 Da decisão que não receber os embargos é cabível agravo, em cinco dias, para o órgão competente
para processamento do recurso.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
De acordo com o art. 266 do RISTJ, no STJ, das decisões da Turma, em recurso especial, poderão, em
quinze dias, ser interpostos embargos de divergência, que serão julgados pela Seção competente, quando
as Turmas divergirem entre si ou de decisão da mesma Seção. Se a divergência for entre Turmas de Seções
diversas, ou entre Turma e outra Seção ou com a Corte Especial, competirá a esta o julgamento dos
embargos.
 Sorteado o relator, este poderá indeferi-los, liminarmente, quando intempestivos, ou quando
contrariarem Súmula do Tribunal, ou não se comprovar ou não se configurar a divergência
jurisprudencial.
 Se for caso de ouvir o Ministério Público, este terá vista dos autos por vinte dias.

De acordo com o art. 330 do RISTF, no STF, cabem embargos de divergência contra a decisão de Turma
que, em recurso extraordinário ou em agravo de instrumento, divergir de julgado de outra Turma ou do
Plenário na interpretação do direito federal.
 Não cabem embargos, se a jurisprudência do Plenário ou de ambas as Turmas estiver firmada no
sentido da decisão embargada, salvo o disposto no art. 103.
 Tais embargos possuem prazo de 15 (quinze) dias.
 Após a interposição dos embargos, o relator abre vista ao recorrido para a apresentação de
contrarrazões pelo prazo de 15 (quinze) dias.
 Da decisão que não receber os embargos é cabível agravo, em cinco dias, para o órgão competente
para processamento do recurso.
CARTA TESTEMUNHÁVEL
É um recurso comum às partes, regulamentado do art. 639 ao art. 646 do CPP, que pode ser interposto
contra a decisão que, na fase do juízo de admissibilidade, não recebe ou que impede o seguimento do recurso
em sentido estrito ou do agravo em execução.
 A decisão que não recebe ou que obsta o seguimento de recurso de apelação somente pode ser
atacada por meio de recurso em sentido estrito, interposto no prazo de cinco dias e arrazoado no
prazo de dois dias (art. 581, XV, do CPP).
 A decisão que não recebe ou que obsta o seguimento de recurso especial ou extraordinário somente
pode ser atacada por agravo de instrumento, interposto no prazo de cinco dias (art. 28 da Lei
8.038/90).
 A decisão que não recebe ou que obsta o seguimento de embargos infringentes ou de embargos de
nulidade somente pode ser atacada por agravo regimental (que é regulamentado pelo regimento
interno do respectivo tribunal).
 Não se discute mais o cabimento de carta testemunhável contra decisão que indefere o protesto por
novo júri, posto que tal recurso foi extinto pela Lei 11.698/08.

O recorrente é denominado testemunhante. Já o recorrido (Juiz) é denominado testemunhado.


PRAZO E PROCESSAMENTO
A carta testemunhável deve ser interposta dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contadas da ciência
do despacho que denegou o recurso ou que obstou o seu seguimento.

Ao interpor a carta testemunhável, a parte deve indicar as peças dos autos que devem ser transladadas para a
formação da carta.

A petição de interposição deve ser dirigida ao escrivão que, por sua vez, deve dar recibo de sua entrega ao
testemunhante.

Na sequência, o escrivão, dentro do prazo de 05 (cinco) dias, entregará ao testemunhante a carta devidamente
formada com as peças indicadas.

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 Mediante representação do testemunhante, será suspenso pelo prazo de trinta dias o escrivão que se
recusar a dar recibo ou deixar de entregar, sob qualquer pretexto, o instrumento da carta.
o O juiz, ou o presidente do Tribunal de Apelação, em face de representação do
testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído o instrumento, sob a mesma
sanção, pelo substituto do escrivão ou do secretário do tribunal.
 Se o testemunhante não for atendido, poderá reclamar ao presidente do
tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do julgamento do recurso e
imposição da pena.

Devidamente formado o instrumento, as partes devem apresentar suas razões e contrarrazões dentro do
prazo de 02 (dois) dias cada, possibilitando-se, após, o juízo de retratação.
 A falta de apresentação das razões não impede o conhecimento do recurso.

No tribunal ad quem a carta seguirá o procedimento estabelecido para o processamento do recurso que houver
sido denegado, cabendo ao tribunal apreciá-la, julgando, desde logo (se suficientemente instruído o
instrumento), o mérito do recurso que se quer recebido ou processado.

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