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PARTE 2
TERMINOLOGIA
Diz-se opor embargos de declaração. A decisão que julga os
embargos acolhe ou rejeita os embargos, por isso quem opõe os embargos requer
seu acolhimento. Embargante é quem opõe os embargos e embargada é a parte
contrária. Usa-se decisão embargada, para se referir à decisão contra a qual se
opuseram os embargos, com as variantes sentença embargada e acórdão embargado.
Também se usa, como sinônimo, a expressão embargos declaratórios.
FORMA DE INTERPOSIÇÃO
Por se tratar de um recurso julgado pelo próprio órgão que proferiu a decisão,
os embargos de declaração são opostos em peça única, em que as razões são
apresentadas na mesma petição de interposição. Se for oposta contra sentença, é
endereçada ao juiz que a proferiu, se for contra acórdão, é endereçada ao relator do
acórdão embargado.
Não há contrarrazões, a parte contrária não se manifesta nos embargos de
declaração. Trata-se de recurso inaudita altera pars
Trata-se de recurso que objetiva esclarecer o conteúdo da decisão judicial.
CABIMENTO
Embargos de declaração são cabíveis quando a decisão
for omissa, contraditória, obscura ou ambígua.
A omissão se dá se a decisão deixa de abordar um tema trazido por uma das
partes. A contradição se faltar nexo, lógica ou incoerência. A decisão contém dois
pontos que não poderiam coexistir em uma mesma decisão. Obscuridade ocorre se há
algum trecho da decisão que seja incompreensível, com falta de clareza, de
inteligibilidade. Por fim, a ambiguidade ocorre quando há trechos que permitem mais
de um sentido, de modo a não ser possível saber qual o sentido empregado pela
decisão.
COMPETÊNCIA
Mesmo órgão que proferiu a decisão (juiz, câmara ou turma).
FUNDAMENTO LEGAL
Primeira instância: art. 382, CPP.
Segunda instância: arts. 619 e 620, CPP.
Juizados Especiais Criminais: art. 83, da Lei 9.099/95: “obscuridade, contradição ou
omissão”.
Superior Tribunal de Justiça: art. 263, do RISTJ: “ponto obscuro, duvidoso, contraditório
ou omisso”.
Supremo Tribunal Federal: art. 337, do RISTF: se houver “obscuridade, dúvida,
contradição ou omissão”.
No Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo, há previsão de
embargos de declaração, nos arts. 13, I, h, 35, 37, § 1º e 110.
PRAZO
O prazo para oposição dos embargos declaratórios será de 2 dias nas seguintes
hipóteses: primeira instância (art. 382, CPP); 2ª instância (art. 619, CPP); STJ (art. 263,
RISTJ).
Será de 5 dias no (JECrim – art. 83, § 1º, da Lei 9.099/95) e no STF (art. 337, § 1º,
RISTF).
LEGITIMIDADE
Podem opor embargos de declaração, a defesa e a acusação, ou seja, Ministério
Público e assistente de acusação ou querelante.
INTERRUPÇÃO DO PRAZO
Os Embargos de Declaração interrompem o prazo para os demais recursos e
volta a fluir desde o início. Assim, no caso de embargos de sentença, o prazo para
apelação fica interrompido e os cinco dias serão contados a partir da publicação da
decisão dos embargos. Também interrompe para a parte contrária.
Antes, no JECrim os embargos suspendiam o prazo, o que significava que o
prazo voltava a correr pelo tempo restante. Porém, com a nova redação dada pela Lei
13.105/2015, o art. 83, § 2º, Lei 9.099/95, passou a prever a interrupção.
EFEITOS INFRINGENTES
Os chamados efeitos infringentes dos Embargos de Declaração ocorrem na
hipótese de o acolhimento dos embargos de declaração leva a modificação da decisão.
Isso poderá ocorrer se, ao acolher os embargos, o órgão tiver que decidir sobre tese
não analisada na decisão embargada. É possível principalmente em caso de
omissão. Não confundir com Embargos Infringentes.
Um bom exemplo de efeitos infringente dos Embargos de Declaração ocorreu
em uma das ações penais da chamada operação Lava Jato. A defesa de José Dirceu
opôs embargos de declaração para suprir a omissão referente à atenuante por ser
maior de 70 anos o réu (art. 65, I, CP). Reconhecendo que houve omissão e que o réu
tinha, no momento da sentença, mais que setenta anos, o juiz acolheu os Embargos e,
ao considerar a agravante, reduziu a pena em dois anos.
PREQUESTIONAMENTO
Para a interposição de Recurso Extraordinário ou Especial, é necessário que o
tema tenha sido abordado no acórdão recorrido, o chamado prequestionamento. Em
razão disso, se houver algum tema abordado no recurso, mas que não tenha sido
analisado no acórdão, a parte, que pretender interpor os Recursos Extraordinário ou
Especial, deverá opor Embargos de Declaração, para que o tema seja analisado pelo
Tribunal, para que exista o prequestionamento. Caso isso não ocorra, não serão
cabíveis os mencionados recursos.
Súmula 356, do STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos
Embargos Declaratórios, não pode ser objeto de Recurso Extraordinário, por faltar o
requisito do prequestionamento.”
Súmula 211, do STJ: “Inadmissível Recurso Especial quanto à questão que, a despeito
da oposição de Embargos Declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.”
EMBARGOS INFRINGENTES E NULIDADES
Os Embargos Infringentes são oponíveis contra a decisão não unânime de segunda
Instância e desfavorável ao réu. Não basta, pois, a falta de unanimidade. É preciso, também,
que a divergência do voto vencido seja favorável ao réu. Desse modo, apreciando uma
Apelação ou Recurso em Sentido Estrito, se a Câmara ou Turma, por maioria, decidir contra o
réu, e o voto dissidente lhe for favorável, cabíveis serão os Embargos.
APELAÇÃO – conceito, quesitos e cabimento (não copiar, pois é meu trabalho JKKKKK)